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Cristologia 2
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Sobre o curso:
O módulo Cristologia 2 aborda a Cristologia Histórica. Ao longo dos primeiros séculos da era cristã a Igreja
sofreu com perseguições externas e debates internos sobre a pessoa de Cristo. Este módulo tem por
objetivo apresentar os pensamentos controversos que circularam naqueles primeiros anos e foram motivo
para a realização de diversos Concílios que reafirmaram a Cristologia Bíblica. A despeito disso, o módulo
também exibirá os pensamentos preponderantes durante o período da Idade Média e Moderna, bem
como a tentativa de desconstrução da mesma pelo liberalismo teológico, ocorrido na era contemporânea,
pós-reforma.
O que vou aprender?
I – O Estabelecimento da Cristologia.
A. Até o Concílio de Niceia: 1. Ebionismo; 2. Docetismo; 3. Adocianismo; 4. Modalismo; 5. Arianismo;
6. O Concílio de Niceia.
B. O Período Pós-Niceno: 1. Apolinarianismo; 2. Nestorianismo; 3. Eutiquianismo; 4. O Concílio de
Calcedônia.
II – A Cristologia Preservada.
A. O Período Medieval: 1. Desequilíbrio; 2. Morte Substitutiva.
B. A Reforma: 1. Lutero; 2. Calvino; 3. Menno Simon.
III – Cristologia Desmontada.
A. O Movimento Liberal;
B. B. A Neo-ortodoxia;
C. C. Cristologia de hoje.
Público-alvo:
Direcionado para aqueles que almejam adquirir ou aprimorar conhecimentos para uma formação
teológica. Ideal, também, para o desenvolvimento de líderes eclesiásticos, como obreiros, missionários e
pastores atuantes na Igreja.
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CURSO TEOLOGIA Cristologia 2
DOCETISMO
A fantástica vida de Jesus, com suas numerosas e poderosas obras, fez muita gente sentir a necessidade de
explicar como ele fazia essas coisas. Seria Jesus um ser angelical, disfarçado em um corpo humano? Seria
ele o Logos encarnado? Seria ele apenas um homem, altamente desenvolvido através do poder do Espírito
de Deus? A figura de Jesus seria mitológica, criada pela Igreja primitiva? Pelos fins do século II D.C., mais
de vinte grupos cristãos tinham surgido, para os quais Jesus era um herói, ou a figura central de sua religião.
Cada um desses grupos tinha um explicação diferente para a grandeza de Jesus. Todos os gênios criativos
provocam esse tipo de perplexidade. É preciso que os homens reajam diante da genialidade, positiva ou
negativamente. Cristo não deixa ninguém na passividade. O docetismo, pois, foi uma dentre várias reações
diante de Cristo.
Docetismo foi o termo usado para designar uma seita que surgiu dentre o gnosticismo. Este último já vinha
aparecendo sob forma preliminar desde a época apostólica, conforme se depreende de 1 João 4:2 e 2 João 7.
Naturalmente, é possível alguém ser docético sem ser gnóstico. Mas o gnosticismo também tinha sua
expressão docética, de tal modo que os dois termos acabaram quase inseparáveis.
A palavra Docetismo vem do termo grego dokéo, “parecer”. A referência primária é ao suposto corpo
utilizado pelo aeon (poder angelical), ou, segundo os gnósticos, pelo Logos. Esse corpo é definido como
uma sombra ou um fantasma, uma representação teatral, mas não um verdadeiro corpo humano. Isso posto,
o docetismo negava a humanidade de Cristo. Isso significaria que o envolvimento do Logos com a
materialidade era apenas aparente, e não real. Para os gnósticos, a matéria era o próprio princípio do pecado,
pelo que nenhum elevado ser divino envolver-se-ia com a matéria, sobre bases morais ou existenciais.
Portanto, Cristo parecia estar envolvido na matéria, mas não o estava. O docetismo é uma maneira simples e
popular de buscar solução para o problema cristológico. (Fonte: CHAMPLIN R. N., Enciclopédia de Bíblia,
Teologia e Filosofia, 4ª Edição, Volume 2, p.204, SP, Editora Candeia, 1997).
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LUTERO:
Lutero, por sua vez, ensinava a verdadeira humanidade e a verdadeira divindade de Cristo, referindo-se à
maravilhosa troca de influências entre uma e outra dessas naturezas, como também à comunicação dos
atributos envolvidos. Desse modo, temos uma doutrina da interpenetração mútua das naturezas divina e
humana de Cristo, algo similar à mescla de naturezas (conforme pensava Êutico), o que a cristologia do
concílio de Calcedônia procurava evitar. No luteranismo posterior, a posição de Lutero provocou uma
controvérsia a respeito do ponto em que a humanidade do Filho de Deus compartilha com os atributos
divinos e atua juntamente com os mesmos. Se levarmos isso longe demais, perderemos de vista a real
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humanidade de Cristo. Além disso, nesse exagero, poremos em perigo a ideia inteira da kenosis, isto é, o
esvaziamento do Logos quanto às suas prerrogativas divinas, por ocasião da encarnação.
CALVINO
Cristo é o penhor da nossa união com Deus. Na sua humanidade, sendo o Mediador, pôde ser obediente ao
Pai em tudo, a fim de nos ensinar como agir semelhantemente. Em nosso lugar, com a nossa natureza,
rendeu em nosso lugar, a Deus, a obediència e expiação que deviamos prestar, a fim de que apagasse a nossa
culpa e aplacasse a justa ira do Pai. Assim, não teve outro propósito que a nossa redenção; restaurar o
mundo decaído e socorrer os homens perdidos. Pelo seu sangue expiou os nossos pecados (Hb 9.22). Os
profetas pregaram sobre Ele, que haveria de ser o reconciliador de Deus e homens. O castigo da paz estava
sobre Ele, e pelas Suas pisaduras viria a cura (Is 53.4 5). Jesus foi o sacerdote que se ofereceu como vitima
(Hb 9.11-12), e através de suas chagas muitos seriam curados; todos os desgarrados e extraviados seriam
levados ao aprisco (Is 53.5.6). Nada há mais profundo senão que Cristo Jesus é o salvador dos perdidos.
Destarte, está assim definido o propósito da encarnação: que Cristo se fizesse vitima e expiação para abolir-
nos os pecados. O verdadeiro intercessor, que se interpõe entre Deus e os homens; o medianeiro para
interceder.
Em relação à comunicação de idiomas ou de propriedades, Calvino argumenta que, aquele que foi
verdadeiro homem, derramou seu sangue pela humanidade, na natureza humana, sem, contudo transferir
propriedades à natureza divina. Mas, a natureza divina supria a natureza humana, assim, não podia pecar,
entretanto, formava uma só pessoa realizando a obra do Pai. Destarte, em Cristo, as duas naturezas não se
fundem, sem se separam, mas são unidas e distintas. Calvino rechaçou as teses de Nestório”? e de Eutiques”.
Nestório separava as naturezas de Cristo, e Eutiques negava a realidade da natureza humana de Cristo.
aprovava os pronunciamentos ortodoxos dos concílios, mas rejeitava a tendência de Lutero para o erro de
Eutico, preferindo defender a ideia de duas naturezas distintas, embora nunca separadas. Para ele, a salvação
depende das propriedades de ambas as naturezas. A natureza divina opera através da natureza humana; mas,
ao mesmo tempo, a salvação também envolveria a obra de Jesus, em sua perfeita obediência e santificação,
em lugar de todos os homens, em sua própria pessoa, pois a humanidade de Jesus não foi apenas o
instrumento, mas também a causa material da salvação. A salvação só pode tornar-se realidade mediante o
cumprimento dos três ofícios de Cristo como Profeta, Sacerdote e Rei. Essa é uma boa teologia,
concordando com a mensagem da epístola aos Hebreus, em trechos como 2:10 e 5:8. Jesus tanto foi
aperfeiçoado quanto aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu e experimentou. Infelizmente, em muitas
igrejas calvinistas de nossos dias, a teologia popular ressalta tanto a divindade de Cristo que se perdem de
vista aqueles importantes pontos teológicos que estão envolvidos na humanidade Cristo.
MENNO SIMONS
Durante os meses seguintes da sua separação, o que Menno desejava mais do que qualquer outra coisa, era
pensar serenamente no alcance da sua decisão e ler a Palavra de Deus, meditar nela e resolver algumas
questões teológicas que ainda o preocupavam. Uma delas era quanto a encarnação. Parece que tinha
conhecimento de certos pontos de vista peculiares de alguns dos irmãos, tomados originariamente de
Melchior Hofmann, e queria resolver por si próprio o que deveria crer. O problema que o preocupava era o
seguinte: Como pôde a impecável natureza divina de Cristo ser encarnada na carne pecaminosa dos
descendentes do caído Adão? Por causa do seu ardente desejo de conhecer a verdade e a sua grande
repugnância a incredulidade e ao erro, Menno se encontrou em sério conflito. Jejuou e pediu a Deus que “se
dignasse a revelar-lhe o mistério da concepção do Seu bendito Filho” já que isto era necessário para alívio
da sua carregada consciência. As tentativas para conseguir ajuda dos irmãos, não foram satisfatórias. Depois
de vários meses Menno considerou que havia conseguido uma solução adotando a teoria da encarnação,
mediante a qual Cristo adquiriu existência em Maria, mas não nasceu da carne de Maria. Era similar ao
ponto de vista de Hofmann. Menno adotou esta teoria especialmente para satisfazer a si próprio e raramente
falava muito dela, exceto quando se via forçado a fazê-lo em debates públicos com seus inimigos que a
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consideravam como o seu ponto fraco. Lamentava-se repetidas vezes de ter que debater, contra as suas
inclinações, sobre este assunto. É interessante advertir que a extravagante idéia de Menno sobre a
encarnação, não foi aceita pelos Menonitas suíços e que, ainda que continue exercendo influência entre
alguns grupos Menonitas alemães do norte da Holanda, esta teoria nunca encontrou aceitação em nenhum
credo autorizado ou confissão da Igreja Menonita.
Cristologia Desmontada
Liberalismo Teológico:
No campo da Teologia, o liberalismo tende por opor-se a teorias fixas sobre a inspiração da Bíblia,
favorecendo antes o uso da crítica histórica e da aplicação das descobertas da ciência que envolvam algo das
crenças religiosas. Se o fundamentalismo continua a confiar nas revelações da Bíblia, assentando suas
crenças essencialmente pela Palavra escrita de Deus, o liberalismo assevera que essas revelações apesar de
conterem alguma verdade, não podem ser consideradas a base de toda a verdade.
NEO-ORTODOXIA:
A neo-ortodoxia é uma corrente teológica começou como uma reação aparentemente saudável ao
liberalismo. Teólogos, entre os quais temos Karl Barth como um dos maiores nomes, se posicionavam
contra o racionalismo do liberalismo e davam valor às Escrituras, voltavam a falar de Deus em termos
reverentes, encorajavam uma postura piedosa de vida.
Acontece que, com o passar do tempo e na medida em que muitos escritos foram saindo essa corrente
mostrou que não estava realmente disposta confrontar o liberalismo e, especialmente, o cientificismo
(elevação da ciência conhecida ao ponto culminante, como aferidora de todo o saber remanescente) com as
simples verdades da Palavra de Deus, recebendo-a objetivamente, como os reformadores haviam insistido –
que ela era a proposicional e objetiva Palavra de Deus – padrão de aferição de todo o pensamento e fonte
suprema de nosso conhecimento metafísico.
Assim, com efeito, passaram a redefinir certos termos, no sentido de evitar conflitos com a ciência
conhecida e com supostos postulados históricos. Ou seja – procuravam conservar terminologia cristã, com
aceitação ampla de uma visão humanista da história e da ciência. A forma que acharam, de resolver esse
conflito, foi de criar duas esferas ou estradas de conhecimento, de registros ou de impressões da história.
Uma seria chamada de HISTORIE (história, fatos brutos); a outra de HEILSGESCHICHTE (história santa,
ou história salvífica).
Desta forma, fica tudo, aparentemente, mais fácil de resolver. Se alguém pergunta – “a criação realmente
aconteceu”? A resposta daquele que agora já era conhecido como neo-ortodoxo (porque se distanciava
mesmo dos ortodoxos) seria: “alguma coisa aconteceu, mas isso é campo da ciência; não é relevante para o
nosso meditar e caminhada em direção a Deus – isso é HISTORIE; o que estamos interessados é em
HEILSGESCHICHTE e é isso que temos na Bíblia – como essas questões impressionaram e afetaram o
autor – ou autores (para o neo-ortodoxo a integridade do texto também não é algo relevante; é fruto de uma
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