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t PETER TOMPKINS e CHRISTOPHER BIRD _ A VIDA SECRETA DAS PLANTAS CIRCULO DO LIVRO CIRCULO DO LIVRO S.A. Caixa postal 7413 So Paulo, Brasil digo integral Titulo do original: “The secret life of plants” ‘Copyright by Peter Tompkins ¢ Christopher Bird ‘Tradugao de Leonardo Froes ‘Capa de Alfredo Aquino, Composto pela Linoart Lida. Licenga editorial para Impresso ¢ encadernado 0 Circulo do Livro pela Abril S.A. por cortesia da Exped Cultural ¢ Industtiai_ Expansio Editorial S.A. Sio Paulo proibida a venda a quem 1976 nko pertenga ao Clrculo. a “Agradecimentos ...... Tntrodugio 2122. PARTE 1 — PESQUISAS MODERNAS ‘As plantas © a percepgio extra-sensorial . ‘As plantas podem ler sua mente ...... Plantas que abrem portas ..... ‘Visitantes do espaco .... . - Ultimas descobertas soviéticas |. PARTE Il — ProneiRos DOS MISTERIOS DAS PLANTAS A vida vegetal ampliada 100 milhdes de vezes .. . ‘A metamorfose das plantas... ‘Quando as plantas crescem para ihe Ne agradar © mago de Tuskegee . Bi "PARTE 1 — EM SINTONIA COM A MUSICA DAS ESFERAS A Vida harménica das plantas ............ | Plantas ¢ cletromagnetismo ...- ao “Os campos de forea, os homens e as plantas O mistério das auras vegetais e humanas “PARTE IV — FILHOS DA TERRA © solo: alimento bisico da vida ....... 05 produtos quimicos, as plantas e 0 homem Plantas vivas ou planstas mortos O§ alquimistas vegetais 3 PARTE V — A RADIANCIA DA VIDA yocira midges de plantas para a sade iticidas radidnicos fonte sobre matéria me 0 jardim do Eden - Os autores expressam sua gratido a todos os que ajuda- ma fazer este livro, que exigiu pesquisas intensas na Europa, Estados Unidos ¢ na Unido Sovi ‘Agradecem em especial aos bibliotecdrios da U. $. Li- of Congress, sobretudo a Legare H. B. Obear, chefe da fin Division, e a seus assistentes, Na Stack and Reader jon, agradecem a Dudley B. Ball, Roland C. Maheux, im Sartain, Lloyd A. Pauls © Benjamin Swinson, que Aycilitaram muito seu trabalho, ___-Agradecem ainda a Robert V. Allen, da Slavic and Cen- “al European Division, a Dolores Moyano Martin, da Latin “American Division, Library of Congress, ¢ a Lida L. Allen, ‘di National Agricultural Library, em Beltsville, Maryland. ‘Agradecimentos muito especiais sao devides dois cien- Aigtas moscovitas, o biofisico Dr. Viktor Adamenko, conhe- ido por suas pesquisas bioenergéticas, e 0 Prof. Sinikoy, ot de estudos da Academia Timiridzey de Ciéncias Agr ls, que pronta © gentilmente nos forneceram dados do nfveis nos Estados Unidos, como o fez Rostislav Donn, “tonselheiro comercial da Embaixada francesa em Moscow, , gtadecem finalmente as sss respctvas compas, Com excecio de Afrodite, nfo existe nada neste planeta is adorével que uma flor, nem nada mais essencial que planta, A verdadeira matriz da vida humana ¢ 0 relyado que se veste a Mae Terra. Sem plantas verdes. néo pode- Nos respirar nem comer. Um milhdo de lébios movedicos, face inferior de cada folha, cuida de devorar diéxido de ono e expelir oxigénio. Ao todo, cerca de 65 milhées de tros quadrados de superticie fol ite envolvidos nesse milagre da fotossintese, produzindo io ¢ comida para os bichos © o homem, _ Dos 375 bilhdes de toncladas de alimentos que consumi- "Ios por ano, a maior parte provém das plantas, sintetizada por ‘Glas, do ar ¢ do solo, com a ajuda da luz solar. O restante ido por produtos animais que, por sua vez, derivam das Através da dogura da fotossintese 6 que se tornam ‘a comida, a bebida, os inebriantes, as drogas © os re- jos que mantém o homem vivo e radiantemente saudavel, juando usados com acerto. Amidos, gorduras, 6leos, ceras, lose — tudo isso é produzido pelo aciiear. Do berco A multura, o homem recorre 2 celulose para a obtencio de bem como do papel no qual ensaia sua filosofia, xtraordindria quantidade de plantas usadas com. proveito jo homem 6 indicada por quase seiscentas paginas do Di- tiondrio de plantas econéricas de Uphof. A agricultura — 30 bom sabe.0 economista — é a base da riqueza de uma ntas, que sao satisfat6rias do ponto de vista espiritual, os ss humanos se sentem mais felizes e possuidos por maior estar quando convivem com a flora. Requisites indispen- eis & mesa, ou em festividades, sfo as flores, que acompa- la 0 nascimento, o casamento, a morte. Quer por ‘ou amizade, quer para agradecer a hospitalidade ou 9 homenagear uma pessoa, damos flores de presente. O que os jardins sito para as casas, embelezando-as, s40, para as cida- des € 05 paises, os parques e as reservas florestais. A primeira coisa que uma mulher pensa em fazer, para dar mais vida a tum cémodo, € enfeité-lo. com um vaso ou uma jarra de flores, E a maioria dos homens, se instados, € capaz de descrever 0 paraiso, seja no céu ou na terra, como um jardim repleto de orquideas luxuriantes © habitado por uma ninfa — ou as, ‘O dogma aristotélico de que as plantas tém alma, mas no sensagies, atravessou a Idade Média ¢ perdurou até 0 século xvtit, quando Carl von Linné, 0 grande pioneiro da botanica moderna, declarou que as plantas s6 diferem dos bichos e do homem por sua falta de movimento, conceito esse gue setia derrubado pelo famoso botiinico do século xix Char- les Darwin, 0 qual provou que cada gavinha est dotada de lum poder de movimento independente, Segundo Darwin, as plantas “sé adquirem ¢ exibem esse poder quando isso apre- senta alguma vantagem para elas”. No inicio do século Xx, um talentoso biélogo vienense com 0 nome gaulés de Raoul Francé lancou a idéia, chocante pata os fildsofos da natureza contempordneos, de que as plan- tas movem seus corpos com uma liberdade, tum desembarago © uma graga tio grandes quanto o homem ou o bicho mais capacitacdo — e que s6 nao apreciamos isso pelo fato de as plantas se moverem a um passo bem mais lento que o nosso. As raizes das plantas, disse Prancé, eseavam persctutan- temente a terra, os brotos © vergénteas giram em cfrculos definidos, as folhas ¢ flores vergam ¢ tremem com as mudan- ‘gas, as gavinhas se enroscam inquiridoras € se estendem com bracos fantésticos para sondar o ambiente. Apenas por nio se dar a0 trabalho de observa-las € que o homem julga as plantas desprovidas de movimentos ¢ sensagSes. Poctas e filésofos como Johann Wolfgang von Goethe ¢ Rudolf Steiner, que tiveram paciéneia de observar as plantas, descobriram que clas crescem em direcdes opostas, penetran- do por um lado no solo, como que atraidas pela gravidade, € irrompendo, por outro, pelos ares, como que puxadas por alguma forma de antigravidade, ou levitagéio. Radiculas vermiformes, que Darwin comparou a um cé- ebro, valem-se de finos filamentos brancos para escavar cons- 19 litemente para baixo, aglomerando-se firmemente no solo Wando-o A medida que avancam. Pequenas cimaras ocas, ais uma bola de amido pode retinir, indicam as pontas a diregio da forga de gravidade, ‘Quando a terra esta seca, as raizes se voltam para um ‘caso da alfafa, ou desenvolvendo uma energia capaz de jrar 0 concreto. Ninguém ainda contou as raizes de uma ore, mas o estudo de um Gnico pé de centeio indica um de mais de 13 milhdes de radiculas com uma extensio mijunta de cerca de 608 quilémetros. Nessas radiculas de tsi encontram-se delicados filamentos cujo némero é es wd. em cerca de 14 bilhdes € cujo comprimento total anda yolta dos 11.000 quilémetros, ou seja, quase a distancia um pélo ae outro, __ A medida que se gastam em contato com pedras, seixos ‘grandes graos de areia, as. células especiais de escavacio fapicamente substituidas por células de idéntica natureza. fas clas morrem quando atingem uma fonte nutritiva, ¢ sio tituldas ent4o por células destinadas a dissolver sais mi- is ¢ coletar 05. elementos resultantes, Essa nutsigao fun- ental ascende de célula em célula através da planta, a qual pnstitui uma unidade singular de protoplasma, a substancia ‘A raiz é assim uma bomba de dgua, com a Agua agindo no um solvente, universal, elevando elementos da raiz & evaporando © voltando & terra para de novo. ser 0 meio a cadcia vital. As folhas de um modesto girassol sio ca- de eliminar num dia a mesma quantidade de dgua que homem transpira. E uma Gnica bétula, num dia quente, absorver até 380 litros, exsudando através de suas folhas refrescante umidade. _ Nao hi planta que seja uma coisa estdtica; todo cresci- Inento é uma série de movimentos; as plantas esto constan- ile preocupadas em vergar, em tremer e dar voltas. que faz a afitmacio, descreve um dia de veréo com ilhaxes de bracos polipdides que se estiram de uma latada lila, agitando-se, tremendo em sua ansia de encontrar 10 suporte para os ramos pesados que crescem por trés los, Vinte minutos depois de achar um pouso, a gavinha, descreve um citculo completo em 67 minutos, comeca a u contomar o objeto; dentro de uma hora, sua adesito jé € tao firme que seré dificil desprendé-la, A gavinha se enrasca entao como um saca-rolha, erguendo, ao fazé-lo, toda a planta. Uma planta trepadeira que precise de escora se arrastaré para o suporte mais proximo. Se este for mudado de lugar, dentro de poucas horas a planta desviard seu trajeto, passando seguir na nova direcSo. Serd que ela pode ver a escora? Seré que a sente, de alguma misteriosa maneira? Uma planta que cresce entre obstaculos ¢ fica impossibilitada de ver um Suporte em potencial desenvolve-se em direcdo a um suporte cculto, evitando a drea que nao corresponde A sua Ansia. As plantas so capazes de intento, garante ainda Francé: procuram ou se estendem em direcéo ao que querem de ma- neiras to intrigantes quanto as mais fantdsticas criagdes r0- manescas. Longe de levarem uma existéncia inerte, os seres vegetais — 9U 0 que Os antigos helenos chamavam de botdne — pa- recem capazes de perceber e reagir 20 que acontece em seu ambiente a um nivel de sofisticacio que ultrapassa em muito ‘0 dos homens. A orvalhinha ou rosela agarra moscas com uma precisdo infalivel, movendo-se na diregdo exata onde se encontram as presas. Algumas plantas parasitas, por seu turno, reconhecem © mais sutil vestigio de odor de suas vitimas & so capazes de transpor todos og obstdculos para se arrastar até elas, As plantas parecem saber quais as formigas que surri- piam sou néctar, fechando-se quando elas andam por perto € s6 se abrindo quando o aciimulo de orvalho em scus caules € o bastante para impedir que tais formigas o escalem. A acdcia, mais sofisticada, recorte inclusive aos préstimos de certas formigas, retribuindo-lhes em néctar a protecao que & por elas dada contra outros insetos ¢ mamiferos herb{voros, Ser por simples acaso que as plantas assumem formas especiais para adaptar-se as idiossinerasias dos insetos que as deverdo polinizar, engodando-os com cores ¢ fragrincias especificas, retribuindo-Ihes com seu néctar preferido, arqui- tetando uma rede extraordinéria de canais ¢ toda uma maqui- naria floral onde possam manter presa uma abelha, como perfeitas armadilhas, para s6 a liberar quando o processo de polinizaco se completa? Serd por simples reflexo ou coincidéncia que uma planta como a orquidea Trichoceros parviflorus desenvolve suas pé- 12 WW de modo a imitar a fémea de uma espécie de mosca, 'd0- com tal perfeicao que o macho tenta acasalar-se a Bll e nesse exato momento a poliniza? Serd ainda por acaso io brancas, exercendo assim uma maior atragio sobre “Mariposas ¢ borboletas noturnas, as flores que desabro- nA noite e exalam ao creptisculo um odor mais intenso, | que a Iris foctidissima cheira a carne podre apenas em ‘onde ocorre uma profusio de moseas, enquanto as flores }confiam ao vento a polinizacdo cruzada das espécies limi se a uma aparéncia relativamente modesta, em vez de yperdicarem energia para fazerem-se belas, perfumadas ou mentes para os insetos? Para protegerem-se, as plantas desenvolvem espinhos, um fo amargo ou secrecSes gomosas que capturam ¢ matam Jinsetos hostis. A recatada malicia ou dormideira (Mimosa dispde de um mecanismo que reage toda vez que um fouro, uma lagarta ou uma formiga se atrasta por seu caule directo as folhas delicadas: tho logo exercida uma pressio Goiitra seus Srgos sensitivos, os pediinculos se abaixam, as se recolhem, como se murchassem, e esse inesperado Movimento, quando néo Janga o intruso fora, obrige-o a bater retirada, Em terras pantanosas, incapazes de encontrar nitrogénio, mas plantas devoram, para o obter, criaturas vivas, Hd is dé quinhentas variedades de plantas carnivoras, a cujo convém as cares de sabor mais distinte, quer de , quer de seres mais fartos, © que se valem de infini« fardis para capturar suas presas, desde tentéculos a ‘viscosos ou engenhosos alcapdes afunilados. Os tenté- los das plantas carnivoras no sio apenas bocas, mas tam- M estémagos sustentados por esteios que se destinam a fate devorar a presa, digerindo a carne e o sangue © no ido nada sendo um esqueleto. _,, orvalhinha ou rosela, que devora insetos, ndo liga para (0%, particulas de metal ou outras substincias estranhas as em suas folhas, mas sem demora percebe o que hé de itive num pedaco de carne. Darwin descobriu que essa ilinta pode ser excitada quando sobre ela 6 posto um fio de pesando apenas 1/78000 de um grio. Uma gavinha, ‘eonstitui com as radiculas a parte mais sensivel de uma nia, se curva quando um fio de seda, pesando apenas 00025 de um. grama, € atravessado sobre ela. A engenhosidade das plantas em arquitetar formas ex- ede em muito a dos engenheiros. As estruturas criadas pelo homem nao se comparam 4 eapacidade de resisténcia dos longes tubas ocos que suportam pesos fantdsticos contra tem- Porais violentos. O uso de fibras espiraladas pela planta € um mecanismo que dificilmente se rompe e para o qual a inven- tividade humana ainda nao enconirou um correspondente a altura. As células se alongam como salsichas ou tiras que se prendem umas as outras para formar um cordio quase indes- trutivel. Uma drvore engrossa a medida que cresce, cientifi- camente, para suportar maior peso. © eucalipto australiano pode erguer-se sobre um tronco. fino até 144 metros acima do solo, ou to alto quanto a Grande Pirdmide de Queops, e hd nogueiras capazes de agtien- tar até 100000 nozes. A sanguindtia ou corriola-bastarda, por sua vez, mostra-se perita em dar nbs que, depois de secos, ficam 140 apertados que arrebentam, impulsionanda as se- mentes para que elas germinem o mais longe possivel da planta-mie. As plantas se revelam perceptivas mesmo quanto a orien- taco ¢ ao futuro. Habitantes da fronteira © cacadores dos Prados do vale do Mississipi descobriram que as folhas da chamada planta-béissola (Silphium laciniatum), da mesma {a- Inilia do girassol, indicam 03 pontos cardeais. O alcacuz-in- diano ou jequiriti (Arbrus precatorius) 6 tao acentuadamente sensivel @ todas as formas de influéncias elétricas & magnéti- cas que chega a ser usado como planta-barémetro. Os primei- 108 botnieos que o utilizaram em experiéncias, nos Kew Gardens de Londres, consideraram-no um meio para previsio de ciclones, furacdes, tornados, tertemotos © erupgaits vul- cAnicas, Precisas como sio quanto as estagies, as flores alpinas sabem quando a primavera se aproxima © abrem caminho através das derradeiras camadas de neve, desenvolvendo seu proprio calor para fundi-las. Reagindo com tal preciso, presteza e diversidade a0 mundo exterior, as plantas, no entender de Francé, devem ter algum meio de se comunicar com esse mundo, algo compa- ravel ou superior aos nossos sentidos. Francé insiste em que as plantas estdo constantemente: observando ¢ registrando acon- tecimentos e fenmenos sobre os quais o homem — ‘Preso em 14 visio antropocéntrica do mundo, que Ihe ¢ subjetivamente welada por seus cinco sentidos — nada sabe, Malgrado terem sido vistas, quase universalmente, como nsiveis autématos, as plantas sio agora consideradas ca- pizes de estabelecer distingZo entre sons inaudiveis para 0 yomem, bem como entre cores que correspondem aos com- mentos de onda do infravermelho ¢ do ultravioleta ¢ que Nossa Viso no capta; séo especialmente sensiveis aos raios € A alta freqiiéncia da televisao. Francé diz ainda que todo o mundo vegetal vive em lintonia com os movimentos da Terra, da Lua e dos demais tas do sistema solar — ¢ que um dia hd de se demons- far que cle é também afetado pelas estrelas ¢ outros corpos estes. Como a forma externa de uma planta se mantém uni- “Udria ¢ ¢ restaurada toda vez que uma parte vem a ser des- | (hifda, Francé presume que exista alguma entidade conseiente “Wupervisionando a integridade da forma, alguma inteligéncia Wirigindo a planta — seja de dentro, seja de fora. Ha mais de um século ¢ meio, Franeé, que concedia as ‘plantas todos 03 atributos das criaturas. vivas, inclusive ‘a FeAcio mais violenta contra os desmandos e a gratidio mais Wudente pelas atencdes”, poderia ter escrito um A vida secreta Was plantas. Mas 0 que ele chegou a publicar foi bastante Ser ignorado pelo establishment, quando no considerado ticamente chocante. O que maior desagrado cawson foi “Mia hipStese de que a percepgao das plantas pode ter origem ium ES supramaterial de seres odsmicos a que os sibios "hindus se referiram como “devas”, muito antes do nascimen- 1 de Cristo, e que — como fadas, elfos, gnomos, silfides & ja multidao de outras criaturas — foram objeto de visio ireta e experiéncia para clarividentes ativos entre os celtas ‘outros intuitives, Aos estudiosos da vegetagéo da época, a ja pareceu uma maravilha insfpida, inevitavelmente to- itica. Foi preciso chegar as surpreendentes descobertas feitas Of varios investigadores, na década de 1960, para que o wwndo das plantas voltasse a despertar a atengdo da huma- iidade. Mesmo assim ainda hé cSticos que custam a acreditar “(jue s plantas possam ser enfim as damas de honra de um “thsamento da fisica com a metafisica. Ha agora evidéncias em apoio da vistio do poeta e do 15 lésofo, qual s¢ja, a de que as lantas — criaturas que vivem, : ne se eran oie dotadas de personalidade e dos atributos da alma. $6 nossa cegueira. foi que nos fez jnsistir em considerd-las aut6matos. E mais extraordindrio ainda & patentear-se agora que as plantas podem se mostrar capazes, propensas ¢ decididas a cooperar com a humanidade na tarefa herculea de reconverter este planeta num jardim, a partir da sordidez e da putrefacdo que tipificam 0 que 0 eco- ‘jogista pioneiro da Inglaterra, William Cobbett, chamaria de excrescéncia”. Parte I PESQUISAS MODERNAS ‘As plantas © a percepcdo extra-sensorial A janela empoctirada do edificio — que dava para 1 Square, em Nova York, e abrigava exclusivamente escri — tefletia como um espelho uma cena inusitada do Pais das Maravilhas. Mas nao se via o Coelho Branco com seu colete e seu reldgio de bolso; via-se um homem de orelhas de elfo, chamado Backster, com uma planta comum de interior, cha- mada Dracaena massangeana, ¢ um galvanémetro. © galva- nometro estava ali porque Cleve Backster era o mais eximto especialista americano em deteccao de mentiras; a dracena, or iniciativa de sua secretdria, a quem parecera que o Arido escritério reclamava um toque verde; e o proprio Backster, devido a um passo decisivo, dado na década de 60, que -afetou radicalmente sua vida © pode, de igual modo, afctar o planeta. Noticiadas com destaque pela imprensa mundial, as ex- travagancias de Backster com suas plantas deram motivo a charges e gozagGes de todo tipo; mas a caixa de Pandora que e abriu para a ciéncia talvez nunca mais se feche. Sua des- ‘coberta de que as plantas parecem ser sencientes causou _reagSes fortes e variadas em todo o mundo, a despeito do fato de Backster jamais se ter arrogado uma descoberta, mas sim, apenas, a lembranga de uma coisa sabida — e esquecida Acertadamente ele evitou publicidade ¢ se concentrou em estabelecer a absoluta autenticidade cientifica do que passou _ @ Ser conhecido como 0 “efeito Backster”. A aventura comecou em 1966. Backster passara a noite m sua escola para operadores de poligrafos, onde ensina a ca de deteccdo de mentiras a policiais € agentes de se- de todo o mundo. Num impulso stibito, decidiu colo- elétrodos de um dos seus detectores sobre uma folha ‘dracena. Planta tropical que lembra vagamente uma pal- com folhas grandes e um denso cacho de flores mitidas, rconhecida como arvore-do-dragao (do latim m virtude da crenga popular de que sua resina con- 17 J Et ‘ster estava interessado em saber tém sangue de dragic. Barker ov folha seria afetada pela em quanto tempo € de que mi = Nees ae ane subia pelo caule sedento, o galva- németro, para surpresa de Backster, néo indicava a menor resisténcia, contrariando assim © que se ia de esperar, dada a maior condutibilidade elétrica da planta umida. Em vez de ir para cima, @ ponta que tragava © grafico tendia mais a descer, gerando ainda com freqiiéncia uma linha bem serri- thada. © galvandmetro € a parte de i poligrifico que, quando ligada a um ser humano por fios que conduzem uma baixa corrente elétrica, faz com que uma agu- Jha se mova ou uma ponta trace um grafico num papel qua- driculado mével, em sta a imagens mentais ou as mais tis oscilagdes x i nofou-se que as plantas reagiam as tensdes emocionais de sua dona, de modo inequiveco, toda vez que o avido se pre- parava para aterrissar. eae: Para certificar-se do que podera ocorrer a distancias bem maiores — a milhdes de quilémetros —, para ver seo espaco se converte em limite para a “percepcao primaria” das plantas, Backster gostaria que os pesquisadores de Marte colocassem uma planta com um galvanémetro nesse planeta, ou préximo a cle, permitindo assim observar por telemetro a Teagdo da me y pee Pe planta as alteracdes emocionais Tegistradas em seu dono na Terra. Considerando que sinais de radio ou TV telemetrados — \ansportados por ondas eletromagnéticas a velocidade da luz — levam de seis a seis minutos & meio para chegar a Marte © tempo igual para yoltar A Terra, a Questo. sera saber se ‘um sinal emocional de um ser humano alcancaraé Marte mais depressa que uma onda eletromagnética ov, como suspeita Backster, no mesmo instante. em que for emitido. Se o tempo GF ida e volta de-uma mensagem telemetrada fosse reduzido ‘Emetade, haveria uma indicacao de que as mensagens men- {ais Ou emocionais operam fora do tempo, tal como o con- Sebemos, ¢ além do espectro eletromagnético. “Hi fontes filoséficas do One sataie mados: lente que nos mantém infor- ee 2 hipstese de uma contunieache extratemporal”, ne iis fontes. afirmam que o universo $@ ‘Ponto, nfo poten e: 3 €8e equilfbrio se desfizer em algum Serenata? Poderemos ‘sperar uma centena de anos-luz part : "malia Gcorrigivla, A comunicagio extratemporals de Times Square, essa espécie de concregdo unitaria de todas as coisas vivas, poderia ser a resposta para o problema em pauta,” Backster nao sabe ao certo que tipo de onda energética conduz até uma planta os sentimentos ou as idéias de um homem. Qcorreu-lhe isolar completamente uma planta, ser- vindo-se ora de uma caixa farddica, ora de um recipiente de chumbo. Mas nem aquela nem este tiveram condigdo de inter- ceptar ou obstruir o canal de comunicagao existente entre a planta e o homem. Backster deduziu entao que a onda por- tadora equivalente, seja cla qual for, deve operat de algum modo além do espectro eletromagnético, bem como num sen- tido decrescente — do macrocosmo para o microcosmo. Um dia, ao cortar acidentalmente um dedo ¢ se tratar com iodo, Backster notow que a planta entéo submetida ao poligrato reagiu de imediato, aparentemente afetada Por esse fato banal — a morte de algumas células digitais. Se bem que tal reacdo pudesse ter sido causada pelo estado emocional do préprio Backster, quando ele vira seu Sangue, ou ainda pelo cheiro forte do iodo, o Pesquisador nao (ardou em des- cobrir que um mesmo padrio se repetia no grafico sempre que uma-planta testemunhava a morte de tecidos vivos, Poderia a planta, a um nivel tao minimizado,.ser sensivel @ todo processo de morte celular que ocorria em seu meio ambiente? © padrao tipica Teapareceu, em outra ocasiio, quando Backster Se preparava para tomar uma poredo de iogurte, Intrigado a Principio, le acabou se dando conta de que o Presunto que misturara ao jogurte continha um. preservativo quimico que pouco & pouco exterminava os bacilos vivos Sxistentes no ultimo. Outro padrao inexplicdvel no grafico foi finalmente esclarecido ao evidenciar-se que as plantas Feagiam também a agua quente que escorria pelo encanamento edava morte as bactérias do esgoto, © consultor médico de Backster, Dr. Howard Miller, um citologista de Nova Jersey, concluiu que uma espécie de lk Seat ee ser comum a toda a vida. Ta explorar essa hipotese, Backster descobriu um meio de conectar elétrodos a diferentes tipos de células, recorrendo polmebas, paramécios, lévedo, culturas de mofo, raspas da boca humana, sangue e mesmo esperma, Controlados pelo vate, todos deram origem a graficos tao interessantes °$ Produzidos pelas plantas. Uma Sagacidade espan- 25 tosa foi revelada pelas células de esperma, ee Cie arate! de identificar seus doadores, reagindo a presenga bad Es iio a de outros homens. Tais observagoes leva- coe ete eine espécie de memoria total possa integrar ae cdula ¢, por inferéncia, que 0 cérebro seja Hens um mecanismo comutador — € nao necessariamente um orgao de armazenamento de lembrancas. E “A senciéncia”, diz Backster, “nado parece interromper ao nivel celular, E provavel que desga ao molecular, ao até- micoe mesmo ao subatémico, Todas as coisas ja convencio- nalmente tomadas por inanimadas podem nos impor agora sua reavaliagdo.” x 3 fore Convencido de perseguir um fendmeno de importancia fundamental para a ciéncia, Backster estava ansioso para pu- blicar suas descobertas numa revista especializada, expondo-as assim & verificagao critica de outros cientistas. A metodologia cientifica requer que uma rea¢io registrada seja repetida por outros cientistas, em outros locais, um mimero adequado de vezes. E isso tornava o problema mais dificil. Antes de mais nada, Backster descobrira que as plantas 380 capazes de logo acostumar-se tanto a determinadas pes- soas que nem sempre é possivel obter exatamente as mesmas Teagoes com diferentes experimentadores. Incidentes como o “desmaio” ocorrido perante o fisiologista canadense davam as vezes a impressao de que o “efeita Backster", na verdade, era pura invencionice. © envolvimento pessoal, ¢ mesmo 90 conhecimento prévio da hora de realizagao de uma experién- ‘la, nao raro davam motivo de sobra para que uma planta invocasse” e decidisse no cooperar. Isso levou Backster 4 Sonclusio de que bichos submetidos a uma cruel vivisseccao talvez captem os intentos de seus torturadores ¢ assim pro- uzam para si — apenas para terminar com o suplicio © ‘mais Tapidamente Possivel — os prdprios efeitos desejados- Socineena que, mesmo quando ele e seus colegas. tits salng sae discutiam um projeto qualquer, as plantas, temente pean” Podiam ser afetadas pelas imagens aparen- Ti geradas por sua troca de idéias, conceber irae imate clara para Backster a necessidade de humane, O opesbetiéncia isenta de qualquer envolvimento fetats © Posen tea 6 ser todo atomatzado, Pe sel & experineia perf aperteicoar o equipamento indispen- wpenacia perfeita, Backster leyou dois anos ¢ meio 26 e consumiu varios milhares de d6lares, fornecidas em parte pela Fundacio Parapsicologica, imstituigao entao presidida pela falecida Eileen Garrett, Diversos cientistas, especializados em diferentes disciplinas, sugeriram um elaborado sistema de controles experimentais, O teste finalmente escolhido por Backster foi matar cé las vivas, com um mecanismo automatico, num momento casual em que ninguém se encontrasse no escritério ou em suas proximidades, e ver se as plantas reagiam. Camarées de agua salgada, da variedade vendida como alimento para pceixes tropicais, foram selecionados por ele como vitimas sacrificiais. Era importante para o teste que as vitimas demonstrassem grande vitalidade, pois ja tinha sido notado que o tecido malsao ou a caminho da morte nao mais age como um estimulo remoto, nao mais transmite mensagens de qualquer tipo que seja. Verificar se os camaroes estdéo em boa forma é relativamente facil: em condigdes normais, os machos dedicam metade de seu tempo a cagar e a cobrir as fémeas. O dispositive incumbido de liquidar esses playhoys mari- nhos consistia de uma pequena tigela que deveria despeja-los, automaticamente, numa panela de agua fervendo. Um pro- gramador mecanico acionaria o dispositive num momento selecionado ao acaso, impedindo assim que Backster ou seus assistentes tivessem conhecimento da hora exata da ocorrén- cia, Considerando-se a eventualidade de a prdpria acao do mecanismo ser registrada nos graficos, previu-se a colocacdo de Outras tigelas, sem camardes, que em momentos variados deveriam despejar apenas certa quantidade de dgua. __ Cada qual ligada a um galvandmetro, trés plantas fica- Tiam em salas separadas. Um quarto galvanémetro, ligado a uma resisténcia de valor fixo, indicaria as possiveis variagoes causadas por intermiténcias no fornecimento de energia ou Por perturbacoes eletromagnéticas ocorridas perto ou dentro da area da experiéncia, A mesma luz © uma temperatura uniforme seriam mantidas para todas as plantas, as quais, vindas de uma fonte exterior, por precaugao adicional, quase hao seriam manuseadas e esperariam a hora da prova em Zonas delimitadas com antecedéncia. Devido a suas folhas grandes ¢ vistosas, capazes de nao sofrerem prejuizo com a pressio dos élétrodos, foram selecio- nadas para a experiéncia plantas da espécie Philodendran 27 Diferentes exemplares dess@ espécie seriam sub- datum. ferent! : ; mets a sSIVOS: an verndculo cientifico, a hipé- ae a de que existe uma tese que Backster pretett definida na vida das plantas, one al pote seri de esti rs le percep- ai demonstrar essa capacied damente locale Pcomprover que a oe ae lentes ae ente do envolvimento 5 funciona i semen mostraram que as plantas a Ss it nizadamente a mo! ee fore ao. BO sistema antomatizado de controle, a Se por ‘ontros cientistas, indicou que essa reagao eee ‘consistentemente na proporgao de cinco para ibilidades do acaso- ‘sane a oe aaa pormenorizada de toda a experiéncia ¢ ensaio cientifico publicado, no seus resales et eg do The International Jounal of Parapsychology, ‘com o titulo de “Evidéncia sobre a per- ao primaria na vida vegetal”. Competia agora a outros cientistas verificar se seriam capazes de tepelir a experiencia de Backster ¢ obter os mesmos resultados. Mais de 7000 cientistas mostraram-se interessados em reimpressoes do texto sobre a pesquisa original de Backster. Em mais de vinte universidades norte-americanas, nao so cientistas, como também estudantes, revelaram-se dispostos a repetir as experiéncias de Backster, tao logo pudessem obter @ equipamento necessario!. Algumas fundacoes inclinaram-se a financiar novas pesquisas. A grande imprensa, que a prin- cipio ignorara o ensaio de Backster, deixou-se possuir por uma febril excitacdo sobre 0 caso a partir do momento em = a National Wildlife assumiu o risco de publicar, em vereito de 1969, um artigo pioneiro. O fato despertou tanta atengao, em todo o mundo, que secretdrias e donas-de-casa Somegaram 2 conversa com suas plantas e o nome Dracaena ‘mastangeana se tomnou familiar. ‘0 que mais intrigava os leitores era a idéia de que um relutou emi divulgar os nomes e locais dessas universidades, s expor se iiramlios, até que tenham realizado Posam revelar suas conclusces, com tode deragao, 2 qe melhor thes Mia carvalho tremesse & aproximagao de um lenhador ou que uma cenoura entrasse em panico quando visse um coelho. Julgan- do por seu turno que as aplicagies do “efeito Backster” ao diagnéstico médico, & investigagdo criminal ¢ a campos como a espionagem eram por demais fantasticas, os editores da National Wildlife preteriram nao mais tocar no assunto. 'A revista Medical World News, em 21 de marco de 1969, comentou que finalmente as pesquisas sobre a percepgao ¢x- tra-sensorial podiam encontrar-se “na iminéncia de conquistar a respeitabilidade cientifica que os estudiosos dos fendmenos psiguicos procuram em vio, desde 1882, quando foi fundada em Cambridge a Sociedade Britanica de Pesquisas Psiquicas”. William M. Bondurant, um executivo da Fundagio Mary Reynolds Babcok, sediada em Winston-Salem, na Carolina do Norte, concedes uma ajuda de 10000 délares para que Backster conlinuassé suas pesquisas, comentando: “Seu tra- balho indica a possivel existencia de uma forma primaria de comunicacéo instantanea entre todos os seres vivos, a qual transcende as leis fisicas atualmente conhecidas por nds, ¢ jsso merece uma investigagio mais’ cuidadosa’’. Backster foi assim capaz de investir em equipamentos mais caros, inclusive eletrocardiégrafos ¢ eletroencefalégratos. Esses aparelhos, usados normalmente para medir as emissoes elétricas do coragdo e do cérebro, apresentavam a vantagem. de nao fazer com que a corrente passasse pelas plantas, limi- tando-se a registrar a diferenga em potencial descarregada por elas. O cardiégrafo capacitou Backster a obter leituras mais sensiveis que as do poligrafo, o encefaldgrafo deu-lhe resultados dez vezes mais fiéis que os daquele. Um fato casual haveria de leva-lo a um campo de pes- quisas totalmente diverso. Uma tarde, ao quebrar a casca de um ovo cru que pretendia dar a seu Doberman pinscher, notou que uma das plantas ligadas a poligrafos manifestara uma reagao vigorosa. Na tarde seguinte, observou a repetigao do fato. Curioso para descobrir © que o ovo poderia estar sentindo, Backster ligou-o a um galvanédmetro ¢ uma vez mais Se pos a escuta. Durante nove horas, obteve um grafico pormenorizado do ovo, cuja freqiiéncia — situada entre 160 ¢ 170 batidas Por minuto — correspondia ao ritmo cardiaco de um em- brido de galinha j4 com trés ou quatro dias de incubacao. © ovo em questdo, no entanto, tinha sido comprado na 29 5 a i a dia estar fertilizado. Mais ae aa eae Sena Backster surpreendcu- oes Se as nao continha nenhum tipo de estrutura ge 80) VEE pei 4 qual atribuir a pulsacdo. Esse pesquisador Lae ional, uma vez mais, parecia ir ter a um campo see ea sual fora dos limites de nosso conhecimento ee aie sobre o mundo em que acabara de ingressar foi dada a Backster pelas surpreendentes experién- cias no campo enerpético realizadas com plantas, arvores, seres humanos ¢ até. mesmo células, na Escola de Medicina de Yale, nas décadas de 30 < 40, pelo falecido Prof. Harold Saxton Burr, expericncias essas que sO agora comecgam a ser reconhecidas ¢ compreendidas. s A-essa allura, Backster abandonou temporariamente suas experiéncias com plantas para explorar as implicagdes de suas descobertas sobre o ove, as quais, a0 que tudo indicava, pode- riam interessar de perto 4s pesquisas sobre a origem da vida — ¢ dio assunto de sobra para um novo livro As plantas podem ler sua mente Enquanto Backster desenvolvia suas experiéncias no leste dos Estados Unidos, um diligente pesquisador quimico, em- prégado da International Business Machines em Los Gatos, na California, era desafiado a dar um curso sobre “‘criativi- dade” para engenheiros ¢ cientistas de 1BM. S6 depois de ter eraie @ incumbéncia foi que Marcel Vogel se deu conta de te ances Certas questoes nao the saiam da cabeca: a ir criatividade? © que é uma pessoa criativa? Para Sells ra elas, Vogel, que durante anos estudara para ser : ean oe ‘pos-Se a escrever um roteiro para doze se- ae s horas que, no seu entender, representariam eo definitive para seus alunos, inham comenne? 9° Proprio Vogel no reino da criatividade ee nea "ado quando, em erianca, ele s8€ mostrou ansioso eae So pee ee aa Encontrando ae phe umilescéncia nas biblictecas, Vogel infor- . EISIA mle ule perio esereverin amr live cone © tema. Dez anos mais tarde, Luminescéncia nos liquidos e nos ‘sélidos e sua aplicacéo prdtica era publicado por Vogel em colaboragdo com o Dr. Peter Pringsheim, da Universidade de Chicago. Dois anos depois, Vogel constituia em San Fran- cisco sua propria firma, chamada Vogel Luminescence, a qual se tornaria lider no campo. Em quinze anos de ativi- dade, a firma desenvolveu uma in: ade de novos produtos: a cor vermelha vista nas telas de televisio, crayons fluores- centes; rotulos para inseticidas; um aparelho a base de “luz negra” para determinar, pela inspecio de sua urina, a pista secreta de roedores em pordes, esgotos, corticos; ¢ as cores psicodélicas popularizadas pela moda dos posters. Em meados da década de 50, cansado de suas tarefas administrativas rotinciras, Vogel vendeu a companhia e passou a trabalhar para a 1BM. Ai foi capaz de se dedicar integral- mente a pesquisa, estudando fenémenos magnéticos, aparelhos 6ptico-elétricos e sistemas de cristais liquidos, desenvolvendo © patenteando invengoes de significagdo fundamental para a armazenagem de informagao em computadores ¢ recebendo prémios que adornam as paredes de sua casa em San José. © momento decisivo no curso sobre criatividade dado por Vogel na 1BM surgiu quando um de seus alunos Ihe deu um. exemplar da revista Argosy com um artigo sobre o tra- balho de Backster intitulado “As plantas tém emogées?”. A primeira reagéo de Vogel foi jogar a revista no lixo, convencido de que Backster era apenas mais um charlatao com o qual nao valia a pena perder tempo. A idéia, no entanto, ficou martelando em sua cabeca. Alguns dias depois, Vogel releu cuidadosamente o artigo e sua opinido mudou por completo. ___ Lido em yoz alta para os participantes de seus semina- NOs, 0 artigo suscitou gracejos e curiosidade. Mas, finda a discérdia, chegou-se 4 decisao undnime de fazer experiéncias com plantas. No mesmo dia, um aluno telefonow mais tarde _ Vogel, comunicando-lhe que o ultimo niimero de Popu- oe se referia ao trabalho de Backster e incluia ee de um instrumento chamado “psicanalisador”, “aptava ¢ amplificava as reacdes das plantas e podia ser eed de 25 délares. ‘ hu sua turma em trés grupos e desafiou-os a fepetir algumas das realizagoes de Backster, Ao terminarem 8 seminarios, nenhum dos grupos tinha conseguido éxito. 31 omunicou que chegara a al- Por sua vee, £8 es Backster, passando a demons. guns dos Te pressentem quando vao ter suis folhas trae eee ee reagem aflitas a ameagas OU a alos reais aTFANC ROR? mo serem queimadas ou desenraizadas — de vi Bee ree ‘Vogel se indagava por que Taza0 s6 ele cometides ce 6. Quando garoto, demonstrara interesse por obtivera a a explicar 0 funcionamento da mente code a i de devorar livros de magica, espiritualismo ee fipn a, chegara a dar demonstragoes publicas como um hipnotizador adolescente. : a Vogel deixara-se fascinar particularme! te pela teoria de Mesmer sobre a existéncia de um fluido w versal cujo equi- librio ou desajuste explicaria a saude ¢ as doengas, pelas idéias de Coué sobre a auto-sugestao ¢ sua relagao com o parto sem dor ¢ 0 auto-aperfeicoamento, pelos postulados de varios autores sobre a “energia psiquica”, um termo popu- larizado por Carl Jung, © qual, embora diferenciando-a da energia fisica, acreditava-a incomensurdvel. ‘Vogel supds que a “energia psiquica”, caso realmente enistisse, deveria ser armazenavel como as outras formas de energia. Mas em qué? Olhando as numerosas substancias quimicas enfileiradas nas prateleiras de seu laboratorio na 1M, cle se perguntava qual delas poderia ser usada para ‘conter tal energia. Em seu dilema, recorreu a uma amiga espiritualmente bem desenvolvida, Vivian Wiley, a qual examinou as subs- tancias postas diante dela e declarou que, no seu entender, nenhuma era capaz de oferecer solugao para o problema de Vogel. Este sugeriu 4 amiga ignorar as idéias preconcebidas que ele tinha sobre as substincias quimicas e langar mao de qualquer coisa que porventura a intuicio Ihe ditasse. Vivian Wiley pegou duas folhas de uma saxifraga, colocando uma delas em sua mesa-de-cabeceira e a outra na sala. “Todo dia, quando me levantar’, informou a Vogel, “vou olhar para a folha que esta na minha cabeceira e pensar positiva- pees Para que ela continue a viver; mas ndo darei atengao oath, Vamas Yer‘e ave acontece.” cea leyause fees Vivian pediu a Vogel que fosse a sua Sa ¢ levasse uma méquina para fotografar as folhas. Vogel Falta eat Mo que viu. Flacida ¢ jé toda amarelada. 0 : Aique sua amiga nio dera atencdo comecava a desinte- grarse. Mas a outra ainda estava verde ¢ radiantemente Eneia de vida, como se acabasse de ser trazida do jardim, Algum poder parecia desafiar as leis naturais, mantendo a falha em estado saudavel. Interessado em saber se seria capaz de chegar aos mesmos resultados que sua amiga, Vogel apa- nhou trés folhas de um olmo defronte de seu laboratério, vando-as para casa ¢ colocando-as numa placa de vidro ao lado de cama. Diariamente, antes do café, Vogel fixava o olhar.nas duas folhas da beirada, exortando-as com carinho a permanece- rem vivas; mas ignorava por completo a folha que pusera no centro. Dentro de uma semana, ela ja estava seca, As outras duas, ainda verdes, apresentavam porém uma aparéncia sauda- yel. Para maior surpresa de Vogel, 08 pedtinculos das folhas vivas pareciam ter cicatrizado as feridas que se tinham aberto quando eles foram destacados da arvore. Vivian Wiley con- tinuou suas experiéncias € mais tarde mostrou a Vogel-a folha de saxifraga que guardara viva ¢ verde por dois meses, en- quanto a outra se mostrava completamente desidratada ¢ escura, Vogel sc convenceu de ter visto em acao o poder da “energia psiquica”. Ja que a forga do pensamento podia ga- rantir a conservagao de uma folha além do tempo normal, comecou a imaginar quais seriam seus efeitos sobre os cristais liquidos, tema de um estudo intensivo que preparava entio para a IBM Microscopista tarimbado, ele documentara o comporta- mento dos cristais liquidos, ampliando-os até trezentas vezes, em centenas de slides coloridos que, quando projetados, nada ficam a dever 4s obras de um talentoso artista abstrato. Ao bater esses slides, Vogel se dera conta de que “relaxando a Mente” ele ficava apto a perceber uma atividade que nao €ra visualmente revelada no campo microscépico. A tespeito, comentou o seguinte: “Coisas que escapavam 4 outros Comecaram a se revelar a mim no microscdpio. Nao ‘Ta com a visio ocular, mas sim com a visao da mente, que eu as via. Uma vez consciente delas, fui levado por alguma forma Superior de compreensao senséria a regular as condi- Goes de luz, de modo a tornar os fenémenas regularmente Perceptiveis ac olho humano ov a uma camara”. Vogel havia chegado 4 conclusio de que os cristais sao 33 sélido — ou fisico — de existéncia por ema ee etéreas de energia pura ees os sélidos. Posto que as plantas caplavam i is lenge le um ser humano — a de queimé-las, por exemplo —, Vogel ficou absolutamente co de que o intento produzia energéetico qualquer. on Oe ine e ane notando que o trabalho microsed- pico Ihe tomava a maior parte do tempo, Vogel abandonou suas pesquisas com plantas. Mas quando um artigo sobre o tema, citando o Dr. Gina Cerminara, psicdlogo & autor de um livro popular sobre o vidente Edgar Cayce, foi publicado no Mereury de San José ¢ transmitido para o mundo pela Associated Press, Vogel, assediado pelo telefone para prestar informagdes, sentiu-se estimulado a prosseguir. i Compreendeu entao que, para poder observar com preci- s&o os efeitos dos pensamentos e emogdes humanas sobre as plantas, teria primeiro de aperfeigoar a técnica de fixagao dos elétrodos nas folhas, de modo a eliminar as freqiiéncias ele- tromagnéticas casuais, como o ruido dos aspiradores de pd da vizinhanga, as quais, dando constantemente origem a dados esptrios, eram capazes de impelir a ponta a derivar pelo grafico ¢ tinham imposto a Backster a cautela de se valer da madrugada para levar a cato a maioria de suas expe- riéncias. Vogel descobriu ainda que as respostas dos filodendros com 0s quais trabalhava variavam bastante, ora em clareza, ora em rapidez, e que nfo sé as plantas como um todo, mas tambem suas folhas, revelavam possuir uma individua- lidade, uma personalidade Unica. As folhas suculentas, com uma alta percentagem de 4gua, eram as melhores, enquanto as dotadas de uma grande resisténcia elétrica tornavam 0 trabalho particularmente dificil. As plantas pareciam atraves- Sar fases de atividade ¢ inatividade, ora altamente responsivas, be cores a hora do dia ou do dia do més, ora “lerdas” immas’ mG Para coueal se de que nenhum dos efeitos registrados Taait® & mA afixacio dos elétrodos, Vogel obteve uma an ee Tucilaginosa — composta por uma solugao de ‘B8T, engrossada com goma de karri!, e sal —, pince- aoe | de eucalipto austraifanc (Eucalyptus diversicolor). (N- lando as folhas com essa pasta antes de aplicar-lhes elétrados de aco inoxidavel cuidadosamente polidos que mediam cerca de uma polegada por uma ¢ meia. Ao endurecer ao redor das terminagoes dos elétrados, a substancia em questao selava suas faces num interior Gmido, elimimando virtualmente a vyariabilidade de producao de sinais que ocorria sempre que as folhas cram comprimidas por elétrodos comuns, Graeas a esse sistema, o grafico pode dar a Vogel uma linha homogé- nea essencial, sem oscilacé Tendo eliminado as influencias casuais, Vogel deu inicio a uma nova série de experiéncias, na primavera de 1971, para ver se era capaz de estabelecer o momento exato cm que um filodendro entrasse em comunicacgdo registravel com um ser humano. Com um filodendro ligado a um galvanémetro que produzia uma linha homogénea essencial, ele se pds diante da planta, muito 4 vontade, respirando fundo e quase a to- cando com as maos espalmadas. Ao mesmo tempo, passou a dar-Ihe demonstragdes de afeto tao intensas como as que dedicaria a um amigo. Toda yez que o fazia, a ponta respon- sdvel pelo grafico descrevia uma série de oscilagdes ascen- dentes. Por outro lado, Vogel sentia de modo bem distinto, na palma das maos, a presenca de uma espécie de energia que emanava da planta. Trés a cinco minutos. depois, as novas manifestagdes de emogdo por parte de Vogel ja nao provocavam Teagao na planta, que parecia “ter descarregado toda a sua energia” em resposta aos primeiros apelos. A interagao do filodendro e Vogel pareceu-lhe andloga A do encontro de amantes ou amigos intimos: a intensidade da resposta mitua, num caso ou noutre, evocava um actimulo de energia que finalmente se Bastava € tinha de ser recarregado. Vogel e sua planta, como Perfeitos amantes, haviam se impregnado de contentamento © alegria por um longo momento. Num viveiro botanico, Vogel descobriu que, para reco- nhecer uma planta particularmente sensivel, bastava-lhe passar a8 M40s sobre um. grupo ate sentir uma ligeira sensacao refres- “ante seguida pelo que cle proprio descreve como uma série de impulsos elétricos, indicadores de um campo de forca Backster, Vogel notou que continuava a obter uma be plantas 4 medida que se distanciava delas, pon- AS pei fora de casa, depois na esquina ¢ finalmente Seu Iaboratério em Los Gatos, a 13 quilémetros. a5 eatin | ligou duas plantas a um mesmo eriéncia, Vogel i Z _Nowtra exp ‘ndo uma folha de uma delas. A outra planta medidor, ade a companheira, mas s6 0 fez quando ene uu sua atencao sobre ela. Se cle arrancava Vogel concentroi a, ignorando a segunda, 2 res i ‘a plant ae a peas se Vogel e a planta fossem aman- eee bene a praga, alheios aos passantes até que a tes ml i e do outro. atengao de um deles s¢ ee Vogel inferiu que coe me de Tiers formas de meditacda os mestres da arte dB:108° TO ogdo das influéneias pertur- profunda, como © zen, nai Be Ge csndo itediative. Un ee ae ter entdo dessas pessoas um Se ae eae totalmente diverso de quando ee Sail i riainienl ligadas a0 mundo das preo- topites condianas Tornou-se ainda mais claro pate Vee que um estado concentrado de atengio, de sua par es parecia tornar-se um elemento integrante ¢ aepuledor do een exi- gido para controlar suas plantas. Uma planta poderia ser despertada da sonoléncia para a sensitividade, caso ele abrisse mao do seu estado normal de consciéncia € recorresse ao que parecia ser uma parte extraconsciente de sua mente, ai foca- lizando 0 desejo exato de que a planta, abengoada por um crescimento saudavel, fosse feliz ¢ se sentisse amada Desse modo, o homem ¢ a planta pareciam estar em interagao ¢, como uma unidade, captar sensagdes de eventos, ou elementos complementares desse todo, que se tornavam Tegistravels através da planta. O processo de sensibilizar a si mesmo € @ planta, no entender de Vogel, poderia levar de uns poucos mtinutos até meia hora. Solicitado a descrever o processo em detalhe, Vogel de- Clarou que primeitamente tranqililiza as respostas sensdrias de Seus Srgios corporais, tormando-se depois consciente de um Telacionamento energético entre ele ¢ a planta. Uma 1 quistado um estado de equilibrio entre os potenciais Dele tricos de ambos — ele © a planta —, essa ja nao mais Sensivel aos ruidos, a temperatura, aos campos elétricos nee ‘mais que a rodeiam oy a outras plantas. Responde apenss # Vogel, o qual, com efeito, entrou em sintonia com ela — talvez simplesmente a tenha hipnotizado. es “oy VOReI, Sentindo-se a essa altura suficientemente seeu7, Accitou um convite para fazer uma demonstracao publica co uma planta. Ligada a um medidor, num programa de televisao em San Francisco, uma planta deu uma ilustracdo viva dos diversos estados que se sucediam na mente de Vogel, desde a irritacdo causada pelas perguntas de um entrevistador até a serenidade que se estabelecia quando Vogel entrava em harmoniosa intercomunicagao com ela. Para o produtor do programa E vocé quem pede, da tv apc, Vogel demonstrou também as respostas da planta a seus pensamentos, ou aos. de outra pessoa, incluindo uma subita descarga de emocio violenta, 2 seu comando, seguida pelo ato de fazer com que a planta se acalmasse € voltasse a reagir normalmente ao meio. Convidado a falar a audiéncias que se encontravam a par de suas experiéncias, Vogel disse enfaticamente: “Nao ha divida de que o homem pode comunicar, ¢ de fato se comunica, com os seres vegetais. As plantas sAo objetos vivos, sensitivos, enraizados no espago. Podem ser cegas, surdas ¢ mudas, do ponto de vista humano, mas estou abso- lutamente convencido de que s4o instrumentos de alta sensi- bilidade para medir as emogdes do homem. As plantas irra- diam forgas energéticas que nos sao benéficas e que podemos sentir. Blas se alimentam em nosso. préprio campo de forca, ‘© qual, por seu turno, as reabastece de energia”. Os indios americanos, segundo Vogel, tinham uma perfeita nogao de tudo isso. Sempre que necessdrio, trilhavam o caminho da Mata. Ai, com os bracos estendidos, encostavam-se no caule de um pinheiro a fim de adquirir seu poder, Ao comegar a demonstrar a sensitividade das plantas 4 “estados de atencao” diferentes da compreensao ordinaria que @ maioria dos homens costuma chamar de consciéncia, Vogel escobriu que a réagao de observadores hostis ou céticos Podia causar estranhos efeitos sobre ele. Dando atencdo as aitudes negativas que emanavam de uma audiéncia, notou Ser capaz de isolar os individuos responsaveis por clas e de Combater sua influéncia com a respiragao controlada que aprendera na pratica da ioga. Feito isso, desviaria sua mente, com a mesma facilidade de quem aperta um botdo, para Sutra imagem mental. eee ‘Sentimento de hostilidade, de negativismo, numa au- a ta", Comenta Vogel, “é uma das maiores barreiras A a a0 efetiva. Neutralizar essa forca é uma das tarefas mais dificeis em demonstragdes Publicas de experiéncias com 37

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