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IBET – INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS

Aluno: Luís Fernando Nadalin Sivers


Módulo: Incidência e crédito tributário
Seminário VII – ICMS
Data da entrega: 08.07.2020

1. Construir a(s) regra(s)-matriz(es) do ICMS – Mercadorias e do ICMS – Importação.

1º) ICMS – Mercadorias:


Hipótese:
 Critério material: realizar operações relativas à circulação de mercadorias;
 Critério espacial: âmbito territorial dos Estados e do Distrito Federal;
 Critério temporal: momento da saída da mercadoria do estabelecimento
vendedor.
Consequente:
 Critério pessoal:
o Sujeito ativo: Estados e Distrito Federal;
o Sujeito passivo: produtores, industriais e comerciantes.
 Critério quantitativo:
o Base de cálculo: valor da operação;
o Alíquota: aquela prevista na legislação do imposto.
2º) ICMS – Importação:
Hipótese:
 Critério material: realizar importação de bem ou mercadoria do exterior,
qualquer que seja sua finalidade, assim como o serviço prestado no exterior.
 Critério espacial: âmbito territorial do Estado ou Distrito Federal onde estiver
situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário da mercadoria
(importador);
 Critério temporal: momento da saída da mercadoria do estabelecimento
vendedor.
Consequente:
 Critério pessoal:
o Sujeito ativo: Estado ou Distrito Federal onde se dê a importação;
o Sujeito passivo: importador.
 Critério quantitativo:
o Base de cálculo: valor da mercadoria ou do bem importado;
2

o Alíquota: aquela prevista na legislação do imposto.


2. Qual a base de cálculo do ICMS incidente sobre a operação de circulação de
mercadorias? Dentre as rubricas adiante enumeradas, quais devem compor a base
de cálculo do ICMS: (i) descontos incondicionais, (ii) bonificações, (iii) frete, (iv)
seguro, (v) acréscimo correspondente ao financiamento realizado pelo alienante
nas vendas a prazo, e (vi) o valor de mão obra cobrado a título de montagem
quando a operação implicar em venda e instalação de máquinas e aparelhos?

No âmbito do ICMS – Mercadorias, que incide sobre operações relativas à circulação


de mercadorias, a base de cálculo haverá de ser, necessariamente, o valor da operação
realizada, conforme corrobora o art. 13, inciso I, da LC 87/1996.
Ainda, nos termos do art. 13, §1º, da LC 87/1996, integram a base de cálculo do
imposto: i) seguros; ii) juros; iii) demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas; iv)
descontos recebidos sob condição; v) o valor do frete, caso o transporte seja efetuado pelo
próprio remetente ou por sua conta e ordem e seja cobrado em separado.
Sendo assim:
(i) O STJ, por meio da Súmula 457, definiu que “Os descontos incondicionais nas
operações mercantis não se incluem na base de cálculo do ICMS”.
(ii) Por meio do REsp 1.111.156/SP, o STJ considerou que as bonificações
representam descontos incondicionais, e, por consequência, não devem integrar a base de
cálculo do tributo em questão:

TRIBUTÁRIO - ICMS - MERCADORIAS DADAS EM BONIFICAÇÃO -


ESPÉCIE DE DESCONTO INCONDICIONAL - INEXISTÊNCIA DE
OPERAÇÃO MERCANTIL - ART. 13 DA LC 87/96 - NÃO-INCLUSÃO NA
BASE DE CÁLCULO DO TRIBUTO.
(...)
2. A bonificação é uma modalidade de desconto que consiste na entrega de
uma maior quantidade de produto vendido em vez de conceder uma
redução do valor da venda. Dessa forma, o provador das mercadorias é
beneficiado com a redução do preço médio de cada produto, mas sem que
isso implique redução do preço do negócio.
3. A literalidade do art. 13 da Lei Complementar n. 87/96 é suficiente para
concluir que a base de cálculo do ICMS nas operações mercantis é aquela
efetivamente realizada, não se incluindo os "descontos concedidos
incondicionais".
4. A jurisprudência desta Corte Superior é pacífica no sentido de que o valor
das mercadorias dadas a título de bonificação não integra a base de cálculo
do ICMS. (...)
Recurso especial provido para reconhecer a não-incidência do ICMS sobre
as vendas realizadas em bonificação. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-
C do Código de Processo Civil e da Resolução 8/2008 do Superior Tribunal
de Justiça.
(REsp 1111156/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 14/10/2009, DJe 22/10/2009)
3

(iii) Conforme exposto, o frete, se efetuado pelo próprio remetente ou por sua conta e
ordem, e desde que cobrado em separado, integra a base de cálculo do ICMS –
Mercadorias.
(iv) De igual forma, o seguro é incluído na base de cálculo do tributo por expressa
determinação legal.
(v) A jurisprudência do STF é pela constitucionalidade da inclusão, na base de
cálculo do ICMS, do acréscimo correspondente ao financiamento realizado pelo próprio
alienante nas vendas a prazo, sempre que integre o valor da operação. Nesse sentido é o
teor do Informativo de Jurisprudência 698, do STF:

AG. REG. NO AI N. 697.323-SP


RELATORA: MIN. ROSA WEBER
EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO. ICMS. VENDAS A PRAZO.
FINANCIAMENTO REALIZADO PELO PRÓPRIO ALIENANTE. INCLUSÃO
NA BASE DE CÁLCULO. CONSTITUCIONALIDADE.
A jurisprudência do STF firmou-se no sentido da constitucionalidade da
inclusão, na base de cálculo do ICMS, do acréscimo correspondente ao
financiamento realizado pelo próprio alienante nas vendas a prazo, sempre
que integre o valor da operação. Precedentes.

(vi) Por fim, o valor de mão obra cobrado a título de montagem, quando a operação
implicar em venda e instalação de máquinas e aparelhos, integra o valor total da operação,
razão pela qual deve ser computado, para fins de apuração do tributo devido.

3. O Estado de Tocantins, sem amparo em convênio do CONFAZ concede regime


especial (mediante lei) a determinadas empresas, outorgando créditos de 2% toda
vez que houver operações interestaduais relativas à circulação de determinadas
espécies de mercadorias. O destaque na nota fiscal correspondente à remessa de
mercadoria de Tocantins para São Paulo é de 12%, no entanto, o estado de São
Paulo aceita somente 10% (12% - 2%) e lavra auto de infração sobre os 2%
remanescentes. Pergunta-se:
a) pode o Estado de São Paulo vedar aos contribuintes, destinatários de
mercadorias provenientes de Tocantins, o aproveitamento integral do ICMS
destacado na nota fiscal por ser o remetente beneficiário de incentivo fiscal sem
amparo em convênio do CONFAZ, mesmo sem a respectiva declaração de
inconstitucionalidade do benefício?

Uma vez que a concessão de benefícios fiscais do ICMS deve observar regramento
4

específico previsto no art. 155, XII, alínea “g”, da Constituição Federal1, regulamentado pela
LC 24/75, para tanto, deve haver o acolhimento do pretendido benefício por todas as demais
unidades federadas, o, o que se traduz em convênios aprovados pelo Conselho Nacional de
Políticas Fazendárias – CONFAZ.
Nesse sentido, não estando, o regime especial estabelecido pelo Estado de
Tocantins, amparado em convênio do CONFAZ, não está, o Estado de São Paulo, obrigado
a suportar o ônus financeiro decorrente dos créditos outorgados por outro ente federado em
manifesta violação ao texto constitucional e à legislação infraconstitucional. Ademais, é
como determina a LC 24/75, em seu art. 8º, segundo o qual: “a inobservância dos
dispositivos desta Lei acarretará, cumulativamente: I - a nulidade do ato e a ineficácia do
crédito fiscal atribuído ao estabelecimento recebedor da mercadoria; Il - a exigibilidade do
imposto não pago ou devolvido e a ineficácia da lei ou ato que conceda remissão do débito
correspondente”.

b) a edição da Lei Complementar nº 160/2017 e o Convênio ICMS nº190/2017


alteram o cenário acima no que se refere à concessão/validação do benefício fiscal
e consequentemente o direito ao crédito pelo adquirente da mercadoria? (anexo I, II
e III)

Com a edição da LC 160/2017, foi outorgado aos Estados e ao Distrito Federal


deliberar, mediante convênio, acerca da remissão dos créditos tributários, constituídos ou
não, decorrentes das isenções, dos incentivos e dos benefícios fiscais ou financeiro-fiscais
instituídos em desacordo com o disposto na alínea “g”, do inciso XII do § 2º, do art. 155, da
Constituição Federal por legislação estadual publicada até a data de início da sua produção
de efeitos.
Posteriormente, o CONFAZ celebrou o Convênio 190/2017 autorizando a remissão,
anistia e reinstituição dos benefícios de que trata a Lei Complementar pelas unidades
federadas, condicionada à: a) publicação, em seus respectivos diários oficiais, relação com
a identificação de todos os atos normativos relativos aos benefícios fiscais instituídos até
08/08/2017, em desacordo com o texto constitucional; b) bem como ao registro e depósito,
perante o CONFAZ, da documentação comprobatória correspondente aos atos concessivos
dos referidos benefícios fiscais.
Pela redação de sua cláusula oitava, a remissão e a anistia ficam condicionadas à
desistência (i) de ações ou embargos à execução fiscal relacionados aos créditos tributários,
com renúncia ao direito sobre o qual se fundam e a quitação integral pelo sujeito passivo

1
“cabe à lei complementar (...) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal,
isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados”.
5

das custas e demais despesas processuais; (ii) de impugnações, defesas e recursos


administrativos apresentados pelo contribuinte; (iii) da cobrança de eventuais honorários de
sucumbência da unidade federada pelo advogado do sujeito passivo.
Finalmente, cumpre ressaltar a lição de Carvalho e Martinelli 2, segundo os quais,
embora a LC 160/2017 tenha previsto que a remissão pela unidade federada concedente do
benefício fiscal gere efeitos em outra unidade federada que tenha crédito constituído, deverá
haver lei específica na unidade federada que eventualmente tenha crédito constituído, sob
pena de afronta ao artigo 150, §6º, da Constituição Federal.
Não observadas as condicionantes acima elencadas, não há que se falar em
concessão/validação do benefício fiscal, e, consequentemente o direito ao crédito pelo
adquirente da mercadoria.

4. Quais foram as principais modificações trazidas pela Emenda Constitucional n.


87/15? Há alguma inconstitucionalidade nas aludidas alterações? A Emenda
Constitucional nº 87/2015 respeita os limites de competência dos entes federativos
na definição do critério espacial do ICMS no que tange às operações presenciais?
Será devido o diferencial de alíquotas quando a operação ocorrer
presencialmente? Pode a legislação infraconstitucional determinar a utilização de
base de cálculo única, formada com a carga tributária do Estado de destino
mediante a técnica do chamado cálculo “por dentro” para determinar o valor do
diferencial de alíquotas?

A EC 87/15 definiu que nas operações e prestações que destinem bens e serviços a
consumidor final, contribuinte ou não do imposto, localizado em outro Estado incidirá a
alíquota interestadual e caberá ao Estado de localização do destinatário o imposto
correspondente à diferença entre a alíquota interna do Estado destinatário e a alíquota
interestadual.
Sim. Não obstante a EC 87/15 decorra do exercício do poder constituinte derivado,
não pode, ela, atentar contra a forma federativa de Estado, bem como os direitos e garantias
individuais, porquanto tratam-se, estas, de cláusulas pétreas previstas no art. 60, §4º, da
Constituição Federal.
Da interpretação do texto constitucional, o ICMS é tributo cujo critério espacial se
confunde com os limites territoriais do Estado em que se der a saída da mercadoria do
estabelecimento do contribuinte. Trata-se de delimitação constitucional de competências
tributárias, o que garante a autonomia e autogestão dos entes federados.
2
CARVALHO, Osvaldo Santos; MATINELLI, Luis Fernando dos Santos. A lei complementar nº 160 e seus reflexos
nas administrações tributárias estaduais. Será mesmo o fim da guerra fiscal? [online – texto disponibilizado
pelo IBET] p. 983.
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A partir do momento em que a EC 87/15 modifica esse critério espacial, determinado


que o imposto será devido pelo Estado em que se encontre o destinatário, e, não só isso,
também impõe limitação à instituição desse tributo, matéria, esta, reservada à lei ordinária,
acaba por ferir o princípio federativo, razão pela qual padece de inconstitucionalidade.

5. O contribuinte “A” Paulista adquire insumos da empresa “B” Mineira e se credita


do imposto incidente na operação para futura compensação com seus débitos de
ICMS. Anos depois, a empresa “B” é considerada “inidônea” pelo fisco estadual
paulista, resultando na edição de um “ato declaratório de inidoneidade” com
efeitos ex tunc. Consequentemente, o Estado paulista – após posterior realização
de notificação ao o contribuinte “A” - realiza lavratura de AIIM para estornar todos
os créditos aproveitados na operação, além de imposição de multas e incidência de
juros. Nesse sentido, questiona-se:
a) Em que consiste a declaração de inidoneidade e quais hipóteses de ocorrência?

A declaração de inidoneidade é instrumento do qual se valem as Fazenda Estaduais


visando evitar que o contribuinte do ICMS em situação irregular emita notas fiscais,
consideradas inidôneas. O art. 184, do RICMS/200-SP elenca as hipóteses em que se
considera a documentação fiscal, no âmbito do ICMS, inidônea. São algumas delas:
documento emitido por contribuinte que não esteja em situação regular perante o fisco;
documento que contiver declaração falsa, ou estiver adulterado ou preenchido de forma que
não permita identificar os elementos da operação ou prestação; que contiver valores
diferentes nas diversas vias; possuir, em relação a outro documento do contribuinte, o
mesmo número de ordem e a mesma série e subsérie; tiver sido confeccionado: a) sem
autorização fiscal, quando exigida; b) por estabelecimento diverso do indicado; c) sem
obediência aos requisitos previstos na legislação; dentre outros.
Em suma, a “inidoneidade” a que se refere a legislação paulista diz respeito a
hipóteses em que os documentos fiscais são emitido em inobservância aos requisitos legais,
ou, ainda que regulares, sejam emitidos ou utilizados com dolo, fraude, simulação ou erro
que implique, mesmo que a terceiro, o não-pagamento do imposto ou qualquer outra
vantagem indevida.

b) Qual a relação da declaração de inidoneidade com o direito ao creditamento?

O direito ao creditamento no ICMS decorre de previsão constitucional expressa. Não


obstante, este somente surge e é válido perante o ordenamento, quando do relato de um
dado evento em linguagem competente, isto é, quando da edição de norma individual e
7

concreta específica relativa ao direito de crédito. O relato desse evento em linguagem


competente, qual seja, a realização de uma operação de circulação de mercadorias, que
enseja o aparecimento do direito ao crédito de ICMS somente se dá por meio da linguagem
das provas.
Vale dizer, não havendo o arcabouço probatório suficiente para demonstrar a
ocorrência da operação que ensejou o direito ao creditamento, ou, em sendo este reputado
inidôneo, como no caso em comento, fere-se de morte a própria norma jurídica do
creditamento em sua hipótese, que, portanto, restará impedida de produzir seus efeitos.
Logo, na teoria, havendo a declaração de inidoneidade do comerciante na etapa anterior da
cadeia produtiva, com efeitos retroativos, desparece a norma que lastreia o direito ao crédito
de ICMS.

c) O procedimento de lavratura do AIIM por parte do Fisco paulista encontra


amparo na Constituição Federal? Pode a legislação infraconstitucional estabelecer
critérios não previstos na Constituição Federal para o aproveitamento de créditos?
(Vide anexos IV, V e VI).

A não cumulatividade do ICMS decorre de comando constitucional expresso,


conforme redação de seu art. 155, §2º, inciso I: o ICMS “será não-cumulativo,
compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias
ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro
Estado ou pelo Distrito Federal”. Trata-se de norma de eficácia plena, que independe de
disciplina ou complementação infraconstitucional.
Nesse sentido, determinando, a Constituição Federal, que o montante cobrado a
título de ICMS nas etapas anteriores da cadeira produtiva ensejará direito a creditamento
nas etapas posteriores, não poderá, a legislação infraconstitucional, impor critérios à sua
fruição, restringindo-o.
Não obstante, na hipótese de declaração de inidoneidade, o que se impõe não são
restrições à fruição do direito aos créditos de ICMS. Muito pelo contrário, o que a legislação
infraconstitucional determina é a observância de requisitos para o preenchimento e emissão
da documentação fiscal, que é dever instrumental inerente à sistemática do tributo em
análise.
E, conforme exposto no item anterior, a declaração de inidoneidade são se impõe
como uma restrição ao direito de crédito, mas, sim, atua mutilando a regra matriz da norma
do direito de crédito, porquanto faz “deixa de existir” a prova que lastreava a ocorrência da
operação de circulação de mercadorias na etapa anterior e que dava origem ao direito de
crédito.
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Desse modo, contanto que observada a boa-fé do contribuinte adquirente,


devidamente lastreada em linguagem de provas, não há que se falar em
inconstitucionalidade do procedimento de lavratura do AIIM.

6. É possível, somente com base nos dispositivos constitucionais abaixo,


fundamentar a proibição do crédito relativo à entrada de material de uso e
consumo nas seguintes situações: a bens para ativo fixo, à energia elétrica dos
escritórios de uma fábrica e à aquisição como tomador de serviço de comunicação
não relacionado a qualquer saída de mercadoria ou prestação de serviço
tributadas? Fundamente.

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos


sobre:
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações
de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no
exterior;
§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada
operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de
serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro
Estado ou pelo Distrito Federal;
II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da
legislação:
a) não implicará crédito para compensação com o montante devido
nas operações ou prestações seguintes;
b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores;

O ICMS é tributo que incide sobre a “operação de circulação de mercadorias”.


Conforme orienta Paulo de Barros Carvalho3, tratam-se de três elementos essenciais para a
caracterização da venda de mercadorias, isto é: a existência de atos ou negócios jurídicos
para provocar a circulação de mercadorias (operação); a alteração da titularidade jurídica
das mercadorias (circulação); e, finalmente, o termo “mercadoria”, explica o autor, é
qualquer objeto natural ou manufaturado que se possa trocar e que, além dos requisitos
comuns a qualquer outro bem econômico, possua também o requisito extrínseco de ser
destinado ao comércio.
Em outras palavras, “se não houver relação mercantil, não poderá falar-se em
obrigação tributária”4, e, tampouco em direito ao creditamento do ICMS.
Feitas essas considerações, tem-se que:
(i) a bens para ativo fixo – nesse caso, não há que se falar no aspecto mercantil,

3
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário, linguagem e método. 2. ed. São Paulo: Noeses, 2008. p. 648.
4
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário, linguagem e método. 2. ed. São Paulo: Noeses, 2008. p. 650.
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posto que os bens adquiridos são destinados ao ativo fixo (consumidor final) e, portanto, não
se destinam ao comércio. Nesse sentido, não há que se falar em direito ao creditamento.
(ii) energia elétrica dos escritórios de uma fábrica – de igual forma, não há aqui o
aspecto de circulação de mercadorias, razão pela qual não há o surgimento do
correspondente crédito.

(iii) aquisição como tomador de serviço de comunicação não relacionado a qualquer


saída de mercadoria ou prestação de serviço tributadas – nesse caso, para além da
ausência do aspecto mercantil, incide o teor do inciso II, do §2º, do art. 155, da CF, segundo
o qual, a “não incidência” não implicará crédito para compensação e acarretará a anulação
do crédito relativo às operações anteriores.

7. A importação de equipamento por meio de negócio jurídico denominado leasing


por si só, consubstancia hipótese de incidência de ICMS? E a importação de um
avião feita por pessoa física por meio de um leasing internacional é passível de
incidência de ICMS? As conclusões se alteram caso o leasing seja “operacional”
ou “financeiro”? (Vide anexos VII e VIII).

Na operação de leasing não se verifica a troca da titularidade do bem objeto da


operação, razão pela qual não vislumbro a ocorrência de hipótese de incidência do ICMS.
Muito pelo contrário, há, apenas ao final do contrato, a opção de compra do bem objeto do
contrato de leasing, de modo que, se, e somente se realizada, ensejará a incidência do
ICMS.

8. Empresa “A” vende para a empresa “B” lote de computadores. A mercadoria


adquirida por “B” sai regularmente da empresa “A”, mediante transporte efetuado
pela empresa “C”, contratada diretamente pela empresa “B”. Ocorre que, no curso
dessa operação de transporte, a mercadoria é roubada. “A” argumenta que, como
não houve a tradição da mercadoria para “B”, não se operou a efetiva circulação
jurídica da mercadoria. Pergunta-se: é devida essa cobrança de ICMS em relação à
empresa “A”? E se o ICMS foi “pago antecipadamente”, cabe restituição? Em caso
positivo, para quem?

Segundo Paulo de Barros Carvalho,5 o direito atribui à expressão “operações de


circulação de mercadorias” o significado de “transferência de sua titularidade”. E continua:
“existindo documentação que a respalde, a operação jurídica se considera perfeita e
5
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário, linguagem e método. 2. ed. São Paulo: Noeses, 2008. p. 646.
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acabada, desencadeando os efeitos jurídicos-fiscais correspondentes”. Nesse sentido, uma


vez que irrelevante a circulação física da mercadoria, tendo ocorrido a venda do lote de
computadores (troca jurídica da titularidade), lastreada em documento fiscal comprobatório
da ocorrência da operação, perfectibilizada está a hipótese de incidência do ICMS, sendo
devido, pois o pagamento do tributo por “A”.

9. Empresa sediada no Espírito Santo realiza desembaraço aduaneiro de mercadorias


em Foz do Iguaçu, sem manter estabelecimento físico naquela localidade. Estas
mercadorias são destinadas direta e fisicamente a estabelecimento adquirente
paulista. Considerando o disposto no art. 155, § 2º, IX, “a”, da Constituição Federal
e no art. 11, “d”, da Lei Complementar 87/96, responda (vide anexo IX)
a) Para definição dos sujeitos ativo e passivo do ICMS incidentes nas operações de
importação, o que se deve entender por “destinatário físico” e “destinatário
jurídico” na acepção utilizada pelo STF?

O Supremo Tribunal Federal possui entendimento no sentido de que na entrada de


bem ou mercadoria realizada em decorrência de operações iniciadas no exterior, o ICMS
incidente é devido ao Estado onde está localizado o destinatário jurídico do bem, isto é,
aquele que promoveu juridicamente o ingresso do produto, no caso, o próprio importador.
Destinatário físico é aquele a que se destina o bem, no caso, o consumidor final.

b) Na sua opinião, quem deve ser considerado os sujeitos ativo e passivo?


Fundamente sua resposta elucidando as características e consequentes
normativos decorrentes da importação: (i) direta, com posterior venda no mercado
interno; (ii) por encomenda e; (iii) por conta e ordem.

(i) Na importação direta, com posterior venda no mercado interno, verifica-se a


ocorrência de duas operações distintas: a importação e a posterior venda do bem. Nesse
caso, o sujeito passivo será a importadora e o sujeito ativo será o Estado em que se
encontre o estabelecimento da importadora.
(ii) Na importação “por conta e ordem de terceiro” a empresa adquirente da
mercadoria contrata intermediária, prestadora de serviços, para que providencie, por conta e
ordem da contratante, o despacho de importação da mercadoria em nome desta. Nessa
hipótese, a importadora não detém a propriedade dos bens importados, e, portanto, não é
seu destinatário jurídico. Desse modo, nessa hipótese, é sujeito passivo a adquirente (não o
importador) e o sujeito ativo, o Estado em que este se encontre.
(iii) Finalmente, na importação por encomenda, quem realiza o negócio jurídico de
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importação é a própria importadora, sendo a empresa que encomenda uma mera adquirente
no negócio jurídico posterior realizado no mercado interno. Nesse sentido, o sujeito passivo
será a importadora e o sujeito ativo será o Estado em que se encontre o estabelecimento da
importadora.

c) Se a importação tivesse sido efetuada na modalidade de “importação por conta e


ordem de terceiro” ou “por encomenda” (importador capixaba e adquirente
paulista), quais seriam os reflexos jurídicos no que diz respeito: (i) ao local do
recolhimento, (ii) aos sujeitos ativo e passivo, e (iii) ao direito ao crédito de ICMS
em relação às empresas capixaba e paulista?

Por conta e ordem de terceiro:


(i) local de recolhimento – Estado de São Paulo;
(ii) sujeito ativo – Estado de São Paulo / sujeito passivo – adquirente paulista;
(iii) direito ao crédito – adquirente paulista.

Por encomenda:
(i) local de recolhimento – Estado do Espírito Santo;
(ii) sujeito ativo – Estado do Espírito Santo / sujeito passivo – importador capixaba;
(iii) direito ao crédito – importador capixaba.

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