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Marcos Meinerz - História Da Paraíba - Caderno 4
Marcos Meinerz - História Da Paraíba - Caderno 4
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SUMÁRIO
História da Paraíba....................................................................................................................................... 2
a Revolução constitucionalista de 1932 .................................................................................................... 2
A revolução .......................................................................................................................................... 2
Final do conflito ................................................................................................................................... 3
A Intentona comunista de 1935 ............................................................................................................... 4
Ação Integralista Brasileira ................................................................................................................... 5
Aliança nacional libertadora ................................................................................................................. 6
A Intentona Comunista ........................................................................................................................ 6
O fim do levante .................................................................................................................................. 7
O estado novo e a Segunda Guerra Mundial: 1937 - 1945 ........................................................................ 9
O brasil Durante e na Segunda Guerra MUndial: 1939 - 1945 ..............................................................10
A Paraíba em tempos de guerra ..........................................................................................................11
Final do governo vargas ......................................................................................................................13
as ligas Camponesas ...............................................................................................................................13
as ligas camponesas na paraíba ...........................................................................................................14
Exercícios....................................................................................................................................................16
Referências Bibliográficas ...........................................................................................................................20
HISTÓRIA DA PARAÍBA
A REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932
Quando Getúlio Vargas assumiu o poder em 1930, período chamada de Governo
Provisório, uma das primeiras medidas adotadas por seu governo foi suspender a constituição
de 1891, a primeira da era republicana. Vargas fez isso para promover uma série de reformas
que consolidassem o seu poder político e também considerar que ela dava muita autonomia aos
estados da federação e a suspendeu pois queria centralizar os poderes em suas mãos. Para
tanto, o Congresso Nacional foi fechado.
Além disso, por meio de um decreto do dia 11 de novembro de 1930, Vargas passou a ter
direito de exercer tanto o Poder Executivo quanto o Legislativo, até que uma nova Assembleia
Constituinte fosse convocada. Para manter o poder, Vargas substituiu os governadores
estaduais pelos chamados interventores, que possuíam poderes limitados e sem a autonomia
dos antigos governadores. Com isso, o governo buscava reorganizar o sistema político
brasileiro por meio da centralização do poder.
Ele governava sem oposição e não se mostrava interessado na redemocratização do país.
Contudo, depois dos dois primeiros anos as medidas adotas pelo governo não demoraram para
provocar a reação de grupos que estavam descontentes, principalmente daqueles que
defendiam a urgência em restaurar a ordem constitucional do país, realizando novas eleições.
Principalmente os paulistas com o Partido Republicano Paulista.
Para acalmar os descontentes, Vargas adotou uma política conciliatória: criou um novo
Código Eleitoral para escolha dos representantes que formariam nova Assembleia Constituinte
e determinou também que as eleições para presidente ocorreriam em maio de 1933. Contudo,
não foi o suficiente, uma vez que São Paulo encabeçava um movimento que queria derrubar o
Governo Provisório de Vargas.
A justificativa era o de convocar mais rapidamente a realização de novas eleições para
uma Assembleia Constituinte, já que Vargas não se mostrava interessado em fazer isso
rapidamente, o que foi até recebido com certo entusiasmo pela população paulista. Mas, na
verdade, o que São Paulo queria era recuperar o poder político perdido com a Revolução de
1930.
A REVOLUÇÃO
A oligarquia de São Paulo sentia que o novo
governo prejudicava seus interesses e não aceitava
a perda do seu papel político destacado que tinha
durante o período da República do Café com Leite,
em que os latifundiários de São Paulo e Minas Gerais
dominavam a política federal. Outro fator que
agravava a situação era a nomeação de
interventores, geralmente Tenentes, de outros
estados para comandar São Paulo. Isso fazia com
que os paulistas criticassem durante o governo de
Getúlio Vargas. No começo de 1932, formou-se a
Frente Única Paulista, reunindo diferentes grupos
políticos para pressionar o governo de Vargas.
Cartazes como esse foram muito Apesar de ter o apoio de outros estados, era
utilizados para convocar jovens para se em São Paulo que a insatisfação tinha mais apelo
alistares nas tropas de São Paulo. Fonte: popular, com a realizações de manifestações nas
https://bityli.com/VIgzh. ruas contra o governo e suas medidas. O estopim
para os enfrentamentos armados entre São Paulo e o Governo Federal aconteceu quando quatro
estudantes paulistas foram mortos pela repressão policial durante uma manifestação contra o
governo ocorrida em maio de 1932. Morreram: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Estes,
viraram símbolos da luta contra o governo, entrando para a história pela sigla com suas iniciais
marcadas nos cartazes que convocavam o povo para lutar contra Vargas: MMDC.
No dia 9 de julho de 1932, contanto com o apoio das tropas de São Paulo, civis armados e
contanto com respaldo popular, os dirigentes do movimento deram início ao levante armado
contra o governo federal, exigindo a renúncia de Vargas e a convocação de novas eleições.
Entretanto, São Paulo esperava a adesão de mais estados ao movimento, o que não aconteceu.
Os paulistas ficaram isolados e tiveram que enfrentar as tropas do governo federal sozinhos.
Para enfrentar as os paulistas, o governo convocou todas as tropas federais sediadas nos
estados e as Forças Públicas Estaduais. A estratégia utilizada pelas tropas do governo federal,
as Tropas Legalistas, para combater as forças revolucionárias, era a de bloquear todo o estado
de São Paulo, concentrando as tropas em quatro pontos de suas fronteiras, sendo denominadas
como frentes norte, sul, leste e oeste.
Durante a Revolução a Paraíba era governada pelo interventor Grautuliano de Brito, que
havia participado das lutas armadas durante a Revolução de 1930 e seguia os princípios
defendidos por Vargas. Inclusive, integrou um grupo de civis armados que invadiu o Quartel do
22º Batalhão de Caçadores no dia 4 de outubro daquele ano, iniciando a revolução no nordeste
do país. Com ele no comando, a Paraíba mandou um efetivo de mil e seiscentos homens,
distribuídos em quatro Batalhões. O Batalhão do efetivo permanente do Regimento Policial da
Paraíba (Polícia Militar) foi enviado a cidade do Rio de Janeiro, sendo comandados pelo Major
Elias Fernandes. Chegaram na cidade e seguiram para frente de combate no dia 27 de agosto,
atuando mais ao Norte de São Paulo.
O Primeiro Batalhão
Provisório, foi comandado pelo
Capitão João Costa, com o
Subcomandante Capitão Guilherme
Falcone. Contudo, quando
chegaram ao Rio de Janeiro, quem
Jornal a União relatando a participação dos soldados assumiu o batalhão foi o Capitão do
paraibanos durante a Revolução Constitucionalista de Exército Aristóteles de Souza
1932. Fonte: https://bityli.com/n1oMr. Dantas que seguiu com os seus
comandados para lutar na frente
norte, entrando em São Paulo pelo Estado de Minas Gerais.
O segundo e o terceiro Batalhão Provisório da Paraíba formaram um só contingente e
ficaram no Rio de Janeiro recebendo instruções até o dia 28 de agosto, quando receberam
ordens para embarcar para o Estado do Paraná, sob o comando do Tenente Coronel Martins de
Almeida para atuar nos combates no Sul de São Paulo, entre as cidades de Buri e Itapetininga.
FINAL DO CONFLITO
Os conflitos duraram dois meses, período em que, como vimos, os rebeldes foram
cercados pelas forças do governo, sendo obrigados a se render. A Revolução provocou grande
destruição em São Paulo, além de ter provocado um grande número de mortes. Vargas saiu
vitorioso do conflito, mas adotou uma política conciliatória com São Paulo. Por exemplo,
concedeu ajuda financeira para a sua reconstrução além de nomear um paulista como
interventor do Estado, Armando de Sales Oliveira.
Contudo, para tentar acabar de vez com a tensão existente, Vargas anunciou a realizações
de eleições para a formação de um Assembleia Nacional Constituinte em maio de 1933. Os
trabalhos da sua elaboração começaram no mesmo mês de maio e terminaram em novembro.
A segunda constituição da era republicana estava pronta, uma das principais reivindicações de
São Paulo havia sido atendida e o governo evitava as chances de novas tentativas de revoluções
armadas.
Acabava assim o Governo Provisório de Vargas e se iniciava a fase conhecida como
Governo Constitucional.
Essa fase também foi marcada por uma crescente polarização e radicalização política do
país. De fato, isso sofreu influência do contexto europeu, onde se observava a expansão do
comunismo e dos movimentos fascistas da Alemanha e da Itália. Foi nesse contexto que
surgiram dois importantes movimentos políticos no Brasil: a Aliança Nacional Libertadora
(ANL), representando a esquerda e a Ação Integralista Brasileira (AIB), representando a
extrema-direita.
AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA
A Ação Integralista Brasileira (AIB), criada em 1932, foi um movimento político de
extrema-direita caracterizado pelo radicalismo conservador. Inspirado nos governos fascistas
de Benito Mussolini na Itália e Adolf Hitler na Alemanha, teve como seu principal líder a figura
de Plínio Salgado.
Os integralistas defendiam que os problemas dos
brasileiros poderiam ser resolvidos com a criação de um
regime de inspiração fascista. A sua ideologia
caracterizava-se por um forte nacionalismo,
antiliberalismo e anticomunismo. Defendiam o
fortalecimento do poder do Estado e uma sociedade
disciplinada e hierarquizada.
Os integralistas ficaram conhecidos como “camisas
verdes” por causa de seus uniformes militares verdes em
que constava o símbolo grego do sigma, o qual significa a
soma de todas as partes. Além disso, adotaram a saudação
“Anauê” que em língua Tupi significa “você é meu irmão”.
Em um primeiro momento, elos integralistas
apoiavam Vargas, pois esperavam assumir cargos
importantes no governo. Contudo, o presidente não
Plínio Salgado, líder do AIB. correspondeu aos anseios dos integralistas, que passaram
Fonte: https://bityli.com/mscZs
a fazer oposição a ele.
problemas da seca e várias outras adversidades, portanto, era “bravo por natureza”, um soldado
ideal, com perfil de soldado. Contribuía para isso o fato de ter ocorrido na Paraíba muitas
manifestações de estudantes, trabalhadores e integrantes da Igreja, que pediam justiça aos
paraibanos mortos no ataque aos navios brasileiros afundados por submarinos nazistas.
Depois que o Brasil declarou guerra aos países do eixo, houve uma grande prevenção de
possíveis ataques ao litoral da Paraíba por submarinos inimigos, já que o estado é o mais
próximo da costa africana. Por isso, houve um intenso policiamento do litoral pela polícia
militar.
Outra questão tratada como urgência pelo estado, diz respeito a mudanças estruturais
quanto à comunicação e fortificações das cidades da região. Garanhuns e Campina Grande, por
exemplo, eram as maiores e mais bem estruturadas cidades do interior da Paraíba e, por isso,
tinham grande importância como base para as operações no litoral.
Efeitos da Segunda Guerra Mundial na Paraíba:
Alterações no cotidiano da população (por causa da insegurança e da tensão
geradas pelos eventos da Segunda Guerra Mundial. Muitos se reunião em farmácias,
por exemplo, para discutir sobre o conflito);
Racionamento de alimentos e gasolina;
Novas dinâmicas sociais que alteraram o funcionamento da sociedade (Boa
parte dos homens estavam engajados no esforço de guerra, uma vez que muitos
foram convocados para fazer parte das fileiras da FEB. Com isso, as mulheres
adotam uma nova postura, assumiram um protagonismo nos postos de trabalho);
Incertezas sobre o futuro (medo de que existissem espiões nazistas em terras
paraibanas. Tanto é que, o governo federal baixou uma norma impedindo cidadãos
alemães, italianos e japoneses deixassem o Brasil);
Polícia Militar encarregada de defender o litoral nordestino.
Importante destacar a transformação da vida das mulheres da Paraíba durante o conflito,
bem como de todo o nordeste brasileiro. Novas questões de gênero surgiram, pois, as mulheres
paraibanas deixaram o ambiente doméstico para ingressarem no mercado de trabalho,
ocupando postos que estavam disponíveis por conta da mobilização masculina nos esforços de
guerra. Além disso, houve a:
Formação de enfermeiras na Paraíba (para trabalhar na FAB e na FEB)
Criação da Legião Brasileira de Assistência (LBA – atuava em âmbito nacional.
Criada para dar apoio a famílias de cidadãos que haviam sido enviados para os
campos de batalha na Itália);
Luta pelos direitos femininos no pós-guerra.
A Paraíba também demandou muitos de seus trabalhadores para obter materiais
destinados aos esforços de guerra: borracha, níquel, zinco, ferro e alumínio. Muitos, até mesmo,
foram chamados de “soldados da borracha (nordestinos mandados para a Amazônia coletar o
látex, que era enviado aos EUA). Destaque para a cidade de paraibana de Picuí que era rica em
minério. Durante a guerra a região teria sido procurada por militares americanos que queriam
encontrar urânio para enviaram aos Estados Unidos. O objetivo seria a fabricação de
armamentos bélicos.
Os paraibanos presentes na Itália totalizaram mais de 300 militares, com seis mortos em
combate. Integrando os “pracinhas”, esses soldados contribuíram para a vitória da batalha de
Monte Castello.
AS LIGAS CAMPONESAS
As Ligas Camponesas foram associações de trabalhadores rurais criadas incialmente no
estado de Pernambuco, posteriormente na Paraíba, no estado do Rio de Janeiro, Goiás e em
outras regiões do Brasil, que atuaram intensamente ao longo do período de 1955 até a queda
do João Goulart, por um Golpe de Estado efetuado pelos militares, em 1964.
As Ligas foram as grandes impulsionadoras do movimento social e político que lutava,
principalmente, pela realização de uma reforma agrária no país. Isso porque a manutenção de
uma produção agrícola baseada na exploração de grandes latifúndios excluía grande parte dos
trabalhadores de acesso a esse meio de produção, contribuindo para a manutenção de uma
extrema desigualdade social no Brasil.
As Ligas foram criadas em uma conjuntura favorável de liberalização política durante o
governo de Juscelino Kubitschek, ligadas às ideologias desenvolvimentistas, de integração
nacional e de expansão da cidadania. Portanto, as reivindicações camponesas encontraram
fôlego em um contexto brasileiro favorável.
O movimento foi criado no dia 1º de janeiro de 1955 no engenho Galileia, em Vitória de
Santo Antão, no agreste de Pernambuco. A propriedade possuía 140 famílias de foreiros
espalhados pelos quinhentos hectares de terra do engenho que estavam de “fogo morto”
(expressão utilizada no Nordeste para denunciar a inatividade de um engenho).
Formadas como Sociedade
Agrícola de Pecuária Plantadores
de Pernambuco (SAPPP), no
primeiro momento tinha como
finalidade gerar recursos comuns
para a assistência educacional e de
saúde e para comprar adubos com o
objetivo de melhorar a produção.
Contudo, a criação dessa liga deixou
temoroso o filho do proprietário do
engenho. Ele temia que a
consolidação de um núcleo de
produção camponesa pudesse
Sede da liga do Engenho da Galileia, 1961. Acervo: prejudicar os rendimentos das partes
Arquivo Público do Estado de São Paulo. Fundo: O mais produtivas do engenho. Para
Movimento. Fonte: https://bityli.com/MjKki. conter a ação desses lavradores,
buscou aumentar a renda das terras,
o que acabou expulsando muitas famílias do local. Isso teve como consequência a luta contra
esse aumento e contra as ameaças mais diretas de expulsão.
Uma solução encontrada pela SAPPP foi tentar apoio com advogado da capital Recife, para
auxilia-los na luta contra os donos do engenho. Encontraram o advogado Francisco Julião
Arruda de Paula, que notabilizou-se por uma declaração em defesa dos trabalhadores rurais, a
Carta aos foreiros de Pernambuco, de 1945. Julião aceitou defende-los e passou a representar
o movimento. O primeiro resultado expressivo veio em 1959, com uma decisão favorável à Liga,
representada na decisão judicial a favor da desapropriação do engenho e distribuição de suas
terras às famílias que lá moravam.
Tal evento deu notoriedade aos camponeses da Galileia e transformou a Liga em um
símbolo da reforma agrária que os trabalhadores rurais tanto almejavam. Como consequência,
muitos outros núcleos das ligas foram criados em Pernambuco. Em 1961 já eram 25 instalados
no estado, destacando-se os de: Pau d’Alho, São Lourenço da Mata, Escada, Goiana e Vitória de
Santo Antão. Para constituir legalmente uma liga, bastava aprovar um estatuto, registra-lo e
instalar uma sede na cidade mais próxima. Como dizia um jornalista da Paraíba: “a liga começa
na feira, vai para o tabelião e ganha o mundo”.
A partir de 1959, as ligas também se espalharam pra outros estados, como a Paraíba, Rio
de Janeiro e Paraná, aumentando o impacto do movimento. Dentre esses, destaque para Sapé,
na Paraíba, o mais expressivo e maior de todos, chegando a ter mais de dez mil membros. A
expansão da Liga de Sapé se acelerou a partir de 1962, quando o seu principal líder, João Pedro
Teixeira, foi assassinado a mando de latifundiários locais.
Algumas lideranças importantes das ligas foram: na Galileia, João Virgínio e José
Francisco; em Sapé, João Teixeira, Pedro Fazendeiro, Elizabeth Teixeira e João Severino Gomes.
Possuíam, em geral, um nível educacional mínimo e eram pequenos proprietários ou exerciam
atividades artesanais. Em nível nacional, o destaque coube ao já mencionado Francisco Julião
que agregou para o movimento estudantes, idealistas, visionários, intelectuais, além de nomes
como o de Clodomir de Morais, advogado, deputado e ex-militante comunista.
Em geral, as ligas defendiam os interesses de foreiros, meeiros, arrendatários e pequenos
proprietários, que produziam uma cultura de subsistência e comercializavam os excedentes em
feiras locais. Dentre as suas finalidades e estratégias, podemos citar:
Assistência jurídica (assistência jurídica para os trabalhadores rurais que se
sentissem ameaçados pelos latifundiários ou tivessem seus direitos trabalhistas
desrespeitados pelos mesmos);
Assistência médica e educacional;
Luta contra o cambão (trabalho gratuito)
Fortalecer a consciência dos direitos comuns;
Melhores condições de trabalho no campo;
Luta pelos direitos trabalhistas;
Defesa de uma reforma agrária profunda no Brasil.
Esse último ponto era o que despertava maiores preocupações entre a elite nacional. Em
1964, ocorreu a desagregação do movimento com o golpe militar que pôs fim ao movimento da
reforma agrária no Brasil naquele contexto. Inclusive Francisco Julião foi preso, conseguindo
asilo no México em 1965. Os militares promoveram uma intensa caça aos simpatizantes dos
movimentos identificados como de esquerda. Por isso, vários membros de Ligas Camponesas
foram presos ou assassinados.
Contudo, apesar de eliminar a organização, o golpe não desarticulou suas reivindicações
e seus anseios básicos (como a luta pela reforma agrária), pois foram incorporados pelos
sindicatos rurais nas décadas seguintes. Por exemplo, a partir do final dos anos de 1980, novas
ocupações de terras seriam realizadas por trabalhadores rurais que novamente reivindicava, a
reforma agrária, dando origem, em 1983, ao Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST).
AS LIGAS CAMPONESAS NA PARAÍBA
Como afirmado anteriormente, a Liga Camponesa mais importante da Paraíba foi a de
Sapé, formada no final da década de 1950, como uma tentativa de conscientização dos
camponeses a se organizarem, para que unidos pudessem lutar contra os excessos abusivos
praticados pelos proprietários de terra ao homem e mulher do campo. Seu líder foi João Pedro
Teixeira.
Ele observava que o cotidiano da vida do campo era marcado pelas condições precárias
das pessoas que lá viviam. Eram camponeses, sobretudo, explorados pelos latifundiários que
os deixavam em uma condição de miséria e que não tinham seus direitos trabalhistas
respeitados. Por já possuir uma noção de organização sindical, João Teixeira tentou
conscientizar a massa camponesa no interior de Sapé, porém, sem sucesso devido as
perseguições sofridas por parte dos latifundiários.
Em 1958 ele tenta novamente, criando uma associação de caráter beneficente com sede
na cidade de Sapé, cuja finalidade era propiciar assistência aos homens e mulheres do campo.
Com isso, ele mostrava que o movimento “não era coisa de comunista”, mas de camponeses
explorados que possuíam direitos e não só deveres. Assim, foi criada a Liga Camponesa de Sapé
com o nome de Associação dos Trabalhadores Rurais de Sapé, com a liderança de João
Teixeira, embora fosse presidida por Severino Barbosa.
Teixeira queria conscientizar os
camponeses de que estavam sendo
explorados pelos latifundiários e que a
única forma deles se libertarem dessas
amarras e opressão, era por meio da
união de todos. Claramente que muitos
tinham a consciência de que estavam
sendo explorados, mas eles se
encontravam em uma conjuntura era de
extrema violência e sujeição. Muitas
vezes, manter-se controlado e reprimido
era sinônimo de sobrevivência, pois
tinham poucas alternativas de
resistência, de enfrentamento aberto
com o patrão.
Assim, o papel da Liga, na verdade, João Pedro Teixeira, Elizabeth Teixeira e filhos.
foi de organizar esses trabalhadores Fonte: https://bityli.com/kVPER.
rurais e dar visibilidade as suas
reivindicações. Isso, de forma coletiva e não individual. João Teixeira sabia que somente
mobilizando o máximo possível de camponeses, conseguiriam ter força suficiente para
enfrentar os latifundiários.
A Liga Camponesa de Sapé se tornou o centro de todo o movimento camponês na Paraíba,
disseminando-se rapidamente por outros municípios da Zona da Mata e do agreste: Alhandra,
Areia, Mamanguape, Rio Tinto, Guarabira, Mari, Itabaiana, Alagoa Grande, Oitizeiro, Mulungu,
Alagoinha, Caiçara, Pedras de Fogo, Campina Grande e Santa Rita.
Por meio da Liga de Sapé, os trabalhadores rurais obtiveram diversos benefícios na área
da saúde, educação, nos direitos trabalhistas e no fim do cambão (espécie de trabalho gratuito
de dois ou três dias na qual o camponês tinha que se submeter ao dono da terra onde morava).
Por exemplo, os serviços de saúde no campo eram quase inexistentes e a Liga de Sapé conseguiu
trazer oito postos do SAMU para diversas cidades da Paraíba, principalmente para Sapé.
Na área da educação, a Liga tentou alfabetizar o máximo possível de camponeses, que na
sua grande maioria eram analfabetos. Alfabetizar o camponês era importante pois isso
significaria ter voz na política (analfabetos não podiam votar naquele período. Isso facilitaria a
luta por melhores condições de trabalho, bem como a possibilidade de se discutir a necessidade
de uma reforma agrária no país.
Sabendo dessa necessidade e importância, a Liga de Sapé tomou várias mediadas para
ensinar o camponês a ler e escrever. Para isso, contaram com o apoio da CEPLAR (Campanha
de Educação Popular) que utilizava o método Paulo Freire para alfabetizar homens e mulheres
do campo.
Enfim, a Liga Camponesa de Sapé surgiu da necessidade de organizar o trabalhador do
rural, para reivindicarem melhores condições de trabalho e pelo fim de sua expulsão de terras
onde residiam sem direito a nenhum tipo de indenização pelos anos trabalhados.
Por toda sua importância para o movimento, João Pedro Teixeira foi morto no dia 2 de
abril de 1962, ao retornar de uma viagem a João Pessoa (PB), por pistoleiros contratados por
latifundiários da região de Sapé.
EXERCÍCIOS
1. (2019 Banca: VUNESP Órgão: PM-SP Prova: VUNESP - 2019 - PM-SP – Soldado PM de 2ª
Classe) Observe o cartaz.
que enfrentar as tropas do governo federal sozinhos. Não resistiram por muito
tempo e foram derrotas.
2. (2005 Banca: FUNPAR Órgão: PM-PR Prova: FUNPAR - 2005 - PM-PR – Soldado Polícia
Militar) Sobre o Integralismo, é correto afirmar:
(A) Foi um movimento liderado por Plínio Salgado que combatia a democracia burguesa
(conforme a tradição liberal) e o comunismo, e defendia um nacionalismo fundado no
centralismo estatal, que comandaria a disciplina e a hierarquia entre os indivíduos.
(B) Teve papel fundamental na revolução de 1930 e foi constituído, entre outros, pelo
levante do Forte de Copacabana e pela Coluna Prestes, interessados em contestar a
ordem política da chamada república oligárquica e cafeeira.
(C) Refere-se ao movimento estético e ideológico liderado principalmente por Mário de
Andrade e Oswald de Andrade, cuja proposta era a ruptura com uma arte de influência
europeia acadêmica, fundando uma expressão artística original.
(D) Foi um movimento liderado pelo Partido Comunista Brasileiro e tinha como proposta
efetivar no Brasil uma revolução proletária.
(E) Trata-se de um movimento do catolicismo brasileiro que, imbuído das propostas
sociais da Rerum Novarum, propunha uma maior participação da Igreja na política social
do Estado brasileiro.
(2015 Banca: VUNESP Órgão: PM-SP Prova: VUNESP - 2015 - PM-SP - Aspirante da Polícia
Militar) Sua entrada em cena na história do Brasil começa em 1934, quando é destacada
para ajudar Luiz Carlos Prestes a retornar ao país e servir como sua guarda-costas.
Viajam, então, passando-se por marido e mulher e, quando chegaram ao Rio de Janeiro
em 1935, já eram de fato um casal. Após o fracasso do levante comunista no mesmo ano,
são ambos presos. Grávida de sete meses e separada de Prestes, Olga é deportada para a
Alemanha em 1936, e tem a filha alguns anos antes de morrer em um campo de
concentração. (Bruno Garcia, Uma explosão de estereótipos. Disponível em:
<http://goo.gl/o8cswu>. Adaptado) O levante citado no trecho foi utilizado como
pretexto para a:
(A) aliança do Brasil com o Eixo no contexto imediatamente anterior à Segunda Guerra
Mundial, o que provocou reação imediata dos EUA em busca do apoio do Brasil no
conflito.
(B) escalada autoritária que levou ao golpe do Estado Novo em 1937, tendo sido utilizado
como justificativa para a aplicação do mecanismo do estado de sítio por parte de Vargas.
(C) cassação do mandato de deputados e senadores eleitos pelo PCB no contexto do
governo constitucional, pondo fim à existência legal do partido que vinha desde a sua
fundação em 1922.
(D) restrição imposta aos trabalhadores de só poderem se organizar em sindicatos
controlados pelo Estado, neutralizando a ação política autônoma do movimento
operário.
(E) criação do Deops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social), que foi
organizado por Vargas com o objetivo de perseguir os movimentos políticos de oposição
ao governo.
são suspensas). Logo depois, Vargas deu um Golpe de Estado, assumindo o Brasil
ditatorialmente, justificando que o país deveria se proteger de uma suposta ameaça
comunista que pairava sobre o ar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEVEDO, Fernando Antonio. As Ligas Camponesas. Editora Paz e Terra: Rio de Janeiro, 1982.
CAMARGO, Rosiane; MOCELLIN, Renato. História em debate. São Paulo: Editora do Brasil,
2013.
JÚNIOR, Alfredo Boulos. História: sociedade e cidadania. São Paulo: FTD, 2013.