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A AUTORA

ELAINE NICOLODI

Professora na Faculdade Araguaia e na Secretaria de Estado da Educação de Goiás.


Licenciada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO);
Especialista em Leitura e Produção de Texto pela Universidade Federal de Goiás
(UFG); Mestre em Educação (PUC-GO) e Doutora em Educação (UFG).
E-mail: elainearaguaia12@hotmail.com.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

N651m Nicolodi, Elaine


Metodologia do ensino superior / Elaine Nicolodi –
Goiânia: NUTEC, 2017.
52 p. : il. - (Educação a distância Araguaia).

Possui bibliografia.

1. Ensino superior. 2. Ensino superior – Ensino a


distância. 3. Metodologia do ensino superior. I. Faculdade
Araguaia. II. Título.

CDU: 378(07)

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Marta Claudino de


Moraes CRB-1928

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FACULDADE ARAGUAIA - FARA
1º Edição - 2016

É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio e para qualquer
fim. Obra protegida pela Lei de Direitos Autorais

DIRETORIA GERAL:
Professor Mestre Arnaldo Cardoso Freire
DIRETORIA FINANCEIRA:
Professora Adriana Cardoso Freire
DIRETORIA ACADÊMICA
Professora Ana Angélica Cardoso Freire
DIRETORIA ADMINISTRATIVA
Professor Hernalde Menezes
DIRETORIA PEDAGÓGICA:
Professora Mestra Rita de Cássia Rodrigues Del Bianco
VICE-DIRETORIA PEDAGÓGICA
Professor Mestre Hamilcar Pereira e Costa
COORDENAÇÃO GERAL DO NÚCLEO DE TECNOLOGIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Professora Especialista Terezinha de J. Araújo Castro
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Professora Doutora Tatiana Carilly Oliveira Andrade
COORDENAÇÃO E REVISÃO TÉCNICA DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO EM VÍDEO E WEB
Professora Doutora Tatiana Carilly Oliveira Andrade
DESIGN GRÁFICO E EDITORIAL
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FACULDADE ARAGUAIA
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Site Institucional
www.faculdadearaguaia.edu.br

NÚCLEO DE TECNOLOGIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Polo Goiânia: Unidade Centro
Correio eletrônico: nutec@faculdadearaguaia.edu.br

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................................................................ 6
UNIDADE I – A DIDÁTICA NO ENSINO SUPERIOR ................................................. 7
1 Prática Docente ...................................................................................................... 7
1.1 Formas de Conhecimento ..................................................................................... 7
1.2 Fontes de Informação ........................................................................................... 8
1.3 Fontes de Pesquisas Bibliográficas ...................................................................... 9
2 O Papel Social do Professor ............................................................................... 10
2.1 Ação Docente ...................................................................................................... 11
2.2 Prática Social ...................................................................................................... 13
2.3 Ensinar para a Autonomia .................................................................................... 14
3 Práxis Docente ................................................................................................... 15
3.1 O que é Ensinar .................................................................................................. 15
3.2 Como Ensinar...................................................................................................... 17
3.3 Competências para Ensinar ................................................................................ 18
ATIVIDADES............................................................................................................. 21
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 23

UNIDADE II – A SALA DE AULA NO ENSINO SUPERIOR .................................... 24


1 Planejamento Acadêmico.................................................................................. 24
1.1 Planos de Cursos ................................................................................................. 25
1.2 Planos de Disciplinas ........................................................................................... 26
1.3 Planos de Unidades/de Aulas .............................................................................. 27
2 Organização Didática da Aula .......................................................................... 27
2.1 O que é a Aula? ................................................................................................... 28
2.2 Questionamentos na Aula .................................................................................... 29
2.3 Desafios Pedagógicos da Sala de Aula .............................................................. 29
3 Instrumentos Didáticos e de Avaliação ........................................................... 30
3.1 Materiais Didáticos ............................................................................................... 30
3.2 O Papel do Seminário .......................................................................................... 31
3.3 Procedimentos de Avaliação ................................................................................ 32
ATIVIDADES............................................................................................................. 36
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 38

UNIDADE III – METODOLOGIAS DE ENSINO ........................................................ 39


1 Método e Metodologia ......................................................................................... 39
1.1 O que é Método ................................................................................................ 39
1.2 O que é Metodologia de Ensino ........................................................................ 40
1.3 Intervenções Pedagógicas ................................................................................ 41
2 Estratégias de Ensino...................................................................................... 41
2.1 Aula Expositiva .................................................................................................. 42
2.2 Estudo do Texto ................................................................................................. 42
2.3 Ensino com Pesquisa ......................................................................................... 44
3 Tecnologias de Informação e Comunicação – TICs ....................................... 45
3.1 Uso de Recusos Tecnológicos ............................................................................ 46
3.2 Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) ........................................................... 46
3.3 Tecnologias Digitais e Pesquisa .......................................................................... 47
ATIVIDADES ............................................................................................................ 50
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 51
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APRESENTAÇÃO

Caro acadêmico, este curso será oferecido na modalidade de educação a


distância, considerando que o uso da internet, bem como das mais diferentes redes
sociais, faz parte do cotidiano da sociedade atual.
Desse modo, pretende-se oferecer a você uma alternativa para o estudo em
qualquer local que esteja com acesso ao computador/à internet, flexibilizando seu
tempo para os estudos.
A disciplina Metodologia do Ensino Superior trata da práxis docente no
contexto universitário, buscando uma reflexão crítica sobre a ação educativa, tendo
em vista uma prática pedagógica emancipatória e humanizadora.
Desse modo, é importante que você atinja os seguintes objetivos ao completar
esta disciplina: construir entendimento do trabalho pedagógico e da importância do
planejamento de ensino; verificar implicações teóricas e práticas no processo de
ensino-aprendizagem; fornecer estratégias para a construção de uma ação docente
de qualidade; compreender diferentes estratégias de ensino e de avaliação.
Para que você consiga tais objetivos, a disciplina apresentará os seguintes
conteúdos: na Unidade I – A Didática no Ensino Superior –, será discutido sobre a
prática docente, o papel social do professor e a práxis docente; na Unidade II – A Sala
de Aula no Ensino Superior –, o assunto será o planejamento acadêmico, a
organização didática da aula e os instrumentos didáticos e de avaliação; na Unidade
III – Metodologias de Ensino – abordaremos o Método e a Metodologia, as Estratégias
de Ensino e as Tecnologias de Informação e Comunicação – TICs.
Para uma boa realização desta disciplina, preparei com dedicação as aulas que
serão utilizadas por você a partir deste momento. Conto com sua leitura atenta e
pormenorizada.
Muito sucesso.
Bom trabalho! Bom semestre.

Um abraço,
A autora.

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UNIDADE I – A DIDÁTICA NO ENSINO SUPERIOR

Para iniciarmos nossa conversa nesta disciplina, é preciso considerar que a


docência é uma tarefa que deve ser executada por profissionais competentes e
dedicados. Não é possível mais aceitar que ela é apenas um ‘dom’, que não exige
formação específica, nem apenas é uma complementação de salário para
profissionais do mercado.
Conscientes disso, poderemos começar nossos conteúdos! Nesta Unidade,
serão discutidos alguns aspectos didáticos para ser um professor no ensino superior.

Fonte: https://images.google.com

1 Prática Docente

As constantes transformações sociais exigem a formação de um professor


reflexivo a respeito de suas práticas pedagógicas, que busque uma atuação
consciente de seu papel social e consciente de sua prática docente.

1.1 Formas de conhecimento

O conhecimento científico adquirido pelo professor em sua formação inicial


deve proporcionar a ele o domínio necessário para seu desempenho em sala de aula.

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Para isso, ele deve conhecer profundamente sua área de atuação, saber o objeto
específico de estudo de sua disciplina, adotar uma linguagem precisa.

Sendo o conhecimento construção do objeto que se conhece, a


atividade de pesquisa torna-se elemento fundamental e imprescindível
no processo de ensino/aprendizagem. O professor precisa de prática
da pesquisa para ensinar eficazmente; o aluno precisa dele para
aprender eficaz e significativamente; a comunidade precisa da
pesquisa para poder dispor de produtos do conhecimento; e a
Universidade precisa da pesquisa para ser mediadora da educação
(SEVERINO, 2012, p. 25-6).

A prática da pesquisa pelo professor possibilita lidar com o rigor científico, a


formulação de problemas e hipóteses, os métodos e as técnicas de pesquisa, de modo
que sua formação profissional docente conduza a uma leitura crítica e analítica dos
fatos sociais.

problema
hipóteses

métodos

pesquisa científica

1.2 Formas de informação

Muitos são os desafios que o docente da educação superior pode se deparar


em seu caminho, entre eles encontrar as fontes adequadas para a busca de
informação, uma vez que aulas tradicionais de séculos passados que cobravam dos
alunos notas minúsculas citadas em rodapés de volumosos compêndios não atraem
mais a atenção.
8
De acordo com Masetto (2003),

[...] no âmbito do conhecimento, o ensino superior percebe a


necessidade de se abrir para o diálogo com outras fontes de produção
de conhecimento e de pesquisa, e os professores já se reconhecem
como não mais os únicos detentores do saber a ser transmitido, mas
como um dos parceiros a quem compete compartilhar seus
conhecimentos com outros e mesmo aprender com outros, inclusive
com seus próprios alunos. É um novo mundo, uma nova atitude, uma
nova perspectiva na relação entre o professor e o aluno do ensino
superior (MASETTO, 2003, p. 14).

Desse modo, é importante para o debate em sala de aula o que é divulgado


nas diversas mídias impressas e digitais, os meios eletrônicos de comunicação
possibilitam ao professor criar um acervo digital, para que os alunos tenham à sua
disposição fontes seguras para a busca de conhecimento científico.

Fonte: https://images.google.com

1.3 Fontes de pesquisas bibliográficas

Para um eficiente trabalho na docência no ensino superior, o professor


necessita utilizar diversificadas fontes para disponibilizar um material didático
significativo para seus alunos. Além das indicações de leitura de livros teóricos, é
importante apontar a pesquisa em dicionários técnicos, monografias, artigos
científicos, resumos de Anais de eventos científicos.
Para isso, pode-se utilizar a biblioteca de sua própria instituição, bibliotecas
públicas, bem como acervos em bibliotecas virtuais.

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Fonte: https://www.uc.pt/bguc/SalaSaoPedro

Com o avanço tecnológico, a internet é uma importante fonte de pesquisa.


De acordo com Severino (2012),

A Internet, rede mundial de computadores, tornou-se uma


indispensável fonte de pesquisa para os diversos campos de
conhecimento. Isso porque representa hoje um extraordinário acervo
de dados que está colocado à disposição de todos os interessados, e
que pode ser acessado com extrema facilidade por todos eles, graças
à sofisticação dos atuais recursos informacionais e comunicacionais
acessíveis no mundo inteiro (SEVERINO, 2012, p. 136).

Em razão dessa facilidade de acesso de dados na internet, também é papel do


professor indicar aos alunos fontes confiáveis de busca de informações, entre elas
podemos destacar: os principais periódicos nacionais qualificados pela Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)
(https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQua
lis/listaConsultaGeralPeriodicos.jsf); acessar o próprio portal da Capes
(http://www.periodicos.capes.gov.br/); a busca de dissertações e teses no Domínio
Público, que é uma biblioteca digital, lançada em 2004 pelo Ministério da Educação
(http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa); o banco de teses e dissertações da
Capes (http://bancodeteses.capes.gov.br); além dos periódicos publicados no portal
Scielo Brasil (http://www.scielo.br), que é uma biblioteca eletrônica que abrange uma
coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros.
Assim, de posse dessas possibilidades de acesso às fontes especializadas,
tanto docente quanto discente poderão ampliar suas leituras em autores que já se
debruçaram sobre os temas abordados em determinada área do conhecimento.
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2 O Papel Social do Professor

Para o professor Dr. Miguel Jafelicci Júnior, da Universidade Estadual Paulista,


os docentes têm um papel social. Em entrevista dada ao Informativo da Pró-Reitoria
de Extensão Universitária, ele afirma que

[…] o professor universitário é o ator principal nas ações de ensino,


pesquisa e extensão que dinamizam a universidade como o cérebro
pensante dos problemas sociais que dissemina as soluções através
da extensão universitária a todos os órgãos públicos e privados,
mantendo convênios com empresas e instituições ligadas à políticas
públicas (JAFELICCI JR., 2002).

Sendo assim, além de dedicar-se ao ensino de sua disciplina e à pesquisa, o


professor, também, é uma agente de transformação social, pois desperta o senso
crítico de seus alunos, de modo de que eles se apropriem dos conhecimentos e
possam fazer diferença na sociedade.

Assim, o professor universitário tem no seu papel social a necessidade


de reunir pesquisa e ensino de maneira sistematizada para devolver
os benefícios à sociedade. Algumas civilizações tiveram o professor, o
cientista, como o consultor dos governantes para ações políticas,
ações ligadas a estratégias (sobretudo de defesa do reino), assim
como ações para melhorar a produtividade de alimentos para a
sociedade (JAFELICCI JR., 2002).

Desse modo, o professor atua não apenas na formação técnica de seus alunos,
mas também na subjetividade, incentivando a ampliação do universo cultural, da
responsabilidade social.

Fonte: http://terceiro-setor.info/responsabilidade-social.html

11
2.1 Ação Docente

Para uma efetiva ação docente, alguns saberes essenciais são necessários,
entre eles podem ser destacados aqueles mencionados por Maurice Tardiff, em sua
obra Saberes docentes e formação profissional (2002): saberes pessoais; saberes
provenientes da formação escolar anterior; saberes provenientes da formação
profissional para o magistério; saberes provenientes dos programas e livros didáticos
usados no trabalho; saberes provenientes de sua própria experiência na profissão, na
sala de aula e na escola.
Desse modo, o domínio de diversos saberes do professor irá contribuir para
que ele atue de modo a proporcionar a seus alunos uma aprendizagem significativa,
que leve à ação-reflexão-ação.
Sua ação deverá ser marcada pelo domínio de conhecimentos teóricos da sua
área de atuação; da experiência profissional; da atualização constante com a
participação em minicursos, congressos, oficinas, seminários; além da pesquisa, com
a produção científica de artigos, livros, materiais didáticos etc.
Ademais, é necessário planejar detalhadamente as atividades de ensino, de
modo que saiba os objetivos que pretende alcançar naquela disciplina, quais
estratégias irá utilizar para isso e como avaliará seus alunos.
Segundo José Carlos Libâneo, em sua célebre obra Didática, o trabalho
docente exige alguns objetivos:

 assegurar aos alunos o domínio mais seguro e duradouro


possível dos conhecimentos científicos;
 criar as condições e os meios para que os alunos desenvolvam
capacidades e habilidades intelectuais de modo que dominem
métodos de estudo e de trabalho intelectual visando a sua autonomia
no processo de aprendizagem e independência de aprendizagem;
 orientar as tarefas de ensino para objetivos educativos de
formação da personalidade, isto é, ajudar os alunos a escolherem um
caminho na vida, a terem atitudes e convicções que norteiem suas
opções diante dos problemas e situações da vida real (LIBÂNEO,
2011, p. 71).

Assim, o seu fazer docente deve levar em consideração que não é a reprodução
do saber que constrói a transformação de seus aprendizes, mas a habilidade em
propor a investigação, tendo uma ação pedagógica comprometida com seus alunos,
coerente com a realidade, na busca de uma saber fazer inovador.

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Fonte: https://images.google.com

2.2 Prática Social

A atividade do docente no ensino superior deve preparar os novos profissionais


para que eles possam utilizar os conhecimentos teóricos adquiridos de modo que
contribuam para melhorar as condições de vida da sociedade, seja na atuação na área
da saúde, da educação, na atuação ética no mundo dos negócios etc.

[...] as relações entre Ciência, pesquisa e extensão universitária


dependem diretamente de dois aspectos importantes do trabalho
científico: a gênese desse trabalho e a destinação de seus resultados.
O ponto de partida do processo de conhecer (a gênese dos problemas
ou perguntas que desencadeiam esse processo) e o acesso que a
sociedade tem aos resultados desse tipo de trabalho podem
determinar em maior ou menor grau as relações entre Ciência e
sociedade e, na medida em que a Universidade é a principal instituição
responsável pela produção do conhecimento científico, podem
também determinar as relações desta com a comunidade onde está
localizada (BOTOMÉ, 1996, p. 107).

Sendo assim, o professor pode despertar nos discentes a curiosidade, a busca


por novas pesquisas, a inovação tecnológica, o saber fazer voltado para o bem
comum. Isso tudo para que, ao concluírem a educação superior, se tornem
profissionais que tenham uma prática de responsabilidade social, na construção de
uma sociedade mais justa e igualitária.

Fonte: https://images.google.com
13
Por isso a necessidade de atividades não apenas burocrático-acadêmicas,
como aulas expositivas e testes nos finais dos semestres. As visitas técnicas
proporcionam o contato com a realidade vivenciada por aqueles que já estão atuando
no mercado, bem como a participação em projetos sociais, para uma formação cidadã
e solidária.

2.3 Ensinar para a Autonomia

Nem sempre o que se busca durante o processo formativo é uma verdadeira


educação, muitas vezes, espera-se apenas o domínio de saberes específicos para a
futura atuação profissional, uma certificação para o ingresso no mercado de trabalho,
sem a preocupação com uma formação integral.

Assim, pode-se dizer que vivemos numa sociedade do espetáculo,


espetáculo porque o que se apresenta não é a formação para a
autonomia, busca-se criar caminhos fáceis para se chegar às
informações e não para se compreender os fenômenos, encontrar-se
o rápido, o efêmero, o fugaz. Faz-se uma representação do real, e
para tal, criam-se as máscaras, para que cada um desempenhe um
papel: alunos que recebem informações; professores que disseminam
seus conhecimentos. [...]
Em relação ao nível superior, opta-se por uma formação que atenda
apenas às necessidades do mercado, busca-se o que é ‘útil’
(NICOLODI, 2014, p. 85).

No entanto, a formação na educação superior deve desenvolver no aluno a


autonomia intelectual, suscitando o desejo pelo conhecer, pelo aprender. De modo
que o aluno construa seus próprios conceitos, que se interesse pelo fazer científico
sabendo problematizar a respeito dos temas ensinados e buscando a solução desses
problemas.
O aluno universitário não pode ser um executor de tarefas, um mero reprodutor
de frases-feitas pelo professor na busca de alcançar boas notas nos exames, “os
alunos necessitam de formular suas hipóteses, suas próprias ideias, que eles possam
por eles mesmos sentir o gosto pela curiosidade, pela descoberta, que possam
experimentar novas sensações e só então poder julgar” (NICOLODI, 2014, p. 90).
Sendo assim, a educação superior deve ser um locus no qual sejam
estimuladas as capacidades intelectuais do indivíduo, para que ele possa continuar
aprendendo mesmo quando não estiver mais na presença do professor.

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Fonte: https://images.google.com

3 Práxis Docente

Para iniciarmos nossa conversa neste tópico, é importante conceituar o que é


práxis. Na visão do doutor em Filosofia Leandro Konder (1992, p. 115),

A práxis é a atividade concreta pela qual os sujeitos humanos se


afirmam no mundo, modificando a realidade objetiva e, para poderem
alterá-la, transformando-se a si mesmos. É a ação que, para se
aprofundar de maneira mais conseqüente, precisa da reflexão, do
autoquestionamento da teoria; e é a teoria que remete à ação, que
enfrenta o desafio de verificar seus acertos e desacertos, cotejando-
os com a prática.

Desse modo, em sua práxis, o professor precisa dominar conhecimentos


teóricos para o fazer pedagógico das práticas cotidianas em sala de aula. Nessa
integração entre teoria e prática, deve acontecer o ato de ensinar.

3.1 O que é Ensinar

No Dicionário Breve de Pedagogia (MARQUES, 2000),

Ensino - Processo pelo qual o professor transmite ao aluno o legado


cultural em qualquer ramo do saber. O ensino anda associado à
transmissão do saber já constituído. As pedagogias construtivistas
consideram que o acto de ensinar deve subordinar-se à aprendizagem
e esta ao desenvolvimento. O professor passa a desempenhar novos
papéis: facilitador da aprendizagem, dinamizador de situações
problemáticas e orientador de projectos (MARQUES, 2000, p. 42).

Se o professor é o facilitar da aprendizagem, ele precisa ensinar de modo que


seus alunos aproveitem ao máximo o conhecimento científico (do latim cognoscere,
"ato de conhecer") que está sendo apresentado.

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Ensinar exige do professor, então, domínio deste conhecimento, de modo que
ele precisa ter uma base conceitual adquirida na formação inicial, bem como estar
sempre em processo de capacitação contínua, em cursos de aperfeiçoamento e no
aprofundamento de seus estudos.
Dessa forma, ensinar é uma tarefa que exige dedicação do profissional, para
que ele saiba lidar com conhecimentos específicos da sua área de atuação, não
apenas procedendo à transmissão de conteúdos, mas também ensinando ao discente
o modo de agir socialmente, sobretudo em sua profissão.
Sendo assim, o docente tem um papel também social com este acadêmico,
pois o que se faz é um trabalho educativo, que pretende, intencionalmente,
transformar os sujeitos que aprendem.
Segundo Paulo Freire (2002), em sua obra Pedagogia da autonomia, ele afirma
que ensinar exige rigorosidade metódica; pesquisa; respeito aos saberes dos
educandos; criticidade; risco, aceitação do novo e rejeição à discriminação; reflexão
crítica sobre a prática.
Ainda para Freire (2002),

[…] Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus


sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à
condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e
quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina ensina alguma coisa
a alguém. Por isso é que, do ponto de vista gramatical, o verbo ensinar
é um verbo transitivo-relativo. Verbo que pede um objeto direto -
alguma coisa - e um objeto indireto - a alguém. Do ponto de vista
democrático em que me situo, mas também do ponto de vista da
radicalidade metafísica em que me coloco e de que decorre minha
compreensão do homem e da mulher como seres históricos e
inacabados e sobre que se funda a minha inteligência do processo de
conhecer, ensinar é algo mais que um verbo transitivo-relativo. Ensinar
inexiste sem aprender e vice-versa e foi aprendendo socialmente que,
historicamente, mulheres e homens descobriram que era possível
ensinar (FREIRE, 2002, p. 12).

De modo simples, Paulo Freire deixa claro que há um ensinar quando houver
um aprender, pensando assim é que deve acontecer o trabalho pedagógico do
professor.

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Fonte: https://images.google.com

3.2 Como Ensinar

Para ensinar, é importante conhecer os métodos de ensino-aprendizagem,


utilizando o rigor científico, de modo que o professor possa, ainda, pensar a sua
prática considerando as necessidades da sociedade do conhecimento e da
informação.
Assim, ensinar exige conhecer os métodos de ensinar, conforme Libâneo
(2011), o método de exposição pelo professor (exposição verbal); o método de
trabalho independente (estudo dirigido); o método de elaboração conjunta
(perguntas); o método de trabalho em grupo, incluindo, também, as atividades
práticas.

exposição
verbal

estudo
dirigido ensinar perguntas

atividades
práticas

Ao ensinar, o professor precisa conhecer as principais correntes da educação


brasileira, que serão, resumidamente, apresentadas no Quadro 1 a seguir.
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Quadro 1 – Tendências Pedagógicas no Brasil e a Didática
Pedagogia Tradicional Atividade de ensinar centrada no professor; o principal
meio é a exposição oral.
Escola Nova Considera o aluno como sujeito da aprendizagem; utiliza
como estratégia a pesquisa e a investigação.
Escola Tecnicista O professor é um administrador e executor do
planejamento, usa manuais didáticos de caráter
meramente instrumental
Teorias Críticas da Educação Pedagogia Libertadora Pedagogica Crítico-
Social dos Conteúdos
O professor é o Mediação de objetivos-
organizador ou animador conteúdos-métodos e as
das atividades, centradas experiências socioculturais
na discussão de temas
Fonte: Adaptado de Libâneo (2011, p. 64-70).

3.3 Competências para Ensinar

O ato de ensinar exige do professor o domínio de uma série de competências.


Na Pedagogia, o conceito de competência passou a ser, fortemente, discutido na
década de 1990, um dos nomes internacionais mais importantes que tratam desse
assunto é Philippe Perrenoud, um suíço que leciona na Universidade de Genebra.
Uma obra em destaque do autor (PERRENOUD, 2000) é: Dez novas
competências para ensinar, na qual ele apresenta as competências profissionais do
professor, dividindo-as em 10 grandes famílias de competências: organizar e dirigir
situações de aprendizagem; administrar a progressão da aprendizagem; conceber e
fazer evoluir os dispositivos de diferenciação; envolver os alunos em suas
aprendizagens e em seu trabalho; trabalhar em equipe; participar da administração da
escola; informar e envolver os pais; utilizar novas tecnologias; enfrentar os deveres e
os dilemas éticos da profissão; administrar sua própria formação continuada.

organizar

administrar

trabalhar em equipe

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Entre essas competências, algumas têm relação mais próxima com a educação
básica, quanto ao ensino superior, poderíamos destacar duas delas. Em relação a
organizar e dirigir situações de aprendizagem, Perrenoud (2000) afirma que essa
competência mobiliza outras cinco competências específicas:

 Conhecer, para determinada disciplina, os conteúdos a serem


ensinados e sua tradução em objetivos de aprendizagem.
 Trabalhar a partir das representações dos alunos.
 Trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem.
 Construir e planejar dispositivos e sequências didáticas.
 Envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de
conhecimento (PERRENOUD, 2000, p. 26).

É importantíssimo o professor envolver os alunos em atividades de pesquisa,


com a busca individual pelo conhecimento, com o contato mais próximo de
bibliografias, com a investigação científica. Desse modo, o professor estará
proporcionando ao aluno uma formação mais autônoma.
Quanto à competência envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu
trabalho, Perrenoud (2000) apresenta-nos outras competências mais específicas,
como: “suscitar o desejo de aprender, explicitar a relação com o saber […]. Oferecer
atividades de formação, à la carte. Favorecer a definição de um projeto pessoal do
aluno” (PERRENOUD, 2000, p. 69).
Sendo assim, o aluno não pode apenas esperar pelo ensino do professor, mas
precisa pensar a sua aprendizagem de modo mais eficaz, fazendo desse processo
um projeto pessoal, com disciplina e rigor.

FINALIZANDO…
Nesta Unidade I, você aprendeu sobre a prática docente e a importância de
diversificar as fontes de informação. O professor tem um papel social, em
sua prática, precisa ter competências para ensinar e ensinar para a
autonomia.

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ESQUEMA DA UNIDADE I

LEMBRE SEMPRE!

CONHECIMENTO CIENTÍFICO
objeto de estudo da disciplina linguagem precisa

ACERVO DIGITAL - FONTES CONFIÁVEIS


bibliotecas digitais meios eletrônicos de comunicação

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
autonomia intelectual novas pesquisas

SABER FAZER VOLTADO PARA O BEM COMUM/PRÁTICA DE


RESPONSABILIDADE SOCIAL/AGIR SOCIALMENTE

• organizar e dirigir situações de


aprendizagem;
competências profissionais • envolver os alunos em suas aprendizagens
e em seu trabalho e trabalhar em equipe

• o método de exposição pelo professor


(exposição verbal); método de trabalho
independente (estudo dirigido); método
métodos de ensinar de elaboração conjunta (perguntas);
método de trabalho em grupo

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Ensinar é uma tarefa que exige dedicação do profissional, não apenas
procedendo à transmissão de conteúdos, mas também ensinando ao discente o modo
de agir socialmente.

INDICAÇÃO DE LEITURA

LEIA MAIS!

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 4. ed. Rio de


Janeiro: Vozes, 2002.

ATIVIDADES

FÓRUM 1 – Discuta com seus colegas no Fórum quais são as fontes dos
conhecimentos dos professores.

ATIVIDADE 1

1. As afirmações a seguir têm como base o artigo de Antônio Joaquim Severino –


Formação docente: conhecimento científico e saberes dos professores (disponível no
seguinte endereço eletrônico:
http://www.ch.ufcg.edu.br/arius/01_revistas/v13n2/01_arius_13_2_formacao_docent
e.pdf).

I. No cotidiano do fazer pedagógico, os profissionais que atuam na formação


dos sujeitos/educandos só farão eficaz sua ação, se desenvolverem um trabalho
colegiado e integrado.

II. Os conhecimentos científicos de cada uma das áreas de formação dos


docentes devem ser rigorosa e competentemente dominados pelos futuros
educadores.

21
III. A preparação adequada de profissionais para as tarefas formativas
delineadas exige informação precisa, aprendizagem rigorosa e fundamentação
teórica, consequentemente, envolvimento com os processos adequados para
construção do conhecimento.

Marque a alternativa correta:


a) Apenas o item I é verdadeiro.
b) Apenas o item II é verdadeiro.
c) Apenas o item III é verdadeiro.
d) Todos os itens são verdadeiros.

2. Segundo Severino (2012, p. 125), em relação à formação de profissionias da


educação “[…] está em jogo, com igual força de exigência, o domínio de habilidades
didáticas, que constituem a esfera dos instrumentos técnicos e metodológicos de sua
profissão. Não se pode conceber o exercício da complexa tarefa educativa sobre
bases espontaneístas ou amadorísticas”.
Elabore um parágrafo discursivo-argumentativo de 8 a 12 linhas sobre o fato de o
professor não poder agir em sua prática pedagógica de modo espontaneísta e
amadorístico.

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REFERÊNCIAS

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extensão universitária. Petrópolis (RJ): Vozes; São Carlos (SP): EDUFSCar; Caxias
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