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Psiquiatria | Bárbara Vilhena

Estabilizadores do Humor

Lítio

É uma das primeiras escolhas, pode ser utilizada em todas as fases da doença (mania aguda, depressão aguda e
na fase de manutenção). Apresenta ação principalmente na fase de mania, com eficácia moderada na fase
depressiva.

Mecanismo de ação: parece ser a questão da diminuição da dopamina (que está aumentada na mania), mas
parece ter plasticidade neuronal, neuroproteção e melhora de cognição. Pode entrar na célula e tem efeito
antioxidante, diminuindo o estresse oxidativo dos pacientes.
 Estabilizador de humor
 Potencialização de antidepressivo em quadros depressivos recorrentes ou graves
 Ação antissuicídio em transtornos afetivos
 Impulsividade, violência e raiva episódica

Mania aguda: opção de primeira linha em monoterapia para a mania. Entretanto, existem literaturas que
afirmam que serviria apenas nos transtornos maníacos de moderada intensidade, para casos graves,
recomenda-se o valproato ou antipsicóticos atípicos.
Depressão aguda: fármaco de primeira linha, especialmente nos quadros moderados, mas demora a fazer
efeito (3 a 5 semanas), por isso acaba preferindo outros fármacos, como a lamotrigina. Deve haver cautela
quanto à prescrição de antidepressivos em razão do risco de ciclagem maníaca, algo que não foi observado
com o lítio.

Farmacocinética: é um íon, corre solto no sangue, não é uma molécula que se liga a proteínas plasmáticas.
Não tem metabolização hepática, sendo boa opção para pacientes com insuficiência hepática. Metabolização e
excreção renal, cuidado nos pacientes com IR.

Modo de usar: Iniciado em doses de 600 mg/dia, dividida em 1 ou 2 tomadas, solicitando litemia após 7 dias
de uso. A apresentação de liberação retardada “CR” possibilita a administração em dose única.

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Fases agudas deixar a litemia entre 1.2 ou 0.8, nas fases de manutenção tende a deixar entre 0.6 ou 0.8.
Antes da prescrição do lítio é necessária a avaliação de alguns parâmetros, como função tireoidiana, renal,
eletrocardiograma (ECG) e alguns eletrólitos (cálcio e fósforo).
OBS: atentar para nefrotoxicidade e efeito na tireoide que pode ocorrer com o lítio -> mas não são contra-
indicações
Inicialmente são necessárias dosagens semanais do lítio sérico, passando a mensais após estabilização do
quadro clínico e, após 6 meses, podem ser semestrais.

Manejo da intoxicação: não tem antídoto, realiza suporte e monitorização, solicitar exames de função renal,
eletrólitos, litemia e ECG. Hidratar bastante e descontaminação com lavagem gástrica. Em teoria, só lítio não
tem indicação de carvão ativado, mas se forem mais medicações faz.
Casos graves: diálise -> acima de 2,5 se sintomas graves ou função renal ruim OU acima de 4 mEg/L sempre.

Antipsicóticos atípicos

Considerados primeira escolha de tratamento em episódios agudos e manutenção.


Depressão aguda: quetiapina, lurasidona
Mania aguda: qualquer um (olanzapina, quetiapina, risperidona)
Se o paciente tem sintomas psicóticos, é mandatório o uso.

Anticonvulsivantes

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Utilizados tanto para as fases agudas (mania e depressão) como na de manutenção.

Mecanismo de ação: atuam intensificando as ações inibitórias do GABA, especialmente por redução do fluxo
de ions nos canais de sódio sensíveis a voltagem. Valproato e lamotrigina atuam inibindo a liberação de
glutamato, que é um neurotransmissor excitatório. O valproato parece também ter ação semelhante ao do lítio
na cascata de transdução dos sinais, inibindo a GSK3 e a PKC.
Mania aguda: valproato é indicado como tratamento de primeira linha em monoterapia para mania aguda,
com eficácia semelhante a do lítio. Níveis séricos entre 50 e 120 são considerados terapêuticos. Como opção
de segunda linha em monoterapia tem a carbamazepina, lembrando que ela interage inclusive com ela mesma.
Ambos apresentam apresentação de liberação prolongada, permitindo a administração de dose única diária. A
oxcarbamazepina tem sido amplamente utilizada na prática clinica para o TBH, especialmente na fase
maníaca.

Depressão aguda: a lamotrigina é o único anticonvulsivante indicado em monoterapia para a fase aguda da
depressão bipolar. A posologia deve ser ajustada quinzenalmente até se atingir a dose de 100mg/dia (dose
única noturna). Após esse período, aumentos mais incisivos na posologia podem ser feitos com menos risco
de ocorrência de síndrome de Steven-Johnson (0,1% de ocorrência). Vantagem sobre os antidepressivos por
não causar virada maníaca.

Tanto o valproato como a carbamazepina são indicados para tratamento de manutenção no TBH,
especialmente no que concerne à atuação na prevenção de novas fases maníacas. A presença de ciclagem
rápida e mania mista está associada a melhor resposta clínica com o uso de valproato. A associação ao lítio
mostrou melhores resultados quanto às taxas de recaída quando comparada com o uso de lítio em
monoterapia, mas também foi maior a incidência de efeitos colaterais.

1. Ácido valpróico ou valproato de sódio


Ação: aumento GAB
Boa absorção VO, alta ligação a proteínas (cuidado com pacientes muito magros) e metabolismo hepático
(bom para os IR)
Pode ser utilizado em qualquer fase, com discreta melhor ação em: quadros mania, ciclagem rápida, episódios
mistos, TAB associado a uso de SPA
Pode ser utilizada em criança em adolescente: tem a apresentação em xarope
O de liberação imediata (fornecido pelo sus) deve ser administrado entre 2 ou 3 vezes ao dia, já o de liberação
prolongada pode ser administrado 1 vez ao dia.

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2. Lamotrigina (para quadros depressivos)


3. Segunda escolha: carbamazepina e oxcarbamazepina (muitos efeitos colaterais e menos potente)
4. Pouca ou nenhuma evidência: gabapentina, pregabalina, topiramato

Antidepressivo em TAB

Em monoterapia: contraindicado, pelo risco de virada maníaca, indução de estados mistos


Mesmo em associação a estabilizadores de humor: evite!
Bupropiona + lítio/ácido valproico
Fluoxetina + olanzapina

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