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GEORGE GAMOW As Aventuras do Sr. Tompkins [APRESENTAGAO, ANOTACOES. TRADUCAO E REVISKO DE ‘A. M, NUNES DOS SANTOS (CHRISTOPHER AURETTA, lustragées do autor e de John Hookham gradiva Introdugao Desde a infancia que crescemos acostumados ao mundo que nos rodeia, tal como dele nos apercebemos através dos ‘nossos cinco sentidos; neste estadio de desenvolvimento S40 formadas as nogdes fundamentais de espago, tempo e movi- ‘mento, A nossa mente habitua-se rapidamente a estas nogdes ‘e, mais tarde, temos tendéncia para acreditar que 0 nosso conceito de mundo exterior baseado nelas é o nico-possi- vel, parecendo-nos paradoxal toda a ideia da sua transfor- magio. Contudo, o desenvolvimento dos métodos fisicos de cobservacio € uma andlise mais profunda das relagdes for- muladas tém levado a ciéncia moderna a conclusio decisiva de que este fundamento «classico» falha completamente quando utilizado na descrigdo pormenorizada dos fenéme- nos ordinariamente inacessiveis & nossa observagao didria ¢ que algumas modificagdes nos conceitos fundamentais de espaco, tempo e movimento sao absolutamente necessérias para a descrigfo correcta e consistente de uma nova expe- rigncia clarificada. As divergéncias entre as nogées comuns ¢ as que foram introduzidas pela fisica moderna so, contudo, tio peque- nas que podem ser desprezadas sempre que a experiéncia se refira a vida quotidiana. Porém, se imaginarmos outros uni- vversos, com as mesmas leis fisicas que as do nosso, mas com valores numéricos diferentes para as constantes fisicas que 2B . ne determinam os limites de aplicabilidade dos antigos coneei- 105, os novos € correctos conceitos de espaco, tempo e mor ‘mento, que a ciéncia moderna elaborou apés longas ¢ labo- riosas investigagdes, tornar-se-Go matéria de conhecimento comum. Pode dizer-se que mesmo um ser primitivo em tal universo se familiarizaria com os principios da relatividade e da teoria quintica e os usaria na cara e na satisfago das suas nevessidades didrias. © herdi destes contos ¢ transportado, nos seus sonhos, para virios universos em que os fenémenos, geralmente ina- cessiveis aos nossos sentidos, sao tao fortemente exagerados que poderiam com facilidade ser observados como aconte- imentos do dia-a-dia. Este herdi foi ajudado no seu sonho fantastico, embora cientificamente correcto, por um antigo professor de Fisica (com cuja filha, Maud, acabou por se casar), que Ihe explicou, numa linguagem simples, os acon- tecimentos estranhos que observava nos mundos da teoria da relatividade, da cosmologia, da teoria quantica, da estru- ura atémica ¢ nuclear, das particulas elementares, etc. Esperamos que as insdlitas experiéncias do Sr. Tompkins ajudardo o leitor a formar uma ideia mais clara do actual mundo fisico em que vivemos. 24 Velocidade-limite na cidade' Era feriado” ¢ o Sr. Tompkins, 0 humilde empregado de lum grande banco da cidade, dormiu até tarde ¢ tomou vaga- Fosamente 0 pequeno-almoco. Tentando planear o seu di (, 56 coisas de Hollywood! ! Neste conto, para expicaros efeitos da reatvidade eintiniana, Gamow uiliza uma cidade imagindria, onde a velocidade maxima de citculacio per zmitida é muito mais pequena do que e velocidade da luz, N. dos R.) ? Mais precisamente, tratase de um feriado bancéro,designedo por bank holiday, sempre a uma segunda-teiea. (das R.) 25 _ le pensou primeiro em ir a uma marinée e, abrindo o jornal da manha, leu a pagina dos espectdculos. Nenhum dos filmes Ihe despertou a curiosidade. Ele detestava todas essas coisas de Hollywood, com infindaveis romances entre as estrelas de cinema mais conhecidas. Se, pelo menos, houvesse um filme com alguma auténtica aventura, ou com algum acontecimento invulgar ¢ até mesino algo de fantéstico! Mas no, ndo havia nada. Inesperada- mente, os seus olhos pousaram numa pequena noticia no canto da pagina, A universidade anunciava uma série de con- feréncias acerca dos problemas da fisica moderna, ¢ a dessa tarde tinha como tema a teoria da relatividade de EINSTEIN”. Bem, isto parecia ser prometedor! Ouvira frequentemente a afirmagiio de que apenas uma diizia de pessoas* no mundo consegitia entender realmente a teoria de Einstein, Talvez viesse a ser 0 décimo terceiro! Sim, iria assistir & conferén- cia; aquilo era 0 que realmente precisava. Chegou ao grande auditério da universidade jé depois de ‘a conferéncia ter comegado. A sala estava cheia de alunos, jovens na sua maioria, a ouvirem com grande atengéo um > Alpert Einstein (1879-1955), sem dvida o cientista mais famoso deste séeulo, Figura plblics, como cientstaformulou as tori da relatividade testa (1905) ¢generalizad (1916) ¢ fo glardoado com o Prémio Nobel {de Fisica em 1921 pelo seu trabalho sobre efit fteléctrio. A sua con: tebuigio para o desenvolvimento da teola quintca € notivel. Foi profes- sor em Zurique (ETH), Praga, Belim e no Advanced Insitute de Prince ton, depois de ter iniciado © sus carrera peofissonal numa simples Repartisdo de Patentes, em Berna. (N. dos R.) * Leopold Infeldrelata-nos, no seu livo Albert Einstein, que, en 1917, ‘um fsco(supde-se que sea Ludwick Silberstein), a0 iterpelar Sir Arthur Eiddington, 0 astrénomo que coafirmou experimentalmente a ilagdes da tcoria da relatividade generalizada, fev a seguite observagto: «O senhor um dos tres homens que compreendem a eoria da relatividade,» Como surgise na face de Eddington uma expressi de afigto,ofsico cotinuow: ‘Professor Eddington, nde fique ebaragado. O senhor€deveras honest.» Sir Arthur respondev-ie: «Ndo estou nada embaragado, Apenas me per- ‘unto quem sero tercero..» (N. dos R.) 26 homem de barba branca que, junto ao quadro negro, ten- tava explicar a audiencia as ideias basicas da teoria da rela jvidade. Mas 0 St. Tompkins apenas conseguiu compreen- der que o ponto fuleral da teoria de Einstein declarava que havia uma velocidade maxima, a velocidade da luz, que no podia ser ultrapassada por nenhum corpo material em movi- mento, e que tal facto conduz a consequéncias inesperadas pouco vulgares. Todavia, 0 professor adicionow que, como a velocidade da luz ¢ de 300 000 km por segundo’, 0 efeito da relatividade dificilmente poderia ser observado nos acon- tecimentos da vida quotidiana. Mas a natureza destes efei- 105 pouco frequentes era bastante mais dificil de entender, € pareceu ao Sr. Tompkins que tudo isto era contrario a0 ‘senso comum, Estava a tentar imaginar a contrac¢ao do metro, © padro que é utilizado para medir, e 0 comportamento estra- nnho dos relégios — fendmenos que se verificariam se cles se movessem com uma velocidade préxima da da luz—, quando a cabega Ihe pendeu lentamente sobre o ombro. ‘Quando abriu novamente os elhos, enconitrou-se sentado, ‘nao num baneo da sala de conferéncias, mas num dos ban- os instalados na paragem de autocarro para melhor conforto dos passageiros que esperam esse meio de transporte’. Era uma cidade velha, linda, com edificios universitérios medie- vais ao longo da rua. Julgou que estava a sonhar, mas, para sua surpresa, nada de estranho se passava a sua volta; mesmo ‘um policia que se encontrava na esquina do lado oposto tinha ar de ser um policia tipico. Os ponteiros do grande relégio dda torre, ao fundo da rua, marcavam quase 5 horas e as ruas estavam praticamente vazias. Um tnico ciclista circulava devagar rua abaixo e, & medida que se aproximava, 0s olhos: do Sr. Tompkins arregalavam-se de espanto, A bicicleta e 5 No orignal, «186 000 mithas por segundo». (NV. das R.) © astante usual, na Gra-Bretanha, as paragens dos auiocarra, ger mente envidragadas,conterem bancos no seu interior. (N. das R.) 27 © jovem estavam incrivelmente adelgagados na direcgo do ‘movimento, como se estivessem a ser obsetvados através de uma lente cilindrica. O relogio da torre bateu as 5 horas € © ciclista, evidentemente com certa pressa, pedalava agora ‘com mais forga. O Sr. Tompkins notou que ele nao adq riu maior velocidade, mas sim que, como resultado do seu esforgo, se adelgagou ainda mais ¢ ia pela rua abaixo pare- cendo uma figura recortada em cartao. Entio o Sr. Tomp- kins sentiu-se muito orgulhoso por poder perceber que o que se passava com o ciclista era simplesmente a contracgéo dos corpos em movimento”, assunto que acabara de ouvir na conferénci «A velocidade-limite da natureza é, evidentemente, menor aquin, conclu ele, «lsto explica a razao pela qual o policia ali da esquina tem um ar de preguigoso; ele nao precisa de se preacupar com os ‘fangios'.» De facto, um taxi que nesse momento passava pela rua, fe que fazia um barulho infernal, nao circulava a maior velo- cidade do que o ciclista, € lé ia como que a rastejar. (© Sr. Tompkins decidiu alcancar o ciclista, que Ihe parevera & primeira vista um rapaz simpético, ¢ perguntar-Ihe 0 que estava a acontecer. Certificando-se de que o policia olhava ro sentido contrario, pegou numa bicicleta que se encontrava abandonada junto a0 passeio e pedalou estrada abaixo. Espe- rava ficar imediatamente adelgacado, ideia que Ihe agradou ‘muito, pois ultimamente preocupava-se com o seu aumento de peso. Para sua grande supresa, aparentemente nada acon- tecet, nem a ele nem & sua bicicleta. Por outro lado, a pai- * 0. fstos aredatam durante muito tempo que esta contracgdo dos corpos em movimento podera ser ditecamente observada. Mais recente mente verifieouse que a observagdo visual era bastante diferente € que os ‘corpas com velocidades muito prdximas da velocidade da luz se se cons- ‘erarem todos os efcitos da reltividade cinsteiniana, parecem estar suje tos ni a ma contracgo, asa uma simples rotagdo [Trabahos de Ter tel e Penrose (1988-89). (N. das R.J 28 Incrvelmenteadelgagados sagem @ sua volta alterou-se completamente. As ruas tornaram-se mais curtas, as janelas das lojas comegaram a parecer frestas estreitas e o policia na esquina tornou-se 0 homem mais delgado que alguma vez. vira. — Caramba! — exclamou 0 Sr. Tompkins entusiasmado. — Agora percebo o truque. E aqui que entra a palavra rela- tividade. Tudo aquilo que se move relativamente a mim me parece mais encurtado, quer eu esteja a pedalar quer no. Ele era um bom ciclista e estava a fazer o seu melhor para aleangar 0 rapaz, Mas verificou que ndo era fécil aumentar 29 — (0s quarterses pareciam ber mais esritos ‘a velocidade com aquela bicicleta, Muito embora pedalasse com a forga méxima que Ihe era possivel, o aumento da velo- cidade no deixava de ser insignificante. As suas pernas comesaram a doer ¢ no conseguia ainda ultrapassar 0 can- deeiro da esquina com muito maior velocidade do que quando comecara. Parecia-lhe que todos os seus esforgos para andar mais rapidamente nao produziam nenhum efeito. Percebia agora muito bem porque o ciclista ¢ 0 taxi que vira anteriormente néo podiam fazer melhor e lembrou-se das palavras do professor acerca da impossibilidade de se ultra ppassar a velocidade-limite da luz, Notou, no entanto, que os quarteirdes da rua se tornavam ainda mais curtos e que © ciclista A sta frente Ihe parecia mais préximo. Aleancou-o 0 dobrar a segunda esquina e, depois de andarem lado a lado por uns momentos, reparou, surpreendido, que o ciclista era, na realidade, um jovem com ar desportista. «Oh, isto deve ser assim porque no nos movemos em relagdo um a0 outro», concluiu. 30 — Desculpe-me — disse, dirigindo-se ao jovem. — Nao acha incémodo viver numa cidade com uma velocidade-limite to pequena? — Velocidade-limite? — replicou 0 rapaz com surpresa. — Nés ndo temos aqui nenhuma velocidade-limite, Posso chegar a qualquer lugar to depressa quanto queira, ou, pelo ‘menos, poderia, se tivesse uma motocicleta em vez desta sucata, — Mas ia muito devagar quando passou por mim hé pouco — disse o Sr. Tompkins. — Reparei bem em si. — Oh, entdo reparou? — disse o joven, com um tom de ofendido. — Suponho que ainda nao reparou que, desde que comerou a falar comigo, jé passdmos cinco quarteirdes. NAo € suficientemente rapido para si? — Mas as ruas ficaram to curtas! — argumentou 0 Sr. Tompkins, — Que diferenca faz se andarmos mais rapidamente ou se as ruas se encurtarem? Eu tenho de percorrer dez quar- teirdes para chegar aos correios, e, se pedalar mais depressa, (0 quarteirdes tornam-se mais curtos ¢ eu chego Ié em menos tempo. Chegémos, enfim! — disse 0 jovem, apeando-se da bicicleta. O Sr. Tompkins olhou para o rel6gio do correio. Marcava cinco meia. — Olhe que demorow meia hora a percorrer dez quartei- es — disse com ar triunfante. — Quando 0 vi pela primeira vez, eram $ horas em ponto! . — Com que entao acha que foi meia hora? — exclamou Sr. Tompkins teve de concordar que realmente Ihe pareceu terem passado apenas alguns minutos. Olhou em seguida 0 seu relégio de pulso e viu que marcava 5 horas € 5 minutos. — Oh! — disse ele. — O relégio do correio estard adian- tando? 31 a —UmUCCtC~—OOOO — Claro que esté, ou talver 0 seu esteja atrasado exacta: mente porque veio rapido de mais. Afinal o que se passa con- sigo? Caiu da Lua? — e 0 jovem entrou na estagio do cor- reio. Depois desta conversa, o Sr. Tompkins apercebeu-se do seu azar por nao ter a0 pé dele o velho professor para Ihe explicar todos estes acontecimentos estranhos, O jovem ‘era com certeza natural dali ¢ estava acostumado a este género de coisas, mesmo antes de ter aprendido a andar (© Sr. Tompkins viu-se entio obrigado a explorar sozinho este estranho mundo. Acertou o seu rel6gio pelo do correio, é, para se certificar de que os rel6gios funcionavam bem, ¢sPe- rou dez minutos. O seu relogio nao se atrasou. Prosseguit depois rua abaixo até ver a estago do caminho-de-ferro ¢ decidiu verificar novamente o relégio. Para sua grande sur- presa, ele estava de novo um pouco atrasado, — Bem, deve ser algum efeito relativista! — concluiu 0 sr. Tompkins, que decidiu perguntar o,que realmente se pas ‘ava a alguém mais inteligente do que o jovem ciclista. ‘A oportunidade surgiu logo em seguida, Um cavalheiro, ina casa dos 40, apeou-se de uma carruagem de comboio e dirigiu-se para a saida, Ia ao seu encontro uma senhora ‘muito idosa, que, para grande surpresa do Sr, Tompkins, 20 cumprimentar 0 cavalheito Ihe disse: — Querido avo! Isto foi de mais para o Sr. Tompkins, Com o pretexto de ajudar a transportar a bagagem, meteu conversa: "— Desculpe-me s¢ estou a intrometer-me nos seus assun- tos familiares — disse o Sr. Tompkins com ar curioso —, ‘mas realmente o avé desta simpatica senhora? Bem vé, sou ‘um estranho aqui ¢ nunca...! — Oh, bem vejo! — disse o cavalheiro sorrindo, — Supo- rnho que me esta a tomar pelo Judeu Errante ou qualquer coisa do género. Mas isto explica-se muito facilmente. © meu fo obriga-me @ viajar muito e, como passo @ maior” empr 32 parte da minha vida no comboio, envelhego naturalmente ‘mais devagar do que os meus parentes que vivem na cidade. Estou to contente por ter voltado a tempo de ainda ver aminha querida netinha vival Mas desculpe-me, pois tenho de a acompanhar no taxi — ¢ desapareceu rapida- mente, deixando © Sr. Tompkins sozinho com os seus problemas. Sr. Tompkins decidiu entao ent ) lecidiu entao entrar no bar da estagao, Pediu algumas sanduiches para fortalecer um pouco as suas capacidades de raciocinio e, posteriormente, tanto pensou que julgou que tinha descoberto a contradigao do famoso principio da relatividade, «Sim, claro!», pensou ele, tomando uns golinhos de café. «Se tudo fosse relativo, 0 viajante deveria parecer muito velho aos seus parentes¢ estes parecer-Iheiam igualmente idosos, muito embora todos fossem de facto bastante jovens Mas.0 que acabo de dizer nfo tem iégica nenhuma. Nao é possivel ter cabelo cinzento relativo!...» ” Decidiu entéo fazer uma diltima tentativa para descobrir como as coisas sto na realidade, e, virando-se para um empregado vestido com a farda dos caminhos-de-ferro que estava sentado sozinho no bar, pergunto — Desculpe-me — comegou ele —, quer ter a gentileza de me dizer quem 0 responsavel pelo facto de os passage 10s do comboio envelhecerem muito mais devagar do que as pessoas que néo viajam? = Sov evo responsivel — disse 6 homem com muita — Ah! — exelamou o Sr. Tompkins. — Vejo que resol- veo problema d pdr losfal dos ang aluimisas eve ser um homem bastante famoso, Ocupa al . dra de Medicina? pe uma ce — Nio — respondeu o homem, muito espantando com ext pean, — Sou apenas guards dos camino. 33 — Guarda-freios? Quer dizer, guarda-freios! mou o Sr. Tompkins completamente desorientado, — Quer ddier que apenas pde em funcionamento 0s freios quando ‘o comboio chega a estagio? selsim, ¢ 0 que facos-e, sempre que.o.comboio abranda, os passageiros envelhecem relativamente &s outras pessoas. # evidente — acrescentou modestamente — que © maqui- nista que acelera 0 comboio também tem a sust parte nesta operagio. Mas o que tem isso a ver com 0 facto de se conserva- rem jovens? — perguntou o Sr. Tompkins, perplexo. Bem, iso ndo sei exactamente —respondeu o guarda- “freios —, mas assim é, Um dia fiz essa mesma pergunta jum professor universitario que viajava no meu comboio Para dizer a verdade, ele proferiu um longo e incompreen- sivel discurso, e no final disse que era algo semelhante. 20 dleevio para vermelho no Sol*. Penso que foi isto que Ihe cha: mou! Jé ouviu falar niss0o? on Nao... — disse o Sr. Tompkins, um pouco hesitante, © guarda-freios afastou-se abanando a cabera. De repente, uma mio pesada sacudiu-lhe o ombro ¢ © Sr. Tompkins encontrou-se sentado, no num café da esta ‘glo, mas na cadeira do audlitério onde tinha estado a ouvir sevonferéncia, As luzes estavam meio apagadas ¢ a sala cneontrava-se vazia. © porteito que o despertou disse-Ihe sewSenhor, estamos a fechar; se quiser dormir, € melhor ir para casa. © Sr. Tompkins levantou-se ¢ dirigiu-se & saida TT: Hubble observou exe fendmeno no expect dos elementos const uti dns pais oer nota 6 do cap. 3), © que dew orgem a teria de fepanado do universa, (N, dos RJ) 34 , a' A conferéncia sobre relatividade que inspirou o sonho do Sr. Tompkins Senhoras e senhores: _ Num estado muito primitivo do desenvolvimento, 0 esp- so! haan eaboron ote definidas de espago ¢ de tempo ym elas formou o referencial onde ocorrem acontecimentos. ouremo aiees Estas nogées, sem grandes mudancas signil | y andes mudancas significativ sido transmitidas de geragio em geragao desde o team volvimento das cigncasexactas, constiuiram os fundamen- tos da dsergdo ‘matemética do universo. O grande NEWTON jeu talvez a primeira formulacdo concisa das nodes concisa das nogdes clas cas de espaco e de tempo, escrevendo nos seus Principia! Oeyasta . orm no si sc esac aan mumsnet scsi rane ear ‘igualmente sem nenhuma relacdo com 0 que € exterior. . ox Pi nop os in Beemer treed Newton (1642-1727) formula a gravitagtio universal ¢ estabelece shat Ss a cine es boo evita gu mio hes nce pi dene sécalo Te Sa segena et Sens ee secon ‘quintica. Ao prosseguir no seu objectivo —deduzir os fenéme- STL tase le” caiman eee 35 ‘Tao forte era a erenga na exactidao absoluta destas ideias Bas experidacas,idealizades por A. A. Michelson (1852-1931) em colaborago com Edward Morey (1838-1923, resultaram do facto de se admitew existéncia de um suporte —o éter— que permitia a propagagto ‘das ondaselestromagnéticas no vicuo, Se Tetra se moveseigualmente suravés dese suporte, entdo um observadorterestre deveria aperceber se da existncla de um «vento de er» que retarde ou acelere as onda lumi nosas, conforme o seu sentido, como 0 previso pela mesénice clssc (© resultado da experiécialevada a eeito por melo de um intrferémetro {oi negativo, e, pelos seus trabalhos, Michelson tornou-seo primeiro ame- ricano a reeber o Prémio Nobel d Fisica (1907). Os postivsas sempre incicaram que tora cinssiana dependeyinteramente do resultado dessa ‘experinciarealizada em I8K7, cotrapondo-se asim & opnido de Einstein, ‘que declarava que esa experiacia ado reve qualgues papel, ou, pelo menos, ‘um papel decisvo, na elaboragfo sua teora. Robert Shankland dé-nos 0 testemunho de Fastin: «Quando le pergunte, cita Shankland, «como fle (Einstein tivera conhecimento da expeignca de Michelson, disse-me que 0 soubera alravés dos seritos de H. A. Lorentz, mas que io Ihe pes tara grande atengfo antes de 1908. Doutro modo, telaria mencionado no ‘meu artigo —palavras do proprio Einstein.» (N. dos R.) 7 —<__———————— através do espaco e nds nos deslocarmos ao seu encontro, ‘9 objecto colidira connosco com uma velocidade relativa ‘maior, igual & soma da velocidade do objecto ¢ do observa- dor, Por outro lado, se nos afastamos dele, seremos atingi- dos por esse objecto mével com uma velocidade menor, igual ‘a diferenga das duas velocidades. ‘Também, se nos deslocarmos de carro, por exemplo, 20 encontro de um som que se propaga através do ar, a velo« ‘dade do som, se a medirmos dentro do carro, é acrescida da velocidade deste, ou é diminuida desse mesmo valor se o som nos persegue. Este facto designa-se por feorema da adigao das velocidades, que foi sempre aceite como algo evidente. Contudo, as experiéneias mais cuidadosas mostram-nos ‘que, no caso da luz, isso ja nao ¢ verdade; a velocidade da luz no vacuo permanece sempre a mesma ¢ igual @ +300 000 km por segundo (geralmente representada pelo sim- ‘bolo c), independentemente da velocidade do observador em movimento. «Sim», perguntario, «mas ndo é possivel construir uma supervelocidade da luz adicionando varias velocidades peau nas que podem ser obtidas fisicamente?» Por exemplo, poderiamos imaginar um comboio que se move muito rapidamente, digamos com trés quartos da velo- cidade da luz, e um vagabundo a correr sobre o tejadilho com uma velocidade igual & do comboio. De acordo com o teorema da adigio, a velocidade total seria vez e meia a da luz e, consequentemente, vagabundo deveria ultrapassar a velocidade de um raio de luz emitida por um posto de sinalizago*. A verdade, contudo, & a seguinte: dado que a constancia da velocidade da luz é um “Ta eperdnia desea é 0 que Einstein designava por cexperinsncon- ceptunl--Godankenerperiment—, em que somente Se visualza uma sto doe se tentaconclir o que acontece na base dos resultados conhecdos fa experiencia. (N. dos R) 38 facto experimental, @ velociade resultant, neste cs, everd wr menor do qu esperada no pode ultapasar O valor ene; asim cegaremos a cones de ate, treamo para menres veocidades, sco eorema da ad dao deve ear ead. O tratamento matematico do problema, que ndo desejo abordar aqui, conduz a uma férmula muito simples para 0 Gallo davloiadereulante de dls movientos sobre posts, Se, ©, sho duas vlociades a serem adconadas, a velocidde rslante sera sues Desa frmula pode concurs qu, se ambas s veloc dade vsinasforem pequenas, os, oeavensem rel “Boa cccidade da luz, o segundo temo no denominador Se (I poe ser despretado quando comparado com a Sade cobtemoso tcorema cisco da sigh das veloc. es, Sen entano, a vloiades ep no forem peg. nas, erliado sed sempre um pouc inferior 4s soma Mitton, Por exemple no caso do nosso poi vags- Bumdo a cores sobre texto do conbolo, = Q/0e ¢ Sapa ea formula mencionada di-nos como veloc dade resultante V=(24/25)c, que ainda é menor que a velo- cidade dal. un cao parler, quando uma das vlocidades org nals 0a formula (1) termina para vocdade resultant Salon dc,independentemeate do valor da segunda velo: Sidae, ass, sobrepond qualquer nimero de velod des, nunen podremes ulrapassr velocidad da iz. ‘Talvez seja de interesse saber que esta formula ja foi testada experimenaimente¢ fol confiado que a resutame de de woidades€ sempre menor que aoa oma aime 39 Se se reconhecer a existéncia de uma velocidade-limite (inéxima), poderemos formular uma critica as ideias clissi- cas de espaco ¢ tempo e dirigir o primeiro ataque contra a nogio de simulraneidade, que tem como base essas ideas. Quando me dizem: «A explosio nas minas perto de Cape town aconteceu exactamente no mesmo momento em que serviam o prestnto € 08 ovos num dado apartamento de Lon- dres», talvez pensem que se sabe 0 que se estd a dizer. Vou ‘mostrar-ihe, porém, que, na realidade, niio se sabe € que, cstritamente falando, esta afirmagao nao possui um signifi: ccado exacto. Ora vejamos que método se utlizaria para veri- ficar se dois acontecimentos ocorridos em lugares diferen- tes sdo ou ndo simultaneos. Dirdo que os relégios em ambos ‘08 lugares onde ocorrem os fenémenos indicam a mesma ‘hora; mas, neste caso, surge o problema de como acertar os relégios tdo distantes um do outro de modo a darem sem- pre a mesma hora simultaneamente, ¢ regressamos a0 pro- ‘blema original. ‘Dado que a velocidade da luz no vacuo é independente do movimento da fonte que a emite ¢ do sistema em que € medida, um dos factos experimentais estabelecidos com maior preciso, 0 método, que iri descrever, para medir as distdncias e para acertar correctamente o rel6gio em vitrios postos de observagiio deverd ser reconhecido como o mais racional e, depois de pensarem um pouco mais acerca deste assunto, concordardo que sera o tinico razodvel. ‘Um sinal luminoso ¢ emitido de A e, logo que é recebido ‘em B, é enviado de novo para A. Se multiplicarmos o valor da metade do tempo contado em A, entre os momentos de cemissdo ¢ de recepcio do sinal, pela constante velocidade da luz, obtemos a distancia entre A ¢ B. ‘Dizemos que of relbgios em A ¢ B esto correctamente ajustados se, no momento da recepgao do sinal em B, o rel6- gio local mostrar apenas a média dos dois tempos resista~ ddos em A nos momentos de emissdo ¢ recepeao do sinal. Ao 40 utilizar este método entre diferentes locais de observagao fixados num corpo rigido, chegamos finalmente ao quadro de referéncia (referencial) desejado, e s6 agora poderemos responder a perguntas sobre a simultaneidade ou o intervalo de tempo entre dois acontecimentos ocorridos em lugares diferentes. DDuas longas plataformas movendo-se em sentides opostos Mas serdo estes resultados reconhecidos pelos observado- res noutros sistemas? Para responder a esta questo, supo- nhamos que tais quadros de referéncia foram estabelecidos em dois corpos rigidos diferentes, por exemplo, em dois foguetdes espaciais que se movem com uma velocidade cons- ante em sentido oposto, e vejamos agora como estes dois referenciais se comportam um em relagdo ao outro. ‘Suponhamos que ha quatro observadores localizados nos ‘extremos de cada foguetdo e que querem, antes de mais, acer- tar correctamente 0s seus relogios. Cada par de observado- res pode usar no seu fogueto uma modificago do método ‘mencionado anteriormente emitindo um sinal luminoso do centro do fogueto (medido com um metro) e marcando 0 zero nos seus relégios quando o sinal proveniente do centro do foguetdo chega a cada extremo. Assim, cada par dos nos- sos observadores estabeleceu, de acordo com a definigdo pré- 41 re © via, o eritério de simultaneidade no seu préprio sistema ¢ ‘acertou 08 seus reldgios «correctamente», tendo em conta, claro esta, 0 seu ponto de vista. 'A seguir decidiram ver se as contagens do tempo no set foguetdo correspondem com as do outro. Por exemplo, mar- cario a mesma hora 0s relégios de dois observadores de foguetdes diferentes quando passam um pelo outro? Isto pode ser testado pelo método seguinte: no centro geométrico de cada foguetdo instalam-se dois condutores eléctricos car- regados de tal modo que, quando os foguetdes se cruzam, uma faisca salta entre os condutores ¢ os sinais luminosos partem simultaneamente do centro para cada um dos extre- ‘mos, No instante em que os sinais luminosos que viajam com ‘uma velocidade finita se aproximam dos observadores, os foguetdes terio mudado de posicko e os observadores 24 © 2B estardio mais préximos da fonte luminosa do que os obser- vadores 14 © 1B. E evidente que, quando o sinal de luz chega ao observa- dor 2A, o observador 1B se encontrard bastante mais atras fe, assim, o sinal demoraré mais tempo a atingiclo. Assim, se 0 reldgio do observador 1B esta acertado de tal modo que ‘marca zero & recep¢o do sinal, o observador 2B afirmaré que esse reldgio se atrasou em relagdo & hora correcta ‘Do mesmo modo, 0 outro observador, 14, chegard & con- clusdo de que 0 reldgio do observador 2B, que recebe 0 sinal antes dele, estd adiantado. Dado que, de acordo com a defi- nigdo de simultaneidade previamente estabelecida, os seus proprios reldgios esto correctamente certos, os observado~ res do foguetdo A concordardo que existe uma diferenca centre 08 reldgios dos observadores no foguetdo B. Nao deve- ‘mos esquecer, porém, que os observadores do foguetdo By por razdes idénticas, irdo considerar que os seus proprios relbgios esto correctamente certos e afirmardo que existe ‘uma diferenga de acerto entre 0s relogios dos observadores do foguetdio A. a ‘Uma ver que os foguetdes sdo equivalentes, esta disputa entre os dois grupos de observadores pode ser reslvidaape- nas dizendo que ambos os grupos estfo correctos segundo © seu préprio ponto de vista, mas que a questdo de saber quem esté «absolutamente» correcto ni tem sentido fisico. Reevio ter cansado a minha asiséncia com estas longes considera, mas, as segue cidaostente sere lente que, uma vez adoptado o nosso método de medir 0 espago € © tempo, desaparece a nogto de simullaneldade absolua, e dois acontecimentos em dois lugares diferentes, considerados como simulineos quando observados mum sis- tema de referéncia, serdo separados por um intervalo de tempo definido quando observados de um outro sistema, sta proposicdo, inicialmente, pode parecer bastante esra aha, mas que pensardo se thes disser que, quando jantamos num comboio, comemos a sopa ¢ a sobremesa no mesino Ponto da carruagem-restaurante, mas em pontos da via fé- ea muito separados? Contudo, esta declaragdo acerca do jamtar na carruagem-restaurante pode ser fottmulada dizendo ue dois acontecimentos ocorrendo em instantes diferentes mo mesmo pono de um sem deferens spare dos por um interval de espapo se observes de um outro Se comparar entdo esta proposigdo «trivial» com a « doxal> anterior, verd que elas so absoutamentesimetrias podem ser transformadas uma na outra pela simples troca das palavras «tempor e «espago». ‘Aqui estd todo o ponto de vista de Einstein; se, por um Jado, na fisica cléssica, o tempo era considerado como algo absolutamente independente do espago ¢ do movimento «fluindo igualmente independente a tudo 0 que & exterior» (Newton), na nova fisica, 9 espaco € o tempo estdo intima ists gatos bans iste teas te ee Giculares de um «continuo espago-tempo» homogéneo, em _gue tm lugar todos os acontecimentos observveis. A par- 43 V—_—_" °° °°. tigdo deste continuo quadridimensional, em espago a trés dimensdes € tempo a uma dimensdo, é puramente arbi- trdria e depende do sistema onde se realizam as observa- des. ois acontecimentos, separados no espaco pela distéincia Jeno tempo pelo intervalo f, quando observados de um sis- tema, serdo separados por outra distancia ' ¢ outro tempo quando vizualizados de um outro sistema; assim, de algum modo, € possivel falar da transformagdo do espaco em tempo e vice-versa. Também no é dificil ver que a transformagao do tempo em espago, como no exemplo do jantar no com: boio, é para nés uma nooo bastante comum, ao passo que a transformaco do espaco em tempo, da qual resulta a rela- tividade da simultaneidade, nos parece muito estranha. ‘A questo & que, se medirmos disténcias, por exemplo, em ‘acentimetros», a unidade correspondente de tempo niio deve- ria ser 0 «segundo» convencional, mas uma «unidade de tempo racional» representada pelo intervalo de tempo neces- sério para que o sinal luminoso percorra a distancia de 1 cm, cou seja, 0,000 000 000 03 de segundo. Portanto, no fmbito da nossa experiéncia quotidiana, a transformagdo de intervalos de espago em intervalos de tempo conduz a resultados praticamente no observaveis, 0 {que parece apoiar o ponto de vista cldssico que preconiza 0 cardcter independente e imutavel do tempo. Contudo, quando investigamos movimentos com veloci- dades muito elevadas, como, por exemplo, o movimento dos ‘electrSes emitidos pelos corpos radioactivos ou o movimento de electrdes no dtomo, onde as distancias percorridas num certo intervalo de tempo so da mesma ordem de magnitude {que a do tempo expresso em unidades racionais, niio ¢ de estranhar que sejamos confrontados com ambos os efeitos anteriormente mencionados, e a teoria da relatividade torna- se ento de grande importancia. Mesmo numa gama de velo- ccidades relativamente menores, como, por exemplo, 0 movi: 44 mento dos planetas no nosso sistema solar, 0s efeitos relativistas podem ser observados devido A extrema preciso das medidas astronémicas*; porém, a observacao de tais efei- tos exige medidas das variagdes do movimento planetério até uma frac¢do de um segundo angular por ano. Conforme procure explcar, uma andlis critica das nodes de espago ¢ tempo induz conclusao de que os intervalos de espago podem ser parcialmente convertidos em interva- lo de emp enversamente; sto expen ue o valor num rico de uma dada distancia ou periodo de tempo sera di fete quand mid de ieee sistemas em moviment ‘Uma andlise matematica simples deste teorema, ¢ que eu no quero abordar nesta série de conferéncias, dé-nos uma férmula exacta para a transformagdo destes valores®. A for- 7 nad couetcs cb da oi dle snipe pesmi, Dns toi tree qow oon es cum afer cas, tips, ctelonita conplanete dina no Spon alu pe tuen iia wia dei anaes etc soa er pot er clas pss Neon een bse que dose Brace io pane Neo, se lade da eet se Sra de rao, Ou conetna mag a errs pane tits guess rahe pt tons os oe hea note ‘mas sim animadas de um movimento de rota, muito lento, no plano do acre poute emner aaa teats Se ones temo naval owen dh esto atin p ne ue 9 Sale onto doo mle qr mas pine SoS Enso (et preva oreo wan presaio opie paar AcE not €or Gevae fet e935 mi oe col tama ifeng etDvegnds nes por eo Et ete tt pe ‘clined lr duende ain uf inter mong nan do eno sax dca edl ona een Comrenios iin em nS tue ts eon sao epee 1 doe o tnter VECROES deuce er consn de Mapas exe (oo dg or aunsfrma de Lore, Bt inca como ie dopa sgn ts mein dem, 45 moe“ mula mostra que qualquer objecto de comprimento /, ‘movendo-se relativamente ao observador com velocidade v, se contrairé um comprimento que depende da sua velocidade, a sua medida de comprimento seré I-72) @ ‘Analogamente, qualquer fenémeno que dura o tempo t sera observado de um sistema em movimento como levando| mais tempo f, dado por Vi-@/e) ® Esta € a famosa «contraceilo do espaco» € «dilatagao do tempo» na teoria da relatividade. ‘Vulgarmente, quando v é muito menor do que c, os efei- tos sto muito pequenos, mas, para velocidades suficiente- ‘mente grandes, os comprimentos, quando observados de um sistema em movimento, poderdo ser arbitrariamente peque- nos € 0s intervalos de tempo arbitrariamente grandes. io se esquegam que estes dois efeitos so sistemas abso- lutamente simétricos, e dai que, enquanto 0s passageiros de ‘um comboio rapido se admirarao que as pessoas dum com- bboio parado sejam to magras ¢ se movam tio devagar, os passageiros de um comboio parado pensaréo 0 mesmo dos do comboio répido. ‘Uma outra consequéncia importante sobre a existéncia de ‘uma velocidade maxima tem a ver com a massa dos corpos ‘em movimento. De acordo com o fundamento geral da mecd- nica, a massa do corpo determina a dificuldade de Ihe impr mir movimento ou acelerar aquele de que jé esté animado; podendo-se asim extrapolar as regras da geometra de Eucldesinerentes 2s medidas de expaco inclur o tempo. Herman Minkowski (que foi pro- fessor de Einstein na ETH) mostrou, em 1908, como isso pode ser feito © ‘como se pode falar da «geometra espago-tempo». (N. dos R.) 46 quanto maior for a massa, mais dificil ser aumentar a velo- cidade. © facto de nenhum corpo, em nenhuma circunstnci conseguir exceder a velocidade da luz leva-nos directamente a conclusio de que a sua resisténcia a uma maior aceer edo, ou, por outras palavras, a sua massa, deverd aumentar indefinidamente quando a sua velocidade se aproxima da velocidade da luz. Uma anilise matemética fornece-nos a fér- ‘mula sobre esta dependéncia, que é andloga as formulas (2) © (3)", Se my é a massa para velocidades muito pequenas*, a massa m A velocidade © & dada por m= Vir) ® ea resisténcia a uma accleracdo adicional torna-se infinita quando © se aproxima de c. Este efeito da variago relativista da massa pode ser facil- mente observado experimentalmente em particulas que se movem muito rapidamente. Por exemplo, a massa dos elec- ‘res emitidos por corpos radiactivos (com uma velocidade ‘de 99 % da da luz) é muitas vezes maior do que a sua massa ‘quando se encontram num estado de repouso, ¢ as massas dos electrées que formam os chamados raios eésmicos —que ‘se movem frequentemente com uma velocidade de valor igual 4 99,98 % da velocidade da luz— s&o 100 vezes maiores. Para tais velocidades, a mecAnica cléssica torna-se absolu- tamente inaplicdvel e entramos no dominio da relatividade pura. 7 0 factor que afectaa massa de corpos em movimento 0 mesmo queafeta 1 acontracgdo do espagon ¢ a eilatapo do tempor, 0 factor VI-(0/6). (dos R.) "Mais propriamente a rest mass, a masta em repouso, ou sea a resi ttacia de inéreia & forga que tende a mover 8 particulaincialmente em repovso. (N, das R.) a7

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