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Nome: Thayná Maldonado Marques

Professor: Paulo Cruz Terra


Disciplina: História do Brasil IV
Curso: Sociologia

Qual o paralelo tecido entre a ditadura e a atualidade na narrativa do documentário?

No documentário “Memória para uso diário” é retratado relatos acerca da ditadura


civil-militar. Em uma parte do filme há levantamentos comparativos acerca da ditadura que
ocorria na época com a atualidade, um deles é sobre o caso da tortura. Durante o período da
ditadura era comum práticas alicercadas à tortura, principalmente na década de 70, com o
governo Médici e com a implementação do ato institucional 5 no governo anterior. No
entanto, é possível perceber que atos como esses, apesar de inconstitucionais, ainda
permanecem e perpetuam-se na sociedade.
No site O globo - evento noticiado em 2018 - há relatos de jovens que foram
torturados por policiais no Complexo da Penha, Rio de Janeiro, em um dos relatos eles
comentam que além de terem sido agredidos pelos militares, receberam chutes, socos, spray
de pimenta no rosto, além de choques elétricos.Em outra reportagem - El País - há
levantamento de dados em que dos agredidos, a maioria são homens pretos e pobres. Da
justificativa dada, é que há presença de drogas no local, logo os policiais estão apenas
“fazendo o seu trabalho”, assim como na década de 70, em que os militares usavam como
justificativa seus atos com os presos políticos ao abordar a situação como se fossem
terroristas.
No artigo Teoria e Cultura, do autor Fraga, ele aponta acerca da violência policial no
Rio de Janeiro “No Rio de Janeiro, no ano de 2000, 248 pessoas foram mortas por policiais
militares em serviço, sendo que a taxa de pessoas mortas por PMs em serviço, nesse ano foi
de 7,45/1000” (p. 67-68). Além disso, relatos de pessoas que sofreram com violência policial
também são marcantes no texto, um deles é o caso de Elói:

Ele e seu companheiro foram mobilizados por policiais e algemados. Levados para
um terreno baldio próximo a uma rodovia, lugar bastante ermo, segundo sua
narrativa, foram submetidos a sessões de surras e humilhações. Os policiais queriam
as armas que tinham usado. Eles haviam se desfeito da arma para não ser
caracterizado flagrante. Como não tinham as armas, nem dinheiro para oferecer aos
policiais foram levados a uma delegacia e condenados a cinco anos de prisão.
(2006, p. 70)
Outro caso presente foi de Levi, que foi preso e levado à delegacia por policiais, onde
apanhou com cassetetes, segundo ele, ficou com toalhas molhadas ao redor do corpo, pois
assim impede de ficar com marcas (p.70-71). Além desses casos o texto trata de muitos
outros, onde fica evidente o papel da ação policial com casos de tortura.
Com isso, nota-se o quão próximo é a realidade vivida na atualidade com a realidade
na década de 70, em que práticas como essas eram corriqueiras. Apesar de 40 anos depois, a
violência policial perpassa décadas, em que torturas manifestam-se em suas relações, sejam
elas em um ambiente prisional ou ambientes externos a ele. Logo, o documentário trata de um
assunto tão pertinente e necessário na atualidade, pois não basta estudar as ditaduras, mas
principalmente compreender os efeitos nela na sociedade brasileira para que seja possível
estudar sociologicamente os seus impactos e entender a formação da impunidade num aspecto
histórico-social brasileiro.
Referências Bibliográficas
BETIM, Felipe.”Foram três dias só de porrada”: a tortura policial segue como rotina no Rio
de Janeiro. El País, 2021. Disponível em:
https://brasil.elpais.com/brasil/2021-09-18/foram-tres-dias-so-de-porrada-a-tortura-policial-se
gue-como-rotina-no-rio-de-janeiro.html
FRAGA, Paulo. Tortura contra pessoas acusadas de Crimes no Rio de Janeiro: A
funcionalidade da violência Institucional e policial contra os ilegalismos. Teoria e Cultura,
v.1, n.2, p.61-82, jul/dez, 2006.
SOARES, Rafael. De mãos atadas: relatos de tortura na intervenção do Rio. O Globo, 2018.
Disponível em:
https://oglobo.globo.com/epoca/de-maos-atadas-relatos-de-tortura-na-intervencao-do-rio-232
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