You are on page 1of 19
Acumulagao capitalista, fundo publico ¢ politica social Elaine Rossetti Behrings Apresentacdo O presente texto propde uma reflexao acerca da condicao da politi. ca social na dinamica do capitalismo contemporaneo, destacando 0 lugar do fundo piblico e do financiamento da politica social nesse contexto, a partir dos aportes da critica marxista da economia politica. Tal reflexio parte dos resultados parciais da pesquisa que vimos desenvolvendo acer- ca do financiamento da seguridade social brasileira, a qual revela a légi- ca perversa da alocacao do fundo publico no pais, do ponto de vista das demandas dos trabalhadores e das necessidades sociais reais. O texto é, ao mesmo tempo, subsidio para a reflexao coletiva em curso acerca da politica social no Brasil e América Latina, no Ambito do Procad/CAPES, posto que esta é uma dinamica nitidamente internacional. Tempos dificeis.., Vivemos num periodo de barbarie no contexto do capitalismo com femporaneo, com violentas expressées de banalizagéo da vida: dos ho *Do ae : a Pepin Social (UER}) e Professora Adjunta do Departamento de Politica sos ico Social da UERJ, Pesquisadora do CNPq e Coordenadora do Grup? Estudos e Pesquisas do nN Octavio lal P55 ene Piiblico e da Seguridade Social, ligado ao Centro de Est viyttanzauy Guilt Variouainer OLIICA SOCIAL NO CAPTALISMO 45 mens-bomba e invasées de pa‘ ' ado Gaal © paises e de escolas cheias de criancas, a guer- ra sem fim do trafico nas favelas d Ri : : ace a 10 Rio de Janeiro, do crime organizado nas prisdes e ruas de Sao Paulo, da od ite e A criminali: a b , da ode as tropas de elite e criminaliza- cao dos pobres, e dos assassinatos 7 a i is no campo do Brasil e na América Latina. Esse perfodo regressivo, conti eran : Hierear einer , contra-revolucionério e contra-reformista, re ietari zi a ee Projetos societarios e confusao dos espiritos exige ray ionali hee ied a € racionalidade. Ele remete a uma analogia itolégica: le i 8 “ : ledusa e Perseu. Medusa era um monstro com los erpe cee pentes venenosas, que transformava em pedra aqueles que a fitavam. Ela representa na mitologia a necessidade estagnada de crescer e evoluir: nao olha, nao acaricia ou orienta. Ela paralisa e faz perder a vitalidade. Perseu aceitou a tragica missao de destruir Medusa para salvar sua mae, para o que utilizou a estratégia de refletir sua ima- gem num espelho (um escudo cedido por Palas Athena, deusa da sabe- doria), para conseguir cortar sua cabeca sem olhar para ela. Perseu cor- tou a cabeca e recolheu o sangue do monstro que trazia paradoxalmente tanto o veneno da morte, quanto o remédio da vida. Este é, sem diivida, um mito atualfssimo: 0 nosso monstro é a barbarie, e que nos cobra a persisténcia e a coragem de Perseu para cortar a cabeca da Medusa e socializar para todos o “remédio da vida” que essa sociedade guarda potencialmente em si mesma. Como nos dizia 0 artista, revolucionario e humanista Goya: “A fan- tasia desligada da razao produz monstros impossiveis; unida com ela, é mie das artes e origem de suas maravilhas”. O capitalismo contempora- neo, marcado pela mundializagao, a reestruturagao produtiva e o neoli- beralismo, é mais um momento de “sono da razao” na histéria da hu- manidade, agora em nome da fantasia do consumo, como se 0 mercado estivesse acessivel para todos e fosse a tinica possibilidade de plena rea- lizacao da felicidade. A condicao das pol! cial, seu niicleo central, {ticas sociais e especialmente da seguridade so- sobretudo no cendrio periférico e semi-indus- trializado brasileiro, deve ser problematizada a luz dessa légica mais geral, que atinge todos 0s cantos do planeta e é mediada pela particula- ridade histérica de cada formagao nacional. Cabe recordar que, subja- VIYILaliZauy LUVIN Udalllovudill icf ING « Say 46 osteve a tentativa social. ade social, esteve tibil Tal-de cry conte a ideia d te situada — de compabibilizar acumul, ta copia aklade de classes, como expres, io jada ¢ Me 1949. Se & Politica Social foi Um gy° "ty ss-guerra, orientada pelo ii, fe fe segurid jiticame” historica e ge aqitidade, cid cidade cidade classico de T stica do pO snaecononisepoltica SOF indodocan : importante 4 eneralizando-se Pe © capital (poy esiano, gener ae ; cionismo keynesiano, B ti, 2006), sua condicaéo nao é a mesma nq ing | » ¢ Boschet : qu hears que se abre a partir dos anos 1970, quando fr oa esa, em busca da retomada de taxas de 7 irae camo a flexibilizagio das relagdes de trabalho e dos direitg, cia periodo anterior. Dentro disso, a politica Teal Gag, ciais conquistados no ater 50, redirecionar (e atengao, nao diminuir!) 0 fundo publico como um posto geral das condigdes de produgao e reprodugao do capital, a rnuindo sua alocagao e impacto junto As demandas do trabalho, ainda isso implique em desprotegao e barbarizacao da vida social, consideran, que este é um mundo onde nao ha emprego para todos, donde decorre perversa associagdo entre pas de direitos e criminalizacéio da pobreza, ds dni ce cue do taba, tao arte ne ae i ; 10, tendo em vista assegurar altos niveis de extragao da mais-valia. Este processo envolve e se combina a nina miner exemplo da deslocalizacao, in- manipulacao de patentes, me eee mee : eae fe Produtividade do trabalho, além da re aaa ao erencial de industria de reserva ou super aa SOmPosicdo intensiva do exército Goes de pauperinacso hide Populacao relativa, mantida em cond: | ambi enfe de inseguranea 7 ou absoluta, tendo em vista causar um san uigéo de seus a ee os trabalhadores e forgar a ‘ med (Mande, 1982; 1909, ase dentre intimeros outros expe- fe = a do trabalho aes Ee 1996), Considerando, assim, @ que oe de sua &xploracio Per nee veley fe puce Pee ou de perda a Walquer tese swe manece visceral ao capital, ome dade, ent © Papel do tral i Suposta sociedade pés-industrial Pecial na sua fase mad m0 elemento fundante da sociabi ‘ura. A busca das melhores condis0e 1098; Bel longa de esta, parte da reagdo burgtt lucto, ini VIYIlLaliZauy LVITI Vdalllovudil er POLITICA SOCIAL NO CAPITAUSMO a7 de exploragao é um processo econémico, politico e cultural, ja que 4 situacdo defensiva dos trabalhadores no contexto de perda de legitimi- dade do projeto civilizatério alternativo, 0 socialismo, considerando sua experiéncia real e seu desfecho doloroso, altera a correlagao de forgas em favor do capital, principalmente a partir dos acontecimentos entre 1989 e 1991; e sto desencadeados portentosos mecanismos de convenci- mento e legitimagao do mercado como lécus da sociabilidade e da perda de direitos como uma necessidade de governabilidade e governanga, nas contra-reformas do Estado (Behring, 2003). Na reacéo burguesa de- sencadeada a partir dos anos 1980 e 1990, impés-se de forma avassala- dora, portanto, a lei do valor “como relagao social organizadora do mundo da generalizagao universal das mercadorias” (Behring, 1998; 2003), na perspectiva de retomar um ambiente para o capital 4 sua imagem e se- melhanga e sair da situagao de excegao — as concessées e conquistas civilizat6rias do pés-guerra, a exemplo da seguridade social ptiblica. Afinal, para um liberal ortodoxo, o Estado de Bem-Estar — em especial naquilo que se configurou como conquistas da “economia politica do trabalho”, diga-se, os direitos sociais — nunca foi regra. Porém, o desenvolvimento maduro (ou tardio) do capital (Mandel, 1982), com suas contradigoes gritantes, torna este mundo muito insegu- ro: o que fazer com a horda de desempregados e suas familias? O que “imvasores barbaros”? E possivel desenvolver apenas uma 0 campo da politica social e voltar a meritocracia pura manutengao da fazer com os agenda negativa ni e simples? Logo se percebeu o lugar estrutural e até de seguranga ptiblica de politicas sociais no mundo complexo do capital na sua fase madura e destrutiva. Mas trata-se de uma politica social para este mundo: longe do sentido de solidariedade, pacto social e reforma demo- crtica e redistributiva, embutidos na idéia beveridgeana e social-demo- crata de seguridade social. Temos agora a conjugagao de politicas seleti- ” — o que alguns autores tém chamado vas e focalizadas para a “horda’ io das politicas sociais' — combinadas a de processo de assistencializaca tre os assistentes sociais, categoria que tem grande res- 1. Esta caracterizagéo € polémica ent téncia Social (LOAS), pela recente Politica ponsabilidade pela construcio da Lei Organica da Assis VIYILalZauUuy LVITI Udalllovudill ier XN BOSCHETT » BEHRING « 1 7 ad i Ci, «de determinados servico; so em mercadoria de CF pagan, ape : 8, Pela sformagao CF a. o a ate yoltados aos que P dang. , privatizagao, : ftica SO dualizagio da politica s zagio, compre’ s municipalidad ial quas diregoes (Vianna, 1998). Outro eixo 6 a cae my ali. endida em ¢ , repasse de "esPonsabitig é a les, de um Jado. Mas, por outro, uma ana ig ” s oS ‘ i Organizagoes Nao-Governamentais, nao lucrativas, r nas Orga "eno voluntariado, todos situados no ce Pre, sociedade civil, suposto territério o virtude, da eficacia e da soli, dae do num contraponto a0 Estado ineficiente, perdulario e Paternal, le segundo as mais ideolégicas analises que Procuram forjar uma “eyj, crise”, na anguta interpretagao de Mota (1995). Nessa nova Situaggy considerando os impactos sociais do capitalismo contemporaneo ¢ a0, dicao geral da luta de classes, ergue-se, a lado das novas formas de gestéo da questo social pela via da politica social compensatéria a5 nica compativel com a légica do capitalismo contempordneo — ¢ a mobilizagao da sociedade civil, uma espécie de “Estado penal” (Wacquant, 2001). A criminalizagao e o encarceramento da pobreza sio tendéncias em curso, evidentemente mediadas pelas particularidades nacionais, em especial pelo grau de consolidagao econémica, politica e cultural da cidadania e pelos niveis de organizacao e consciéncia politi- ca dos movimentos sociais e dos trabalhadores. para maio sariais “responsaveis a aaa ois “Nasal de Assistnca Soil (PNAS) e pelo Sistema Unico de Assisténcia Socal (SUAS) init Hr oan asiatncia socal como politica de seguridade,conforme a Carta Cos dos dct B48 configurou avangos no sentido de um desenho social-democrata no ca? Tiago reat de nnn Basil Contudo, o ambiente neoliberal criou obstéculos sérios para acon” pela via do fing ant € 2 asssténca social, como bem mostra Boschetti (2008 e 2006 8 Proto e su a nto Sea pel crescimento das expresses da questdo socal € as de uUsoS prices gen emas® efetiva, Por outro lado, insidiosamente vem penetrando os profunds,mplieeae 24078 Por vezes em nome da PNAS/SUAS, espraiados neste “3 téncia ganha paradoxal Perda de consisténcia das politicas de cardter universal, com 04%” assistenciaizagio das poltiens no dimensio que nao tinha antes. A isto se 4 tementeno 12. BAS, em For feo Este € um debate em curso, que se expressou contin " ot z do I ‘ * Carmelita Yazbeck, Beatin Paive en, Ant?) com intervengBes de José Paulo Netto, ee ‘mento é urgente, favi Rodrigues que merecem ser retomadas. Seu ap! viyltanzauy Cuil Valniovanner pouiticA SOCIAL NO CAPITALISMO 49 Tendéncias da alocacao do fundo publico brasileiro As tendéncias da politica social antes delineadas revelam-se de for- ma flagrante na andlise do financiamento da seguridade social brasilei- ra, no direcionamento/alocagio do fundo ptiblico brasileiro. No perio- do entre 1997 e 2004, definimos alguns anos-chave em que analisamos © conjunto do ciclo orcamentario brasileiro no nivel do governo federal eo comportamento do Orcamento da Seguridade Social. Por conjunto do ciclo orgamentario, compreendemos 0 processo que vai desde a defini- cao dos Planos Plurianuais, passando pelas Leis de Diretrizes Orgamen- tarias, Leis Orcamentarias Anuais, elaboracao dos Balancos Gerais da Unido até os Relatérios do Tribunal de Contas da Unido. Esse estudo* mostra a evolugao do orcamento realizado da seguridade nos anos pes quisados eo que estamos caracterizando como estagnacao, corrosao e& auséncia de saltos quantitativos da alocagio de recursos para as politi- cas de seguridade social, mesmo com a mudanca de governo, em 2003. Em valores nao deflacionados, acompanhando a execugdo orgamentaria pelo Balango Geral da Unido (BGU), vé-se uma evolucao crescente dos recursos alocados para a seguridade, em sete anos, de R$ 103 bilhdes para R$ 227,1 bilhdes em. 2004. No entanto, aplicado 0 deflator, eviden- cia-se a queda dos valores, que nao acompanharam © crescimento da carga tributéria brasileira, da populacao e da demanda em tempos de neoliberalismo. A carga tributéria brasileira, conceito que envolve todos os entes federativos, encontra-se hoje em torno de 34% do PIB? enquanto em 1994 representava 29%. Contudo, quando verificamos a dinamica desta carga tributaria, cerca de 68% dela est concentrada na Unido; 28% nos 2, Desenvolvido no fmbito da pesquisa ‘geguridade Social Publica: € possivel? A Contra- Reforma do Estado e 0 (des)financiamento das politicas sociais”, que contou com apoio do CNPq, foi parcialmente conclufdo em 2006 € desdobrou-se na pesquisa “Fundo Puiblico ¢ Seguridade So- cal”, em curso hoje no Grupo de Estudos e Pesquisas do Orgamento Piiblico e da Seguridade Social (GOPSS/UER)). 5 Antes da isdaigh da bate de cflculo do de 37% do PIB. v IY MlalIZaUy CUITI UVAINOUUIINIEI PIB pelo IBGE em 2006, a Carga Tributéria Nacior nal ultrapassava a marca SOOT Nang Nn tados ¢ 4% Nos MUNICIPIOS. Apés as transferéncias CONSti tug; a . dos Pundos de Participagao dos Fstados Munictpigg - da carga tributéria permanece como receita do Governg i, Fes dados mostram que 0s recursos permanecem extremamen centradas no Brasil, apesar das orientagdes constitucionaig M0 9g je um nove federalismo. Ademais, tem-se uma carga tibungr "a, siva, na medtida em que cerca de 72% dos impostos e conte “iy mninam por ineiit sobre os trabathadores (BNDES, 2991), st eja tributagao da renda na fonte, seja quando sao remetidos ao consy 2 62 da carga tributaria brasileira recai sobre 0 consumo, enguane 02 incide sobre a renda e 4% sobre o patriménio, segundo Salvador ( _ de osm que a tributagdo do promove reistribuisio de rendy 2 za, pelo contrario, contribui para sua concentragao, ‘que. Alem de concentrados na Unidio — o ente federativo com a capac de tibutagdoe de financiamento — também hi conan sao na alocagao dos recursos nos servigos da divida publica — jutos encargos e amortizagbes —, rubrica com destinagao sempre muito maiy que todo o recurso da seguridade social, fora seu impacto para as de. mais politicas sociais que sao financiadas pelo orgamento fiscal, as quais nao estao contempladas no conceito constitucional restrito de segurida- de do Brasil. O “peso” do Orgamento da Seguridade no conjunto do OGU diminuiu ao longo dos anos estudados e manteve-se a partir de 1999 praticamente constante, 0 que mostra o des-investimento na area social, apesar dos discursos em contrario. Um dos grandes vilées do Orcamento da Seguridade e das contas publicas em geral, no contexto do duro ajuste fiscal brasileiro, 6 0 meca- nismo do superdvit primario — e nao o gasto previdenciario, tao des- qualificado na midia falada e escrita —, instituido apés 0 acordo como FMI, em 1999. O volume de recursos retidos para a formagao do super vit primério tem sido muito maior que os gastos nas politicas de segut dade social, exceto a previdéncia social. As informagées a seguit 40 “Caderno de Discussio Superdvit Primério”, que o Forum Brasil de Or samento, do qual fazemos parte, langou em agosto de 2004, sinalizam ° VIYILANZaUY LUITI UdAllloU auner POLITICA SOCIAL NO CAPTAISMO. 51 impacto da contengao de recur 80s financeiro internacional da ¢, ree Pate a Oates encod p:, ‘apacidade de ary ter 0 "Risco Brasil” sob contre cidade de pagamento de dividas e man- it de 4,25% do PIB, ‘ontrole. Vejamos: “Com a meta atual de superé vit de 4,25% do equiv, : a meta atual de supera- reais, 6 possivel Sena a aproximadamente R$ 70 bites de 3 : uit 14 mithoes an ade milhdes de familias sem-terra; ou g ie casa populates) Qu eeeeriat < 4; ou gerar cultura. O aumento do superdvi ee el ane ioe cee de 4,25% para 4,5% do PIB para 2004 eae Cathet ® governos federal, estadual e municipal mento feral da efor Agia, Quai cuts inverter 5 ciais deixarao de ser feitos? Quanto mais o Estado Brasileiro apes tar a sua ja imensa divida social? Sempre é bom lembrar que a politica de superavit, adotada desde 1999 por forca das exigéncias do i para reduzir a ieivida’ tems cumprida em percentuais sempre maiores do que os exigidos ea divida publica sé cresceu. Isto porque os juros devi- dos sao muito maiores que os superdvits gerados. De 1995 a 2003, a divida liquida do setor ptiblico (externa + interna) subiu de 29,35% para 58,16% do PIB” (FBO, 2004). O superavit primario é alimentado por um mecanismo criado no ambito do Plano Real e que hoje se chama Desvinculacao de Receitas da Unido — a DRU — que desvincula 20% das receitas de impostos € con- tribuicées sociais. Este mecanismo de manipulacéo orgamentéria foi pror- rogado pela recente “geforma” tributdria até 2007, e em fins de 2007, no contexto da disputa politica em torno da CPME, a DRU mostrou-se ex- tremamente resistente a mudangas, sendo mantida numa rara unanimi- dade entre a “oposicio” e a “situacado” no parlamento brasileiro, 0 que mostra sua importancia para @ politica fiscal brasileira. A incidéncia da DRU nos recursos da seguridade tem sido nefasta, fazendo com que @ mesma transfira recursos crescentes para 0 mercado financeiro, j4 que as fontes da seguridade — as contribuigdes sociais — vém tendo um desempenho crescente em termos de arrecadagao, em especial a COFINS, e esto sendo apropriadas para a formaio do superdvit primério e pa- gamento de servicos da divida publica. ADRU também interfere na pro- dugo contabil do ta difundido déficit da previdéncia, politica social VIYILalZauUuy LVITI Udalllovudill er BOSCHETH + BeHeaG si 52 . ada como a grande vila das contas Pil, erdvit primario do governo federal foi de Rg ie ws ty 6, 42,5 bilhdes foram obtidos por meio do supersvit ey ja, 85% do total (ANFIP, 2005 apud Boschets So 2005), freqiientemente indic 2004, 0 SUP sendo que B ridade Social, ou Se) Sobre o fundo publico no processo de acumulacdo em tempos de financeirizagao Essas tendéncias persistentes permitem caracterizar a existencia gy um proceso crescente de estagnacao & perda de financiamento da Se ridade social brasileira no contexto do ajuste fiscal e constatar que nig houve qualquer mudanga de rota em termos de montante de Tecursos, 4 partir da eleicao de um governo de centro-esquerda, em 2002, apesar. ia mudangas de direcao do gasto ptiblico, a exemplo da unificacao dos Pro. gramas de Transferéncia de Renda no Programa Bolsa Familia, com im. pactos significativos para as populagées em situacao de pobreza absoly. ta. Mas nosso objetivo neste trabalho é provocar e avancar, sobretudo, uma reflexdo acerca do papel do fundo ptblico no capitalismo contem- poraneo, tendo em vista apanharmos determinagGes mais profundas dessa dinamica. Nesse sentido, é obrigatéria uma visita 4 polémica, po- rém instigante, sistematizacao de Francisco de Oliveira (1998). Para ele, 0 fundo piiblico sofre pressdes e funciona como um elemento funda- mental para a reproducao do capital e também para a reprodugao da forca de trabalho, ou seja, existe uma tensio desigual, pela reparticao do financiamento piiblico. Dessa forma, o fundo puiblico reflete as disputas existentes na sociedade de classes, onde a mobilizagao dos trabalhado- Tes busca garantir 0 uso da verba ptiblica para o financiamento de suas ee expressas em politicas puiblicas. Jé o capital, com sua for ee ees assegurar a participacio do Estado a vache ah seh ise le politicas de subsidios econdmicos, de par zi nanceiro, com destaque para a rolagem da div! —_ 4 . Conferécia realzada no Encontro Nacional CFESS/ as 2a v0 ca viyltanzauy Cuil Vaniovaliner gorlica soca NO CATAL 1sMO 53 a, um. elemento central na politica econdémica e de alocagao do siblic: : a rgament© puiblico, como vimos. Para além dessa caracterizag: sobre a centralidade que alismo. Se 0 financi suposto para © capita 0 capitalismo concorrencial, 0 fundo 40 de fundo ptiblico, Oliveira trava uma iscussA0 este possui atualmente para a repro- dugio do capit amento ptiblico sempre foi historica- mente um pre diferenciada. Segundo o autor, nM riblico comparecia como um elemento @ posteriori; j4 no capitalismo contemporaneo vq formagao da taxa de lucro passa pelo fundo publico, o ue o torna um componente estrutural insubstitufvel” (1998, p. 21). Ele jré demonstrar esse novo carter da participacio do fundo ptblico atra- yés de mudangas na reprodugao da forga de trabalho. Houve um cresci- blicos em educacio, satide e programas de mento dos investimentos pul garantia de renda maior que © PIB; ou seja, um incremento do salario indireto pelo Estado, que libera 0 salario direto dos trabalhadores para dinamizar 0 consumo de massas, contribuindo para 0 aumento das ta- xas de lucro, a0 Jado de outros elementos: “o progresso técnico, a orga- nhos de produtividade” nizacao fordista da producao, os enormes gal (1998, p- 23)- Essa atuacao do Estado fez com que o m déficits publicos, configurando uma crise do padrao de financiamento puiblico, que foi associada em geral aos custos com a reproducao do tra- balho, e menos com “a presenga dos fundos ptblicos na estruturacao da reprodugao do capital, revelando um indisfarcdvel acento ideolégico na critica A crise” (1998, p. 24). Assim, no contexto da chamada crise fiscal do Estado, acirra-se a disputa pelo fundo publico, sob acusacées neoli- berais de estatizagfio, de desperdicio e estimulo a dependéncia. Para Oli- veira, hd ainda uma “indisfargavel relagao entre a divida ptiblica dos paises mais importantes, suas posigGes no sistema capitalista e suas di- namicas” (1998, p. 25). Apesar dessa critica, observa-se que tém crescido as receitas da maioria dos Estados Nacionais como percentual do PIB, a exemplo do Brasil, o que corrobora a idéia de que hé um lugar estrutural do fundo piblico no sistema capitalista (cf. Behring ¢ Boschetti, 2006; Navarro, 1998, e Giambiagi e Além, 2000). Dessa forma, 20 contrario do 1, hoje este possui uma natureza esmo contraisse crescentes VIYILalZauy LVITI Udalllovudill er HOSCHET sy / Sig, scorvador e de direita, este volume de Tecy estatizagao, é @) pre "80 Sao q, A iy Privada He l anto Neocor stado, longe rae : sig » socializagao da produgao a “apropriagao tradiga\ “ a (199 ; ultados da produgao soc jal” (1998, p. 26). — a >a idéia de incompatibilidade ey a desenvolve a idéia de I entre o — ico ¢ a internacionalizagao produtiva e financeirg ong, lef. 7 egy a pe com eo ultima rompe cor 0 E 2 I recy public, que antes era utilizado para os investimentos nacionais ‘ 89 ser direcionado a outros pa ises, a0 mesmo tempo em que cada Es . tad, rigaca , lo. Nagao permanece com a obrigagao de assumir os gastos PUiblicog, Teh Nagé Tee. rentes 2 reprodugao da forca de trabalho e do capital no seu territey Ate aqui mantemo-nos em grande acordo com os aportes desse im argume de representar 4 mios do F o entre Oliveirs nanciamento publ " fn 0 ciclo virtuoso do periodo anterior, i6 qu ae impor. tantissimo intelectual brasileiro. Oliveira defende a tese de que 0 esse novo padrao de financiamen. to ptiblico coloca em questao a participagao do fundo puiblico na Produ. cao de valor, no processo de reprodugao do capital. Ele agiria como um antivalor, “antimercadorias sociais, pois sua finalidade nao é a de gerar lucros, nem mediante sua aco da-se a extragdo da mais-valia” (Oliveira, 1998, p. 29). Essa tese é bastante polémica, inclusive em relacao ao prd- prio raciocinio que vinha sendo construido pelo autor. Se seguirmos seu pensamento, segundo o qual o fundo publico é estrutural para geracio de valor e que o capital nao prescinde do mesmo para sua reproducio, Parece contradit6rio nao considerar o fundo ptiblico na reproducao ge tal do capital, através de subsidios, negociaco de titulos ptiblicos, de garantias de condicées, de financiamento, e de reproducéo mesma da forca de trabalho como fonte de criagdo de valor, o que nao é infirmado pela tendéncia contemporanea de expulsao da forga de trabalho pela raed de ‘eenologis poupadoras de mAo-de-obre, considera? ae = es oi oxcrcito industrial de reserva. Dessa forma, oe aor ee nao poderia ser considerado um a indirela do ciclo a / uma vee que © mesmo participa de forma 0 iDlieg cee ne Produsao e reproducdo ampliada do valor. O fur Publico nao gera diretam, pe eon do o Estad° participa dicener ‘ente mais-valia, a nao ser quand lo ae como produtor, apesar dessa situagéo nao $ viyitanzauy Cuil Varniovanner ouinica SOCIAL NO CAPTALISMO 35 mais desejavel para 0 capital, configurando-se como excegao, seta infre-o : fio, em a infra-estrutura produtiva, precos subsidiados d Le : 8 de maté- tendo em V rias-primas e energia, operagdes de salvamento e saneamer presas em situagao de faléncia e concordata, eng iaiieee a junturais. Porém, o fundo ptiblico, tencionado pela peer ae socializagao da producto e apropriagao privada do produto do trabalho realizando uma pungao de parcela da mais-valia socialmen- sustentar, num processo dialético, a reprodugao da do capital, socializando custos da producio e agili- zando os processos de realizagao da mais-valia, base da taxa de lucros. Jalvez aqui tenhamos a necessidade, nao da revisao da lei do valor em Marx, como sugere Oliveira, mas de analisar mais detidamente os me- canismos de transformacdo da mais-valia em saldrios, juros, lucrose renda da terra, e 0 lugar do fundo publico no capitalismo contempordaneo que opera transferéncias de valor, transmutando-as nessas formas e favore- cendo forgas hegeménicas quanto a apropriacao privada da mais-valia socialmente produzida,? ou participando diretamente da reprodugao do capital e do trabalho por meio das mais variadas configuragées da inter- vencio estatal, ainda que em tempos de suposta retomada do liberalismo. ante e sofisticado no raciocinio apresenta- co do fundo publico no traveja- m os limites do social, atua te produzida para forca de trabalho e O que é bastante interes do por Oliveira é a idéia de que “a fun: mento estrutural do sistema tem muito mais a ver CO! capitalismo, como um desdobramento de suas contradigdes internas” (1998, p. 35). Ou seja, a necessidade do crescimento do fundo publico forcas produtivas para garantia do processo de desenvolvimento das evidencia um esgotamento de uma suposta auto-reprodugao autométi- ca do capital, axioma fundamental dos liberais de ontem e monetaristas de hoje, segundo os quais © Estado apenas corrigiria “falhas do merca- do”, de forma mais ou menos contundente, variando conforme a orto- doxia do argumento. Aqui podemos encontrar ‘uma chave heuristica om o apoio do roca! ‘tica para fins de vendo neste momento, © por meio de licensa sabé 5. Esta é a pesquisa que estamos desenvo CAPES, do CNIry e do Prociéncia/UER}, esta tim? pesquisa na UnB, em 2008/1. VIYILalZauUuy LVITI Udalllovudill r POLITICA SOCIAL NO CAPITALISMO . _Temos neste contexto, uma “mirfade de arenas de confronto ¢ ne- gociacao” (1998, p. 43), gerando uma crescente ia relati Estado frente aos interesses privados, Accim a anaes relativa do ‘ados. Assim, a direita neoliberal quer acabar com esas arenas, para criar espaco para um Estado minimo, numa clara tentativa de que o fundo puiblico atue apenas como pressuposto do capital. O objetivo a Teagao da direita ¢ a retomada de um Estado cari- tativo e assistencialista e o “desmantelamento total da fungio do fundo publico como antivalor” (Oliveira, 1998, p. 46), acoplada a destruiglo da regulagao institucional e supressao da alteridade, Assim, as privatiza- ges no campo das demandas do trabalho nao sao equivalentes a des- montagem do suporte do fundo ptblico a acumulacio do capital, j4 que este depende visceralmente do fundo piblico para sua reproducdo am- pliada. Esta voracidade leva este modo de Pproducao ao limite — “o limi- te do capital 6 0 proprio capital” (1998, p. 47) — e deixada ao seu bel- prazer, pode levar a uma “tormenta selvagem”, fazendo sucumbir a democracia e o sentido de igualdade nela inscrito, ainda que nao reali- zado pelo projeto burgués. Portanto, para Oliveira, a ofensiva neoliberal abala os fundamentos da democracia moderna, convertendo o Estado a uma completa subordinacao ao capital, num verdadeiro “banquete dos ricos”, e atualizando mais do que nunca a critica marxiana do Estado. Oliveira acredita que a experiéncia social democrata colocou os valores de cada grupo social dialogando soberanamente, constituindo-se numa espécie de ante-sala do socialismo. Esta estaria sob 0 fogo cruzado da direita, na perspectiva de retomar o fundo ptiblico exclusivamente como fundamento do valor, destituindo-o do papel civilizatério adquirido com a condigao de antivalor, no contexto de uma esfera publica densa em paises de democracia consolidada. Esta é, portanto, em linhas gerais, a concep¢ao de Francisco de Oliveira acerca da relacao entre fundo publi- 0, esfera ptiblica e sujeitos politicos. Os dados da pesquisa realizada, brevemente apresentados no item anterior, mostram a fecundidade do raciocinio de Oliveira para o estudo da alocagao e do lugar estrutural do fundo piiblico, mas que deve ser confrontado com o debate da lei do valor em Marx e na critica marxista da economia politica contempors nea (Mandel, Harvey, Husson, Mészaros Chesnais, € outros). VIYIlLaliZauy LVITI Udalllovudill ref Crescer e nao dividir; um mundo violento Ac consexniancias da combinagio perversa entre 0 recrg, Se 7 ” le falta” ou “escasser” dep ‘cite, : da desigualdade e da pobreza e da de ny cobertura das politicas socials — ¢ vale dizer que as Politicag de Sed dade sio as que Kem © maior aporte de recursos no seu Conjunte et relent eramatias, ale ee embemsticas da alocagio de yo, fung ficient publico que creseeu, Mas nao para a drea social, de forma a demanda. Cabe tirar da sombra desdobramentos sériog © durag, Ten desse processo: o retorno do Estado policial, A inseguranga dh ot cia se impoe a ideia de seguridade social, num ambiente Matcadg momentos de inguictagao publica nas grandes metrépoles, onde 5 9 centra @ pobreza, hoje mais urbana que rural, Essa inguietagéo payin” articula duas lgicas: a insurreigio contra a discriminagio e a injusg social € contra a privagao econdmica e as desigualdades sociais, Tris rebelides sao desencadeadas pela juventude da classe trabalhadora, de forma violenta, em resposta — na maioria das vezes desorganizada—3 violencia que vem de cima e que é estrutural sobre os pobres. Esta Violéncia “de cima” & composta de trés elementos explosivamente combinados: desemprego, 0 exilio em bairros decadentes e a estigmatizacgao na vida cotidiana, em geral associada as dimensdes étnico-raciais e de género, Esse é um ambiente que est nos subtirbios de Paris e Nova Iorque e nas favelas do Rio, Sao Paulo, Recife e outros centros urbanos brasileiros. A convivéncia cotidiana com essa “violéncia que vem de cima" (Wacquant, 2001a, p. 29), tem gerado nas comunidades pobres um amr biente de enfado, desinimo e desespero, que na juventude ressoa como Sensagao de cerco social ¢ raiva, o que se amplia com os apelos mididtices massivos ao consumo como tinica condigio para a dignidade social Essa situacao de verdadeira fissao social tem feito explodir insatist- S0es, protestos e levantes mistos, ou seja, que dao visibilidade social bs deserdados e sio desencadeados por varias combinagées de fatores e reivindicagbes diferenciadas, Wacquant qualifica esses moviment©s e infrapoliticos, jé que passam por fora dos mecanismos tradiciona™ me Participagio e manifestacio politica, tais como os partidos e 0s si" viyitanzauy Cuil Vanrovdnner implicando nim processo de ' Tuptura civil, com recurse direto A for ic, est 6 um ambie nte gen generalizado, m ’ ae que serd mais ou acl calizado a depen dicalizado a depender dos niveis de consolid de consolidagio da cid co da cidadania a env aire oscilado ¢ jo 00) ov da alocayio ds recursos pr miblicos. As respostas institucionals eda antre a criminaliza <6 inalizagao © a repressio até a poli até a izagho “om Jot vo jotiva dos direitos negor direitos, sendo, eu diria, esta ultima alterna a, esta ciltima alternati- ae ‘ez mais remota, Mes 1S pi Ir 3 democriticas o /esMO Nos paises de tradighes democrati emocraticas, ya cad ervar a OPS “ ly € sua relagao com 48 rancesa por Sarko7: Jo com as insur pasta ¢ banllieus reigoes M0" Nos EUA, com parisienses e r © nos movimentos da juventude. “ u Lapaabien ae politica social afastado da solidarie- a,o 8 sto ptiblico com o encarceramento cresce' a partir da “politica estatal de criminalizagio das vonse- séria do Estado” (2001b, p. 27), acompanhando um cres- ai 314% da populagao carceraria — 0 que 5 representou ‘um crescimento de 388% (2001b, p. 29). Par- tra ao tréfico de drogas, que tem te deste aumento diz respeito a gue! significado aca aos vendedores de rua dos guetos. Esta olitica entupiu as celas e “escureceu” seus ocupantes, e abriu espagos a verdadeira industria do encarceramento com as prisées pri- iniciativa que comega a ser vislumbrada no Brasil. Essa res serve a regulagao da miséria, a0 armazenamen- tacao urbana nas gran- ercado para evitar a inquie! cdo de um complexo comercial ara um vadas — estocagem dos pob: to dos refugos do m des metropoles. Tem-se entao a cria‘ tencial. ‘Achave heuristica desse estudo imprescindivel jas contemporaneas da politica so- ja de resisténcia a importante para pensar as cial, apesar de suas jes em termos de agenda essas tendéncias serem num campo nitidament® social-democrata, como |, Mas, vel” mos como esta chave PO temos aqui um process 1998), apesar dos avan¢' complementar que vei e} da politica social (um politica carcerério-assis de Wacquant é muito se apenas esse projeto de ajudar a per m seguida, para os que podem viyitaizauy vuill eaincemine: TT Bag Soy ! ; a y a sociabilidade. S40 conhecig , jod . corrosae & : 1s « miséria do Estado para supe dy, , gar) ¢ » podem pagal woe rae prasileita é i dda inigiiidade social br vo do aust fiscal neoliberal? S3q ery : cna, no context GOT dados sobre enc, "% met do da misérin Toe cdebatiosentte ; i CN carCeF eeu svg ganham as telas das 1 conbecidos Ta as rebelioe® ganham TVs con ms a nao ser quane nos fecundos debates dos encontros hacionais ay : forte impacto, © Me so-juridica promovidos F c sic asta que NO Brasil, em 10 anos, morreram a Pais bem, consta ene nee (com destague para © Rio de Janeiro, onde hg hi dey aseoas (com des r i mil pesse a maioria, jovens com idade entre Be Cir, fe rts), em sul 29 mil a oa io dados sobre 0 encarceramento, Mas sobre ¢ ._*"s dio como forma de dominagio politica — também no Brasil com Nog, mento do combate ao trafico de drogas. Os anos 1990 registram a atgy, cimento de cerca de 300% da populacao carceréria na era Carden sua maioria homens entre 18 e 30 anos, com 1° grau incompleto 80, 42% mestigos e negros, segundo o Censo Penitenciario (TCU 2002 Sendo ta-se ou nao do fortalecimento de um Estado penal em on ). Tra. reforma social-democrata trazida pelo conceito de segurida ce Pensando a partir das tradicGes politicas, econémicas e culturaj SOcialy leiras, este componente de “violéncia de cima” é estrutural na fa ied social brasileira. O que existiria de velho e novo aqui? Se Ormacio mos um Estado penal que nao é a sombra do nen m ciivida te que no Brasil os encarcerados — ao menos a maiori No, considerando ee Prvilégio elitista da Prisdo especial ae deles, que nao tem onganizado — so amontoados em se tal e nao sao chefes do crime igdes sub-humanas e ini cdignas, Aqui aii verno da Reptiblica — oe fs Departamento Pes reine de 2001 (Brasilia, 2002) mostra a execuga Nacional Penitenciério, Fin 20, Nesionl aoe eliza 2 gestio do Fini . » 001, Sastou-s “Stou-se R$ 237,6 milhdes com a cons: dog Prisdes, enquanto a assisténci do, em 1994, au Presos custou Parcos R$ 5 shoo cia e a pro- ma dotacio de RS 24.9 oy 6 milhGes. Este Fun- a * milhdes e,em 2001, ja gastava 7.Uma sinte: 3e de indi adores sociais estéem Behring © Boschetti, 2006, , 2006, p. 184-190. VIYlLaliZauy LVITI Udalllovudill er POLITICA SOCIAL NO CAPITALISMO, 6 R§.258,1 milhdes, num crescimento o i xponencial, O investimer ; tratagao de trabalhadores para F 1. O investimento na con: a ressociali; ¢ 13% do gasto nos varios estados brasile fpsbajen pl ‘tanta Catarina, ri um admiravel investimento de 44.9% doa rec i ae item. Ou seja, a maior parte dos recursos é investida na ian a seguranga. O que se percebe nesses dados é uma tendéncia a or a mento dos gastos com prisGes e policia, ao Passo que 0 gasto ipa sileiro experimenta um crescimento vegetativo e até negativo se utiliza: mos valores constantes, como vimos. Para fechar, abrindo... Este nao é um texto que remete a conclusdes, mas abre pistas de trabalho: o estudo da dindmica da valorizacao e acumulagio no capita- lismo contemporaneo e o papel do fundo publico nesse processo; a and- lise da relacdo entre crise do projeto social-democrata de politica social e o recurso a forca, num pais periférico que nao viveu a social-democra- cia. Pensamos que h4 algumas novidades na politica social da era Lula (0 SUAS, a idade BPC para 65 anos; 0 Programa Bolsa Familia e 0 cadas- tro tinico; 0 enfrentamento das terceirizagées no quadro o funcionalis- mo do Estado brasileiro), mas que nao sio marcadas por um ousado salto de qualidade no campo da protegao social, especialmente se observa- daa alocagio de recursos estagnada e a cobertura insuficiente. “B 0 que seria esse salto de qualidade no campo dos direitos? Que metade per capita fosse critério de acesso a0 BPC; que houvesse amplia- cao da cobertura do Programa Bolsa Familia e que se fizessem maiores investimentos nos servigos e nos planos municipais de assisténcia social e satide; que houvesse aumento significativo do teto da previdéncia publica; que se efetuasse o fim da taxagio dos aposentados, bem como 0 fim do fator previdenciério; que uma cobertura realmente universal do SUS, se fizesse empreender, com maiores investimentos, e alocagdo em despesas correntes, que possibilitasse procedimentos de qualidade (e nao s6 de quantidade), com a conseqtiéncia do fim das filas ¢ da garan- VIYILalZauy LVITI Udalllovudill ler bos soem Bee, Gy, ? 6 . tra légi , pilidade: ou seja, uma outra logica de soca ia da aces mend ie menos voltado para a reprodugéo ampliada i i me , publico, Ihadores, 4s maiorias. pity hy sonada aos trabalhadores, Nn direcionada a0 . Referéncias bibliograficas E.R. Palit social 0 capitalism tari. $30 Paulo: Coy ez, | BEHRING, Brasil em contra-reforma: desestruturagao do Estado e Perda de ‘0 Paulo: Cortez, 2003. dine, __e BOSCHETTI I. Poitcn Social — Fundamentos ¢ Hisiria. 1, og Wi ‘ig. teca Basica de Servico Social. So Paulo, Cortez, 2007. BNDES. “Carga Tributaria — evolugao histérica. Uma tendéncia Informe-se n. 29. Brasilia, BNDES, 2001. escent BOSCHETTI I. Assisléncia Social no Bras: um direto entre originaidade ecm zadorismo, Brasilia: GESST/SER/UnB, 2001. (2. ed. rev. ampl. 2003) Seguridade social e trabalho: paradoxos na construgao das politicas de prev. déncia e assisténcia social. Brasilia: Letras Livres/Editora da UnB, 2006, BRAZ, M.; NETTO, J. P. Economia politica: uma introdugioo critica. Sao Paulo Cortez, 2006. (Biblioteca Basica de Servico Social.) CHESNAIS, F. A mundializagio do capital. Sao Paulo: Xama, 1996. FBO. Forum Brasil de Orcamento. Superdvit primdrio: cadernos para discussio. Brasilia: FBO, 2004. (2. ed. 2005.) GIAMBIAGI, F. e ALEM, A. C. Finangas piiblicas: teoria e pratica no Brasil. 2. ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Elsevier/Campus, 2000. HARVEY, D. Condigo pés-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudanga cl tural. Sao Paulo: Edigdes Loyola, 1993, Toe NM: Mistria do capital uma crticn do neotiberalismo. Lisboa: Tera IAMAMOTO, M. Serge Socal no tempo do capital fetiche. Tese apresenta? Faculdade de Servico Social ncursi me” i til de Janeiro, fev. 2005. sieligasemgiee seco viyltanzauy Cun Vanrovanner POLITICA SOCIAL NO CAPITALISMO) 63 LESSA, Sérgio. “A emancipaga ociedade n. 90, Sper Nite © a defesa de direitos” In: Revista Ser- © Paulo, Cortez, junho de 2007, aio Social ¢ S MANDEL, E. O capitalismo tardio. S40 Paulo: Nova Cultural, 1982 va Cultural, AARSHALL, T. H. Cid i . N tdadania, classe social ¢ status, Rio de Janeiro: Zahar, 1967 MARX, K. Introdugio a critica da economi ‘a da economia politica. In: a al, . |. Os Economistas.) . O capital: critica da econ i 1988. ‘conomia politica. 3. ed. Sio Paulo: Nova Cultural, MESZAROS, 1. Para além ao capital: rumo a uma teoria da transigfo. Trad. de Paulo César Castanheira e Sérgio Lessa. Sao Paulo/Campinas: Boitempo/Edi- tora da Unicamp, 2002. P MOTA, A. E. Cultura . crise e seguridade social: um estudo sobre as tendéncias da previdéncia € da assisténcia social brasileira nos anos 80 e 90. S40 Paulo: Cortez, 1995. NAVARRO, V. Neoliberalismo y Estado del bienestar. 2. ed. Barcelona: Ariel, 1998. OLIVEIRA, F. de. Os direitos do antivalor: a economia politica da hegemonia imper- feita. Petropolis: Vozes, 1998. erversa) da seguridade social no Brasil. VIANNA, M. L. T. W. A americanizagio (pi de Janeiro: Revan/’ TUPERJ/UCAM, Estratégias de bem-estar e politicas priblicas. Rio 1998. WACQUANT, L. As prisdes da mis ___. Punir os pobres: nova gestiio da miséria Freitas Bastos, 2001b. éria. Rio de Janeiro: Zahar, 2001a. nos Estados Unidos. Rio de Janeiro: VIYILalZauUuy LVITI Udalllovudill rer

You might also like