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Tutorias Direito da União Europeia Miguel Sousa Guedes

4ª Tutoria- Instituições da União Europeia

ARTº 13º TUE- define as instituições. São os órgãos da EU principais, aqueles que os Tratados
definiram que têm esse estatuto. Representam fontes diferentes de legitimidade:
® Democrática
® Intergovernamental, resulta por serem compostas por representantes dos Estados
® Euro comunitária, integrativa ou supranacional, que não provém do voto, mas é
própria, euro comunitária. Ex: Comissão, BCE e TJ. Embira os estados participem na
designação dos comissários e juízes, estes, depois de designados, não representam os
Estados.

O modo de designação dos membros de cada instituição e em particular a repartição de


poderes entre elas combina fontes diferentes de legitimidade.

§ Parlamento Europeu- eleito por sufrágio direto e universal dos cidadãos dos Estados
membros desde 1979, é a única instituição comunitária que recolhe legitimidade
democrática.
§ Conselho, seja na versão Conselho Europeu, seja na composição ministerial de
Conselho da União, composto pelos representantes dos Estados-membros, incarna
legitimidade intergovernamental.
§ Comissão- os seus membros são escolhidos em função da sua competência e estão
vinculados a um dever de independência, representa o “interesse geral da União” -
ARTº 17º/1 EU) - veicula legitimidade eurocomunitária ou supranacional.

§ A situação do Tribunal de Justiça da União Europeia foge a este enquadramento


próprio dos órgãos que exercem a função política.

O princípio de autoridade que sustenta a atuação dos tribunais da União e que, ao mesmo
tempo, delimita a sua competência, é o controlo jurisdicional.

1. AUTONOMIA

A autonomia que caracteriza o estatuto das instituições e de alguns órgãos da EU deve ser
compreendida numa dupla aceção:
® Externa- resulta do grau de independência da própria EU na sua relação com os
Estados-membros e outras entidades jurídicas, mercê da personalidade jurídica que,
a partir do Tratado de Lisboa, lhe foi expressamente reconhecida. -ARTº 47º TUE.
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Para além disso, do regime tradicionalmente associado às organizações internacionais


relativo aos privilégios e imunidades.
® Interna- envolve o poder de auto-organização. O Parlamento Europeu(232º TFUE), a
Comissão(249º TFUE) , o Conselho, o Comité Económico e Social e o Comité das
Regiões aprovam o respetivo regulamento interno. Outra manifestação importante da
autonomia interna é a prorrogativa de organização dos serviços, incluindo a criação
de órgãos subsidiários- ver Acórdãos pp 121 e 122.

PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO LEAL- ARTº 4º/3 TUE.

Por vezes também designado como principio da fidelidade comunitária

É um dos princípios mais importantes e férteis dos tratados.

É um corolário do princípio geral da boa-fé e relativamente ao qual há uma ideia de coerência


de atuação (exigência básica da não contradição), quer da União, quer dos Estados, que se
mostre mais favorável ao cumprimento das obrigações previstas nos Tratados.
É uma diretriz de boa governação, mas, principalmente, um princípio jurídico, vinculativo,
cuja violação pode ser objeto de apreciação e envolver consequências do ponto de vista de
nulidade do ato que viole a cooperação leal.

PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO INSTITUCIONAL

O mais próximo que existe de uma previsão de equilíbrio institucional é o ARTº 13º/2 TUE. –
Pressupõe a conjugação de dois princípios vinculativos- legalidade da competência e
cooperação entre os Estados.

Para o Tribunal de Justiça, o principio do equilíbrio institucional implica que cada órgão
exerça as suas competências no respeito das competências dos outros(...) no quadro de um
sistema de repartição de competências entre os diferentes órgãos da comunidade e esta deve
ser devidamente sancionada.

Tratados não o preveem expressamente. Está muito ligado a uma conceção de separação de
poderes. Os tratados não preveem expressamente um modelo de separação de poderes, ao
contrário do que acontece nas Constituições dos Estados, nem um modelo tripartido de
separação de poderes.
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Parlamento Europeu

Artigos Principais- art. 13º e 14º TUE; TFUE- art. 223º-234º.

Aquela que representa a legitimidade democrática e, por isso, é a mais inovadora das
instituições de organizações internacionais.

Resolução de 1962: Autodenominou-se Parlamento Europeu, em vez de Assembleia.

® No entanto, numa primeira fase, que vai até 1979, os deputados à Assembleia ou
ao Parlamento Europeu, eram indicados pelos Estados (pelos parlamentos
nacionais). Ou seja, haveria uma legitimidade democrática indireta.

A partir de 1979, e essa é a data que deve funcionar como marco, pois é o ano da primeira
eleição dos deputados europeus por sufrágio direto e universal, tal como está consagrado
no Art. 14º. A partir de 1979, o Parlamento Europeu passa a ter uma legitimidade
democrática direta

Uma das questões mais controvertidas quando os tratados são revistos é a distribuição
dos lugares pelos estados, como se deve fazer essa distribuição. Há 2 critérios
fundamentais:
® O critério da equidade demográfica: os Estados mais populosos devem ter mais
deputados, porque têm mais votantes;
® Um critério que procura um justo equilíbrio entre os Estados: entre os Estados
mais populosos, os Estados de dimensão média e os pequenos Estados.
o E é aí que entra um critério que está expressamente previsto no Art. 14º.
Este artigo não define o da composição, o número; define apenas que o
Parlamento terá no máximo até 751 deputados, que nenhum estado pode
ter mais de 96, nenhum estado pode ter menos de 6 lugares. No entanto,
a decisão quanto à composição em cada legislatura depende de decisão
do conselho europeu- artigo 14/2, parte final. O princípio da
proporcionalidade degressiva: é o princípio de acordo com o qual quanto
mais populoso é um estado, menor será a relação de proporcionalidade
entre o número de votantes e o número de eleitos. Isso significa que, por
exemplo a Alemanha, que é o Estado mais populoso, é o Estado que precisa
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de mais eleitores para eleger um deputado; ao contrário, o estado com


menos eleitores, que é Malta, precisará de menos votantes para eleger um
deputado. Seja como for, mesmo os estados mais pequenos em termos
demográficos, não podem eleger menos de 6 deputados. Foi esse o
equilíbrio a que se chegou e bem, na perspetiva de MLD, pois há um
compromisso entre, por um lado, o peso demográfico e por outro lado, o
peso de cada um dos Estados, de forma a evitar que os Estados mais
populosos esmaguem e determinem o desaparecimento dos cidadãos
desses Estados do Parlamento Europeu.

Os deputados europeus são eleitos por um mandato de 5 anos- 14, nº3 TUE

O mandato europeu é de caráter representativo: os deputados votam individualmente e


não podem receber ordens em estar vinculados a quaisquer instruções- artigo 4º

® Através de grupos parlamentares, nomeadamente, através de grupos políticos. Ver


o regimento do parlamento europeu. ARTIGO 33º Regimento do Parlamento
Europeu
® O parlamento europeu está organizado por grupos políticos, que associam
deputados com base em afinidades políticas e ideológicas, e não com base no
critério nacional (ex: não existe um grupo alemão, um francês etc). Atualmente
existem 7 grupos políticos, mais um de deputados não inscritos.
® Os 2 grupos mais importantes são: o Partido Popular Europeu e os chamados
Socialistas.
® O parlamento europeu tem por base organizacional esta ideia de afinidades
políticas e ideológicas, e não a pertença nacional de cada um dos deputados. EX:
os 21 deputados portugueses não estão reunidos no mesmo grupo: estão
repartidos pelo partido popular europeu, pelos socialistas, pelo grupo da esquerda
etc, dependendo dessa afinidade.
® o Regimento fixa as condições de Constituição dos grupos políticos que devem
integrar pelo menos 23 deputados, 8, no mínimo pelo corpo eleitoral de um
quarto de um Estados Membros. Trata-se de uma exigência gravada do caráter
plurinacional e minimamente representativo dos grupos políticos que substituiu
a possibilidade de formar grupos políticos compostos por deputados oriundos de
um único Estado Membro.
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® O Parlamento tem o poder de criar comissões permanentes, cuja competência se


reparte pelos principais áreas de intervenção do Parlamento; podem instituir
comissões temporárias com funções de inquérito ou para reportar sobre um
determinado assunto que exige uma posição do Parlamento europeu- artigo 226º
TFUE

O caminho feito pelo parlamento europeu desde os anos 50 até aos nossos dias é também
esse caminho, é o caminho de uma procura constante, de expansão e efetivação dos
seus poderes, numa relação de competição com as outras instituições, uma competição
que se faz sobretudo na relação com o conselho. O conselho representa os estados, o
parlamento europeu representa os cidadãos e há uma competição direta. Quando há um
conflito insanável através dos instrumentos políticos que opõe o parlamento ao conselho
esse conflito acaba por chegar ao tribunal de justiça, através de uma impugnação, de
recurso. A instituição que arbitra conflitos entre conselho e parlamento é a Comissão-
tem função de intermediação. É importante olhar para o parlamento europeu nesta
perspetiva da sua evolução dinâmica de poderes.

O Parlamento europeu começou por ser na década de 50 um órgão que era consultado,
não tendo competências decisórias e depois foi evoluindo, no sentido de exigir uma
efetiva participação nos procedimentos comunitários de cisão, até culminar em 1979 com
a eleição por sufrágio direto e universal. Aí verifica-se aquilo que o parlamento europeu
aguardava para reivindicar com toda a legitimidade: poderes efetivos de decisão e isso
começa a verificar-se com o ato único europeu, e depois sobretudo com os tratados da
união europeia.

Art. 14º TUE-

- O parlamento europeu tem:


® Competência orçamental (é este que aprova a versão final do orçamento da união
europeia)
® Competência legislativa: divide com o conselho a competência para aprovação
dos atos legislativos da união europeia; o chamado processo legislativo ordinário,
antes chamado codecisão. – artigo 289º TFUE
o Com a revisão resultante do Tratado de Lisboa, o Parlamento Europeu,
confirmando o sentido de evolução iniciada pelo Ato único Europeu, logrou
avantajar a expressão dos seus poderes.
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o Para além do reforço dos seus poderes no procedimento orçamental, o


Parlamento passou ainda exercer competência deliberativa sobre matérias
tão importantes como a aprovação de alterações aos tratados pelo
processo simplificado(artigo 48º, nº7 TUE); a aprovação de acordo de
retirada de um Estado membro(artigo 50, nº2 TUE), a aprovação de um
número muito alargado de acordos internacionais(artigo 218º, nº6 TFUE).
§ Por outro lado, a alteração no processo de nomeação do Presidente
da Comissão que foi no sentido de acentuar a importância da
intervenção no Parlamento Europeu, competente agora para eleger
o candidato proposto pelo Conselho Europeu.

Competências de controlo Politico


® Tem competências de controlo político. EX: a comissão, como órgão executivo da
união europeia, é politicamente responsável perante o parlamento europeu.
o O parlamento europeu não só, de acordo com o Art. 17º, participa
diretamente no processo de designação no presidente da comissão e dos
comissários, mas o parlamento europeu pode através de uma moção de
censura derrubar a comissão.
o O parlamento europeu não pode votar a destituição dos comissários, mas
pode provocar uma destituição coletivas através da votação de uma moção
de censura, mas isso é uma arma última rácio.

® Nomeação da comissão
Artigo 17/7 TUE. Simbolicamente, o poder de aprovação do nome designado para presidir
a comissão deu lugar ao poder de eleger o Presidente da comissão. A natureza da sua
intervenção saiu reforçada neste procedimento. O Conselho europeu deve ter em conta
o resultado das eleições para o Parlamento europeu e desenvolver as necessárias
diligências de acerto posições entre as 2 instituições.

Um tal poder, ainda que informal, é politicamente relevante e já provocou a exclusão


de nomes propostos por Estados-Membros.

® Nomeação do Provedor de Justiça: após cada eleição, o PE nomeeia, por maioria


simples, o Provedor de Justiça pelo período de legislatura e pode solicitar ao
Tribunal de justiça a sua destituição- artigo 228º, nº2 TFUE
® Outras nomeações: O PE é consultado nos procedimentos de nomeação dos
membros do Tribunal de Contas(artigo 286º TFUE) e do Presidente, Vice-
Presidente e os vogais da Comissão Executiva do BCE- artigo 283º, nº2 TFUE.
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Moções de Censura:
O ARTIGO 234º TFUE contempla a possibilidade de apresentação pelo Parlamento
europeu de uma moção de censura sobre as atividades da Comissão que se adotada por
2/3 dos votos que representem a maioria dos deputados que compõem o hemiciclo,
conduzirá à destituição coletiva da Comissão e a demissão do alto representante em
relação às funções que exerce na Comissão.

Ex: caso da Comissão presidida por Jacques Sarter em 1999- foi acusada de faltas graves
em relatório elaborado por comité de peritos independentes- alegação de fraude, má-
gestão e favorecimento.

A moção de censura concretiza a responsabilidade politica da Comissão perante o


Parlamento Europeu- artigo 17º, nº8 TUE.

Trata-se, pois, de um eficaz instrumento de pressão sobre a Comissão, colocada sob a


ameaça de destituição coletiva por iniciativa de um órgão cuja dissolução não está sequer
prevista nos Tratados.

Questões e debates: a responsabilidade política da Comissão perante o Parlamento


europeu efetiva-se no dia a dia da siua atuação, de um modo que não sendo tão drástico
omo a moção de censura, proporciona um controlo efetivo.

ARTIGO 230º TFUE- estabelece a obrigação por parte da Comissão de responder


“oralmente ou por escrito, às questões que lhe forem colocadas pelo PE ou pelos seus
membros”.

Direito de petição: 222 e 223º TFUE- trazido pelo TRATADO DE MAASTRICHT

Poder de aprovação prévia


O PE dispõe de um poder de veto sobre um leque significativo de matérias de elevada
densidade politica, exercida sob forma de aprovação prévia.
Antes esta intervenção era feita mediante parecer favorável, agora foi substituída por
aprovação.

As áreas de maior relevo nas quais está prevista a aprovação prévia do PE são os seguintes:
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• Processo de revisão simplificado quando este implique uma alteração de regra de


deliberação no seio do Conselho da unanimidade para a maioria qualificada- artigo
49º, nº7, parágrafo quarto
• Adesão de novos Estados-Membros- artigo 48 TUE
• Acordo sobre as condições de reiterada de um Estado-membro da União Europeia-
artigo 50/2 TUE
• Extensão da competência da União a matérias não previstas nos Tratados- artigo 352º
TFUE
• Extensão dos direitos de cidadania da União- artigo 25º TFUE
• Autorização de uma cooperação reforçada- artigo 329º, nº1 TFUE
• Decisão de fixar a composição do próprio PE- artigo 14º, nº2 TUE
• Verificação de uma violação grave e persistente dos valores e princípios da União por
um Estado-Membro, condição prévia à aplicação de sanções politicas- artigo 7/2

A participação do Parlamento europeu no processo de execução das normas


Como órgão titular de poderes de decisão legislativo o Parlamento europeu sempre defendeu
o direito de controlar e de influenciar o processo de execução.

O Artigo 291º TFUE não confere poderes de execução ao PE, mas prevê a sua participação
no processo de regulação prévia das condições de exercício pela Comissão das
competências executivas.

Ao PE e ao Conselho compete aprovar, sob a forma de regulamentos adotados de acordo


com o processo legislativo ordinário, as regras e princípios gerais relativos aos mecanismos
de controlo que os Estados-Membros podem aplicar no exercício das competências de
execução pela Comissão- artigo 291º, nº3 TFUE.
Em relação aos atos delegados, uma outra modalidade função normativa secundária , o
Parlamento Europeu goza de poderes decisórios equivalentes aos do Conselho. Com efeito
veja-se o artigo

A participação do Parlamento Europeu no processo de vinculação internacional da união


Europeia.
Em conformidade com o disposto no artigo 218º, nº6, alínea a), TFUE, a celebração de um
convénio internacional pela União Europeia, dotada de personalidade jurídica(artigo 47º TUE)
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e de competência de vinculação internacional(artigo 216º TFUE) depende de aprovação do


PE nos seguintes casos:
® Acordos de associação- artigo 217º TFUE
® Acordos de adesão da União à CEDH- artigo 6º, nº2 TUE
® Acordos que criem um quadro institucional específico mediante a organização de
processsps de cooperação.
® Acordos com consequências orçamentais significativas para a União
® Acordos sobre matérias em relação às quais, no processo interno de decisão, seja
exigida a aprovação do PE.

Para os restantes acordos, com exceção dos que incidam exclusivamente a política externa e
de segurança comum, o Parlamento é consultado- artigo 218º, nº6, alínea b) TFUE

Como acontece no direito interno, a aprovação do Parlamento europeu corresponde a um


ato de autorização para celebrar o acordo. O Parlamento europeu deve pronunciar-se sobre
um texto definitivo de acordo depois de adotar e assinado em nome da União Europeia.

PARLAMENTO EUROPEU e Iniciativa Contenciosa:

Também o Parlamento Europeu, pelo exercício de funções e de poderes efetivos de


participação no processo orçamental, no processo legislativo e no processo de vinculação
internacional, justificam que esta instituição tenha participação nas vias judiciais:
® Recorrer de qualquer ato jurídico da União destinado a produzir efeitos jurídicos,
com fundamento em ilegalidade, nos mesmos termos em que o podem fazer o
Conselho, a Comissão, ou outro Estado-membro- artigo 263
® Direito de instaurar recursos por omissão- artigo 265º TFUE
® Direito de participação nos processos de questões prejudiciais
® Direito de intervenção nos processos instaurados junto do Tribunal de Justiça e do
Tribunal Geral- artigo 40º do Estatuto.
®

Conselho europeu

Natureza: instituição de organização politica; responsável pela direção da alta politica.

É uma instituição de direção politica- Conselho; ALTA POLÍTICA

Artigos mais relevantes: Art. 15º TUE; Art. 235º e 236º TFUE.
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Foi introduzido formalmente nos tratados com o Ato único europeu. Mas esta realidade
institucional foi anterior, ela corresponde às cimeiras europeias que têm início ainda na
década de 60 e que começam a ter regularidade na sua realização na década de 70.

Corresponde a uma necessidade objetiva de, ao mais alto nível, os estados tomarem
decisões políticas fundamentais relativamente a aspetos estratégicos de
aprofundamento do processo da integração europeia ou decisões necessárias sobre
aspetos críticos relacionados com a integração europeia.

Note-se que, no Tratado de Lisboa, SE VEM ALTERAR o enquadramento normativo e


institucional do Conselho: Passa a estar inserido no artigo 13º TUE como sendo uma
instituição da EU.
Além disso, surge como uma super instituição devido aos poderes que lhe foram
confiados está num patamar superior às outras instituições, em especial os que se
referem ao controlo de outras instituições e à decisão no processo de revisão do estatuto
jurídico da EU.

COMPOSIÇÃO: Mantém a formação nuclear, herdada do ato instituidor: os Chefes de


Estado ou de Governo dos Estados Membros e o Presidente da Comissão- artigo 15º, nº2
TUE.
A esta formação acresce o Presidente do Conselho Europeu. O Alto Representante da
União para os Negócios Estrangeiros e para a política externa participa nos trabalhos, mas
não é membro do Conselho.

Regra de votação é o consenso, que não se confunde com a unanimidade, que no fundo,
procura a congregação do acordo de todos os membros do Conselho Europeu, sem
recurso à votação.
Com esta não se confunde as situações em que se exige a unanimidade, que obriga à
votação, prevista em várias situações- artigo 7º, nº2 TUE e artigo 24º, nº1 TUE.

15º, nº5 TUE- Regras de eleição do Presidente do Conselho

Competências alargadas e muito importantes.


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® Art. 15º TUE- faz uma caracterização do papel funcional do conselho europeu, ao
determinar que “o conselho dá à união os impulsos necessários ao seu
desenvolvimento e define as orientações e prioridades políticas gerais da união”,
“o conselho europeu não exerce competência legislativa”. A competência
legislativa pertence ao conselho da união e ao parlamento europeu.
® No entanto, o conselho europeu tem essa função primordial de definir as
estratégias, de dar os impulsos relativamente às políticas da união.
- Por um lado, tem essa competência de impulsão e de definição estratégica;
-Por outro lado, o conselho europeu serve para ultrapassar problemas
particularmente difíceis e críticos, cuja superação não seja possível ao nível dos
ministros. Questões políticas de particular relevância, como a dos refugiados, da
vacinação. Estas questões foram importantes que tiveram de ser ser colocadas
ao mais alto nível, ou seja, o conselho europeu, pois aí os estados estão
representados através dos seus mais altos representantes no que diz respeito à
política externa. No nosso caso, é o primeiro ministro que nos representa a nível
europeu; no caso de França, é o presidente.
O conselho europeu tem essa dupla função (impulsão e superação de impasses).
Para alem disso, tem todo um outro conjunto de competências, que lhe conferem
uma relevância maior.

• 15º, Nº6- Plano interno de dinamização das políticas da União e no plano externo
de representação

® Art. 48º, nº6 e 7- artigo sobre a revisão dos tratados. Nº6- O conselho europeu
pode, através de ato unilateral, decidir sobre a revisão dos tratados, embora
limitada à parte III do TFUE, isto é, relativa às políticas da União. Já houve um caso-
art. 136º/6 foi aditado aos tratados na sequência da crise financeira de 2011 e essa
alteração foi aprovada por decisão do conselho europeu; não foi uma revisão
ordinária, foi extraordinária. Esta decisão depois tem de ser aprovada por todos os
estados-membros no quadro dos procedimentos previstos nas constituições dos
estados.
Nº7- permite que, por decisão do conselho europeu, se passe da regra da
unanimidade para a regra da maioria qualificada- ativação das cláusulas passerelle.

Estamos a falar de decisões sobre matéria fundamental das condições de exercício da


soberania pelos estados-membros.
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® Art. 7º TUE- procedimento de aplicação de sanções aos estados que violam os


princípios do estado de direito. É o conselho europeu, que por unanimidade, tem
de proceder à qualificação de uma situação como de violação grave e manifesta
dos princípios enunciados no art. 2º. É de uma decisão do conselho europeu
adotada por unanimidade que depende a aplicação do procedimento
sancionatório.
® Art. 17º- intervenção decisiva que o conselho europeu tem, quer na designação do
presidente da comissão, quer depois da aprovação do colégio final que virá a
constituir a comissão. Também é o conselho europeu que designa o alto
representante da união europeia para a política externa. Nomear a comissão- 17,
nº7 TUE
o Propõe ao Parlamento Europeu um candidato para presidente da
comissão
® O conselho Europeu é chamado a decidir sobre a nomeação dos responsáveis
mais importantes da estrutura institucional da União- escolha do próprio
Presidente; do Alto Representante- artigo 18º TUE; propostas para presidente da
Comissão- artigo 17/7 TUE; nomeação do Presidente, Vice-Presidente do BCE-
artigo 283º/2 TFUE e sobre a eventual adoção do sistema de rotação na
composição da Comissão- artigo 17/5 TUE.
o Alto Representante para – nomeia por maioria qualificada, juntamente com
o presidente da comissão, o A- 18º, nº1 TUE
o Quanto ao BCE, nomeia o Presidente, o vice-presidente e os vogais da
Comissão executiva do BCE.
® Entrada e Saida de Estados-membros: é o conselho europeu que define os critérios
de elegibilidade para adesão à EU- artigo 49;

• A função de impulsão política é desenvolvida através de uma ação de orientação


geral que se manifesta violência especial vigor no domínio da governação
económica- artigo 121º/2/2º parágrafo TFUE e no domínio das relações externas-
artigo 22º, nº1 TUE

Conselho da União Europeia

A união europeia tem 3 níveis de conselho: conselho europeu, conselho da união europeia
e o comité dos representantes permanentes. Em comum têm o facto de se tratar de
instituições de legitimidade intergovernamental, isto é, instituições que são compostas
por representantes dos estados.
® No conselho europeu- representantes ao mais alto nível
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® No conselho da união europeia- representantes a nível ministerial


® Comité dos representantes ao nível de embaixadores.

Composição: Por um representante de cada Estado (art. 16o/2 TUE) – cabendo a cada
Estado-membro escolher o seu representante, podendo recair sobre qualquer membro
do Governo desde que capaz de “vincular o Governo do respetivo Estado-membro e
exercer direito de voto”.
• Art. 239o TFUE – pode delegar noutro Estado-membro o exercício do
direito de voto, desde que representado a nível ministerial.

Com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa, apenas duas formações têm existência
garantida: ARTº 16º/6 TUE

® Formação do Conselho de Negócios Estrangeiros- Presidido pelo Alto


Representante- ARTº 18º/3 TUE, composto pelos Ministros dos Negócios
Estrangeiros. Elabora a ação externa da União, de acordo com as linhas
estratégicas fixadas pelo Conselho Europeu e assegura a coerência da ação externa
da EU- ARTº 16º/6 TUE
® Formação do Conselho dos Assuntos Gerais- É composto pelos Ministro dos
Negócios Estrangeiros ou dos Assuntos Europeus. Assegura a coordenação e a
coerência dos trabalhos das diferentes formações, prepara as reuniões do
Conselho Europeu e, em articulação com o Presidente do Conselho Europeu e com
a Comissão, garante a continuidade dos trabalhos. ARTº 16/6 TUE

Para além destas existem muitas outras formações, como o conselho ao nível dos
ministros da agricultura, do ambiente.

® O Conselho é presidido por grupos para determinados de 3 Estados Membros


durante um período de 18 meses
® cada grupo é formado com base num sistema de rotação igualitária entre os
Estados membros, tendo em conta a sua diversidade e os equilíbrios geográficos
da União
® cada membro no grupo presidido sucessivamente durante 6 meses, a todas as
formações do Conselho, exceto a dos Negócios Estrangeiros, ao Comité de
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representantes permanentes, bem como a todos os grupos e comités de natureza


intergovernamental que dependam do Conselho

1. PRESIDÊNCIA

ARTº 16/9 TUE determina que, à exceção do Conselho dos Negócios Estrangeiros,
presidido pelo Alto Representante (ARTº 18º/3 TUE), a presidência das formações do
Conselho é assegurada pelos representantes do Estado-membro que preside ao
Conselho, com base no sistema de rotação igualitária.
O ARTº 236º alínea b) TFUE define as regras aplicáveis ao exercício da Presidência do
Conselho.

A presidência do conselho da união europeia, ao contrário do que acontece com a


presidência do conselho europeu, é uma presidência rotativa e semestral

Para além destas existem muitas outras formações, como o conselho ao nível dos
ministros da agricultura, do ambiente.

® O Conselho é presidido por grupos para determinados de 3 Estados Membros


durante um período de 18 meses
® Cada grupo é formado com base num sistema de rotação igualitária entre os
Estados membros, tendo em conta a sua diversidade e os equilíbrios geográficos
da União
® Cada membro no grupo presidido sucessivamente durante 6 meses, a todas as
formações do Conselho, exceto a dos Negócios Estrangeiros, ao Comité de
representantes permanentes, bem como a todos os grupos e comités de natureza
intergovernamental que dependam do Conselho

1. COREPER (Comité de Representantes Permanentes) - ARTº 16º/7

Foi concebido como um mero órgão auxiliar- ARTº 71º TFUE, sem poderes de decisão.
Conduziu ao nível técnico a negociação possível de propostas de regulamento e diretiva,
que depois serão apresentadas e submetidas ao conselho para deliberação.
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É o COREPER que assegura uma ligação constante entre os Governos dos Estados
membros e a Comissão, a propósito dos projetos e iniciativas desta instituição. O Tratado
de Amsterdão reconheceu-lhe esta função específica no desenvolvimento do
procedimento comunitário de decisão e confiou-lhe um poder de decisão, limitado às
questões de natureza processual, expressamente previstas no Regulamento Interno do
Conselho- ARTº 240º/1 TFUE.

O COREPER mantém a sua natureza de órgão auxiliar, de vocação burocrática e técnica.

A função preparatória dos trabalhos do Conselho justifica o nível técnico aprofundado dos
debates não sei de cor e per, mas importa sublinhar vírgulas representantes dos Estados
membros, desde os embaixadores aos funcionários e peritos, devem estar devidamente
mandatados pelos seus governos orientados por diretrizes políticas a seguir sobre uma
questão em análise.

Funciona em 2 níveis:
® COREPER II- o mais importante. Constituído pelos chefes de representações
permanentes (embaixadores) que prepara os trabalhos sobre matérias de maior
relevo político. Por exemplo, dossiers a examinar pelo Conselho Assuntos Gerais,
ECOFIN, Negócios Estrangeiros.
® COREPER I- composto pelos representantes permanentes adjuntos. Prepara os
trabalhos das restantes formações do Conselho em que é dominante a
componente técnica das propostas em discussão.

1. SECRETARIADO-GERAL

O Conselho é assistido por um órgão de natureza burocrática chamado Secretariado-


Geral, colocado sob a dependência de um Secretário Geral- nomeado pelo Conselho por
maioria qualificada- ARTº 240º/2 TFUE.

Ao secretariado-geral, compete nomeadamente:


• Elaboração do projeto de atoas das reuniões do Conselho
• Providenciar a publicação dos atos no Jornal Oficial
• Notificação dos atos aos seus destinatários
• Elaboração de um projeto de um mapa previsional das despesas do Conselho a
incluir no projeto orçamental
• A função de depositário de acordos e convenções internacionais.
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Art. 16º/3. Existem 3 regras de deliberação:


A regra de deliberação é a maioria qualificada, ao passo que a votação por maioria simples
ou por unanimidade depende de menção expressa na disposição habilitadora dos
Tratados.

• A regra é a maioria qualificada, no sentido em que quando uma base jurídica


do tratado não define expressamente a regra de deliberação no conselho,
entende-se que a regra supletiva é a maioria qualificada.
• Temos algumas disposições nos tratados (poucas) que definem como regra de
deliberação a maioria simples. Na maioria simples, cada estado tem um voto
e a deliberação é adotada por maioria dos estados, quando o nº de votos a
favor é superior ao nº de votos contra, a deliberação considera-se aprovada;
Está prevista num conjunto de casos, principalmente relacionados com
questões de procedimento e organizativas- artigo 337º TFUE, artigo 240º TFUE
• Regra da unanimidade- há uma igualdade entre os estados. A deliberação só
se considera aprovada quando não existem votos contra, entendendo-se que
as abstenções e as ausências não impedem a unanimidade.

Maioria qualificada vota-se de acordo com o critério da dupla maioria. Uma deliberação
é aprovada no seio do conselho desde que reúna 55% de aprovação dos membros do
conselho, no mínimo de 15 e que represente, 65% da população. Critério da dupla
maioria porque é a maioria dos estados (55%) e a maioria da população (65%). Mesmo
que a união europeia venha a ter 30 estados, o número mínimo para que uma proposta
seja adotada é de 15, e tem de representar 65% da população. Todos os anos o conselho
aprova uma decisão em que define o número da população de cada estado-membro, a
partir de informações que são transmitidas pelo governo de cada estado-membro.

No caso de o Conselho deliberar ,sob proposta da comissão Alta Representante, então,


os critérios da maioria qualificada são ainda mais exigentes: 72% dos membros do
Conselho que representam, no mínimo, 65% da população- artigo 238º, nº1 TFUE.

2 aspetos a ter em consideração:


® a regra da deliberação da maioria qualificada não se aplica no domínio da política
externa de segurança comum. Aí a regra da deliberação (art. 21º e ss. TUE e art.
31º) é a unanimidade. Depois o nº3 abre a possibilidade de sobre determinadas
questões a deliberação ser por maioria qualificada. Mas logo a seguir limita a
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deliberação por maioria qualificada, permitindo a qualquer caso que possa evitar
razões vitais e expressas de política nacional. Imaginemos que se trata de um
problema relevante de política externa- caso da Hungria, se esse estado tiver
possibilidade de evitar razões vitais e expressas vai solicitar que a questão seja
reapreciada e a questão pode vir a ser submetida ao conselho europeu, a fim de
ser adotada uma decisão por unanimidade.

® Desvios intergovernamentais:
Existe uma regra de deliberação- maioria qualificada; essa regra é a mais consentânea
com o processo comunitário de decisão e com uma estratégia de integração jurídica
entre estados. No entanto, existem matérias que pela sua importância ou pela sua
ligação direta com as prerrogativas da soberania, como acontece com a política
externa ou fiscal, essas matérias ficam presas à exigência da unanimidade.
Os estados procuram salvaguardar/ garantir a possibilidade de exercer o veto e
impedir uma deliberação por maioria.

EX: acordo de Luxemburgo- em 1965, a frança opôs-se à deliberação por maioria


qualificada em domínios que a frança considerava muito importantes de questões
relacionadas com a defesa do seu interesse nacional, como as questões da
agricultura, e a frança adotou a chamada política da cadeira vazia, isto é, a França
estava no exercício da presidência do Conselho e simplesmente não o reunia, e com
isso paralisou o funcionamento da comunidade económica europeia. Em janeiro de
1966, conseguiu-se um acordo por consenso que vem dizer que sempre que um
estado invoque questões de interesse nacional muito importantes, os outros
procurarão chegar a uma solução por consenso.

Aqui temos esta ideia de acordo com a qual a regra é a maioria qualificada, mas,
quando um estado demonstra perante os outros, que aquela diretiva, aquele
regulamento, aquela política que está a ser decidida a nível comunitário por maioria,
atinge de um modo particularmente danoso interesses nacionais muito relevantes,
esse estado tem o direito de obter dos outros o compromisso de retomar a
negociação e de procurar uma solução consensual.

EM nome de interesses nacionais, os Estados-Membros readquiriam pela via de uma


revisão informal dos Tratados o direito de veto, a quinta-essência do
intergovernamentalismo sob forma institucionalizada.
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COMPETÊNCIAS DO CONSELHO

1. PODERES DE DECISÃO LEGISLATIVA

ARTº 16º/1 TUE.


Função orçamental- competência de natureza partilhada com o PE.
Função legislativa- natureza exclusiva e toma a forma de um ato unilateral de aprovação,
no âmbito do processo legislativo especial- ARTº 289º/2 TFUE
Em vários domínios, o Conselho exerce sozinho a competência legislativa- ARTº 81º/3
TFUE.

2. PODERES DE VINCULAÇÃO INTERNACIONAL

Conselho tem um papel ativo na vinculação internacional da EU.


® Fase de negociação: O Conselho autoriza a abertura das negociações e controla o
seu desenrolar sob a forma de diretrizes dirigidas ao negociador- ARTº 218º/2, 3 e
4 TFUE
® Fase de assinatura: Conselho adota a decisão que autoriza a assinatura do acordo-
ARTº 218º/5 TFUE
® Fase de conclusão: Ao Conselho cabe a decisão de celebração precedida nos casos
previstos de aprovação pelo PE- ARTº 218º/6 TFUE

3. PODERES DE EXECUÇÃO

Na versão anterior dos tratados, o Conselho era, na generalidade dos casos, titular da
competência de execução dos atos de função normativa primária, embora fosse a
Comissão a exercer tal como notícia através delegação. A questão era contudo muito
debatida na doutrina é objeto de aberta discordância entre o Conselho e o Parlamento
europeu.

O Tratado de lisboa introduziu sobre esta matéria uma alteração de fundo: A


competência executiva dos atos juridicamente vinculativos da União pertence aos
Estados membros(291º/2 TFUE).
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Se, de acordo com o princípio da subsidiariedade, se justificar a adoção de atos de


execução pela União Europeia, a competência é reconhecida à Comissão, sob a forma de
atos delegados- artigo 290º, nº1 TFUE., ou de atos de execução- artigo 291º, nº2 TFUE.

O Conselho exerce ainda competência executiva com fundamento em bases jurídicas


avulsas- artigo 24º TUE e artigo 26º- PESC; ARTIGO 43º TFUE- fixação dos preços
agrícolas e quotas de pesca; artigo 125º TFUE- política económica e monetária

4. PODERES DE COORDENAÇÃO

A função primordial de coordenação desdobra-se em dois planos:


1. No plano das políticas da União, sobre batuta do Conselho de assuntos gerais-
artigo 16/6, parágrafo segundo
2. No plano das políticas definidas pelos Estados membros. Neste caso, cumpre
destacar a responsabilidade do Conselho, nos termos do artigo 119 a 126 do
Tratado de funcionamento da União Europeia, para definir as bases de
coordenação das políticas económicas dos Estados membros. O esforço de
coordenação tem sido desenvolvido em especial na área de regulação financeira
das políticas orçamentais como suportes diretos e necessários do funcionamento
sustentado da União monetária.
Artigo 119º TFUE prevê que os Estados-membros e a União provam a adoção de
uma politica económica baseada na estreita coordenação das politicas económicas
dos Estados-membros.

Comissão Europeia

A Comissão é a guardiã dos Tratados. Embora esta expressão não se encontre positivada,
os Tratados legitimam esta função ao dispor que a “Comissão vela pela aplicação dos
Tratados, bem como das medidas adotadas pelas instituições por força destes” - ARTº
17º/1 TUE.

Descreve as competências e a missão da Comissão.


Comissão como órgão de legitimidade integracionista por excelência.
À comissão compete garantir a boa aplicação dos contratos e garantir a aplicação do
direito da UE.

Composição da Comissão Europeia


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® Composta por 27 membros: um nacional por cada Estado-membro, incluindo o seu


Presidente e o Alto Representante, que é um dos Vice-presidentes- ARTº 17º/4
TUE
® ARTº 17º/5 TUE- prevê que, a partir de 1 de novembro de 2014, a Comissão seria
composta por um número de membros, incluindo o seu Presidente e o Alto
Representante, correspondente a dois terços do número de Estados-membros.

A questão relativa à composição da Comissão foi central no processo negocial do Tratado


de Nice, da Constituição Europeia e do Tratado de Lisboa. Duas teses fundamentais se
opunham:
§ Defensores de uma Comissão de base igualitária, em que estivessem
representados todos os Estados membros
§ Em nome da eficácia e importância de um Executivo comunitário forte, defensores
de uma Comissão de composição restrita, cujos membros seriam nacionais dos
Estrados-Membros, com base no sistema de rotação rigorosamente igualitária
entre os EM.

Registou-se uma preocupação de incluir nacionais de todos os EM. Embora os membros


da Comissão não representem os EM, transportam para o Executivo da União o
conhecimento objetivo das realidades específicas de cada EM.

® ARTº 17º/3 TUE- traça o que deve ser o perfil do candidato a Comissário
® ARTº 17º/3 parágrafo 3 TUE e o ARTº 245º TFUE especificam os deveres de função
de um membro da Comissão-
o Atuar com total independência
o Não solicitar, nem aceitar instruções de nenhum Governo, instituição,
órgão ou organismo
o Exclusividade, o que veda o exercício de qualquer outra atividade
profissional, remunerada ou não, e inibe, mesmo após a cessação de
funções, a aceitação de cargos ou benefícios que possam contrariar os
deveres de honestidade e discrição.
o A violação destes deveres pode levar o Tribunal de Justiça, a pedido do
Conselho ou da própria Comissão, a ordenar a demissão compulsiva do
Comissário em causa ou a perda do seu direito a pensão ou quaisquer
outros benefícios que a substituam- ARTº 247º TFUE

PROCESSO DE NOMEAÇÃO DA COMISSÃO

De acordo com o disposto no ARTº 17º/7 TUE, podemos recortar as seguintes fases no
procedimento de nomeação da Comissão:
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1. ESCOLHA DO PRESIDENTE: após as eleições para o PE, tendo em conta os seus


resultados, o Conselho Europeu delibera por maioria qualificada e propõe ao PE
um candidato a cargo de Presidente da Comissão- indigitação.

O candidato é eleito por maioria dos votos que o compõem.

• Escolha dos restantes membros da Comissão: na sequência de consultas entre o


Presidente eleito e os Governos dos Estados-Membros, é adotada pelo Conselho
uma lista das personalidades propostas pelos Estados-Membros
• O Presidente, o Alto-Representante, que assumirá a Vice-Presidência da
Comissão, e os demais membros da Comissão são colegialmente eleitos a um
voto de aprovação pelo Parlamento Europeu
• Nomeação: Compete ao Conselho Europeu, depois de deliberação do PE,
deliberando por maioria qualificada, a nomeação definitiva da Comissão
• Artigo 17º, nº6 TUE- Cabe ao Presidente, para além da definição da
orientação politica e estratégica da instituição, definir a sua organização
interna
1. PROCEDIMENTO PRODI- que obriga um membro da Comissão a
apresentar a demissão se o seu Presidente lhe o pedir
2. No caso do ALTO-REPRESENTANTE, para o pedido ter efeito, há que
ter autorização prévia por parte do Conselho Europeu

ARTIGO 246º + 247º TFUE- causas e meios de cessação de funções

PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE

A organização interna e o modo de funcionamento da Comissão estão regulados nas


disposições pertinentes dos Tratados, completadas e desenvolvidas pelo Regulamento
Interno.

Para além das funções típicas de presidência de um órgão colegial (convocatória das
reuniões, de periodicidade semanal, definição das ordens de trabalhos, representação da
Comissão), o Presidente personifica uma função de relevante envergadura política:
® Participa nas reuniões do Conselho Europeu
® Comparece perante o PE
Distribui pelos comissários domínios específicos de atividade- os “pelouros”- Cada
Comissário fica responsável pela preparação dos trabalhos da Comissão e pela execução
das suas decisões no âmbito dos respetivos “pelouros”
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O princípio da colegialidade significa que todas as decisões adotadas são imputadas à


Comissão no seu conjunto e são assumidas coletivamente por todos os seus membros.

TJ declarou no caso Akzo que “todos os membros do colégio (são) coletivamente


responsáveis, no plano político, pelo conjunto das decisões tomadas”, sendo que o
princípio da colegialidade “assenta na igualdade dos membros da Comissão relativamente
à participação na tomada de decisões”.

Por razões que se prendem com a necessidade de eficácia e rapidez no funcionamento-


tanto no plano político como administrativo- verificam-se alguns “desvios” ao princípio da
colegialidade:

® A atribuição aos Comissários de responsabilidades específicas (“pelouros”):


confere-lhes o direito de dirigir e de dar instruções aos serviços administrativos
funcionalmente associados ao domínio de competência em causa.
® Instituto de delegação de poderes- ARTº 13º Regulamento Interno- “A Comissão
pode, na condição do princípio da sua responsabilidade colegial ser plenamente
respeitado, habilitar um ou mais membros a tomar em seu nome medidas de
gestão ou de administração, nos limites e condições que fixar.
o Os poderes assim conferidos podem, por sua vez, ser objeto de
subdelegação NOS diretores gerais e chefes de serviço, salvo se a decisão
de habilitação ou proibir de modo Expresso.

Competências da Comissão

ARTº 17º/1 TUE determina os poderes confiados à EU.

As sucessivas revisões dos Tratados não exprimiram uma vontade pactícia favorável ao
reforço do lugar da Comissão na estrutura institucional da EU.
Verificou-se, mesmo, como Tratado de Lisboa uma opção de sentido oposto ao da
ambição da Comissão, uma reafectação de poderes que foi desfavorável à Comissão.

• Vela pela aplicação dos tratados, bem como das medidas adotadas pelas
instituições;
• controla a aplicação do direito da União, sob a fiscalização do Tribunal de Justiça
da União Europeia
• Executa orçamento e gere os programas
• Exerce funções de coordenação, de execução e de gestão em conformidade com
as condições estabelecidas NOS tratados
• Assegura a representação externa da União, com exceção do pesque e das
restantes casos previstos NOS tratados
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• Toma a iniciativa da programação normal e plurianual da União com vista à


obtenção de acordos interinstitucionais

Com efeito, o seu lugar no quarteto institucional da decisão politicas ficou diminuído ou
condicionado, em virtude de duas alterações fundamentais diretamente resultantes do
Tratado de Lisboa:
• A valorização funcional do Conselho Europeu e do Parlamento Europeu
• Criação do Alto representante

A Comissão apresenta:

§ COMPETÊNCIA DE INICIATIVA

Artº 17º/1 TUE- este poder jurídico de impulsão faz da Comissão o motor da integração,
responsável pelos saltos qualitativos no processo de realização do desígnio comunitário.

Artº 17º/2 TUE- estabelece o exclusivo da iniciativa legislativa da Comissão.


Exceção a este monopólio de iniciativa é, por exemplo:
® ARTº 223º/2 TFUE- adoção de um procedimento eleitoral uniforme.
® ARTº 289º/4 TFUE- em casos específicos, a iniciativa pode partir de um grupo de
EM, do PE, por recomendação do BCE ou a pedido do TJ ou do BEI- ARTº 107º 5º
parágrafo TFUE, ARTº 111º TFUE, ARTº 129º TFUE, ARTº 219º TFUE, ARTº 76º TFUE

Como dona da sua proposta, a Comissão goza de um amplo poder de negociação no


processo de decisão, podendo funcionar, em aliança com o Parlamento Europeu, como
verdadeiro contrapeso ao poder decisório do Conselho.

A Comissão dispõe, ainda, de um poder de iniciativa noutros domínios fundamentais:


® Processo orçamental- ARTº 314º/2 TFUE
® Processo de vinculação internacional- ARTº 218º/3 TFUE
® Processo de revisão dos Tratados- ARTº 48º/2 e 6 TUE

§ COMPETÊNCIA DE CONTROLO

A Comissão não tem um exclusivo, nem mesmo um direito preferencial de controlo dos
comportamentos no seio da União Europeia. O TJUE e os tribunais nacionais exercem o
controlo jurisdicional. O controlo politico é praticamente assegurado pelo Parlamento
Europeu. O Tribunal de contas exerce o controlo financeiro.
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No âmbito da União Económica e Monetária, são reconhecidos amplos poderes ao


Conselho Europeu e ao BCE- 127º +133º TFUE.

Como guardiã dos Tratados, a Comissão exerce uma competência genérica e subsidiária
de controlo e vigilância.

Para desempenhar esta função, a Comissão goza de amplas e importantes prerrogativas:


® O poder de recolher todas as informações e proceder a todas as verificações
necessárias juntos dos Estados-Membros ou dos particulares- artigo 337º TFUE
® Em caso da proteção das regras da concorrência, a Comissão põe em marcha os
mecanismos administrativos idóneos de investigação, declaração das infrações e
de aplicação de sanções que podem tomar a forma de multas e adstrições- ARTº
103º/2 a) TFUE
® No que tange a eventuais violações do Direito da União pelos EM, e em relação a
qualquer área de integração, a Comissão tem ao seu alcance o procedimento
administrativo do incumprimento que pode levar à instauração de uma ação junto
do Tribunal de Justiça contra o EM acusado de violação das obrigações decorrentes
dos Tratados e à eventual aplicação de uma sanção pecuniária por decisão judicial-
ARTº 260º TFUE

§ COMPETÊNCIA DE EXECUÇÃO

Identificada como o Executivo da União, a Comissão procurou obter nas sucessivas


revisões dos Tratados o reconhecimento efetivo do estatuto de órgão titular da
competência genérica de aprovação das normas de execução.

Através dos chamados procedimentos de comitologia, a Comissão exercia a função


executiva por delegação e sob controlo dos Estados-Membros, salvo nos casos de
competência executiva reservada expressamente previstos nos Tratados.

O Tratado de Lisboa alterou de modo significativo o quadro regulador da função


executiva, mas operou uma mudança de fundo que fragiliza a Comissão enquanto órgão
executivo.

A competência-regra é a que se encontra prevista no artigo 291º, nº1 TFUE.


Contudo,numa aplicação do principio da subsidiariedade, o artigo 291º TFUE limita a
competência de execução da comissão à adoção de atos “quando sejam necessárias
condições uniformes de execução dos atos juridicamente vinculativos da união”.
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A Comissão perde o estatuto de instância vocacionada para aprovar os atos de execução,


porque o exercício comum da função administrativa eurocomunitária passa para o nível
nacional.

Em casos específicos devidamente justificados, o próprio conselho pode aprovar atos de


execução- artigo 291º TFUE; ARTIGO 24º TUE a 26º TUE.

No domínio da politica monetária e bancária, a execução compete ao BCE- artigo 127º +


132º TFUE.

Finalmente, um grande limite à autonomia da Comissão como entidade administrativa


encontramos no artigo 291º, nº3 TFUE

Para além da competência de execução, sob a forma de atos de função regulamentar, a


Comissão detém poderes importantes de gestão e execução direta nos seguintes principais
domínios:
• Gestão de fundos comunitários- FUNDO SOCIAL EUROPEU, FEDER
• Poder de execução do orçamento anual da União- artigo 317º TFUE
• Gestão das clausulas de salvaguarda: as cláusulas de salvaguarda permitem aos
Estados-Membros, mediante autorização da Comissão, e sob controlo desta, a adoção
de medidas de derrogação de algumas regras previstas nos Tratados, tal como
disposto nos artigos 114º TFUE, artigo 191º TFUE

§ COMPETÊNCIA EM MATÉRIA DE RELAÇÕES EXTERNAS

ARTº 218º TFUE- Comissão pode recomendar a abertura de negociações que conduzirá
depois com base nas diretrizes formuladas pelo Conselho e em consulta com os comités
especiais.
ARTº 218º/9 TFUE- pode propor ao Conselho a suspensão do Acordos internacionais

Em contrapartida, a Comissão perdeu para o Alto Representante os seus poderes de


representação da União junto dos Estados terceiros e organizações internacionais-
artigo 221º TFUE

§ COMPETÊNCIA DE REPRESENTAÇÃO

ARTº 335º TFUE- Comissão conserva o seu poder tradicional de representação da União
Europeia nas ordens jurídicas dos EM, mas com a limitação, explicitada pelo Tratado de
Lisboa, que decorre dos poderes específicos de representação assumidos por cada uma
das instituições no tocante às questões ligadas ao respetivo funcionamento- ARTº 335º
segundo parágrafo TFUE.
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O TRIBUNAL DE JUSTIÇA

O Tribunal de Justiça é o guardião dos guardiões. No quadro da EU, mutatis mutandis,


tem a mesma função que o Tribunal Constitucional, em termos funcionais. É um tribunal
que define doutrina jurisprudencial e com efeito de precedente atípico- essa definição
doutrinária apresenta-se como o que o tribunal considera que deve ser a interpretação
das normas dos tratados e impõe-se à vontade dos Tribunais Nacionais.

® Nos termos do ARTº 19º TUE, o Tribunal interpreta e aplica o Direito da EU e


garante a intangibilidade e imperatividade dos Tratados.

® Nos termos do ARTº 13º TUE, é uma instituição que funciona com dois tribunais:
Tribunal de Justiça e o Tribunal Geral, que é de primeira instância. Temos, então,
uma mesma instituição, dois tribunais. Assim, garante-se o duplo grau de
jurisdição, com o TJ a funcionar como instância de recurso ou como tribunal de
competência exclusiva sobre as matérias ou litígios mais importantes- ARTº 258º-
259º TFUE, ARTº 267º TFUE).

O TJ é composto por um juiz por cada Estado-membro (27) e assistido por 11


Advogados-gerais- ARTº 252º/1 TFUE.

Advogado-geral: cabe apresentar, publicamente, com imparcialidade e independência,


as suas conclusões fundamentadas sobre os processos que requeiram a sua
intervenção- ARTº 252º/2 TFUE. E

Embora membro do TJ, o advogado-geral exerce funções equivalentes às de um consultor


jurídico. As suas conclusões (e não pareceres ou opiniões) não são vinculativas para o
TJ, mas podem, pela qualidade técnica-jurídica do levantamento do estado da arte ou
pela inovação das propostas de solução na ótica de um aprofundamento da integração
jurídica, podem exercer uma significativa influência na evolução da doutrina
jurisprudencial do TJ e constituem, por outro lado, utilíssimo instrumento de trabalho do
estudo de Direito da União Europeia.

1. DE ATRIBUIÇÃO

O mandato generoso do ARTº 19º/1 TUE, que confia ao TJUE a missão de garantir o
respeito do direito quando o interpreta e aplica os Tratados, tem de ser entendido no
sentido em que só o pode fazer no quadro das vias de direito (ou processuais)
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expressamente tipificadas ou previstas nos Tratados, o que inclui o Estatuto que, tendo
a forma de protocolo, goza de força jurídica equivalente.

Não tem competência para interpretar e aplicar os tratados no quadro de todas as


questões que surjam em litígios que envolvam normas comunitárias.

Tem uma competência por atribuição. Só interpreta e aplica o tratado no quadro das
vias processuais expressamente identificadas e tipificadas nos Tratados. Todas as outras
questões que devam ser julgadas e que envolvam a interpretação e aplicação de normas
comunitárias, são da competência de tribunais nacionais- ARTº 274º. Por isso, diz-se que
os tribunais nacionais são os órgãos comuns de aplicação do Direito da União Europeia.

OBRIGATÓRIA

A partir do momento em que se tornam membros da EU, os Estados membros estão


obrigados a respeitar as decisões do TJUE que goza de competência para dirimir conflitos:
® entre Estados-membros- ARTº 259º TFUE
® entre a Comissão e um EM- ARTº 258º TFUE
® entre EM e instituições da EU- ARTº 263º, 265º e 268º TFUE
® entre particulares e instituições da União- ARTº 263º, 265º e 268º TFUE

De fora, ficam os litígios que opõem particulares aos EM que devem ser submetidos aos
tribunais nacionais competentes, embora possam chegar ao TJ pela via do mecanismo
das questões prejudiciais- ARTº 267º TFUE.

2. EXCLUSIVA

Esta garantia resulta do ARTº 344º TFUE.

Traduz o compromisso firme dos EM em relação à especificidade da União como modelo


associativo de integração entre Estados e em relação à autonomia do Direito da União-
especificidade e autonomia que descartam soluções que possam pôr em causa a
interpretação e aplicação uniformes do Dto da EU, objetivo fundamental do qual é
garante o TJUE.

Exclusiva no sentido de que os Estados se comprometem a não submeter a outra forma


de resolução os litígios entre eles relacionados com a aplicação dos Tratados. Os Estados
estão obrigados a resolver os seus litígios, através do TJ e das vias de direito previstas no
TJ. Esta questão, do monopólio de jurisdição do Tribunal, tem levantado inúmeras
dificuldades em relação a adesão da EU à declaração dos direitos do homem e à
articulação de dois tribunais europeus.

3. Ultima instância
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Já que as decisões proferidas pelo TJ não são passíveis de recurso, salvo as situações previstas
no recurso extraordinário a decidir por formação do próprio TJ sob a forma de reapreciação.

Competências

Os Tratados reconhecem ao TJUE poderes muito amplos de controlo jurisdicional que o


Juiz da União interpretou como um mandato para instituir um sistema completo e
coerente de vias de recurso. Por exemplo, caso de os verdes, de 23 de abril de 1986.

O TJUE tem amplas competências como forma de assegurar uma interpretação e


aplicação uniformes dos Tratados, potenciada por uma interpretação jurisprudencial que
favorece a reserva de jurisdição eurocomunitária como um corolário de autonomia e
especifidade da ordem jurídica da União Europeia.

O ARTº 19º/3 especifica as três principais áreas de competência do TJUE:


® Recursos e ações interpostos por um EM, por uma instituição ou um particular.
® O processo das questões prejudiciais
® Outras vias de direito.

Para além da competência de natureza declarativa (pareceres-ARTº 218º/11 TFUE e


acórdãos- ARTº 267º TFUEº), o TJUE:

® Julga recursos e ações no âmbito do contencioso do incumprimento- ARTº 258º-


260º TFUE
® Do contencioso da ilegalidade- ARTº 263º, 265º e 277º TFUE
® Do contencioso da plena jurisdição- ARTº 268º, 270 e 261º TFUE
® Do contencioso das medidas cautelares- ARTº 278º e 279º TFUE

Limitações ou entraves à ação do TJUE:

® Não dispõe de competência de controlo no âmbito da PESC, nem do Espaço de


Liberdade, segurança e justiça. Salvo para fiscalizar a delimitação entre o PESC e as
competências reguladas pelo TFUE e para se pronunciar sobre recursos de
anulação interpostos por particulares com fundamento na alegada violação de
direitos- artigo 275º TFUE

® Um outro domínio que escapa ao escrutínio por parte do TJUE é o chamado


Espaço de Liberdade, segurança e justiça, de tal modo que o Juiz da União não
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pode fiscalizar a validade nem a proporcionalidade de operalçies policias


realizadas pelos Estados-Membros nem decidir sobre o exercício de
responsabilidade que incumbem aos Estados-Membros em matéria de ordem
pública e de garantia de segurança interna.
o Caso da situação do COVID que levou ao decretamento, por vários Estados-
Membros do estado de emergência e que seja qual for o seu impacto sobre
as chamadas liberdades no mercado interno ou os direitos dos cidadãos da
União consagrados no CDFUE não é suscetivel de apreciação pelo TJUE. Em
bom rigor, é o corolário da limitação imposta à União Europeu pelo artigo
4º, nº2 TFUE.

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