Professional Documents
Culture Documents
IBET - Módulo II - Seminário III Questões
IBET - Módulo II - Seminário III Questões
Questões
Sim. Conforme bem expõe Paulo Cesar Conrado 1, as ações anulatórias de débito
fiscal, antes de se reportarem à norma de lançamento, reportam-se ao gênero “norma
constitutiva da obrigação tributária”, podendo, pois, investir tanto contra a eficácia do
lançamento, quanto do chamado “autolançamento”.
Fato é que nos casos de tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de
antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, o pagamento
antecipado do tributo a que está obrigado o sujeito passivo é mera causa extintiva do crédito
tributário.
Todavia, nos termos da Súmula nº 436, do STJ, a sua constituição definitiva se dá
com a entrega da declaração pelo contribuinte reconhecendo o débito fiscal, de modo que a
partir desse momento é possível o ajuizamento da ação anulatória pelo contribuinte.
O artigo 389, do Código de Processo Civil vigente dispõe que há confissão quando a
parte admite a verdade de fatos contrários ao seu interesse e favorável ao interesse do
adversário. Nessa linha, Carla de Lourdes Gonçalves2 afirma que “a confissão de débitos
exigida para ingresso no parcelamento só pode incidir sobre os fatos” e não sobre a sua
qualificação jurídica.
A propósito, o artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal determina que
nenhuma questão pode ser afastada do controle do Poder Judiciário. De sua vez, o artigo
142 do Código Tributário Nacional reserva à autoridade tributária o poder para verificar a
ocorrência do fato gerador, sem afastar do Poder Judiciário, como no presente caso, o dever
de analisar a matéria.
Desse modo, mostra-se cabível o ajuizamento de ação anulatória de débito fiscal
1
CONRADO, Paulo Cesar. Processo Tributário. 3 ed. São Paulo: Quartier Latin, 2012. p. 242.
2
GONÇALVES, Carla de Lourdes Gonçalves. Os parcelamentos, a confissão de débitos e a
superveniente declaração de inconstitucionalidade pelo STF: consequências e limites [online].
Disponível em: <ibet.com.br/wp-content/uploads/2019/02/Carla-Gonçalves.pdf>. Acesso em:
11.05.2020. p. 130.
3
3. Que relações podem existir entre as ações anulatória de débito, executiva fiscal e
embargos à execução: conexão, continência ou prejudicialidade (ou nenhuma das
alternativas)? Qual o juízo competente para julgá-las? Deverão ser reunidas para
julgamento conjunto? Responder a essa pergunta, com base nas disposições do
código de processo civil de 2015 que tratam da modificação da competência. (Vide
anexos III e IV – aplicam-se tais precedentes?)
Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for
comum o pedido ou a causa de pedir.
(...)
Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver
identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por
ser mais amplo, abrange o das demais.
4. Você é procurado pela empresa AZT Foods do Brasil Ltda. em função do seguinte
caso que lhe foi colocado por ela:
A AZT solicita um parecer em que você deverá apontar: (a) a estratégia processual
(a medida judicial ou medidas judiciais) a ser adotada para a defesa dos seus
interesses, devendo ser justificada a opção da(s) medida(s), com a indicação do
dispositivo de lei que determina o seu cabimento; (b) o(s) fundamento(s) jurídico(s)
que poderá(ão) ser(em) utilizado(s) para afastar a exigência dessa multa – causa de
pedir; (c) o pedido da ação (ou ações); (c) o pedido da ação (ou ações); (d) o efeito
da sentença pretendido com a ação (ou ações).
Nos termos do art. 156, inc. I, do Código Tributário Nacional, a extinção do crédito
tributário se dá, via de regra, com o pagamento do tributo devido. Na sequência, o inciso
VIII, do referido dispositivo elenca também a consignação em pagamento como causa
extintiva do crédito tributário, desde que observado o disposto no art. 164, §2º, do mesmo
diploma. Por sua vez, o que se extrai da leitura do referido §2º é que o pagamento reputar-
se-á efetuado, isto é, reputar-se-á extinta a obrigação tributária, com o julgamento pela
procedência da consignação em pagamento.
7. Contribuinte sediado no Estado de São Paulo tem lavrado em seu desfavor auto de
infração de ICMS pelo Estado do Mato Grosso (problemas atinentes à
documentação fiscal que acompanhava a mercadoria, bem como ao não destaque
do diferencial de alíquotas supostamente devido ao Estado do Mato Grosso).
Inconformado com essa situação, referido contribuinte lhe procura para que ajuíze
ação anulatória, questionando-se acerca do foro competente no qual deva ser
processada a referida ação. Apresente, de forma fundamentada, sua resposta a
esse questionamento, analisando a redação do parágrafo único do artigo 52 do
Código de Processo Civil.
Trata-se aqui de competência relativa, podendo a demanda ser ajuizada, nos termos
do parágrafo único, do art. 52, do atual CPC, no caso, como o demandado é ente estatal, no
foro de domicílio do autor - Estado de São Paulo - ou no local de ocorrência do fato gerador.
9