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VARGAS Eduardo Et Al - O Debate Entre Tarde e Durkheim
VARGAS Eduardo Et Al - O Debate Entre Tarde e Durkheim
Resumo
Um debate capital sobre a natureza da sociologia (Tarde 1903; Durkheim 1903). A atual apresentação
e suas relações com outras ciências opondo Ga- do debate é baseada em um roteiro composto de ci-
briel Tarde e Émile Durkheim ocorreu em 1903 tações de trabalhos publicados por Gabriel Tarde e
na École des Hautes Études Sociales. Infelizmente Émile Durkheim, organizados de modo a formar um
o único registro disponível do evento é uma breve diálogo. Todo o texto, salvo o que se encontra entre
apresentação em francês intitulada “La Sociologie colchetes, é composto por citações de trabalhos pu-
et les sciences sociales [confrontation avec Tarde]” blicados por Gabriel Tarde e Émile Durkheim.
Palavras-chave
Gabriel Tarde, Émile Durkheim, sociologia, teoria social, controvérsia.
Notas introdutórias
Um debate capital sobre a natureza da sociologia e suas relações com outras ciências
opondo Gabriel Tarde e Émile Durkheim ocorreu em 1903 na École des Hautes Études
Sociales. Infelizmente o único registro disponível do evento é uma breve apresentação
em francês intitulada “La Sociologie et les sciences sociales [confrontation avec Tarde]”
(Tarde 1903; Durkheim 1903).
A atual apresentação do debate é baseada em um roteiro composto de citações de
trabalhos publicados por Gabriel Tarde e Émile Durkheim, organizados de modo a formar
um diálogo. Todo o texto, salvo o que se encontra entre colchetes, é composto por citações
de trabalhos publicados por Durkheim e Tarde. Uma versão curta do texto foi encenada
por Bruno Latour (Gabriel Tarde) e Bruno Karsenti (Émile Durkheim) por três vezes,
uma primeira em 21 de junho de 2007 em Cerisy la Salle, França, durante o Colóquio
Empirical Metaphysics; uma segunda em 14 de março de 2008 no teatro McCrum do
Corpus Christi College, Cambridge, Reino Unido, no quadro da Conferência Tarde/
Durkheim: trajectoires of the social; e uma terceira enfim em Paris, em 14 de março de
2008, cuja versão filmada por Martin Pavlov encontra-se disponível na página virtual
de Bruno Latour. Frédérique Aït-Touati dirigiu todas as apresentações, Eduardo Vargas
foi responsável pela pesquisa e escolha dos textos e Louise Salmon realizou a pesquisa
complementar. Louise Salmon, Simon Shaffer e Dominique Reynié interpretaram o
Decano respectivamente na primeira, na segunda e na terceira apresentação.
Esta versão do debate foi preparada originalmente em francês. Ela foi publicada
em inglês em 2008 na revista Environment and Planning D: society and space, 26(5),
pp. 761-777, sob o título de “The debate between Tarde and Durkheim”1. A presente
tradução foi realizada a partir dos textos originais em francês listados nas referências
bibliográficas, salvo quando eles já haviam sido traduzidos para o português, caso
em que se optou por usar as traduções existentes também indicadas nas referências
bibliográficas, ainda que estas tenham sido ocasionalmente modificadas. A paginação
indicada nas citações refere-se às edições francesas utilizadas.
1 A Revista Teoria & Sociedade agradece aos editores de Environment and Planning D: society and space
pela autorização para publicação desta tradução. [Nota do Organizador]
[“Senhoras, senhores,
Em nome de seus diretores, Emile Boutroux e Emile Duclaux, e de sua secretária
geral, Dick May, eu estou feliz de vos acolher na École des Hautes Études Sociales, aqui no
número 16 da Rue de la Sorbonne.
Instituto de ensino das ciências sociais fundado há três anos, em novembro de
1900, a École des Hautes Études Sociales pretende estudar, em sua extrema complexidade,
o conjunto de questões mais nítida e diretamente sociais. Sem ser hostil à teoria, ela está
preocupada, antes de tudo, com o concreto e o investimento em questões de atualidade.
Em julho passado, o X Congresso Internacional de Sociologia foi consagrado às
“Relações entre a psicologia e a sociologia”. E é em continuidade com o tema de reflexão
desse Congresso que nós decidimos consagrar uma série de conferências às “Relações
entre a sociologia e as diferentes ciências sociais e as disciplinas auxiliares” no quadro do
curso de Sociologia da École Sociale do ano escolar de 1903-1904.
Jovem disciplina, a sociologia tem um impacto decisivo na apreensão das ques-
tões sociais atuais. Dois eminentes confrades a representam hoje aqui. Eles pretendem
defini-la e demonstrar sua especificidade expondo os métodos que eles estimam serem
próprios a essa disciplina, no quadro de uma discussão contraditória.
É, então, enquanto presidente do conselho de direção e presidente do comitê de ensino
da escola de moral e de pedagogia, que eu tenho a honra de vos apresentar: à minha direita, o Sr.
Gabriel Tarde, professor da cátedra de Filosofia moderna do Collège de France, membro da
Academia de Ciências Morais e Políticas desde 1901, mas também membro do Conselho
de Direção e do Comitê de Ensino da Escola de Moral e Pedagogia de nossa École, autor
das famosas Leis da Imitação e da obra A Psicologia Econômica, recentemente publica-
da.
À minha esquerda, o Sr. Émile Durkheim, suplente da Cátedra de Ciências da Educação
na Faculdade de Letras da Universidade de Paris desde 1902, autor das notáveis Regras
do método sociológico e fundador do Année sociologique, revista que recenseia as pro-
duções sociológicas internacionais do ano.
Senhores, eu vos passo a palavra começando pelo mais jovem. Sr. Durkheim, sua
vez de definir primeiro sua concepção da sociologia em suas relações com as outras ciên-
cias.]
Durkheim:
Há algum tempo a sociologia está na moda. A palavra, pouco conhecida e quase re-
Decano:
[Sr. Tarde, sua vez de precisar o objeto da sociologia em suas relações com as ou-
tras ciências.]
Tarde
É natural que uma ciência nascente se apóie em ciências já constituídas, a sociologia, por
exemplo, na biologia. Também é natural que uma ciência em vias de crescimento busque voar
com suas próprias asas e se constituir como um domínio à parte. A sociologia em desenvolvimento
está atualmente nesta situação, ela busca se constituir por si e para si. Trata-se de uma espé-
Decano:
Durkheim:
O Sr. Tarde pretende que a sociologia chegará a tais ou tais resultados; mas nós
Tarde:
Para formular leis, não é necessário que as ciências estejam definitivamente cons-
tituídas. É preciso uma idéia diretiva nas pesquisas. Ora, as ciências sociais não deveram
seu progresso a certas regras de método objetivas, mas realizaram-no desenvolvendo-se
no sentido [...] desta microscopia social que é a psicologia intermental. (Tarde 1903: 164)
Durkheim:
O que quer que valha esta psicologia intermental, é inadmissível que ela exer-
ça uma espécie de ação diretiva sobre as disciplinas especiais das quais ela deve ser o
produto (Durkheim 1903: 164). Uma explicação puramente psicológica dos fatos sociais
deixa escapar o que eles têm de específico, isto é, de social. […] Há entre a psicologia e a
sociologia a mesma solução de continuidade que existe entre a biologia e as ciências físi-
co-químicas. Conseqüentemente, todas as vezes que um fenômeno social é diretamente
explicado por um fenômeno psíquico, podemos estar seguros de que a explicação é falsa.
(Durkheim 1894: 103, 106)
Tarde:
Durkheim:
À primeira vista não se compreende; mas quando se é iniciado à doutrina do autor, eis o
que isto significa: não é o montante de generalização ou de propagação imitativa de um fato que
constitui seu caráter mais ou menos social; é o seu montante de coercitividade – Segundo [meu
contraditor], com efeito, pois nós só reconhecemos até aqui uma metade de seu pensa-
mento, a definição do fato social é dupla. Uma de suas características, nós o sabemos, é
que [eu vos cito novamente, ele] “existe independentemente de suas expressões indivi-
duais”. Mas há uma outra característica não menos essencial, é a de serem coercitivos.
(Tarde 1895a: 70)
Decano:
Durkheim:
Tarde:
Deste ponto de vista, não haveria nada mais social do que a relação estabelecida
entre vencedores e vencidos pela tomada de assalto de uma fortaleza ou pela redução à
escravidão de uma nação conquistada, nem menos social do que a conversão espontânea
de todo um povo a uma nova religião ou a uma nova fé política apregoada por apóstolos
entusiastas! Para mim o erro aqui é tão palpável que devemos nos perguntar como ele
pôde nascer e se enraizar em uma inteligência desta força. [O Sr. Durkheim] nos diz:
[...] dado que o fato social é essencialmente exterior ao indivíduo, “ele só pode entrar
no indivíduo impondo-se”. Eu efetivamente não vejo o rigor desta dedução. O alimento
também nos é exterior antes de ser absorvido. Quer dizer que a deglutição e a assimilação
são constrangimentos exercidos pelo alimento sobre a célula que se apropria dele? Isto
não se verifica nem mesmo com as aves que nós engordamos à força nas granjas, e que
certamente preferem ser empanturradas que morrer de fome. (Tarde 1895a: 71)
Durkheim:
A [...] proposição [do Sr. Tarde] é totalmente arbitrária. [Ele] pode afirmar que,
segundo sua impressão pessoal, não há nada de real na sociedade além do que vem do
indivíduo, mas faltam provas para apoiar essa afirmação e sua discussão, portanto, é
impossível. Seria tão fácil opor a esse sentimento o sentimento contrário de um grande
número de indivíduos que se representam a sociedade não como a forma que a natureza
individual assume espontaneamente desenvolvendo-se para fora, mas como uma força
antagônica que os limita e contra a qual eles se empenham! (Durkheim 1897b: 351)
Tarde:
Segue-se daí que, de acordo [com o Sr.], não é permitido qualificar como sociais os
atos do indivíduo onde o fato social se manifesta, por exemplo as palavras de um orador,
Durkheim:
Sem dúvida, esta dissociação [entre o social e o individual] não se apresenta sem-
pre com a mesma nitidez. Mas basta que ela exista de uma maneira incontestável em
casos importantes e numerosos […] para provar que o fato social é distinto de suas re-
percussões individuais. De resto, mesmo quando ela não é imediatamente dada à ob-
servação, pode-se freqüentemente realizá-la com ajuda de certos artifícios de método;
é mesmo indispensável proceder a esta operação, caso se queira libertar o fato social de
toda mistura para observá-lo no estado de pureza. Assim, há certas correntes de opinião
que nos empurram, com uma intensidade desigual segundo os tempos e os países, uma
ao casamento, por exemplo, outra ao suicídio ou a uma natalidade mais ou menos forte,
etc. Estes são, evidentemente, fatos sociais. À primeira abordagem, parecem inseparáveis
das formas que eles tomam nos casos particulares. Mas a estatística nos fornece o meio
de isolá-los. (Durkheim 1894: 9)
Tarde:
Durkheim:
Conclui-se com toda a evidência que a imitação, pelo fato de poder ocorrer entre
indivíduos que não são unidos por nenhum vínculo social, é um fenômeno puramente
Decano:
[Acredito que nós chegamos a um ponto crucial do debate. Ele concerne à dife-
rença em importância que vocês atribuem à imitação em matéria social. Vocês poderiam
elaborar isto de modo mais preciso?]
Tarde:
Durkheim:
Tarde:
Ela sempre tem este poder – e eu digo que apenas ela tem este poder –, ao menos
caso se trate de uma propagação imitativa de fatos psicológicos. Pois eu sempre expli-
quei que, tal como a entendo, a imitação é uma comunicação de alma a alma. (Tarde
Durkheim:
Tarde:
Durkheim:
Não é necessário que haja entre eles uma comunhão intelectual ou moral, tampou-
co uma troca de serviços, nem mesmo é necessário que falem a mesma língua, e depois da
transferência eles não se encontram mais ligados do que antes. (Durkheim 1897b: 107)
Tarde:
Segue daí que, segundo o autor, o laço social se reconhece pelo fato de que existe
uma comunidade intelectual ou moral entre os homens, ou ao menos que eles falem uma
mesma língua... Ora, Sr. Durkheim, me [diga o Sr.] como, se não por meio da difusão e
do acúmulo de exemplos, esta comunidade intelectual [...] ou esta comunidade moral [...]
poderia ter se estabelecido? E, se não é por transmissão imitativa dos pais aos filhos, e
dos contemporâneos entre si, também me [diga o Sr.] como os indivíduos de uma mesma
nação encontram-se a falar a mesma língua? (Tarde 1897: 225)
[O] procedimento pelo qual imitamos nossos semelhantes é o mesmo que nos ser-
ve para reproduzir os ruídos da natureza, as formas das coisas, os movimentos dos seres.
Como ele não tem nada de social no segundo caso, o mesmo ocorre com o primeiro. Ele
tem origem em certas propriedades de nossa vida representativa que não resultam de
nenhuma influência coletiva. Portanto, se estivesse demonstrado que ele contribui para
determinar taxas de suicídios, resultaria que esta última depende diretamente, seja em
sua totalidade seja em parte, de causas individuais. (Durkheim 1897b: 107-108)
Tarde:
Eu já respondi […] a esta objeção superficial dizendo que a imitação de que eu falo
é uma comunicação interpsíquica. Mas a inanidade da objeção requer que seja apontada
com o dedo. (Tarde 1897: 226)
Durkheim:
Tarde:
Quanto à minha teoria (não a que [o Sr.] desfigura e caricatura, mas a que eu
expus em outros lugares), eu a tenho aplicado a todas as ordens de fatos sociais. (Tarde
1897: 232)
Durkheim:
Tarde:
[Sr. Durkheim, o Sr. entende] imitação em um sentido tão estreito que nos per-
guntamos como, apesar desta estreiteza, [o Sr. pôde] lhe reconhecer uma papel notável
no suicídio (Tarde 1897: 224). [Certamente,] censuram-me aqui e ali por “ter freqüen-
temente chamado de imitação fatos aos quais este nome absolutamente não convém”.
Reparo que me surpreende sob a pluma de um filósofo. Com efeito, sempre que o filósofo
tem necessidade de uma palavra para exprimir uma nova generalização, só lhe resta a
escolha entre duas alternativas: ou bem o neologismo, se não pode fazer de outra manei-
ra, ou bem, o que indiscutivelmente vale muito mais, a extensão do sentido de um antigo
vocábulo. Toda a questão consiste em saber se eu estendi abusivamente [...] o significado
da palavra imitação. [...] Só se teria o direito de criticar como abusivo o alargamento do
Durkheim:
Se, com efeito, a imitação é, como se disse, uma fonte original e particularmente
fecunda de fenômenos sociais, é principalmente quanto ao suicídio que ela deve dar pro-
vas de seu poder, pois não há outro fato sobre o qual ela tenha maior domínio. Assim,
o suicídio irá nos oferecer um meio de verificar por meio de uma experiência decisiva a
realidade da virtude maravilhosa que se atribui à imitação. (Durkheim 1897b: 120)
Tarde:
É isto que eu nego. Por importante que seja o papel da imitação no fenômeno do suicídio (e
[o Sr.] mesmo não [pode] negar que numerosos suicídios se explicam por ela, apesar da
definição manifestamente apertada, extremamente estreita que [o Sr.] lhe dá), a imitação
desempenha um papel infinitamente maior na formação e na propagação das línguas, das
religiões, das artes... Por conseguinte, eu não posso aceitar como “decisiva”, de maneira
alguma, a experiência que [o Sr. pretende] instituir desta maneira. (Tarde 1897: 228)
Tarde:
Ela também não tem nada que a contradiga. Com efeito, a disposição em círcu-
los concentricamente degradados ocorreria, conforme a teoria da imitação, se o suicídio
fosse um fenômeno de origem recente; mas ele é muito antigo; e, do mesmo modo, por
todo lugar onde a ação da imitação se acumulou durante muito tempo, produziu-se um
nivelamento, um amontoado, uma classificação por assim dizer. E partir daí para negar
o caráter imitativo do suicídio é como negar o caráter ondulatório do calor porque a tem-
peratura de um quarto é igual por toda parte ainda que seu aquecimento tenha ocorrido
a partir de um aquecedor ou de uma lareira (talvez extinta há um bom tempo). (Tarde
1897: 230)
[Eu não sei ao certo se estamos ou não diante de um caso de imitação, mas se es-
tivermos, o que esta poderia ser?]
Durkheim:
Não há [aqui] nem imitadores nem imitados, mas identidade relativa dos efeitos
devido a uma identidade relativa das causas. E explica-se facilmente que seja assim se,
como tudo que precede o fato já previsto, o suicídio depende essencialmente de certas
condições do meio social. Pois este último geralmente mantém a mesma constituição em
extensões bastante amplas de território. […] A prova de que essa explicação é fundada é
que vemos a taxa de suicídios modificar-se bruscamente e por completo toda vez que o
meio social muda bruscamente. Este nunca estende sua ação para além de seus limites
naturais. (Durkheim 1897b: 129)
Tarde:
Durkheim:
Em resumo, embora seja certo que o suicídio é contagioso de indivíduo para indi-
víduo, nunca se vê a imitação propagá-lo de tal maneira que afete a taxa social de suicí-
dios. Ela pode dar origem a casos individuais mais ou menos numerosos, mas não con-
tribui para determinar a desigualdade da propensão que leva ao suicídio as diferentes so-
ciedades e, no interior de cada sociedade, os grupos sociais mais particulares. (Durkheim
1897b: 134)
Durkheim:
Mas há uma razão mais geral que explica por que os efeitos da imitação não são
identificáveis através dos números estatísticos. É que, reduzida apenas às suas forças, a
imitação não pode ter nenhuma influência sobre o suicídio. [O capítulo do Suicídio que eu
dediquei à imitação] mostra principalmente o quanto é pouco fundada a teoria que consi-
dera a imitação a fonte iminente de toda vida coletiva. Não há fato tão facilmente transmis-
sível por contágio quanto o suicídio, e no entanto acabamos de ver que essa contagiosidade
não produz efeitos sociais. Se, nesse caso, a imitação é tão desprovida de influência social,
não o poderia ser menos nos outros; as virtudes que lhe são atribuídas são portanto ima-
ginárias. […] Pois nunca se mostrou, a propósito de uma ordem definida de fatos sociais,
que a imitação pudesse explicá-los e, menos ainda, que pudesse explicá-los sozinha. A pro-
posição foi apenas enunciada sob forma de aforismo, apoiada em considerações vagamen-
te metafísicas. No entanto a sociologia só poderá pretender ser considerada uma ciência
quando não for mais permitido que aqueles que a cultivam dogmatizem desse modo, fur-
tando-se tão evidentemente às obrigações regulares da prova. (Durkheim 1897b: 134-137)
Tarde:
Durkheim:
[Antes de ser contra você, este livro é a favor da sociologia científica. Nele] nós es-
tabelecemos sucessivamente as proposições seguintes: o suicídio varia em razão inversa
do grau de integração da sociedade religiosa, doméstica, política. [...] Nós chegamos
então a esta conclusão geral: o suicídio varia em razão inversa do grau de integração dos grupos
sociais dos quais o indivíduo faz parte. (Durkheim 1897b: 222-223)
Tarde:
Isto é verdadeiro? Isto depende do sentido que se empresta a esta expressão equí-
voca: o grau de integração de uma sociedade. Caso se entenda por isso a quantidade
maior ou menor de densidade ou de coesão de um grupo social, isto é, o número maior
ou menor de suas unidades e sua maior ou menor proximidade física, é claro que a pro-
posição acima é contradita pelos fatos. [...] Entretanto, não é neste sentido todo físico [...]
que [o Sr. Durkheim] entende a expressão. [...] A integração de que [o Sr. fala] implica
um “constrangimento moral” e não somente material. Mas é necessário ser preciso. [...]
Chamar isto de integração é bastante bizarro vindo da parte de um autor que me censura
o emprego que faço [...] da palavra imitação. (Tarde 1897: 235-236)
Decano:
[Vemos agora que o que é questão de imitação para um, é questão de integração
para o outro. Mas vocês poderiam nos dizer o que é e o que não é metafórico nesta ma-
téria?]
Não é por metáfora que se diz que cada sociedade humana tem uma disposição
mais pronunciada ou menos pronunciada para o suicídio: a expressão se fundamenta
na natureza das coisas. Cada grupo social tem por esse ato, realmente, uma inclinação
coletiva que lhe é própria e da qual derivam as inclinações individuais, e que não procede
destas últimas. (Durkheim 1897b: 336)
Tarde:
Explique isto quem puder. Se [o Sr. pretende] dizer com isso que a tendência co-
letiva existe à parte e sobre todas as tendências individuais ao suicídio, trata-se de pura
quimera. Se [o Sr. pretende] simplesmente dizer que para cada indivíduo considerado à
parte a tendência que ele experimenta para o suicídio provém das tendências próprias
ao conjunto dos outros indivíduos que querem se matar, trata-se de uma adesão a minha
Teoria da Imitação. Ora, parece que este último sentido é o verdadeiro. Então [o Sr., Sr.
Durkheim,] é meu aluno sem o saber. (Tarde 1897: 246)
Durkheim:
Tarde:
As páginas que terminam o capítulo sobre o suicídio egoísta são belas, de uma
poesia metafísica à Schopenhauer, mas não é necessário pressionar. Trata-se de pura
mitologia. Vemos aí a sociedade elevada à posição de pessoa, e de pessoa divina. [...]
Durkheim é um Bonald ateu, e, por conseqüência, inconseqüente. [(...) Ele] nos deixa
apenas a escolha entre a tirania da regra, que mutila nossa natureza, que fere nossa li-
berdade, e o suicídio que suprime nossa existência. Enclausurar-se ou se matar, não há
Durkheim:
Tarde:
Em matéria de laços sociais, isto é não reconhecer nada além das relações do se-
nhor ao servo, do professor aos alunos, dos pais aos filhos, sem absolutamente considerar
as livres relações dos iguais entre si. E é fechar os olhos para não ver que, nos próprios
colégios, a educação que as crianças se dão livremente ao se imitarem umas às outras [...]
é bem mais importante que aquela que elas recebem e padecem à força. Só se explica um tal erro
atando-o a este outro segundo o qual um fato social, enquanto social, existe fora de todas as
suas manifestações individuais. Infelizmente, objetivando radicalmente a distinção, ou
melhor, a separação integralmente subjetiva do fenômeno coletivo e dos atos particulares
que o compõem, o Sr. Durkheim nos lança em plena escolástica. Sociologia não quer di-
zer ontologia. Tenho muita dificuldade em compreender, confesso, como é possível que,
“descartados os indivíduos, resta a sociedade”. [...] Iremos voltar ao realismo da Idade
Média? Pergunto-me que vantagem há, sob pretexto de depurar a sociologia, em esvaziá
-la de todo seu conteúdo psicológico e vivo. Parece que se está em busca de um princípio
social onde a psicologia absolutamente não entra, expressamente criado para a ciência
que se fabrica, e que me parece bem mais quimérico ainda que o antigo princípio vital.
(Tarde 1895c: 61-62)
Decano:
Durkheim:
Como a sociedade não é composta senão de indivíduos, o senso comum julga que a
vida social não pode ter outro substrato que a consciência individual; sem isso, ela parece
solta no ar e pairando no vazio. Entretanto, o que se julga tão facilmente inadmissível
quando se trata dos fatos sociais é normalmente admitido nos outros reinos da natureza.
Toda vez que ao se combinarem elementos quaisquer produzem, por sua combinação,
fenômenos novos, cumpre conceber que esses fenômenos estão situados, não nos ele-
mentos, mas no todo formado por sua união. A célula viva nada contém senão partículas
minerais, assim como a sociedade nada mais contém além dos indivíduos; no entanto,
é evidentemente impossível que os fenômenos característicos da vida residam em áto-
mos de hidrogênio, de oxigênio, de carbono e de azoto. […] Ela está no todo, não nas
partes. […] Apliquemos esse princípio à sociologia. Se, como nos concedem, essa síntese
sui generis que constitui toda sociedade produz fenômenos novos, diferentes dos que se
passam nas consciências solitárias, cumpre admitir que esses fatos específicos residem
na sociedade mesma que os produz, e não em suas partes, isto é, em seus membros.
(Durkheim 1901: 21-22)
Tarde:
Durkheim:
Tarde:
Durkheim:
Tarde
Como [uma coisa social] poderia se refratar antes de existir, e como ela poderia
existir, falemos de modo inteligível, fora de todos os indivíduos? A verdade é que uma
coisa social qualquer [...] se transmite e passa, não do grupo social considerado coleti-
vamente para o indivíduo, mas sim de um indivíduo [...] a um outro indivíduo, e que,
nesta passagem de um espírito para um outro espírito, ela se refrata. O conjunto destas
Durkheim
O único meio de contestar essa proposição seria admitir que um todo é qualita-
tivamente idêntico à soma de suas partes, que um efeito é qualitativamente redutível à
soma das causas que o engendraram, o que equivaleria a negar qualquer mudança ou a
torná-la inexplicável. Houve quem chegasse, no entanto, a sustentar essa tese extrema,
mas para defendê-la só foram encontradas duas razões realmente extraordinárias. Foi
dito primeiro que, [eu vos cito, caro colega,] “em sociologia, nós temos, por um privilégio
singular, o conhecimento íntimo do elemento que é nossa consciência individual assim
como do composto que é a reunião das consciências”; segundo que, por essa dupla intros-
pecção, [você acaba de redizê-lo,] “constatamos claramente que, descartado o individual,
o social não é nada”. (Durkheim 1897b: 350-351)
Decano:
[Creio que compreendemos o que vos separa e que é inútil prosseguir nesta via:
vocês absolutamente não se entendem. Mas parece-me que o Sr. Durkheim deve respon-
der a esta grave acusação de “misticismo”, pois a palavra não vos parece demasiado forte?
Isto se deve ao modo como cada um de vocês compreende o papel da contingência?]
Durkheim:
Para [o Sr.] Tarde [...] todos os fatos sociais são o produto de intervenções indi-
viduais, propagadas por imitação. Toda a crença como toda a prática teriam por origem
uma idéia original, saída de qualquer cérebro individual. Produzir-se-iam diariamente
milhares de invenções deste gênero. Somente, enquanto a maior parte aborta, algumas
Tarde:
Durkheim:
Certamente, uma vez conhecido o gênio, podem-se procurar quais são as causas
que nele favorecem as combinações mentais de que resultam as idéias novas, e é cer-
tamente a isso que [o Sr.] Tarde chama as leis da invenção. Mas o fator essencial de
qualquer novidade é o próprio gênio, a sua natureza criadora, e ela é produto de causas
fortuitas. Por um lado, visto ser nele que se encontra a fonte misteriosa do “rio social”, o
acidente está portanto na base dos fenômenos sociais. Não há necessidade absoluta que
tal crença ou tal instituição só apareçam em determinado momento da história e em de-
terminado meio social; consoante o acaso faz nascer o inovador mais tarde ou mais cedo,
a mesma idéia leva séculos a germinar ou rebenta de vez. Há assim toda uma categoria de
invenções que se podem suceder numa ordem qualquer, são as que não se contradizem,
mas que, pelo contrário, se entreajudam. [...] Assim, a noção de lei, que Comte tinha fi-
nalmente [laboriosamente] conseguido introduzir na esfera dos fenômenos sociais e que
os seus sucessores se tinham esforçado por precisar e consolidar, aparece aqui como que
obscurecida e velada; e a imaginação, por ser projetada nas coisas, passa a ser admitida
ao pensamento. (Durkheim 1900: 132)
[Eu vos cito mais uma vez:] “a causa determinante de um fato social deve ser bus-
cada entre os fatos sociais antecedentes e não entre os estados da consciência individual”.
Apliquemos: a causa determinante da rede de nossas estradas de ferro deve ser buscada
não nos estados de consciência de Papin, de Watt, de Stephenson e de outros, não na sé-
rie lógica de concepções e de descobertas que estes grandes espíritos possuem, mas antes
na rede de rotas e nos serviços de malas postais que existiam anteriormente. […] Há um
fetiche, um deus ex machina, do qual os novos sociólogos fazem uso como de um abre-te
sésamo toda vez que eles estão embaraçados, e é tempo de assinalar este abuso que real-
mente se torna inquietante. Este talismã explicativo é o meio. [Ah!] Quando esta palavra
é solta, tudo é dito. O meio é a fórmula para todos os fins cuja ilusória profundidade serve
para recobrir o vazio da idéia. Também não deixaram de nos dizer, por exemplo, que a
origem de toda evolução social deve ser exclusivamente solicitada às propriedades “do
meio social interno”. [...] Quanto a este meio-fantasma que nós invocamos a bel prazer,
ao qual emprestamos todo tipo de maravilhosas virtudes para nos dispensar de reconhe-
cer a existência dos gênios reais e realmente benfeitores pelos quais vivemos, nos quais
nos movemos, sem os quais nada seríamos, expulsemo-lo o mais rapidamente de nossa
ciência. O meio é a nebulosa que, de perto, se resolve em estrelas distintas, de grandezas
desiguais. (Tarde 1895a: 78-79)
Decano:
[Mas então, se eu compreendo bem todos os dois, vocês estão em desacordo não
somente sobre o papel da inovação e do gênio na história, mas também sobre a própria
questão do que deve ser uma ciência?]
Durkheim:
A teoria [do Sr.] Tarde aparece como a própria negação da ciência (Durkheim
1895a: 86-87). Com efeito, ela coloca o irracional e o milagre na base da vida e, por con-
seguinte, da ciência social. Se adotamos o ponto de vista [do Sr.] Tarde vê-se que os fatos
sociais são o resultado, na maior parte dos casos, de causas simplesmente mecânicas,
ininteligíveis e estrangeiras a toda finalidade, pois não há nada mais cego do que a imita-
ção. (Durkheim 1895a: 85) Aqui a indeterminação é erigida em princípio. Já não se trata
Tarde:
Isso não é de modo algum apelar ao mistério, mas sim àquela profunda faculdade,
muito pouco apreciada, de afirmar para além do horizonte dos fatos e de não ignorar,
pelo menos, o que não se pode conhecer. Se afirmar o desconhecido é utilizar nossa igno-
rância, negar o desconhecido é ignorar duas vezes. (Tarde 1910: 41) Digamos mesmo que
a idéia-mãe do Sr. Durkheim [...] repousa sobre uma pura concepção de seu espírito que
ele confundiu com uma sugestão dos fatos. Ela só apresenta, em todo caso, uma verda-
de bem parcial, bem relativa, bem insuficiente como fundamento único ou principal de
uma teoria sociológica. [...] Pode-se então se espantar da confiança que ela inspira ao Sr.
Durkheim e da virtude que ele lhe presta de nos conduzir necessariamente a uma Moral
e a uma Justiça mais alta ou mais humana. (Tarde 1893: 189)
Durkheim:
Como o diz o Sr. Tarde, [...], a origem de nosso diferendo está em outro lugar.
Antes de tudo ela está no fato de que eu acredito na ciência e o Sr. Tarde não acredita
nela. Pois é não acreditar nela reduzi-la a não ser mais do que uma diversão intelectual,
boa para nos ensinar a respeito do que é possível e impossível, mas incapaz de servir à
regulamentação positiva da conduta. Se ela não tem outra utilidade prática, ela não vale
o que custa. Caso então acredite desarmar assim seus recentes adversários, equivoca-se
estranhamente; na verdade se lhe entrega as armas. Sem dúvida, a ciência assim enten-
dida não mais poderá frustrar a expectativa dos homens; mas é que os homens não mais
esperarão grande coisa dela. Ela não será mais exposta a ser acusada de falência; mas é
que se terá declarado-a perpetuamente menor e incapaz. Não vejo o que ela ganha com
isso e o que aí se ganha. Pois o que se coloca desta maneira acima da razão, é a sensação,
o instinto, a paixão, todas as partes baixas e obscuras de nós mesmos. Que nos sirvamos
disso quando não podemos fazer de outro modo, nada melhor. Mas quando aí vemos ou-
tra coisa que não algo provisório que paulatinamente deve ceder lugar à ciência, quando
lhe atribuímos uma preeminência qualquer, mesmo quando não há franca referência a
uma fé revelada, somos teoricamente místicos mais ou menos conseqüentes. Ora, o mis-
Tarde:
É demandando à ciência mais do que ela pode dar, é em lhe emprestando direitos que
ultrapassam seu alcance, já muito vasto, que é possível acreditar em sua pretensa falha. A ciência
jamais falhou às suas promessas verdadeiras, mas tem circulado sob seu nome uma multidão de
notas promissórias com sua falsa assinatura e que ela é incapaz de pagar. É inútil aumentar seu
número. (Tarde 1895b: 162)
Durkheim:
Em presença dos resultados aos quais chegou até o momento a história compa-
rada das instituições, não é possível negar pura e simplesmente a possibilidade de um
estudo científico das sociedades; o Sr. Tarde, além disso, entende fazer ele mesmo uma
sociologia. Só que ele a concebe de uma maneira tal que ela cessa de ser uma ciência
propriamente dita para se tornar uma forma muito particular de especulação onde a
imaginação desempenha um papel preponderante, onde o pensamento não se considera
submetido nem às obrigações regulares da prova nem ao controle dos fatos. (Durkheim
1900: 130-131)
Tarde:
O Sr. Durkheim crê honrar a ciência lhe emprestando o poder de governar sobe-
ranamente a vontade, isto é de não apenas lhe indicar os meios mais adequados para
alcançar seu fim dominante, mas ainda de lhe demandar sua orientação em direção à
estrela polar da conduta. (Tarde 1895b: 161-162) Se eu tivesse que formular uma máxima
a este respeito, ela de algum modo estaria relacionada não só às condições intelectuais
requeridas pela descoberta da verdade, mas também às morais. Um pouco de modéstia
e de simplicidade digna cabe a uma ciência adolescente como a um jovem homem que
entra na vida; ela deve evitar o tom doutrinário e o jargão de escola. É necessário então
lhe fornecer uma disposição de espírito benevolente e familiar e, também e antes de tudo,
o amor vivo e alegre pelo tema. [...] A primeira condição para ser sociólogo é amar a vida
social, simpatizar com os homens de todas as raças e de todos os países reunidos em tor-
Durkheim:
O Sr. Tarde confunde […] questões diferentes, e [eu me] recuso a dizer qual-
quer coisa sobre um problema [...] que não tem nada a fazer na discussão. (Durkheim
1903: 165)
Decano:
[Creio que podemos parar por aqui. Lembro que este debate contraditório entre
nossos dois eminentes colegas serviu de introdução ao curso de sociologia da École des
hautes études sociales durante o qual os alunos terão várias ocasiões para discutir os pres-
supostos. Creio que é chegado o momento de vivamente agradecer a nossos oradores].
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ABSTRACT
A momentous debate concerning the nature of so- tion avec Tarde]” (Tarde 1903, Durkheim 1903).
ciology and its relation to other sciences took place The present recension of the debate, therefore, is
between Gabriel Tarde and Émile Durkheim at the based on a script consisting of quotations from the
École des Hautes Études Sociales in 1903. Unfor- works of Gabriel Tarde and Émile Durkheim, arran-
tunately the only available record of the event is a ged to form a dialogue. All text, save that in squa-
brief overview published in French under the title re brackets, consists of quotations from published
“La Sociologie et les sciences sociales [confronta- works by Émile Durkheim and Gabriel Tarde.
keywords
Sobre os autores
Bruno Latour
Antropólogo, sociólogo e filósofo francês, é professor da Science Po, Paris, e da London Scholl of Eco-
nomics, Londres. Pioneiro dos estudos sociais da ciência e tecnologia, é um dos principais proponentes
da Actor Network Theory (Teoria do Ator-Rede). É autor de inúmeros livros publicados em mais de 20
países, entre os quais se contam Jamais Fomos Modernos (34 Letras), Reagregando o Social (EDU-
FBA), Ciência em Ação (UNESP), A Esperança de Pandora (EDUSC), Pequena Reflexão sobre o culto
moderno dos deuses feitiches (EDUSC), Políticas da Natureza (EDUSC) e, mais recentemente, Enquête
sur les modes d’existence : Une anthropologie des Modernes (La Decouvert). Foi, com Peter Weibel,
curador das exposições Iconoclash, beyond the image wars in science, religion and art, e Making Thin-
gs Public, the atmospheres of democracy.
Contato: www.bruno-latour.fr/contact
Bruno Karsenti
Filósofo e sociólogo francês, foi professor da Université de Paris 1 - Panthéon-Sorbonne e hoje atua na
École des Hautes Études en Sciences Sociales em Paris. Entre os vários trabalhos que escreveu desta-
cam-se D´une philosophie à l´autre. Les sciences sociales et la politique des modernes (Gallimard), La
société em personnes. Études durkheimiennes (Economica), Politique de l´esprit: Augste Comte et la
Frédérique Aït-Touati
Professora de literatura francesa no St. John´s College da University of Oxford e professora associada
da Science Po. Escreveu Fictions of the Cosmos: Science and Literature in the Seventeenth Century
(University of Chicago Press) que lhe rendeu o Scaglione Prize concedido pela Modern Language Asso-
ciation of America. Co-editou com Anne Duprat o livro Histoires et saviors (Peter Lang) e, com Stephen
Goukroger, Le Monde en Images (Garnier). Contato : frederique.ait-touati@sjc.ox.ac.uk
Louise Salmon
Doutoranda do Centre d’histoire du XIXe siècle da Université Paris I Panthéon-Sorbonne, onde prepara
tese sobre Gabriel Tarde. Publicou Le Laboratoire de Gabriel Tarde (CNRS Éditions) e, com Jacqueline
Carroy, a coletânea de textos inéditos de Gabriel Tarde intitulada Sur le sommeil ou plutôt sur les rêves,
et autres écrits, 1870-1873 (Éditions BHMS). Contato: salmon.louise@gmail.com