You are on page 1of 6

UNIDADE 2 – LINGUAGEM – LÍNGUA – FALA

1. Linguagem

É o exercício oriundo da faculdade, inerente ao homem, que lhe possibilita a comunicação. Embora
nem todos os teóricos assumam esse posicionamento, podemos dizer que todo ser humano possui, ao nascer,
uma predisposição que faculta a aquisição da mesma (característica inata). A linguagem tem um lado
individual e um lado social, sendo impossível conceber um sem o outro. A cada instante, a linguagem implica,
ao mesmo, um sistema estabelecido e uma evolução. Por outro lado, sem o convívio social, essa predisposição
se atrofia. Assim, tudo indica que a aprendizagem, na criança, se dá por imitação (característica adquirida).

2. Língua

Há um instrumento peculiar de comunicação – a língua – distinta da fala e que representa a parte


social da linguagem, exterior ao indivíduo, que por si só não pode modificá-la. Língua é forma.
Enquanto a linguagem, como faculdade natural, é um todo heterogêneo, a língua é de natureza
homogênea – sistema de signos (código) convencionais e arbitrários.

3. Fala

A fala, ao contrário, é um ato intencional, em nível individual, de vontade e de inteligência.

4. Registros ou Níveis de Linguagem

A comunicação não é regida por normas fixas e imutáveis. Ela pode transformar-se, através do
tempo, e, se compararmos textos antigos com atuais, percebemos grandes mudanças no estilo e nas
expressões.
Por que a pessoas se comunicam de formas diferentes? Temos que considerar múltiplos fatores:
época, região geográfica, ambiente e status sócio-cultural dos falantes.
Há uma língua padrão? O modelo de língua-padrão é uma decorrência dos parâmetros utilizados pelo
grupo social mais culto. Às vezes, a mesma pessoa, dependendo do meio em que se encontra, da situação
sócio-cultural dos indivíduos com quem se comunica, usará níveis diferentes de língua. Dentro desse critério,
podemos reconhecer, num primeiro momento, dois tipos de língua: a falada e a escrita.

CULTA
COLOQUIAL
VULGAR OU INCULTA
A LÍNGUA FALADA PODE
SER REGIONAL
GÍRIA
GRUPAL TÉCNICA

6
LÍNGUA PADRÃO
COLOQUIAL
VULGAR OU INCULTA
NÃO LITERÁRIA REGIONAL
A LÍNGUA ESCRITA PODE SER GÍRIA
GRUPAL
TÉCNICA

LITERÁRIA

4.1. Língua Falada

4.1.2. Língua Culta

Língua culta é a língua falada pelas pessoas de instrução, niveladas pela escola. Obedece à
gramática da língua-padrão. É mais restrita, pois constitui privilegio e conquista cultural de um número
reduzido de falantes.

Exemplo:
Temos conhecimento de que alguns casos de delinquência juvenil no mundo hodierno2 decorrem da
violência que se proteja, através dos meios de comunicação, co, programas que enfatizam a guerra, o roubo
e a venalidade3.

4.1.3. Língua Coloquial

Língua coloquial é a língua espontânea, usada para satisfazer as necessidades vitais do falante sem
muita preocupação com as formas linguísticas. É a língua cotidiana, que comete – mas perdoáveis –
deslizes gramaticais.

Exemplo:
Cadê o livro que te emprestei? Me devolve em seguida, sim?

4.1.4. Língua Vulgar ou Inculta

Língua vulgar é própria das pessoas sem instrução. É natural, colorida, expressiva, livre de
convenções sociais. É mais palpável, porque envolve o mundo das coisas. Infringe totalmente as
convenções gramaticais.

Exemplo:
Nóis ouvimo falá do pograma da televisão.

4.1.5. Língua Regional

Língua Regional, como o nome já indica, está circunscrita a regiões geográficas, caracterizando-se
pelo acento linguístico, que é a soma das qualidades físicas do som (altura, timbre, intensidade). Tem u m
patrimônio vocabular próprio, típico de cada região.

7
Exemplo:
Égua! Esse carimbó tem um ritmo paid’égua!

4.1.6. Língua Grupal

Língua grupal é uma língua hermética4, porque pertence a grupos fechados.

4.1.6.1. Língua Grupal (Técnica)

A língua grupal técnica desloca-se para a escrita. Existem tantas quantas forem as ciências e as
profissões: a língua da Medicina (como é difícil entender um diagnóstico...), a do Direito (restrita aos meios
jurídicos), etc. Só é compreendida, quando sua aprendizagem se faz junto com a profissão.

Exemplo:
O materialismo dialético5 rejeita o empirismo6 realista e considera que as premissas do emprirismo
materialista são justas no essencial.

4.1.6.2. Língua Grupal (Gíria)

Existem tantos quantos grupos fechados. Há a gíria policial, a dos jovens, dos estudantes, dos
militares, dos jornalistas, etc.

Exemplo:
O negocio agora é comunicação, e comunicação o cara aprende com material vivo, deslocando um
papo legal. Morou?

OBERVAÇÃO
Quando a gíria é grosseira, recebe o nome de calão.

4.2. Língua Escrita

4.2.1. Língua Não-Literária

A língua não-literária apresenta as mesmas características das variantes da língua falada tais como
língua-padrão, coloquial, inculta ou vulgar, regional, grupal, incluindo a gíria e a técnica e tem as mesmas
finalidades e registros, conforme exemplificaremos abaixo:

4.2.1.1. Língua-Padrão

A língua-padrão é aquela que obedece a todos os parâmetros gramaticais.

Exemplo:
―O problema que constitui o objeto da presente obra põe-se, com evidente principalidade, diante de
quem quer que enfrente o estudo filosofico ou o estudo só científico do conhecimento. Porém não é mais do
que um breve capítulo de gnosiologia 7.‖
(Pontes de Miranda)

8
4.2.1.2. Língua Coloquial

Exemplo:
- Me faz um favor. Vai ao banco pra mim.

4.2.1.3. Língua Vulgar ou Inculta


Exemplo:
(TRECHO DE UMA LISTA DE COMPRAS)
- assucar (= açúcar)
- basora (= vassoura)
- qejo (= queijo)
- xalxixa (= salsicha)

4.2.1.4. Língua Regional

Exemplo:
Deu-lhe com a boladeira8 nos cascos, e o índio correu mais que cusco9 em procissão.

4.2.1.5. Língua Grupal

Os exemplos dados no item 4.1.6. servem para ilustrar tanto a língua grupal gíria como a técnica.

OBSERVAÇÃO
Quando redigimos um texto, não devemos mudar o registro, a não ser que o estilo permita, ou seja, se
estamos dissertando – e, nesse tipo de redação, usa-se geralmente, a língua-padrão – não podemos passar
desse nível para outro, como a gíria, por exemplo.

4.2.2. Língua Literária

A língua literária é o instrumento utilizado pelos escritores. Principalmente, a partir do modernismo,


eles cometeram certas infrações gramaticais, que, de modo algum, se confundem com os erros observados
nos leigos. Enquanto nestes as incorreções acontecem por ignorância da norma, naqueles as mesmas ocorrem
por imposição da estilística.

Exemplo:
―Macunaima ficou muito contrariado. Maginou, maginou e disse prá velha...‖
(Mário de Andrade)

 Vamos praticar um pouco agora? Faça os exercícios abaixo e veja o quanto você conseguiu apreender
dessa unidade!
1) Leio o texto:
No estádio de futebol, a comunicação aparece nos gritos da torcida, nas cores das bandeiras, nos
números das camisetas dos jogadores, nos gestos, apitadas e cartões do juiz e dos bandeirinhas, no placar
eletrônico, nos alto-falantes e radinhos de pilha, nas conversas e insultos dos torcedores, em seus gritos de
estímulo, no trabalho dos repórteres, radialistas, fotógrafos e operadores de TV. O próprio jogo é um ato de
comunicação. Dias antes já tinha provocado dúzias de mensagens e durante dias a fio ele continuará sendo
objeto de comunicação nos botequins, nos escritórios, nas fábricas, nos rádios e jornais.

9
A) Classifique em verbal ou não-verbal os aspectos relacionados ao texto:
a) gritos da torcida ______________________.
b)cores das bandeiras ______________________.
c) número das camisetas ______________________.
d) gestos, apitadas e cartões do juiz e dos bandeirinhas ______________________.
e) conversas de torcedores ______________________.

B) A comunicação não existe como algo separado da vida em sociedade: não poderia existir comunicação
sem sociedade, nem sociedade sem comunicação. Quais os ambientes sociais em que ocorrem os atos de
comunicação descritos no texto lido?
R.:_____________________________________________________________________________.

2) Relacione as duas colunas:


a) Fenômeno universal ( ) Língua
b) fenômeno limitado a grupos culturais ( ) Linguagem
c) fenômeno individual ( ) Fala

3) As orações abaixo encontram-se redigidas desobedecendo a norma culta, reescreva-as obedecendo as


regras do uso padrão.
a) Eu não vi ela hoje. ______________________________________________________________.
b) Ninguém deixou ele falar. ________________________________________________________.
c) Deixe eu ver isso! _______________________________________________________________.
d) Eu te amo, sim, mas não abuse! ___________________________________________________.
e) Não assisti o filme nem vou assisti-lo. _______________________________________________.
f) Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo. _________________________________________________.

4) Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira:


(1) Estou preocupado. ( ) gíria, limite da língua popular
(2) Tô preocupado. ( ) língua popular
(3) Tô grilado. ( ) norma culta

5) Assinale (V) para verdadeiro e (F) para falso as afirmativas abaixo.


a) ( ) A língua-padrão é aquela que desobedece a todos os parâmetros gramaticais.
b) ( ) Língua coloquial é a língua espontânea, usada para satisfazer as necessidades vitais do falante,porém
preocupa-se com as formas linguísticas.
c) ( ) A língua grupal técnica desloca-se para a escrita. Ex. A língua da Medicina.
d) ( ) A comunicação não é regida por normas fixas e mutáveis.
e) ( ) Língua vulgar é própria das pessoas sem instrução.
f) ( ) Todo ser humano possui, ao nascer, uma predisposição que faculta a aquisição da mesma (característica
inata).
g) ( ) Língua Regional, como o nome já indica, está circunscrita a regiões geográficas.
h) ( ) A língua culta, é a representação do cotidiano.
i) ( ) A língua literária é o instrumento utilizado pelos escritores.

6) Leia o texto abaixo, escrito inteiramente em língua regional cearense, e tente converte-lo para a norma culta.

10
Chico, cabra errado e bonequeiro, já melado depois de traçar um burrinho e duas meiotas , vinha penso,
cambaleando, arrodiando o pé de pau , quando deu um trupicão que arrancou o chaboque do dedo.

- Diabeísso!

- Vai, cú de cana! -mangou a mundiça que estava perto.

- Aí dento! -disse Chico

Chico estava ariado desde ontonti, quando o gato-réi que ele acunhava lá na baxa da égua, bateu fofo com
ele pra ir engabelar um galalau estribado da Aldeota.

É o que dá pelejar com canelau, catiroba, fulerage, - pensava ele- ganhei um chapéu de touro, mas não
tem Zé não, aquela marmota tá mesmo só o buraco e a catinga. Dá é gastura.

Chegando em casa, se empriquitou de vez e rebolou no mato todas as catrevage da letreca: uma alpercata,
um gigolete amarelo queimado e uns pé de planta que ela tinha trazido enquanto iam se amancebar.

Depois se empanzinou de sarrabui e panela da e foi dormir pensando nas comédias.

11

You might also like