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DESENVOLVIMENTO INFANTIL NA PERSPECTIVA DA ANALISE DO COMPORTAMENTO Tauane Gehm e Adriana Rossi Se vocé é analista do comportamento e trabalha com criangas, talvez ja tenha se perguntado sobre como 2 abordagem lida com a questao do desenvolvimento infantil. O desenvolvimento infantil pode ser considerado assunto secundé para alguns, uma vez que boa parte dos fendmenos observados poderia ser explicada por meio do conceito de aprendizagem. Por outro lado, hé quem aponte a necessidade de olhar para aspectos biolégicos e para padrées que se repetem na maioria das criangas, Seja como for, osiambienteside:cuidadoiinfantil so geralmente.permeados»porsnormatizagdes:etériasppelas-expectativaside aquisicao-de-habilidades»relacionadas»asdiferentes:fases€”porsconcepgoes pautadas na maturagiomAssimasendo=é=importante-que-ovpsicoterapeuta comportamental consigascompreendere.:descrever’-o"desenvolvimentoy-ou os fendmenos agrupados sob .este:rétulo;de:forma:compativelicomiaiflosofia behavioristaradicalste capitulo foi pensado para suprir,ao menos em parte, essa necessidade. Para tanto, nas linhas que seguem, seré apresentada a concepgao analtico-comportamental do desenvolvimento, interpretagdes coerentes com a abordagem sobre termos relacionados a este rotulo e alguns questionamentos ainda existentes na area, O que é desenvoh do Comportamento? Na visio analitico-comportamental, desenvolvimentorpode ser compreendido como mudancassprogessivassnas:interagées:entre-comportamento,e.ambients (Bijou-&Baereagéap O-foco*ndo esta exclusivamente sobre varidveis organicas ou ambientaisjmasstambém:naiforma:comoa:interagdo entre essas varidveis ocorre'e’seitransfarmaraolongoido:tempo; As interagSes sdo sempre eontinuas, interdependentesybidirecionais — ou seja, em um ciclo que se iniciana fecundagdo ento para a Anélise nen erg ran ee AS ma Aa i my ‘TERAPIA ANALITICO-COMPORTAMENTAL INFANT DDESENVOLVIMENTO INFANTIL NA PERSPECTIVA DA ANALISE DO COMPORTAMENTO € sé se finda com a morte do individuo, as ages de um organismo impactam 9 ambiente e esse impacto retroage sobre o organismo (Vasconcelos, Naves & Avila, 2010) “O--aspecto~progressivo"..indica~-que~cada~-mudanga™observadarsng comportamento-acontece-néio-apenas- influenciada por varidveis ambientais satuais;scomo=também=pelas-interagdes-que~a~precederam=(Rosales-Ruizeg Baer-1996). ‘Consideram-se;-na-andlise-desenvolvimentistay interacdes. que precederam: de: modo®imediato-a:mudanga, bemcomo™ quaisquer. variaveis histéricas relevantes (Rosales-Ruiz:& Baer 1996) © que se observa, em geral, & que competéncias»-comportamentaisadquiridas = previamente podem» se converter.em-condig6es-facilitadoras:ou dificultadoras:para:aconstrugéo"de ‘novas:competéncias. Outrossim, as-fungSesadquiridas:por-estimulos ao,longo dachistéria influenciarao. o:modo:comoo ambiente afetara’o organismove suas agdes-no- momento -analisadomalterando-as-relagdes»presentes;.facilitando ou'dificultando-novas:aprendizagens. Tendo em vista que aspectos historicos podem, inclusive, dificultar novas aprendizagens, destaca-se que owcardter progressivo nao guarda qualquer relacao.com a nogao de progresso; melhor ‘ou diregdo unica do desenvolvimento (Vasconcelos, Naves & Avila, 2010) Qrestudo dedesenvolvimento.é diacrénice, ie,, analisa 0 fendmeno aoulong> ‘dostempo. Ele ndo\retira, contudo;/a’necessidade de Uma andlise sincrénical ou seja, de umaravaliacao*funcionalisobreas*condigbes:erprocessosipresentesiu® ‘sdorrelevantes:paraque uma interagaovaconteca-(Gehmy2013). A questio da idade e dos marcos etarios do desenvolvimento Embora 0 estudo do desenvolvimento envolva, necessariamente, um recor temporal ~ afinal, para notar qualquer alteracdo em um fendmeno & neces observa-lo em, no minimo, dois momentos -, a simples passagem do tem?e no deve ser considerada como a causa da mudanga observada (Ha'ze"™ 1996; Peldez, Gewirtz & Wong, 2008; Rosales-Ruiz, & Baer, 1996). MuitasV22"° as:mudangas:sdo-correlacionadas-a-determinadas:idades-e; poriss0/ "0 frequentemente-uma-confusio que leva-as pessoas a interpreta #idade 7 cause. Na Visio analtico-comportamental do desenvolvimento, compreeré = que as mudancas ocorrem sempre'em fungao das interagoesy nao em fun meraypassagem-do tempo, Por exemplo, normalmente, uma criang2 comes? _—_ andar entre 11 ¢18 meses. Esse € o tempo médio que ela leva para viver interacoes suficientes com o ambiente que possibilitem a aquisigéo de coordenacao motora, de forca muscular, de equilibrio, entre outros repertérios e condigdes fisicas que geralmente compdem o ato de caminhar. Se, em vez de viver essas interacoes, a crianga ficar acamada e imével nos primeiros 18 meses de vida, difcilmente aprendera a andar nesse periodo, muito embora tenha alcancado aidade em que a aprendizagem normalmente se da. Disso, conclui-se que ela ndo anda porque tem 18 meses, mas sim porque, ao longo de 18 meses, foram possibilitadas interagdes que culminaram na aprendizagem do andar Uma vez elucidado isso, cabe perguntar, entéo, qual seria a relevancia em fazer andlises e/ou categorizacées etarias ou temporais. Gewirtze Peldez(1996) sugerem_que:unidades temporais podem ser-usadas como.variéveis descrtivas, classificat6rias ou resumidas; queindiquem'conjuntos derespostas mais provéveis: de. serem=encontrados em grupos de pessoasda’ mesma idadesEm.outras palavras; trata-se:ce1uma forma de sistematizar quais repertarios sao esperados emimomentos especificos da vida: Um olhar sobre’ os: primeiros-anos permite clucidarem partes, como as regularidades etarias Se constroem, Destaca-se que 0 inicio da vida € marcado por regularidades ambientais que favorecem a construgdo de histérias de desenvolvimento semelhantes entre os membros de uma espécie. Da fertilizagao 20 nascimento, 0 contexto ambiental ({tero) e as condigbes organicas de embrides/fetos sdo relativamente parecidas em diferentes individuos com a mesma idade gestacional, sso torna altamente provavel que as interagdes organismo-ambiente / comportamento- ambiente sejam também semelhantes entre todos, resultando em caracteristicas, repert6rios e tendéncias de aprendizagem comuns a maioria dos individuos no momento do nascimento (Gehm, 2011, 2013, 2017). Muito embora influéncias ambientais presentes durante a vida intrauterina (ie, uso de determinadas substancias, condigdes de satide materna, estresse vivenciado pela mae durante a gestacdo, entre outros) possam acarretar diferencas interindividuais, inclusive em nivel epigenético, trata-se, possivelmente, do momento da vida de maior similaridade ambiental e organica entre os membros da espécie. Durante os primeiros meses de vida apés 0 nascimento, as necessidades de um bebé so, em grande parte, relacionadas a manutencdo de sua sobrevivéncia, Diferentes bebés possuem necessidades comuns, o que acaba por selecionar, do seu ambiente, respostas de cuidado semelhantes. Embora alguma variabilidade DDESENVOLVIMENTO INFANTIL NA PERSPECTIVA DA ANALISE DO COMPORTAMENTO 8 DDESENVOLVIMENTO INFANTIL NA PERSPECTWA DA ANALISE 00 COMPORTAMENTO. ambiental seja permitida, ainda se trata de um momento da vida de grande similaridade, mesmo em diferentes culturas. Por exemple, & possivel escother alimentar 0 bebé em livre demanda ou em horérios especificos (componente variavel), mas, a despeito disso, @ grande maioria dos bebés sera alimentada com leite, por meio de respostas de sucgio (componente similar). Da mesma forma como ocorte no periodo pré-natal, apesar de existir alguma variabilidade ambiental, os aspectos comuns promovem hist6rias de interacBes parecidas e, assim, repertérios semelhantes entre os bebés, justificando a descricao de marcos etérios do desenvolvimento, © aumento da histéria de interaces da crianga com o ambiente é acompanhado por mudangas biolégicas e por ampliacdo do repert6rio de controle ambiental, o que resulta em um aumento das possibilidades de escolha sobre inmeros aspectos. Apés alguns meses, os individuos, jd menos dependentes das contingéncias especialmente direcionadas para manutengdo da sobrevivéncia e com histérias de interagbes cada vez mais individualizadas, apresentam maior variabilidade de interesses, experiéncias, comportamentos e, por conseguinte, ha redug&o nas classificagées etarias ena ‘estipulagao de marcos do desenvolvimento especificos para cada idade. A partir disso, as continggncias culturais passam a ser, possivelmente, as Principais responsaveis pela regularidade de repertério entre individuos de mesma faixaetiria, sobretudo aquelas dispostas pelo contexto escolar Na escola, sto estabelecidas contingéncia relativamente semelhantes para a aprendizagem de comportamentos especticos em cada idade (Gewirtz & Peldez, 1996), Ti contingéncias sao, geralmente, planejadas de acordo com uma matriz curricular Padronizada entre as instituigbes de ensino, correlacionadasa anos letivos (Gehm, 2013). No Brasil, por exemplo, existe a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), desenvolvida pelo Ministério da Educacdo (Base Nacional Comum Curricular cpt ease Pla es : ‘endo quais conhecimentos, competéncias ® hablidades s2o esperadas ao longo da escoleridade basica. Portanto, somado a uma 6.itil quando da abertura a questdes mais relevantes, Frenteaatrasos:frequentes ‘emdiferentes:marcos:dodesenvolvimento;-o analista do comportamento pode ‘se:perguntarspor-que aquele marco nao foratingido? Ha condigdes.orgadnicas que estejamdificultandora aprendizagem?:O ambiente da crianga estéadequado para desenvolveraquela:habilidace?»Como:o:ambiente deve ser alterado para'que ‘algumas habilidades possam ser estabelecidas? Geralmente, questdes como essas levam a'informagées ‘iteis, tanto para'a formulagio da andlise:funcional;:quanto para‘o planejamentole’execugao de intervengées adequadas: ‘Ardescrigéo'do que é esperado:em cada faixa etaria, idealmente, deve ser buscadaiina!comunidade. de convivio:da:crianga:(Bijou & Baer 196i)! Se ela ja frequenta a escola, por exemplo, seria interessante visitar 0 local e comparar 0 repertério daquela crianca ao de seus colegas de mesma sala e/ou idade. Caso um comparativo com pessoas de convivio direto nao seja possivel, paraos anosiniciais, de vida, sugere-se a consulta das “Diretrizes de estimulagao precoce: criancas de zero a3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor” (Ministério da Satide, 2016) ¢ da “Caderneta de Saude da Crianga" (Ministério da Satide, 2013), com descricdes de marcos do desenvolvimento neuropsicomotor dos 0 aos 3 anos e de medidas antropométricas esperadas para populacdo brasileira. Para criangas em idade escolar, sugere-se a leitura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), proposta pelo Ministério da Educacao (BNCC, 2017/18), Em suma, como descrito por Gehm (2013, p19), ‘pode-se dizer que o principal papel do tempo no estudo analitico-comportamental do desenvolvimento é caracterizar a dimenso ao longo da qual o estudo se da. Jé a idade, enquanto dimensao temporal, pode atuar como uma varidvel descritiva, com a qual se correlacionam determinadas mudancas, de forma a resumir e sistematizar informages. Ainda assim, é*eriticorcompreender- quesidadere"tempo"ndo" fatores causais'y O”aspectolmais importante 6 entender 0 que ocorre durante a assagem do'tempa; Uma vez encontradas discrepancias entre o que é esperado para determinada idade e 0 repertério de uma crianca, uma investigaco maior deve ser conduzida, a fim de buscar relagdes funcionais e/ou condigées fisicas que Possam, porventura, estar contribuindo para aquele cendrio. 2 3 i g 2 3 - é 2 : a DDESENVOLVIMENTO INFANTIL NA PERSPECTIVA DA ANALISE DO COMPORTAMENTO Pré-requisitos e Behavioural Cusps Como mencionado anteriormente, 0 desenvolvimento € progressig sendo pertinente analisar como condigdes histéricas © atuais impactam nove aprendizagens. Nessa linha, a Psicologia do Desenvolvimento tem descrito pe -requistos para a aquisicio de habilidades especificas, ou seja, habilidades que uma vez aprendidas ao longo daistéria do individuo, convertem-se em condicbes para a aquisigdo de repertorios espectficos, ‘Acadocdo-do conceito de *prérequisito’y'contudo; nao é-unanime entreog analistas do comportamento que estudam o desenvolvimento: Em Baere Rosales. -Ruiz-(1998)-e-em*Rosales-Rulz-e" Baer (1996), seuempregoré.criticadoysendo sugerido que:o termo poderia trazer a’perspectiva de que; para:avaprendizagem de determinados-repertérios; haveria: uma-sequéncia.fixa de: desenvolvimento Ou-seja, a aprencizagem de um pré-requisito (comportamento.t)seriaxcondi necesséria,-embora-ndo~suficientes"para~ que outra~aprendizagemmespecfia ocorresse (comportamento 2): Sendo'assim, nao poderia existir qualquersituagio em.que-o.comportamento"2"fosse-aprendido-antesdo:1:Mas"como"pravg que-determinada sequéncia é-a'Gnica'maneira possivel:para/a-aquisigaodeup repertério? Na impossibilidade de provar os autores supramencionados sugete? que a utilizacdo do conceitoéimprodutiva. Gehm, por outro lado, propde que o termo seja adotado sem associdlo aum sequénciaimutavel. Segundo ela, "em termos préticos, se sabemnos que aaquisicle de um comportamento aumenta a probabilidade de emisséo de um segundo, {.] teremos um conhecimento uti, Ou seja, 0 termovpré-requisito pode $= conveniente ao analista do. comportamento se for adotado, probabilisticament (2013,°p.33): Portanto, qualquer: repertério que; quando aprendida, aumente# probabilidade de aprendizagem-de-outro seria: um pré-requisito. Um exemplo pode ilustrar essa questéo: Kul (aor) propée que a sensibilidade 20 Tor? sociale a sensibiidade & linguagem influenciam-se reciprocamente Sura desenvolvimento. A partir de uma definigao probabilistica, podemos entende* sensibilidade ao social como um pré-requisito para aaprendizagem dais as ao aumentar significativamente a probabilidade de sua aquisica0- Tal concetias pode ajudar a explicar nfo apenas como criancas com desenvoWment? ti adquirem a linguagem, mas também porque criangas com 0 transtorr® espectro do autismo apresentam déficts tanto na sensibiidade & 6" a socials como na linguagem. Ainda assim, € possivel que, para essas tltimas, 0 ensino da linguagem seja estabelecido por meio de outros reforcadores que nao os estimulos sociais. Portanto, nao faria sentido apontar o aprendizado social como condigo que precisaria ser satisfeita para que a linguagem pudesse, entao, ser desenvolvida; mas, sim, como condigtio que aumentaria a probabilidade de seu desenvolvimento. No:que'se refere’a”expressdo da-linguagem;outro:exemplo:tamibém-pode sercitadorAs primeiras palavras costumam ser emitidas entre12'e 24mesesde idade;;quandora-crianga'é:exposta'a estimulagdovadequada: 4 0 autocontrole, habilidade-que'esté relacionada-a supressao-de- uma resposta-preponderante (ies 2inibigéo de uma resposta com alta probabilidade de emisséo~que-estaria sob controle de consequéncias imediatas=em proldeumaresposta sob controle derconsequéncias atrasadas), por sua vez, comeca'a ser observadorentre'0s'3.a sanos de'idade (Best & Miller, 2010): Seriay entdo; alinguagem umpré-requisito para‘o desenvolvimento do autocontrole? Segundo Best e Miller (2010), criangas de-3/anos"jé'conseguem compreender regras verbais-e, para que © individuo possa‘ficar sensivel'a:consequéncias"atrasadas;-a'compreensio de descrigdes de-contingencias-ou regras verbais pode ser importante” linguagem poderia, entéo, serum pré-requisito™'condi¢ao”que"aumenta’a probabllidade ~ para 9 desenvolvimento do autocontrole” Ainda pautados na compreensao do desenvolvimento como algo progressivo, alguns analistas do comportamento tém proposto 0 conceito de behavioural cusps (Baer & Rosales-Ruiz, 1996; Rosales-Ruiz & Baer, 1997; Bosch & Fuqua, 2001; Hixson, 2004; Oliveira, Sousa & Gil, 2008). O termo foi cunhado pela primeira ver Por Rosales-Ruiz e Baer, que definiram ‘behavioural cusps como umaninteragae | DDESENVOLVIMENTO INFANTIL NA PERSPECTIVA DA ANALISE DO COMPORTAMENTO ‘Paig). Trata-se, portanto, de uma mudanca crucial no desenvolvimento, que tem efeitos para além da mudanga em si, Por exemplo, quando 0 bebé comeca ® engatinhar, aumenta 0 acesso a ambientes e a contingéncias variadas, Desse modo, ele pode chegar a brinquedos e a membros da familia mais facilmente; Pode correr atras do cachorro e desenvolver novas interacSes com ele; pode ter Sua musculatura fortalecida pelo exercico, faciitando a aquisicao do andar; pode PORTAMENTO ISEDO.CON z DESENVOLVIMENTO INFAN comegar a receber sangdes por acessar mais objetos perigosos; entre outrag mudangas. Engatinhar seria, portanto, um behavioural cusp. Tal conceito possibilita um tipo de raciocinio que € interessante & Andlise do Comportamento Aplicada: tquaisisao"as'interacdes @Ue eup enquahtO epigado, preciso"planejar para que ocorra’um’ boom’ de mudancas (ie) aeeS50"a iota ‘conting@ncias,aprendizagens, reforcadores, entre outrosaspectos)navidadagiala (paciente?® Por exemplo, qual seria o primeiro objetivo de intervengdo diante do caso de uma crianga de 10 anos que nao sabe ler/escrever, que nao tem amigos na escola, que tem uma relagdo ruim com a professor e que apresenta respostas de esquiva da tarefa? A resposta para isso deveria surgir de uma andlise funcional, Porém, seria plausivel supor que o aplicador, pautado no conceito de behavioural cusp e em uma andlise funcional compativel, escolhesse a leitura/escrita como primeiro alvo de intervencdo, ainda que este aspecto nao fosse o gerador de maior sofrimento a crianga. Aprender a ler e escrever, possivelmente, mudaria todas as interages da crianca na sala de aula, podendo: (1) tornar mais provavel que a professora elogiasse seus comportamentos; (2) tornar menos provaveis respostas de esquiva da tarefa; (3) permitir maior integracdo s atividades cotidianas em sala de aula e, assim, (4) tornar mais provavel o desenvolvimento de boas interagées nas atividades em grupo e, talvez, de lacos de amizades com colegas. Importante salientar que os conceitos de behavioral cusp e de pré-requisitos so complementares, de forma que ambos podem servir para que andlises do desenvolvimento sejam feitas. Enquanto unmpré=requisitor"entendidexcomexum comportamentoque=favorece-araquisigao=deroutro=comportamento:especifica, um behavioural-cusp2é=visto=como~umeconjunto-de=interagdes=que=modifice amplamenteva-vidadovindividuo: Ou seja, quando:oanalista:do:comportamento sesquestiona sobre pré-requisitos, esta dirigindo:seu"olhar»paravaprendizagenss especificas; enquanto, ao se questionar-sobre behavioural-cusps, est-analisando, interages que podem: gerar-mudancas globais:-nas:relagdes do" sujeiton Vale destacar quemdo,ha:qualquer impedimento paratummesmo:comportamento ser considerado,, ao. mesmo tempo; um pré-requisito pararaprendizagens especificas eum behavioural cusps» Maturagao A Psicologia do Desenvolvimento geralmente contempla nao apena andlises do impacto de interagdes comportamentais pregressas sobre Novas na determinago da mudanca, Fato & que nao existe desenvolvimento sem um corpo biolégico, que esta em constante transformagao. Na Psicolo, . f = ae Desenvolvimento, 0 termo “maturaco’ & utlizado, de forma ampla, para se © um organismo passa durante a 20 mesmo tempo em que aspectos maturacionais idancas observadas e referir @ essas transformagées biolbgicas qu vida. Importante destacar que, influenciam e integram as mui fambém impactam seus components biol Por essa concepcao, cos. i seria salutar a@consideragao de aspectos maturacionais fna,compreensaoxanalitico-comportamental:do"deseavolvimento. © problema, contudo, reside na forma como as explicagées maturacionais sao, ; por vezes, empregadas. Ostermo maturagao ja foircriticado (Skinnety974ySchlinger, 1995; Gewirtz:€ePeldez-Nogueras, "1996)"por ser-frequentementevassociadova planos desdesenvolvimentor geneticamentedeterminadosy "que" definiriams por -quais transformagéesiosiindividuos:deveriam:passar-duranteva-viday-a:despeito-das experiéncias vividas. Explicacdes comoressas geralmente ignoram ainfluéncia do ambientena determinaco do comportamento,supondoumasequénciainvaridvel desmudangas; que nao seria compativelicomavisdo analitico-comportamental'do desenvolvimento. Qutro.problema:de:algumasexplicagdes maturacionais reside na'caréncia de: indices biolégicos:empiricos:(Gewirtz & Peléez-Nogueras, 1996). Ou seja, muitas, vezes, tais explicagdes nao séo fundamentadas em pesquisas ou em observacées diretas do fenémeno biolégico, mas sim em suposigdes derivadas exclusivamente da observagao de mudangas comportamentais (Géwirtz & Peldez-Nogueras, 1996; Rosales-Ruiz & Baer, 1996). Esforcos para buscar bases biol6gicas de mudancas comportamentais tém sido observados (Tau & Peterson, 2010), mas, ndo raro, nota-se que a atribuicgo a fatores biolégicos é feita de forma imprudente, sem a fundamentagao necessaria, atribuindo-se, genericamente, & biologia tudo o que nao se consegue explicar com os conceitos psicolégicos existentes, Por exemplo, ha comportamentos ¢ sensibilidades que sao frequentemente entendidos, na nossa 4rea, como determinados exclusivamente por componentes biol6gicos, quando, na verdade, dependem também da historia de interacdes entre 0 comportamento e 0 ambiente para ocorrerem (Held & Hein, 1963; Kuo, 1967; Gottlieb, 1997). estudo de Held e Hein (1963) pode ilustrar essa questo, 20 demonstrar como DESENVOLVIMENTO INFANTIL NA PERSPECTIVA DA ANALISE DO COMPORTAMENTO DDESENVOLVIMENTO INFANTIL NA PERSPECTIVA DA ANALISE DO COMPORTAMENTO. 8 aparecimento de um comportamento reflexo € influenciado por itracy ° rtamentais prévias. comportat P \sdeterminantes de uma resposta refi, gun Hein (1963) investigaram al Held e gatos, Nessa pesquisa, £atos foram cragoe desde onascimento, no escuro (privacao visual) e, a partir da oitava semana de vida, foram expostos &estimulacao visual listras) apenas durante algumas horas por di Metade dos sujeitos tinha seus movimentos possibiltados durante a estimularig CCativos’), de forma que as listras mudavam conforme eles andavam. Os demais Cpassivos") estavam presos @ uma caixa, sendo transportados passivamente durante aestimulasdo— portanto, para eles, amudanga visual no era contingente 20 andar. Apés isso, testou-se 0 surgimento do reflexo de posicionamento das patas, constatando-se que apenas os animals “ativos” apresentavam a resposta esperada. A experiéncia viso-motora deles, entendida como a mudanca do campo de posicionamento das patas, €m visual em funcdo do andar, foi, aparentemente, crucial para 0 desenvolvimento da resposta. Ou seja, foram necessdrias historias especificas de interagao entre 0 comportamento e o ambiente para o desenvolvimento de um repertério reflex, de modo que a causa nao pode ser atribuida exclusivamente a fatores bioldgicos. Outro exemplo refere-se a forma como algumas sensibilidades incondicionadas’ so estabelecidas ao longo da ontogénese. Pesquisas realizadas por Gottlieb (1997) permitiram constatar que a sensibilidade de patos ao chamado da prépria espécie é estabelecida por meio da exposigao pré-natal avocalizacées emitidas pelo proprio embrido dentro do ovo e/ou a vocalizades emitidas por outros membros da espécie, cujo som penetra o ambiente intra-ovino e chega ao embrido. Na auséncia de tais estimulacdes sonoras, a sensibilidade “incondicionada’ ao chamado da espécie no se estabelece. De forma anéloga, no caso humano, o valor reforcador de alguns estimulos € estabelecido ainda dentro do itero. Mais especificamente, pesquisas sugere™ que a exposigéo frequente a um estimulo durante 0 perfodo pré-natal ov neonatal pode resultar no aumento de seu valor reforcador ou na diminuigg0 de seu valor aversivo - processo conhecido como “aprendizagem por exposis? ou familiaridade" (james, 2010; Gehm, 201). Tal conceito permite entendet por exemplo, como a sensibilidade & voz humana, considerada um reforsador incondicionado, é estabelecida por meio da histéria ontogenética, pré-natal exposigao a esse estimulo e nao apenas por aspectos maturacionais. Ainda que, dentro da discussao sobre maturacéo, seja observadaumatendéncia a dar peso excessivo ~ ou nao fundamentado — a fatores biologicos, inegavel que, como mencionado, alteracdes no organismo impactam 0 comportamento, bem como alteragdes no comportamento alteram 0 organismo. Considerando isso, a proposta analitico-comportamental do desenvolvimento destaca a importancia de a consideracio de aspectos maturacionais ser feita de forma criteriosa, pautando-se em fatores biolégicos — cientificamente fundamentados —enasua interaco com 0 comportamento. Conforme sugerido por Rosales-Ruiz e Baer, “[n]4o negamos que a biologia se encontre implicada no desenvolvimento, isso € indubitavel, mas, para nds, o importante é descobrir a biologia, ndo a inventar’ (1996, p. 229). Para ilustrar a importancia de explorar os fatores fisioldgicos correlatos as caracteristicas comportamentais, tomemos como exemplo o The Stress Hyporesponsive Period (SHRP, traduzido como Perfodo de Hiporresponsividade ao Estresse) - um fendmeno tipicamente observado no desenvolvimento, que ocorre ao longo dos primeiros 14 dias de vida em ratos e ao longo dos primeiros 12 meses em humanos. Durante 0 SHRP, 0 eixo endécrino conhecido como hipotélamo- pituitéria-adrenal (HPA) mostra-se relativamente inativo e os niveis circulantes de corticosterona/cortisol so baixos, ainda que alguns estressores estejam presentes (Sapolsky & Meaney, 1g86; Gunnar & Donzella, 2002; Levine, 2001; Callaghan & Richardson, 2013). Ao mesmo tempo, em termos comportamentais, nota-se menor responsividade dos organismos a estimulacao aversiva (Sapolsky & Meaney, 1986; Gunnar & Donzella, 2002; Levine, 2001; Callaghan & Richardson, 2013; Opendak & Sullivan, 2016) Estudos com ratos indicam que, nessa fase, um estimulo neutro que seja pareado com um estimulo aversivo incondicionado acaba por adquirir propriedades reforgadoras ao invés de aversivas (Moriceu, Roth & Sullivan, 2010) Tal funcionamento permite maior adaptacdo ao contexto ambiental vivido pelo filhote. Mais especificamente, a vigéncia do SHRP coincide com um periodo em que o filhote é mais dependente dos cuidados maternos - periodo este em que também sao observadas mordidas, pisadas e a impingéncia de estimulacao dolorosa da mae sobre os filhotes (Moriceu, Roth & Sullivan, 2010). Se os pareamentos aversivos fossem formados da mesma maneira como é observado Nos adultos, a mae poderia adquirir propriedades aversivas, sendo evitada pelo filhote - o que, claramente, traria desvantagens para sua sobrevivéncia, A 2 z g 5 8 2 5 g Q DESENVOLVIMENTOINFAN' £ DO COMPORTAMENTO SPECTIVA DA ANAL DESENVOLVIMENTO INFANTIL Ni finalizagdo do SHRP € proxima a0 periodo em que ratos e humanos Comecamn 4 se locomover de modo independente, sendo, portanto, necessario se Proteger de sstimulos potencialmente aversivos presentes no ambiente ‘As caracterstcas organicas do SHRP (inatividade do eixo HPA e baivos nie de corticosterona(cortisol) parecem ajudar a explicar por que os filhotes aprenden, ase aproximar em ver de evitar estimulos associados & dor (para uma expliccig mais detalhade, consultar Opendak & Sullivan, 2016). O aprofundamento no Shipp esta fora do escopo deste capitulo, mas vale mencionar que as caracteristies biolégicas descritas podem ser consideravelmente alteradas em condicées ambientais atipicas, como na auséncia da mae, tanto em humanos como em ratos (ver Gunnar & Donzella, 2002). Parece, assim, (1) haver uma sintonia entre © desenvolvimento biolégico e predisposigées comportamentais proprias de cada fase e (2) esse desenvolvimento biologico depende co ambiente no qualo individuo esta inserido, ocorrendo de formas diferentes em condigdes ambientais tipicas e atipicas, Por meio da discussao acerca do SHRP e seus efeitos sobre o comportamento, fica claro que hd uma importante interaco entre condicdes fisiolégicas ¢ ambientais, determinando como se dara o curso do desenvolvimento do individuo. € de grande importancia que o analista do comportamento também busque conhecer as mudancas fisiolégicas e as sensibilidades do organismo 20 ambiente que so préprias a cada momento do desenvolvimento, para guiar sua intervengdo e para melhor orientar aos pais sobre como conduzir determinadas situagées. Para desvelar a sintonia existente entre as mudancas observadas 1o nivel biolégico e as observadas no nivel comportamental, seria importante mais iniciativas de integracao entre os dados jé produzidos a partir das diferentes ciéncias envolvidas. Periodos sensiveis do desenvolvimento Como ilustrado pelo SHRP, ha caracteristicas organicas e ambientais que S40 tals comuns em determinados periodos da ontogénese. Nesses casos, nao 62 idade que determina o surgimento de tais caracteristicas, mas descrigoes ets tornam-se Uiteis ao permitir a sistematizacao de fenémenos comuns & maioria 405 individuos em momentos especificos da ontogénese. Entre esses fendmenss observarse que determinados periodos da ontogénese so mais favoravels # ‘swisico de repertérios especficos, de forma que a aprendizagem sejaaltamen® provavel diante da estimulagéo adequada, Por outro lado, uma vez passado esse periodo sem que 0 repertério tenha sido adquirido, sua aprendizagem pode ser dificultada. A Psicologia do Desenvolvimento tem chamado esses momentos de periodos sensiveis,crticos ou privilegiados. Alinguagem oral pode ser utilizada como exemplo para ilustrar essa questo. Haum actimulo de dados que sugerem que a exposigdo a estimulacao adequada durante a primeira infancia favorece diferencialmente a aprendizagem da linguagem oral (Kuhl, 2011). Evidéncias extraidas de casos de extrema privacdo ambiental, negligéncia infantil, surdez congénita, lesao cerebral adquirida ou aprendizado de um segundo idioma sugerem que a caréncia de tal estimulagao nessa faixa etaria, para a maioria dos individuos, pode resultar em maior dificuldade na aquisigéo da linguagem oral. Indubitavelmente, para cada uma dessas condigées, ha varidveis intervenientes que devem ser consideradas na anélise, mas, de uma forma geral, dados compilads indicam que, quando @ aquisicdo ocorre mais tardiamente, a aprendizagem pode ser deficitéria em alguns aspectos, principalmente no que se refere aos aspectos fonéticos e sintaticos (Kuhl, 2011; Morgan, 2014), Diante disso, tem-se sugerido que a primeira infancia seja um periodo sensivel para a aprendizagem desse repertério. Mas 0 que leva determinados periodos a ser mais favoraveis para a aquisicao de determinadas habilidades? Alguns autores tém sugerido que, conforme as interagdes da vida ocorrem, a plasticidade orgénica e as potencialidades comportamentais se tornam mais limitadas — fendmeno conhecido como “canalizagao” (Kuo, 1976; Gottlieb, 1991). Uma vez que a canalizagio ocorre, s40 desconhecidas contingéncias que possam fazer com que o organismo retorne 5 potencialidades iniciis (Gehm, 2017). Assim sendo, 0 inicio da vida seria um momento de menor actimulo de interagées, de menor canalizagao e, portanto, de malor potencialidade para diferentes aprendizagens. Além disso, como j apontado, algumas faixas etdrias se correlacionam a ambientes especificos (ambiente uterino para fetos e ambiente de cuidado materno intenso para recém. nrascidos, por exemplo). Tais ambientes dificilmente se repetem da mesma forma Posteriormente. Com isso, algumas estimulagdes ficam restritas a determinados Periodos da ontogénese. Por fim, é importante salientar que a cultura dispde de normas pautadas em faixas etarias, de forma a lidar de maneiras distintas com individuos de diferentes idades — por exemplo, as pessoas usam comandos tals simples, articulam mais os fonemas, fazem brincadeiras sonoras com as DESENVOLVIMENTO INFANTIL NA PERSPECTIVA DA ANALISE DO COMPORTAMENTO DESENVOLVIMENTO INFANTIL NA PERSPECTIVA DA ANALISE DO COMPORTAMENTO um bebs de + ano que née fala, 0 que no aconteceria dn, i alavras diante d : de 13 anos que nao soubesse falar. Dito de outra fom she lescente eon da comunidade verbal para o ensino de habilidades especg,.. em determinadas faixas etérias e no em outras, ‘partir disso, considera-se que periodos sensiveis sejam multdeterminag porvaréveismaturaionaiseambientas.Trata-se, possivelmente, de um momen da vida em que ocorre um encontro dtimo entre caracteristicas orgnicas¢ estimulagBes ambientais pertinentes a aquisicao de determinada habildade © que cabe aqui realgar € que 0 analsta do comportamento deve programa, contingéncias de ensino que sejam compativeis ao desenvolvimento do indivduy, Deve-se levar em consideracdo a existéncia de momentos dtimos para o ensino de determinadas habilidades, em que as caracteristicas orgdnicas e as contingéncias naturais possam ser aproveitadas sem, muitas vezes, a necessidade de maiores arranjos ambientais. Por outro lado, uma vez que tals configuragbes néo estjan mais disponiveis, cabe ao analista do comportamento pensar em como arranjar as contingéncias ambientais para o ensino da habilidade especifica, considerando a histbria daquele organismo e suas caracteristicas biolégicas no momento ds intervencio. Fatores de risco na primeira infancia Os primeiros anos de vida costumam ser considerados crticos para 0 desenvolvimento das criancas, havendo estudos que apontam que experiéncas vividas na primeira infancia podem exercer influéncias mais expressivas do ques observadas em outros momentos de vida sobre como 0 individuo se desenvohe em niveis moleculares, cerebrais e comportamentais (Meaney & Szyf, 2005; Saft McGowan, & Meaney, 2008; Pisani, Borisova & Dowd, 2018). Algumas condigoes quando presentes no inicio da vida, parecem tornar os individuos mais vulneréves a0 desenvolvimento de habilidades e competéncias emocionais, sociais, cognitvas €motoras que se distanciam do que é desejavel ou esperado na nossa cultura. Ta Condig6es ou varidveis, nomeadas aqui de fatores de risco, podem incluir atributos biolégicos e genéticos da crianga e/ou da familia, bern como fatores da comunidad® Que influenciam tanto o ambiente da crianga quanto de sua respectiva| familia (N38 & Williams, 2005), : Aexposicao assituacdes estressoras extremas (por exemplo, separacio preco 0s culdadores; abuso sexual, fisico e/ou psicolégico; maus tratos; neglse™ ou privacao social na infancia) ¢ considerada um desses fatores de risco para 0 desenvolvimento infantil, e, em conjunto com outros fatores, podem impactar negativamente a aquisi¢ao da linguagem, das habilidades cognitivas, a capacidade de se vincular afetivamente e de se regular emocionalmente (Carpenter & Stacks, 2009; Kreppner et al, 2007). Um exemplo histérico que também ilustra como experiéncias precocesnegativas podemser fatores derisco paraodesenvolvimento 60 caso dos érfaos da Roménia. De 1966 a 1989, manobras politicas institufdas pelo entao chefe politico romeno, Nicolae Ceausescu, fizeram forte pressdo para que as taxas de natalidade subissem na Roménia. Os nascimentos aumentaram bruscamente, mas as familias ndo tinham condigdes econémicas de criar as criangas, que eram, eno, enviadas para abrigos. As condigdes nos abrigos eram extremamente hostis, com higiene precéria, desnutricao, além da profunda escassez de interacdes afetivas ou verbais. Um ano apés a deposigao do lider romeno, 0 caso dos érfaos da Roménia ganhou repercussao internacional € muitas familias de outros paises adotaram as criangas abandonadas. Diversos pesquisadores se aproximaram do tema e estudos realizados acompanharam 0 desenvolvimento dessas criangas entao adotadas e inseridas em condicdes de vida muito mais favoraveis. Dados obtidos por meio de estudos longitudinais identificaram que criangas que foram adotadas, ou-seja, inseridas em ambientes favordveis quando ainda pequenas, demonstraram maiores ganhos, em relagio a diversos parametros avaliados, do que as criancas que permaneceram em instituigdes. Criangas adotadas antes dos 24 meses, por exemplo, tendiam a apresentar vinculos mais seguros com seus cuidadores do que as adotadas apés esse perfodo (Smyke et al, 2010). Criangas adotadas antes de 24 2.26 meses também mostraram uma melhor resposta ao estresse, melhor satide mental e melhor desenvolvimento de linguagem do que criancas adotadas mais tardiamente (Black et al, 2017). Ainda comparando diferentes condigdes ambientais as quais as criangas romenas foram expostas e suas implicagdes, Wade © colaboradores (2018) avaliaram indicadores de psicopatologia entre 6rffios romenos dos 8 aos 16 anos. Dados obtidos por meio de avaliacao feita quando todos os particpantes tinham 16 anos demonstraram que aqueles que permaneceram institucionalizados apresentaram maiores indicadores de psicopatologia, quando comparados aqueles que foram adotados aos 8 anos, Além disso, o grupo que foi adotado aos 8 anos apresentou menores indices de problemas externalizantes. _DESENVOLVIMENTO INFANTIL NA PERSPECTIVA DA ANALISE DO COMPORTAMENTO DESENVOLVIMENTO INFANTIL NA PERSPECTIVA DA ANALISE DO COMPORTAMENTO & cto dos fatores de risco sobre 0 desenvolyin, er 10,6 importante olhar tanto para as condigges Mas como se dé 0 impat Para responder a essa questa aaa =a nto para a cascata de eventos que resultaram no fator de risco, quanto P: Ue $e deu erg peo eo resultado observado no desenvolvimento, Cabe pergin, ar, o fator espe x entre 0s maus-tratos vivenclados 20s dois ang, por exemplo, o que acontece (fator de risco) e a dificuldade sbservado), Difcmente, algo que aconteceu nos dois primeiros anos pode isoladamente, explicar um resultado observado na idade adulta. € necessérg olhar para uma rede de interagdes comple” relacfo. Por exemplo, os maus tratos podem ter continuado ao longo da hstrg do individuo em todas relagbes vividas pela pessoa, de forma que ela nunca tena tido a oportunidade de estar em uma relacdo de cuidado segura e, com iso, em se vincular afetivamente as 20 anos (resutay fo as ¢individualizada para entender xc, aprender ase vincular de forma mais adequada. ‘As pesquisas sobre fatores de risco trazem correlagGes entre 0s eventos “tor de risco” e “resultado no desenvolvimento”, nao se comprometendo a informar diretamente sobre causas, Ou seja, nao & possivel afirmar que 0 fator de risco causou um determinado resultado, Porém, 0 dado correlacional permite que o analista do comportamento fique atento a alguns eventos que tenham maior probabilidade de influenciar o: estabelecimento de determinadas condicées e dirja 6 seu olhar para isso no planejamento da intervencaamPor"exemiplotrenterao dado de:quermaus-tratos sdourrfatorderiscorpara-a dificuldade'de virculagae nawvidaadultayalguns-aspectos-que-devem ser-consideradosr(1)diante:deuma ccrianga-que’sofre:owsofreu-maus-tratos;-cabe-ao-analista-do-comportamento ‘se-questionar:sobre-como-organizar-o-ambiente-de-forma-a-promover-uté histériarde vinculagio-adequada’e segura-a partir: de-entaoyumavez-que-eviste umasprobabilidade-aumentada-de-essascriangase=tornar-um-individuo=com dificuldade de vinculagao;(2) dianterdeum-adulto com dificuldade de vinculag20, -seria.interessante-investigat-a.existéncia de uma historia:de maus-tratosd20° quepnapopulacao:geralyexiste umarassociagaoventrevas:duas:coisasy e)diant® de-umaicomunidade que'apresenta'maus-tratos infantis,"cabe se questionat# respeito:do impacto:daiprevengdo:dosimaus-tratos no:contexto familiar sob" o-desenvolvimento-posterior dos: vinculos’sociais”ej-a»partir-dissovavaliat # ‘pertinencia'de'estratégiasipreventivas, Conhecer fatores de risco tem, portanto, relevancia pratica, permitinda, entre outras coisas, uma coleta de dados dirigida & sua identificagdo na histori® do individuo, @ elaboracdo de estratégias preventivas que impegam que os fatores desrisco: $e estabelegam-na! vidat dovindividuove.a-elaboracto ide. estratégias interventivas caso a prevencio no seja mais possivel, Além disso, pode-se incentivar a criagdo de condigées que favoregam o desenvolvimento dos “fatores de protecdo’. Os fatores de protecdo podem ser definidos como aqueles fatores que modificam ou alteram a resposta do individu para alguma condigéo ambiental que predispde a um resultado indesejado, como repertérios que melhorem ou alterem a resposta dos individuos a ambientes hostis, por exemplo, habilidades de resolucao de problemas (Maia & Williams, 2005). Nesse sentido, estudos demonstram que intervengdes precoces, projetadas para remover ou atenuar 0$ efeitos de exposigdes a condigdes desfavordveis durante periodos espectficos de desenvolvimento podem evitar sequelas negativas (Tarabulsy et al, 2008; Welsh et al, 2007), abrindo um espaco importante para atuacao do analista do comportamento. Consideragées Finais Em sintese, o desenvolvimento, entendido como mudangas progressivas nas interagdes entre comportamento e ambiente, deve ser objeto de aterigo do analista do comportamento, sobretudo aqueles interessados no comportamento de bebés, criangas e adolescentes, Destaca-se que, na Andlise do Comportamento, grande parte dos estudos com humanos tém sido feitos com individuos em idade adulta, dando-se pouca énfase as especificidades organicas e ambientais que sdo préprias de outras faixas etérias. Assumir que tal conhecimento pode ser diretamente transposto para 0 pubblico infantil seria considerar criancas como miniadultos, rejeitando a existéncia de particularidades proprias desse periodo. Em contrapartida, 0 estudo do desenvolvimento infantil pode permitir a elaboragao de andlises funcionais mais adequadas, que considerem as caracteristicas proprias de individuos em diferentes momentos da ontogénese, bem como de estratégias de prevengao e intervengo mais eficazes. Se, de um lado, 0 estudo do desenvolvimento pode ser util ao analista do comportamento, de outro, a proposta analitico-comportamental pode ser util as ciéncias do desenvolvimento. A historia da Psicologia do Desenvolvimento & marcada por categorizagdes etérias e expectativas sobre 0 comportamento infantil, definindo-se, muitas vezes, marcos do desenvolvimento sem que haja umaelucidagdo de como o ambiente deve ser disposto para que tais marcos sejam DESENVOLVIMENTO INFANTIL NA PERSPECTIVA DA ANALISE DO COMPORTAMENTO DESENVOLVIMENTO INFANTIL NA PERSPECTIVA DA ANALISE DO COMPORTAMENTO ¢, Talvez uma das maiores contribuigBes da Andlse do Comportamens seja desnaturalizar tl padronizacao, ehieldande as interacées que fundamen as regularidades observadas ert” diferentes individuos no que se refers.» pen como aus planejamento de COntingncas ern, je novas habilidades. onado anteriormente, frequentemente atribuem, atingido desenvolvimento, para o desenvolvimento d 10 ment “te organicas as mudangas observadas 20 longo fa ge interacdes comportamento-ambiente que possam, de formacomplementar, auxiliar na explicagao do fendmeno. Nisso também é possiva) enxergar possiveis contribuigo da Andlise do Comportamento, ao fomentar explicagdes que considerem 0 papel do ambiente na determinacdo da mudang Tal proposta nao significa diminulr 0 valor de varidveis organicas nas anélises, mas inclulas desde que de forma cientificarente f para outras variavels que possam influencar 0 fendmeno. Os limites, s envolvimento para distintos repertérios finidos a partir de evidéncias cientifcas Nesse sentido, com se causas exclusivamel ontogénese, ignorando- jundamentadas, também ampliando o olhar possibiidades ¢ 0s caminhos de des deveriam, em um mundo ideal, ser de provenientes, preferencialmente, de cliferentes campos do conhecimento (comoa Biologia, Psicologia, Antropologia, Pedagogia, entre outros). por fim, destaca-se a importancia da construcéo de novas pesquisas que a construsao de um compitado sobre os pré-requisites Jficos, sobre os behavioural cusps mais | em contextos determinados, sobre bem como sobre portamentais 14 permitam,talvez no futuro, mais importantes para repertorios especi relevantes para o desenvolvimento saudavel 0s periodos sensiveis do desenvolvimento e suas causas, a integragdo entre aspectos maturacionais, culturais € com determinagio das regularidades observadas no desenvolvimento da maioria dos individuos de umaespécie. Com esse conhecimento, 0 analista do comportamento pode assumir um papel muito importante no planejamento de continggncs que garantam condicdes favoréveis ao desenvolvimento infantil, tanto em nivel individual - por exemplo, no contexto terapéutico, como em nivel coletivo - meio a instituigdes de ensino ou construgao de politicas publicas. Referéncias Baer, D, Mz Rosales-Ruiz, J. (1998). In the analysis of behavior, mean? Revista Mexicana de Andiisis de la Conducta, 24(2), 127-136. what does “devel Best, |.Rs Mller, P.H. (2010).A developmental perspective on executive function. Child Dev, 81(6),1641-60. httpsi//doi orghoxni/j1467-8624, .2010.01499.x. Bijou, S. Ws Baer, D. M. (1961). Psicologia del desarrollo infanti: Teoria empitica y sistemética de la conducta, Editoral Trllas. Tradugao de Francisco Montes slack, M. Ms Walker, S. P; Fernald, L. C,H; Andersen, C.T; DiGirolamo, A. MsLu, C: McCoy, D. C; Fink, G; Shawar,¥. R; Shiffman, |; Deverceli A, Es Wodon, 0. 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