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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Gestão de Recursos Florestais e Faunísticos

Mestrado em Gestão e Administração de Negócios (MBA)

AVALIAÇÃO DOS BENEFÍCIOS FISCAIS NO DESENVOLVIMENTO


SOCIOECONÓMICO DE MOÇAMBIQUE: CASO DA ZONA ECONÓMICA
ESPECIAL DE NACALA

Sérgio Gabriel Mungoi

Lichinga, Junho de 2023


Sérgio Gabriel Mungoi

Código: 7112000007957

Avaliação dos Benefícios Fiscais no Desenvolvimento Socioeconómico de Moçambique: Caso


da Zona Económica Especial de Nacala

Mestrado em Administração e Gestão de Negócios

Dissertação ser a apresentada na


Universidade Católica de Moçambique –
UCM, na Faculdade de Recursos Florestais
e Faunísticos, como requisito para obtenção
do Grau de Mestrado em Administração e
Gestão de Negócios, sob orientação:

A Supervisora: Msc Delfina das Neves

____________________________

Lichinga, Junho de 2023


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Gestão de Recursos Florestais e Faunísticos

Mestrado em Gestão e Administração de Negócios (MBA)

Sérgio Gabriel Mungoi

AVALIAÇÃO DOS BENEFÍCIOS FISCAIS NO DESENVOLVIMENTO


SOCIOECONÓMICO DE MOÇAMBIQUE: CASO DA ZONA ECONÓMICA
ESPECIAL DE NACALA

_________________________, _______ de _________________ de 2023

Resultado

_______________________________________________________________

Membro do Júri

Presidente: ________________________________________________________________

Supervisor: ________________________________________________________________

Examinador: ______________________________________________________________

Estudante: ________________________________________________________________
Sumário

DECLARAÇÃO DE AUTORIA...........................................................................................................................i
DEDICATÓRIA...............................................................................................................................................ii
AGRADECIMENTOS......................................................................................................................................7
LISTA DE ABREVIATURAS.............................................................................................................................8
LISTA DE GRÁFICOS....................................................................................................................................10
ÍNDICE DE TABELAS...................................................................................................................................11
RESUMO....................................................................................................................................................12
ABSTRAT....................................................................................................................................................13
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA.....................................................................................................13
2.1 Definição de Conceitos........................................................................................................................13
2.1.1 Benefícios Fiscais......................................................................................................................13
2.1.2 Tipos de Benefícios Fiscais........................................................................................................15
2.1.3 Zona Económica Especial (ZEE).................................................................................................15
2.1.4 Tipos de Isenções Fiscais Estabelecidos na ZEE de Nacala........................................................17
2.2 Isenções Fiscais como Incentivo ao Investimento Privado nas ZEE’s em Nacala Porto e Nacala-à-
velha..........................................................................................................................................................18
2.3 Zonas Económicas Especiais (ZEEs) na Atracção de IDE...................................................................21
2.3.1 Importância do Investimento Privado na Zona Económica Especial para o Desenvolvimento
Económico e Social............................................................................................................................23
2.3.2 Criação de Emprego..................................................................................................................25
2.3.3 Contributos das ZEE’s para a Captação de Receitas Fiscais.......................................................26
2.3.4 Vantagens da Zona Económica Especial em Moçambique.......................................................27
2.3.5 Desenvolvimento Socioeconómico...........................................................................................28
2.3.6 Indicadores de Desenvolvimento..............................................................................................29
2.3.7 Teoria de Desenvolvimento Socioeconómico...........................................................................31
2.3.8 Modelo de Desenvolvimento Socioeconómico de Amartya Sem.............................................33
2.4 Estudos Realizados..............................................................................................................................34
2.4.1 Estudos Empíricos.....................................................................................................................35
2.4.2 Estudos Focalizados..................................................................................................................36
CAPÍTULO III: METODOLOGIA....................................................................................................................37
3.1 Tipo de Pesquisa..................................................................................................................................37
3.1.1 Quanto ao Método...................................................................................................................37
3.1.2 Quanto a Abordagem...............................................................................................................38
3.1.3 Quanto aos Objectivos..............................................................................................................39
3.1.4 Quanto aos Procedimentos......................................................................................................40
3.1.5 Estudo de Caso.........................................................................................................................44
3.1.6 População e participantes.........................................................................................................44
Direcção Distrital de Trabalho e segurança social.....................................................................................47
Serviços Distritais de Infraestruturas.........................................................................................................47
Governo do Distrito de Nacala-Porto........................................................................................................47
Governo do Distrito de Nacala-à-Velha.....................................................................................................48
Serviço Distrital de planeamento e Infra-estruturas...................................................................................48
Conselho Municipal de Nacala..................................................................................................................48
3.1.7 Limitações da Pesquisa.............................................................................................................48
3.1.8 Aspectos Éticos.........................................................................................................................49
CAPÍTULO IV: ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...........................................................................50
4.1. Situação do Desenvlvimento de Nacala como Receptor da ZEE...................................................50
DIVISÃO ADMINISTRATIVA DO MUNICÍPIO DE NACALA............................................................................50
4.1.1. Localização...............................................................................................................................50
ACTIVIDADES ECONÓMICAS......................................................................................................................51
Actividade Ferro – Portuária.....................................................................................................................51
4.1.1. Agricultura...............................................................................................................................51
4.1.1. Pecuária...................................................................................................................................52
4.1.1. Pesca........................................................................................................................................52
4.1.1. Comércio..................................................................................................................................52
4.1.1. Indústria...................................................................................................................................52
4.1.1. Artesanato...............................................................................................................................53
4.1.1. Turismo....................................................................................................................................53
4.1.1. Prestação de Serviços..............................................................................................................53
4.2.1. O Investimento Privado Atraído pela Zona Económica Especial de Nacala....................................54
4.2.1.1. Projectos de Investimento Aprovados...........................................................................................54
4.2.1.2. Competências e Atribuições da APIEX........................................................................................54
4.3.3. A Criação de Novos Postos de Trabalho na Zona Económica Especial de Nacala..........................58
INFRA-ESTRUTURAS...................................................................................................................................61
4.3.4. A Criação de Infra-estruturas destinadas a Actividade Económica na Zona Económica Especial de
Nacala........................................................................................................................................................61
Rede Rodoviária........................................................................................................................................61
4.3.4.1. Infraestruturas de Transporte na ZEE de Nacala...........................................................................61
Rede de Abastecimento de Água...............................................................................................................61
4.3.4.2. A Situação Actual do Caminho-de-Ferro do Norte de Moçambique.............................................62
4.3.4.3. A Situação Actual das Estradas na Região do Corredor de Nacala...............................................62
Rede de Energia Eléctrica..........................................................................................................................63
4.3.4.4. Situação actual do Porto de Nacala...............................................................................................63
4.3.4.1. Corredor de Nacala.......................................................................................................................64
Aeroporto Nacala.......................................................................................................................................65
Correios e Telecomunicações....................................................................................................................65
Saneamento e Drenagem...........................................................................................................................65
Transportes................................................................................................................................................65
Habitação...................................................................................................................................................65
Fenómenos de Erosão................................................................................................................................66
Saneamento do Meio.................................................................................................................................66
4.3.4.5. Central Flutuante de Produção de Energia....................................................................................67
4.3.4.5.1. Visão Geral do Projecto.............................................................................................................67
4.3.5. A Evolução dos Impostos Internos e Externos na Zona Económica Especial de Nacala.................68
4.3.5.1. Direito ao Gozo dos Benefícios Fiscais e Aduaneiros...................................................................68
4.3.6. 4.3.8. A Contribuição das ZEE’s ao nível dos Impostos Externos e Internos..................................68
4.3.7.1. Comparação das Receitas e Despesas Fiscais..............................................................................70
EQUIPAMENTOS SOCIAIS...........................................................................................................................71
Educação...................................................................................................................................................71
Nível de Cobertura dos Equipamentos Escolares......................................................................................71
Saúde.........................................................................................................................................................71
SÍNTESE DA PROBLEMÁTICA DA CIDADE DE NACALA................................................................................71
Comércio...................................................................................................................................................71
Educação...................................................................................................................................................72
Saúde.........................................................................................................................................................72
Gestão Urbanística.....................................................................................................................................72
Arruamentos..............................................................................................................................................72
Abastecimento de água..............................................................................................................................72
Electricidade..............................................................................................................................................73
Telecomunicações.....................................................................................................................................73
Mercado.....................................................................................................................................................73
5. Considerações Finais.............................................................................................................................74
6. Referências Bibliográficas......................................................................................................................78
i

DECLARAÇÃO DE AUTORIA

Eu, Sérgio Gabriel Mungoi, inscrita na Faculdade de Gestão de Recursos Florestais e Faunísticos
da Faculdade Católica de Moçambique, sob o código 711200079, declaro por minha honra que o
presente trabalho de investigação é fruto da investigação feita por mim, com a orientação da
minha supervisora, os resultados nela patentes são originais e nunca foram publicados nesta ou
em outra instituição.

O Declarante

___________________________

(Sérgio Gabriel Mungoi)


ii

DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação aos meus pais Gabriel Mungoi (em memória) e Irene Chilengue, por
terem me mostrado o caminho da escola, pelo apoio incondicional prestado, pelo amor e carinho
que me foi dedicado para que a minha vida pessoal e académica. Aos meus filhos Mazdo, Irenna
e Hélser pelo afecto, amor e sobretudo pela compreensão nos dias de ausência pela procura do
saber, espero que se inspirem como me inspirara
3

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a Deus Pai pela saúde, sabedoria, inteligência concedidos
ao longo destes anos de trabalho árduo e difícil para que o culminar do curso fosse com
êxito.

Os meus agradecimentos, vão para a minha orientadora, MSC Delfina das Nevespela
paciência, disponibilidade e ideias sábias, inteligentes e construtivas que me ajudaram a
tornar a minha Dissertação numa realidade.

A Faculdade de Gestão de Recursos Florestais e Faunísticos vai os meus singelos


agradecimentos pelo leque de cursos de mestrados, sendo este, um dos cursos que
responde de forma positiva os anseios da região em formar quadros para responder
positivamente as dificuldades da região e do País em geral.

Aos meus docentes do curso de Mestrado em Administração e Gestão de Negócios vai


o meu reconhecimento e imensa gratidão pela paciência abnegada e sobretudo pela
transmissão de conhecimentos ao longo do curso.

Aos meus pais pela força, coragem e sobretudo, pelo afecto que depositaram em mim,
vai o meu agradecimento e reconhecimento, que Deus os abençoe.

A minha esposa, Hélia, pela paciência, tolerância abnegada e, sobretudo, pelo afecto,
amor e carinho que depositou em mim vai o meu muito obrigado.

Aos meus filhos, que durante muito tempo sentiram a ausência afectiva, do seu grande
amor “pai” foi por uma causa justa, vos agradeço pela compreensão, afecto e carinho.

Por último, quero agradecer a todos que directa ou indirectamente deram apoio
incondicional, suporte técnico e financeiro e sobretudo confiança necessária para o
término deste trabalho.

3
4

LISTA DE ABREVIATURAS

AIM- Agência de Informação Moçambicana

APIEX- Agência de Promoção de Investimento e Exportação

CPI-Centro de Promoção de Investimentos

CIP-Centro de Integridade Pública

FEZ- Franco Economic Zone

GAZEDA- Gabinete das Zonas Económicas de Desenvolvimento Acelerado

IDE- Investimento Direto Estrangeiro

PMD- Países Mais Desenvolvidas

PMEs- Pequenas e Médias Empresas

PPP- Parcerias Público Privadas

PVD- Países em Vias de Desenvolvimento

ZEE-Zona Económica Especial

ZEEN-Zona Económica Especial de Nacala

ZILs- Zona Industrial Livre

ZFI-Zona Franca Industrial

CLN- Corredor Logístico de Nacala

PNUD -Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

ONU-

OIT- organização internacional do trabalho

BM- Banco de Moc…..

AT - Autoridade Tributária de Moçambique

ONGs –

4
5

IDH- Índice de Desenvolvimento Humano

IRPS-

IRPC-

SISA-

PIB-

IVA-

OZEE- Operadores das Zonas Económicas Especiais

EZEEN

IFC- (International Finance Corporation,

UNCTAD -

5
6

LISTA DE GRÁFICOS

Figura 1: Colocação de Moçambique no ranking de doing business do Banco Mundial 2012-2021______21


Figura 2: Percentagem de projectos_______________________________________________________55

6
7

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Variantes de ZEE em Moçambique________________________________________________17


Tabela 2: Instituições que actuam em na ZEE de Nacala_______________________________________46
Tabela 3: Projectos de investimento aprovados_____________________________________________54
Tabela 4: Investimentos atraídos pela ZEE de Nacala_________________________________________56
Tabela 5: Postos de trabalhos criados_____________________________________________________58
Tabela 6: Distribuição da Mão -de – Obra por Sector, 2023.____________________________________59
Tabela 7: Número de empresas que fecharam as portas_______________________________________60
Tabela 8: Impostos externos_____________________________________________________________69
Tabela 9: Impostos internos_____________________________________________________________69
Tabela 10: Custo/Benefício das isenções fiscais______________________________________________70

7
8

RESUMO

O presente trabalho de dissertação teve como objectivo avaliar o papel dos Benefícios
Fiscais no desenvolvimento socioeconómico da Zona Económica Especial de Nacala. O
problema que norteou a pesquisa consistiu em analisar qual é a contribuição dos
benefícios fiscais no desenvolvimento socioeconómico da Zona Económica Especial de
Nacala e do país. Utilizou-se o método indutivo, quanto a abordagem a pesquisa é
qualitativa e quanto aos objectivos a pesquisa é exploratória. Quanto aos procedimentos
foram seleccionados as técnicas de entrevista semi-estruturadas e observação directa.
Foram recolhidos dados secundários e primários, com auxílio da pesquisa bibliográfica
e análise documental, assim como o estudo de caso. Para obtenção de informações
respeitantes ao universo de 194 empresas aprovadas entre 2009 a 2021, recorreu-se às
informações dos Governos Distritais que acomodam a ZEE e outros actores que operam
directamente com essas empresas, desde a aprovação, controle e formulação de
estatísticas das ZEE. Os resultados da pesquisa mostram que as Zonas Económicas
Especiais podem atrair as Investimento Directo Estrangeiro serem bem-sucedidas se
houver decisões institucionais e económicas que impliquem na promoção de políticas
públicas, que possuem papel importante na abertura económica e na alocação de
investimento com um cenário atraente aos investidores, tanto nacionais como
internacionais. Apesar da existência de benefícios fiscais estabelecidos naquelas zonas
as empresas não conseguem caminhar sozinhas, elas apresentam dificuldades finanças e
sem políticas estratégicas de desenvolvimento e regrediram a sua capacidade de
empregabilidade e no impacto na vida da população local.
Palavras-chave: Desenvolvimento socioeconómico. Benefícios Fiscais. Zonas
Económicas Especiais.

8
9

ABSTRAT

This dissertation aimed to evaluate the role of Tax Benefits in the socioeconomic
development of the Special Economic Zone of Nacala. The problem that guided the
research was to analyze what is the contribution of tax benefits to the socioeconomic
development of the Special Economic Zone of Nacala and the country. The inductive
method was used, regarding the approach, the research is qualitative and regarding the
objectives, the research is exploratory. As for the procedures, semi-structured interview
and direct observation techniques were selected. Secondary and primary data were
collected, with the aid of bibliographic research and document analysis, as well as the
case study. In order to obtain information regarding the universe of 194 companies
approved between 2009 and 2021, information from the District Governments that
accommodate the ZEE and other actors that operate directly with these companies was
used, from the approval, control and formulation of statistics of the ZEE. The research
results show that Special Economic Zones can attract Foreign Direct Investment to be
successful if there are institutional and economic decisions that imply the promotion of
public policies, which play an important role in economic opening and in the allocation
of investment with an attractive scenario to investors, both national and international.
Despite the existence of tax benefits established in those areas, companies cannot walk
alone, they have financial difficulties and without strategic development policies and
have regressed their employability capacity and impact on the lives of the local
population.
Keywords: Socioeconomic development. Tax benefits.Special Economic Zones.

9
10

CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA

Este capítulo, propõe se a delinear um panorama teórico e conceitual que oriente a


análise pretendida nesta pesquisa. Privilegiaram-se alguns temas, tais como, a questão
dos Benefícios Fiscais e suas variantes, o papel destes para o desenvolvimento
socioeconómico.

2.1 Definição de Conceitos

2.1.1 Benefícios Fiscais

Segundo (Gonçalves, 2019), os Benefícios Fiscais constituem derrogações às normas


gerais tributárias, prosseguindo objectivos económicos ou sociais relevantes.
Pretendem, através do seu usufruto ou procura activa da vantagem fiscal, contribuir para
uma sociedade mais equilibrada e equitativa, mas também incentivar a comportamentos
desejáveis na sociedade, nomeadamente no que se refere a investimento,
desenvolvimento de áreas estratégicas, protecção do meio ambiente, entre outros.

E, ainda de acordo com a autora supracitada, estes tipos de benefícios têm


intrinsecamente um carácter excepcional e são concedidos pelo Estado quando se
verifica a existência de um interesse para a comunidade superior ao interesse de tributar.
Esse interesse inclui o apoio às artes e à cultura, a integração social, o combate à
pobreza e o apoio à infância.

No entanto, segundo Ossemane (2011), um dos principais problemas que afecta o


Sistema Fiscal Moçambicano é o excesso de Benefícios Fiscais que são concedidos aos
investimentos externos, muitas vezes falta clareza e objectividade na sua concessão.

A ideia do autor supra, antecipa a opinião, predominante nos dias de hoje, de que
excesso de Benefícios Fiscais afecta negativamente a arrecadação de receitas a curto
prazo. Contudo, diversos estudos evidenciam que tais benefícios proporcionam um
aumento do fluxo de IDE e, consequentemente, aumentam as receitas de imposto a
longo prazo. Porém, para Morisset e Pirnia (citado por Biggs, 2007), estas políticas nem
sempre têm o efeito desejado, uma vez que só acabam por compensar as fraquezas da
estrutura económica e comercial dos países.

Do ponto de vista de (Gonçalves, 2019), os Benefícios Fiscais podem ser de carácter


estrutural ou temporário. No caso dos Benefícios Fiscais de carácter estrutural existe a

10
11

vontade política de que os mesmos vigorem a longo prazo, favorecendo certos sectores
ou actividades económicas. São exemplo dos Benefícios Fiscais de carácter estrutural os
Benefícios Fiscais relativos à criação de emprego, à poupança, ao sistema financeiro e
aos bens imóveis. Por outro lado, os Benefícios Fiscais de carácter temporário têm uma
vigência mais delimitada e abrangem, nomeadamente, incentivos à reabilitação urbana e
despesas com equipamentos de energias renováveis.

Em Moçambique, o Código de Benefícios Fiscais foi aprovado pela Lei n.º 4/2009, de
26 de Dezembro e regulamentado pelo Decreto n.º 56/2009, de 7 de Outubro. Tais
Diplomas estabelecem os conceitos e princípios que norteiam os Benefícios Fiscais.

Neste contexto, percebe-se que as isenções fiscais são excepções às normas tributárias
gerais, tendo como objectivo promover metas económicas e sociais relevantes. Por meio
do aproveitamento dessas isenções ou da busca activa por criação e expansão de
investimentos, almeja-se contribuir para a construção de uma sociedade mais
equilibrada e justa, além de incentivar comportamentos desejáveis na sociedade, como o
desenvolvimento de áreas estratégicas, protecção ambiental, entre outros.

2.1.2 Tipos de Benefícios Fiscais

De acordo com nº 2 do artigo 2º do Código de Benefícios Fiscais, aprovado pelo Lei


nº4/2009, de 12 de Janeiro os benefícios concedidos são firmados, entre outros em:

a) As deduções à matéria colectável;


b) As deduções à colecta;
c) As amortizações e reintegrações aceleradas;
d) O crédito fiscal por investimento;
e) A isenção; e
f) A redução da taxa de imposto e o diferimento do pagamento destes.

No entanto, os que vigoram na Zona Económica Especial de Nacala são os que constam
da alínea e) -Isenções nos Direitos Aduaneiros e Imposto sobre o Valor Acrescentado
(IVA), na importação de activos de capital e Matéria-Prima, incluindo nas operações
internas desde que seja para a prossecução da actividade principal e cumulativamente
das alíneas e) e f) -Isenção e/ou Redução do Imposto sobre Rendimento, sobre os lucros
das empresas.

11
12

2.1.3 Zona Económica Especial (ZEE)

De uma forma geral e sem o rigor da lei específica de cada país, as Zonas Económicas
Especiais podem ser consideradas como espaços geográficos delimitados dentro de um
mesmo território, mas que possuem condições estratégicas suficientes para a sua
instituição, estes espaços se beneficiam de leis de investimentos, industriais, comerciais
e tributação específicas em conformidade com cada país e com o objectivo primário de
gerar desenvolvimento em diversos domínios (Rocha, 2020).

Segundo FIAS (2008), esta prática foi adoptada pela China a partir de 1979, com a
criação de quatro Zonas Económicas Especiais que tiveram a sua quota de sucesso.
Depois da Política de Portas Abertas implementada por Deng Xiaoping e da criação
destas Zonas Económicas Especiais, a China tornou-se o segundo maior importador de
energia e recursos naturais. Aliado a este facto, a entrada da China na Organização
Mundial do Comércio obrigou a China a reorganizar a sua imagem perante o mundo.

Ao abrigo da legislação sobre investimentos moçambicano, em particular a Lei de


Investimentos, define a ZEE como uma área de actividade em geral, geograficamente
delimitada e regida por um regime aduaneiro, cambial, fiscal, laboral e de migração
atractivos, com base no quais as mercadorias, mão-de-obra e equipamento que aí entrem
se encontrem, circulem, se transformem industrialmente ou saiam para fora do território
nacional estão totalmente isentas de quaisquer imposições aduaneiras, fiscais e
parafiscais visando superar as barreiras ao investimento na economia em geral (Rocha,
2020).

Este conceito tem uma similaridade com o conceito de Zona Franca Industrial
entretanto, a diferença reside no facto de as ZFI serem exclusivamente para a
exportação, portanto, tratam-se, essencialmente, de conceitos jurídicos que abarcam
áreas geográficas, as ZEE’s e as ZFI’s, de livre comércio de importação e exportação,
em regime especial, para as entidades certificadas e estabelecidas com a finalidade de
criar exclusão dentro de um território aduaneiro, gozando as mercadorias importadas
que se destinem às entidades certificadas para operar nas ZEE ou nas ZFI de suspensão
de direitos aduaneiros e demais imposições.

Nos conceitos acima referenciados, embora cada autor ressalte um e outro aspecto
diferente, é possível entender que, de forma objectiva há unanimidade no entendimento
dos autores, as ZEE são criadas com a finalidade de impulsionar o desenvolvimento de
12
13

um país, e para o efeito, devem ser criadas estratégias voltadas para uma região
económica, porquanto, por intermédio desta propulsão, outras regiões poderão ser
articuladas, de modo a influenciar não apenas a região, mas a economia nacional de
forma ampla.

Ainda por meio das definições, percebe-se que os autores têm o entendimento de que,
por intermédio das Zonas Económicas Especiais, é possível promover transformações
positivas nas áreas onde são implantas e promover o desenvolvimento socioeconómico.

Adicionalmente, e ainda em conformidade com a lei de investimento, estas áreas


geográficas gozam de um regime cambial livre e de operações off-shore e de regimes
laboral e de migração especificamente instituídos e adequados à entrada rápida e ao
eficiente funcionamento dos empreendimentos e investidores que aí pretendam ou se
encontrem a operar.

O conceito das Zonas Económicas Especiais (ZEE) foi sofrendo várias alterações ao
longo dos tempos, pelo facto de estas terem assumido diversas variantes, conforme
apresentado na tabela abaixo.

Tabela 1: Variantes de ZEE em Moçambique

ZEE Variantes Características

ZonaEconómica Especial (ZEE)

Zona Económica Especial de Serviços Não há limite de sectores de


ZonaEconómica (ZEE) actividade; Territórios abertos;
Especial (ZEE) Pode vender a produção no
Zona de Estância de Turismo Integrado
mercado interno/externo

(ZETI)

Zona Franca Industrial (ZFI) Indústrias transformadoras; 70%


do volume de produção destinado
Zona Franca
Zona Franca Industrial de Empresa a exportação; Vedadas e com
Industrial (ZFI)
Isolada (ZFI Isolada) sistemas de segurança
certificados.

Fonte: Castel-Branco, 2008

13
14

Segundo o legislador nacional, conforme disposto na Lei de Investimentos, as ZEEs são


criadas pelo Conselho de Ministros, sob proposta do Conselho de Investimentos, órgão
deste Conselho, responsável pela apresentação de propostas de políticas sobre
investimentos no país. A proposta também poderá vir dos Governos Provinciais,
Autarquia da Cidade de Maputo e demais interessados, desde que tenha apreciação
positiva prévia do Conselho de Investimentos. As Zonas Económicas Especiais são
geridas por operadores das ZEEs, autorizados para o efeito, estando sujeitos ao controlo
e monitoramento pelo Gabinete das Zonas Económicas de Desenvolvimento Acelerado
(GAZEDA, 2009).

2.1.4 Tipos de Isenções Fiscais Estabelecidos na ZEE de Nacala

Segundo Wang (2013), as isenções fiscais foram aplicadas nos termos do Regulamento
às ZEE’s e ZFI’s, e destacam-se como principais benefícios e incentivos ao
estabelecimento de operação das empresas a partir destas áreas geográficas, como
sendo:

 Isenção de Direitos Aduaneiros na importação de Matérias-Primas, materiais de


construção, máquinas, equipamentos, acessórios, peças sobressalentes,
acompanhantes e outros bens destinados à prossecução das respectivas
actividades licenciadas;
 Isenção do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), nas transmissões de bens
e prestações de serviços que eventualmente possam ser efectuadas na área
geográfica das ZEE e ZFI, assim como nas prestações de serviços directamente
conexas com tais transmissões, e nas prestações de serviços enquanto
permanecerem em tais zonas;
 Isenção de Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (IRPC) nos
primeiros três exercícios fiscais; redução da taxa de IRPC em 50%, do 4º ao 10º
exercício fiscal; e redução da taxa de IRPC em 25%, do 11º ao 15º exercício
fiscal.

Para os Operadores das Zonas Económicas Especiais (OZEE) foram estabelecidos os


seguintes incentivos em sede de IRPC:

 Isenção nos primeiros 10 exercícios fiscais;


 Redução da taxa em 50%, do 11º ao 15º exercício fiscal; e

14
15

 Redução da taxa em 25%, durante vida do projecto.

Não obstante, estes benefícios, incentivar o investimento privado, em contrapartida


reduzem substancial e desnecessariamente (Bolnick, 2009), o nível de arrecadação de
receitas, como constrangem os esforços de melhoria do cumprimento fiscal por
tornarem o sistema excessivamente complexo, absorvendo recursos que poderiam ser
melhor empregues na melhoria da eficácia do sistema de colecta fiscal.

Perceba-se que as isenções fiscais aplicadas nos termos do Regulamento às ZEE’s e


ZFI’s, só se destacam para as actividades exercidas e que permaneçam dentro do espaço
geográfico da ZEE. Os benefícios e incentivos ao investimento privado são suspensos
toda a vez que o negócio ultrapassar a fronteira que separa as zonas do regime geral e
especial, o que torna o sistema complexo.

2.2 Isenções Fiscais como Incentivo ao Investimento Privado nas ZEE’s em Nacala
Porto e Nacala-à-velha

As ZEE representam um papel importante na promoção e diversificação de


investimentos. Para FIAS (2008), as ZEE promovem uma parte significativa do total de
investimentos privados na maior parte das regiões do mundo.

A lei de investimentos moçambicana aplica-se ao investimento privado, nacional e


estrangeiro, realizado no território moçambicano por pessoas singulares e colectivas e
podem gozar de garantias e incentivos, nomeadamente, benefícios fiscais e estrangeiros.

De acordo com Rosário (2014), por conta dos incentivos fiscais concedidos em Nacala,
até 2011 a ZEEN tinha atraído 400 milhões de dólares, em apenas dois anos de sua
existência.

AIM (2011) acrescenta que a implementação dos primeiros 11 projectos no âmbito da


ZEEN, logo após a introdução da primeira ZEE do país é prova irrefutável de os
investidores buscam por uma carteira fiscal acessível para os seus empreendimentos.

A par disto, governo de Moçambique, aprovou a Lei nº 15/2011, de 10 de Agosto que


estabelece as normas orientadoras do processo de contratação, implementação e
monitoria de empreendimentos de Parcerias Público Privadas de projectos de grandes
dimensões e de concessões empresariais. Essa lei, tinha como objectivo regulamentar os
grandes investimentos, tais como: (i) a reabilitação e transformação da Base Área de

15
16

Nacala em Aeroporto Civil; (ii) a reabilitação e expansão do porto de Nacala; (iii) a


construção da Barragem de Nacala e da Terminal de carvão de Nacala, de modo a dar
visibilidade a Zona Económica.

Segundo a Lei de Investimentos, a obtenção do conjunto de incentivos para atrair o


investimento privado, depende do alinhamento de pressupostos tais como: (i) existência
de contabilidade organizada; (ii) constituição de uma sociedade; (iii) ter residência
fiscal domiciliada em Nacala; (iv) Alvará e (v) escolha de áreas específicas de
investimento, para primeiramente, em sede de Imposto Directos (IRPC) ter isenção nos
três anos; e depois do quarto ao décimo pagar, apenas 50% de impostos e finalmente,
redução da taxa em 25% do décimo primeiro até ao décimo quinto exercício fiscal. Em
sede dos impostos indirectos são atribuídos incentivos as EZEEN, a saber: Isenção de
Direitos Aduaneiros e IVA na importação de matéria-prima, materiais de construção,
máquinas, equipamentos, acessórios, peças sobressalentes acompanhantes e outros bens
destinados à prossecução da actividade licenciada na ZEE.

Ainda no espírito da mesma Lei, as empresas de serviços, em sede dos impostos


indirectos possuem os mesmos benefícios, no entanto, para os impostos directos, o
benefício é de redução de taxa em 50% nos primeiros 5 exercícios fiscais.

A decisão sobre o projecto de investimento recebidos no GAZEDA e Centro de


Promoção de Investimentos (CPI), actualmente designados por APIEX compete, nos
termos do nº1, artigo 12º do Decreto nº 43/2009 de 21 de Agosto, ao:

1. Governador da província para valores não superiores a 1.500.000.000,00 MT, no


prazo máximo de 3 dias úteis após a recepção;
2. Ao Director Geral do CPI, no mesmo prazo para projectos de valores não
superiores a 2.500.000.000,00 MT;
3. Ao Ministro que superintende a área de Planificação e Desenvolvimento, no
prazo de 3 dias para projectos com montantes que não exceda o equivalente a
13.500.000.000,00;
4. Ao Conselho de Ministros, no prazo de 30 dias para projectos acima de
13.500.000.000,00; e
5. Para o Director Geral do GAZEDA, independentemente do valor para projectos
em regime de ZFI e ZEE, no prazo máximo de 3 dias.

16
17

Não obstante a concessão de incentivos fiscais, o relatório “Doing Business” de 2012 a


2021 publicados pelo Banco Mundial posicionou a atractividade de investimentos de
Moçambique em posições menos favoráveis entre os países da região austral. Entre
2012 e 2021 o país passou da posição 132º em 2012 para a posição 138º em 2021, isto
é, em média durante esse período o ambiente de negócio deteriorou 6 posições.

Em 2013 o país teve a pior colocação ocupando a 146º posição, entre 190 países, e em
2015 o país teve a sua melhor classificação, ocupando a 127º posição. A maior causa
deste declínio foi a crescente dificuldade observada na obtenção da energia eléctrica.

Apesar de que os indicadores em geral pioraram de 2008 a 2021, deve-se salientar que o
indicador de “Protecção de Investidores” foi bom, situando-se na 52ª posição entre os
190 países, e o de “Iniciando negócios” subiu da 125ª posição de 2008 à 95ª em 2014.

A “Enterprise Survey, 2007” realizada pela Corporação Financeira Internacional


(International Finance Corporation, IFC) apontou cinco maiores obstáculos para o
investimento para a melhoria do ambiente de negócios em Moçambique: competição
informal; acesso limitado ao financiamento; taxas de impostos; crime, roubo, corrupção
e vias de acesso.

Figura 1: Colocação de Moçambique no ranking de doing business do Banco Mundial 2012-2021

146
139 138 138 138
137
135
132 133
127

2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018, 2019, 2020, 2021,

Fonte: Banco Mundial (vários anos)

Um estudo sobre as Políticas de Investimento, promovidos pela UNCTAD que serve


como ponto focal do Secretariado das Nações Unidas para todos os assuntos
relacionados com o investimento directo estrangeiro, revelou que o plano quinquenal
2010–2014 reconhece o papel cada vez mais importante, que o investimento privado
desempenha no desenvolvimento económico de Moçambique, e afirma que o Governo
continuará com suas iniciativas, no sentido de atrair investimentos privados, tanto

17
18

nacionais como estrangeiros. O plano visa atrair investimentos que ajudem a


desenvolver as zonas rurais de Moçambique, inclusive as infra-estruturas, agro-
indústria, pesca, silvicultura, turismo, mineração e indústrias de manufactura, orientadas
para a exportação.

Para o efeito, propõe-se como acções prioritárias:

(1) a realização de pesquisas e de estudos de viabilidade com vista a avaliar


oportunidades de investimento em novas áreas de negócios, focalizando a indústria de
manufactura;

(2) a promoção de ligações de negócios entre grandes empresas e as PMEs, em


particular na agricultura, agro-indústria e pesca;

(3) a expansão das zonas económicas especiais e sistemas de parques industriais no


país.

2.3 Zonas Económicas Especiais (ZEEs) na Atracção de IDE

Investimento Directo Estrangeiro significa qualquer forma de contribuição de capital


estrangeiro susceptível de avaliação pecuniária, que constitua capital ou recursos
próprios ou sob conta e risco do investidor estrangeiro provenientes do exterior e que se
destina a sua incorporação no investimento para a realização de um projecto de
actividade económica através de uma empresa registada em Moçambique e a operar a
partir do território moçambicano (Lei n˚3/93, de 24 de Junho).

Comungando com a Lei, Sandoval-Herazoet ela, (2018), estende a definição para a


variante de Zonas Económicas Especiais, referindo que:

“As Zonas Económicas Especiais podem atrair o Investimento Directo


Estrangeiro e serem bem-sucedidas se houver decisões institucionais e
económicas que impliquem na promoção de políticas públicas, que possuem
papel importante na abertura económica e na alocação de investimento com
um cenário atraente aos investidores, tanto nacionais, como internacionais.
Em outras palavras, é necessária uma actuação estratégica do governo, seja
na implementação de infraestrutura capaz de ser a base ao desenvolvimento,
como de criação de legislação necessária a incentivar o crescimento da
região (p.20)”.

18
19

Neste aspecto, as estatísticas trazidas por Wang (2013), apontam que as ZEEs atraíram
65,6% do montante total de IDE na China em 1980, e teve uma diminuição na década
de 1990 fruto da criação de outros tipos de ZEEs como as de alta tecnologia.

Não muito distante em termos numéricos, Salvador (2011) afirma que no período de
2004-2007, mais de 64,89% do total de IDE atraído era proveniente das indústrias
manufactureiras, o que mostra que a aglomeração de empresas numa ZEE teve grande
impacto na atracção de IDE.

A China é um exemplo de repercussões positivas na experiência com as Zonas


Económicas Especiais na categoria de atracção do Investimento Directo Estrangeiro e
consequentemente na promoção do desenvolvimento do país.

Neste contexto que, Ge (1999) enfatiza que, para o alcance dos objectivos amplos, no
caso da China, as Zonas Económicas Especiais foram estruturadas para implantar
actividades comerciais com instalações voltadas à indústria e ao comércio, mas também
dotadas de infra-estruturas sociais que permitissem a permanência dos trabalhadores
com políticas sociais tais como: moradias e fixação das pessoas no local de trabalho, a
educação dos moradores e de seus filhos, através de escolas de níveis diferenciados,
melhoria de saúde, com hospitais a providenciar serviços de qualidade e ambiente de
melhoria de qualidade de vida.

Desta feita que implementação de Zonas Económicas Especiais, não só melhora o


ambiente de negócio, mas também é possível atingir um grau de desenvolvimento
económico e melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores residentes nestas zonas,
sendo que o efeito multiplicador dos benefícios da actividade comercial nesta zona seja
distribuído para todo o país.

No que respeita ao clima de negócios, Ge (1999) chama a atenção ao receio de operar


no mercado de um país estrangeiro por comportar muitos custos e esses “custos de
estrangeirismo” incluem a falta de conhecimento sobre as condições do mercado local,
custos culturais, legais e muitos outros. Portanto, as empresas estrangeiras devem ter
algumas vantagens que possam compensar esses custos.

Segundo, Massingue (2012), os fluxos de IDE por ano atingiram um nível histórico de
890 milhões dólares, em 2009 e foram responsáveis por cerca de 72% do volume de

19
20

exportações, facto que mostra que o peso das exportações sem mega-projectos é
relativamente estático.

Uma análise mais profunda sobre trazida pelo mesmo autor, sugere que as províncias os
mega -projectos tendem a absorver acima de 70% do total do investimento na província
de Nampula, onde se localiza a Zona Económica Especial.

No escopo do artigo 15º, da Lei de Investimentos o registo do IDE é efectuado junto ao


Banco de Moçambique, no prazo de 90 dia após a autorização do projecto. Todos os
pagamentos e transferências que não tenham sido feitas através do sistema bancário
nacional não são considerados como parte do IDE, nos termos dos nºs 2 e 3 do
supramencionado artigo.

Para tornar mais atrativo o ambiente de negócios para os investidores estrangeiros, é


permitida a transferência de lucros e dividendos para o exterior mediante autorização
prévia do Banco de Moçambique, desde que os investimentos tenham sido previamente
registados junto daquele Banco e os impostos devidos tenham sido pagos.

2.3.1 Importância do Investimento Privado na Zona Económica Especial para o


Desenvolvimento Económico e Social

O desenvolvimento socioeconómico tem sido conceituado como sendo parte de um


processo de ampliação das escolhas das pessoas para que tenham capacidade e
oportunidades de ser o que desejam ser, e contempla de início, entre outros elementos, o
aumento da produtividade, acumulação, o capital, o rendimento per capita, sua estrutura
operacional, e a distribuição de seus custos e benefícios entre agentes desse processo.
Por assim dizer, o desenvolvimento socioeconómico é o equilíbrio entre os ganhos
económicos de um país e a melhoria das condições de vida da população, ou seja, com
os ganhos de ordem económica é expectável que os indicadores sociais melhorem
(Nino, 2016).

Corroborando com a ideia, Reis (2015), refere que a atribuição de incentivos fiscais é
uma fonte essencial para a alavancagem das economias por meio da criação de novos
postos de emprego, implementação de novos produtos no mercado, inovação e
criatividade na exploração de novos mercados, desta forma, o investidor contribui para a
sua comunidade em várias formas, seja através do oferecimento de produtos a baixo
custo e criação de infra-estruturas sociais.

20
21

No entanto, para Belchior (2015), esse equilíbrio é tido como utópico em grande parte
dos países da África Subsaariana, onde as realidades socioeconómicas e sociopolíticas
têm-se mostrado perversas para grande parte da população onde os ganhos do
crescimento da actividade económica e do Produto Interno Bruto (PIB) não se reflectem
na melhoria das condições de vida das suas populações.

A respeito disto, Governo moçambicano reconhece o empenho dos investidores


privados na alavancagem da economia, tendo-se notado os esforços empreendidos pelo
Governo na implementação de políticas que visam no melhoramento do ambiente de
negócios, para que estes, por sua vez, melhorem a vida das populações, concedendo
emprego que permitirá que tenham recursos para uma habitação condigna, as três
refeições por dia e que tenham acesso a saúde e educação de qualidade.

García & Lora (2009), rematam que operações de conduzidas a partir das Zonas
Económicas Especiais se revestem de vastíssima importância no desenvolvimento e
crescimento económico. Tal foi o exemplo da China que ao implementar aspectos
específicos das suas estratégias se desenvolveu com base na política económica baseada
na atracção do investimento exterior, no estabelecimento de infra-estruturas sociais e da
mão-de-obra de modo a facilitar o desenvolvimento de pólos de crescimento regionais e
corredores de desenvolvimento, que se tornaram a parte da estratégia económica do país

2.3.2 Criação de Emprego

Segundo Aggarwal (2007), a criação de emprego de forma indirecta por parte das ZEEs
afectam vários sectores da economia, desde transporte, comunicação, automóvel,
aviação civil, turismo, embalagem, bancos ou seguros para mão-de-obra qualificada e
não qualificada.

Existem três canais pelos quais as ZEE’s geram impacto positivo na criação de
empregos, tais como: (i) geram fundos de desenvolvimento que facilitam a geração de
actividades económicas e de emprego; (ii) elas também geram actividade económica
fora da zona com a transformação dos fundos de investimento em activos fixos e
compra de insumos e serviços para o resto da economia, e (iii) com a geração de
rendimentos adicionais, causa o aumento pela procura de vários bens e serviços como
habitação, educação e saúde, todos com efeitos multiplicadores sobre o rendimento e o
emprego. Dados estatísticos sobre a evolução de emprego nas Zonas Económicas

21
22

Especiais mostram que só em 2007, foram criados mais de 68 mil empregos directos em
todo o mundo (Zeng, 2016), em 2008 os números chegaram a 114,000 (Farole &
Akinci, 2011).

No entanto, o número de emprego chegou a atingir a um total de 31.140 mil nos Balcãs
Ocidentais (OCDE, 2017). A constante formação do capital humano é de extrema
importância, uma vez que as ZEE’s facilitam a criação de mão-de-obra industrial
intensiva, e segundo Warr e Menon (2016), sendo que, os trabalhadores com salários
mais altos são os quadros formados e com um conjunto de condições de trabalho que
lhes permite uma qualidade de vida melhor.

Refira-se que existe um regime laboral para o exercício de actividades nas ZEE’s e é
permitida a contratação de trabalhadores estrangeiros, devendo os operadores e
empresas que exercem actividade na ZEE comunicar as entidades competentes, para
efeitos de autorização, através do GAZEDA.

É de referir que, o início da actividade dos trabalhadores estrangeiros nas ZEE’s pode
verificar-se antes da competente autorização, devendo esta ser requerida, através do
GAZEDA, no prazo máximo de 15 dias contados da data do início de actividades do
trabalhador estrangeiro. Contudo, a admissão de trabalhadores estrangeiros é possível
somente quando não haja nacionais que possuem as qualificações exigidas ou o seu
número seja insuficiente. Uma vez aprovado; será concedido direito de residência
permanente no país aos investidores autorizados e seus representantes, extensivo ao
cônjuge e filhos menores.

2.3.3 Contributos das ZEE’s para a Captação de Receitas Fiscais

São designadas por Receitas fiscais quaisquer quantias geradas num determinado
período de exercício resultantes da exploração de actividade de projecto de
investimento, tais como lucros, dividendos “royalities” e outras eventuais formas de
remuneração associadas à cedência de direitos e utilização de tecnologias e marcas
registadas, bem como de juros e outras formas de retribuição de investimentos directos e
indirectos com base nos resultados de exploração da actividade do respectivo Projecto
(Lei n˚3/93 sobre Investimentos em Moçambique). As receitas fiscais são geradas no
âmbito da ZEEs de forma diminutiva como resultado das isenções fiscais ao
investimento privado.

22
23

Entende-se que as receitas fiscais podem ser geradas por meio de actividades de
projectos de investimento durante um período específico, incluindo lucros, dividendos,
royalties e outras formas de remuneração relacionadas à transferência de direitos e uso
de tecnologias e marcas registradas. Além disso, incluem juros e outras formas de
retorno de investimentos directos e indirectos, com base nos resultados da exploração
do projecto.

O contributo das ZEEs nas vertentes da arrecadação de receitas, é medido através do


IRPS a título de retenção na fonte, IVA nas importações e mercado interno que não
destine à prossecução da actividade principal, quaisquer proveitos obtidos fora da esfera
da Zona Económica Especial, uma vez que estes se submetem ao regime geral de
tributação.

De acordo com o Diploma Ministerial n.º 202/2010 que aprova o Regulamento do


Regime Fiscal e Aduaneiro das Zonas Económicas Especiais (ZEE) e das Zonas Francas
Industriais (ZFI), nas importações para as ZEEs, as matérias-primas, bens, mercadorias
e equipamentos, entram no país através das Estâncias Aduaneiras, nomeadamente,
Portos, Aeroportos ou Fronteiras Terrestres, indo directamente para a ZEE em regime
de trânsito aduaneiro, isto é, com suspensão de pagamento dos direitos aduaneiros e
demais imposições.

A venda de bens e serviços pelos fornecedores locais para as ZEE’s consideram-se


exportações, para as quais a taxa de direitos aduaneiros é 0%, não sendo devido
igualmente o IVA. As empresas que exercem actividades nas ZEE’s estão autorizadas a
vender no mercado local a sua produção, estando neste caso sujeitas ao pagamento dos
impostos devidos, nos termos da legislação vigente, incluindo os direitos aduaneiros, o
IVA e o Imposto sobre Consumos Específicos, sobre o valor dos bens importados.

Para os casos em que determinados produtos e bens, no âmbito de acordos bilaterais ou


regionais, beneficiem de taxas aduaneiras preferenciais ou de isenção total, estas taxas
devem ser consideradas na venda para o mercado interno dos bens similares produzidos
nas ZEEs. As empresas em regime de ZEE que se dediquem a importação de bens e
mercadorias para consumo, podem vender o seu produto no mercado local, ficando
sujeitas ao pagamento de todas as imposições fiscais devidas.

23
24

É desta feita que, as Zonas Económicas Especiais, embora sejam regiões com isenção,
possuem o contributo na arrecadação de receitas para os cofres do Estado e
consequentemente para o crescimento económico dos países que implementaram.

Saliente que em Moçambique, a cobrança de receitas fiscais é delegada a Autoridade


Tributária criada pela Lei n.º 1/2006, de 22 de Março, que comporta duas unidades de
cobrança, nomeadamente a Direcção Geral de Impostos, para a cobrança de receitas
internas (IVA nas operações internas, IRPS, IRPC, SISA) e Direcção Geral de
Alfândegas para cobrança de impostos externos (Direitos Aduaneiros, IVA nas
operações externas, Imposto sobre o Consumo Especifico).

2.3.4 Vantagens da Zona Económica Especial em Moçambique

Oliveira, (2006, Cit. em Rodrigues, 2012): A Implementação da Zona Económica


Especial apresenta as seguintes vantagens que são aqui alistadas como sendo:

1. Atrair investimento estrangeiro ao país;


2. Promover postos de trabalho e oportunidades de emprego; e
3. Agem como um catalisador para o desenvolvimento económico no resto do país.
4. No reforço da cooperação económica e trocas entre nações;
5. A instalação das ZEE’s muda a dinâmica e estrutura inicial da região;
6. As ZEE’s permitem a expansão das infraestruturas indispensáveis ao
desenvolvimento;
7. Dum país, impulsionam a inovação com a implementação de novas tecnologias;
8. Promovem o aumento da produtividade e da competitividade da economia
nacional com vista ao crescimento do Produto Interno Bruto, o aumento de
oportunidades de emprego.

Apesar das vantagens aqui mencionadas, o sucesso de ZEE’s depende de um número de


factores-chave, incluindo vontade política dos governos com políticas macro e micro
para a sua implementação com objectivos concentrados; implantação e acesso a
infraestruturas de qualidade; um ambiente político estável; coordenação com uma
reforma de nível nacional; concessão de incentivos financeiros e tributários;
regulamentação alfandegária simples e transparente; mínima burocracia; leis trabalhistas
flexíveis; e mão-de-obra disciplinada e apta a ser treinada (Madani, 1992, Cit. em
Rodrigues, 2012).

24
25

Percebe-se que as vantagens da implementação das ZEEs permitem atrair o


investimento estrangeiro ao país, promovendo oportunidades de emprego,
desenvolvimento de infra-estruturas, reforço da cooperação económica e trocas entre
nações com vista a impulsionar o desenvolvimento económico e social da zona assim
como da região.

2.3.5 Desenvolvimento Socioeconómico

De acordo com Reis (2015), a atribuição de incentivos fiscais é uma fonte essencial para
a alavancagem das economias por meio da criação de novos postos de emprego,
implementação de novos produtos no mercado, inovação e criatividade na exploração de
novos mercados, desta forma, o investidor contribui para a sua comunidade em várias
formas, seja através do oferecimento de produtos a baixo custo e criação de
infraestruturas sociais.

O desenvolvimento socioeconómico tem sido conceituado como sendo parte de um


processo de ampliação das escolhas das pessoas para que tenham capacidade e
oportunidades de ser o que desejam ser, e contempla de início, entre outros elementos, o
aumento da produtividade, acumulação, o capital, o rendimento per capita, sua estrutura
operacional, e a distribuição de seus custos e benefícios entre agentes desse processo.
Por assim dizer, o desenvolvimento socioeconómico é o equilíbrio entre os ganhos
económicos de um país e a melhoria das condições de vida da população, ou seja, com
os ganhos de ordem económica é expectável que os indicadores sociais melhorem
(Nino, 2016).

Esse equilíbrio é tido como utópico em grande parte dos países da África Subsaariana,
onde as realidades socioeconómica e sociopolítica têm-se mostrado perversas para
grande parte da população onde os ganhos do crescimento da actividade económica e do
produto interno bruto (PIB) não se reflectem na melhoria das condições de vida das suas
populações.

Do ponto de vista de Belchior (2015), o Governo moçambicano reconhece o empenho


dos investidores privados na alavancagem da economia, tendo-se notado os esforços
empreendidos pelo Governo na implementação de políticas que visam no melhoramento
do ambiente de negócios.

25
26

2.3.6 Indicadores de Desenvolvimento

Os Indicadores de desenvolvimento são variáveis representativas de aspectos parciais de


determinados processos de desenvolvimento em contextos bem específicos
(McGranahan, 1974 citado em Siedenberg, 2003, p.54).

A consolidação do conceito de desenvolvimento como um processo de mudanças


socioeconómicas trouxe à tona o desafio da sua mensuração. A evolução do PIB –
Produto Interno Bruto –, um indicador que a Economia utilizava como referencial
quantitativo do desenvolvimento de uma nação, não satisfazia às demais disciplinas, até
porque nem sempre o crescimento económico de uma nação ou região implicava
automaticamente em desenvolvimento num sentido mais amplo (Siedenberg, 2003).

Em 1954 um grupo de cientistas sociais vinculados à ONU sugeria a necessidade de


atrelar ao PIB alguns indicadores da área da saúde, educação, ocupação e habitação para
melhor definir desenvolvimento (UN, 1954 citado em Siedenberg, 2003).

Foi na década de 70 que a discussão científica em torno de indicadores de


desenvolvimento socioeconómico ganhou corpo. Em 1990, quando o Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) apresentou o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) – em seu relatório anual em que foram comparados
diferentes aspectos da qualidade de vida em 130 países com mais de 1 milhão de
habitantes, consolidou-se uma concepção mais complexa do conceito de
desenvolvimento que, para além de meros dados económicos, tinha em consideração
também alguns aspectos sociais.

Após a divulgação do IDH surgiram várias propostas e sugestões para qualificar os


indicadores de desenvolvimento, bem como foram surgindo estudos paralelos para
dimensões locais, regionais e nacionais (Nohlen & Nuscheler, 1993 citado em
Siedenberg, 2003).

Os indicadores sociais se caracterizam, por serem substituíveis e parciais. A


substituibilidade significa que o indicador representa algo que também poderia ser
representado por meio de outros indicadores. A parcialidade significa que todo
indicador expressa algo que ele mesmo é apenas em parte (Nohlen & Nuscheler, 1993
citado em Siedenberg, 2003).

26
27

É de extrema importância identificar, entre o rol de indicadores possíveis, aquele(s) que


melhor representa(m) determinado aspecto que deve ser ressaltado. Enquanto em
algumas áreas há unanimidade sobre o uso dos principais indicadores sociais, em outras
ainda há muita controvérsia, como na escolha de indicadores que representam miséria,
bem-estar, liberdade política ou segurança social (Siedenberg, 2003).

Diz ainda o autor acima citado que, indicadores sociais tanto podem ser apresentados de
forma desagregada, sobretudo quando se busca explicitar com maior precisão
determinados aspectos e especificidades, como podem ser apresentados de forma
agregada, principalmente quando se busca sintetizar e comparar dados. Diz ainda o
autor que essencial para o resultado analítico não é o número de indicadores utilizados,
mas a qualidade e os parâmetros dos indicadores.

É possível diferenciar indicadores de desenvolvimento de acordo com o tipo de


informações que propiciam e conforme sua capacidade de representar tecnicamente os
objectivos do desenvolvimento.

Segundo o Unrisd (1984, Cit em Siedenberg 2003), é possível diferenciar entre:

 Indicadores per capita: estes indicadores exprimem médias estatísticas em


relação ao que eles medem directamente (pela divisão de medidas agregadas
pela população estimada). São indicadores de carácter mais económico e
desconsideram classes de distribuição. Exemplos: renda per capita, consumo de
calorias por habitante;
 Indicadores percentuais: estes indicadores exprimem, em relação ao que eles
medem directamente, os percentuais que determinados grupos detêm ou não em
relação a um aspecto específico. São, basicamente, indicadores de carácter social
e consideram classes de distribuição. Exemplos: concentração/distribuição da
renda, alfabetização;
 Indicadores estruturais: são indicadores que, apesar de também apresentarem os
dados que quantificam em percentuais, não representam metas de
desenvolvimento, ou seja, não têm como objectivo implícito atingir 100% ou 0%
nos casos ideais; apenas demonstram determinada estrutura. Exemplo: estrutura
etária, classificação por sexo.

A utilização exclusiva de determinado tipo de indicador pode influenciar


significativamente o resultado de análises sobre o processo de desenvolvimento.
27
28

Segundo Siedenberg (2003), indicadores de desenvolvimento podem ser utilizados para


os mais diversos fins, entre os quais se destacam:

 Diagnosticar as condições de desenvolvimento social ou setorial;


 Propiciar informações sobre problemas sociais ou crises potenciais;
 Subsidiar planos e decisões políticas;
 Avaliar metas e estratégias globais/sectoriais.

Na maior parte das publicações que abordam escalas e estudos comparativos


internacionais, o PIB e a renda per capita aparecem acompanhados de uma razoável
quantidade de outros indicadores sociais, isto é, de números e dados que aparentemente
são representativos e significativos para caracterizar o desenvolvimento económico e
social das diferentes nações.

2.3.7 Teoria de Desenvolvimento Socioeconómico

2.3.7.1 O Desenvolvimento Socioeconómico na Teoria Schumpeteriana

Para Schumpeter, o aspecto fundamental do desenvolvimento económico diz respeito ao


processo de inovação e às suas consequências na organização dos sistemas produtivos
(Souza, 2012, Cit em Pivoto, Caruso, & Niederle, 2016).

Assim, enquanto novos produtos e processos forem gerados, a economia estará em


crescimento. Os investimentos em inovação dinamizam o crescimento e geram
externalidades sociais positivas, gerando efeitos em cadeia sobre a produção, o
emprego, a renda e os salários (Pivoto, Caruso, & Niederle, 2016).

Portanto, o modelo Schumpeteriano pressupõe uma espécie de sistema de equilíbrio


geral entre o crescimento económico e a mudança do paradigma social, ou seja, o
crescimento económico deve se reflectir na melhoria dos indicadores sociais, onde as
relações entre as variáveis produtivas se encontram em condições de crescimento
equilibrado, determinadas pelo ritmo do crescimento demográfico, ou por mudanças
políticas.

Isso significa que, nessas condições, há um ajuste equilibrado entre oferta e demanda,
assim como entre poupança e investimento, de modo que o crescimento da economia
acompanha o ritmo de acumulação do capital, mas sem criar diferenças expressivas nos

28
29

níveis de distribuição, havendo uma expansão da renda determinada por pequenas


variações na força de trabalho engajada no processo produtivo.

Com base nessa linha de raciocínio, ao trazer o capital para Nacala, foram introduzidas
qualificações inovadoras de padrão internacional no país. No entanto, se o consumo ou
uso dessas tecnologias se limitar aos distritos que compõem a ZEE, o retorno do capital
será baixo. Muitas dessas tecnologias têm origem em países onde o retorno do capital é
elevado.

2.3.7.2 Teoria de Desenvolvimento Socioeconómico de François Perroux

Para François Perroux, o crescimento e desenvolvimento económico estavam


intimamente ligados ao surgimento de indústrias e polos industriais. Segundo este autor,
o polo de crescimento surge devido ao aparecimento de uma indústria motriz, para o
caso da ZEEN seria o porto de Nacala, considerando como tal aquela indústria que,
antes das demais, realiza a separação dos factores da produção, provoca a concentração
de capitais sob um mesmo poder e decompõe tecnicamente as tarefas e a mecanização,
na qual essa indústria precisa ser necessariamente grande para atrair outras empresas e
concentrar capitais (Radomsky, 2016).

Essa polarização sugere que as desigualdades regionais aumentem, pois forma-se


inicialmente um oligopólio, na qual essas indústrias motrizes irão naturalmente crescer
mais que a média nacional até que atinge um ponto máximo, para declinar em seguida,
quando se inicia o processo de despolarização. O polo de crescimento se torna um polo
de desenvolvimento quando provocar transformações estruturais e expandir o produto e
emprego onde se localiza, facto que a ZEEN não conseguiu alcançar.

A indústria, segundo Perroux, é a maior motivadora do crescimento e desenvolvimento


económico, pois emprega diversos factores de mão-de-obra e estimula investimentos em
máquinas e equipamento, além de possuir uma forte identificação geográfica, criando
conglomerados industriais. O modelo de desenvolvimento de Perroux se baseia no
desenvolvimento da indústria, na geração de emprego que estimulará a renda e
consequentemente o bem-estar social e o crescimento e desenvolvimento da economia.

Essa abordagem é baseada na instalação de indústrias para a promoção do


desenvolvimento. Nacala possui o segundo maior parque industrial do país, divididio
entre Matola I e Matola II, porém não movimenta perfeitamente o capital, devido a

29
30

suposições de risco (Municipio de Nacala, 20200), devido às condições para o acesso a


estas zonas.

A abordagem de portfólio industrial para o IDE pode reagir a essa teoria inicial de
inovação, uma vez que não são eventos exclusivos no processo. A inovação e a
industrialização estão associadas sendo complexo enfatizar os aspectos diferenciais. No
entanto, o movimento do capital não é unidirecional. O capital se move de países onde o
retorno sobre o capital é alto para países onde o retorno sobre o capital é baixo e vice-
versa.

2.3.8 Modelo de Desenvolvimento Socioeconómico de Amartya Sem

Amartya Sen é um renomado economista e filósofo indiano que desenvolveu uma


abordagem alternativa ao crescimento económico como medida única de
desenvolvimento, enfatizando a importância da capacitação das pessoas e sua liberdade
para exercer escolhas.

Seu modelo de desenvolvimento socioeconómico, conhecido como a “abordagem das


capacidades”, tem como objectivo principal promover o bem-estar humano e a justiça
social. Sen argumenta que a riqueza de uma nação deve ser avaliada com base na
capacidade das pessoas de alcançar seus objetivos e metas, em vez de apenas na
quantidade de bens e serviços produzidos (Sen, 1999).

Nesse sentido, o modelo de Sen enfatiza a importância da educação, saúde, segurança


alimentar, igualdade de gênero e outros factores que contribuem para a realização plena
das capacidades humanas. Ele argumenta que o desenvolvimento só pode ser
verdadeiramente sustentável se todos tiverem a oportunidade de participar e contribuir
para a sociedade.

Amartya Kumar Sen, defende que o desenvolvimento deve ser também como um
processo de alargamento das liberdades reais de uma pessoa e de uma sociedade em
geral. Para este pensador, o desenvolvimento económico não consiste apenas no
crescimento do PIB, é preciso que esse crescimento por meio da modernização
tecnológica e industrialização se reflita no aumento das receitas pessoais e na
modernização social (Sen, 2000) citado por (Freitas, Cassol, & Conceição, 2016)

Embora os pressupostos que sustentam o desenvolvimento socioeconómico sejam


diferentes as três teorias acima apresentadas, as três teorias são unânimes ao defenderem

30
31

que os benefícios do crescimento económico devem resultar na melhoria da condição


social da população, sublinhando a geração de emprego como uma das formas para esse
efeito.

Essa abordagem é igualmente defendida pela organização internacional do trabalho


(OIT) que sublinha o crescimento económico como condição essencial, mas não
suficiente, para a redução da pobreza. A redução da pobreza envolve crescimento com
uma reorientação substancial a favor das pessoas pobres e inclui mudanças nas
instituições, leis, regulamentos e práticas que fazem parte do processo que tem
contribuído para a criação e perpetuação da pobreza.

Essas diferentes teorias que foram apresentadas por diferentes pesquisadores podem
explicar o desenvolvimento socioeconómico almejado na Zona Económica Especial de
Nacala. No entanto, as teorias analisadas conjuntamente se encaixam no propósito pelo
qual foram criadas as ZEE.

2.4 Estudos Realizados

Esta secção assegura o corpo do estudo, nele são apresentados os estudos realizados por
outros autores visando teorizar, as conclusões por eles levantados sobre os Benefícios
Fiscais No desenvolvimento socioeconómico no mundo e em Moçambique, como
podemos depreender a seguir.

2.4.1 Estudos Empíricos

O estudo que se realizou entre países nos países membros da União Monetária do
Caribe Oriental por Chai e Goyal (2008), utilizou pesquisas primárias que envolveram
os próprios investidores que receberam algum tipo de pacote de incentivos estudo
conjunto da rede de justiça África e da Action Aid International sobre a concorrência
fiscal no leste da África indicou que Quénia, Uganda, Tanzânia e Ruanda estão
perdendo até US$ 2,8 bilhões por ano devido aos incentivos fiscais que oferecem às
empresas. Portanto, eles sugerem que esses tipos de incentivos devem parar porque são
caros e ineficientes.

Algumas isenções fiscais foram oferecidas para investidores estrangeiros que depois
abandonaram os projectos. Este poderia ser um forte argumento contra os esquemas de
incentivo, pois mostrou um resultado real de experimento natural, concentrou em países

31
32

de renda média, particularmente da África descobriu que o clima de investimento é mais


importante do que os incentivos. De acordo com este estudo, os incentivos
desempenham um papel insignificante na atracção de empresas estrangeiras e os
fundamentos económicos, sociais e institucionais dos países são mais importantes.

Madies e Dethier, 2010) Alguns dos pesquisadores tentaram identificar qual tipo de
incentivo funciona melhor em vez de generalizar, no seu estudo sobre a eficácia dos
incentivos fiscais para atrair IDE em 16 países da África Subsariana, para o período
1990-2000, usando dados agrupados, constatou que entre os incentivos fiscais as
isenções fiscais foram muito efectivos enquanto as outras concessões parecem causar
um efeito adverso especialmente em países que ofereceram muitas concessões.

O estudo recomendou que os países sejam selectivos em seus incentivos fiscais e sob
certas condições os incentivos fiscais aumentam o investimento; criar oportunidades de
emprego e levar ao crescimento geral. Segundo eles, devem ser dados incentivos para
empresas estrangeiras que se dediquem a actividades com forte potencial de
transbordamento, actividades que criem vínculo entre empresas locais e estrangeiras,
educação, formação.

Também consideram que é necessário para construir a capacidade de absorção das


empresas locais ao mesmo tempo. É nestas condições que os incentivos fiscais terão um
impacto significativo no aumento do investimento. Essa constatação corrobora
fortemente a visão de que a eficácia dos incentivos depende dos fundamentos
económicos e das situações específicas de cada país.

Os incentivos fiscais podem ser políticos bons e apropriadas para atrair IDE para os
países em desenvolvimento. Ele justificou a eficácia dos incentivos abordando os
principais argumentos apresentados pelos opositores aos incentivos fiscais. Portanto,
não são os incentivos que são ineficazes, mas sim a administração e a implementação
dos incentivos que não são eficazes.

Além disso, ele argumenta que os incentivos não são dados como compensação a outros
determinantes do IDE, mas sim como um acréscimo a outros esforços de política. Taxa
de juros, inflação, abertura de mercado, infraestrutura, custo de produção,
disponibilidade de recursos naturais ou insumos para produção, localização do país são
variáveis comuns utilizadas por muitos pesquisadores quando estudam o efeito dos
incentivos fiscais sobre o IDE.

32
33

2.4.2 Estudos Focalizados

Entre os estudos que encontraram um impacto insignificante dos incentivos está uma
ampla análise efectuado pelo Banco de Moçambique que desenvolveu em 2018 uma
pesquisa denominada Reflexão sobre a Dinamização das Zonas Económicas Especiais
(ZEE) em Moçambique: O Caso da ZEE de Mocuba.

Com este tema, pretendia-se com o tomar um debate o papel das ZEE na atracção de
investimento, promoção de emprego e aceleração do processo de transformação e
desenvolvimento económico na província da Zambézia, em particular, e na economia
nacional.

Esta pesquisa de cariz qualitativa quanto a abordagem, avaliou o desempenho da ZEE


de Mocuba em particular, e das ZEE no país em geral e efectuou uma reflexão em torno
da sua implementação, tendo chegado a conclusão de que apesar do elevado potencial
agro-ecológico, a ZEE de Mocuba está pouco desenvolvida e enfrenta dificuldades para
a atracção de investimento.

A ZEE de Mocuba possui apenas sete empresas operacionais, empregando um pouco


mais do que 259 funcionários directos, estando muito aquém das expectativas traçadas
aquando da sua criação. Este cenário repete-se um pouco por todos os programas de
ZEE implementados no país.

No entanto, o estudo realizado pelo Banco de Moçambique se relaciona com o nosso


tema, na medida em que as duas temáticas têm como área de estudo uma ZEE,
diferendo apenas na questão de cidade, ou seja, o estudo do BM foi realizado na cidade
de Mocuba, enquanto o nosso foi realizado na cidade de Nampula.

Adicionalmente, percebe-se que ambas pesquisas tiveram como principal foco avaliar o
papel dos Benefícios Fiscais no desenvolvimento socioeconómico das ZEE e é nesta
perspectiva que a pesquisa realizada pelo Banco de Moçambique, se relaciona com a
nossa temática (avaliar a contribuição dos benefícios fiscais no desenvolvimento
socioeconómico de Nacala).

33
34

CAPÍTULO III: METODOLOGIA

No presente capítulo, é apresentado a base na qual a pesquisa foi suportada no processo


de sua elaboração, apresentando deste modo, a abordagem da pesquisa, o tipo de
pesquisa quanto ao seu objectivo, os instrumentos de colecta e processamentos de
dados.

A Metodologia examina, descreve e avalia métodos e técnicas de pesquisa que


possibilitam a colecta e o processamento de informações, visando ao encaminhamento e
à resolução de problemas e/ou questões de investigação, dai que Prodanov e Freitas
(2013), definem metodologia como aplicação de procedimentos e técnicas que devem
ser observados para construção do conhecimento, com o propósito de comprovar sua
validade e utilidade nos diversos âmbitos da sociedade.

Por esse motivo, os trabalhos de pesquisa são reconhecidos e válidos quando o


investigador apresenta de forma clara e precisa os métodos utilizados para a produção
do estudo.

3.1 Tipo de Pesquisa

Para um estudo científico, existem diferentes tipos de pesquisa de acordo com a


natureza e os objectivos da investigação, ou ainda, conforme os procedimentos a seguir,
neste caso, passamos a descrever o tipo de pesquisa em que se enquadra o nosso
trabalho, considerando os métodos/procedimentos a serem utilizados.

3.1.1 Quanto ao Método, usou-se o método indutivo por ser importante e fundamental
na simplificação do estudo, pois a partir de uma indução incompleta de casos estudados
pode-se concluir uma certa verosimilhança com outros não estudados. No caso em
análise partiu-se de pesquisas de realidades particulares e foi feita a inferência (indução)
dos resultados dos mesmos na ZEE de Nacala considerando-se como um caso
semelhante, sem considerar as suas características peculiares.

Portanto, o método indutivo faz aproximação dos fenómenos caminha geralmente para
planos cada vez mais abrangentes, indo das constatações mais particulares às leis e
teorias (conexão ascendente).

Segundo Freitas (2013), o método indutivo é aquele que parte de análises singulares e a
partir destas chega a conclusões plurais. Observa factos e fenómenos e analisa com o
34
35

intuito de descobrir as causas da sua manifestação e por intermédio da comparação,


descobrir a relação existente entre eles. Feita a colecta e tratamento de dados, recorre-se
à generalização entre as constatações semelhantes.

3.1.2 Quanto a Abordagem

 Pesquisa Qualitativa

Quanto a abordagem, a pesquisa configura-se qualitativa por se tratar de análise do


carácter social e está preocupada com a representatividade social, na avaliação
socioeconómica de uma zona específica - Zona Económica Especial de Nacala, através
de informações obtidas por meio das comunicações dos entrevistados.

Segundo Triviños (1987), em virtude de a abordagem de cunho qualitativo trabalhar os


dados buscando seu significado, tendo como base a percepção do fenómeno dentro do
seu contexto, o seu uso mostra-se o mais apropriado, pois procura captar não só a
aparência do fenómeno como também a sua essência. Procurar explicar a origem das
Zonas Económicas Especiais, suas relações com mudança de vida de pessoas, tentando
intuir as consequências nos cofres do Estado combina com a pesquisa qualitativa que,
segundo, Denzin e Lincoln (2005):

“(…) consiste em um conjunto de práticas interpretativas e materiais


que tornam o mundo visível. Essas práticas transformam o mundo,
fazendo dele uma série de representações, incluindo notas campo,
entrevistas, conversas, fotografias, gravações e anotações pessoais.
Nesse nível, a pesquisa qualitativa envolve uma postura interpretativa
e naturalística diante do mundo. Isso significa que os pesquisadores
desse Campo estudam as coisas em seus contextos naturais, tentando
entender ou interpretar os fenômenos em termos dos sentidos que as
pessoas lhes atribuem” ( p3).

Richardson (1999), enfatiza que o método qualitativo difere em princípio do método


quantitativo porque não emprega um instrumental analítico estatístico com base em
processo de análise de um problema. Não pretende numerar ou medir unidades ou
categorias homogéneas.

Corroborando, Flick (2009), refere que o perfil da pesquisa qualitativa usa o texto como
material empírico (ao invés de números) parte da noção da construção social das
35
36

realidades em estudo, está interessada nas perspectivas dos participantes, em suas


práticas do dia-a-dia e em seu conhecimento quotidiano em relação ao estudo”. A
aplicação da pesquisa qualitativa neste estudo permitiu uma informação detalhada sobre
o Papel do Benefícios Fiscais no desenvolvimento socioeconómico de Nacala-Porto e
Nacala-à- Velha.
Percebe-se assim que o método qualitativo não emprega um instrumental analítico
estatístico, mas sim usa o texto como material empírico (ao invés de números) parte da
noção da construção social das realidades em estudo, está interessada nas perspectivas
dos participantes, em suas práticas do dia-a-dia e em seu conhecimento cotidiano em
relação ao estudo.

3.1.3 Quanto aos Objectivos

 Pesquisa Exploratória

A pesquisa, quanto aos objectivos foi do tipo exploratória que para Zikmund (2000 citin
Oliveira), os estudos exploratórios, geralmente, são úteis para diagnosticar situações,
explorar alternativas ou descobrir novas ideias. Esses estudos são conduzidos durante o
estágio inicial de um processo de pesquisa mais amplo, em que, o pesquisador procura
esclarecer e definir a natureza de um problema e gerar mais informações que possam ser
adquiridas para a realização de futuras pesquisas conclusivas.

Dessa forma, mesmo quando já existem conhecimentos sobre o assunto, a pesquisa


exploratória também é útil, pois, normalmente, para um mesmo facto organizacional,
pode haver inúmeras explicações alternativas, e sua utilização permitirá ao pesquisador
tomar conhecimento sobre os factos que se pretende investigar.

Geralmente as pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objectivo de


proporcionar uma visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado facto. Este
tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado
e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionais (Gil, 2008).

Percebe-se que a pesquisa exploratória aplicada a este estudo permite o conhecimento


do fenómeno onde o pesquisador procura esclarecer e definir a natureza de um
problema e gerar mais informações que possam ser adquiridas para a realização de
futuras pesquisas.

36
37

3.1.4 Quanto aos Procedimentos

Para esta pesquisa de carácter qualitativo foram seleccionados os seguintes instrumentos


de recolha de Dados: as técnicas de entrevistas semi-estruturadas que permitiram a
recolha de informação relacionada ao tema que está a ser investigado com maior
profundidade, para perceber o fenómeno do desenvolvimento socioeconómico de
Nacala Porto e Nacala-à-Velha.

A observação directa foi uma técnica usada para verificar como foi operacionalizado o
investimento em Nacala com destaque para o desenvolvimento económico e social.
Foram também utilizadas diferentes técnicas de levantamento de dados, primários e
secundários − revisão e análise bibliográfica e documental. A triangulação das
diferentes fontes de dados permitiu obter o máximo de informações pertinentes
possíveis, constituindo uma base de dados sobre o tema em estudo (Baldin & Munhoz,
2011).

3.1.4.1 Dados Secundários

 Pesquisa Bibliográfica

A pesquisa bibliográfica é considerada uma fonte de colecta de dados secundários, pode


ser definida como: contribuições culturais ou científicas realizadas no passado sobre um
determinado assunto, tema ou problema que possa ser estudado.
Para Lakatos e Marconi (2001, p. 183), a pesquisa
bibliográfica,“(...) abrange toda bibliografia já tornada pública
em relação ao tema estudado, desde publicações avulsas,
boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas monografias, teses,
materiais cartográficos, etc e sua finalidade é colocar o
pesquisador em contacto directo com tudo o que foi escrito,
dito ou filmado sobre determinado assunto”.
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído
principalmente de livros, teses e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos
seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas
exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.

37
38

Parte dos estudos exploratórios podem ser definidos como pesquisas bibliográficas,
assim como certo número de pesquisas desenvolvidas a partir da técnica de análise de
conteúdo (Gil, 2008).

Assim, o material bibliográfico utilizado na prossecução deste trabalho, na sua maioria


foi constituído por livros, teses e artigos científicos colectado on-line nas páginas do
Governo de Moçambique, Google Académico, além de busca bibliográfica física. A
pesquisa bibliográfica permitiu efectuar o levantamento de dados relevantes em relação
ao contexto económico e social, assim como referidos à teoria e conceitos utilizados.

3.1.4.2 Dados Primários

 Análise Documental
Os documentos são instrumentos para uma melhor compreensão da sociedade,
especialmente no que tange à dimensão temporal, considerando indivíduos, grupos e o
conhecimento do contexto do estudo (Cellard, 2010; Minayo, 2009; Fairclough, 2008;
Gil, 2009).
Nesta fonte, o pesquisador busca identificar informações a partir das questões e
hipóteses de interesse, por meio de tratamento analítico de leitura repetitiva, guiadas por
perguntas norteadoras e baseando-se em concepção teórica que possibilite a
compreensão da realidade (Silva, 2009).

O documento não é inerte, mas maleável, possibilitando uma análise crítica sobre à
problemática em estudo. Nenhum documento é neutro, sendo importante entender como
foi criado e para quê; a autenticidade, legitimidade e confiabilidade das informações que
contém; bem como os conceitos chaves que emergem do texto.

Segundo (Cellar, 2010), as dimensões a serem consideradas preliminarmente na análise


documental são: o contexto e a conjuntura política, económica, social e cultural no qual
foram elaborados os documentos; assim como os autores que os elaboraram, para tentar
captar os interesses, as ideologias e as motivações embutidas na escrita. O espírito
crítico do pesquisador é fundamental nesta etapa.

Os documentos foram colectados de forma sistemática, em páginas electrónicas


seleccionadas, como sites ministeriais e institucionais, jornais moçambicanos e
internacionais que tratam do sistema fiscal e por meio de solicitação a
instituições/actores-chaves.

38
39

A selecção dos locais de busca documental considerou as principais instituições,


nacionais envolvidas na pesquisa, com foco no sistema tributário. Os documentos
arrecadados foram variados: material administrativo, legislativo, publicações
institucionais, governamentais e não-governamentais, relacionados ao objecto de
pesquisa, possibilitando aspectos da análise.

Foram levantados vários documentos, entre leis, normas, relatórios, pesquisas e


declarações, sendo a maioria legislações e relatórios e considerados os documentos mais
importantes.

 Entrevista semi-estruturada

Privilegiou-se a entrevista porque esta técnica tem como objectivo identificar a


percepção individual dos actores sobre avaliação dos benefícios fiscais no
desenvolvimento socioeconómico de Moçambique e em Nacala, a fim de complementar
as informações encontradas, com as outras técnicas, e aprofundar ou clarear gaps do
conhecimento obtido a partir das fontes secundárias. Portanto, a entrevista semi-
estruturada não sugere uma ordem pré-estabelecida na formulação das perguntas que se
pode deixar ao critério do pesquisador.

Segundo Cervo & Bervian (2002), a entrevista é uma das principais técnicas de colectas
de dados e pode ser definida como conversa realizada face a face pelo pesquisador junto
ao entrevistado, seguindo um método para se obter informações sobre determinado
assunto.

As entrevistas sem-iestruturadas podem ser definidas como uma lista das informações
que se deseja de cada entrevistado, mas a forma de perguntar (a estrutura da pergunta) e
a ordem em que as questões são feitas irão variar de acordo com as características de
cada entrevistado. Geralmente, as entrevistas semi-estruturadas baseiam-se em um
roteiro constituído de “(...) uma série de perguntas abertas, feitas verbalmente em uma
ordem prevista” (Laville & Dionne, 1999, p.188, citado por Oliveira, 2011).

Nesta perspectiva podemos entender dos autores acima que as entrevistas semi-
estruturadas suscitam grande interesse e tem sido de utilização frequente pois “os
entrevistados expressam seu interesse de forma relativamente aberta do que uma
entrevista padrão ou num questionário. A entrevista semi-estruturada não sugere uma

39
40

ordem pré-estabelecida na formulação das perguntas que se pode deixar ao critério do


pesquisador.

No entanto durante a realização da entrevista é importante seguir algumas


recomendações, tais como fazer boas perguntas e interpretar as respostas; ser um bom
ouvinte, não deixando se enganar por ideologias e preconceitos, no sentido de buscar a
“objectivação”.

As entrevistas foram realizadas por e-mail, contacto telefónico e questionários de


solicitação específica.

No final foram realizadas sete entrevistas. As entrevistas duraram, em média, 30


minutos. As entrevistas possibilitaram preencher lacunas encontradas na análise
documental e bibliográfica, bem como aprofundar o conhecimento sobre o estágio
actual da ZEE e os actores envolvidos na pesquisa.

Os resultados foram apresentados a partir da triangulação dos dados de diferentes


fontes, isto é, da comparação das informações obtidas a partir de fontes diferentes –
bibliografia, documentos e entrevistas – como forma de validação entre elas
(DESLANDES, 2012). Devido ao grande número de actores envolvidos para o recorte
do objecto, foram analisados os relatórios dos Governos Distritais, especialmente os
anuais que contemplam informações de todas instituições do Governo.

 Observação Directa

A observação também é considerada uma colecta de dados para conseguir informações


sob determinados aspectos da realidade. Ela ajuda o pesquisador a “(...) identificar e
obter provas a respeito de objectivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência,
mas que orientam seu comportamento” (Marconi & Lakatos, 1996, p. 79, citado por
Oliveira, 2011). A observação também obriga o pesquisador a ter um contacto mais
directo com a realidade.

Segundo Quivy, (1998, p.196) a “observação directa é considerada uma técnica de


investigação social que capta os comportamentos no momento que eles se produzem em
si mesmos, sem mediação de um documento ou de um testemunho”.

40
41

3.1.5 Estudo de Caso

Para esta pesquisa foi aplicado um estudo de Caso. Geralmente é caracterizado por
estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objectos, de maneira a permitir o seu
conhecimento amplo e detalhado sobre o fenómeno que se pretende estudar, tarefa
praticamente impossível mediante os outros tipos de delineamentos considerados (Gil,
2008).

De acordo com Yin (2005), o estudo de caso é um estudo empírico que investiga um
fenómeno actual dentro do seu contexto de realidade, quando as fronteiras entre o
fenómeno e o contexto não são claramente definidas e no qual são utilizadas várias
fontes de evidência.

O estudo de caso vem sendo utilizado com frequência cada vez maior pelos
pesquisadores sociais, visto servir a pesquisas com diferentes propósitos, tais como:

a) Explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos;

b) Descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação;

c) Explicar as variáveis causais de determinado fenómeno em situações muito


complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos e experimentos.

O estudo de Caso aplicado a esta pesquisa recai sobre a ZEE de Nacala que alberga dois
Distritos, nomeadamente Nacala Porto e Nacala-à-Velha, o que permitiu um
conhecimento profundo sobre a temática pesquisada e perceber como os benefícios
fiscais contribuem no desenvolvimento socioeconómico.

3.1.6 População e participantes

3.1.6.1 População

População é um conjunto definido de elementos que possuem determinadas


características, um conjunto de alunos matriculados numa escola, operários filiados a
um sindicato, os integrantes de um rebanho de determinada localidade, o total de
indústrias de uma cidade, ou a produção de televisores de uma fábrica num determinado
período (GIL, 2008).

Nesta posição do autor pode-se perceber que população é o conjunto de todos os


elementos ou resultados sob investigação, ou um conjunto definido de elementos que

41
42

possuem determinadas características.

A população a ser estudada refere-se ao conjunto de empresas privadas sedeadas em


Nacala-Porto e Nacala-à-Velha que gozam de Benefícios Fiscais no âmbito Zona
Económica Especial de Nacala. Esta tem um universo de 194 de projectos aprovados
entre 2009 a 2021. As referidas empresas são de capital nacional e outras de capital
estrangeiro, que desenvolvem suas actividades em diferentes ramos.

Importa referir que os elementos da amostra foram extraídos deste universo de empresas
não se observou a extração por cálculos e por se tratar de uma pesquisa qualitativa, a
determinação dos participantes está ao critério do pesquisador (amostra probabilística
intencional. Nesta pesquisa, não se faz nenhuma generalização dos resultados, os dados
não são numéricos, portanto, não interessa o tamanho da amostra, mas a qualidade dos
resultados que se possa obter desta mesma.

3.1.6.2 Participantes

Fortin (1999) refere que amostra é um subconjunto dos indivíduos de uma população
alvo, que permite inferir as propriedades do total do conjunto. Pode-se entender de
amostra segundo este autor como parte de população.

Para a determinação da amostra, as metodologias qualitativas são caracterizadas pela


sua falta de representatividade estatística. Duas grandes críticas feitas às metodologias
qualitativas são a sua falta de representatividade e a generalização selvagem que
efectua.

De facto, considera-se que não tem muito sentido falar de amostragem, pois não se
procura uma representatividade estatística, mas sim uma «representatividade social»
(Guerra, 2006).

A diversidade se relaciona com a garantia de que a utilização das entrevistas se faz


tendo em conta a heterogeneidade dos sujeitos (ou fenómenos) que se pretende estudar.
De facto, na pesquisa qualitativa, procura-se a diversidade e não a homogeneidade para
garantir a diversidade dos sujeitos ou sujeitos heterogéneos (Guerra, 2006).

Para a obtenção e selecção dos elementos da amostra foi usada a técnica de amostragem
probabilística intencional, que segundo Ferreira (1998) é aquela em que o pesquisador

42
43

tem a prorrogativa de escolher os elementos que farão parte do estudo, isto é, depende
do julgamento próprio do pesquisador a selecção dos membros de amostra.

A estratégia metodológica consiste em partir de um informante, considerado como


semente, que possa indicar informações sobre outras pessoas que participam do mesmo
contexto e com os quais tem relações profissionais e, às vezes, de conhecimento e de
subordinação. Esta metodologia permite uma amostragem intencional, aleatória, não
probabilística, que se baseia em critério de inclusão por indicação. Permite identificar,
numa rede complexa de atores, sujeitos que têm laços, com perfis profissionais
diferentes, possibilitando ao entrevistador se aproximar de um grupo ou indivíduos que
descrevam o mesmo contexto a partir de diferentes pontos de vista. Por outro lado, este
método selecciona, na maioria das vezes, somente as pessoas mais visíveis que
pertencem a um determinado contexto (Baldin & Munhoz, 2011).

Para tal, perseguindo os objectivos desta dissertação foram selecionados nove (9)
instituições que actuam na Zona Económica Especial de Nacala. Os participantes
seleccionados são os que detêm a informação privilegiada sobre o fenómeno a ser
pesquisado no âmbito desta pesquisa.

Tabela 2: Instituições que actuam em na ZEE de Nacala

Instituições que actuam em na ZEE de Nacala

43
44

Ord Nome da instituição/empresa Objectivos


.
01 A AT assegura a direcção, a coordenação, o
controlo e o planeamento estratégico, bem
como a gestão das actividades relativas à
Autoridade Tributária de determinação, cobrança e controlo das
Moçambique receitas públicas-Impostos Internos e
Externos( Importação e Exportação).
02 A Direcção Distrital de trabalho é um órgão
do Aparelho de Estado subordinado à
Direcção Provincial do Trabalho, Emprego e
Direcção Distrital de Trabalho Segurança Social que de acordo com os
e segurança social princípios, objectivos e tarefas definidas pelo
Governo dirige e assegura a execução das
actividades no âmbito do Trabalho, Emprego
e Segurança Social a nível distrital.
03 O Gabinete das Zonas Económicas de
Desenvolvimento Acelerado,
abreviadamente designado por GAZEDA, é
Serviços Distritais de um órgão do aparelho do Estado, dotado de
Infraestruturas autonomia administrativa e funciona sob a
tutela do Ministro que superintende a área
Planificação e Desenvolvimento (hoje
Ministério de Economia e Finanças).
04 A Agência para a Promoção de Investimento
e Exportação, abreviadamente designada por
APIEX outrora GAZEDA é uma instituição
APIEX de Governo, com autonomia administrativa,
financeira e patrimonial, tutelada pelo
Ministério que superintende a área da
Industria e Comercio, criada através do
decreto n° 60/2016 de 12 de Dezembro.
05 A Confederação das Associações das
Económicas de Moçambique, adiante
44
45

designada por CTA, é uma agremiação


criada de harmonia com os princípios de
CTA liberdade de constituição, inscrição,
organização, democracia interna,
independência e autonomia, estabelecidos
pelo regime jurídico das associações
económicas.

45
46

06 Governo do Distrito de Nacala- Órgão do Governo Central que, dentre


Porto outras, Assistir o Governo na elaboração de
relatórios de análise de actividades na
situação política, económica e social. É
composto por a) Serviço Distrital de
planeamento e Infra-estruturas; b) Serviço
Distrital de Educação, Juventude e
Tecnologia; c) Serviço Distrital de Saúde,
Mulher e Acção Social; d) Serviço Distrital
de Actividades Económicas.
07 Governo do Distrito de Nacala- Órgão que deve garantir a execução de
à-Velha programas e planos definidos pelos órgãos
do Estado de escalão superior.
08 Serviço Distrital de Órgão do Governo distrital de Nacala-Porto
planeamento e Infra-estruturas com as seguintes funções: a) planeamento e
ordenamento territorial, b) coordenar a
execução do Plano de Desenvolvimento
Distrital; c)Garantir a implementação
adequada dos planos de urbanização; d)
Promover a construção de fontes do
abastecimento de água potável; e) Promover
o aproveitamento energético dos recursos
hídricos.
09 Conselho Municipal de Nacala Pessoa colectiva pública dotada de órgão
representativos que visa a prossecução de
interesses das populações na saneamento,
urbanização, construção, habitação, etc.

Fonte: elaboração própria (2022).

3.1.7 Limitações da Pesquisa

A pesquisa teve algumas limitações nomeadamente, acesso a informação, sobretudo aos


dados estatísticos no Distrito de Nacala Porto e Nacala-à-Velha relativamente a taxa de
desemprego e ao PIB em dois distritos. A inexistência de um relatório sobre

46
47

desenvolvimento económico do Distrito de Nacala Porto e Nacala-à-Velha, tendo em


conta as actividades desenvolvidas nos distritos e o seu impacto na vida das pessoas.
Esta limitante se relaciona a falta de mapas de progressão estatística sobre a evolução do
investimento em Nacala.

A segunda limitante se refere, a deslocação ao local da pesquisa para a recolha de dados


que se tornou muito dispendiosa no trajecto Cuamba-Nacala. A terceira limitante se
relaciona com a disponibilidade de tempo dos gestores do Governo, nos serviços
relacionados à pesquisa, devido aos excessos burocráticos na marcação das entrevistas.

A quarta limitante se refere ao difícil acesso ao investidor privado estrangeiro devido a


desconfiança na colecta de dados na contratação de estrangeiros para as empresas
privadas quando localmente existe o mesmo potencial em recursos humanos. Alguns
investidores que acederam as entrevistas foram unânimes em afirmar que alguns
investimentos são realizados pela metade do montante previsto e outros nem chegam a
ser concretizados, o que inviabiliza o plano de investimento nas ZEE’s.

3.1.8 Aspectos Éticos

Os aspectos éticos respeitaram todas as normas éticas de pesquisa, tal que, as


informações não originais patentes nesta obra são devidamente citadas e referenciadas,
os entrevistados foram devidamente esclarecidos os fins pelo qual a pesquisa e as
entrevistas estavam a ser feitas e os resultados foram publicados em concordância com
os mesmos, na condição de salvaguardas as suas imagens.

Considerando a necessidade de efectuar um trabalho de campo, foi elaborado um Termo


de Consentimento Livre e Esclarecido, que apresentasse as condições do
desenvolvimento das entrevistas. Os riscos de identificação dos entrevistados foram
superados com o respeito da confiabilidade e do anonimato. Foi dada a completa
liberdade aos entrevistados para expressar sua opinião.

47
48

CAPÍTULO IV: ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O presente capítulo destina-se apresentação e análise dos resultados da pesquisa cujo


objectivo é de avaliar o papel dos Benefícios Fiscais no desenvolvimento
socioeconómico da ZEEN observando todas suas características desde a implementação
das suas políticas e directrizes em Moçambique e em particular de Nacala.

1.

2.

3.

4.

4.1. Situação do Desenvlvimento de Nacala como Receptor da ZEE

DIVISÃO ADMINISTRATIVA DO MUNICÍPIO DE NACALA

4.1.1. Localização

Os distritos de Nacala-à-Velha e Nacala Porto representam a ZEEN conforme consagra


o artigo 1º do Decreto nº 76/2007, de 18 de Dezembro e encontram-se localizados na
Província de Nampula. Uma densidade populacional de 68.5 hab/km². O Distrito de
Nacala-à-Velha situa-se na província de Nampula e tem como limites a Norte o Distrito
de Memba; a Sul o Distrito de Mossuril e Monapo; a Este a Baia de Nacala; e a Oeste o
Distrito de Nacaroa e tem uma área de 1.720 km². A população deste Distrito dedica-se,
na sua maioria, à prática de agricultura e à actividade de pesca artesanal. (INE, 2017).

Enquanto o distrito de Nacala ou Nacala Porto é uma cidade portuária na província de


Nampula e um dos 53 municípios de Moçambique. Nacala-Porto. Sendo limitada à
Norte e Oeste, pela Baia de Nacala-à-velha, à Sul, Distrito de Mussuril, e a Este,
Oceano Índico. Integra a micro-região costeira constituída pelos Distritos de Memba,
Nacala-à-Velha e Mossuril; pela sua situação geográfica constitui uma das chamadas
regiões de solos com fertilidade baixa, que afecta negativamente na produção agrícola e
que faz parte do Corredor do Norte tendo, o porto de Nacala, a classificação de melhor

48
49

porto natural da costa oriental de África, com impacto económico não só para a região
norte de Moçambique, como também para os países vizinhos como Malawi e Zâmbia.

O distrito de Nacala Porto está dividido em dois postos administrativos municipais,


nomeadamente Mutiva e Muanona; conta com 41 bairros numa superfície de 400 km2, e
por encontrar-se localizado na zona costeira, a sua população pratica a pesca artesanal,
agricultura e comércio, como base da sua sobrevivência. Para além das actividades
acima descritas, há que referir que a população se agrega em organizações religiosas
diversificadas, destacando-se a Islâmica e Cristã.

Esta análise e discussão têm a seguinte ordem:


 O Investimento Privado Realizado na Zona Económica Especial de Nacala;
 A Criação de Novos Postos de Trabalho na Zona Económica Especial de Nacala;
 A criação de Infraestruturas Destinadas a Actividade Económica na Zona
Económica Especial de Nacala; e
 A Evolução dos Impostos Internos e Externos na Zona Económica Especial de
Nacala.

A Cidade de Nacala tem cerca de 206.449 habitantes (dado do III Censo´2007),


distribuídos numa superfície de 370 km2, com uma densidade de 558 Hab/Km 2 , dois
Postos Administrativos e 22 Bairros dos quais 9 com características rural e uma ocupação
não ordenado.

ACTIVIDADES ECONÓMICAS

Cidade de Nacala tem como principais actividades económicas: Agricultura, Comércio,


Indústria, Pecuária, Pesca, Turismo, Portuária e Serviços.

Actividade Ferro – Portuária

Esta actividade está ligada às duas grandes infraestruturas ferro-portuárias, Porto de


Nacala e a Linhaférrea que liga Nacala/Cuamba/Entre Lagos/Malawi. Estas infra-
estruturas fazem parte do Corredor de Desenvolvimento de Nacala, que serve toda a
zona Norte do país, inclusive os países vizinhos de Malawi e Zâmbia. Os Estados
membros da SADC apoiam o princípio e estratégia duma cooperação regional como
49
50

meio de promover o desenvolvimento económico no contexto da economia global.


Espera-se que o processo de desenvolvimento sócio-económico, destinado a aliviar a
pobreza, possa também a contribuir para a estabilidade social, política e a paz na região
da África Austral. A estratégia de integração regional inscreve-se na NEPAD (The New
Partnership for Africa’s Development) que foi lançada em Lusaka em Julho de 2001.

4.1.1. Agricultura

A agricultura de subsistência é a principal actividade das populações da parte rural do


Município de Nacala. Apesar de não ter sido possível quantificar em termos de áreas de
cultivo de todo Município, agricultura é desenvolvida em forma de sistemas de
consociação de culturas, onde a cultura de mandioca é a predominante. Mas também
destacam-se as culturas do milho, do amendoim e dos feijões (nhemba, oloco e jugo)
como produtos alimentares básicos, ao lado do arroz plantado nos terrenos alagadiços
mas com menor expressão. 3.12.2.

4.1.1. Pecuária

A actividade pecuária é de fraca expressão, estando neste momento em franca


recuperação, mas de forma isolada. Em termos de efectivos de gado podemos destacar a
existência de alguns privados e alguns criadores do sector familiares que fazem a
criação de gado bovino, suíno, caprino, ovinos e aves (vede quadro nº 05 e 06).

4.1.1. Pesca

A pesca com maior expressão é a artesanal, praticada na Baia de Nacala. Esta pesca
desempenha um papel de relevo no abastecimento de proteína animal, na geração de
empregos e na fixação das populações. Verifica-se uma forte relação de
complementaridade entre a actividade agrícola e a pesqueira.

4.1.1. Comércio

O Sector comercial tem tido um desenvolvimento progressivo na cidade de Nacala,


devido ao resultado do seu crescimento interno, da sua localização, da base Industrial e
um pouco associado à actividade pesqueira.

50
51

4.1.1. Indústria

A actividade industrial na cidade de Nacala tem maior expressão em relação alguns


distritos da província de Nampula. Existem 2 (duas) grandes indústrias de produção de
cimento, que buscam a matéria-prima, o calcária dentro da área do município na zona de
Relanzapo (Bairros Chivato e Quissimajulo). Para além das indústrias de produção de
cimento, 2 (duas) indústrias de produção de Chapas de Zinco, 1 (uma) de produção de
Colchões, 8 indústrias de processamento de cereais e 54 indústrias de pequena escala
(moagens), estes têm um considerável impacto, visto que absorção de mão-de-obra
local. Existem também outros estabelecimentos industriais, como a de produção de
sacos de ráfia e 3 indústrias de extracção de sal na baia de Quissimajulo e Muanona (ver
quadro nº 09). O conjunto de todos os estabelecimentos industriais emprega 2.120
trabalhadores dos quais 120 são do sexo feminino o que corresponde a 6%, número que
está longe para cobrir a crescente procura de emprego na cidade.

4.1.1. Artesanato

Esta actividade é praticada de forma singular e isolada, os praticantes tem uma produção
diversificada. Em alguns casos os artesãos estão organizados em associações. O
artesanato é exercido informalmente e constitui uma alternativa para o auto emprego,
destacando-se a tecelagem, cestaria, olaria, ourivesaria entre outras actividades
espalhadas por todo município.

4.1.1. Turismo

O Plano Director de Desenvolvimento Turístico de Moçambique (1998) caracteriza


Nacala, como estando numa área litoral de categoria D, pertencendo ao pólo de
desenvolvimento principal. No entanto, esta actividade é ainda incipiente apesar do
imenso potencial da costa do país, que se expressa na concentração de diversos recursos
naturais e com elevado valor turístico em espaços relativamente próximos, o que
constitui um importante factor atractivo.
A indústria hoteleira é complementado pelos serviços de restaurantes e bares e
discotecas que proporcionam o ambiente acolhedora espalhados pela cidade. Na cidade
de Nacala existem 32 restaurantes-bar dos quais 3 funcionam com Discoteca localizados
na Cidade Baixa e Alta nos Bairros Maiaia e Bloco I, respectivamente e Bairro
Triângulo. Existe ainda na Cidade Baixa um restaurante-bar com uma discoteca com

51
52

som ao vivo promovido pelo músicos locais e convidados de outras Cidades do país.
Este local carece espaço suficiente para dar resposta a demanda dos turistas e população
jovem que procuram se recrear.

4.1.1. Prestação de Serviços.

As empresas de prestação de serviços em Nacala, são representadas pela banca, seguros,


empresas de segurança, de construção civil e estações de serviço(Bombas de
Combustíveis). Todos estes estabelecimentos concentram-se no centro da cidade e
beneficiam também as populações dos Distritos circunvizinhos em particular Nacala-à-
Velha, Mossuril e Memba

4.2.1. O Investimento Privado Atraído pela Zona Económica Especial de Nacala

4.2.1.1. Projectos de Investimento Aprovados


A APIEX resulta da fusão entre o Centro de Promoção de Investimentos (CPI),
Gabinete das Zonas Económicas de Desenvolvimento Acelerado (GAZEDA) e Instituto
para a Promoção de Exportações (IPEX).

4.2.1.2. Competências e Atribuições da APIEX

Segundo o Decreto n° 60/2016, de 12 de Dezembro compete a APIEX: a) promover e


facilitar o investimento privado, público e as exportações, de acordo com os objectivos
e metas da política económica do governo. E como atribuições: a) o desenvolvimento e
implementação de acções com vista a promoção e gestão de processos de realização de
investimentos privados ou públicos, de origem nacional ou estrangeira; b) a criação,
desenvolvimento e gestão de Zonas Económicas Especiais (ZEE’s); c) a promoção das
exportações nacionais.

Neste âmbito, foram aprovados, durante os anos de 2009 a 2021 totalizam 194 (APIEX,
2023). Os mesmos são repartidos em anos, conforme os quadros abaixo:

Tabela 3: Projectos de investimento aprovados

200 201 201 201 201 201 201 201 201 201 201 202 202
9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1
ANO
Nº 11 22 8 22 47 27 17 8 8 7 8 5 4

52
53

Projectos
Fonte: APIEX (2023)

Maioritariamente, essas empresas funcionam no ramo de industria, serviços e hotelaria.

Durante o período em análise, nota-se que o ano de 2013 foi o ano em que houve a
maior percentagem de projectos aprovados para adquirirem o certificado de EZEE com
24% devido a abertura acentuada da informação da existência da ZEEN com seminários
de divulgação dentro e fora do país e também com a aprovação do projecto da linha
férrea que liga Moatize na província de Tete ao Porto de Nacala-à-Velha e o pico nas
obras de construção do Aeroporto Internacional de Nacala. A seguir foi a ano de 2014
com 14% que foi início da construção do Porto de Nacala-à-Velha com o aparecimento
de várias empresas âncoradas que serviram de base a implementação do projecto e da
criação e construção de novas instâncias para alojar os novos visitantes. A partir desse
período, os números foram decrescendo, devido a conclusão das obras anteriormente
referidas.

Figura 2: Percentagem de projectos

Nº Projectos
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
2016 2017 2018 2019 2020 2021

3%2% 6%
4%
4% 11%
4%
4% 4%

9%
11%

14%

24%

Fonte: Autor (2023)

4.3.2. Investimento Directo Estrangeiro e Investimento Nacional atraídos

53
54

Ao investimento privado, nacional e estrangeiro, realizado em território moçambicano e


ao abrigo da Lei de Investimentos (Lei n.º 3/93, de 24 de Junho), por pessoass
colectivas, que foram conferidos incentivos fiscais e aduaneiros, assim como outros
benefícios, como sejam o direito à importação de capital, exportação de lucros e
reexportação do capital investido, foi de 2 696 553 174,84 USD.

Como se lê no quadro abaixo, o pico do investimento, foi em 2012, ano em que a


Construtura Odebrecth, SA desembolsou cerca de 125 milhões de dólares norte
americanos para a construção do Aeroporto Internacional de Nacala.

Do montante total investido no período que compreende o ano de 2009 a 2021, na


quantia de 2 696 553 174,84 USD, 75% corresponde ao Investimento Directo
Estrangeiro e 25%, corresponde ao investimento realizado por empresas nacionais.

Diga-se ainda, que o investimento, pode assumir uma das seguintes formas (desde que
susceptíveis de avaliação pecuniária): numerário, infraestruturas, equipamentos e
respectivos acessórios, materiais e outros bens, investimento com capitais próprios,
cedência de direitos, suprimentos, entre outros (Nino, 2016).

No entanto, os investimentos arrolados no quadro abaixo, corresponde a valores


transferidos para o Banco de Moçambique como resultado das garantias e incentivos
atribuídos aos investidores pelo Estado Moçambicano.

Tabela 4: Investimentos atraídos pela ZEE de Nacala

Valores em USD

ANO TOTAL
2009 146 008 411,70
2010 169 397 695,51
2011 31 380 581,67
2012 1 059 612 661,58
2013 323 302 698,21
2014 337 252 017,94
2015 97 658 419,03
2016 323 302 698,21
2017 36 533 026,44

54
55

2018 13 687 543,67


2019 13 685 483,88
2020 21 505 000,00
2021 123 226 937,00
TOTAL 2 696 553 174,84

Fonte: APIEX, 2023

A tabela acima ilustra os grandes projectos de investimentos da Província de Nampula e


com maior destaque para a ZEE de Nacala, demostrando o tipo de produto, a origem do
investidor assim como o destino do produto.

Para que se possa gozar dos incentivos acima mencionados, e especificamente para a
transferência para o exterior do capital investido e dos lucros obtidos, é necessário que o
investidor cumpra com pelo menos um dos seguintes requisitos:

(i) O valor mínimo do investimento directo estrangeiro (resultante de


capitais próprios), ainda que ajustável por Despacho do Ministro da
Planificação e Desenvolvimento, seja igual ou superior a 2.500.000,00
MZN (dois milhões e quinhentos mil Meticais) – aproximadamente USD
93.000,00 (noventa e três mil Dólares Norte Americanos);
(ii) A partir do terceiro ano de actividade, a sociedade implementadora do
projecto de investimento gere um volume de vendas anual superior a
7.500.000,00 MZN (sete milhões e quinhentos mil Meticais) –
equivalente a USD 279.000,00 (duzentos e setenta e nove mil Dólares
Norte Americanos);
(iii) As exportações anuais de bens ou serviços atinjam um valor mínimo de
1.500.000,00 MZN (um milhão e quinhentos mil Meticais) - equivalente
a USD 56.000,00 (cinquenta e seis mil Dólares Norte Americanos); ou
(iv) Consiga empregar directamente pelo menos 25 trabalhadores nacionais
inscritos no sistema de segurança social a partir do segundo ano de
actividade.

55
56

As propostas de investimento deverão ser apresentadas ao Centro de Promoção de


Investimentos (CPI) ou ao Gabinete das Zonas Económicas de Desenvolvimento
Acelerado (GAZEDA) em formulário próprio, em língua portuguesa ou inglesa e
acompanhadas da documentação necessária para a sua apreciação, nomeadamente:

(i) Cópia do documento de identificação do investidor proponente;


(ii) Certidão do registo comercial ou da reserva do nome da denominação social
da empresa implementadora do projecto; e
(iii) Planta topográfica ou esboço da localização onde se irá implementar o
projecto. A esta documentação, e quando se trate de projectos a realizar
mediante representação comercial estrangeira, é igualmente exigida a
competente licença, e nos casos em que se trate de projecto de investimento
a ser desenvolvido numa área de terra igual ou superior a 10.000 hectares,
outros requisitos mais específicos serão também aplicáveis.

Uma vez aprovada a proposta, cujos termos e condições poderão ser alterados pela
entidade decisória competente ou a pedido expresso e fundamentado do investidor,
deve-se:

(i) Dar início à implementação do projecto no prazo máximo de 120 dias


contados da data da notificação (caso outro prazo não tenha sido fixado na
autorização); e
(ii) Proceder ao registo do investimento directo estrangeiro junto do Banco de
Moçambique, no prazo máximo de 90 dias após a autorização do projecto.

O estatuto de investidor estrangeiro vigora por tempo indeterminado (enquanto se


mantiverem inalterados os termos e condições da autorização do projecto), sendo livre a
sua transmissão (cessão de participações sociais detidas em projectos de investimento),
desde que a mesma ocorra em Moçambique, seja notificada à entidade que autorizou o
projecto e seja comprovado o cumprimento das obrigações fiscais.

Devido a adversidades vária ordem bem como a conclusão de grande parte das obras
que se propunham executar as empresas certificadas, 23 empresas cessaram as suas
actividades, reduzindo o numero de empresas certificadas e activas para 169 empresas
na ZEEN.

56
57

E das empresas activas, aquelas que detêm o certificado de ZEE, 68 encontram-se


inoperacionais, caindo o número de empresas efectivamente em funcionamento na
ZEEN para 99.

4.3.3. A Criação de Novos Postos de Trabalho na Zona Económica Especial de


Nacala

A contribuição da ZEE para o emprego local é também muito significativa. No total,


foram criados 25 018 postos de trabalho. No entanto, apos o pico em 2012, pelas razoes
já abordadas anteriormente, o gráfico foi decrescendo conforme podemos depreender na
tabela seguinte.

Tabela 5: Postos de trabalhos criados


2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

2021
ANO
EMPRE 460 269 45 598 311 217 124 104 136 83 23 30 96
GO 7 4 5 2 2 6 8 1 6 9 1 0 7

Ramo de Actividade Total Estrangeiros Total


Sexo Nacionais
Homens Mulheres
Agro-pecuária 63 Sem Informação 63 Sem 63
Informação
Comércio e Serviços 2.409 165 2.574 14 2.588
Função Pública 1.767 592 2.282 0 2.282
Turismo 415 82 497 0 497
Industria 2.000 120 2.120 9 2.129
Transportes e 643 34 677 0 677
comunicações
Total 7.297 993 8.213 23 8.236

57
58

Tabela 6: Distribuição da Mão -de – Obra por Sector, 2023.

A ZEEN demonstrou ter um papel importante na absorção do excedente da mão-de-obra


nos estágios iniciais da sua criação, trazendo oportunidades de trabalho, com destaque
para a promoção de emprego para jovens, contribuindo ainda para a melhoria de
qualidade de vida nas famílias. No entanto, com o tempo, tal tendência frouxou
drasticamente. Para além da contribuição na promoção do emprego directo, as ZEE’s
por si só mostraram que tem as maiores potencialidades de gerar empregos indirectos,
que se manifestam através de oportunidades de emprego geradas pelos sectores da
economia e incluem os transportes e comunicação, o turismo, a banca, seguros entre
outras, embora estes efeitos não sejam verificáveis na ZEEN devido a fragilidades
relativas a formação da população local.

Na verdade a ZEEN criou de certa maneira empregos, estes não foram rentabilizados
pelos governos locais, pois depois da saída dos investidores sobretudo de capital
estrangeiro o governo teve dificuldades para rentabilizar devido a factores como, alto
índices de analfabetismo, falta de experiência técnico-profissional da população, falta de
orçamento para dar curso aos empreendimentos, entre outros, que fizeram com muitos
dos empregados ficassem sem os seus postos de trabalho.

O representante da CTA afirmou que o ZEEN não saiu de Maputo, pois muitas das
decisões não observam a realidade de Nacala-à-velha e de Nacala Porto, isto é, não
descentralizaram o poder político e decisório, por isso na componente criação de postos
de trabalho, e com a saída dos investidores os empreendimentos não puderam
prosseguir.

Seguidamente, da Direccao do Trabalho, Emprego e Segurança Social, colhemos


informações segundo as quais, não existe uma legislação especifica laboral para os
trabalhadores da ZEEN.

Por exemplo, com a saída dos investidores deixaram de funcionar 68 empresas por
várias razões tais como: i) Fim de empreitada com a conclusão da construção do porto

58
59

de Nacala-à-Velha e da linha férrea; ii) Situação macroeconómica e política adversa; iii)


Crise financeira global; iv) Sazonalidade de demandas; entre outras adversidades.

Tabela 7: Número de empresas que fecharam as portas

Anos 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021


N° de Projectos 25 11 6 5 5 7 5 4

Fonte: Adaptado pelo autor

Observando a tabela acima podemos aferir que o maior numero de empresas fecharam
as suas portas logo depois da conclusão da construção de grandes infraestruturas como:
porto, aeroporto e da linha férrea, entre os anos 2014 e 2016 e o menor numero de
empresas

INFRA-ESTRUTURAS

4.3.4. A Criação de Infra-estruturas destinadas a Actividade Económica na Zona


Económica Especial de Nacala

Durante os anos em análise há uma subida considerável do número de infraestruturas na


ZEEN, mesmo de número de viaturas particulares e ainda transportes semi-colectivo.
Para o presente trabalho vamos analisar a situação actual de cada infraestrutura
económica da ZEEN, como podemos depreender seguidamente.

Rede Rodoviária

A principal rede viária da Cidade de Nacala, assenta sobre a estrada principal – EN12,
asfaltada que liga Nacala a Cidade de Nampula, numa extensão aproximadamente de
200Km, passando por alguns distritos da província, como Monapo, Meconta e
Nampula-Rapale. Esta estrada está em bom estado de conservação, pois beneficiou de
uma reabilitação. Destacam-se também, as vias de circulação interna asfaltadas que
fazem a ligação entre os bairros Bloco I e Naherenque, passando pelos bairros Mocone,
Ribaué e Muzuane, assim como as Estradas que liga Mocone/Mathapué e Maiaia

4.3.4.1. Infraestruturas de Transporte na ZEE de Nacala

Nacala tem sido um importante corredor internacional de transporte constituído pelo


Porto de Nacala, o Caminho de Ferro do Norte e o Sistema Ferroviário de Malawi.
59
60

Embora na Região do Corredor de Nacala existam vários recursos naturais e potenciais


de desenvolvimento, tem sido difícil utilizá-los para o desenvolvimento económico,
especialmente nas vastas áreas do interior, devido às condições precárias das estradas e
dos caminhos-de-ferro.

Rede de Abastecimento de Água

A água consumida na Cidade de Nacala, é captada na barragem localizada a 30Km da


cidade construída sob o rio Muehecula, com capacidade de armazenamento de 4.5
milhões de m3 , actualmente o funcionamento é deficiente devido a falta de manutenção
e sofreu um assoreamento, o que cria dificuldades na captação da água, associado a
fraca pluviosidade nos últimos anos contribuiram para a redução do encaixe. A água da
Barragem não atinge o nível óptimo da torre de captação. Depois da captação da água é
tratada e aduzida para quatro reservatório de distribuição (R1, R2 e R3) com uma
capacidade de 1000m3 cada, para além destes existem mais dois reservatórios (R0 e R5)
com capacidade de 100m3 cada.

4.3.4.2. A Situação Actual do Caminho-de-Ferro do Norte de Moçambique

Considerando o depoimento do técnico dos Serviços Distritais de Infraestruturas, apesar


da privatização da parte operacional do Caminhos-de-Ferro do Norte, a situação dos
trilhos e do material circulante era precária, motivo pelo qual não houve o aumento da
demanda de cargas e de receita. Consequentemente, a empresa não conseguiu obter
financiamento suficiente para manter e reabilitar os trilhos e o material circulante, pois
esta situação perdurou até 2012.

Houve uma época onde era dito que a grande parte da carga das importações de Malawi
passava pelo Porto de Nacala e o Caminhos-de-Ferro do Norte, entretanto, este volume
de carga tem diminuído até hoje.

Toda essa situação sofreu uma mudança drástica em termos de perspectivas futuras
graças à participação de capital da empresa Brasileira Vale na CDN, com o intuito de
escoar o carvão da Província de Tete até o Porto de Nacala-à-Velha e exportar a partir
daquele Porto.

60
61

4.3.4.3. A Situação Actual das Estradas na Região do Corredor de Nacala

Segundo o nosso entrevistado, é baixa a taxa de pavimentação das estradas da Região


do Corredor de Nacala em Moçambique. A manutenção das estradas de terra é feita ao
término da época chuvosa através de nivelamento da superfície (raspar a superfície de
terra e preenchendo as cavidades de modo a torná-la plana) e o corte de capim ao longo
da estrada. Isso permite o seu tráfego na época seca, o que dificulta a circulação de
pessoas e bens.

Na interligação de forma funcional os transportes ferroviário, rodoviário e marítimo,


valendo-se das condições naturais favoráveis do Porto e da facilidade de acesso à Ásia
dentro da África Austral, pode possibilitar ao Corredor de Nacala tornar-se um
importante corredor internacional de transporte para a região norte de Moçambique, e
também para Malawi e Zâmbia. No entanto, até a data, está aquém das expectativas.

Rede de Energia Eléctrica

O sistema de energia eléctrica beneficia a maior parte dos bairros da cidade, através de
ligações domiciliárias, iluminação pública e ligações industriais. A energia que abastece
a cidade é derivada numa linha de alta tensão que provêm da Barragem de Cahora
Bassa, passando pela cidade de Nampula, alimentando vários distritos da província,
incluindo a cidade de Nacala. Actualmente, existem 45 postos de transformação (PT´s)
com uma capacidade total de 13.238 KVA

4.3.4.4. Situação actual do Porto de Nacala

O Porto de Nacala localiza-se no extremo sul da Baía de Bengo, uma Baía grande e
abrigada que possui 60m de profundidade e 800m de largura na entrada, com uma
profundidade de 14m, oferece as melhores condições naturais de toda a costa oriental de
África. Não depende de marés e não necessita de dragagens, o que permite a entrada e
saída de navios, sem quaisquer restrições de calado, 24 horas por dia. Entretanto,
actualmente opera abaixo das suas capacidades, estando por isso a ser reabilitada com
auxilio de capitais japoneses do projecto da JICA. Devido à profundidade das suas
águas, permite a ancoragem de navios sem limitações de tamanho, uma vez o Porto é
suficientemente grande para a manobra dos navios. As instalações portuárias estão
sendo melhoradas para tornar possível o manuseamento de um maior volume de tráfego
e que vai permitir maior trânsito de mercadorias para o interland.
61
62

O Porto de Nacala serve não só as províncias do interior do país, como também o


Malawi a Oeste, um país do interior, sem acesso ao mar, através de uma rede ferroviária
de cerca de 900 km e ainda a Zâmbia. O porto abriu para tráfego em Outubro de 1951,
possui um terminal de carga geral, um terminal de contentores e ainda um terminal de
líquidos a granel e ainda uma área de armazenamento de 21.000 metros quadrados.

No dia 10 de Janeiro de 2005, a segunda fase da concessão foi concluída e o CDN


começou com a gestão do Corredor de Nacala por um período de 15 anos e renovável
por mais 15. Nesta parceria, 51% pertencia a Sociedade de Desenvolvimento do Norte
(SCDN) e os restantes 49% à empresa estatal Portos e Caminhos de Ferro de
Moçambique (CFM). Em 2008, o RDC e a Insitec SGPS fecham a negociação e esta
última passa a ser o accionista maioritário do CDN, que por sua vez, passa para a Vale
(empresa mineradora brasileira) em 2010.

A 15 de Março de 2013, a gestão do porto de Nacala passa a ser feita pela empresa
Portos do Norte, SA, que é constituída por capitais moçambicanos, resultantes da união
de seis empresas nacionais, em que a estatal Portos e Caminhos de Ferro de
Moçambique é o accionista maioritário, ficando a cargo da CDN a actuação no sector
ferroviário e na prestação de serviços de assistência e manutenção, das operações de
reboque e de cabotagem (Gonçalves, 2019).

Segundo o técnico, o Porto de Nacala conta, neste momento, com um Terminal de


Carga Geral, de 631 metros de comprimento, calado de 9,7 metros, capacitado para
manusear 2.400.000 Tons Métricas/ Ano, e ainda 7 armazéns, numa área coberta total
de 21.000 metros quadrados e uma área de armazenamento a descoberto de 80.000
metros quadrados e ainda,

O Terminal para Granéis Líquidos, sob gestão do CFM, afecto ao cais 4 do Terminal de
Carga Geral, com 9.7 metros, está ligado a depósitos de combustíveis através de um
pipeline com 3,5 Km, e ligado a 2 depósitos para óleos vegetais com uma capacidade
total de 2400 toneladas.

4.3.4.1. Corredor de Nacala

Um dos objectivos deste corredor seria de beneficiar o Malawi com uma conexão mais
curta e fiável ao mar, em alternativa as rotas por Zimbabué e África do Sul. Entretanto

62
63

com a degradação das infraestruturas, este corredor não foi excepção no declínio do
tráfego.

As infraestruturas do Corredor de Nacala, abrangem:

 Porto de águas profundas de Nacala (actualmente concessionada a Portos do


Norte);

 Linha férrea Nacala – Entrelagos – 610Km (concessionada a CDN);

 Linha férrea Cuamba – Lichinga – 262Km (concessionada a CDN); e

 Linha férrea do Malawi – 797Km (concessionada a CEAR).

Actualmente o Porto de Nacala representa um porto comercial predominante da Região


Norte do país. Nos últimos anos, apresenta um aumento do volume de contentores
(capacidade anual de manuseio: cerca de 30.000 TEUs em 2006 para 93.000 TEUs em
2014) e de navios de transporte regular com destino a Ásia.

Aeroporto Nacala

Tem um aeroporto militar utilizado parcialmente para voos civis, mas sem nenhuma
infra-estrutura civil. O aeroporto foi construído em 1962, tem uma pista de 2.400 m de
cumprimento, 45 m, e suporta 20 toneladas em eixo.

Correios e Telecomunicações

O terceiro sistema é de telefónia móvel pertencente as empresas mCel e Vodacom que


asseguram a ligação com a rede nacional e internacional de telecomunicações.através 7
(sete) torres do mCel e 4 (quatro) torres de Vodacom (Vide quadro nº 26). Porém, pelas
próprias características o sistema não tem respondido com eficiência a demanda da
população

Saneamento e Drenagem

Em Nacala não existe uma rede de esgotos de águas negras, nas zonas urbanizadas
usam-se fossas sépticas e nas restantes zonas os residentes têm latrinas tradicionais ou
melhoradas e uma grande parte não usa nenhum sistema de saneamento, praticando o
fecalismo a céu aberto em terrenos baldios, valas de erosão (zona urbana) e matas (nas
zonas rurais). O problema é particularmente grave nos assentamentos informais, com

63
64

elevada densidade populacional. A drenagem das águas pluviais segue o curso das vias
de acesso.

Transportes

Moçambique ocupa na sua região um papel de destaque como país costeiro que dá
abertura para o mar aos pontos do interior, principalmente através do grande corredor de
transportes, dos quais o corredor de Desenvolvimento de Nacala. As linhas-férreas do
Corredor de Nacala estão sob a gestão do Corredor de Desenvolvimento de Nacala. O
eixo de transporte é constituído por dois ramais principais e um secundário. O maior
que liga Nacala à Cuamba e a fronteira do Malawi (Entre-Lagos).

Habitação

De acordo com o Censo de 1997, na Cidade de Nacala haviam 4.309 unidades


habitacionais em materiais definitivos, e 32.335 habitações em materiais tradicionais, ou
seja, 12% e 88% das habitações respectivamente, incluindo zonas rurais e urbanas. A
grande maioria das habitações convencionais está concentrada no aglomerado urbano
principal.

A proporção de casas em materiais definitivos baixou nos últimos 20 anos (de 15% para
12% - dados dos censos de 1980 e 1997) devido ao crescimento rápido do número de
casas tradicionais. A consolidação progressiva operou-se pelo melhoramento das casas,
ou pela compra dum terreno com uma casa tradicional e subsequente construção duma
casa convencional.

Uma das principais prioridades da NEPAD em apoio a integração regional é de


colmatar o défice de infra-estruturas. Os elementos chave das infra-estruturas incluem:
energia, água, transporte, tecnologias de informação e comunicação. O desenvolvimento
das infra-estruturas regionais é visto como crítico para sustentar o desenvolvimento
económico regional e o comércio. Da mesma forma, julga-se que existe um potencial
considerável para promover a integração regional em África através da comparticipação
na produção, gestão e operação de infra-estruturas através de hubs, corredores ou pólos
de desenvolvimento.

64
65

Fenómenos de Erosão

Grande parte da cidade de Nacala é afectada por uma severa erosão, particularmente os
assentamentos informais. O solo tem pouca resistência, por isso susceptível a erosão,
devido a desprotecção do solo, em declives moderados de 5% e acentua-se
drasticamente acima dos 10%. Todas as zonas não urbanizadas, uma parte das zonas
semi-urbanizadas, urbanizadas da cidade Baixa e próximas do porto estão localizadas
em áreas de declives acentuados, propícia a ocorrência de erosão.

Saneamento do Meio

A deficiência do sistema de abastecimento de água e o uso insuficiente de sistemas de


saneamento criam condições higiénicas bastante deficientes, em particular nos
assentamentos densamente povoados e não urbanizados. A elevada densidade
populacional, a existência de águas superficiais (sobretudo em tempo chuvoso) e
subterrâneas pouco profundas sujeitas à contaminação fecal podem explicar este facto.
O sistema de drenagem existente na cidade baixa (Bairro Maiaia) é coberto para águas
poluvial que carece de uma reabilitação quase total por se encontrar no estado avançado
de degradação. Não existe nenhum sistema de drenagem pública para águas negras das
habitações nos dois bairros consolidados com é o caso de Maiaia e Bloco I (cidade
Alta). A esta situação necessariamente precisa de uma gestão de caixas ou fossas
sépticas de habitações. O Município não possuí capacidade suficiente para dar resposta
a salubridade da cidade. Na Cidade Alta (Bloco I) em algumas arterias e principalmente
a via principal possue vala de drenagem a céu aberta para águas pluvial e carece de
manutenção.

4.3.4.5. Central Flutuante de Produção de Energia

4.3.4.5.1. Visão Geral do Projecto

Este projecto é um empreendimento de larga escala com componentes em mar (uma


Central Flutuante de Produção de Energia) com componentes em terra, nomeadamente,
duas torres de transmissão, linhas de transmissão de energia (ETL) e uma subestação em
Nacala-Porto, na província de Nampula, em Moçambique.

Foi implementado para responder a constantes reclamações de recorrentes cortes e


oscilações no fornecimento da corrente eléctrica oriunda de Cahora Bassa, com

65
66

implicações nefastas no funcionamento da industria e os demais serviços, que


reportavam sempre a avaria de equipamentos, a interrupção no processo de fabrico e por
via disso produtos defeituosos.

O combustível para o Projecto da Central está a ser fornecido de fora do País, por
fornecedores de combustível de boa reputação. A Central, designada Karadeniz
Powership Irem Sultan, possui capacidade instalada de 100±10%MW utilizando óleo
combustível com enxofre baixo ( <%1), está actualmente ancorada na costa de Nacala.
A operação de mobilização da Central e a construção das estruturas em terra foi
completada em 2 meses. A Central está operacional desde 12 de Março de 2016 e irá
operar durante pelo menos 20 anos.

Ainda assim, o fornecimento de energia com recurso a este mecanismo, usando a rede
da EDM Electricidade de Moçambique, não há ainda acessível quando comprada ao
custo nas restantes zonas.

4.3.5. A Evolução dos Impostos Internos e Externos na Zona Económica Especial


de Nacala

4.3.5.1. Direito ao Gozo dos Benefícios Fiscais e Aduaneiros

Na atribuição de Benefícios Fiscais e Aduaneiros, o Estado Moçambicano assume as


despesas fiscais tipificadas e constantes da enumeração taxativa feita pelo CBF,
nomeadamente: as deduções à matéria colectável e à colecta, as amortizações e
reintegrações aceleradas, o crédito fiscal por investimento, a isenção e a redução da taxa
de impostos ou o seu diferimento.

Actualmente existem investidores diversos nas ZEE’s, desde indianos, italianos,


ingleses, sul-africanos e chineses, mas a maior parte é composta por investimento
estrangeiro, investido na área industrial, materiais de construção, na área de fabricação
de óleos, bolachas e também no turismo.

4.3.6. 4.3.8. A Contribuição das ZEE’s ao nível dos Impostos Externos e Internos

Os Principais Matérias-Prima Importadas no regime de ZEE de Nacala, segundo a


Direcção de Industria e Comércio (2023) são:

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 Polietietileno - produção de artigos de plástico para uso doméstico, sacos de


ráfia;
 Rolos de Chapa - produção de chapas de zinco, varões de ferro, tubos, entre
outros;
 Clínquer - produção de cimento para a construção;
 Trigo Duro - produção de Farinha de Trigo e farelo;
 Óleo Bruto – produção de Óleo Alimentar;
 Rolos de Papel – a produção de embalagens de cartão
 Diversos produtos químicos para a produção de sabões, entre outros.
Apesar das isenções na sua importação, as cobranças dos impostos externos mostraram
uma tendência crescente.
Tal, deve se ao facto da importação da Matéria Prima, funcionar em regime suspensivo,
tornando se obrigatório o seu pagamento sempre que as vendas dos produtos acabados
se destinem para fora da zona económica especial, que é o maior mercado dos produtos
da ZEEN.

Tabela 8: Impostos externos

Val
ores em103Mts

Receita Cobrada
Ano Valor Aduaneiro Direitos IVA Total
(Produto Acabado -ZEE)
2017 7.105.035,79 230.315,57 576.970,30 807.285,87 76.405,70
2018 7.529.309,13 218.662,07 484.366,59 703.028,66 97.058,54
2019 8.106.647,52 267.974,90 521.686,54 789.661,44 147.993,12
2020 9.342.459,46 312.965,56 525.950,43 838.915,99 186.252,71
2021 94.429.819,27 2.427.634,07 698.065,31 3.125.699,38 221.286,04
Total 126.513.271,18 3.457.552,16 2.807.039,18 6.264.591,34 728.996,11
Fonte: Autoridade Tributária de Moçambique-Direcção Regional Norte, 2023

Tomando em consideração os dados da tabela acima podemos entender que existe uma
evolução do valor das contribuições dos impostos externos das ZEE’s com o passar dos
anos. Se formos a ver o valor aduaneiro de 2017 evolui na ordem de 87.324.783,48, o
que corresponde a 7,5% de crescimento.

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68

O mesmo cenário se verifica para as receitas cobradas, em 2017 foi de 76.405,7 mil MT
e em 2021 foi de 221.286,04 mil MT, o que demostra uma variação na ordem de
144.880,34 mil MT comparativamente.

Relativamente aos impostos internos, cujas isenções aplicam se aos lucros obtidos pelas
empresas, as cobranças antes da implantação da ZEE mostraram se inferiores ao período
em que vigorava as isenções como resultado da ZEE.

Tabela 9: Impostos internos

Valores em103Mts

2005 2006 2007 2008 2009

650 531 822 730 974 606 1 059 894 1 057 709

Autoridade 2010 2011 2012 2013 2014

Tributária 1 514 368 2 165 671 2 857 247 3 830 834 5 030 738

2015 2016 2017 2018 2019

5 053 262 6 540 168 7 032 187 7 316 428 8 765 423

Fonte: Autoridade Tributária de Moçambique-Direcção Regional Norte, 2023

Com base a tabela podemos aferir a no período antes e depois do GAZEDA (2005-
2019), houve uma grande evolução das cobranças dos impostos cobrados pela
Autoridade Tributaria Área Fiscal Norte, pois em 2005 a cobrança foi de 650 531 e em
2019 foi de 8 765 423.

4.3.7.1. Comparação das Receitas e Despesas Fiscais

Numa análise custo beneficio, facilmente apura se que os impostos cobrados na ZEEN,
superam a despesa fiscal inerente as isenções.

Tabela 10: Custo/Benefício das isenções fiscais

Valores em103Mts

68
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Ano Despesa Fiscal Receita Cobrada


2017 478.354,80 1.273.928,41
2018 16.241,67 338.170,76
2019 481.879,62 1.934.455,02
2020 128.706,13 2.601.107,64
2021 240.015,30 2.378.827,88
Total 1.345.197,52 8.526.489,72

Fonte: AT (2023)

Como podemos observar a tabela acima mostra a evolução do valor das contribuições
dos impostos internos e externos das ZEE’s de 2017 a 2021, não nos foram
disponibilizados dados comparativos de períodos anteriores, superam em grande medida
as despesas fiscais. O valor das despesas fiscais aumentou de 478 354,80 Mil Meticais
em 2017 para 240 015,30 Mil Meticais em 2021.

EQUIPAMENTOS SOCIAIS

Educação

A rede escolar em Nacala é constituída por ensino estatal, privado e comunitário,


totalizando 47 estabelecimentos. Dos quais 16 escolas do Ensino Primário do Primeiro
Grau com um total de 68 salas, 23 escolas do Ensino Primário Completa com total de
257 salas, 6 escolas do Ensino Secundário Geral e Pré Universitário com total de 67
salas, e 2 escolas do ensino Técnico Profissional com um total de 15 salas. A maior
parte dos estabelecimentos do ensino estão concentrados na parte consolidada,
concretamente nos bairros Maiaia e Bloco I.

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70

Nível de Cobertura dos Equipamentos Escolares

Analisando a cobertura escolar no ano 2009, verifica-se que alguns bairros da cidade,
está longe de responder a procura, em termos de salas de aulas para o nível primário e
há um défice de professores, originado situações de professores com carga horária
acima da aconselhável. Esta situação é mais crítica nos bairros Triângulo e Mocone,
com uma necessidade de 48 e 51 salas de aulas, respectivamente (vede o quadro nº20).

Saúde

As unidades sanitárias existentes estão distribuídas pelos bairros Maiaia, Murrupelane,


Quissimajulo, Mathapué, Muzuane e Naherenque. A unidade sanitária de maior
cobertura é o hospital geral de Nacala, com uma maternidade e capacidade para
internamento de 94 camas. Esta unidade tem 10 médicos que fazem o atendimento
interno e externo, auxiliados por 37 técnicos de medicina, 53 técnicos básicos e 18
elementares. Esta unidade regista um grande fluxo de utentes provenientes dos Distritos
circunvizinhos.

SÍNTESE DA PROBLEMÁTICA DA CIDADE DE NACALA

Comércio

 A distribuição espacial da actividade não é equitativa em todo o território do


Município. Havendo casos de bairros que só se beneficiam da actividade informal.

Educação

 Fraca cobertura da rede do ensino primário - EP1 e EPC nas zonas rurais;

 Fraca cobertura do ensino Pré-universitário;

 Sobrecarrega horária para os professores;

 Má conservação das escolas da cidade;

 Deficiente saneamento nas escolas;

 Superlotação nas salas de aula em algumas escolas e em particular as da zona


central da Cidade.

70
71

Saúde
O Hospital Geral não tem capacidade suficiente para responder a maior demanda;

Insuficiência de pessoal especializado no sector de Saúde;

Fraca cobertura da rede sanitária nas zonas rurais e periféricas ( Janga, Lile, Mahelene e
Nacurrula).

Gestão Urbanística

 Falta de base para atribuição parcelas de terras em zonas rurais;

 Taxas de talhões elevadas;

 Morosidade no tratamento dos processos.

Arruamentos

 Falta de manutenção das ruas;

 Falta de asfaltagem das principais ruas de ligação entre bairros ou inter-urbano


da cidade.

Abastecimento de água

 Insuficiência da rede de abastecimento de água potável em alguns Bairros;

 Falta de redimensionamento dos reservatórios elevados e subterrâneos;

 Consumo da água dos rios nos alguns bairros rurais sem nenhum tratamento
prévio desprovidas de sistemas convencionais de abastecimento de água.

Electricidade

 Cortes frequentes no sistema de fornecimento de energia eléctrica nas zonas


Semiurbanizadas e não urbanizadas devido a expansão da rede sem aumento da
capacidade de carga dos Postos de Transformação;

 Insuficiência de postes para transporte de energia eléctrica e sua expansão de


projectos de electrificação da cidade;

71
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 Insuficiente iluminação das avenidas e ruas da das zonas urbanizadas e semi-


urbanizadas.

Telecomunicações

 Fraca Cobertura nos Bairros Semi-urbanizadas;


 Danificação da rede de cabine públicas instalados em diferentes pontos da
cidade.

Saneamento e Drenagem

 Falta de saneamento nos Bairros;


 Deficiente recolha de Lixo nos bairros densamente povoados;
 Sistema de drenagem de águas pluviais degradado;
 Inexistência de sistema de drenagem de águas negras;
 Fecalismo ao céu aberto.

Mercado

 Falta de Locais de Estacionamento;


 Deficientes condições de higiene e saneamento;
 Falta de sanitários públicos.

72
73

5. Considerações Finais

Dada sua natureza exploratória, esta pesquisa tentou descrever e analisar se a atribuição
dos Benefícios Fiscais tem um papel para o desenvolvimento socioeconómico na Zona
Económica Especial de Nacala, que abrange um objecto muito amplo, com a
participação de elevado número de atores. Identificou-se os principais atores nessa
dinâmica – a forma como opera, no país em particular para Nacala.

Assim sendo, acredita-se que a pesquisa contribuiu para o conhecimento dos atores
nacionais e internacionais que actuam nas ZEE’s em Moçambique, sublinhando seu
modus-operandis e as relações existentes entre esses atores.

O factor benefício fiscal é apenas uma forma de atrair empresas para desenvolver
determinada região, mas outros aspectos também podem contribuir para que uma
empresa opte por abandonar sua sede inicial e mudar-se para outro estado. Dentre estes
factores são identificados com a mesma importância dos benefício fiscais, os factores da
proximidade do mercado e o custo da mão-de-obra.

Portanto, tomando em consideração os resultados da pesquisa, chegou-se à conclusão de


que a ZEE de Nacala é dotada de funções multimodais fortalecidas que oferecem a base
para o estabelecimento da cadeia de valor dos sectores agrícola e recursos minerais na
região interior de Moçambique, Malawi e Zâmbia. Em outras palavras, a rede ampla de
logística fortalecida permite a participação do sector privado nos seguintes negócios que
como consequências estabelecem as cadeias de valor dos sectores de agricultura e de
recursos minerais.

73
74

No âmbito da promoção da ZEEN como região prestes a receber Investimentos Directo


Estrangeiro, constata-se que as infra-estruturas de raiz e de rede básica como o caso de
abastecimento de água, electricidade, vias de acesso, comunicação e transporte, ainda
estão num estado a quem das exigências para grandes projectos e em alguns casos em
péssimas condições. Há que melhorar o acesso e as condições de todas a infra-estruturas
básicas existentes na ZEEN para atrair mais investidores.

A nova rota de escoamento de carvão através do Corredor de Nacala pode ser


aproveitada também para atender às diversas demandas de carga além do carvão. E para
tal é necessário fortalecer as capacidades e as funções do Órgão Regulador (Regulatory
& Body) do Governo que irá orientar adequadamente a gestão ferroviária consignada à
iniciativa privada de forma a viabilizar a gestão de um corredor internacional de
transporte com funções multimodais a integrar organicamente o caminho-de-ferro, as
estradas e o porto, o que poderá.

Os incentivos fiscais são instrumento necessário e fundamental para se realizar os


objectivos fundamentais de desenvolvimento, eliminação das diferenças sociais e
desequilíbrios regionais que apresenta nosso país. Má distribuição de renda, necessidade
de geração de empregos, segurança pública falha, política educacional deficiente e
corrupção de administradores vem fazendo com que o homem comum cada vez mais
não acredite nos governos, multiplicando-se hoje as organizações não governamentais
(ONGs) de todo o tipo e para todos os fins, procurando suprir a ausência e ineficácia do
governo. Neste caso, reforma tributária, por si só, não resolve os problemas. É
necessário reformar os homens e sua mentalidade.

No entanto, ampliação das oportunidades de desenvolvimento graças ao fortalecimento


das funções multimodal da rede ampla de logística não se restringe apenas às regiões e
aos países interior. Há oportunidades também para a Área Metropolitana de Nacala que
é a porta de entrada do corredor internacional de transporte e para a Área Metropolitana
de Nampula que representa o centro regional tanto em termos de logística e comércio,
como também em termos de pólos industriais. Isso se deve ao facto da rede ampla de
logística ser capaz de ampliar as áreas de influência logística e comercial destas áreas
metropolitanas.

As Zonas Económicas Especiais podem atrair as Investimento Directo Estrangeiro


serem bem-sucedidas se houver decisões institucionais e económicas que impliquem na

74
75

promoção de políticas públicas, que possuem papel importante na abertura económica e


na alocação de investimento com um cenário atraente aos investidores, tanto nacionais
como internacionais.

No entanto, a política dos benefícios fiscais nas ZEE’s em Moçambique (e em particular


em Nacala) tinha aquele objectivo de atrair o investimento estrangeiro e ou nacional,
contribuindo na criação de empregos e diminuir as assimetrias regiões, mas este
propósito não surtiu seus efeitos desejados motivado por vários factores relacionados
com a dependência financeira, aliado a guerra no norte, a ocorrência cíclica dos eventos
como ciclones, cheias que destroem infra-estruturas sociais e económicas e falta de
políticas estratégicas para a dinamização das empresas e com a saída dos investidores os
empreendimentos ou empresas não conseguem dar curso com das actividades ao ritmo
desejado.

Apesar da existência de benefícios fiscais estabelecidos naquelas zonas as empresas não


conseguem caminhar sozinhas, elas apresentam dificuldades finanças e sem políticas
estratégicas de desenvolvimento e regrediram a sua capacidade de empregabilidade.

Concluiu-se ainda que as Zonas Económicas Especiais em Moçambique não foram


estruturadas e dotadas de infra-estruturas sociais que permitissem a permanência dos
trabalhadores com políticas sociais tais como: moradias e fixação das pessoas no local
de trabalho, a educação dos moradores e de seus filhos, através de escolas de níveis
diferenciados, melhoria de saúde, com hospitais a providenciar serviços de qualidade e
ambiente de melhoria de qualidade de vida.

Com a implementação da ZEE’s, as pequenas e médias empresas foram chamadas na


prestação de serviços, mas devido a qualificação destas empresas, a fraca qualidade dos
serviços prestados, os preços elevados, a falta de licenças e das capacidades de
produção empresariais são apontadas como sendo as principais causas do não
envolvimento do empresariado local na prestação de serviços.
Desta feita que implementação de Zonas Económicas Especiais, não só melhora o
ambiente de negócio, mas também é possível atingir um grau de desenvolvimento
económico e melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e residentes nestas zonas,
sendo que o efeito multiplicador dos benefícios da actividade comercial nesta zona seja
distribuído para todo o país, mas para tal é necessário o desenvolvimento de politicas

75
76

estratégicas que possam estruturar e adoptar as ZEE’s de capacidades visando o alcance


dos objectivos da sua criação.

76
77

6. Referências Bibliográficas

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Tributário da Republica de Moçambique, define as regras e garantias e obrigações do
contribuinte e da administração tributária, e revoga a Lei nº 3/87, de 19 de Janeiro e a
Lei nº 8/88, de 21 de Dezembro; Lei nº 34/2007, de 31 de Dezembro:
Código do IRPC actual, Moçambique; Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, que cria o
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Pauta Aduaneira.

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