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2019 nCoV
2019 nCoV
Introdução
Breve histórico
Em 31 dezembro de 2019, o escritório regional da OMS recebeu notificação de casos de pneumonia de causa etiológica
desconhecida, em pessoas residentes na região de Wuhan, província de Hubei, na China. De 31 de dezembro de 2019 a 3 de
janeiro de 2020 foram notificados 44 pacientes com a doença. Em 7 de janeiro de 2020, os cientistas chineses identificaram um
novo tipo de coronavírus. Em 12 de janeiro, as autoridades chinesas compartilharam a sequência genética do novo vírus para que
os países pudessem desenvolver testes diagnósticos. Em 13 de janeiro de 2020, a Tailândia relatou o primeiro caso importado do
novo coronavírus. Em 15 janeiro 2020 o Japão relata o primeiro caso importado e em 20 de janeiro 2020 a República da Coréia
também relata o primeiro caso importado. Todos os casos foram confirmados laboratorialmente em Wuhan, China. Em 21 de janeiro
2020, os EUA confirmaram o primeiro caso importado em paciente procedente de Wuhan, China.
Muitos pacientes relataram exposição a frutos de mar e carnes, sugerindo uma possível transmissão animal-pessoa,
porém, outros pacientes negaram o contato com animais e frutos do mar sugerindo uma possível transmissão pessoa-pessoa. No
momento, não é conhecido com qual facilidade o vírus se dissemina entre as pessoas e se apresenta transmissão sustentada. A
transmissão pessoa-pessoa ocorre com outros coronavírus, como MERS-CoV e SARS-CoV, porém a transmissão, nestes casos,
ocorre quando existe contato muito próximo entre as pessoas. Importante ressaltar que existe variação quanto a capacidade do
vírus ser transmitido entre pessoas. As investigações estão sendo dirigidas no sentido de conhecer o comportamento e a
transmissibilidade do 2019-nCoV. A transmissão pessoa-pessoa se dá através da via respiratória, por secreções produzidas por
exemplo, durante episódios de tosse, espirros e coriza, semelhante à transmissão do vírus da influenza.
O Ministério da Saúde do Brasil, em 17 de janeiro de 2020, publicou o Boletim Epidemiológico no.1 da SVS/MS com
orientações sobre o novo coronavírus e mantém atualizações diárias sobre o assunto. Em 23 de janeiro está a última versão do
boletim epidemiológico e pode ser acessada pelo link:
http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2020/janeiro/23/Boletim-epidemiologico-SVS-04.pdf
Em 22 de janeiro 2020, o Ministério da Saúde através da Secretaria de Vigilância em Saúde, ativa o COA-Centro de
Operações de Emergência, nível 1 para a organização das atividades de monitoramento e atualização, em nível nacional e
internacional sobre, 2019-nCoV.
No Brasil, até esta data, não existe relato de caso de 2019-nCoV. Os dois casos suspeitos relatados foram descartados
por critério da OMS.
O director geral da OMS, até o presente momento, não declarou o surto de 2019-nCoV como uma emergência de saude
pública internacional.
Janeiro 2020; Seção de Epidemiologia Hospitalar – SEH – Hospital de Clínicas 2019-nCoV/23 jan/2020v1/doc1 1
Panorama atual em 23 de janeiro de 2020 dos casos de 2019-nC0V no
mundo
Singapura confirmou o primeiro caso importado de 2019-nCoV e Vietnan confirmou dois casos .
Janeiro 2020; Seção de Epidemiologia Hospitalar – SEH – Hospital de Clínicas 2019-nCoV/23 jan/2020v1/doc1 2
Novo coronavírus (2019-nCov)
Definição de caso para vigilância
As definições de caso são baseadas nas informações atualmente disponíveis e podem ser revisadas a qualquer momento.
Caso suspeito
Critérios clínicos Critérios epidemiológicos
A) Infecção respiratória aguda grave 1História de viagem ou ser residente da cidade de Wuhan, província
Febre, tosse, dificuldade para respirar com necessidade de de Hubei, China, nos últimos 14 dias antes do início dos sintomas
procurar assistência hospitalar E OU
Ter tido contato próximo2 com caso suspeito de 2019-nCoV
OU
3O paciente é profissional da saúde e esteve trabalhando em
C) Pacientes com qualquer doença respiratória aguda E pelo menos uma das seguintes situações:
• Contato próximo com caso confirmado ou provável de 2019-nCoV nos 14 dias antes do início da doença
OU
• Ter visitado ou trabalhado com mercado de animal vivo em Wuhan, China nos 14 dias que antecederam o quadro respiratório
OU
• Ter trabalhado em instituição de cuidado da saúde, nos 14 dias antes do início dos sintomas, onde foram atendidos pacientes
onde foi reportado 2019-nCoV
1WHO. Global surveillance for human infection with novel coronavírus (2019-nCoV) 21 January 2020.
2 Contato próximo é definido como: estar aproximadamente 2 metros de paciente com suspeita de caso, dentro da mesma sala ou área de
atendimento, por período prolongado, sem uso de equipamento de proteção individual (EPI). Contato próximo pode incluir: morar, cuidar,
visitar ou compartilhar uma área ou sala de espera ou ainda em casos de contato com fluidos corpóreos, sem o uso de EPI recomendado.
3Exposição do profissional da saúde inclui: atenção direta ao paciente com nCoV; trabalhar com profissionais da saúde infectados; visitar
Caso provável
Caso suspeito com resultado de teste inconclusivo para 2019-nCoV ou com teste positivo em ensaio laboratorial para pan-
coronavirus
Caso confirmado
Indivíduo com confirmação laboratorial para 2019-nCoV independente de sinais e sintomas.
Caso descartado
Caso suspeito com resultado laboratorial negativo para 2019-nCoV ou confirmação diagnóstica para outro agente etiológico.
Janeiro 2020; Seção de Epidemiologia Hospitalar – SEH – Hospital de Clínicas 2019-nCoV/23 jan/2020v1/doc1 3
Novo coronavírus (2019-nCov)
Diagnóstico laboratorial
Introdução
O agente responsável pelo surto de pneumonia em Wuhan, China, foi identificado como um novo betacoronavirus, da mesma
família de SARS-CoV e MERS-CoV, através de identificação genômica por next generation sequencing, a partir da cultura do vírus
ou diretamente de amostras respiratórias de pacientes com pneumonia grave.
Trabalhando com estas informações foram desenvolvidos ensaios de PCR que estão sendo usados em laboratórios associados ao
CDC da China. O CDC dos EUA também vem desenvolvendo testes diagnósticos por biologia molecular- Real time Reverse
Transcription-Polimerase Chain Reaction (rRT-PCR) que será compartilhado com outros países em breve.
Os testes laboratoriais deverão ser considerados para os casos que preencham os critérios de casos suspeitos. Descartar
a infeção por Influenza. A OMS recomenda que todo caso suspeito deve ser testado, mas dependendo da capacidade laboratorial
de cada país, este deverá adaptar a melhor estratégia para implementação dos testes diagnósticos.
Até o momento, um teste negativo, particularmente se este for de secreção de trato superior, não exclui o diagnóstico da
infecção. Recomenda-se repetir a coleta de espécime do trato respiratório inferior, nos casos de progressão da doença. Um teste
positivo para outro patógeno nem sempre afasta o diagnóstico de 2019-NCoV, pois pouco se conhece do papel de coinfecções.
Janeiro 2020; Seção de Epidemiologia Hospitalar – SEH – Hospital de Clínicas 2019-nCoV/23 jan/2020v1/doc1 6
Novo coronavírus (2019-nCov)
Atendimento para pacientes que preenchem critérios de caso suspeito
• Durante o período diurno 8:30 às 17:30hs: Contatar imediatamente a Seção de Epidemiologia Hospitalar através dos
ramais 1-7451/1-7045/
• Período noturno, finais de semana e feriados: ligar no BIP da Infectologia
• Um profissional da saúde da SEH / residente da Infectologia e um médico assistente irão imediatamente até o local onde
se encontra o paciente para auxiliar no atendimento
• O Núcleo de Vigilância Epidemiológica (NVE) fará a notificação compulsória dos casos-suspeitos e dará encaminhamento
da investigação do diagnóstico etiológico. O NVE é o canal de comunicação entre o HC-UNICAMP e os órgãos
competentes oficiais, local, estadual e federal.
Os principais sinais e sintomas reportados são febre e em alguns casos dificuldade respiratória. A radiografia de tórax
pode mostrar infiltrados pneumônicos bilaterais.
Infecção respiratória aguda grave é caracterizada pela história de febre e tosse requerendo assistência hospitalar, com
nenhuma outra etiologia que explique a apresentação clínica. Os clínicos devem estar alerta para apresentações atípicas
em pacientes imunodeprimido.
Paciente com quadros respiratórios virais leves podem apresentar dor de garganta, congestão nasal, fraqueza, cefaleia,
dores musculares, mas de leve intensidade e não requerem internação.
Nos casos de pneumonia de menor gravidade, o paciente apresenta pneumonia, mas sem sinais de gravidade. Este
quadro pode evoluir para quadros mais graves com pneumonia severa, taquipneia (>30 incursões respiratórias /min),
importante dificuldade respiratória (SpO2 <90% em ar ambiente).
Síndrome de stress respiratório agudo: Pode ser de início agudo ou piora de quadro inicial mais brando.
Paciente pode evoluir com sepse e choque séptico.
Transferir o mais rápido possível o paciente caso-suspeito para a Enfermaria de Moléstias Infecciosas ou para a UTI a
depender das condições clínicas do paciente
Janeiro 2020; Seção de Epidemiologia Hospitalar – SEH – Hospital de Clínicas 2019-nCoV/23 jan/2020v1/doc1 8
Duração das precauções de contato e gotículas para pacientes caso-suspeito de 2019-nCoV
Não se conhece ainda a duração da transmissão do vírus. A recomendação da OMS é manter o paciente em precauções
e quarto privativo até que desapareçam os sintomas, ou seja, até o paciente ficar assintomático ou durante toda internação.
NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA
Referências
1. Boletim Epidemiológico no.4. Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde
2. Center for Diseases Control and Prevention. First travel-related case of 2019 novel coronavírus detected in United States.
https://www.cdc.gov/media/releases/2020/p0121-novel-coronavirus-travel-case.html
3. World Health Organization. https://www.who.int/health-topics/coronavirus
Dados de 22 Janeiro 2020. Situação atual de casos de 2019-nCoV no mundo.
https://www.devex.com/news/2019-ncov-outbreak-a-timeline-96396
Janeiro 2020; Seção de Epidemiologia Hospitalar – SEH – Hospital de Clínicas 2019-nCoV/23 jan/2020v1/doc1 9