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Axios, termo grego “Asksía”, que significa: crime?

Uma lei deve ser obedecida mesmo


Valor, apreciação, estimativa. que seja injusta?
Logia, termo também oriundo do grego Aristóteles (384 aC-322 aC), considerado o
“Logos” e significa: Estudo, tratado. pai da filosofia ocidental, definiu a justiça
como o ato de dar a cada cidadão o que ele
Axiologia: é a parte da filosofia que se
merece de acordo com suas ações e
ocupa dos valores, tais como o bem, o belo,
contribuições para a sociedade.
o verdadeiro etc. Os valores específicos,
concretos, ficam a nível das próprias Juvencio Celso, no primeiro século de
ciências. nossa era, definiu o termo Ius (a lei, a lei
objetiva, o conjunto de regras que
A axiologia jurídica é um ramo da
constituem um sistema jurídico) como “a
filosofia do direito responsável pelo estudo,
arte de aplicar o que é bom e equitativo”.
compreensão e uma análise crítica dos
valores morais e legais. Ele também lida Até o final do século XVIII, a filosofia do
com o problema de definir quais desses direito baseava-se no direito natural, uma
valores devem ser considerados para que ordem válida e invariável que constituía o
um “modelo de lei” esteja correto. A domínio do comportamento humano.
axiologia jurídica também é conhecida
Mas foi em 1821 quando Hegel cunhou o
como “teoria do direito justo”, “Teoria dos
termo filosofia do direito em seu trabalho
valores jurídicos”, “Estimativa jurídica”,
Linhas fundamentais da filosofia do direito
“Teoria da justiça” e outras.
ou direito natural.

Os valores são importantes para


O homem é um ser em ação, que
preservar a ordem e o equilíbrio de
elabora planos e dirige seu movimento,
qualquer sociedade e da própria vida.
com o objetivo de alcançar
Justiça é um valor de ordem superior
determinados fins. A escolha desses
que abrange outros valores, como
fins não é feita por acaso, mas em
respeito, igualdade, equidade e
função do que o homem considera
liberdade. Estes são os chamados
importante à sua vida, de acordo como
“valores legais”.
os valores que elege.
Origem da axiologia jurídica A atividade humana, em última análise,
é motivada pelos valores. Estes
Pode-se dizer que a filosofia do direito
assumem a condição de fator decisivo,
nasceu na Grécia antiga, pois foram os
determinante dos projetos que o
filósofos gregos quem primeiro
homem constrói e de cada providência
questionaram a natureza filosófica do
que toma. A ideia de valor está
direito e da justiça.
vinculada às necessidades humanas. Só
A filosofia do direito tem como objetivo se atribui valor a algo, na medida em
processar verdades jurídicas que são tidas que este pode atender a alguma
como garantidas. Por exemplo, o que é
dignidade, justiça ou justiça? O que é um
Assim, a necessidade gera o valor; este Diz respeito às normas, enquanto atos de
coloca o homem em ação, que por sua vontade que se dirigem intencionalmente a
vez vai produzir algum resultados uma conduta considerada obrigatória tanto
prático: a obtenção de algum objeto pelos indivíduos que põe as regras quanto
natural ou cultural, ou a mentalização e do ponto de vista de um terceiro
vivência espiritual de objeto ideal ou interessado, e que vinculam seus
metafísico. destinatários.

Como todo conceito-limite, o valor não  Qual o valor fundamental que orienta
comporta uma definição lógica ou real. esse dever-ser?
Pode-se dizer, contudo, que a ideia de *A sentença deve ser “justa”;
valor sem compreende na noção que
temos entre o bem e o mal, entre as *A lei deve ser “justa”;
coisas que promovem o homem e as
*A obrigação e a indenização devem ser
que o destroem. O valor não existe no
“justas”.
ar, desvinculado dos objetos. Vem
impregnado na realidade, na existência.
Todo projeto cultural é estruturado com O VALOR
vista à realização de um valor próprio. *O valor, ou aquilo que é valorizado pelas
A estética existe em função do belo, a pessoas, é uma escolha individual, subjetiva
técnica visa a alcançar o útil, a Moral e produto da cultura onde o indivíduo está
projeta o bem, a Religião valora a inserido.
divindade, e o Direito tem na justiça a *Corresponde ao elemento moral do direito.
sua causa principal. *O valor é o eixo em torno do qual toda a
ordem jurídica vai girar.
Objeto de estudo *A atividade humana é motivada pelos
valores.
Como todo sistema jurídico se baseia em
um sistema de valores e os valores se Para que algo possua valor, é indispensável
tornam subjetivos facilmente, a axiologia que seja dotado de algumas propriedades,
jurídica procura fazer uma análise crítica ou capazes de satisfazer às necessidades
processar o direito positivo. humanas.
Esse processo é baseado em um *É relativo: os valores não se apresentam
determinado sistema ou escala de valores com idêntico significado para todas as
que deveriam ser universalmente aceitos pessoas.
pela sociedade. Mas também, *Possuem hierarquia: o homem
simultaneamente e sucessivamente, esses estabelece uma linha de prioridades entre os
valores também devem ser analisados para valores.
finalmente poder decidir se são realmente *Bipolaridade: a cada valor positivo
legítimos e justos. corresponde um valor negativo ou um
desvalor. Ex.: justiça e injustiça, amor e
Portanto, para a axiologia jurídica, os ódio.
valores morais são sua base e um objeto de
estudo.
 Estrutura lógica da Preposição Jurídica:
Dever-ser. Os valores que são importantes para
Compete a axiologia jurídica investigar o a direita
que “deve” ou “deveria” ser o direito,
diante do que “é” na realidade. A primeira tarefa da axiologia jurídica é
definir quais valores são importantes e
quais não são, porque nem todos os valores depende da escala de valores e crenças da
implicam um “deve ser” para a lei. pessoa que a interpreta.
Valores religiosos e valores puros e O que para um indivíduo pode ser verdade,
estritamente morais são irrelevantes para a como a existência de “Deus”, para outro
estimativa legal. Por exemplo, ao julgar um pode não ser.
caso, não importa o quão religioso ou santo
Em um sistema de justiça, a “Verdade”
a pessoa julgada seja. No caso de um
deve ser entendida como aquela que pode
devedor inadimplente, não deve importar
ser demonstrada através dos fatos e
que ele tenha disposição moral para pagar
alcançada após o raciocínio lógico e
(embora, no final, não o tenha feito).
equânime dos fatos demonstráveis.
Pelo contrário, valores como a dignidade da
Axiologia jurídica e bem comum
pessoa, liberdade, paz social, igualdade,
equidade, cultura, saúde, segurança, ordem O bem comum como um dever e um
e justiça, constituem valores legais para a direito, engloba em si valores como a
lei. integridade do ser humano, liberdade, bem-
estar, paz e cultura.
A hierarquia de valores no sistema
jurídico É função da axiologia jurídica estabelecer
as regras da proporcionalidade de acordo
A axiologia jurídica, além de definir os
com o bem comum, para que o princípio da
valores que são importantes para a lei, deve
justiça possa ser cumprido como uma
ser capaz de descobrir a hierarquia; Com
essência (como um valor) e não como uma
ele, a equivalência é estabelecida nas
arbitrariedade.
relações de dar e receber, tanto entre
indivíduos quanto entre indivíduos e o Justiça formal e justiça material
Estado.
A axiologia jurídica deve se encarregar de
Esse conceito é retirado de Aristóteles, que estabelecer as categorias essenciais para a
define justiça como o fato de que cada aplicação da justiça e, para isso, é
pessoa deve receber não o que dá a outra ou necessário adotar uma escala de avaliação
sociedade, mas seu equivalente. que permita separar o que é importante e
necessário do que não é.
O princípio da equidade
No entanto, a evolução humana e da
A equidade deve ser entendida como um
sociedade faz com que essas escalas de
conjunto de valores que incluem a verdade,
classificação mudem ao longo do tempo.
a justiça, o bem comum e a dignidade
Portanto, as características consideradas
humana.
essenciais para a aplicação da justiça
O princípio da equidade defende que também estão mudando e dependerão do
qualquer valor levado em consideração ao momento histórico em que são
criar as leis ou o sistema jurídico de uma estabelecidas.
sociedade, além de ser vantajoso para o
Assim, a noção de justiça deve sempre ser
indivíduo, deve levar à criação de
abordada de dois pontos de vista, um
obrigações dos indivíduos em relação à
formal ou abstrato e outro material e
sociedade.
quantificável, levando em conta que essa
O verdadeiro princípio noção será diferente dependendo do
contexto e momento histórico pelo qual é
O principal problema enfrentado pela
atravessada.
axiologia jurídica é ser capaz de definir
objetivamente o que é “verdade”, uma vez Os valores e o direito
que o termo verdade em si é subjetivo, pois
Os valores fazem parte da essencialidade do São esses valores que informam à
Direito, e se fazem presentes nos sistemas consciência do indivíduo o que é bom
jurídicos através de normas. Ao seguir as (valioso) e o que é mau (desvalioso).
normas jurídicas, os seus destinatários
O Direito e a moral
realizam valores, que são os valores que o
poder social reconheceu como oportunos. A palavra moral decorre sociologicamente
de mores, que sob esse sentido pode ser
*Juízo é a atribuição de valor feita sobre
compreendida como o conjunto de práticas,
alguma coisa
de costumes, de usos, de padrões de
O que é Juízo de valor? Esta espécie de conduta em determinado seguimento social.
juízo é aquela segundo a qual estabelece-se
Nesse sentido, cada povo, cada época, cada
valores (bem, mal, ruim, bom, legal, chato,
setor da sociedade possui seu próprio
cheiroso, fedido etc.) para algo. Em suma,
padrão, sua própria moral.
neste cerne do juízo, atribui-se qualidade à
algo.  Moral é individual, interna, pertence à
É um juízo que liga o sujeito ao predicado, conduta individual da pessoa, ao seu
indicando o que é. Não altera o ser, mas consciente ou inconsciente, ao seu íntimo.
explica o que é o ser. Ex.: S é p; Arroz é
comida; azul é cor; etc.  Os valores morais encontram-se dentro
da consciência de cada indivíduo, cabendo
*É a afirmação emitida baseada em crenças, a este julgar o que considera certo ou
valores, princípios ou percepções de cada errado, tolerável ou intolerável. Porém,
indivíduo. ninguém nasce com a consciência repleta de
normas ou valores, sendo estes transmitidos
O que é Juízo de realidade (ou Juízo de da sociedade para o indivíduo. Um dos
fato)? É um julgamento baseado em uma principais “canais transmissores” destes
análise isenta de valores pessoais ou preceitos é a família que nos ensina desde
interpretações subjetivas, focando-se pequenos quais os limites entre o moral e o
unicamente naquilo que é visível ou imoral.
cientificamente comprovado. Ex.: Esta
caneta existe; Ela é azul; A água é liquida. Depende da consciência de cada
indivíduo aceitar ou não estes limites,
O juízo de fato é a tentativa do ser humano
caso contrário, seríamos como cópias
de dar um significado à realidade, de acordo
dos nossos pais. É por isso que os
com o modo como ele a percebe, e de uma
valores morais variam de sociedade
forma mais concreta e menos
para sociedade e de época para época.
“romantizada”.
Quando alguém avalia uma situação tendo  A Moral independe das fronteiras
como base as coisas como são e porque são, geográficas e garante uma identidade entre
está a utilizar do juízo de fato, pessoas que sequer se conhecem, mas
desconsiderando assim seus pontos de utilizam este mesmo referencial moral
vistas pessoais, suas crenças, seus valores comum.
morais e etc.  A Moral estabelece regras que são
assumidas pela pessoa, como uma forma de
O Direito protege e procura realizar valores
garantir o seu bem-viver.
ou bens fundamentais da vida social,
 A pena por seu descumprimento será
notadamente a vida, a integridade, a
solidariedade, a liberdade, a honra, a aplicada internamente, no plano da
dignidade, a ordem, a segurança, a paz e a consciência individual, com o
justiça. arrependimento, o constrangimento, o
remorso, etc.
 A conduta é espontânea, o
comportamento encontra em si próprio a
razão de existir.
 Unilateralidade: o ato se processa Teoria da Separação entre o Direito e a
internamente no indivíduo. Moral
 Sem possibilidade de coação.
 Regras de conduta geral. Thomasius (1655-1728) afirma que não há
 Não atributividade: não se valoriza ponto de contato entre as esferas analisadas.
objetivamente o juízo moral. A Moral é um conjunto de regras que
regula a esfera íntima dos seres humanos,
sendo aplicável apenas no nível da
consciência.
O Direito busca estabelecer o regramento O Direito, por sua vez, é um conjunto de
de uma sociedade delimitada pelas regras que apenas regula a esfera externa
fronteiras do Estado. As leis tem uma base dos comportamentos humanos, ou seja, a
territorial, elas valem apenas para aquela manifestação e a concretização desses
área geográfica onde uma determinada comportamentos.
população ou seus delegados vivem.

 O Direito pode tutelar o que é amoral (o


que não é moral nem imoral), como a
legislação de trânsito, cuja alteração não
afetaria a moralidade, e até mesmo o que é
imoral (o que vai contra a moral), como por Mundo do Direito Mundo da
exemplo a divisão do lucro em valores moral
idênticos entre os sócios, por mais diligente
Dois mundos desvinculados
que seja um e ocioso o outro.
 O direito tem força obrigatória, e se não
A teoria de Thomasius não explica
for cumprido, pode trazer penalidades,
satisfatoriamente, contudo, as regras da
como prisão, multa, restrição a direitos,
chamada moral social (costumes, etiqueta
dentre outras.
etc.), que se referem a comportamentos
 O Direito só existe quando há no
externos, sem grandes preocupações com a
mínimo duas pessoas envolvidas. As
esfera íntima. Também não explica os casos
normas sempre regulam os direitos e em que o direito se preocupa com a esfera
deveres de um indivíduo em relação a
íntima das pessoas, como no caso da
outros. verificação de dolo ou culpa na prática de
 Determinado: porque tem um conjunto um crime (é necessário saber se o autor teve
de regras específicas e particularizadas que ou não a intenção de praticá-lo). Assim, não
determinam o agir. parece ser um critério adequado para
 Bilateral: porque ao mesmo tempo em justificar a separação entre os campos.
que a norma atribui um dever jurídico a
alguém, concede a outro um poder ou uma Teoria Pura do Direito
faculdade de exigir o cumprimento deste
dever. Ainda afirmando a separação entre Direito e
 Exterior: porque cuida das ações Moral, podemos apontar o jurista Hans
humanas em primeiro plano e, em função Kelsen (1881-1973). Sua visão, contudo,
delas, quando necessário, investiga o difere da de Thomasius.
animus do agente.
 Heterônomo: porque é imposto aos Para Kelsen, não há qualquer diferença
indivíduos independente da aceitação dos essencial entre as esferas. As regras morais
mesmos (há uma sujeição ao querer alheio). são em tudo idênticas às normas jurídicas,
salvo por um aspecto, por assim dizer, Delineada pelo jurista Georg Jellinek
externo: as normas jurídicas são as normas (1851-1911).
morais com maior condição de se impor Tal teoria afirma que todas as normas
socialmente de modo eficaz. A diferença jurídicas são normas morais.
estaria no grau da força coercível por detrás Especificamente, considera-se que as
da norma: o emissor da norma jurídica é normas morais mais importantes da
mais “forte”, no sentido de poder sociedade são transformadas, pelo Estado,
concretizar socialmente sua ameaça, do que em normas jurídicas.
o emissor de uma norma moral.

Além disso, ele adota o princípio da


relatividade da moral, admitindo que toda
sociedade possui mais de um conjunto de Nesse sentido, a sociedade sempre
regras morais, que podem julgar o direito considera corretas as normas jurídicas, não
de modos diversos. Um grupo social, que podendo existir tais normas que sejam
adota sua moral própria, pode considerar vistas como imorais. Há normas morais que
uma regra jurídica justa; outro grupo, da não se convertem em normas jurídicas, pois
mesma sociedade, mas adotando outra não são consideradas as mais importantes
moral, pode reputar tal regra jurídica da sociedade.
injusta.
Por exemplo, a proibição ao homicídio é
O fato de os grupos sociais poderem julgar uma norma moral que a sociedade, por
o direito, todavia, não interfere no seu meio do Estado, dada sua importância,
funcionamento. Em outras palavras, as transformou em jurídica. Por outro lado,
normas jurídicas são criadas pelo próprio existem regras de etiqueta social como, por
direito e somente deixam de existir se exemplo, um cavalheiro abrir a porta para
revogadas por ele. Enquanto existem, uma dama, que não são transformadas em
independentemente da opinião dos jurídicas pelo Estado.
destinatários, podem impor seu
comportamento. No momento em que uma Mas nem todos concordam com a teoria do
nova norma jurídica é criada, basta que ela Mínimo Ético. Muitos afirmam que existem
siga os procedimentos do próprio direito, normas jurídicas imorais (contrárias à
sem precisar referir-se às outras normas moral) e normas jurídica amorais
morais, para passar a existir. (indiferentes à moral). A norma que define
o valor do salário mínimo, por exemplo, é,
A visão de Kelsen afasta do direito a inegavelmente, jurídica. Muitos, todavia,
pretensão de estar preso, necessariamente, a argumentam que seja imoral, tendo-se em
um conteúdo superior ou distinto dele. vista o baixo valor especificado.
Revela, com enorme precisão, que o direito
moderno pode servir a diversas moralidades Há normas, ainda, amorais. São normas de
ao mesmo tempo, sem, contudo, ser caráter meramente técnico, cujo conteúdo
reduzido a qualquer delas. Enquanto a força não pode ser avaliado nem de modo
que impõe o direito (no caso, o Estado) for positivo nem de modo negativo pela moral.
socialmente mais eficaz do que outras, suas Por exemplo, a norma jurídica que
regras deverão ser cumpridas especifica que os carros devem parar na luz
independentemente das avaliações morais vermelha do semáforo. Por que a cor
que possam receber. vermelha para parar? Por que não outra?
Essa escolha não envolve questões morais,
Teoria do Mínimo Ético mas uma mera convenção técnica.
 O Direito representa apenas o mínimo centro), com o maior pertencendo à Moral.
de preceitos morais necessários para que a Assim, o campo da moral é mais amplo do
sociedade possa viver em harmonia. que o Direito e este se subordina à Moral.
 Desenvolvida a partir dos círculos
concêntricos.

Teoria dos Círculos Secantes JUSTIÇA

Elaborada por Claude du Pasquier. Afirma A palavra justiça, foi aceita na língua
simplesmente que o conjunto das normas portuguesa a partir do século XIII. O seu
morais é parcialmente coincidente com o significado é de caráter, ou de algo que está
conjunto das normas jurídicas. em conformidade com o que é direito, com
o que é justo.

 Justiça é a particularidade do que é justo


e correto, é a virtude que consiste em dar ou
deixar a cada um o que por direito lhe
pertence.
Existem normas que são  Justiça também expressa uma maneira
simultaneamente morais e jurídicas.
pessoal de perceber e avaliar aquilo que é
direito, que é justo.
 Apesar do Direito e Moral serem
 Justiça é o poder de fazer valer o direito
conceitos que se distinguem, eles não se
de alguém ou de cada um.
separam.
 Direito e Moral possuem um campo de A palavra justiça vem do latim justitia,
competência comum e, ao mesmo tempo e expressa o significado de justiça,
uma área particular independente. equidade, leis, exatidão, bondade,
benignidade.
Assim, para tais autores, haveria regras
morais não jurídicas e regras jurídicas
*Acepção Objetiva: a justiça é
amorais e imorais. Além disso, ambos os
compreendida como uma qualidade da
conjuntos possuiriam regras comuns, que
ordem social, e não do sujeito. Assim, uma
são ao mesmo tempo morais e jurídicas. O
lei ou instituição podem ser consideradas
exemplo outrora citado da proibição ao
justas diante dos olhos de um jurista, para
homicídio pode ser resgatado, estando,
quem a justiça é simplesmente uma
simultaneamente, em ambos os conjuntos.
exigência da vida social.

Exigência da vida social.


Teoria dos Círculos Concêntricos
*Acepção Subjetiva: a justiça é entendida
Desenvolvida por Jeremy Bentham.
como uma qualidade da pessoa, uma
Segundo a qual a ordem jurídica estaria
virtude daquele que age com prudência,
incluída totalmente no campo da moral. Os
temperança e coragem, por exemplo. Trata-
dois círculos (Moral e Direito) seriam
se do conceito vislumbrado pelos olhos de
concêntricos (que possuem o mesmo
um moralista, que enxerga, na atividade proporcionalmente, ou seja, baseando-
pessoal do homem, uma vontade se no mérito do indivíduo,
direcionada ao justo. diferenciando-se da justiça corretiva,
que prevê a igualdade absoluta
Espécies de justiça
Ocorre quando a sociedade dá a cada
1. A Justiça Particular tem por objetivo
particular o bem que lhe é devido segundo
realizar a igualdade entre o sujeito que age
uma igualdade proporcional ou relativa. A
e o sujeito que sofre a ação. Desdobra em:
autoridade pública é responsável pela
distribuição de honras e/ou obrigações.
1.1Justiça Comutativa, Corretiva
Pretende que seja dado a cada um o que lhe
ou Sinalagmática: Sua finalidade consiste
cabe com base em critérios variáveis
em estabelecer uma igualdade fundamental
segundo a diversidade das situações ou
nas relações entre os seres humanos e exigir
segundo os pontos de vista.
que essa igualdade seja restabelecida
quando violada. *Assegura uma proporcional participação
no bem comum, conforme a necessidade, o
Na Justiça Comutativa a preocupação não é
mérito e a importância de cada indivíduo.
o com o sujeito, mas coisas que envolvem
as relações entre as pessoas. Entende-se que *Distribui os bens proporcionalmente.
esses bens, coisas e objetos devem se
apresentar de forma igualitária entre as Entre os exemplos de atuação com vistas à
pessoas. Em razão a concepção de Justiça Justiça em caráter distributivo podemos
Comutativa envolve a ideia de citar a criação de sistemas de quotas, a
reciprocidade. proteção aos hipossuficientes, tais como
empregados e consumidores, a
Por exemplo, se determinada pessoa progressividade dos impostos entre
contribui com 100, receberá em inúmeros outros exemplos que encontramos
contrapartida 100. Isso significa uma no ordenamento jurídico. São situações que
permuta de bens e serviços, com vistas a conferem posição de vantagem ou
possibilitar a utilização da produção alheia prerrogativas a determinadas pessoas ou
em retribuição ao oferecido de forma grupo de pessoas. Em regra, essas
equivalente. Há, portanto, uma efetiva troca situações jurídicas de vantagem decorrem
de bens entre os sujeitos da relação. É partir da necessidade de conferir igualdade e m
dessa troca de bens que tal tipo de justiça sentido material.
recebe igualmente a denominação de
“Justiça corretiva”, uma vez que resulta ao A finalidade da Justiça Distributiva é
juiz-estado corrigir possíveis desigualdades, assegurar a todos os membros da
assim: restituição ao interessado do objeto comunidade um conjunto de condições
pretendido conforme a relação, bem como sociais que possibilite uma vida humana,
determinado pagamento de uma dívida etc. com dignidade. Entre as aplicações da
Justiça Distributiva, destacam-se:
1.2 Justiça Distributiva: Trata-se da
relação da sociedade em face dos sujeitos.  Dever social de respeitar os direitos
A sociedade, organizada e racionalizada, fundamentais dos membros de
deve atuar com a vistas a aplicar os determinada comunidade. Cite-se o rol
recursos da coletividade nos diversos de direitos fundamentais assegurados na
espaços sociais. Constituição Federal.
 Dever de a sociedade, por
 A justiça distributiva foi formulada intermédio de instrumentos
pelo filósofo Aristóteles, que a institucionais, de garantir condições de
considerava como uma forma de respeito aos direitos fundamentais,
estabelecimento da igualdade diante de violências e atentados
praticados pelo membros da sociedade e, A ideia de justiça social tem como um dos
inclusive, pelo Estado. Cite-se as ações seus principais objetivos promover o
constitucionais como instrumentos de crescimento de um país para além das
garantia dos direitos fundamentais. questões econômicas. Por essa lógica,
 Garantia de partição equitativa dos entende-se que a justiça social é um
benefícios de ordem material e moral mecanismo que busca fornecer o que cada
que informam o conceito de bem cidadão tem por direito: assegurar as
comum. Citem-se os direitos que inibem liberdades políticas e os direitos básicos,
práticas discriminatórias ou excludentes, oferecer transparência na esfera pública e
tal como a criminalização do racismo. privada e oportunidades sociais.
 Distribuição dos bens de acordo
com a garantia de igualdade, não apenas Justiça em sentido mais do que Lato
em relação ao presente, mas com Remete à ideia de IDEAL. Para essa
capacidade de garantir a igualdade para acepção a Justiça remete ao complexo de
o futuro. Cita-se a adoção de política de todas as virtudes experimentadas pelas
quotas, que visa conferir a redução e a pessoas no convívio social. Abrange, por
correção da desigualdade e garantir a exemplo, a honestidade, amizade,
igualdade de oportunidades para o igualdade, temperança, equidade, entre
futuro. outros conceitos. Tudo o que se relacionar
com condutas virtuosas está inserido no
A Justiça Distributiva é fundamental para conceito de Justiça.
garantir as condições de ordem, paz e Fala-se que esse conceito é “mais do que
segurança entre os seus membros sem lato” justamente porque somos incapazes de
perder -se de vista a regra da delimitá-lo por completo. A vida em
proporcionalidade do bem comum. sociedade demonstra que da mesma forma
que não há limites para atitudes ruins, não
Outro exemplo é o retorno do imposto de há limites para atos justos. Sempre haverá
renda maior para o que gastou mais na uma forma de atitude ou ato que será, de
saúde, escola e etc. forma inédita, justa.

1.3Justiça Social: remete ás virtudes dos


sujeitos que procuram realizar o “bem Justiça em sentido Lato
comum”. O conceito de justiça social é Remete à ideia de um conjunto de virtudes
também conhecido como Justiça Geral ou necessárias à convivência em sociedade.
Justiça Legal, que objetiva o bem da Essas virtudes são necessárias ao convívio
coletividade, com observância de critérios social são éticas e aceitas de forma
de igualdade. universal.
Na Justiça Social o sujeito figura na posição Justamente pelo fato de serem aceitas por
de devedor, hipótese em que assume o todos, afirma-se que o conceito de Justiça
dever de contribuir com o bem da em sentido lato é o conceito universal de
coletividade. A sociedade, por sua vez, é justiça.
recebedora desse bem. Essa espécie de Nessa acepção, portanto, pensar no outro é
Justiça assemelha-se à característica da fundamental para delimitar que a conduta é
solidariedade. justa. Parte-se do outro ou da coletividade
em geral para se aferir se determinada
Consiste no compromisso do Estado e
conduta viabiliza a convivência em
instituições não governamentais em
sociedade. Se positiva a conclusão, estamos
buscar mecanismos para compensar as
diante de uma virtude. Caso contrário, será
desigualdades sociais geradas pelo
injusto.
mercado e pelas diferenças sociais.
Justiça em sentido Estrito
Remete à ideia de virtude como uma
condição especial. É justo dar a outro o que
lhe é devido, numa relação de igualdade,
marcada pela simplicidade e
proporcionalidade.
De acordo com os pensadores, a justiça em
sentido estrito caracteriza-se por:
a) Dar a outrem (relação de pluralidade
e alteridade): remete à ideia de que um
sujeito somente é justo na medida em que
se reconhece no outro;
b) O que é devido (débito): destaca a
noção de dever e remete a função da lei, de
realizar aquilo que é exigível, em termos de
justiça, das pessoas. É com o intuito de
realizar a justiça em sociedade e permitir o
convívio, que são estabelecidas condutas
permissivas e proibidas outras.
Essa característica confere à justiça a
natureza de atributividade ou débito, na
medida em que – por intermédio da lei –
atribui às pessoas um conjunto de direitos e
deveres, o qual é justo.

c) Segundo uma igualdade (igualdade): o


equilíbrio entre a alteridade e o que é
devido é encontrado na terceira
característica, ou seja, a igualdade. A
característica da igualdade deve ser
analisada de forma objetiva, compreendida,
segundo Aristóteles, como o “justo meio”.
O “justo meio” constitui condição razoável
entre dois extremos equidistantes,
independentes de quais venham a serem tais
extremos. Portanto, a ideia de igualdade
remete à acepção de proporcionalidade.
Além disso, a característica da igualdade
remete à ideia de que a sociedade é credora
ao passo que o indivíduo é devedor. É
necessário que os indivíduos assumam a
responsabilidade de contribuir para a
Justiça em sociedade. Esse conceito remete
à ideia de solidariedade
Desse modo, o que se pode compreender é
a sociedade ou a comunidade como credora
de um devido legal e o indivíduo como
devedor daquela obrigação. Essa realidade
contribui para que a sociedade seja justa e
pacífica, com o objetivo de alcançar o “bem
comum”.

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