83 mulheres morreram por aborto em hospitais públicos brasileiros.
Gênero e Número analisou mais de 1,7 milhão de internações registradas no Sistema de Informações Hospitalares (SIH-SUS) com gestações que terminaram em aborto espontâneo. Esta reportagem faz parte da série Aborto é Cuidado em colaboração com a Revista AzMina e o Portal Catarinas.
A pesquisa analisou abortos espontâneos, abortos
medicamentosos e legais, outros tipos de abortos, abortos incertos, outras gestações anormais, tentativas fracassadas de aborto, abortos e hospitalizações devido a complicações de gravidez
Mais da metade das hospitalizações foram registradas como abortos
espontâneos. Porém, proporcionalmente, o maior número de mortes ocorre em casos de “tentativas de aborto fracassadas”. São casos de abortos incompletos que necessitam de internação para conclusão do procedimento. Nestes casos, um paciente morre a cada 28 internações, e o risco de morte é 140 vezes maior do que em todas as outras categorias juntas.Segundo o ginecologista e obstetra Cristião Fernando Rosas, coordenador da Rede de Saúde para Tomada de Decisões, se o aborto fosse realizado em condições seguras e legais, a maioria das mortes poderia ser evitada. “O aborto é o evento reprodutivo mais seguro”, disse ele. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera procedimentos realizados por pessoas sem as habilidades necessárias ou em ambientes sem padrões ou condições médicas como abortos inseguros. A OMS também recomenda a legalização do aborto e a formação de profissionais de saúde para prestar cuidados seguros