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ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO SERVIÇO

SOCIAL I

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BEM VINDO(A) À DISCIPLINA ONLINE: ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO SERVIÇO SOCIAL I

Nesta disciplina, encontraremos a base teórica com orientações precisas para incentivar o aluno à busca pelo

desenvolvimento de habilidades e ao aprendizado da prática profissional. Faremos uma segunda leitura, após a

já efetivada anteriormente, sobre a legislação, as diretrizes e as documentações gerais que orientam o estágio

supervisionado, apresentando o significado da supervisão, considerada uma atividade profissional do assistente

social, fundamental para o desempenho cotidiano do seu trabalho. Desta vez, já com o aluno inserido no campo

de estágio, tendo como elemento fundamental o aprendizado mútuo, isto é, visando a aprimorar a troca docente-

discente.

Abordaremos a importância da realização de um estudo sobre a instituição (esclarecer a instituição), a

identificação da população alvo e as principais demandas relativas ao serviço social, e os aspectos primordiais

para estabelecer estratégias de ação profissional em consonância com as reais necessidades da população.

Posteriormente, destacamos os elementos essenciais da atividade de estágio supervisionado, e apontando os

aspectos referentes ao registro e análise da prática profissional.

AULA 01: A supervisão no campo de estágio: aprendizado mútuo

Nesta aula, faremos uma segunda leitura sobre a legislação, as diretrizes e as documentações gerais que

orientam o estágio supervisionado, apresentando o significado da supervisão enquanto atividade profissional do

assistente social no cotidiano de trabalho. Desta vez, já com aluno inserido no campo de estágio, tendo como

elemento fundamental o aprendizado mútuo.

AULA 02: nserção no campo de Estágio: considerações iniciais

Nesta aula, buscaremos esclarecer a importância da apresentação do aluno ao campo de estágio, e o acolhimento

do mesmo pela profissional responsável pela supervisão. Destacando as observações e atividades iniciais do

aluno no campo de estágio.

AULA 03: Plano de estágio: diretrizes para uma prática profissional qualificada

Nesta aula, apresentaremos as considerações essenciais para a elaboração do plano de estágio supervisionado

atrelado aos interesses da população atendida, destacando a importância da participação do aluno no

planejamento das atividades a partir do compromisso com o aprendizado profissional na experiência de estágio.

AULA 04: Diário de campo: um diálogo permanente com a prática profissional

Nesta aula, forneceremos orientações sobre o registro do conteúdo resultante da prática profissional a partir da

valorização do diário de campo, considerando sua importância no processo de aprendizagem.

AULA 05: Observação participante e escuta atenta

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Nesta aula, abordaremos a importância da observação participante como um instrumento essencial de coleta de

dados da ação profissional, bem como a valorização da escuta atenta que, no seio do diálogo, permitirá

observações e registros mais precisos.

AULA 06: Atividade teórico-prática supervisionada: valorização da atividade de leitura à observação da prática

profissional.

Nesta aula, procuramos estabelecer a importância da leitura bibliográfica para compreender a prática

profissional, visando contribuir para o aprendizado.

Abordaremos, ainda, a importância do estudo sobre a instituição, a identificação da população alvo e as

principais demandas, entendidos como aspectos primordiais para estabelecer estratégias de ação profissional

em consonância com as reais necessidades da população.

AULA 07: Instrumentos para a prática profissional

Nesta aula, apresentaremos uma síntese dos principais instrumentos utilizados pelo Serviço Social, tais como:

observação participante, escuta atenta (diálogo), entrevista, visita domiciliar e institucional e atividades em

grupo. Será destacada a importância de analisar o conjunto de fatores essenciais a aplicabilidade dos

instrumentos.

AULA 08: O trabalho multiprofissional, interdisciplinar e transdisciplinariedade no cotidiano profissional.

Nesta aula, estudaremos a importância da valorização de saberes oriundos de experiências de trabalho de

diferentes categorias profissionais, bem como a pertinência do diálogo em equipes multiprofissionais.

AULA 09: O processo de trabalho do Serviço Social

Nesta aula, apresentaremos uma reflexão sucinta sobre o processo de trabalho do Serviço Social, para propiciar a

observação atenta de aspectos essenciais para o desempenho da prática profissional - considerando os

diferentes espaços sócios ocupacionais e suas especificidades.

AULA 10: Sistematização da prática profissional

Nesta última aula, abordaremos questões referentes à construção do relatório das atividades realizadas na

experiência de estágio, isto é, o produto de análise do trabalho do Serviço Social.

BIBLIOGRAFIA

•BURIOLLA, Marta Alice Feiten. Estágio supervisionado. São Paulo: Cortez, 1995.

•CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (7ª Região). Assistente social:

ética e direitos: coletânea de leis e resoluções. 4ª ed. Rio de Janeiro, 2006.

•MAGALHÃES, Selma Marques. Avaliação e linguagem: relatórios, laudos e pareceres. 2ª ed. São Paulo: Veras

Editora; Lisboa: CPIHTS, 2003

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•BAPTISTA, Myriam Veras. Planejamento social: intencionalidade e instrumentalização. São Paulo: vozes Editora,

2000.

•BATISTA, Myriam Veras. O planejamento estratégico na prática profissional cotidiana. In: Serviço Social e

Sociedade nº 47. São Paulo: Cortez, 1995. P.110-118.

•CONSELHO FEDERAL DO SERVIÇO SOCIAL. Estudo social em perícias, laudos e pareceres técnicos: contribuição

ao debate. 7ª ed. São Paulo: Cortez, 2007.

•GENTILLI, Raquel de Matos Lopes. Representações e práticas: identidade e processo de trabalho no serviço

social. 2ª ed. São Paulo: Veras, 2006.

•GUERRA, Yolanda. Instrumentalidade do serviço social. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

•IAMAMOTO, Marilda Villela. O Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional. São

Paulo: Cortez, 2001.

•IAMAMOTO, Marilda Vilela. Serviço social em tempo de capital fetiche. São Paulo: Cortez, 2007.

•IAMAMOTO, Marilda Vilela. Renovação e conservadorismo no serviço social. São Paulo: Cortez, 2004.

•MOTA, Ana Elizabeth. et alli (Orgs). Serviço Social e saúde: formação e trabalho profissional. 2ª ed. São Paulo:

Cortez; Editora Brasília: OPAS, OMS, Ministério da Saúde; Recife: ABEPSS, 2007.

AVALIAÇÃO

A avaliação é contínua, integradora, com ênfase nos aspectos colaborativos, incluindo tarefas coletivas, e

contempla o diagnóstico, o processo e os resultados alcançados por intermédio de avaliações diagnósticas,

formativas e somativas, considerando os aspectos da autoavaliação.

Suscitar a reflexão sobre a inserção do aluno no campo de estágio, destacando aspectos essenciais do processo

de estágio supervisionado.

Incentivar o aluno ao desenvolvimento das habilidades e a articulação dos conteúdos apresentados nas diversas

disciplinas, visando à análise da experiência no estágio, contribuindo para a compreensão das atividades de

estágio.

Oferecer a orientação necessária ao registro do conteúdo resultante da prática profissional, a partir da

valorização do diário de campo, considerando sua importância no processo de aprendizagem.

Fique atento(a) e Bom Estudo!

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ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO SERVIÇO

SOCIAL I

A SUPERVISÃO NO CAMPO DE ESTÁGIO:


APRENDIZADO MÚTUO

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Olá!
Nesta aula, você irá:

1 - Ter uma segunda aproximação com a Legislação, Diretrizes e documentações que respaldam estágio

supervisionado em Serviço Social, considerando que o aluno está dentro do campo de estágio.

2 - Conhecer alguns elementos importantes para o processo de aprendizagem mútua, a partir do processo de

supervisão.

Introdução

Vamos começar a aula, relembrando e esclarecendo que o estágio em Serviço Social é uma atividade curricular

obrigatória, prevista pelas Diretrizes Curriculares para o Curso de Serviço Social, desenvolvidas pela Associação

Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) e orientado pelo Código de Ética Profissional (1993),

pela Lei de Regulamentação da Profissão (1993), pela Resolução 533/2008 do CFESS e pela Política Nacional de

Estágio da ABEPSS (2010).

Então, é fundamental que você realize um estágio supervisionado, que é chamado de Curricular, obrigatório,

porque faz parte da grade curricular: é uma disciplina com os objetivos e com uma carga horária definida (Lei nº

11.788, de 25 de setembro de 2008).

Estágio supervisionado

O que é um estágio supervisionado?

A ABEPSS, no documento Política Nacional de Estágio, explica que o estágio supervisionado no curso de Serviço

Social:

[...] apresenta como uma de suas premissas oportunizar ao (a) estudante o estabelecimento de relações mediatas

entre os conhecimentos teórico-metodológicos e o trabalho profissional, a capacitação técnico-operativa e o

desenvolvimento de competências necessárias ao exercício da profissão, bem como o reconhecimento do

compromisso da ação profissional com as classes trabalhadoras, neste contexto político-econômico-cultural sob

hegemonia do capital

É através da experiência de estágio supervisionado que você, estudante, identificará os conteúdos trabalhados

nas diferentes disciplinas para o desenvolvimento de competências e habilidades para o exercício profissional,

ou seja, aprenderá a ser um assistente social.

Princípios para a realização do estágio em Serviço Social

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A ABEPSS destaca alguns princípios que devem nortear a realização do estágio em Serviço Social, tais como:
• A indissociabilidade entre as dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa;
• A articulação entre estudantes, professores e assistentes sociais dos campos de estágio, através de uma
constante comunicação, de um diálogo.
Para valorizar as dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa, o aluno deve exercitar

constantemente a prática da leitura, a partir da bibliografia e textos disponibilizados até o momento, bem como

as sugeridas pelas diversas disciplinas e supervisora de campo. Todas as leituras serão fundamentais para que o

aluno possa responder seus questionamentos, contribuindo para construção de uma prática profissional

qualitativa.

Condições de realização do estágio

Com relação às condições em que deve ser realizado, NOVAMENTE destacamos:

Que deve ter uma supervisão sistemática, ou seja, ser acompanhado pelo profissional de campo (devidamente

inscrito em Conselho Regional de Serviço Social da região onde atua), com atividades planejadas e voltadas para o

aprendizado do aluno;

Que o aluno busque saber o que é o plano de estágio, e possa participar da construção deste;

Que o estágio não seja realizado antes que o aluno tenha cursado as disciplinas que o capacitem a analisar a

realidade social, reconhecendo as mais diversas expressões da questão social e tenha adquirido conhecimentos

básicos de aspectos éticos, teóricos e metodológicos da profissão;

O estágio deve ser realizado dentro do semestre letivo. Ler com atenção o Manual de estágio.

As atividades no campo não devem ultrapassar 30 horas semanais e a supervisão acadêmica obrigatoriamente

tem que ser presencial, realizada na IES.

A supervisão no campo de estágio deve contar com um momento aonde o aluno possa sentar com o supervisor e

dialogar sobre a experiência vivenciada, lançando seus questionamentos na perspectiva do aprendizado mútuo.

O processo de supervisão deve ser educativo, onde o supervisor é estagiário aprendem em conjunto, onde há a

troca, a conversa sobre a experiência de trabalho, respaldada em uma teoria, isto é, valorizando ao processo de

teoria-prática.

O supervisor de campo é o responsável pelo acompanhamento do estágio na instituição onde o mesmo se realiza.

O profissional não é obrigado a aceitar um aluno para supervisionar, mas quando solicita um aluno estagiário:

significa que aceitou a atividade de supervisão, devendo se organizar para acompanhar o aluno no campo de

estágio. Esta ação requer o desempenho de papéis, que Buriolla citada por Oliveira (2004, p. 70) destaca: “o

papel de educador, o de transmissor de conhecimentos-experiências e de informações, o de facilitador, o de

autoridade e o de avaliador.”

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O estágio

Você deve estar perguntando: parte significativa deste material já foi visto? Certíssimo. No entanto, a partir deste

momento você está inserido em um campo de estágio, e rever alguns pontos é fundamental para delimitar e

refletir sobre o papel de todos os envolvidos seja o supervisor, ou você mesmo enquanto aluno-estagiário.

É sempre bom lembrar que o estágio é uma responsabilidade, exigindo uma postura profissional de todos

envolvidos – em especial: supervisor e estagiário. Isso significa um compromisso com a população atendida.

Sendo assim, o estagiário deve justificar ao supervisor de campo quando ocorrer alguma situação em que o

impeça de estar presente na instituição, visando não prejudicar o desenvolvimento das atividades.

Outra situação que os alunos comentam é que têm muitas tarefas a realizar, fazem muitas coisas, mas que nem

sempre sabem o significado. Então o espaço de supervisão é fundamental, o diálogo entre o supervisor de campo

e o aluno é o momento em que os questionamentos devem ser apresentados, falados! É preciso falar as suas

dúvidas e observações para o supervisor, porque por mais disponível que seja nunca irá adivinhar o que passa

na sua mente, e vice-versa.

Então pergunte, fale, converse sobre o estágio. Este é o momento do aprendizado. Não tenha medo de errar,

porque o medo paralisa o processo de aprendizado. As coisas acontecem e deixamos de acompanhar por medo e

insegurança. Não deixe isso acontecer com você. Então pergunte quando estiver com dúvidas.

Diário de Campo

Finalizamos a aula orientando a todos a adquirir um caderno para o registro da vivência de estágio. Este

instrumento é chamado de Diário de Campo. O aluno deve levar o caderno, seu diário de campo, e fazer as

anotações desde o primeiro dia – como já falado anteriormente. Como se aprende a fazer o diário de campo? A

resposta é simples: fazendo. E a supervisora de campo irá auxiliar, mas não pode deixar de realizar as leituras

das aulas e textos propostos. O Diário de Campo será um importante instrumento para contribuir na elaboração

do relatório de estágio ao final da disciplina. Mas vamos devagar, e respeitando o tempo, o aprendizado é

planejado dentro de um processo pedagógico para que todos possam obter um resultado positivo dentro de uma

“tempestade” de novidades.

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Saiba mais

• Sugiro a leitura da resolução que regulamenta a supervisão de estágio no


Serviço social. http://www.cfess.org.br/arquivos/Resolucao533.pdf
• ABPESS. Política Nacional de Estágio. 2010. http://www.cfess.org.br/arquivos
/pneabepss_maio2010_corrigida.pdf

O que vem na próxima aula


•A importância da apresentação do aluno ao campo de estágio, e o acolhimento do mesmo pela profissional

responsável pela supervisão. Destacando as atividades iniciais dos alunos nos primeiros momentos do estágio.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Relembrou que o estágio é uma atividade curricular obrigatória, com atribuições definidas, constituindo
uma atividade pedagógica que deve ser acompanhada por assistente social (devidamente habilitado).
• Conheceu alguns elementos importantes para o processo de aprendizagem mútua, a partir do processo
de supervisão

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ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO SERVIÇO

SOCIAL I

INSERÇÃO NO CAMPO DE ESTÁGIO:


CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Olá!
Nesta aula, você irá:

1 - Aprender que o aluno está iniciando uma nova experiência, acolhido por uma supervisora de campo.

2 - Aprender sobre o papel que o estagiário tem que cumprir.

Introdução

Na aula anterior falamos bastante sobre o papel do supervisor de campo e do aluno-estagiário. Daremos

continuidade à discussão partindo do pressuposto que você já iniciou o estágio. Conforme colocado

anteriormente, nunca é demais lembrar que é preciso levar um caderno para anotações, que chamamos de diário

de campo. Para depois não dizer que se esqueceu de anotar porque não tinha o diário de campo (um caderno). E

anote as informações antes sugeridas. Não se recorda? Então faça uma leitura da aula passada.

A vestimenta no estágio

É importante se apresentar a supervisora de campo, ouvir as colocações, apresentar dúvidas. Os alunos quando

iniciam estágio em um hospital costumam me perguntar se precisam usar jaleco. Então observe nos primeiros

dias: se todos estão usando, e procure debater com o supervisor de campo o significado.

Já nos estágios em outros locais, aonde não precisa de vestuário complementar, a vestimenta deve ser atenta,

considerando que o trabalho é de atendimento direto a população.

Por exemplo: uma vez recebi um aluno quem usava blusa do time de futebol. E sempre orientei que no dia do

estágio evitasse a blusa, porque poderia atender alguém que não concordasse com sua opinião. O aluno disse que

era uma grande bobagem, que não tinha nada demais.

Então vamos observar o aprendizado no cotidiano:

Um dia marcamos uma entrevista com o pai de uma criança, cuja mãe dizia que o pai era agressivo verbalmente

com a filha, desvalorizando as atividades escolares, depreciando a imagem da filha, etc. Após várias tentativas de

atendimento, porque o pai marcava e não aparecia - um dia o pai compareceu ao atendimento. E o estagiário

entrou na sala com a blusa do time. Esse pai imediatamente falou: “não sei o que estou fazendo aqui, ainda tenho

que olhar pra cara desse aí com essa blusa ridícula”. E o canal de diálogo foi abalado por algo que se poderia

evitar.

Outros exemplos:

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Blusa de santos religiosos; bermudas e shorts (tanto homens como mulheres – mas no verão algumas

repartições pública libera a bermuda comprida). O estágio é um local de trabalho, e como tal é preciso observar

este aspecto.

Horário de estágio

Sobre o horário de estágio, o estagiário se adequará ao horário da instituição e a disponibilidade de horário do

profissional, esta informação deve ser verificada antes do aceite para o campo de estágio.

Vamos trabalhar com muitos exemplos nesta aula, porque não há bibliografia específica. Voltando ao exemplo: se

ambos entram no acordo que o estágio será aos sábados, então ambos devem reservar este tempo para a

atividade de estágio supervisionado. Conciliar as atividades de estudos e trabalho é pesado, bem cansativo, mas

com toda certeza trará recompensas de um investimento planejado.

Conhecendo a dinâmica

O estagiário está se aproximando, gradativamente, da realidade de trabalho do Serviço Social. Neste primeiro

momento, sugerimos ao estagiário conhecer os profissionais mais próximos, nomes dos colegas de trabalho, suas

respectivas funções. Levantamento dos setores existentes e atividades desenvolvidas. E peça ao supervisor de

campo uma sugestão de leitura.

Vamos a mais um exemplo: se você vai fazer estágio em um hospital, qual a leitura mais apropriada para auxiliar

nesta primeira aproximação? Ou se o estágio é em uma organização não governamental, qual a bibliografia mais

sugestiva de acordo com área de atuação? Mas pode acontecer de você encontrar algum livro ou material na

Internet. Antes de realizar a leitura ou comprar o livro, converse com a supervisora de campo sobre a qualidade

do material.

Ao ingressar em um novo espaço de convivência profissional, o campo de estágio, procuramos, primeiramente,

conhecer a dinâmica de suas ações e, aos poucos, desenvolver uma rotina que irá facilitar a interação sócio-

profissional e o exercício mais eficiente.

Coleta de dados sobre a instituição

Vamos aprender sobre a instituição? Busque saber se existem documentos aonde possa encontrar o histórico da

instituição, missão, valores, serviços oferecidos, etc. Você perguntou à supervisora se existem registros com

estas informações?

Alguns alunos relatam que não foram encontrados registros em alguns campos de estágio, cabendo ao estagiário

construir parte desse conhecimento, perguntando, buscando e registrando para posteriores análises.

Por exemplo: um estagiário iniciou suas atividades em uma creche comunitária, em uma favela. A assistente

social estava na instituição há pouco mais de um ano e, com poucos recursos, havia instituído um espaço para o

Serviço Social de forma bem qualitativa. Na ocasião, o aluno ficou inseguro quanto à inexistência de registros

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sobre a instituição e o trabalho desenvolvido, mas a partir da experiência de estágio (com outros estagiários)

construíram um planejamento para resgatar a história da instituição, bem como analisar a experiência de

estágio. A partir da vivência de estágio, elaborou o objeto de estudo para monografia, refletindo sobre a

experiência de realização dos grupos focais com as mães da creche. Agora, imagina se o aluno desiste do estágio,

no primeiro desafio, por medo e insegurança quanto à falta de informações sobre o histórico da instituição. Iria

perder uma boa oportunidade de aprendizado.

A atividade de coleta de dados, em geral, inicia-se por uma aproximação preliminar exploratória que busca

levantar informações que irão compor um primeiro quadro de situação geral. A proposta é ler a documentação

existente (relatórios e planos) e formular questões para o momento da supervisão, que ajudarão na reflexão

sobre a prática profissional.

A prática social

Iamamoto (2004, p. 114) nos diz que a trajetória do Serviço Social enquanto profissão apresenta um arsenal de

mitos hoje presentes na compreensão da prática social e, mais especificamente, da prática profissional. Como

componentes dessa ‘mitologia’, apresenta:

a) A prática social reduzida a qualquer atividade, à atividade geral;

b A concepção utilitária da prática social, traduzida profissionalmente na preocupação com a

b) eficácia técnica, com o resultado imediato e visível, quantificavelmente mensurável;

A prática social apreendida na sua imediaticidade, como um dado, que teria o poder

miraculoso de revelar-se a si mesma, como coisa ‘natural’. Essa naturalização da vida social

e essa coisificação da prática – aparências necessárias e historicamente gestadas na

c) própria sociedade capitalista – são apreendidas unilateralmente como se fossem

reveladoras da concretude do real. Assim, as expressões da prática social passam a ser

apreendidas em si mesmas de maneira auto-suficiente, em um processo de parcialização

progressiva da totalidade da vida social.”

A prática social

Podemos compreender a exposição de Iamamoto(2004) como uma real preocupação, onde o fazer profissional

do assistente social não pode ser entendido como uma atividade que qualquer pessoa pode desempenhar, a

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partir do domínio puro da técnica, sem a realização de uma leitura crítica da realidade. É preciso fugir da prática

“profissional” imediatista, sem planejamento, isenta do olhar crítico construtivo, cujo objetivo é apenas a

resolução imediata da situação apresentada.

A prática social não se revela na sua imediaticidade. É preciso estudar, realizando uma leitura crítica das

situações apresentadas no cotidiano profissional, valorizando a relação teoria e prática.

As sessões plenárias do XIX Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais produziram valiosas considerações

quanto ao exercício profissional, que merecem destaque (IAMAMOTO, 2007, P. 467):

“ – aprofundar o conhecimento as condições reais de trabalho do assistente social, enquanto

trabalhador assalariado, articulando-o às lutas mais gerais dos trabalhadores frente as reformas

sindical, trabalhista e universitária;

- estimular o estudo sobre os espaços ocupacionais -, tradicionais e emergentes - transformando-os

em espaços públicos de denúncias e reivindicações;

- aperfeiçoar e estimular a construção de articulações político-institucionais com a sociedade civil na

luta pela garantia de direitos;

- apoiar o aprofundamento teórico-metodológico como base para a leitura dos trabalhos realizados,

reconhecendo a convivência de tendência inovadora e conservadoras nessas leituras e atribuindo

maior atenção a dimensão técnico-operativa da profissão;

estimular formas de socialização e intercâmbio de experiências profissionais exitosas que indicam

avanços na concretização do projeto ético-político profissional.”

Diante do que foi colocado, constatamos que o Serviço Social é uma profissão dinâmica inserida no próprio

contexto sócio histórico.

O assistente social deve modificar a sua forma de atuação profissional, em decorrência da demanda que lhe é

colocada. É necessário acompanhar o movimento da sociedade e perceber os novos espaços como possibilidades

de intervenção sobre uma realidade social.

Isto é, cabe ao profissional ir além do imediatismo, assumindo uma postura de investimento no processo de

apreensão da realidade concreta e das mudanças sociais em movimento, buscando identificar novas

possibilidades de intervenção profissional.

A partir da valorização da qualificação continuada (Qualificação continuada significa assumir a ação investigativa

na busca da organização de novas possibilidades de intervenção. É a atitude investigativa que permite desvendar

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o ponto central do problema. Lembra-se que a teoria fundamenta a prática e encontra-se no nível da abstração,

do pensamento, já o método norteia a prática.) para desenvolvimento de novas competências e habilidades, será

possível atender as novas demandas postas à profissão.

O atual quadro social brasileiro pede por uma atuação profissional consistente, que intervenha sobre os novos

desafios postos a cada dia. Por isso o assistente social deve estar em permanente atualização para oferecer

respostas à demanda de trabalho apresentada.

É preciso romper com a idéia de que “qualquer um” tem condição de fazer o que o Serviço Social faz e mostrar

qual é o produto do trabalho profissional, apropriando-se das ferramentas gerenciais e tecnológicas, de registro

e documentos. Em outras palavras, é preciso entender que, nesse momento histórico, o fazer profissional está

diretamente relacionado às seguintes dimensões: investigativa, teórico metodológica, técnico-operativa, ético-

política e pedagógica. E o “como fazer” (investigativo, técnico-operativo e pedagógico) precisa ser trabalhado a

partir de uma formação continuada.

Saiba mais

• Sugerimos a participação em seminários e palestras com temas relacionados ao


campo de estágio ou a política de atuação. Faça uma pesquisa na internet, no
site do CRESS ou CFESS, ou até mesmo em outros sites. Pergunte à supervisora
se haverá algum evento nos próximos dias, ou mês. E assim se organize para
participar e aprender com outras experiências. E lembra-se de solicitar o
certificado de participação enquanto ouvinte, importante documento para
comprovação curricular.

O que vem na próxima aula


•Elaboração do plano de estágio supervisionado atrelado aos interesses da população atendida.

•O compromisso com o aprendizado profissional na experiência de estágio.

•O estágio tem que ser programado, planejado, e o ensino da aprendizagem tem que ser gradual.

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CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Aprendeu que o aluno está iniciando uma nova experiência, acolhido por uma supervisora de campo.
• Aprendeu que o aluno, estagiário, também tem que cumprir o seu papel: na condição de aprendiz,
estando disponível ao processo de estágio a partir de uma aproximação gradativa da realidade de
trabalho dos assistentes sociais.

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ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO SERVIÇO

SOCIAL I

PLANO DE ESTÁGIO: DIRETRIZES PARA UMA


PRÁTICA PROFISSIONAL QUALIFICADA

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Olá!
Nesta aula, você irá:

1 - Compreender o significado do plano de estágio.

Introdução

Na aula anterior aprendemos que o estágio supervisionado propicia ao aluno uma aproximação gradativa a

realidade de trabalho do assistente social. Mas pra isso é preciso apresentar um plano de trabalho. Neste caso,

um plano de estágio. Mas o que é um plano de estágio? É um instrumento de didático-pedagógico. É o registro

das etapas do estágio supervisionado, delimitando o período (data estimada), as atividades, os objetivos, a

metodologia e as leituras necessárias ao aprendizado do aluno. O qual poderá ser adaptado as necessidades que

possam surgir no decorrer do período.

Plano de estágio

É o um plano do que se pretende estudar e fazer, ou melhor, é a apresentação do que se dever aprender ao final

da experiência de estágio; para que se possa aprofundar, ou melhor, planejar as etapas ao longo do processo de

estágio supervisionado.

Por exemplo, no primeiro mês do estágio você poderá se dedicar ao levantamento de informações sobre a

história da instituição. No plano serão registradas as ações necessárias para o alcance deste objetivo,

delimitando o tempo para executá-las, garantindo o tempo de debate com a supervisora de campo.

Outro exemplo: Aprender a entrevistar (objetivo). Então vamos exercitar! O que é preciso fazer para aprender a

entrevistar o usuário no primeiro atendimento? Verificar se realizou a leitura dos principais textos sobre o

assunto, observar a realização de uma (ou várias) entrevista(s), debater com a supervisora de campo sobre a

observação (apresentando os questionamentos), compreender o conteúdo do roteiro de entrevista (entendendo

o objetivo de cada pergunta) e valorizar o diálogo enquanto instrumento principal neste processo.

Elaboração do plano de estágio

Na elaboração do plano registra-se de forma pontual para que se possa aprofundar, posteriormente com o

desenvolvimento do planejamento das ações. Um roteiro simples de plano de trabalho e que pode ser utilizado

para o estágio. Vamos retomar o exemplo anterior, a entrevista:

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São vários os motivos para valorizarmos o momento de elaboração do plano de estágio, apresentamos alguns:
• Facilita o acompanhamento, a supervisão e o controle do planejamento pedagógico por parte de todos
envolvidos.
• Possibilita a rápida alteração/atualização do plano de estágio, que deve ser colocado imediatamente à
disposição das partes interessadas.
• Facilita e incentiva a participação de todos no planejamento das ações, permitindo a todos o acesso ao
plano de estágio.
• Facilita a vida do supervisor e do aluno, que poderá, mês após mês, atualizar e aprimorar o conteúdo
realizado.
Objetivo do estágio supervisionado

O objetivo maior do estágio supervisionado é proporcionar ao aluno vivência em diferentes dimensões de

atuação profissional, promovendo a articulação entre teoria e prática e a busca de soluções para situações-

problema características do cotidiano profissional, de forma contextualizada, crítica e atualizada, formando

assistentes sociais, que (re) pensem seu trabalho e estimulem o desenvolvimento do pensamento crítico e

científico.

As atividades delimitadas no plano de estágio devem estar comprometidas como o aprendizado do aluno, o

incentivando a:

Articular teoria e prática de forma sistematizada, propiciando o saber, o fazer e a compreensão do que se fez,

através da reflexão-ação nos diversos tempos e espaços;

Compreender as diferentes dimensões do espaço profissional, atuando de forma coletiva e articulada;

Atuar como agente de integração entre o conhecimento científico e o senso comum, promovendo a analise crítica

da realidade social e a busca de alternativas para sua transformação;

Construir um perfil profissional competente e comprometido com o código de ética profissional;

Elaborar estratégias de ação atualizadas, contextualizadas e interdisciplinares, capazes de atender a solicitações

institucionais e promover a construção de conhecimento e responder a demanda da população alvo dos serviços.

Desenvolvimento do estágio supervisionado

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O aluno-estagiário deverá desempenhar suas atividades numa perspectiva de reflexão na ação e sobre a ação, de

modo a formar-se como um profissional reflexivo que paute sua prática em dimensões éticas e políticas, de

forma crítica, contextualizada, interdisciplinar e transformadora.

O desenvolvimento do Estágio Supervisionado basear-se-á no conhecimento da realidade; na reflexão sobre a

realidade e na identificação das situações que possam tornar-se objeto da proposta de aprendizado profissional.

Alguns elementos que deverão estar registrado no plano de estágio são: as reuniões de orientação de estágio

para reflexão e análise das informações obtidas; setores em que o aluno-estagiário atuará; e forma de

acompanhamento e de avaliação do aluno-estagiário.

Sabemos que no cotidiano de trabalho ocorrem alguns empecilhos que podem atrasar os prazos estimados, mas

o acompanhamento sistemático das ações faz com que o plano seja flexível a garantia do aprendizado do aluno.

Após o exercício de elaboração do Plano de Estágio, delimitando as diretrizes a serem desenvolvidas ao longo do

semestre: Qual será o próximo passo?

O próximo passo é o planejamento mesmo das atividades. Aprofundando “o como fazer?”, “como atingir o

objetivo proposto?” para um resultado satisfatório, valorizando as etapas de execução das atividades delimitadas

no plano, planejando as ações e destacando as formas de monitoramento e a avaliação da prática profissional.

Planejamento das atividades

Sobre o planejamento das atividades delimitadas no plano, Baptista (2000, 13) fala que o temo refere-se ao

processo permanente e metódico de abordagem racional e científica de questões que se colocam no mundo

social.

Sobre o tema Planejamento Social, cabe uma reflexão sobre as contribuições de Baptista - daremos destaque ao

trabalho sob o título "Planejamento Social: intencionalidade e instrumentalização", registrada nas referências

bibliográfica desta aula.

E continua Baptista nos dizendo que:

"o planejamento se refere, ao mesmo tempo, à seleção das atividades necessária para atender as

questões determinadas e a otimização de seu inter-relacionamento, levando em conta os

condicionantes impostos a cada caso (recurso, prazos e outros); diz respeito, também, à decisão

sobre os caminhos a serem percorridos pela ação e às providências necessárias à sua adoção, ao

acompanhamento da execução, ao controle, à avaliação e à redefinição da ação." (p.13)

Baptista apud Ferreira (2000, 15) nos diz que o planejamento se organiza por operações complexas e

interligadas, e aponta alguns aspectos que devem ser considerados quando do planejamento. São eles:

-4-
• De reflexão

Que diz respeito ao conhecimento de dados, à análise e estudo de alternativas, á superação e

reconstrução de conceitos e técnicas de diversas disciplinas relacionadas com a explicação e

quantificação dos fatos sociais;

• De decisão

Que se refere à escolha de alternativas, à determinação de meios, à definição de prazos, etc.;

• De ação

Relacionada à execução das decisões. É foco central do planejamento. Orienta-se por momentos que a

antecedem e é subsidiada pelas escolhas efetivas na operação anterior, quando aos necessários

processos de organização;

• De retomada da revisão

Operação de crítica dos processos dos efeitos da ação planejada, com vistas ao embasamento do

planejamento de ações posteriores.

Aprendemos que o plano e planejamento são etapas complementares no cotidiano profissional, mas vamos

esclarecer mais uma vez a diferença entre os dois:

Plano

O plano delineia as decisões de caráter geral, deve ser formulado de forma clara e simples para nortear o

planejamento das ações.

Planejamento

O Planejamento é o processo de planejamento das ações, momento de tomar decisões a respeito do trabalho a

ser feito. Planejamento envolve muita reflexão antes, durante e depois. É um processo que não tem fim. Como

colocado anteriormente, pode até chegar a exigir que se mude o plano proposto se o andamento do trabalho

mostrar que é preciso fazê-lo.

Educação para formação do assistente social

Na atualidade, alguns requisitos para garantir a qualidade da formação profissional do assistente social são a

busca pelo fortalecimento da formação de um profissional criativo, propositivo que tenha competência e

agilidade na pesquisa e no desvendamento da realidade, apreendendo a dinâmica dos processos sociais na sua

totalidade. Espera-se a superação da visão fragmentada, praticista e determinada unicamente pelos interesses da

instituição na qual está inserido o assistente social.

-5-
Partindo deste ponto de vista, propõe-se uma ampliação da proposta de educação, contribuindo para que todos

tenham acesso a dados, informações, fatos permitindo que estes possam analisar relacionar, escolher, organizar

e lançar mão destes conhecimentos para a complementação da formação humana.

Para podermos compreender a crescente cumplicidade dos fenômenos mundiais, e dominar o sentimento de

incerteza que suscita, precisamos, antes, adquirir um conjunto de conhecimentos e, em seguida, aprender a

relativizar os fatos e a revelar sentido crítico perante o fluxo de informações.

A educação manifesta aqui, mais do que nunca, o seu caráter insubstituível na formação da capacidade de

analisar. Facilita uma compreensão verdadeira dos acontecimentos, para lá da visão simplificadora ou

deformada transmitida, muitas vezes, pelos meios de comunicação social.

A necessidade por educação e a luta que ela ocasiona, pode gerar uma transformação da realidade social e isso é

tarefa dos homens que compõem a luta e neste sentido, a realidade social, não existe por acaso, mas como

produto da ação dos homens, pois nada se transforma por acaso.

Saiba mais

• Assista ao vídeo sobre planejamento de um trabalho. E perceba que tudo é


muitíssimo bem planejado, pensado, discutido e analisado para decidir como o
trabalho será realizado e avaliado. https://www.youtube.com/watch?
v=lEgBDJdeBMg
• E complemente a reflexão com a seguinte leitura: BAPTISTA, Myriam Veras. O
Serviço Social na perspectiva interdisciplinar. In: O uno e o múltiplo nas
relações entre as áreas do saber. São Paulo: Cortez, 1998. p.p.110-120.
https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=-
H295F4BYBwC&oi=fnd&pg=PA110&dq=veras+baptista&ots=huYxR5Olbd&sig=S97yz5L9kiDv60uoEvB5n09uhgA#v=onepage&q=veras%20baptista&f=false
• Participe da elaboração de um plano de estágio junto com a supervisora de
campo. É um exercício importante para que o aluno possa compreender as
etapas do processo de aprendizado. Um exemplo bem simples: não se pode
entrevistar sem antes observar uma entrevista, buscando saber o que se quer
levantar com as perguntas, ou melhor, apreender o objetivo da entrevista. O
importante é o aluno compreender que não se podem queimar etapas, e que o
processo de aprendizado sugere uma aproximação gradativa e planejada sobre
a realidade.

-6-
O que vem na próxima aula
•A construção do diário de campo.

•O registro do conteúdo resultante da prática profissional a partir da valorização do diário de campo,

considerando sua importância no processo de aprendizagem.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Conheceu os elementos essenciais para a elaboração do plano de estágio supervisionado atrelado ao
compromisso com o aprendizado profissional.

-7-
ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO SERVIÇO

SOCIAL I

DIÁRIO DE CAMPO: UM DIÁLOGO


PERMANENTE COM A PRÁTICA
PROFISSIONAL

-1-
Olá!
Nesta aula, você irá:

1 - Entender o que é o instrumento diário de campo.

2 - Identificar a função do diário de campo enquanto instrumento agregador no processo de aprendizagem.

O que é o diário de campo?

O diário de campo é um instrumento utilizado pelos pesquisadores para registar os dados recolhidos e possíveis

de serem interpretados. Sendo assim, o diário de campo é um instrumento que permite sistematizar as

experiências para posteriormente analisar os resultados.

Trabalho do pesquisador com o diário de campo

Devemos considerar que cada pesquisador desempenha de uma forma a hora de registrar em seu diário de

campo. Então, no momento do registro, pode-se anotar ideias desenvolvidas, frases isoladas, transcrições, mapas

e esquemas, por exemplo. O que importa mesmo é que o pesquisador possa apontar no diário aquilo que vê e

observa ao longo do seu processo de aprendizado ( no estágio supervisionado) para depois analisar e estudar.

Certamente, os apontamentos oriundos do diário de campo não têm necessariamente que descrever em

detalhtes a realidade em si, mas antes a realidade vista a partir do olhar do pesquisador, com as suas percepções,

bagagem terórica e a sua visão de mundo até o momento. Por isso, pode-se afirmar que, mesmo que dois

pesquisadores (ou aluno-estágiário) trabalhem em conjunto sobre o mesmo tema (realizando estágio no mesmo

campo/instituição), os diários de campo de cada um deles serão certamente diferentes.

Divisão do diário de campo

De acordo com os especialistas, recomenda-se que o diário de campo seja dividido em dois momentos. Desta

forma, o pesquisador pode incluir, num lado, tudo o que diz respeito às observações realizadas por si e, no outro,

as suas impressões ou conclusões. Também é interessante que, ao fim do dia, o pesquisador se reúna com os

seus colegas de trabalho de modo a partilharem ideias e trocarem impressões podendo ser úteis para o diário.

No caso da aluno-estagiário, trata-se do momento mesmo da supervisão. Onde senta-se com o supervisor para

debater as atividades e vivências do dia de estágio.

A importância do diário de campo

Devemos considerar que o diário de campo pode ser o primeiro passo dos ensaios, das reflexões e dos livros que

pesquisam a realidade social.

-2-
O diário de campo é uma das documentações mais importantes ao processo de estágio supervisionado, devendo

fazer parte da vida acadêmica do aluno. É um instrumento de registro diário e, segundo Minayo (1993:100), nele:

“(...) constam todas as informações que não sejam o registro das entrevistas formais. Ou seja, observações sobre

conversas informais, comportamentos, cerimoniais, festas, instituições, gestos, expressões que digam respeito ao

tema da pesquisa. Falas, comportamentos, hábitos, usos costumes, celebrações e instituições compõem o quadro

das representações sociais.”

Fique ligado
Isso significa que o aluno-estagiário deve registrar no diário de campo, em tempo real,
atitudes, fatos e fenômenos percebidos no campo de estágio. Por meio destes registros,
posteriormente, podem-se estabelecer relações entre a vivência do estágio e a base teórica
oferecida na academia.

Iniciando o processo de documentação

Os registros devem ser feitos diariamente, sempre datados, sinalizando os sujeitos envolvidos, o local, a situação

observada etc. Ao ingressar em uma instituição para estagiar, a orientação é para que o aluno:
• Tenha um caderno para elaborar o seu diário de campo, identificando-o com seu nome, dados da
instituição (nome, endereço, e-mail e telefone da instituição), setor (programa/projeto) em que se insere,
nome da supervisora, período dos registros (início e fim).
• Realize uma pesquisa bibliográfica acerca da área de atuação da instituição. Ex: estágio em um Centro de
Referência da Assistência Social (CRAS). Área de ação: Assistência Social. Ação do Assistente Social no
Programa Bolsa Família. Recorte teórico-operacional: Assistência Social, Políticas Públicas, Políticas
Sociais. O aluno deverá buscar textos sobre os temas antes relacionados e as leis que regulamentam a
ação da instituição e do Assistente Social.
• Faça o levantamento da história da instituição e da inserção do Serviço Social.
• Organize uma lista das fontes de consulta, considerando as normas da ABNT (livros, leis, sites, jornais,
revistas, folders etc.).
Nesse sentido, Mioto (2007) nos diz que a documentação não pode ser negligenciada no contexto do exercício

profissional, considerando a sua relevância para o processo de conhecimento e sistematização da realidade, do

planejamento, da qualificação das ações profissionais, bem como da sua importância ao alicerçar a produção de

conhecimento. Desse modo urge a necessidade de incorporá-la no cotidiano profissional, nos mais diferentes

momentos do processo interventivo.

O diário de campo é uma ferramenta de aprendizado

A partir das considerações sobre o diário de campo, a expectativa e para fazer uso deste como mais uma

ferramenta de aprendizado. Então, o diário de campo consiste em uma forma de registro de observações,

-3-
comentários e reflexões para uso individual do aluno. Pode ser utilizado para registros de atividades de

pesquisas e/ou registro do processo de trabalho.

Desse modo, o diário de campo deve ser usado diariamente para garantir a maior sistematização e detalhamento

possível de todas as situações ocorridas no dia durante a intervenção. Quanto mais utilizar o seu diário de

campo, mais e mais desenvolverá a habilidade em descrever suas observações e reflexões.

Mioto (2007) sugere uma forma de registro. E fala que o diário de campo pode ser organizado em três partes:

1. descrição;

2. interpretação do observado, momento no qual é importante explicitar, conceituar, observar e estabelecer

relações entre os fatos e as consequências;

3. registro das conclusões preliminares, das dúvidas, imprevistos, desafios tanto para um profissional específico e

/ou para a equipe, quanto para a instituição e os sujeitos envolvidos no processo.

O diário de campo é um instrumento de registro de atividades de aprendizado, uma forma de complementação

das informações sobre o cenário onde o aluno está estagiando e onde estão envolvidos os demais sujeitos. Neste

instrumento, é possível registrar todas as informações que não sejam aquelas coletadas em contatos e

entrevistas formais, em aplicação de questionários, formulários e na realização de grupos focais.

As anotações descritivas realizadas em diário de campo são para servirem de suporte na análise e planejamentos

das ações. É o primeiro passo para avançar na explicação e compreensão da realidade em seu contexto. As

anotações de cunho analítico-reflexivo indicam quais as questões que devem ser aprofundadas.

As informações, tanto de natureza descritiva como reflexiva, são o conteúdo do diário de campo, costurando os

retalhos de todo o processo de desenvolvimento de uma pesquisa e/ou dos processos de intervenção

profissional em dado contexto, oferecendo o cenário da realidade vivenciada.

O diário de campo oferece subsídios para a intervenção crítica no real e para a orientação da ação profissional.

Isso se o diário for considerado como “um documento pessoal-profissional no qual o aluno fundamenta o

conhecimento teórico-prático, relacionando-o com a realidade vivenciada no cotidiano profissional, através do

relato de suas experiências e sua participação na vida social” (Mioto,2007).

E o que mais pode ser anotado no diário de campo? As dúvidas e dificuldades são extremamente bem-vindas.

Estas devem ser registradas e consideradas como elementos importantes no cotidiano profissional porque

possibilitam à reflexão e análise da experiência de estágio.

O registro detalhado da intervenção no diário de campo permite observar e analisar criticamente como se

planejam e se executam as ações profissionais, e ainda perceber as dificuldades e limitações do profissional

frente ao serviço, como também as limitações do serviço frente às demandas concretas dos usuários.

-4-
Portanto, o diário de campo, os relatórios, prontuários, protocolos de serviço e de atendimento, enfim, toda a

forma de documentação só adquire sentido se são úteis tanto para os profissionais quanto para a instituição

porque, mais do que apenas guardar ou arquivar informações, deve incidir positivamente nos processos de

planejamento e avaliação no sentindo de facilitar a sua realização.

O propósito é utilizar o diário de campo em um instrumento de aprendizagem, onde o aluno interage com a

realidade de forma sistematizada e ativa, como principal ator do processo de construção do conhecimento. O

ensino de novos conteúdos deve permitir que o aluno se desafie a avançar nos seus conhecimentos. O exercício

da análise crítica levará o aluno a ultrapassar a sua experiência, os estereótipos, as sínteses anteriores etc.

Saiba mais

• Após a leitura desta aula, assista ao vídeo sobre o diário de campo.


https://www.youtube.com/watch?v=lozkrArK0LU&feature=player_embedded#!

O que vem na próxima aula


•A importância da observação participante como um importante instrumento de coleta de dados da ação

profissional, bem como a valorização da escuta atenta na perspectiva da garantia do exercício do diálogo.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Entendeu o que é o instrumento diário de campo.
• Identificou a função do diário de campo enquanto instrumento agregador no processo de aprendizagem.

-5-
ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO SERVIÇO

SOCIAL I

OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE E ESCUTA


ATENTA

-1-
Olá!
Nesta aula, você irá:

1. Compreender o que é a observação participante.

2. Entender a importância da escuta atenta e do exercício do diálogo no processo de aprendizado profissional.

Considerando que uma aula é complementar a anterior, esta apresenta um conteúdo que contribui sobremaneira

na elaboração do diário de campo. Mas antes precisamos apresentar o que é a observação participante.

Observação participante

Para iniciarmos vamos conhecer um pouco da história da observação participante.

A observação participante foi introduzida pela Escola de Chicago, nos anos 1920, tendo sido duramente

contestada pelos pesquisadores experimentais, e abandonada por décadas. Seu resgate atual, no entanto, auxilia

nas descrições e interpretações de situações cada vez mais globais.

Após sua recuperação, porém, o método é banalizado e utilizado de forma indiscriminada, sem o rigor

metodológico que esse procedimento exige em relação à coleta, registro e interpretação pertinentes e coerentes

com a realidade estudada. Em muitos casos, a observação participante passa a ser relacionada a interpretações

meramente emotivas e deformações subjetivas e sem dados comprobatórios.

O antropólogo inglês Branislaw Malinowski revolucionou a Antropologia nas três primeiras décadas do século

XX, quando fez propostas referentes aos métodos de trabalho de campo.

É no universo científico que a construção sistemática da observação participante se torna cada vez mais

evidente, uma vez que essa técnica modifica a ação do observador que, ao integrar o grupo que vivencia a

realidade social, propicia interações que contribuam para a mudança de comportamento do grupo observado.

A técnica de observação participante caiu no esquecimento por alguns anos, até ser novamente introduzida no

meio acadêmico na década de 1990, sendo, a partir de então, considerada um processo pelo qual a interação da

teoria com a prática concorre para a transformação ou implementação do meio pesquisado – neste caso: o

campo de estágio supervisionado.

Com o auxílio da observação participante, o estagiário poderá analisar a realidade social que o rodeia, tentando

compreender os conflitos e tensões existentes e identificar grupos sociais que têm em si a sensibilidade e

motivação para participar das lutas e transformações sociais necessárias.

Etapas do processo de observação participante

-2-
De acordo com Richardson (1999), o processo de observação participante segue algumas etapas essenciais.

• 1ª etapa

Na primeira etapa, há a aproximação do observador ao grupo social em estudo. Esse é um trabalho longo

e difícil, pois o observador precisa trabalhar com as expectativas do grupo, além de se preocupar em

destruir alguns bloqueios, como a desconfiança e a reticência do grupo. Nessa fase, é necessário que o

observador seja aceito em seu próprio papel, isto é, como alguém externo, interessado em realizar,

juntamente com a população, um estudo. Diante disso, pode-se dizer que a verdadeira inserção implica

uma tensão constante do observador em razão do risco de identificação total com a problemática e o

conflito de assegurar objetividade na coleta de dados.

Sobre este último aspecto é sempre bom lembrar que a participação em uma realidade até então

desconhecida exige uma aproximação, que exige paciência e honestidade, é a condição inicial necessária

para que o percurso do estágio supervisionado possa humanizar as relações acadêmicas.

• 2ª etapa

Já na segunda etapa, Richardson (1999) diz que é preciso realizar um esforço do pesquisador em possuir

uma visão de conjunto da comunidade objeto de estudo. No caso do estágio, substituímos o espaço da

comunidade pelo espaço do estágio supervisionado. Então o autor coloca que essa etapa pode ser

operacionalizada com o auxílio de alguns elementos, como o estudo de documentos oficiais – como já

falamos na aula anterior -, reconstituição da história do grupo e do local, observação da vida cotidiana,

identificação das instituições e formas de atividades econômicas, levantamento de pessoas chave e a

realização de entrevistas não diretivas com as pessoas que possam ajudar na compreensão da realidade.

Os dados devem ser registrados imediatamente no diário de campo, para não haver perda de

informações relevantes e detalhadas sobre os dados observados. Caso não seja possível o registro

imediato, sugere-se o uso do recurso de filmagens, fotos ou entrevista – Mas sempre com o

acompanhamento da supervisora de campo, já que filmagens e fotos requerem a autorização de todos

envolvidos no que refere se ao uso da imagem.

• 3ª etapa

Richardson (1999) aponta que após a coleta dos dados, passa-se à terceira fase, na qual é preciso

sistematizar e organizar os dados, o que corresponde a uma etapa difícil e delicada. A análise dos dados

deve informar ao observador a situação real do grupo e sobre a percepção que este possui de seu estado.

Se todas essas etapas forem seguidas adequadamente, pode-se afirmar que o trabalho terá êxito,

-3-
favorecendo o conhecimento da realidade social, bem como estimulando o crescimento do grupo de

estudo por meio da auto-organizarão e conseqüente desenvolvimento de ações conscientes e criativas

para a transformação social.

Para os assistentes sociais, os resultados obtidos a partir da análise dos dados devem servir de base para

elaboração de ações profissionais que contribuam para promoção e garantia de Direitos.

Realização da observação

A observação participante é uma técnica de orientação quanto ao que será observado (pesquisado) ao participar

(vivenciar) uma realidade (estágio supervisionado), delimitando o objetivo da entrada no estágio

supervisionado.

A realização da observação participante exige o desenvolvimento de habilidades e competências. Então o

estagiário buscará o seguinte aprendizado no campo: ser capaz de estabelecer uma relação de confiança com

todos envolvidos; ter sensibilidade para pessoas; ser um bom ouvinte; ter familiaridade com as questões

investigadas, com preparação teórica sobre o objeto de estudo ou situação que será observada; ter flexibilidade

para se adaptar a situações inesperadas; não ter pressa de adquirir padrões ou atribuir significado a realidade

observada; elaborar um plano sistemático e padronizado para observação e registro dos dados; ter habilidade

em compreensão dos dados; verificar e controlar os dados observados; e relacionar os conceitos e teorias

científicas aos dados coletados. (Schwartz, 1955).

Os observadores

Os observadores participantes se inserem na situação estudada (observada) e na vida das pessoas que estudam

e, embora nos registros de campo os nomes sejam fictícios (justificativa ética), os sujeitos da pesquisa são reais e

se conhecem uns aos outros. Então é primordial valorizar o ser humano, respeitando todos envolvidos na

realidade. Cabe ao aluno sempre deixar claro que é estudante, estagiário, apresentando se em uma postura de

diálogo, e buscando aprender sobre a vivência no campo.

A observação e a participação tanto pode ser uma participação distanciada e ligeira (Caso de uma reportagem

sobre uma conferência ou sobre outra qualquer prática social; ou da observação presencial de aulas.), como uma

participação mais profunda e mais integrada (como é o caso do estágio supervisionado) que propicia o uso da

metodologia de observação participante.

Tempo de duração

-4-
O tempo é também um pré-requisito para os estudos que envolvem sobre a uma dada realidade, bem como a

ação de grupos sociais. Para se conhecer a história e comportamento das pessoas e de grupos é necessário

observá-los por um longo período e não num único momento. Por isso é recomendável permanecer no mesmo

campo de estágio por no mínimo 01 (um) ano.

A importância do diálogo

Além de Rubem Alves (sobre quem você leu no arquivo da tela anterior) outra referência para a Educação do

Brasil é Paulo Freire. Para este Educador, o diálogo é o elemento chave para alcançar a conscientização e

transformação da realidade. É preciso ouvir a todos, nossa voz interna, os profissionais envolvidos na realidade

do estágio supervisionado, e em especial: os usuários, a população, com quem queremos estar para participar da

transformação social.

O diálogo com a população, e o cunho educativo da ação do Assistente Social no cotidiano profissional, não

podemos deixar de citar o livro Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire. Neste livro, autor propõe uma

explicação da importância e necessidade de uma pedagogia dialógica emancipatória do oprimido, em oposição à

pedagogia da classe dominante, que contribua para a sua libertação e sua transformação em sujeito consciente e

autor da sua própria história através da práxis enquanto unificação entre ação e reflexão.

Nesta pedagogia, o educador – e aqui podemos entender como o assistente social, também -, através de uma

educação dialógica problematizante e participante, procura conscientizar e capacitar o povo para a transição da

consciência ingênua à consciência crítica com base nas fundamentações lógicas do oprimido. Assim, caracteriza-

se por um movimento de liberdade que surge a partir dos oprimidos, sendo a pedagogia realizada e concretizada

com o povo na luta pela sua humanidade.

-5-
Exercitar o diálogo é realizar uma escuta atenta, ouvir o que o outro está falando para que possamos falar

(retornar) interagindo com o conteúdo apresentado. É no diálogo com o outro e posteriormente consigo mesmo

que se originam as primeiras manifestações da reflexão crítica.

E o diálogo consigo mesmo é a busca pela compreensão da sua própria inserção no contexto social, criando

propostas de participação na luta coletiva em prol da transformação social. E valorize as suas curiosidades,

pensamentos, questionamentos, buscando dialogar sobre a experiência de estágio supervisionado sejam consigo

mesmo (a partir das leituras realizadas), ou com seus interlocutores (professores, supervisores, colegas de

estágio ou de turma).

Concluindo

Todo material coletado através da observação participante, registrado principalmente no diário de campo, bem

como aqueles obtidos através de uma escuta atenta, do diálogo e aproximação com todos envolvidos no contexto

do estágio supervisionado, será analisado a partir da leitura bibliográfica sobre a área profissional, textos e

livros sugeridos na faculdade, ou através da indicação de leitura orientada pela supervisora de campo.

Saiba mais
Sugerimos um exercício para treinar a observação e escuta. Assista ao filme. Destaque as falas
e imagens que chamam mais a sua atenção. E busque compreender como essa experiência,
uma história real, pode acrescentar ao seu aprendizado profissional. Escute as falas, observe os
comportamentos, valores, atitudes e imagens, buscando o sentindo para cada personagem.
Filme: Coach Carter - Treino para a Vida 2010-05-22 Francisco
Título original: (Coach Carter)
Lançamento: 2005 (Alemanha, EUA)
Direção: Thomas Carter
Atores: Samuel L. Jackson, Rob Brown, Robert Richard, Rick Gonzalez.
Duração: 136 min
Gênero: Drama
A história real e inspiradora de um treinador que decide mostrar os diversos aspectos dos
valores de uma vida ao suspender seu time campeão por causa do desempenho acadêmico dos
atletas. Dessa forma, Ken Carter recebe elogios e críticas, além de muita pressão para levar o
time de volta às quadras. É aí que ele deve superar os obstáculos de seu ambiente e mostrar
aos jovens um futuro que vai além de gangues, prisão e até mesmo do basquete.

-6-
O que vem na próxima aula
•A importância da leitura bibliográfica para a compreenção da prática profissional.

•O estudo da instituição, identificação da população alvo e principais demandas, aspectos primordiais para

estabelecer estratégias de ação profissional em consonância com as reais necessidades da população.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Compreendeu o que é a observação participante.
• Entendeu a importância da escuta atenta e do exercício do diálogo no processo de aprendizado
profissional.

-7-
ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO SERVIÇO

SOCIAL I

A ATIVIDADE TEÓRICA E PRÁTICA


SUPERVISIONADA: DA LEITURA À
OBSERVAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

-1-
Olá!
Nesta aula, você irá:

1. Compreender a prática profissional.

2. Destacar o aspecto da pesquisa social no estágio supervisionado.

3. Realizar o levantamento do histórico institucional, população alvo e principais demandas apresentadas ao

serviço social, buscando compreender a realidade apresentada no cotidiano profissional.

Fontes para aprendizado

Aprender é criar a possibilidade para que uma pessoa tenha iniciativa para buscar as fontes de conhecimento

que está à sua disposição na sociedade. A vida é caracterizada por vários canais de informações. Para todo lado

que olhamos, nos deparamos com alguns desses canais, seja: televisão, rádio, cinema, jornais, revistas, cartazes,

livros, folhetos, internet, cd-room, etc.

Essas informações também podem estar também armazenadas em arsenais específicos: livrarias, bibliotecas,

museus, salas de espetáculos, centro culturais, circos, escolas, monumentos históricos, prédios públicos, fábricas,

empresas, laboratórios, jardins, zoológicos, supermercados, shoppings centers, jardim botânico, estações de

metrô, galerias de artes, etc.

Mas é preciso desenvolver o olhar crítico que lhe permita desviarem-se as informações inúteis, sem base

científica, ou pouco comprometida com a evolução humana. E preciso desenvolver habilidades para reconhecer,

em meio um labirinto, as trilhas que conduzem as verdadeiras fontes de informação e conhecimento.

A prática da leitura

A leitura é um exercício primordial no aprendizado de uma profissão. É fundamental para o entendimento da

profissão, do objeto de trabalho e das atuais condições de vida e trabalho. Então valorize a leitura, reserve um

tempo para a realização da leitura bibliográfica indicada nas diversas disciplinas, escolha um livro e comece a

leitura.

Os alunos costumam dizer: “São muitos livros, o que devo ler primeiro?”. É verdade! São muitos livros, mas o

importante é começar a ler. Depois a sua curiosidade irá apontar o próximo livro, de acordo com a bagagem de

leitura e experiência que for adquirindo. Uma aula de cada vez, um texto de cada vez, um livro de cada vez. E

quando menos esperar, já se tornou um leitor nato, sabendo selecionar materiais de qualidade.

Pesquisar é muito importante

-2-
A realização do estágio supervisionado é para o aluno um momento de observação e estudo sobre a profissão

escolhida. É uma pesquisa sobre a profissão e seus demais conteúdos. Veremos aqui, como a pesquisa é uma

atividade que, embora não pareça, está presente em diversos momentos do quotidiano, além de ser requisito

fundamental nas diversas profissões.

Então ler a bula de um remédio antes de tomá-lo é pesquisar. Recorrer ao manual de instruções de um aparelho

eletrônico também. Remexer papéis velhos atrás daquela preciosa receita de bolo da madrinha Miriam é fazer

pesquisa. A eterna dificuldade de consultar em dicionário ou um catálogo telefônico é ou não é uma tarefa de

pesquisa?

Pesquisar é a investigação feita com o objetivo expresso de obter conhecimento específico e estruturado sobre

um assunto preciso. Pesquisa está presente no dia-a-dia, seja no desenvolvimento da ciência, no avanço

tecnológico ou no progresso intelectual do individuo.

A pesquisa social

O projeto de pesquisa do aluno-estagiário é aprender sobre o fazer profissional do Assistente Social, buscando

compreender o processo de trabalho da profissão, bem como a sistematização da prática profissional.

O desejo de conhecer é um servo do desejo de prazer. Conhecer por conhecer é um contra-senso. Você está

realizando estágio supervisionado para conhecer uma profissão do qual escolheu exercer.

Utilize a pesquisa social a seu favor, ser organize para estudar sobre a profissão que escolheu seguir. Como antes

colocado, reserve um tempo para a leitura para as aulas e bibliografia indicada, desenvolvendo os exercícios

propostos.

Minayo (2003) nos diz que pesquisa veicula pensamento e ação, e que “Nada pode ser intelectualmente um

problema, se não tiver sido, em primeiro lugar, um problema da vida prática. As questões da investigação estão,

portanto, relacionadas a interesses e a circunstâncias socialmente condicionadas” (p.18)

Em outras palavras, estudamos sempre algo que aconteceu na vida prática, no dia-a-dia, no cotidiano, e que se

apresenta como um problema, algo que nos desafia a compreensão, uma curiosidade a ser respondida para

responder aos interesses sociais da época.

Teoria

A pesquisa é o exercício da relação teoria e prática.

Minayo (2003,18) destaca que as funções da teoria são:


• Esclarecer melhor o objeto de investigação.
• Levantar hipóteses.
• Permitir clareza na organização dos dados.
• Iluminar análise dos dados.

-3-
Por outro lado Minayo (2003, 19) fala que as proposições de uma teoria devem Ter três principais

características:
• Serem capazes de sugerir questões reais.
• Serem inteligíveis.
• Representarem relações abstratas entre coisas, fatos, fenômenos e/ou processos.
O que isso tudo quer dizer?

Precisamos para analisar e compreender a realidade que estamos vivenciando, em especial o objeto de

investigação/estudo. A leitura nos possibilita clareza na organização dos dados, sendo fundamental na análise

dos dados e registros coletados na experiência do estágio supervisionado.

A teoria, a bibliografia selecionada deve ser capaz de sugerir questões reais, ou seja, permitir uma compreensão

da realidade apresentada, inteligíveis, isto é, compreensíveis, e representarem relações abstratas entre coisas,

fatos, fenômenos e/ou processos – a leitura realizada deve apresentar um sentido frente à realidade estudada.

Pesquisa qualitativa

Estudar sobre o Serviço Social e o universo que pertence à especificidade da profissão requer o conhecimento da

pesquisa social qualitativa, isto é, pesquisar uma realidade que não pode ser quantificada. Minayo (2003) nos diz

que a pesquisa qualitativa:

“Trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde um

espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à

operacionalização de variáveis” (p. 22)

A pesquisa social apresenta várias fases, a saber:

A fase exploratória é o que o aluno-estagiário já vem realizando, delimitar o que será


Fase
observado e estudado, seleção da bibliografia e teoria para leitura, escolha da metodologia
exploratória
apropriada e as questões operacionais para levar o trabalho de campo.

A fase do trabalho de campo é o levantamento dos dados e informações; somado a

observação e escuta como estratégia de levantamento de dados e informações; registrando


Fase do
no diário de campo as atividades desenvolvidas e os dados, com as informações coletadas.
trabalho de
No entanto, é primordial a realização das leituras, indicadas e sugeridas nas disciplinas
campo
cursadas até o momento, bem como seguir as orientações que se encontram nas aulas

desta disciplina.

-4-
Fase do Sobre a fase do tratamento do material, os dados e informações coletadas serviram para

tratamento analisar a realidade profissional vivenciada.

do material

Questões elucidadas pelo profissional de serviço social

Para Vasconcelos (1997, 145), o levantamento sobre as demandas apresentadas ao Serviço Social leva o

profissional à elucidação de várias questões, tais como:

“Quem são os usuários? De onde vêm? Em que condições vivem?

Que demanda (s) apresenta? Que clareza tem dela (s)? Como visualizam dentre suas necessidades e

prioridades?

Por que buscam o serviço com esta demanda?

Com que expectativas apresentam sua (s) demanda (s)?

Que visão tem do serviço que procuram?

O que o serviço tem a oferecer diante das demandas apresentadas?

Os usuários mostram-se disponíveis para a proposta que o serviço lhes faz?

O serviço tem condições de atender suas demandas? Até que ponto?”

Link

Antes de finalizarmos essa aula, clique aqui e leia o texto:

http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon468/docs/11PS_aula06_doc01.pdf

Finalizando

Finalizamos a aula fortalecendo que ao assistente social cabe:


• Conhecer a realidade sobre a qual operam, nas suas particularidades e singularidade.
• Desnudar, avaliar, criticar a proposta neoliberal no sentido de propor políticas alternativas.
• Determinar objetivos profissionais possíveis de se implementar/realizar.
• Qualificar as práticas operativas, garantindo um padrão mínimo de eficiência do conhecimento técnico-
operativo.
Assim, unidade entre a teoria e a prática não vai ser obtida no Serviço Social apenas a partir de referencias

teórico-metodológicas, mas tendo como base a qualidade das conexões que os profissionais estabeleçam com a

realidade objeto da ação profissional, o que passa por uma relação consciente entre o pensamento e ação.

Saiba mais

• Busque materiais e relatórios sobre a instituição onde realiza estágio. Pergunte

-5-
• Busque materiais e relatórios sobre a instituição onde realiza estágio. Pergunte
a supervisora de campo onde pode encontrar as documentações (históricos,
relatórios, levantamentos, pesquisas, estatísticas, programas e projetos da
instituição e do Serviço Social).
• Caso não tenha material escrito, você pode perguntar a supervisora quem pode
responder essas questões. E entrevistar alguém que tenha participado da
fundação da instituição, ou que tenha essas informações porque teve a
oportunidade de conhecer os fundadores. Você pode auxiliar no resgate da
história e valorizar as pessoas de fundamental importância para existência do
trabalho oferecido nos dias atuais.
• No segundo momento, busque as fontes onde possa realizar o levantamento
das principais demandas apresentadas ao serviço social – procurando destacar
qual o perfil da população quem procurar os serviços oferecidos (quantitativo
de pessoas na família, formação educacional, faixa etária, sexo, local de moradia,
se possui benefício ou está inserido em programa governamental, etc.).

O que vem na próxima aula


•Principais instrumentos utilizados pelo serviço social, tais como: observação participante, escuta atenta

(diálogo), entrevista, visita domiciliar e institucional e atividades em grupo. Destacando a pertinência em

analisar o conjunto de fatores essenciais a aplicabilidade dos instrumentos.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Aprendeu que a leitura é um exercício primordial no aprendizado de uma profissão.
• Estudou sobre a importância da unidade entre a teoria e a prática, que esta não será obtida no serviço
social apenas a partir de referencias teórico-metodológicas, mas tendo como base a qualidade das
conexões que estabeleçam com a realidade objeto da ação profissional, o que passa por uma relação
consciente entre o pensamento e ação.

-6-
ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO SERVIÇO

SOCIAL I

INSTRUMENTOS PARA A PRÁTICA


PROFISSIONAL

-1-
Olá!
Nesta aula, você irá:

1. Reler sobre os principais instrumentos utilizados pelo Serviço Social no cotidiano profissional.

2. Estudar sobre o conjunto de fatores essenciais a aplicabilidade dos instrumentos, a partir da perspectiva da

instrumentalidade no Serviço Social.

Premissa

Esta aula tem como objetivo incentivar a reflexão sobre a instrumentalidade do Serviço Social, pois a pertinência

em analisar o conjunto de fatores essenciais à aplicabilidade de cada instrumento é fundamental.

Então muita atenção a partir de agora, leia com bastante atenção!

Fique ligado
É preciso prestar atenção na diferença entre instrumentalidade e instrumentos do Serviço
Social. Ao final desta aula iremos relembrar alguns dos principais instrumentos utilizados pelo
Serviço Social, tais como: observação participante, escuta atenta (diálogo), entrevista,
atividades em grupo, visita domiciliar e institucional.

Instrumentalidade

De acordo com Guerra (2005), a instrumentalidade é uma propriedade e/ou capacidade que a profissão vai

adquirindo na medida em que concretiza seus objetivos.

Ela possibilita que os profissionais objetivem sua intencionalidade em respostas profissionais.

Ao alterarem o cotidiano profissional e o cotidiano das classes socais que demandam a sua intervenção,

modificando as condições, os meios e os instrumentos existentes, e os convertendo em condições, meios e

instrumentos para alcance dos objetivos profissionais, os assistentes sociais estão dando instrumentalidade ás

suas ações.

Ordem Instrumental

Continua Guerra (2005) dizendo que se muitas das requisições da profissão são de ordem instrumental (Em

nível de responder as demandas – contraditórias – do capital e do trabalho e em nível de operar modificações

-2-
imediatas no contexto empírico.), exigindo respostas instrumentais, o exercício profissional não se restringe a

elas.

Com isso, queremos afirmar que reconhecer e atender ás requisições técnico-instrumentais da profissão não

significa ser funcional á manutenção da ordem ou ao projeto burguês. Isto pode vir a ocorrer quando se reduz

intervenção profissional à sua dimensão instrumental. Isto é necessário para garantir a eficiência e eficácia

operatória da profissão.

Fique ligado
Porém, reduzir o fazer profissional à dimensão técnico-instrumental significa tornar o Serviço
Social um meio para o alcance de qualquer finalidade. Significa também limitar as demandas
profissionais às exigências do mercado de trabalho. É também equivocado pensar que para
realizá-la o profissional possa prescindir de referências-teóricas e éticas-políticas.

Definição de Instrumentalidade

Então vamos parar um pouco para refletir sobre o que foi dito até agora:

A instrumentalidade é um arcabouço de conhecimento sobre profissão, em especial o conhecimento

adquirido e acumulado com a experiência de trabalho. Conhecimento alimentado ao dialogar com outros

profissionais e experiências já vivenciadas.

Guerra (2005) nos fala que todo trabalho social (e seus ramos de especialização — por ex. o Serviço Social)

possui instrumentalidade, a qual é construída e reconstruída na trajetória das profissões (Esta condição inerente

ao trabalho é dada pelos homens no processo de atendimento às necessidades materiais (comer, beber, dormir,

procriar) e espirituais (relativas à mente, ao intelecto, ao espírito, à fantasia) suas e de outros homens. Avance

para mais informações.) pelos seus agentes.

Relação do homem com o trabalho

Pelo processo de trabalho os homens transformam a realidade, transformam-se a si mesmo e aos outros homens.

Assim, os homens reproduzem material e socialmente a própria sociedade.

Neste âmbito, o processo de trabalho é compreendido como um conjunto de atividades prático-reflexivas

voltadas para o alcance de finalidades, as quais dependem da existência, da adequação e da criação dos meios e

das condições objetivas e subjetivas. Os homens utilizam ou transformam os meios e as condições sob as quais o

trabalho se realiza modificando-os, adaptando-os e utilizando-os em seu próprio benefício, para o alcance de

suas finalidades.

-3-
As ações profissionais precisam estar conectadas a projetos profissionais aos quais subjazem referenciais

teórico-metodológicos e princípios éticos-políticos.

Assim, na realização das requisições que lhe são postas, a profissão necessita da interlocução com

conhecimentos científicos.

Saiba mais
Tais conhecimentos têm sido incorporados pela profissão e particularizados na análise dos
seus objetos de intervenção. Mas a profissão também tem produzido, através da pesquisa e da
sua intervenção, conhecimentos sobre as dimensões constitutivas da questão social, sobre as
estratégias capazes de orientar e instrumentalizar a ação profissional (dentre outros temas) e
os tem partilhado com profissionais de diversas áreas.

Desenvoltura do assistente social

No cotidiano, como o espaço da instrumentalidade, imperam demandas de natureza instrumental.

No exercício profissional, o assistente social constrói certo modo de fazer que lhe seja próprio e pelo qual a

profissão torna-se reconhecida socialmente:

Produz elementos novos que passam a fazer parte de um acervo cultural (re)construído pelo profissional e que

se compõe de objetos, objetivos, princípios, valores, finalidades, orientações políticas, referencial técnico, teórico-

metodológico, ídeo-cultural e estratégico, perfis de profissional, modos de operar, tipos de respostas; projetos

profissionais e societários, racionalidades que se confrontam e direção social hegemônica, etc.

Na escolha dos meios e instrumentos mais adequados somente podem ser pensadas a partir do acervo cultural

que a profissão dispõe para orientar as escolhas técnicas, teóricas e ético-políticas.

Tais escolhas implicam projetar tanto os resultados e meios de realização quanto às conseqüências. No âmbito

profissional, não existem ações pessoais, as ações são públicas, ou seja, de responsabilidade do indivíduo como

profissional e da categoria profissional como um todo. Para tanto, há que se ter conhecimento dos objetos, dos

meios/instrumentos e dos resultados possíveis.

Objetivos

Expressar os objetivos que se quer alcançar não significa que eles necessariamente serão alcançados. Em outras

palavras, os instrumentos e técnicas de intervenção não podem ser mais importantes que os objetivos da ação

profissional.

-4-
Se partirmos do pressuposto que cabe ao profissional apenas ter habilidade técnica de manusear um

instrumento de trabalho, o Assistente Social perderá a dimensão do por que ele está utilizando determinado

instrumento. Sua prática se torna mecânica, repetitiva, burocrática.

Habilidades do assistente social – capacidade criativa

Mais do que copiar e seguir manuais de instruções, o que se coloca para o Assistente Social hoje é sua capacidade

criativa, o que inclui o potencial de utilizar instrumentos consagrados da profissão, mas também de criar outros

tantos que possam produzir mudanças na realidade social.

Assim, pensar a instrumentalidade do Serviço Social é pensar para além da “especificidade” da profissão: é

pensar que são infinitas as possibilidades de intervenção profissional. Guerra (2005) resume, em poucas

palavras, o sentido dessa reflexão:

Aqui se coloca a necessidade de dominar um repertório de técnicas, legada do desenvolvimento das

ciências sociais, fruto das pesquisas e do avanço tecnológico e patrimônio das profissões sociais (e

não exclusividade de uma categoria profissional), mas também um conjunto de estratégias e táticas

desenvolvidas, criadas e recriadas no processo histórico, no movimento da realidade.

(GUERRA: 2005; p. 115-6)

Sumário dos instrumentos de trabalho

Bom, agora vamos ler mais um pouco sobre alguns instrumentos de trabalho que o Serviço Social mais utiliza no

seu cotidiano profissional:

Observação participante
Vamos começar pela observação participante, tema da aula passada. Apenas para relembrar, observar é muito

mais do que ver ou olhar. Observar é estar atento, é direcionar o olhar. Em outras palavras, é preciso definir o

que se quer observar, delimitar o objeto de estudo. E como esse conteúdo já foi trabalhado anteriormente,

iremos dedicar a leitura para outro importante instrumento: a entrevista individual ou em grupo.

Entrevista
A entrevista é um diálogo, um processo de comunicação direta entre o Assistente Social e um usuário (entrevista

individual), ou mais de um (entrevista grupal).

Contudo, o que diferencia a entrevista de um diálogo comum são o fato de existir um entrevistador e um

entrevistado, e um direcionamento quanto ao conteúdo a ser explorado.

Sistematização
A sistematização, ou seja, análise do material produzido ocorre posteriormente ao registro de várias entrevistas,

cuja análise, com base em referenciais teóricos, deverá levar à produção de novos conhecimentos.

-5-
Claro que existem mais conteúdos sobre a entrevista social, mas a partir da experiência de estágio o aluno se

aproximará integrando teoria e prática. Riqueza do aprendizado. O aluno-estagiário pode buscar as leituras

sobre o assunto, a partir das referências sugeridas, seja na Universidade, ou no processo de supervisão.

Dinâmica de grupo
Outro importante instrumento é a dinâmica de grupo, descendente da Psicologia Social, a dinâmica de grupo

surgiu como um instrumento de pesquisa do comportamento humano em pequenos grupos.

Contudo, a dinâmica de grupo é um recurso que pode ser utilizado pelo Assistente Social em diferentes

momentos de sua intervenção. Para levantar um debate sobre determinado tema com um número maior de

usuários, bem como atender um maior número de pessoas que estejam vivenciando situações parecidas.

Saiba mais
E nunca é demais lembra que é o instrumento que se adapta aos objetivos profissionais – no
caso, a dinâmica de grupo deve estar em consonância com as finalidades estabelecidas pelo
profissional.
No caso do Serviço Social, o Assistente Social age como um facilitador, um agente que provoca
situações que levem à reflexão do grupo. Isso requer tanto habilidades teóricas (a escolha do
tema e como ele será trabalhado), como uma postura política democrática (que deixa o grupo
produzir), mas também uma necessidade de controle do processo de dinâmica – caso
contrário, a dinâmica não alcança os objetivos principais, dentre estes, propiciarem a reflexão
do grupo.

Visita domiciliar

E ainda temos outro instrumento para estudar: a visita domiciliar.

A visita domiciliar é um dos instrumentos que potencializa as condições de conhecimento do cotidiano dos

sujeitos, no seu ambiente de convivência familiar e comunitária.

Contudo, ela só se realizará efetivamente quando o profissional entender que é necessário e cabível para a

situação social em que está intervindo, requerendo disponibilidade e habilidades específicas deste profissional.

Visita institucional

Mas talvez vocês já tenham escutado falar sobre visita institucional – que possui outra natureza. Vamos então ler

mais um pouco para entender do que se trata esta última.

Assim como a visita domiciliar, aqui se fala de quando o Assistente Social realiza visita a instituições de diversas

naturezas – entidades públicas, empresas, ONGs etc.

Muitas podem ser os motivos para que o Assistente Social realize uma visita institucional, vejamos alguns...

• Quando o Assistente Social está trabalhando em uma determinada situação singular, e resolve visitar

-6-
• Quando o Assistente Social está trabalhando em uma determinada situação singular, e resolve visitar
uma instituição com a qual o usuário mantém alguma espécie de vínculo.
• Quando o Assistente Social quer conhecer um determinado trabalho desenvolvido por uma instituição.
Em síntese...

O estudo realizado até o momento é para dizer que não é possível pensar um instrumento de trabalho como se

ele pudesse ser mais importante do que os objetivos do Assistente Social.

O instrumental é o resultado da capacidade criativa e da compreensão da realidade social, para que alguma

intervenção possa ser realizada com o mínimo de eficácia, responsabilidade e competência profissional.

Reconhecer a instrumentalidade como mediação significa tomar o Serviço Social como totalidade constituída de

múltiplas dimensões: técnico-instrumental, teórico-intelectual, ético-política e formativa (Guerra, 2005), e a

instrumentalidade como uma particularidade e como tal, campo de mediações que porta a capacidade tanto de

articular estas dimensões quanto de ser o conduto pelo qual as mesmas traduzem-se em respostas profissionais.

No primeiro caso a instrumentalidade articula as dimensões da profissão e é a síntese das mesmas. No segundo,

ela possibilita a passagem dos referenciais técnicos, teóricos, valorativos e políticos e sua concretização, de modo

que estes se traduzam em ações profissionais, em estratégias políticas, em instrumentos tecnico-operativos.

Em outros termos, ela permite que os sujeitos, em face de sua intencionalidade, invistam na criação e articulação

dos meios e instrumentos necessários à consecução das suas finalidades profissionais.

Conclusão, por Guerra (2005)

Assim, finalizamos a aula com a contribuição do autor, que diz:

“Pela instrumentalidade da profissão, pela condição e capacidade de o Serviço Social operar

transformações, alterações nos objetos e nas condições (meios e instrumentos), visando alcançar

seus objetivos, vão passando elementos progressistas, emancipatórios, próprios da razão dialética.

Pressionando a profissão, tais forças progressistas (internas e externas) permitem que a profissão

reveja seus fundamentos e suas legitimidades, questione sua funcionalidade e instrumentalidade, o

que permite uma ampliação das bases sobre as quais sua instrumentalidade se desenvolve”.

O que vem na próxima aula


•A busca e a valorização de saberes oriundos das experiências de trabalho de diferentes categorias profissionais,

bem como a pertinência do diálogo em equipes multiprofissionais

-7-
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Aprendeu que é fundamental analisar o conjunto de fatores essenciais a aplicabilidade de cada
instrumento.
• Aprendeu que é preciso prestar atenção na diferença entre instrumentalidade e instrumentos do Serviço
Social.
• Relembrou alguns dos principais instrumentos utilizados pelo Serviço Social, tais como: observação
participante, escuta atenta (diálogo), entrevista, atividades em grupo, visita domiciliar e institucional.

-8-
ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO SERVIÇO

SOCIAL I

O TRABALHO MULTIPROFISSIONAL,
INTERDISCIPLINAR E A
TRANSDICIPLINARIDADE NO COTIDIANO
PROFSSIONAL

-1-
Olá!
Nesta aula, você irá:

1. Estudar sobre a busca e a valorização de saberes oriundos das experiências de trabalho de diferentes

categorias profissionais.

2. Valorizar o diálogo com o conhecimento produzido pelas diversas áreas de trabalho seja a Pedagogia, o

Direito, a Saúde, etc. E principalmente, valorizar o aprendizado em conjunto, com o colega de trabalho ou estágio

de outra área de atuação.

Premissa

O tema da aula é sobre a consideração que os profissionais das mais diversas áreas devem ter com relação ao

conhecimento produzido pelas categorias de trabalho diferentes.

Fique ligado
É fundamental dialogar com o conhecimento produzido pelas diversas áreas de trabalho, seja a
Pedagogia, o Direito, a Saúde, etc. E principalmente, valorizar o aprendizado em conjunto, com
o colega de trabalho ou estágio de outra área de atuação. Aquele quem pode apontar um
ângulo diferente da situação apresentada, ampliar a leitura do contexto vivenciado na
experiência de estágio.

Vamos estudar sobre o trabalho multiprofissional, interdisciplinar e transdisciplinaridade no cotidiano

profissional.

Precisamos observar essas diferenciações na vivência de estágio supervisionado.

Tenha a iniciativa em pedir auxilio a supervisora de campo para aprender a identificar tais experiências de

trabalho com profissionais das mais diferentes áreas de atuação e conhecimento.

Influências no trabalho do assistente social

O assistente social, como qualquer outro trabalhador, tem o seu processo de trabalho influenciado por diferentes

atores e determinado por contexto econômico e político, pelas diferentes organizações institucionais, pelas

diferenças geográficas e culturais e pelas atuações exercidas pela sociedade civil e do Estado.

-2-
Mediante a essa constatação, a pergunta que se faz é:

Como uma área de conhecimento, sozinha, pode realizar a leitura necessária a produção de possíveis soluções

para os problemas do cotidiano?

Claro que é impossível dar conta de tudo e todos. Então a proposta é buscar o diálogo com diversos

conhecimentos para ampliar a visão sobre uma questão profissional.

Conceitos, por Jantsch

No entanto, antes de prosseguimos com os estudos, é preciso auxiliar a compreensão dos conceitos. E para isso

iremos expor o conteúdo de Jantsch (1972) exposto por Mourão (1997, 140):

• Multidisciplinaridade

Gama de disciplina que propomos, simultaneamente, mas sem fazer aparecer às relações existentes

entre elas. Pode ser visualidade nas práticas ambulatoriais, em geral sem cooperação e troca de

informações entre si, a não ser um sistema de referência e contra-referência dos clientes, com uma

coordenação apenas administrativa.

• Pluridisciplinaridade

Justaposição de diversas disciplinas situadas geralmente no mesmo nível hierárquico e agrupadas de

modo a fazer aparecer às relações existentes entre elas.

• Interdisciplinaridade

Axiomática comum a um grupo de disciplinas conexas, definida no nível hierarquicamente superior,

introduzindo a noção de finalidade, tendendo (mas não necessariamente) para a criação de campo de

saber ‘autônomo’.

• Transdisciplinaridade (ou transversalidade)

Coordenação de todas as disciplinas e interdisciplinas do campo, sobre a base de uma axiomática geral

compartilhada; criação de campo com autonomia teórica, disciplinar ou operativa próprias.

Mas o que significa Transdisciplinaridade?

A transdisciplinaridade surge como possibilidade para o alargamento da compreensão do real, ampliando a

visão sobre o mundo, ou seja, sobre o objeto de estudo.

O aprendizado reside em aprender a dialogar com os diferentes conhecimentos, problematizar o contexto,

articulando todo o saber à vida; a necessidade de realizar uma linha de pensamento capaz de promover a cultura

-3-
de uma consciência humanitária que se funde na capacidade de integração entre a vida, a conduta e o

conhecimento.

Fique ligado
A transdisciplinaridade nasceu frente à necessidade em promover o diálogo entre diferentes
campos de saber sem impor o domínio de uns sobre os outros, a partir de uma postura ética,
recíproca e democrática.
Mediante a necessidade do diálogo, é necessária a formação de outra cultura profissional,
intelectual e educacional que contemple uma qualificação diversificada, que possibilite
gradativamente extinguir as distâncias culturais e tenha como foco a reaproximação dos
profissionais, a partir de um diálogo generoso.

Vamos voltar aos conceitos!

Para auxiliar no entendimento sobre os conceitos utilizamos o material de Rodrigues (2011).

O importante é entender que é preciso se aproximar do conhecimento das diferentes áreas, sem preconceito,

então é preciso ler, ouvir, observar e com o diferente para ampliar a visão do contexto. No entanto, isso não

garantirá a resposta para tudo, mas certamente aumentará o rol de propostas de intervenção.

A transdisciplinaridade pressupõe o exercício do diálogo, o desenvolvimento da escuta para se aproximar do que

se passa em outras áreas do conhecimento, pois é impossível saber-se tudo sobre o objeto de investigação ou

observação.

A transdisciplinaridade nos convida a uma aproximação sobre os saberes produzidos, desvelando os valores que

os mantêm, o modo de praticá-los, questionando o fazer profissional; utilizando este aprendizado como

experiência fundamental na reorientação de ações e valores. Cabe um exercício crítico entre pensamento, ação,

experiência, diferença, valores.

Diálogos

O exercício do diálogo é fundamental para a promoção da troca de experiências. Esse tipo de diálogo é abordado

pelas teorias ligadas à cultura e ao desenvolvimento do trabalho em equipe. Normalmente, esse conhecimento

compartilhado acontece quando:

Ocorre diálogo frequente e comunicação “face a face”; a partir de discussão de casos ou reuniões visando o

estudo de um objeto delimitado.

-4-
Falas, insights e intuições são valorizados, disseminados e analisados (discutidos) sob várias perspectivas (por

grupos heterogêneos) para que se possa fazer uma triagem do que realmente valerá se debruçar a partir de um

olhar investigativo.

É preciso valorizar o trabalho do outro, a partir de uma postura de quem está em busca do aprendizado.

Troca de “bagagens”

A troca de conhecimento em busca do aprendizado e da criação de formas de intervenção se realiza “face a face”,

como antes colocado.

Mas também a partir das leituras bibliográficas pertencentes às diversas áreas do conhecimento e temas, a

saber: psicologia, educação, economia, administração, direito, etc.

A leitura será selecionada a partida da experiência de trabalho (ou estágio) vivenciada.

Exemplo

Por exemplo, se o estágio está ocorrendo no espaço do judiciário, então é sugestiva a leitura de textos

relacionados à área do direito em busca de conhecimento acumulado nesta área.

Referências bibliográficas

Referências Bibliográficas: VASCONCELLOS, Eduardo Mourão. Serviço Social e interdisciplinariedade: o exemplo

da saúde mental. In: Serviço Social e Sociedade, n° 54, ano XVIII, julho, 1997.

RODRIGUES, Maria Lucia, Caminhos da transdisdplinariedade: fugindo a injunções lineares. In: http://www.

pucsp.brinemess/links/artigos/marialucia3.htm, pesquisado em 17/11/2011.

O que vem na próxima aula


•Uma reflexão sobre o processo de trabalho do Serviço Social, incentivando a observação de elementos

essenciais para o estudo da prática profissional. Considerando os diferentes espaços sócios ocupacionais e suas

especificidades.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Uma reflexão sobre o processo de trabalho do Serviço Social, incentivando a observação de elementos
essenciais para o estudo da prática profissional. Considerando os diferentes espaços sócios ocupacionais
e suas especificidades.

-5-
ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO SERVIÇO

SOCIAL I

O PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO


SOCIAL

-1-
Olá!
Nesta aula, você irá:

1. Estudar sobre o processo de trabalho do Serviço Social, considerando os diferentes espaços sócios

ocupacionais e suas especificidades.

2. Reconhecer a necessidade em delimitar um objetivo a ser alcançado, isto é, em identificar as finalidades das

ações profissionais para que se possam reconhecer os resultados.

Introdução

O Serviço Social é trabalho, portanto, possui elementos constitutivos do processo de trabalho:

Matéria-prima (objeto de trabalho);


• Meios (instrumentos);
• Produtos (resultados).
• Parte desta discussão foi realizada ao longo desta (e de outras) disciplinas.
A discussão sobre processo de trabalho no serviço social remete aos seguintes questionamentos (dentro do

espaço de trabalho):
• Como e por quem é planejado o processo de trabalho do serviço social?
• Quem gerencia o trabalho do serviço social?
• Quais são as frentes de atuação do serviço social?
• Quais os principais instrumentos de trabalho?
• Quais os principais objetivos?
• Quais os principais objetos?
• Quais as principais demandas ao serviço social?
• Quais os principais produtos do trabalho do Serviço social?
• Qual o referencial teórico metodológico (base intelectual)?
Esses questionamentos são direcionadores para compreensão do processo de trabalho do Serviço Social. Mas

como acontece em toda profissão, há profissionais que estão apenas executando, sem delimitar os instrumentos,

apenas reproduzindo ações realizadas anteriormente.

Outros apenas gerenciam, mas pouco se aproximam daqueles que executam, para compreender o sentido do

trabalho. E ainda existem aqueles que não conseguem perceber o resultado, o trabalho realizado (produto) dado

à fragmentação da prática profissional. Neste sentido, a importância em analisar os elementos constitutivos da

profissão.

A matéria-prima

-2-
A matéria-prima ou objeto num processo de trabalho ao qual o serviço social se encontra inserido será

delimitada a partir da própria experiência de trabalho. Esta matéria-prima aparece camuflada da sua realidade.

Os fatos se apresentam fragmentados, exigindo uma intervenção profissional. Para tanto, podemos compreender

que a matéria-prima da profissão aparece primeiramente no campo da singularidade, e necessita ser delimitada,

estudada.

Instrumentos de trabalho

Os meios ou instrumentos de trabalho são utilizados pelo assistente social na estratégia de realização do

trabalho do profissional. Estes meios ou instrumentos podem estar ao alcance ou alienado ao profissional, que

deve criar caminhos para superar os limites e ampliar as possibilidades de ação profissional.

Instrumentos não consistem somente em técnicas, como visitas, reuniões e relatórios, pois afirmar isto é

desqualificar o trabalho do assistente social. Ao estudar uma profissão, seja qual for, aprendemos que os

instrumentos são utilizados e selecionados visando o alcance de objetivos.

Para isso existe a faculdade, o profissional recebe uma formação que o habilita em uma determinada área de

conhecimento e atuação, ou seja, responsável pelo discurso e ações profissionais. Aprendendo organizar o seu

próprio fazer profissional, e delimitando os instrumentos necessários para atingir os objetivos propostos.

A competência política e teórico-metodológica é a base para delimitar as possibilidades da prática profissional, a

instrumentalização da prática profissional deve superar o sentido apenas operacional que vem sendo colocado e

reforçado, historicamente.

O instrumental mobilizado no processo de trabalho do serviço social se relaciona diretamente como o aporte

teórico-metodológico. Uma separação destes acaba se desdobrando em ações com pouca efetividade e resultado,

pragmática.

A autonomia, a conquista de espaços, o saber se posicionar, o desenvolvimento de habilidades, a criação de

estratégias, o aprimoramento intelectual e o conhecimento teórico-metodológico são exemplos de meios

/instrumentos utilizados pelo profissional, na perspectiva de uma intervenção transformadora.

A especificidade (o objeto de intervenção da profissão) é campo de ação profissional e esta intervenção necessita

de instrumentalidade: técnicas, instrumentos, estratégias. Sem esta instrumentalidade não há possibilidades de

uma intervenção profissional transformadora, tendo em vista que a apropriação da instrumentalidade

possibilitará a criação de espaços de potencialidades.

Isso quer dizer que o profissional deve saber por que estão escolhendo um determinado instrumento, outros

não. É preciso justificar os instrumentos mais adequados a transformação da matéria prima, ou objeto de

intervenção

-3-
O objetivo consiste em um elemento constitutivo do processo de trabalho. Este elemento no trabalho do

assistente social está relacionado a direcionamento profissional. Não é possível intervir na realidade se não há

uma diretriz norteadora que indique princípios e objetivos da intervenção profissional. Sem a finalidade, a

intervenção se reduz às demandas institucionais e não traz transformação efetiva à vida dos sujeitos.

Instrumentos de trabalho

Todo o trabalho profissional resultará num produto, isto é, ações que tenham impacto, que mudem a realidade e

tenham continuidade através do tempo e do espaço.

Mas devemos refletir sobre os diversos espaços sócio-ocupacionais ou institucionais, que trabalham os

assistentes sociais, isto é, com demandas/objetos institucionais igualmente diversificados.

A Questão Social como objeto da profissão Serviço Social leva assistentes sociais a diversos espaços

profissionais. É necessário, portanto, articular os fundamentos teórico-metodológicos, ético-políticos e técnico-

operativos e consolidar a identidade profissional nestes espaços, a partir da finalidade, objeto e objetivos da

profissão Serviço Social.

Agora muita atenção!

Como a questão social se configura naquela instituição ou naquele espaço sócio-ocupacional (onde você realiza

seu estágio curricular)?

A busca da resposta é o desafio em compreender o processo de trabalho do Serviço Social atrelado a uma

determinada área de atuação, seja na Saúde, Judiciário, Assistência Social, Empresa, etc.

O conhecimento

Considerando os diversos espaços sócios ocupacionais, devemos apoiar as pesquisas e os projetos que

favoreçam o conhecimento do modo de vida e de trabalho, as expressões culturais, da população atendida,

construindo um acervo de dados sobre os sujeitos e as expressões da questão social.

O conhecimento sistematizado dos processos sociais e sobre o modo de vida dos indivíduos poderá alimentar

ações inovadoras, capazes de resultar no atendimento as reais necessidades sociais da população atendida, alvos

das ações institucionais.

Esse conhecimento é indispensável para promover a consciência crítica e uma cultura pública democrática para

além das ideologias difundidas, particularmente pela mídia.

Isso demanda estratégias técnicas e políticas no campo da comunicação social – no emprego da linguagem

escrita, oral e midiática –, para o desenvolvimento de ações coletivas que possibilitem propostas profissionais

para além das demandas instituídas.

O mundo atual solicita um perfil de profissional culto, crítico e capaz de formular, recriar e avaliar propostas que

colaborem para a progressiva democratização das relações sociais. Exige-se compromisso ético-político com os

-4-
valores democráticos e competência teórico-metodológica na teoria crítica, em sua lógica de compreensão da

vida social. Esses elementos, aliados à pesquisa da realidade, possibilitam desvendar as situações particulares

com que se defronta o assistente social no seu trabalho, de modo a conectá-las aos processos sociais

macroscópicos que as geram e as modificam.

Saiba mais

Após a realização da 9ª aula e dos exercícios de registro de frequência, faça a


leitura do texto disponibilizado na internet.
• Iamamoto, Marilda. Os espaços sócios ocupacionais.

O que vem na próxima aula


•Questões referentes à construção do relatório das atividades realizadas na experiência de estágio, isto é, o

produto de análise do trabalho do Serviço Social.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Estudou sobre o processo de trabalho do Serviço Social, considerando os diferentes espaços sócios
ocupacionais e suas especificidades.
• Reconheceu a necessidade em delimitar um objetivo a ser alcançado, isto é, em identificar as finalidades
das ações profissionais para que se possam reconhecer os resultados.

-5-
ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO SERVIÇO

SOCIAL I

SISTEMATIZAÇÃO DA PRÁTICA
PROFISSIONAL

-1-
Olá!
Nesta aula, você irá:

1. Estudar sobre a sistematização da prática profissional.

2. Incentivar o aluno estagiário a reflexão sobre a experiência de estágio, considerando as atividades

desenvolvidas – e a possibilidade da elaboração do relatório das atividades realizadas.

Premissa

A aula de hoje é sobre a importância em se organizar profissionalmente para se garantir a qualidade na prática

profissional, considerando a dinâmica de sistematização da prática profissional

O Serviço Social, que exige uma formação de nível superior para ser exercido, construiu ao longo da história um

conjunto de procedimentos de registro, monitoramento e avaliação das práticas profissionais. E todo material de

registro é necessário para subsidiar pesquisas analíticas, visando o aperfeiçoamento das ações desempenhadas.

No entanto, Teixeira (2007) nos diz que:

“Esta regularidade, contudo, esteve longe de sedimentar uma postura que atravessasse a história do

Serviço Social com a mesma intensidade e relevância. Da mesma forma, esteve muito distante dos

processos de demarcação de preocupações investigativas que requeressem a mobilização e o

domínio de um conjunto razoável de instrumentos e aportes teórico-metodológicos, tal como ocorre

entre os profissionais pesquisadores das diversas áreas das chamadas ciências sociais. Concluindo,

não conseguiu, contudo, o Serviço Social forjar uma cultura profissional que se alimentasse

diretamente, ou que indicasse um papel de destaque, às atividades investigativas, particularmente

aos processos de sistematização do seu trabalho, tomado integral ou parcialmente segundo um

variado leque de enfoques (p.400).”

A profissão

O Serviço Social enquanto profissão precisa construir continuadamente procedimentos de sistematização de

suas atividades profissionais, considerando os instrumentos até então construídos e as orientações acadêmicas

sobre o assunto. Os registros não podem se tornar atividades burocráticas sem finalidade. É preciso considerar o

registro em suas diversas formas no processo de avaliação e reflexão sobre o seu próprio trabalho.

-2-
Fique ligado
A sistematização da prática foi entendida pelo CELATS como todo o processo de organização
teórico-metodológico e técnico instrumental da ação profissional em Serviço Social. Neste
sentido, a preocupação com a sistematização se inicia com a própria delimitação dos
referenciais que orientarão a eleição dos aportes teóricos, da condução metodológica, da
definição das estratégias de ação, do reconhecimento do objeto da intervenção profissional,
assim como de seus objetivos e da avaliação dos resultados alcançados. (Teixeira in Mota, 401,
2007)
É possível verificar na literatura produzida pelo Serviço Social que ainda é pouco comum as
reflexões que publicam as experiências profissionais realizadas ou em andamento. A
sistematização da prática profissional é primordial para o desenvolvimento teórico da
profissão.

Sistematização e o assistente social

A criação de uma série de dados e informações no dia-a-dia de trabalho, especificamente sobre as condições de

vida da população, as propostas e desenvolvimento das políticas sociais, o caldo cultural e político proveniente

das diversas classes sociais, devem ser identificados no trabalho do assistente social.

A sistematização como uma atividade do trabalho (O exercício crítico e reflexivo sobre a prática profissional

envolve uma natureza teórica em busca de uma leitura sobre as expressões cotidianas da realidade social,

influenciadas por diversos aspectos que envolvem o contexto político, econômico e social na

contemporaneidade. A sistematização no trabalho do assistente social exige do profissional uma reflexão teórica,

que renova o estatuto teórico da profissão, e a legítima na atualidade.) do assistente social é um processo que

envolve a produção, organização e análise dos dados e informações a partir da perspectiva do aprendizado.

Opinião de Teixeira

Veja o que Teixeira (p.4003, 2007) nos diz sobre sistematização da prática profissional:

"Situamos também, dentre o leque de questões que valorizam a sistematização como um momento

importante do trabalho do assistente social, a sua dimensão realimentadora da própria condução de

seu trabalho. Para além da construção coletiva da história da atuação profissional que este processo

também encerra, ressaltamos aqui seu impacto mais imediato: a reflexão sobre alguma dimensão da

atividade profissional favorecendo um reordenamento desta experiência. Neste caso, podemos ter,

por exemplo, uma reflexão sobre certos instrumentos de trabalho, sobre a pertinência dos mesmos

aos objetivos propostos e ao aporte teórico-metodológico utilizado, assim como a experimentação de

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novas técnicas, não como opções restritas ao âmbito das opções metodológicas, mas como

possibilidades ancoradas nas tensões entre o projeto e as opções profissionais, com suas nuances

éticas, políticas e teórico-metodológicas, e a dinâmica da produção e da reprodução social que

determinam as condições efetivas de nosso trabalho.”

Transformações e influências

Percebe-se a necessidade de um repensar dos profissionais frente a todas as transformações societárias, uma vez

que também o Serviço Social sofre as influências das mudanças na realidade social.

Assim, as exigências da formação profissional baseiam-se em princípios como reorganização do currículo de

1982, aproveitando os pontos positivos e modificando aqueles que impedem o desenvolvimento profissional

proposto.

Saiba mais
Busca-se também a formação de um profissional com visão de totalidade percebendo as
dimensões de universalidade, particularidade e singularidade. Por isso que a realização do
exercício de análise sobre a prática profissional é de fundamental importância ao futuro
profissional.

Pesquisa e análise

A pesquisa e intervenção devem ser tratadas como princípios de formação profissional e como base para a

relação teoria-realidade-prática, ou seja, estudar sobre a prática profissional é indispensável ao profissional que

busca imprimir a qualidade nas atividades diárias de trabalho.

No entanto, a ética profissional que deve ser o eixo central da formação profissional do assistente social. Neste

contexto a leitura em busca do aprendizado constante é fundamental para se aproximar cada vez mais de uma

As perspectivas de formação do assistente social buscam atender à nova realidade social apresentada e aos

novos paradigmas da educação que direcionam os destinos da humanidade. Através da formação profissional é

possível refletir sobre os movimentos societários e construir propostas para a superação das misérias sociais a

que está submetida à humanidade.

O Assistente Social deve desenvolver a habilidade em articular permanentemente análises das tendências

estruturais com a dinâmica conjuntural; apropriar-se criticamente da lógica que preside a política de ensino

superior e acompanhar as medidas nas quais se materializa.

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Realizar, enfim, uma vigilância cívico – acadêmica, de modo a apropriar-se das possibilidades de interferências –

dentro dos limites presentes – nas regras do jogo que regem a formulação e implementação da política do ensino

superior, no cotidiano das relações que conformam a vida universitária e o exercício profissional (IAMAMOTO,

2007, p. 236).

Segundo IAMAMOTO (2007, p. 167), O (a) assistente social trabalha no âmbito das relações sociais, em suas

expressões na vida quotidiana, nas esferas públicas e privadas. Interfere na reprodução das condições de vida

material dos segmentos populacionais que tem acesso aos serviços previstos nas políticas sociais públicas e

empresariais. Mas, também, opera no minado terreno político ideológico – que incorpora conhecimentos,

valores, comportamentos, atitudes, sentimentos e emoções, que conformam a esfera da subjetividade dos

indivíduos sociais, cuja existência é socialmente objetiva. O assistente social, ao acompanhar o movimento e o

ritmo das marés neoliberais, pode vir a torna-se um eficiente e eficaz coadjuvante dos mecanismos de

fetichização da vida social: um profissional mistificado e da mistificação.

Capacidade: competência e habilidade

Os valores primordiais no processo de formação profissional do assistente social se expressam na defesa da

qualidade dos serviços, na competência profissional, na viabilização dos direitos sociais e da cidadania, na luta

pela radicalização da democracia no aprimoramento intelectual dos profissionais.

Assim, o profissional que atua nas expressões da questão social, formulando e implementando propostas, de

intervenção para seu enfrentamento, deve desenvolver a capacidade de promover o exercício pleno da cidadania

e a inserção criativa e propositiva dos usuários do Serviço Social no conjunto das relações sociais e no mercado.

Fique ligado
E como já citado antes nas diversas aulas e disciplinas realizadas até então, outro aspecto
importante é a inserção dos requisitos de competência e habilidades. Entende-se que a
formação profissional deva viabilizar a aquisição de competências, como a capacitação teórico-
metodológica e ético-política.
Nesse sentido reforça-se a importância da educação continuada profissional no âmbito teórico,
metodológico, técnico-operativo, e ético-politico dos sujeitos envolvidos na formação
profissional. Todos os sujeitos envolvidos têm suas responsabilidades, que compreendem o
respeito ao outro, o compromisso com o coletivo e a coerência entre os valores éticos
assumidos e as atitudes práticas.

Benefícios da sistematização

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A formação profissional pode ser estabelecida na construção cotidiana da relação teoria-prática e se consolidar

através do entendimento sobre as habilidades e competências e a busca de viabilidade dos projetos de mudanças

sociais com os quais a profissão está associada.

Tudo isso repercute nas condições de trabalho do assistente social. Diariamente ele se vê envolto por um

acúmulo de trabalho, aumento de seu desgaste físico e diminuição de recursos e alternativas para o

enfrentamento das questões sociais.

Saiba mais
A sistematização da prática profissional quando considerada um dos elementos constitutivos
do processo de trabalho do Serviço Social vem a contribuir na compreensão e enfrentamento
das questões sociais nas suas diversas expressões. Sistematizar a prática profissional propicia
o cunho investigativo, no esforço empreendido que se faz no sentido de traçar as bases
preliminares para a operacionalização de uma proposta de metodologia qualitativa de
avaliação de serviços, projetos e ações desenvolvidas.

Principais questões

Mas como operacionalizar uma proposta de estudo situada num campo do estágio supervisionado?

Percebem-se, portanto, enquanto unidade de análise, não é somente o serviço realizado, mas a atividade

realizada que correspondem à rede de relações internas e externas, as experiências, as estruturas e os processos

que constituem aquela prática institucional.

Fique ligado
Alguns pontos de observação e análise foram destacados ao longo desta disciplina, no entanto
é fundamental mais uma vez registrar a necessidade em dedicar um tempo para a realização
da caracterização do perfil da população atendida e os dados sobre a atuação do serviço.
Outro indicador de análise, também citado anteriormente, refere-se à busca pela compreensão
das relações que alicerçam e constituem a atuação daquele serviço ou programa. Estas se
relacionam à estrutura do serviço, tais como: organização formal, definição de objetivos
organizacionais, estrutura hierárquica, etc.

Quais processos deveriam ser analisados?

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Seria o próprio processo de trabalho, que culmina nas ações realizadas no cotidiano de trabalho. Outro processo

importante para a compreensão da prática profissional é o contexto das interações estabelecidas entre os

diversos atores sociais (profissionais, população-alvo, secretarias de governo, outras instituições) envolvidos nas

atividades.

Estamos dizendo então que é preciso conhecer a atuação profissional, isto é: os principais objetivos

institucionais, os dados estatísticos já produzidos pelo próprio serviço, as secretarias e outras instituições de

pesquisa, as estratégias e dinâmica de atendimento, a população-alvo, recursos utilizados. Enfim, todas as

informações disponíveis devem ser estudadas.

Detalhamento da análise

Busca-se conhecer o dia-a-dia do serviço ou da ação profissional.

A análise propriamente dita, isto é, a etapa de elaboração de um relatório, onde se busca articular conhecimentos

teóricos sobre a temática à qual se refere à avaliação de problemas empíricos visando aperfeiçoar e sugerir

ações profissionais.

Este momento de avaliação, de um balanço mesmo da experiência de estágio supervisionado, portanto, deve ser

vista como este desafio de articulação entre as distintas disciplinas que constituem a formação profissional, e

cursada até o momento.

Outra perspectiva importante é o compromisso de compartilhar um conhecimento produzido com aqueles

sujeitos sociais cujas ações e vivências foi objeto de reflexão, em especial a supervisora do campo de estágio

supervisionado.

Estes aspectos fazem parte dos desafios e dilemas que compõe a formação profissional e contribuem

efetivamente para o processo de ensino-aprendizagem de todos os envolvidos.

Os diversos exercícios e atividades propostas ao longo da disciplina visam incentivar o aluno a realizar o

estabelecimento de um tipo de relação pedagógica no processo de formação de profissional particularmente

privilegiado em termos da capacidade deste em estabelecer uma síntese, de desconstruir um pensamento

orientado por modelos aplicáveis, de articular críticas e formação, em síntese, de se construir em sua identidade

de trabalhador, de futuro assistente social.

É preciso realizar os exercícios e atividades propostas nas mais diversas disciplinas, como também é de

fundamental importância a realização das leituras indicadas nas referências.

Referências

IAMAMOTO, Marilda Vilela. Serviço Social em tempo de capital fetiche. São Paulo: Cortez, 2007.

MOTA, Ana Elizabeth. et alli (Orgs). Serviço Social e saúde: formação e trabalho profissional. 2ª ed. São Paulo:

Cortez; Editora Brasília: OPAS, OMS, Ministério da Saúde; Recife: ABEPSS, 2007.

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CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• aprendeu o quanto é necessário o esforço rumo à sistematização da prática profissional, bem como
recebeu um rol de orientações para a construção do relatório das atividades realizadas na experiência de
estágio supervisionado.

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