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RÉPUBLICA DE ANGOLA

MINISTÉRIODA EDUCAÇÃO

INSTITUTO TÉCNICO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE SÃO JOÃO

MATERIAL DE APOIO
DE
URINOLOGIA

Compilação: Bioeméd. Danilson Pedro

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Unidade I:

Sumário: Apresentação da disciplina

 Sistema urinário
 Funções renais

Urinologia é o ramo da medicina ou das ciências biológicas ou biomédicas, voltada ao estudo


da urina desde a sua formação, composição e mecanismos de sua excreção,

A urinálise é uma especialidade da patologia clínica que visa a análise da urina para fins de
diagnóstico, monitorar o progresso de patologias, acompanhar a eficácia de tratamento ou
ainda constactar a cura.

A urinálise é um teste laboratorial simples, não invasivo e de baixo custo que pode
rapidamente fornecer valiosas informações a respeito do trato urinário e de outros sistemas
corporais. Uma avaliação urinária completa (incluindo análise de tiras reagentes, densidade
específica e exame do sedimento urinário) deve ser realizada, mesmo que um dos
componentes não mostre anormalidades.

A avaliação do sedimento pode alertar aos clínicos importantes problemas quando o


paciente ainda se encontra assintomático. Além disso, a precoce detecção de algumas
doenças pode conduzir a uma melhor sobrevida. Combinando a urinálise com a avaliação
bioquímica, histórico e exame físico do paciente, várias patologias podem ser incluídas ou
excluídas do diagnóstico diferencial.

O exame de urina é dividido em três etapas:

 A primeira etapa analisa as características gerais da urina, ou seja, analisa as


propriedades físicas da urina, por exemplo, volume, cheiro e coloraçãoe aspecto.

 A segunda etapa realiza a pesquisa de elementos anormais, que corresponde à


pesquisa química na urina.

 A terceira etapa realiza a sedimentoscopia, que corresponde ao exame microscópico


da urina.Sistema urinárioO sistema urinário tem função de excretar substâncias
tóxicas, realizar o equilíbrio hídrico e controlar os íons.

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Sistema urinário

O sistema urinário tem função de excretar substâncias tóxicas, realizar o equilíbrio hídrico e
controlar os íons. É composto por (2) rins, (2) ureteres, (1) bexiga e (1) uretra. Os rins
formam a urina, que chega até a bexiga através dos ureteres, sendo armazenada na bexiga e
emseguida expelida pela uretra.

Rins são dois órgãos (direito e esquerdo) têm a forma de um grão de feijão. Pesam cerca de
140g, medem 12 cm de comprimento, 6 de largura e 3 de espessura. A sua coloração é
vermelha, a consistência é firme e tem uma superfície lisa e regular.

Os rins estão situados simetricamente em cada um dos lados da coluna vertebral. O néfron é
a menor unidade funcional do rim, é responsável pela filtração e formação da urina. Essa
estrutura é formada por um corpúsculo renal, que compreende o glomérulo e a cápsula de
Bowman e, por túbulos renais, que compreendem o túbulo contorcido proximal, alça de
Henle, túbulo contorcido distal e túbulo colector.

O glomérulo é uma rede de capilares sanguíneos, por onde há circulação de sangue arterial
que é filtrado por esta estrutura. Já os túbulos coletores possuem a função de absorver
parte do líquido que é filtrado pelos glomérulos e, de acordo com as necessidades do
organismo, este túbulo pode secretar substâncias.

Após o sangue ser filtrado pelos glomérulos, o líquido resultante passa pela cápsula de
Bowman, que envolve esse emaranhado de capilares, e em seguida, o líquido passa para o
túbulo contorcido proximal.

Deste, passa pela alça de Henle, que logo após penetra no túbulo contorcido distal, que
termina em um canal coletor. Este canal acumula a urina proveniente de diversos néfrons,
lançando-a na pelve renal.

Basicamente, o néfron consiste em limpar o plasma sanguíneo das substâncias que não
podem permanecer noorganismo, sendo conforme o líquido resultante da filtração
glomerular passa pelos túbulos contorcidos, substâncias úteis ao organismo (água e grande
parte dos eletrólitos), são reabsorvidas voltando para a circulação sanguínea, e as que não
são úteis (creatinina e ureia, por exemplo), passam direto indo compor a urina, juntamente
com outras substâncias que são secretadas pelas paredes dos túbulos contorcidos.

Ureteres são tubos muito longos que medem quase 25 cm se estendem dos rins até a
bexiga, cuja suafunção, consiste em conduzir a urina dos rins à bexiga.

Bexiga é um reservatório muscular membranoso em que a urina se acumula. Quando está


vazia a bexiga está achatada e quando está cheia, a bexiga torna-se ovóide.A sua capacidade
em média de armazenamento é de 800 ml a 1L,mas fisiologicamente a necessidade de urinar
dá-se quando a bexiga normalmente tem 400-500ml de urinaUretra é o canal excretor da

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bexiga ea sua função é de excretar a urina da bexiga para fora,porém com uma função
adicional aos homens de excretar o sémen.

Funções Renais

O rim depura substâncias provenientes do sangue e mantém a água, que é essencial ao


organismo através dos néfrons. Este realiza tal tarefa por meio das seguintes funções renais:
filtração, reabsorção, secreção e excreção

 Filtração- a depuração do sangue para eliminar as substâncias tóxicas. Por dia, os rins
filtram cerca de 180L de sangue (99% é reabsorvido, ou seja, os rins não excretam mais
do que cerca de 1% desta quantidade sobre a forma de urina.Éa passagem seletiva de
água, eletrólitos e substâncias de baixo peso molecular pelo tubo glomerular. Esse
líquido é chamado de filtrado glomerular.

 Reabsorção: é o processo pelo qual os rins reabsorvem as substâncias necessárias para o


organismo. EX: água, sais minerais, carboidratos e proteínas.

 Reabsorção ativa –reabsorve glicose e sais, tendo gasto de energia.

 Reabsorção seletiva –reabsorção de água por osmose.

 Excreção – é a eliminação dos íons H+ que deixam a urina ácida, bem como a eliminação
de algumas drogaspresentes no sangue. Éo processo pelo qual são eliminadas todas as
substâncias tóxicasdo organismo (ácido úrico, ureia, creatinina) e produtos em
quantidade excessiva no organismo (açúcar...).

Homeostasia: habilidade de manter o meio interno em um equilíbrio quase constante,


independentemente das alterações que ocorram no ambiente externo, através do equilíbrio
hidroeletrolítico, controle da pressão sanguínea e do pH plasmático.

Endócrina: é o processo pelo qual os rins produzem hormônioscomo: aldosterona,


eritropoetina e a renina.

Processo de formação da urina

 Composição da urina

E então, o que é a urina?

A urina é um ultrafiltrado do plasma, a partir da reabsorção da glicose, aminoácidos, água e


outras substâncias, sendo continuamente formada pelos rins. A urina é um líquidoexcretado
pelos rins através das vias urinárias, pelo qual são eliminadas substâncias desnecessárias ao
organismo.

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A diurese é a secreção de urina em termos quantitativos e qualitativos. Também é definido
como a quantidade de urina produzida em um determinado momento.A quantidade de
urina produzida diariamente é de 1 a 1,5 litros, contudo, esta referência pode aumentar ou
diminuir dependendo da quantidade de líquidoingeridoou outros factores. A formação da
urina se faz em três etapas:

Fase 1 – filtração seletiva do sangue, permitindo a formação do líquido inicial. Nesta


filtragem passam os componentes do plasma, exceto as moléculas de grandes dimensões
(como lipídeos e proteínas) e os elementos celulares do sangue.

Fase 2 – ocorre a reabsorção desse líquido para que o organismo possa recuperar as
substâncias que lhe são essenciais, como a água e a glicose.

Fase 3 –Secreção: Algumas substâncias presentes no sangue e que são indesejáveis ao


organismo são absorvidas pelas células do túbulo contorcido distal. O ácido úrico e amônia
fazem parte dessas substâncias que são retiradas dos capilares e lançadas ao líquido que
formará a urina.

Portanto, a urina é constituída por ureia e outras substâncias químicas orgânicas e


inorgânicas dissolvidas em água. Substâncias estas como: proteínas, hormônios, vitaminas e
medicamentos, que variam conforme ingestão alimentar, atividade física, metabolismo,
função endócrina e até a posição do corpo.

A urina também pode ter elementos que não fazem parte do filtrado plasmático, como
células, cristais, muco e bactérias, o que em níveis elevados nos indicam patologias.

Abaixo deixo uma tabela que nos diz qual substância é excretada e reabsorvida, em
condições normais, durante a formação e excreção da urina. Substâncias reabsorvidas e
excretadas durante a formação de uma urina em um indivíduo sadio.

SUBSTÂNCIA REABSORVIDA EXCRETADA


Água 99% 1%
Sódio 99,5% 0,5%
Glicose 100% 0%
Ureia 50% 50%
Creatinina 0% 100%

Composição da urina

A urina é composta aproximadamente por 95% de água e 2% de ureia. Nos 3% restantes,


podemos encontrar fosfato, sulfato, amônia, magnésio, cálcio, ácido úrico, creatinina, sódio,
potássio e outros elementos.

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Alterações na quantidade de urina e terminologia em urinálise

 Nomenclatura do exame de urina

 Diurese: volume urinário

 Micção: ato de urinar;

 Anúria: ausência de urina / volume inferior a 100 ml por dia;

 Disúria: dor ou ardência e dificuldade de urinar;

 Enurese: incontinência urinária;

 Hematúria: presença de sangue na urina;

 Oligúria: diminuição da frequência urinária / volume inferior a 400 ml por dia;

 Polaciúria: aumento da frequência urinária com diminuição do volume urinário;

 Poliúria: aumento do volume urinário;

 Nictúria: aumento da frequência urinária durante a noite ,

 Piúria: presença de pus na urina.

Nomenclatura do exame de urina

Uma das grandes discussões das sociedades científicas das ciências biomédicas é tentar
padronizar uma nomenclaturaadequada ao exame de urina de rotina, chamada por muitos
“examede urina”,mas que recebe as seguintes denominações:

Urina 1 ou urina do tipo I

Urina 2 ou urina do tipo II

Urina sumária

Urina simples

Urianálise

Urina parcial

Urina de rotina

A nomenclatura mais usada na prática diária é “Urinado tipo II” ou “Urina sumária”

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Colheita de amostras

Diferentes tipos de amostra Tipos de amostra

 Tipos de colheita
 Características dos frascos coletores

A urina é um material biológico potencialmente contaminante e exige a observação de


cuidados específicos de colheita, a fim de serem preservadas a integridade da amostra e a
segurança dos profissionais que a manuseiam.

Em todos os momentos em que seja possível o contato físico com a amostra, as pessoas
responsáveis pela colheita, transporte e manuseio devem utilizar luvas adequadas. As
amostras devem ser etiquetadas com o nome do paciente e número de identificação, data e
hora da colheitae o tipo de material colhido, bem como informações adicionais, se assim for
exigido pelo protocolo do laboratório.

Como todos os demais exames de laboratório, a ocasião e as condições de colheitasão de


fundamental importância para que as informações obtidas sejam úteis econfiáveis.
Acrescentem-se, como relevantes, as condições de armazenamento da amostra e o tempo
decorrido entre a colheitado material e a realização do exame.

Com a finalidade de serem minimizadas as variações pré-analíticas, o exame deve ser


realizado em amostra de urina recentemente emitida, sem adição de nenhum conservante e
mantida à temperatura ambiente.

Quando as análises não forem realizadas em um prazo máximo de duas horas após a
colheita, a amostra deverá ser refrigerada e protegida da luz. Nessas condições, em geral, a
amostra mantém-se adequada ao exame por um período de até 12 horas, mas esse tempo
deve ser definido pelo laboratório, considerando as características locais.

OBS:a amostra nunca deve ser congelada.

Tipos de amostras de urina

Para que o exame de urina forneça resultados representativos e, portanto, clinicamente


significativos, é importante que a amostra seja colhidaseguindo um protocolo bem
estabelecido, que deve ser claramente explicado ao paciente e controlado pelo pessoal do
laboratório.

Os tipos de amostras mais frequentemente utilizados para o exame de urina de rotina são:
amostra aleatória, primeira urina da manhã e segunda urina da manhã.

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A amostra aleatória

É a mais comumente utilizada pela facilidade de colheitae comodidade para o paciente.


Pode ser colhidaa qualquer momento, mas o horário da micção deve ser informado ao
laboratório por registro na etiqueta do frasco. A amostra aleatória é útil para detectar
anormalidades evidentes. Entretanto, resultados anormais decorrentes da ingestão de
alimentos ou da atividade física antes da colheitapodem ser observados, sendo necessária a
colheitade nova amostra de urina em condições mais controladas.

A primeira amostra da manhã

É a amostra ideal para o exame de urinade rotina, por ser mais concentrada, garantindo,
assim, a detecção de substâncias químicas e elementos formados que podem não ser

observados em uma amostra aleatória mais diluída. O paciente deve ser instruído a colhera
amostra imediatamente após se levantar.

A segunda amostra da manhã

A segunda amostra da manhã deve ser colhidacom o paciente permanecendo em jejum após
ter desprezado a primeira micção. Essa colheitaminimiza eventuais interferências dos
metabólitos provenientes de alimentos ingeridos nanoite anterior. OBS:nos três casos, o
paciente deve ser instruído a entregar a amostra ao laboratório no prazo máximo de duas
horas após a colheita.

Amostra de 24 horas

Amostra de 24 horas: quando a paciente colhea urina durante um período de 24


horas,sendo então avaliado seu volume e a concentração de determinados analitos (como
por exemplo: proteínas, creatinina, cálcio entre outros) a depender da patologia e do
interesse médico.
 Existem outros tipos de amostra tais como: Amostra pós-prandialAmostra para teste de
tolerância à glicose (TTG).

Tipos de colheitade amostras

Na grande maioria das vezes, a urina é emitida espontaneamente, mas existem situações
particulares nas quais é necessário recorrer ao cateterismo vesical ou, até mesmo, à punção
supra púbica.

Esses procedimentos devem ser entendidos como alternativas excepcionais, e a relação


risco-benefício, considerando a possibilidade de lesão ou contaminação das vias urinárias,
deve ser cuidadosamente avaliada.

Outros tipos de colheitaincluem jato médio com assepsia e colheitacom saco coletor.

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Jato médio com assepsia
A amostra ideal para a realização do exame de urina de rotina é a colhidano jato médio com
assepsia, e deve ser recomendada sempre que possível. Consiste em uma amostra
correspondendo à porção intermediária do fluxo urinário colhidoespontaneamente após
assepsia genital.
Devem ser desprezados uns poucos mililitros iniciais de urina, uma vez que podem conter
secreções eventualmente presentes no terço distal da uretra e no meato uretral. No caso de
o volume total colhido não ser muito grande, esta pequena contaminação, principalmente
por leucócitos, pode induzir à interpretação equivocada dos resultados.

Colheita com saco coletor

São frequentemente empregados na obtenção de amostras de urina de pacientes


pediátricos ou geriátricos, nos quais o controle esfincteriano pode estar comprometido. Seu
uso, aparentemente simples, deve ser realizado apenas por pessoal capacitado e bem
treinado.

Nos casos em que a colheitaespontânea não seja possível ea amostra também seja
utilizadapara o exame de cultura, procedimentos mais invasivos, como o cateterismo vesical
e a punção supra púbica, devem ser considerados.

Frascos de colheita

A urina deve ser colhidaem frasco de material inerte, limpo, seco e à prova de vazamento,
tampas de rosca. É recomendado o uso de recipientes descartáveis porque eliminam a
possibilidade de contaminação. Devemter boca larga para facilitar o uso por pacientes do
sexo feminino e ter fundo chato e amplo e a capacidade recomendada do recipiente é de 50
ml, o que permite a colheitade volume da amostra.

Colheita de amostras

Orientações para coleta de amostra

 Manuseio, transporte e conservação da amostra


 Critérios de aceitabilidade.

Instruções de colheita aos pacientes

Na colheitade urina para exame de rotina, é desejável que seja feita assepsia da região
urogenital. Portanto, os pacientes devem ser orientados a lavar as mãos antes de iniciar a
colheitae a estarem munidos de material de higiene adequado, um recipiente identificado
com o nome e a data da colheitae instruções para a higienização e colheita da urina.

Ao receber a amostra, o atendente deve se certificar de que o paciente seguiu todos os


procedimentos de higienização e de colheitaprescritos e de que o frasco está corretamente
identificado e fechado.

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É recomendável o uso de sabonetes neutros. O paciente deve ser orientado a entregar a
urina no laboratório no prazo máximo de duas horas após a colheita. Há diferenças
significativas no procedimento de colheita, dependendo do sexo do paciente.

Para pacientes do sexo masculino


1. Identificar o frasco de colheitaque deve ser fornecido pelo laboratório, colocando o nome
do paciente, data e horário de colheita.
2. Lavar as mãos com água e sabão.
3. Retrair o prepúcio para expor o meato uretral.
4. Lavar a glande com água e sabão, começando pelo meato uretral.
5. Enxugar, utilizando gaze ou toalha, a partir do meato uretral.
6. Com uma das mãos, manter o prepúcio retraído.
7. Com a outra mão, segurar o frasco de colheitade urina já destampado.
8. Iniciar a micção, desprezando o primeiro jato de urina no vaso sanitário.
9. Colherurina do jato médio até cerca de 1/3 ou metade da capacidade do frasco.
10. Desprezar o restante de urina no vaso sanitário.
11. Fechar o frasco de colheita.
12. Encaminhar o frasco para o laboratório no prazo máximo de duas horas, mantendo-o
em local fresco e ao abrigo da luz.

Para pacientes do sexo feminino

1. Identificar o frasco de colheitaque deve ser fornecido pelo laboratório, colocando o


nome da paciente, data e horário de colheita.
2. Lavar as mãos com água e sabão.
3. Fazer higiene da região genital com água e sabão, sempre no sentido de frente para trás.
É importante que os resíduos de pomadas, pós e cremes vaginais, eventualmente
utilizados, sejam totalmente removidos.
4. Enxugar toda a região genital com gaze ou toalha, sempre no sentido de frente para trás.
5. Separar os grandes lábios, limpar o meato urinário e a região ao redor da uretra.

6. Com uma das mãos, manter os grandes lábios separados.

7. Com a outra mão, segurar o frasco de colheitajá destampado.

8. Iniciar a micção, desprezando o primeiro jato de urina no vaso sanitário.


9. Colherurina do jato médio até, mais ou menos, 1/3 ou metade da capacidade do frasco.
10. Desprezar o restante de urina no vaso sanitário.
11. Fechar o frasco de colheita.
12. Encaminhar o frasco para o laboratório no prazo máximo de duas horas, mantendo-oem
local fresco e ao abrigo da luz.
Na medida do possível, deve-se evitar a colheitade urina durante o período menstrual. Se
não for possível, avaliar a conveniência da utilização de um tampão vaginal.

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Manuseio, transporte e conservação da amostra
Mudanças na composição da urina ocorrem não só in vivo, mas também in vitro, exigindo a
adoção de procedimentos de transporte e manuseio corretos. Após a colheita, a urina deve
ser entregue imediatamente ao laboratório e testada dentro de duas horas.

Uma amostra que não possa ser analisada nesse prazo deve ser refrigerada ou ter um
conservante químico adequado adicionado. Em nenhuma eventualidade a urina deve ser
congelada, pois isso destrói os elementos figurados presentes, inviabilizando o exame
microscópico e falseando os dados bioquímicos da amostra.
A Tabela.1 descreve as alterações mais frequentes que podem ocorrer em uma amostra de
urina que permanece em temperatura ambiente por mais de duas horas sem adição de
conservates.

Analito Alteração Causa


Cor Escurecimento Oxidação ou redução de
metabólitos

Crescimento bacteriano e
Aspecto Turvação precipitação do material
amorfo

Multiplicação bacteriana
Odor Aumento ou metabolização da uréia para
amônia

Metabolização da ureia para


amônia por bactérias
Ph Aumento produtoras de urease/ perda
de CO2

Glicose Redução Glicólise e consumo


bacteriano

Cetonas Redução Volatilização e


metabolismo bacteriano

Bilirrubina Redução Foto-oxidação à biliverdina


Urobilinogênio Redução Oxidação a urobilina
Nitritos Aumento Multiplicação de baterias
redutoras de nitrato

Eritrócitos Redução Desintegração


Leucócitos Redução Desintegração

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Cilindros Redução Dissolução
Bactérias Aumento Multiplicação

procedimento de conservação da amostra mais frequentemente utilizado é a refrigeração,


entre 2 e 8°C. A refrigeração diminui o crescimento e o metabolismo bacteriano, mas pode
aumentar a gravidade específica, quando medida pelo urodensímetro, e propiciar a
precipitação de fosfatos e uratos amorfos. É importante lembrar que a amostra deve atingir
a temperatura ambiente antes da análise química, principalmentese realizada por tiras
reagentes, para que ocorra a correção da gravidade específica, a dissolução dos uratos e
fosfatos amorfos e para que a baixa temperatura não interfira na atividade enzimática das
áreas reagentes.

Se a amostra precisar ser transportada para longas distâncias ou o tempo entre a colheitae a
análise for superior a duas horas e a refrigeração não for alternativa viável, devem ser
utilizados conservantes químicos específicos. Existem frascos de transporte comercialmente
preparados. O conservante ideal deve ter algumas características, como ser bactericida,
inibir a atividade da enzima urease, preservar os elementos celulares e não interferir com os
testes químicos.

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A Tabela 2 apresenta os conservantes de uso comum nos laboratórios clínicos. Cada
laboratório deve escolher aquele que melhor atender às necessidades da sua rotina.

Tabela 2 Conservantes para o exame de urina

Conservantes Vantagens Desvantagens


Não interfere com testes Eleva gravidade específica
Refrigeração químicos; precipita fosfatos epor hidrometria.
uratos amorfos

Preserva bem glicose eInterfere com testes de


Timol elementos formados precipitação ácida para
proteína

Preserva bem proteínas ePode precipitar cristais


elementos formados; nãoquando em grande
Ácido Ascórbico interfere com as análises quantidade
de rotina, exceto Ph

Age como agente redutor,


interferindo em testes
Formaldeído Excelente conservante dosquímicos para a glicose,
elementos formados hemoglobina e esterase
leucocitária

Tolueno Não interfere com os testes Flutua na superfície das


químicos de rotina amostras e adere à vidraria

Critérios de aceitabilidade

Amostras não identificadas, ou incorretamente colhidas, devem ser rejeitadas pelo


laboratório, e o pessoal responsável pela colheita deve ser notificado para providenciar nova
amostra. Situações inaceitáveis incluem uso de recipientes inapropriados, dados
discordantes na etiqueta e no formulário, amostras contaminadas com fezes ou com papel
higiênico, recipientes contaminados no lado de fora, amostras com volume insuficiente e
amostras inadequadamente transportadas ou preservadas.

Não devem ser aceitas amostras que tenham sido congeladas, pois esse procedimento
promove a destruição dos componentes celulares habitualmente presentes na urina. O
laboratório deve ter uma política escrita detalhando as suas condições de rejeição de
amostra.

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Unidade II: Urina de 24 horas

Sumário: Utilidade e instruções de coleta

 Cuidados durante a colheita


 Valores de referência e recepção pelo laboratório

O exame de urina de 24 horas é uma análise da urina colhida durante 24 horas para avaliar a
função dos rins, muito útil para identificar a acompanhar doenças renais.Este exame é
indicado principalmentepara medir a função dos rins ou avaliar a quantidade de proteínas
ou outras substânciasna urina, como sódio, cálcio, oxalato ouácido úrico, por exemplo, como
forma de identificar doenças dos rins e vias urinárias.

O exame de urina de 24 horas serve para avaliar a função dos rins para detectar possíveis
alterações renais através da determinação da quantidade de algumas substâncias na urina
como:
 Clearance de Creatinina que avalia a taxa de filtração dos rins.
 Proteínas, incluindo a Albumina;
 Sódio;
 Cálcio;
 Ácido úrico;
 Citrato;
 Oxalato;
 Potássio.
Outras substâncias como amônia, ureia, magnésio e fosfato também podem ser
quantificadas neste exame.Desta forma, a urina de 24 horas pode ajudar o médico a
identificar problemas comoinsuficiência renal, doenças dos túbulos renais, causas de
cálculos nas vias urinárias ounefrite, que é um conjunto de doenças que causam inflamação
dos glomérulos renais.
Na gravidez, este examecostuma serutilizado para determinar a presença de proteínas na
urina da gestante para o diagnóstico de pré-eclâmpsia, que é uma complicação que surge na
gravidez, em que a grávida desenvolve hipertensão, retenção de líquidos e perda de
proteínas pela urina.

Instruções de Coleta
Para fazer o exame de urina de 24 horas, o indivíduo deve seguir os seguintes passos:
1. Buscar or ecipiente próprio do laboratório;
2. No dia seguinte,logo de manhã,após acordar,urinar no vaso sanitário, desprezando a
primeira urina do dia;
3. Anotar a hora exata da micção que fez no vaso sanitário;
4.Depois de ter urinado no vaso sanitário,colher todas as urinas do dia e da noite no
recipiente;.
5. A última urina a ser colhida no recipiente deve ser à mesma horad a urina do dia anterior
que fez no vaso sanitário, com uma tolerância de 10 minutos.

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Por exemplo, se o indivíduo urinou às 8 horas do dia, a colheitade urina deveterminar
exatamente às 8 horas do dia seguinteou no mínimo às 7h50 e no máximo às 8h10.

Cuidados durante a colheitada urina


Durante a colheita de urina de 24 horas,é necessário ter certos cuidados como:
 Se for evacuar, não deverá urinar no vaso sanitário porque toda a urina deve ser colocada
no recipiente;
 Se for tomar banho, não pode urinar no banho;
 Se sair de casa, tem que levar o recipiente junto ou não pode urinar até regressar a casa;
 Não pode fazer o exame de urina de 24 horas menstruada.Entre as colheitas de urina, o
recipiente deve estar em um local fresco, de preferência refrigerado. Quando a
colheitaestiver terminada, o recipiente deve ser levado o mais rapidamente possível ao
laboratório.

Valores de referência
Alguns dos valores de referência do exame de urina de 24 horassão:
 Clearance de creatinina entre 80 e 120 ml/min, que pode estar diminuído na insuficiência
dos rins.
 Albumina: menor que 30 mg/24 horas;
 Proteínas totais: menor que 150 mg/ 24 horas;
 Cálcio: sem dieta até 280 mg/24h e com dieta 60 a 180 mg/24h.

Estes valores podem variar de acordo com a idade, o sexo,as condições de saúde da pessoa e
o laboratório que faz o exame, por isso, devem sempre ser avaliados pelo médico, que irá
indicar a necessidade de um tratamento.

O exame de urina de 24 horas pela dificuldade na colheitae aos erros frequentes que podem
ocorrer, tem sido cada vez menos pedido na prática médica, sendo substituídos por outros
exames mais recentes, como fórmulas matemáticas que podem ser feitas após um exame
simples de urina.

Recepção pelo laboratório

Ao ser entregue no laboratório, a totalidade da amostra de urina de 24 horas deve ser


homogeneizada, e o volume total deve ser medido e registrado.
Uma alíquota com volume adequado para a realização dosexames solicitados e eventuais
repetições é encaminhada para a área técnica, e o volume restante pode ser descartado.

Se a urina foi encaminhada em mais de um frasco, o conteúdo de todos os recipientes deve


ser homogeneizado antes de ser feita a alíquota destinada à análise.

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Unidade III: Exame físico da urina.

Sumario: Características da urina. Cor Aspecto Odor e Gravidade específica.

O exame físico da urina inclui a determinação da cor, aspecto, gravidade especifica e cheiro.
Os resultados do exame físico também podemser utilizadospara confirmar ou explicar
achados na microscopia ou na parte bioquímica.

As características físicas são mais bem observadas examinando-se a amostra logo após a
micção, ou seja,e antes de ser refrigerada. Se a amostra for refrigerada antes da análise, esta
deve estar em temperatura ambiente antes da urinálise ser realizada.

Procedimento

 A amostra deve ser suavemente homogeneizada por inversão.

 Uma porção é transferida para um tubo limpo, e a urina é observada quanto a cor e
transparência/aspecto.

 O cheiro é avaliado quando se abre o frasco.

 A gravidade especifica é medida e depois se seguem os exames químicos e microscópicos.

COR

Deve-se tomar o cuidado de examinar a amostra com boa fonte de luz, olhando através do
recipiente contra um fundo branco. A cor amarela da urina é devido à presença de um
pigmento marrom-vermelho denominado urocromo (derivado da urobilina). A quantidade
real de urocromoproduzido depende do estado metabólico do corpo. A quantidade de
urocromoaumenta quando a urina permanece à temperatura ambiente.

Como o urocromoé excretado de forma constante, a intensidade da cor amarela em uma


amostra recém eliminada pode fornecer uma estimativa aproximada da concentração
urinária. A urina diluída será pálida; uma amostra concentrada será escura. Deve-se lembrar
que, devido a variações no estado de hidratação do organismo, essas diferenças na cor
amarela da urina são normais.

A cor normal da urina varia do amarelo pálido ao âmbar. Variações de cor podem ser
causadas por dieta, medicamentos e doenças. Algumas vezes, a cor da urina fornece indícios
de determinadas doenças ou condições. A termologia utilizada para descrever a cor normal
da urina varia entre os laboratórios, geralmente classificam como:

 Amarela clara (pálido)


 Amarela
 Amarelo escuro (tipo II)

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 Amarelo palha ou âmbar.

Tabela 3 Cores anormais da urina e suas causas

Cor Causa alimentar Causa patológica

Vermelho, Beterraba Hemácias, hemoglobina, porfirinas

Amarelo- Cenoura, vitaminas e Bilirrubina, pigmentos biliares


alaranjado alguns antibióticos

Verde ou verde Fármacos como Bilirrubina, pigmentos biliares


azulado amitriptilina

Marromescuro Metildopa, metronidazol Melanina, ácido homogentísico,hemoglobina


(em urina ácida)

figura 1 Alterações da cor da urina

figura 2 Alterações da cor da urina

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Aspecto

No exame de urina tipo I, a aparência é determinada pelos mesmos processos utilizados


pelos médicos da antiguidade, ou seja, pelo exame visual da amostra homogeneizada em
ambiente bem iluminado. Evidentemente, a amostra deverá estar em recipiente
transparente.

Os termos comumente usados para descrever a aparência são: transparente, opaca,


ligeiramente turva, turva, muito turva, leitosa. A urina normal, recém-eliminada, geralmente
é transparente (límpida), porém aparece certa opacidade causada pela precipitação de
fosfatos amorfos e carbonatos na forma de névoa branca. A urina ácida normal também
pode mostrar-se opaca devido à precipitação de uratos amorfos, cristais de oxalato de cálcio
ou de ácido úrico.

A presença de células epiteliais escamosas e de muco, principalmente na urina de mulheres,


também pode ser normal, apesar da opacidade.Além dos cristais amorfos, as quatro
substâncias que mais comumente causam turvação da urina são: leucócitos, hemácias,
células epiteliais e bactérias.

Outras substâncias que provocam turvação na urina são: lipídios, sêmen, muco, linfa,
cristais, levedura, matéria fecal e contaminação externa, como talco, cremes vaginais e
material de contraste radiográfico.

Muitas dessas substâncias não são patogênicas, mas como a presença de leucócitos,
hemácias e bactérias é indício de patogenicidade, o fato de a amostra recém-eliminada
apresentar-se turva pode ser motivo de preocupação.

A transparência da amostra com certeza já é uma pista para o resultado do exame


microscópico, já que o grau de turvação deve ter correspondência com a quantidade de
material observado na microscopia. As causas da turvação urinária podem ser esclarecidas
por testes bioquímicos simples.Deve-se também ter em mente que a urina transparente
nem sempre significa normalidade.

O aspecto, transparência ou turvação é determinado pelo exame visual da amostra


mantendo-a frente a uma fonte luminosa.

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Tabela 4 Aspectos da urina

Aspecto Descrição

Límpido Partículas não visíveis, transparentes

Ligeiramente Muitas partículas, texto impresso borrado


turvo através da urina.

Turvo Texto impresso não pode ser vistoatravés da


urina

Odor

Normalmente a urina logo após a micção possui odor aromático e não desagradável.
Mudanças no odor da urina podem ser causados por doenças, dietas ou presença de
microrganismos. O cheiro da urina do paciente diabético é descritocomo odor Frutal devido
a presença de cetonas.

Tabela 5 Odores da urina

Odor Causa

Aromático Normal

Fétido Decomposição bacteriana, infecção do


trato urinário

Frutado, doce Cetonas

Ninho de rato Fenilcetonúria

Rançoso Tirosinemia

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Pés suados Acidemia isovalerica

Repolho Má absorção de metionina

Desinfetante Contaminação

Gravidade específica

A gravidade especifica de uma solução é a proporção do peso da solução em comparação


com o peso de um volume igual de água destilada na mesma temperatura. Ou é a densidade
de uma solução comparada com a densidade da água destilada.

Tabela 6 Característica da urina normal

Característica Urina normal

Aspecto Claro ou límpido

Cor Amarelo claro ou


âmbar

Gravidade 1005 a 1015


especifica

Odor Suigeneris

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Unidade IV: Exame químico da urina
Sumario: Exame químico da urina

Vários testes bioquímicos são realizados rápido e facilmente na urina usando métodos de
fita reagentes. A análise por fitas reagentes é chamada de análise química, análise
bioquímica ou análise dos analitos da urina. estes testes são incluídos na urinálise de rotina,
eles também podem ser solicitados como testes isolados, sem a necessidade de realizar a
análise física e microscópica da urina.

As tiras reagentes são tiras plásticas acopladas a almofadas de reagentes, são mergulhadas
na urina e observa-se as reações químicas em cada almofada de reagente em intervalos de
tempo especificados. As tiras reagentes estão disponíveis em vários tipos.

Prinicipios dos testes

Os resultados da análise química da urina fornecem informação sobre o metabolismo dos


carboidratos, as funções do rim, fígado e o equilíbrio ácido-base. Em algumas situações, os
resultados dos testes químicos na urina são fundamentais para o diagnóstico.
As tiras reagentes são tiras plásticas acopladas a almofadas de reagentes. Cada almofada de
reagente contém os elementos necessários para uma reação química especifica. Quando as

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fitas são mergulhadas na amostra, os reagentes químicos presentes nas almofadas reagem
rapidamente com as substancias da urina, formando alterações na cor da almofada.

Importância
As tiras reagentes podem testar até 10 substancias referentes, enquanto algumas testam
apenas uma ou duas. As tiras comumente usadas em urinálise de rotina incluem: pH,
proteína, bilirrubina, sangue, nitrito, cetonas, urobilinogenio,glicose,esterase leucocitária,
gravidade especifica.

figura 4 Parâmetros da fita reactiva

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figura 5 significado clínico das substâncias encontradas na urina

Técnica
 Homogeneizar bem a amostra;
 Emergir na urina (rapidamente e tirar em seguida);
 Retire o excesso de urina (se possível com papel absorvente);
 Compare as cores depois da reação no tempo correspondente com as cores do quadro do
fabricante;
 Lança os resultados conforme as cores e/ou interpretação (leitura manual)
 Caso a leitura seja feita de forma automática, leve a tira ao leitor e introduz depois de
retirar o excesso de urina.

Glicose
A glicosúria podeocorrer em casos de diabetes mellitus ou gestacional. A presença da glicose
na urina indica que a diabete não está com controle adequado. A fita reagente é especifica
para a glicose e não reage com outro açúcar, a almofada de reagente contém as enzimas
glicose oxidase e peroxidase e mais um cromógeno.
A intensidade da cor formada é proporcional a concentração de glicose na urina. o valor de
referênciapara urina normal é NEGATIVO.

Bilirrubina
É o principal pigmento biliar, ela é um produto de degradação da hemoglobina formada no
fígado a partir de hemácias senescentes (velhas). Sua presença na urina pode indicar
doenças hepáticas, obstrução do ducto biliar ou hepatite. O teste é baseado na reação da

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bilirrubina com o sal diazônio na almofada reagente. A luz direta decompõe a bilirrubina,
logo a urina usada para este teste deve ser abrigada da luz solar.

Cetonas
Cetonas não são encontradas normalmente na urina. São produtos do metabolismo de
gorduras e podem aparecer quando a pessoa não ingere quantidades adequadas de
carboidratos, por falta de alimentos ou em dietas, ou quando os carboidratos não são
usados adequadamente pelo corpo, como no diabetes mellitus. A excreção de cetonas na
urina é chamada cetonúria.

Sangue
Esse exame é usado para detectar hemoglobina (hemoglobinúria) ou hemácias na urina
(hematúria). Normalmente, pode ser encontradoum pequeno número de hemácias na urina,
e o exame com a tira reagente é negativo. Hematúria ocorre por irritação ou traumatismo
do trato urinário. Hemoglobinúria ocorre quando há destruição de hemácias na urina ou
destruição de hemácias no sangue (hemólise intravascular). A reação é positiva também
quando há excreção de mioglobina na urina (mioglobinúria), o que pode ocorrer quando há
destruição de tecido muscular.

pH
O pH mede o grau de acidez ou de alcalinidade de uma solução. O pH da urina depende da
quantidade de ácidos e bases na alimentação e do estado doequilíbrio ácido-basedo corpo.
Não há valores anormais de pH urinário. Em geral ela é um pouco ácida (pH de 5,0 a 6,0),
mas, dependendo principalmente da alimentação, os valores podem variar bastante (de 4,5
a 8,0).
Algumas substâncias dissolvidas na urina se precipitam formando cristais quando ela está
ácida. Outras se precipitam quando a urina está alcalina. Se a formação de cristais for
intensa, podem surgir cálculos que causam obstrução do fluxo de urina. A formação desses
cálculos é reduzida com dietas ou medicamentos que modificam o pH da urina, de acordo
com o tipo de cristal formado.

Proteína
As tiras reagentes avaliam a quantidade deproteínana urina. Normalmente, não pode ser
especificada o tipo de proteína detectada por esse método. Quando a tira reagente fornece
um resultado positivo (expresso em cruzes, de um a quatro), há excesso de albumina e/ou
outra proteína, que pode ser um sinal precoce dedoença renal ou de outros distúrbios que
precisam ser esclarecidos com outros exames. É usado outro método para fazer uma
avaliação quantitativa das proteínas na urina, incluindo todas as proteínas presentes.

Urobilinogenio
é produto da degradação da bilirrubina que é formado pela ação de bactérias intestinais. O
urobilinogenioestá presente na urina em pequenas quantidades. Um aumento ocorre em
doenças hepáticas ou quando há destruição de hemácias (anemia hemolítica).Como o
urobilinogenio é instável à luz solar, e em urinas ácidas, os resultados negativos em amostras
de rotina não são considerados significantes.

Este método pode detectar concentrações muito baixas.Os VR: variam de 0.1 a 1,0 mg/dl.

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Nitritos
Muitas das bactérias que causam infecções urinárias produzem nitrito. Um exame positivo
sugere infecção urinária. Entretanto, nem todas as bactérias que produzem infecções
urinárias produzem nitrito, e um teste negativo não exclui infecção urinária. A urina normal
é negativa para nitrito pelo método de fita reagente.

Esterease leucocitária
A esterase é umaenzimapresente em leucócitos. Um número aumentado de leucócitos na
urina indica inflamação das vias urinárias, em geral resultado deinfecção bacteriana. A urina
normal é negativapara esterase leucocitária.

Unidade : Exame microscópico da urina


Sumario :Componentes do sedimento urinário
 Procedimento

O exame microscópico do sedimento urinário é a terceira parte da urinálise de rotina. Os


resultados do sedimento urinário devem ser interpretados juntamente com o conhecimento
do método de colheita, exame químico e exame físico, este exame fornece informações
importantes, pode revelar infecções, distúrbios metabólicos, doença ou trauma no trato
urinário.
O sedimentourinário refere-se aos sólidos que precipitam no fundo da amostra de urina
após a centrifugação ou quando a amostra fica em repouso, permitindo a decantação.
Todas as amostras de urina devem ser analisadas o mais breve possível para evitar a
deterioração celular e multiplicação de bactérias ou outro microrganismos. Procedimento
Obtenção e preparação de sedimento urinário:
 Homogeneizaradequadamente a amostra de urina
 Transferir 10 ml da amostra para o tubo cônico identificado
 Centrifugar por 5 minutos numa rotação de 1500 a 2000rpm
 Eliminar 9ml do sobrenadante
 -Ressuspender o precipitado (1mL) agitando adequadamente o tubo
 Tirar um pouco e colocar na lâmina para leitura em microscópio.
 Cobrir a amostra com uma lamela
 Observar com as objetivasde 10X e 40X

Componentes do sedimento urinário


Os componentes ou achados que podem ser vistos no sedimento urinário incluem:
hemácias, leucócitos, células epiteliais, cristais, cilindros, muco, espermatozoides, artefactos,
material amorfo e microrganismos.

objectivo do exame é identificar materiais insolúveis na urina, esses componentes depois de


identificados pela observação microscópica, a quantidade de cada elemento é estimada e
informada no laudo.

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Alguns dos componentes não têm significado clinico, e outros são considerados normais,
excepto se estiverem em quantidade aumentada. No exame do sedimento faz-se a
identificação e quantificação dos elementos encontrados.

É possível encontrar vários tipos de células no sedimento urinário, inclusive células


sanguíneas, epiteliais e microrganismos. Normalmente poucas células aparecem num
sedimento urinário.
O aumento de certo tipo de célula pode indicar presença de uma condição patológica. A
presença de toda e qualquer célula deve ser reportada no laudo. As células sanguíneas são
identificadas usando a objectiva de grande aumento (40x).

Unidade V: Exame microscópico da urina


Sumario : Componentes do sedimento urinário. Leucócitos e Hemácia
 Microorganismos e contaminantes

Células sanguíneas
Hemácias
Menos que3 a 5 hemácias por campo considera-senormal. A presença de sangue na urina
chama-se hematúria. A presença de hemácias em grande quantidade na urina pode
acontecer em infecções do trato urinário, traumatismos, hemorragias de diversas origens,
alguns tipos de cancro, estados inflamatórios e doenças renais.

Leucócitos
O valor normal vai até 5 células por campo. A presença de grande quantidade de leucócitos
na urina pode acontecer em infecções do trato urinário, inflamação nas vias
urináriasinflamações de diversas origens, doenças renais, alguns tipos de cancro, alguns
tipos de DST e outras.

Células epiteliais
A presença de células epiteliais na urina é normal. São as próprias células do trato urinário
que descamam. Elas podem ser escamosas ou tubulares.

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Microorganismos e contaminantes
Os microrganismos não devem estar presentes na urina normal. A presença de grande
quantidade destes na urina fresca indica infecção. Estes são observadoscom a objectiva de
40X.

Bactérias– estas apresentam-se como estruturas redondas muito pequenas ou em forma de


bastão ou em cocos.

Leveduras– As células leveduriformes podem ser observadas no sedimento urinário devido à


contaminação por secreção vaginal ou ainda por contaminação pela pele ou pelo ambiente.
As leveduras estão presentes em secreções vaginais de indivíduos com infecção pelo fungo,
frequentemente em pacientes diabéticos e/ou imunossuprimidos.

A levedura mais encontrada na urina é a cândida albicans. Elas podem ser vistas em
brotamento ou em cadeias. Na transcrição do resultado a presença de leveduras deve ser
relatada da seguinte forma: "Presença de células leveduriformes (pseudohifas) com aspecto
morfológico de Candida sp".

leveduras e tricomonas vaginalis

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Protozoários–são organismos eucarióticos de vida livre e parasitários. Os mais comuns são a
trichomonas vaginalis e o shistossoma haematobium. O Trichomonas vaginalis, este
protozoário é responsável por infecções vaginais e pode também infectar a uretra, a bexiga
e a próstata. Nesses casos o protozoário poderá ser, também, observado em amostra de
urina recente, sendo facilmente identificado pela motilidade.

Por ser um protozoário flagelado e apresentar uma membrana ondulante, este se


movimenta, girando no campo, sem direção. O parasita é ovóide, apresenta um núcleo e
alguns vacúolos citoplasmáticos, o que facilita a sua identificação, quando não está em
movimento. Ovos ou larvas de parasitas também podem ser encontrados no sedimento
urinário devido à contaminação fecal e por falta de assepsia adequada.

Os espermatozoides – Estas células podem estar presentes tanto em amostras de urina de


homens, quanto de mulheres. A presença de espermatozóides em amostras de urina de
mulheres não deve ser relatada, por questões éticas, anão ser quando há solicitação
explícita de comprovação de abuso sexual.
Em amostras de urina de homens a presença de espermatozóides pode indicar
espermatorréia, uma das causas de infertilidade masculina; nesses casos deve se relatar a
presença de espermatozóides. Esses são facilmente reconhecidos pela cabeça oval e flagelo
longo, podem estar móveis ou imóveis.

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Unidade: Exame microscópico da urina
Sumario: Componentes do sedimento urinário. Cilindros e cristais

Cilindros
Os túbulos renais normalmente secretam pequenas quantidades de mucoproteínas. Em
condições de baixo fluxo urinário, pH ácido e aumento de solutos, essa proteína acumula-se
e começa a gelificar formando os cilindros. Qualquer substancia presente no túbulo quando
os cilindros são formados, como células ficam presas na proteína daí a substancia acoplada
origina o nome do cilindro.

cilindros são eliminados na urina, onde são visíveis no sedimento. Possuem forma cilíndrica e
extremidades achatadas ou arredondadas, e são classificados segundo a substancia presa no
seu interior. Os cilindros são contados com a objectiva de 10x e classificados com a de 40x.

Os cilindros que podem indicar algum problema são:

 Cilindros hemáticos (sangue): Indicam glomerulonefrite.


 Cilindros leucocitários: Indicam inflamação dos rins.
 Cilindros epiteliais: indicam lesão dos túbulos.
 Cilindros gordurosos: indicam proteinúria.
 Cilindros hialinos não indicam doença, mas podem ser um sinal de
desidratação.

A presença de muco na urina é inespecífica e normalmente ocorre peloacúmulo de células


epiteliais com cristais e leucócitos. Tem pouquíssima utilidade clínica. É mais uma
observação. Em relação ao EAS (urina tipo I) é importante salientar que esta é uma análise
que deve ser sempre interpretada.
Os falsos positivos e negativos são muito comuns e não dá para se fechar qualquer
diagnóstico apenas comparando os resultadoscom os valores de referência.

Cristais
Uma grande variedade de cristais pode ser encontrada na urina. A formação de cristais é
influenciada pelo pH, densidade e temperatura da urina.Ainda que a maioria dos cristais não
tenha significado clínico, existem alguns cristais que aparecem na urina por causa de alguma
desordem metabólica.

Esse é talvez o resultado mais mal interpretado, tanto por pacientes como por alguns
médicos. A presença de cristais na urina, principalmente de oxalato de cálcio, fosfato de
cálcio ou uratos amorfos, não tem nenhuma importância clínica. Ao contrário do que se
possa imaginar, a presença de cristais não indica uma maior propensão à formação de
cálculos renais. Dito isso, é importante destacar que, em alguns casos, a presença de
determinados cristais pode ser um sinal para alguma doença.

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Os cristais com relevância clínica são:
 Cristais de cistina – Indicam uma doença chamada cistinúria.
 Cristais de magnésio-amônio-fosfato (chamado de cristais de estruvita ou cristais de
fosfato triplo) – podem ser normais, mas também podem estar presentes em casos
de urina muito alcalina provocada por infecção urinária pelas bactérias Protheusou
Klebsiella. Pacientes com cálculo renal por pedras de estruvita costumam ter esses
cristais na urina.
 Cristais de tirosina – A presença deles indica doença ou dano hepático. Presentes em
uma doença chamada tirosinemia.
 Cristais de bilirrubina – Costumam indicar doença do fígado.
 Cristais de colesterol – Costuma ser um sinal de perdas maciças de proteína na urina.

A presença de cristais de ácido úrico, caso em grande quantidade, também deve ser
valorizada, pois podem surgir em pacientes com gota ou neoplasias, como linfoma ou
leucemia. Cristais de ácido úrico em pequena quantidade, porém, são comuns e não
indicam nenhum problema.

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Outras substancias no sedimento urinário

O muco do revestimento do trato urinário e outros contaminantes, como fibras, cabelo,


amido, grânulos detalco e gotinhas de gordura, as vezes estão presentes no sedimento.
Essas substancias não devem ser confundidas com substancias de importância clínica. O
muco, quando visto , é informado, os contaminantes ou os artefatos não.

Exemplo de exame de urina normal


Apenas como exemplo, o que segue abaixo é um modelo de como os laboratórios
apresentam os resultados do exame sumário de urina. Este exame está normal.

EXAME FÍSICO

Cor —-amarela
Aspecto —-límpido
Densidade —-1.015 (normal varia entre 1015 e 1025)
pH —-5,0 (normal varia entre 5,5 a 7.5)

EXAME QUÍMICO

Glicose —-ausente
Proteínas —-ausente
Cetona —-ausente
Bilirrubina —-ausente
Urobilinogênio—1mg/dlLeucócitos—-ausente
Hemoglobina —-ausente
Nitrito —-negativo

MICROSCOPIA DO SEDIMENTO (sedimentoscopia)

Células epiteliais —-algumas


Leucócitos —-5 por campo
Hemácias —-3 por campo Muco —-ausente
Bactérias —-ausentes Cristais —-ausentes
Cilindros —-ausente

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Bibliografia
Andriolo A, Bismarck ZF. Rins e vias urinárias. In: Andriolo A (org.). Guias de medicina
ambulatorial e hospitalar – EPM-Unifesp – Medicina Laboratorial. 2.ed. Barueri: Manole,
2008. p.243-66.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15.268:2005. Laboratório clínico – Requisitos


e recomendações para exame de urina. Acesso pelo site: www.abnt.org.br.

Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial. Exame de urina de rotina.


Colheita de urina de 24 horas. In: Gestão da fase pré-analítica. Recomendações da Sociedade
Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, Rio de Janeiro (Brasil); 2010.

Strasinger SK, Di Lorenzo MS. O exame microscópico da urina. In: Strasinger SK, Di Lorenzo
MS (eds.). Urinálise e fluidos corporais. 5.ed. São Paulo: Livraria Médica Paulista Editora,
2009. p.89-138.

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