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RECURSOS LÚDICOS NOS PROCESSOS DE ENSINO

APRENDIZAGEM
Faculdade de Minas

Sumário

RECURSOS LÚDICOS NOS PROCESSOS DE ENSINO APRENDIZAGEM . 4

Histórico........................................................................................................... 6

Conceituação ................................................................................................... 8

Motricidade fina .......................................................................................... 13


Habilidades motoras finas .......................................................................... 14
Motricidade global ...................................................................................... 16
Equilíbrio .................................................................................................... 16
PSICOMOTRICIDADE E DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR ................. 17

DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DE CRIANÇAS DE 1 A 3 ANOS ...... 21

Teste motor ................................................................................................ 25


Prova motora.............................................................................................. 25
Bateria motora............................................................................................ 26
Escala de desenvolvimento ....................................................................... 26
Perfil motor ................................................................................................. 26
Motricidade fina .......................................................................................... 28
Motricidade global ...................................................................................... 28
Equilíbrio .................................................................................................... 28
ESTRATÉGIAS.............................................................................................. 29

JOGOS DE CONSTRUÇÃO .......................................................................... 34

O Corpo ao Brincar e a Aprendizagem .......................................................... 45

A importância da Espontaneidade ............................................................. 52


CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 56

REFERÊNCIA................................................................................................ 59

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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RECURSOS LÚDICOS NOS PROCESSOS DE ENSINO


APRENDIZAGEM

Na Educação Infantil, a criança busca experiências em seu próprio corpo,


formando conceitos e organizando o esquema corporal. A abordagem da
psicomotricidade irá permitir a compreensão da forma como a criança toma
consciência do seu corpo e das possibilidades de se expressar por meio desse corpo,
localizando-se no tempo e no espaço. O movimento humano é construído em função
de um objetivo. A partir de uma intenção como expressividade íntima, o movimento
transforma-se em comportamento significante. É necessário que toda criança passe
por todas as etapas em seu desenvolvimento.

O trabalho da educação psicomotora com as crianças deve prever a formação


de base indispensável em seu desenvolvimento motor, afetivo e psicológico, dando
oportunidade para que por meio de jogos, de atividades lúdicas, se conscientize sobre
seu corpo. Através da recreação a criança desenvolve suas aptidões perceptivas
como meio de ajustamento do comportamento psicomotor. Para que a criança
desenvolva o controle mental de sua expressão motora, a recreação deve realizar
atividades considerando seus níveis de maturação biológica. A recreação

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dirigida proporciona a aprendizagem das crianças em várias atividades esportivas


que ajudam na conservação da saúde física, mental e no equilíbrio sócio afetivo.

O desenvolvimento das aquisições básicas da motricidade, linguagem,


competência social e cognição não ocorrem naturalmente, mas requer mediação,
cultura. Desta forma, a publicação de estudos sobre o tema permite compreender o
desenvolvimento infantil a partir de etapas conquistadas, mediante o desenvolvimento
psicológico e motor em constante interação com o meio.

As primeiras estruturas do comportamento humano são de ordem motora e só


mais tarde se desenvolvem na área mental, isto é, a motricidade vai se
desenvolvendo no contato da criança em relação ao meio, surgindo uma intenção
consciente de movimento.

O desenvolvimento psicomotor da criança depende tanto do amadurecimento


neurológico quando da estimulação sócio afetiva que o ambiente permitir. A
responsabilidade dos profissionais da área da saúde que intervém direta ou
indiretamente no desenvolvimento da criança, não se restringe a preocupação com o
crescimento físico saudável, mas o de orientar os pais no sentido de que crescimento
e desenvolvimento envolvem sentimentos de capacidade e segurança, cabendo
a eles fornecer condições para que a criança desenvolva sua independência na
tomada de ações e decisões. Neste sentido, que estratégias de intervenção podem
ser aplicadas, considerando as capacidades motoras, cognitivas, afetivas e sociais
do organismo e a influência do meio sobre a aquisição das habilidades psicomotoras.

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Histórico

Segundo Fonseca (1998), a partir do século XIX o corpo passou a ser estudado
por neurologistas, por necessidade de compreensão das estruturas cerebrais, e por
psiquiatras, para clarificação de fatores patológicos. Dentre os estudiosos do tema
psicomotricidade, foi Henri Wallon o pioneiro, ao publicar obras científicas e
relevantes no campo do desenvolvimento psicomotor da criança. Os testes, os tipos
de ação reeducativa e as primeiras orientações metodológicas sobre reeducação
psicomotoras surgiram a partir de seus trabalhos.

A psicomotricidade nos seus primórdios compreendia o corpo nos seus


aspectos neurofisiológicos, anatômicos e locomotores, sendo caracterizada como
emissora e receptora de significados relacionados ao movimento. Hoje já se tem uma
amplitude conceitual que trata a psicomotricidade como um princípio de relação que
irá unir o corpo, mente o espírito, natureza e a própria sociedade.

De acordo com Fonseca, (1995), Dupré em 1905 estabeleceu a diferença


radical entre a motricidade e seu aspecto negativo, a relaxação. A partir dessa época,
de fato, aparecem os primeiros trabalhos que constituirão o ponto de partida de uma
elaborada reflexão sobre o movimento corporal. A figura de Dupré, neuropsiquiatria,
em 1909, é de fundamental importância para o âmbito psicomotor, já que é ele quem
afirma a independência da debilidade motora de um possível correlato psicomotor.

Fonseca, (1995), destaca que o grande pioneiro da psicomotricidade foi Henry


Wallon, que se ocupa do movimento humano dando-lhe uma categoria fundante como
instrumento na construção do psiquismo. Já Guilmain, (1988) apud Fonseca (1995)
definiu a reeducação psicomotora como parte de todas as crianças o aparelhamento
das funções do sistema nervoso à medida que se opera a maturação, podemos
reabilitar as amostras próprias das suas funções em causa.

Também, Ajuriaguerra (1970) apud Fonseca (1995), redefine o conceito de


debilidade motora, considerando-a como uma síndrome com suas próprias

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particularidades. É ele quem delimita com clareza os transtornos psicomotores que


oscilam entre o neurológico e o psiquiátrico e vai consolidando os princípios e base
da psicomotricidade.

Na década de 70, diferentes autores definem a psicomotricidade como uma


motricidade de relação. Começa então, a ser delimitada uma diferença entre uma
postura reeducativa e uma terapêutica que, ao despreocupar-se da técnica
instrumentalizada e ao ocupar-se do “corpo de um sujeito” vai dando
progressivamente, maior ênfase a relação, à afetividade e ao emocional. Para o
psicomotricista, a criança constitui sua unidade a partir das interações com o mundo
externo e nas ações do outro (mãe e substitutos) sobre ela.

A especificidade do psicomotricista situa-se assim, na compreensão da gênese


do psiquismo e dos elementos fundadores da construção da imagem e da
representação de si.

Segundo Fonseca, (1983), no início, a Psicomotricidade tinha seus estudos


voltados para a patologia. Wallon, Piaget e Ajuriaguerra tiveram a preocupação de
aprofundar esses estudos mais voltados para o campo do desenvolvimento. Wallon
se preocupou com a relação psicomotora, afeto e emoção, Piaget se preocupou com
a relação evolutiva da psicomotricidade com a inteligência e Ajuriaguerra, que vem
consolidar as bases da evolução psicomotora, voltou sua atenção mais específica
para o corpo em sua relação com o meio. Para ele, a evolução da criança está na
conscientização do seu corpo. O corpo como uma totalidade e uma estrutura interna
fundamental para o desenvolvimento mental, afetivo e motor da criança. São
experiências e vivências corporais que organizam a personalidade da criança. A
vivência corporal não é senão o fator gerador das respostas adquiridas, onde se
registram todas as tensões e as emoções que individualizam a evolução psico afetiva
da criança. (FONSECA 1983).

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Conceituação

Levin (1995, p.48) dispõe que: “A psicomotricidade é uma articulação, que


parte de uma ordem simbólica (a linguagem) que possibilita conceber o corpo, os
gestos, o movimento, o tônus, o espaços, as posturas, os objetos e o tempo como o
dizer corporal de um sujeito; dizer que é olhado e é dito”.

A psicomotricidade está totalmente associada à afetividade e à personalidade,


é através do corpo que o indivíduo demonstra o que sente, e uma pessoa com
problemas motores passa a apresentar problemas de expressão. A psicomotricidade
pode se afirmar que seja uma ligação de solidariedade entre o pensamento e a
atividade motora.

Segundo Molinari (2006), a motricidade compreende o corpo e seus aspectos


neurofisiológicos, anatômicos e locomotores, coordenando-se no espaço e no tempo
para emitir e receber significados. Já a psicomotricidade é a integração superior da
motricidade, pois está associada à afetividade e a personalidade na medida em que
o indivíduo utiliza o corpo para demonstrar o que sente.

Fonseca (1988) comenta que a "Psicomotricidade" é hoje em dia idealizada


como a integração superior da motricidade, produto de uma relação inteligível entre
a criança e o meio.

O bom desenvolvimento das aquisições básicas de psicomotricidade está


relacionado ao progresso das crianças nas diversas áreas de seu comportamento. A
criança deve ter um bom desenvolvimento motor para poder articular os sons da fala
e se locomover, um bom desenvolvimento cognitivo, a fim de que possa estabelecer
relações significativas entre coisas e eventos, e um bom desenvolvimento afetivo,
para que se torne mais competente socialmente. (FARIAS, 2006).

Segundo Barreto (2000), o desenvolvimento psicomotor é de muita importância


na precaução de problemas da aprendizagem e na reeducação dos tônus, da postura,
da direcional idade, da lateralidade e do ritmo. A educação da criança deve ratificar a

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relação através do movimento de seu próprio corpo, levando em consideração sua


idade, a cultura corporal e sua veemência. A educação psicomotora para ser
trabalhada necessita que sejam empregadas as funções motoras, perceptivas,
afetivas e sócio motoras, pois assim a criança explora o ambiente, passa por
experiências concretas, imprescindíveis ao seu desenvolvimento intelectual, e é
capaz de tomar consciência de si mesma e do mundo que a cerca.

O desenvolvimento não depende somente da maturação dos processos


orgânicos, mas do intercambio deste com o meio, na qual exerce influência
determinante.

O movimento é o principal elemento do crescimento e do desenvolvimento da


criança, pois ele contribui para o seu desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e
relacional. Os atos reflexos de um bebê são respostas em favor de sua sobrevivência
e servem como aprendizagem para os atos voluntários, que são construídos e
aprendidos posteriormente na medida em que o bebê interage com o meio. Os atos
reflexos e voluntários conduzem a uma ação do ato motor, repleto de intenção e
significado (BUENO, 1998).

O movimento tônico-muscular se estabelece como uma das primeiras formas


de relação entre o bebê e o mundo. Do lado do bebê, a ação muscular
permite que ele vá diferenciando entre o mundo externo e o interno. Como
explica Levin (2002: 187), "A criança pequena registra estímulos que
desaparecem com o movimento muscular e os atribui ao mundo exterior; e
registra outros que, apesar da sua mobilidade muscular, se mantêm
constante." [...] do lado do adulto, as alterações tônicas são tomadas como
produções e traduzidas como linguagem. Dessa forma, o movimento tônico-
muscular, que começa como sensações experimentadas no próprio corpo,
vai passando a incluir também o corpo do Outro e os objetos, ao mesmo
tempo em que passa a ser dotado de intencionalidade. (VASCONCELOS e
FIGUERÊDO, 2007, p. 2.)

Para Le Boulch (1986), a atividade motora é o resultado de uma necessidade


de movimento, de investigação e de expressão que deve ser satisfeita. Esta
experiência expressiva do corpo vivo, carregada de conteúdo emocional, organiza-se
a um nível de comportamento sensório-motor.

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A psicomotricidade trabalha a globalidade do indivíduo, integrando a vivência


corporal, o significado das palavras e a relação entre o sujeito, objeto e meio na
realização de uma atividade.

Desta forma, a psicomotricidade é um conhecimento científico que permite


educar o movimento e desenvolver a inteligência do indivíduo (BUENO, 1998). Ainda
de acordo com o mesmo autor, a educação psicomotora na idade escolar deve ser a
de uma experiência ativa e confrontação com o meio. No estágio escolar, a primeira
prioridade constitui a atividade motora lúdica, fonte de prazer, permitindo à criança
prosseguir a organização de sua “imagem do corpo” ao nível do vivido.

Segundo Fonseca, (1998), a condição de vida do homem exige que o mesmo


satisfaça suas necessidades de movimento, para alcançar determinado objetivo.
Qualquer movimento surge como resposta a uma situação a resolver e para cada
uma das situações, origina no indivíduo uma intencionalidade, uma ação consciente
e uma exteriorização na execução do gesto.

Nos primeiros anos de vida ocorrem mudanças no desenvolvimento


neuromotora da criança e a estruturação de suas funções motoras, através do
processo maturacional e da interação desta com o meio (COSTALLAT, 1985). A ação
exploratória da criança no ambiente em que está inserida contribui para desenvolver
suas funções mentais, na medida em que o corpo serve como instrumento de
aprendizagem (HURTATO, 1991).

A criança inicia suas atividades no mundo, comunicando-se corporalmente


utilizando objetos e pessoas. Piaget (1968) apud Fonseca (1978), reforça esta ideia,
quando apresenta o período sensório motor, pois é dele que a criança vai
estabelecendo a organização das estruturas mentais para o desenvolvimento
cognitivo. Ela vai mostrar sua perfeita ou não desenvoltura antes de ser capaz de
expressar-se verbalmente. Os movimentos comunicativos dos gestos, postura e
expressões faciais são linguagens de sinais que a criança aprende a interpretar e
usar já nos primeiros anos de vida. É a expressão corporal que emite mensagens

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para serem entendidas pelos outros. Esta expressão corporal, aos poucos, é
sufocada pela linguagem verbal, usada na família, na escola, na sociedade.

A construção da experiência motora está diretamente relacionada à


experiência social vivida, que dará o que é chamado de esquema corporal.
[...] os parâmetros para os limites dessas denominações e formações
corporais são analisados pelos aspectos externos e internos. As atitudes
reflexas, observadas como as primeiras reações motoras da criança, irão se
modulando com o decorrer do seu desenvolvimento, devido às experiências
vividas e como essas mesmas experiências são captadas pelo conjunto
organismo-corpo. [...] O esquema corporal é o conhecimento consciente que
a criança tem do próprio corpo, conhecimento capaz de gerar as
possibilidades de atuação da criança sobre as partes do seu corpo, sobre o
mundo exterior e sobre os objetos que a cercam. (MEDINA e ANDRADE,
2004, p. 3).

Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de


movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito
cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.

A função motora, o desenvolvimento intelectual e o desenvolvimento afetivo


estão intimamente ligados na criança: a psicomotricidade quer justamente destacar a
relação existente entre a motricidade, a mente e a afetividade e facilitar a abordagem
global da criança por meio de uma técnica. O desenvolvimento motor é o resultado
da maturação de certos tecidos nervosos, aumento em tamanho e complexidade do
sistema nervoso central, crescimento dos ossos e músculos. São, portanto,
comportamentos não aprendidos que surgem espontaneamente desde que a criança
tenha condições adequadas para exercitar-se. Esses comportamentos não se
desenvolverão caso

Haja algum tipo de distúrbio ou doença. Pode-se notar que crianças que vivem
em creches e que ficam presas em seus berços sem qualquer estimulação não
desenvolverão o comportamento de sentar, andar na época adequada que
futuramente apresentarão problemas de coordenação e motricidade.

De acordo com Fonseca, (2004), a psicomotricidade pretende agir, na sua ação


educativa ou terapêutica, a organização neuropsicomotora da noção do corpo como
marco espaço-temporal do eu, fundamental a qualquer processo de conduta ou de

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aprendizagem, ou seja, busca conhecer o corpo nas suas relações múltiplas:


perspectivas, imagéticas, simbólicas, conceituais que constituem um esquema
representacional e uma supervivência singular indispensável à integração, à
elaboração e à expressão de qualquer ato ou gesto intencional.

O exercício da educação psicomotora segundo nosso entendimento, exige


um engajamento mais amplo no sentido da compreensão de homem e na
adoção de uma dada pedagogia. Não pode estar desvinculada, solta como
meras atividades a serem executadas mecanicamente. Ademais, precisa ser
fundamentada na compreensão dos processos de desenvolvimento
psicológico. [...] A Educação Psicomotora para nós está incluída num projeto
mais amplo de educação que considera o conhecimento em relação à vida e
que proporciona tanto a descoberta do mundo exterior, das coisas, do mundo
objetivo, quanto a descoberta do mundo interno, o autoconhecimento, a auto-
organização; sendo ambos preciosos para o desenvolvimento. Dirige-se à
personalidade, à sua expressão e organização através das atividades
humanas de relação, realização e criação. Compreende aspectos motores
(agir), emocionais (sentir) e intelectuais (pensar) numa dialética interna que
se fundamenta nos níveis orgânicos, sociais e psicológicos do ser humano,
em toda sua complexidade (CARVALHO, 2003, p. 3)

Fonseca (2004, p. 12) dispõe que esquematicamente a psicomotricidade tem


por finalidade:

 Mobilizar e reorganizar as funções psíquicas emocionais e relacionais


do indivíduo em toda a sua dimensão experiencial, desde bebê até a
velhice.
 Aperfeiçoar a conduta consciente e o ato mental (input, elaboração e
output) onde emerge a elaboração e a execução do ato motor.
 Elevar as sensações e as percepções a níveis de conscientização,
simbolização e conceitualização (da ação aos símbolos e vice-versa,
passando pela verbalização).
 Harmonizar e maximizar o potencial motor, afetivo-relacional e
cognitivo, ou seja, o desenvolvimento global da personalidade, a
capacidade de adaptação social e a modificação estrutural do
processamento de informação do indivíduo.
 Fazer do corpo uma síntese integradora da personalidade, reformulando
a harmonia e o equilíbrio das relações entre a esfera do psíquico e a

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harmonia e o equilíbrio das relações entre a esfera do motor, por meio


do qual a consciência, aqui encarada como dado imediato e intuitivo do
corpo, se edifica e se manifesta com a finalidade de promover a
adaptação a novas situações.

A psicomotricidade não pode ser analisada fora do comportamento e da


aprendizagem, e esta, longe de ser uma relação inteligível entre estímulos e
respostas, é antes uma sequência de ações, ou seja, sequencial espaço-temporal
intencional, para usar uma expressão piagetiana.

Fonseca (2004) ressalta ainda que a psicomotricidade é atualmente concebida


como a integração superior da motricidade, produto de uma relação inteligível entre
a criança e o meio.

Segundo Coste (1992), é a ciência encruzilhada, onde se cruzam e se


encontram múltiplos pontos de vista biológicos, psicológicos, psicanalíticos,
sociológicos e linguísticos. A história da psicomotricidade nasce com a história do
corpo, um longo percurso marcado, às vezes, por cortes revolucionários e
reformulações decisivas, que vieram culminar em nossas modernas concepções e
permitem compreendê-las.

Rosa Neto (2002), destaca em sua obra os Elementos básicos da motricidade:

Motricidade fina

A coordenação visuomanual representa a atividade mais frequente e mais


comum no homem, a qual atua para pegar um objeto e lançá-lo, para escrever,
desenhar, pintar, recordar, etc. Ela inclui uma fase de transporte da mão, seguida de
uma fase de agarre e manipulação, resultando de um conjunto com seus três
componentes: objeto/olho/mão. A atividade manual, guiada por meio da visão, faz
intervir, ao mesmo tempo, o conjunto dos músculos que asseguram a manutenção
dos ombros e dos braços, do antebraço e da mão, que é particularmente responsável

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pelo ato manual de agarrar ou pelo ato motor, assim como os músculos oculomotores
que regulam a fixação do olhar, as sacudidas oculares e os movimentos de
perseguição.

A coordenação visuomotora é um processo de ação em que existe coincidência


entre o ato e o motor e uma estimulação visual percebida. Esse tipo de dinamismo
somente pode dar-se em indivíduos videntes. Os não-videntes transferem as
percepções visuais por outros meios de informação: guias sonoros outorgados pela
explicação verbal, pelas percepções táteis e outros.

Habilidades motoras finas

Uma grande conquista para os bebês é a habilidade no uso das mãos, os


recém-nascidos têm pouco controle das mãos, mas as crianças de 1 ano de idade
têm um talento extraordinário.

O controle cada vez maior dos bebês sobre cada mão é acompanhado por uma
coordenação maior das duas mãos. Embora bebês com 4 meses já utilizem ambas
as mãos, seus movimentos não são coordenados; cada mão parece fazer o que
entende por volta de 5 e 6 meses os bebês conseguem coordenar os movimentos
das mãos, de modo que cada mão execute diferentes ações que servem a um objetivo

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comum. Assim, uma criança pode, por exemplo, segurar um bichinho com uma mão
e afagá-lo com a outra.

Com cerca de 6 meses, os bebês costumam receber comidas que podem ser
seguradas com os dedos e conseguem pegar essas comidas com facilidade, mas
colocá-las na boca é outra história. A mão que agarra a comida é erguida até a
bochecha, depois até os lábios e, finalmente, a comida é enfiada a boca. Missão
cumprida depois de muitos desvios. A coordenação olhos-mãos melhora
rapidamente; assim logo alimentos de tamanhos, formas, texturas variadas chegam
à boca diretamente.

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Motricidade global
A capacidade da criança, seus gestos, suas atitudes, seus deslocamentos e
seu ritmo nos permitem, às vezes, conhecê-la e compreendê-la melhor do que buscar
informações para tal fim nas palavras pó ela pronunciadas.

A criança passa grande parte de sua vida na escola e, por isso, sua conduta
está representada pela sua atividade motora. As crianças correm imitando os
caminhões, os carros, os animais; põem-se a correr e rapidamente a saltar de
diferentes formas. A perfeição progressiva do ato motor implica no funcionamento
global dos mecanismos reguladores do equilíbrio e da atitude.

Equilíbrio
O equilíbrio segundo Rosa Neto (2002) é a base primordial de toda ação
diferenciada dos segmentos corporais. Quanto mais defeituoso é o movimento, mais
energia consome; tal gasto energético poderia ser canalizado para outros trabalhos
neuromusculares, resulta uma fadiga corporal, mental e espiritual, aumentando o
nível de estresse, ansiedade e angústia do indivíduo. Com efeito, existem relações
estreitas entre as alterações ou as insuficiências do equilíbrio estático e dinâmico e
os latentes estados de ansiedade ou insegurança.

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PSICOMOTRICIDADE E DESENVOLVIMENTO
PSICOMOTOR

A atividade motora expressa a necessidade de movimento que deve ser


satisfeita. Qualquer movimento como conduta surge como uma resposta a uma
situação a resolver, quer decorrente de condições exteriores (fuga, etc.), quer de
condições interiores (sede, etc.). Para cada uma dessas situações, coloca-se um
número de finalidades e iniciativas que vão solicitar uma motricidade da experiência
anterior, no presente, e uma motricidade de ação que irá se desenrolar no futuro.
Perante a situação exterior, o animal, o homem e a criança terão de resolver várias
questões; como quando iniciar o movimento, qual a velocidade de execução do
mesmo, qual a postura mais adequada à situação, ou seja, qual tipo de motricidade
exigida para lidar com uma situação exterior. (FONSECA, 1998).

O movimento é uma das formas mais significativas de adaptação ao mundo


exterior; o homem necessita utilizar o movimento para a satisfação das necessidades
que lhe são inerentes. A situação implica movimento, como ação consciente,
originando no indivíduo uma intencionalidade e uma exteriorização na execução do
gesto. O homem habita um espaço pelo corpo e o movimento permite concretizar uma
experiência no mundo, em que a relação entre a situação e a ação indicam um
movimento específico a ser aplicado. (FONSECA, 1998).

As oportunidades para o movimento e a exploração do ambiente, oferecidas


à criança, favorecem a aprendizagem e o desenvolvimento motores. Estudos
feitos em diferentes culturas mostraram que, em alguns lugares, os pais
cuidam de seus filhos como se eles fossem muito frágeis e os protegem de
grandes estimulações. Em outros, desde os primeiros meses de vida,
estratégias são usadas para que a criança seja estimulada a sentar, rastejar
ou andar. O resultado da variedade de práticas oferecidas foi que as crianças

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que receberam oportunidades para experimentação de seus movimentos,


sentaram, rastejaram e andaram mais cedo que as crianças cujas
oportunidades não foram oferecidas. (ADOLPH, 2006 apud ARROYO e
OLIVEIRA, 2007, p. 2).

A psicomotricidade trabalha a globalidade do indivíduo, integrando a vivência


corporal, o significado das palavras e a relação entre sujeito, objeto e meio de
realização de uma atividade.

Desta forma, a psicomotricidade é um conhecimento científico que permite


educar o movimento e desenvolver a inteligência do indivíduo. (BUENO, 1998)

Na avaliação da área da psicomotricidade, observam-se alguns elementos


básicos da motricidade que devem ser considerados. Segundo Fonseca (1985) apud
Carvalho (2005), estes elementos que se denominou por funções psicomotoras,
podem ser divididos em: esquema corporal, coordenações motoras ampla e fina;
representação do corpo para si mesmo; organização espacial e temporal; ritmo;
lateralidade; conhecimento da lateralidade e equilíbrio. Desta forma, a
psicomotricidade compõe uma visão holística do homem, tendo como foco sua
globalidade.

O cérebro humano é estruturado pela função motora nos primeiros anos de


vida, sendo a motricidade de fundamental importância na estruturação, organização
e regulação humana.

As funções psicomotoras se desenvolvem naturalmente no processo


maturacional da criança quando ela interage com o meio, porém quando por algum
aspecto (psicológico, motor, neurológico, perceptivo ou sensorial) a criança apresenta
dificuldade de expressividade, dificuldade de comunicação do sujeito consegue
mesmo, com os objetos e com o mundo vê-se a necessidade de se aplicar um
trabalho de educação psicomotora (Carvalho, 2005). A intervenção psicomotora
prioriza qual função tônica que está sendo exercida e a emoção proveniente desta,
nos progressos da atividade da criança. (FONSECA, 1995).

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De acordo com Fonseca (2004), a identificação das síndromes ou transtornos


psicomotores, certamente um dos critérios de cientificidade da psicomotricidade,
engloba vários subtipos de desorganização do movimento, noção cientificamente
análoga à de dispraxia, definida por Ajuriaguerra (1970) apud Fonseca (1995) como
perturbação global da personalidade, da qual podem surgir problemas instrumentais
atrelados à efetividade, no alcance em que possuem um caráter expressivo,
independentemente de não surgirem de neuropatias ou miopatias.

Em psicomotricidade, o diagnóstico é parte integrante e dialética da


intervenção subsequente, estabelecendo com esta um diálogo permanente de
aprofundamento e de compreensão do problema ou das perturbações psicomotora
do indivíduo, visando à busca intencional e significativa da sua modificação
psicomotora, por ser simultaneamente centrada não só nos produtos finais da
motricidade, como nos processos que a integram, elaboram, regulam e controlam,
fazendo atuar em convergência e em sincronia neurofuncional processos emocionais
e cognitivos interiorizados. (FONSECA, 2004).

A falta de um adequado conhecimento e domínio do próprio corpo acarreta


uma série de dificuldades. A deficiência da motricidade manifesta-se
principalmente por gestos imprecisos, movimentos desordenados, postura
inadequada, lentidão excessiva. Para efeito de reeducação do esquema
corporal, numa primeira etapa, são concebidos exercícios globais, pois a
criança com insuficiência de estruturação do esquema corporal suporta mal,
no início da reeducação, exercícios segmentários. [...] numa segunda fase
da reeducação do esquema corporal, um extenso trabalho será efetuado,
objetivando a tomada de consciência corporal, ou seja, a educação da
percepção, que poderá ser feita, inicialmente, por meio das sensações
proprioceptivas. Como resultado desses exercícios, é obtida a
individualização de movimentos do corpo, bem como a sua conveniente
utilização. Concomitantemente, serão realizados exercícios que se referem
especialmente ao equilíbrio e à coordenação, visando à tomada de
consciência das posturas. (MEDINA e ANDRADE, 2004, p. 3)

O desenvolvimento psicomotor engloba o desenvolvimento funcional de todo o


corpo e suas partes. É através dele que a criança deixa de ser a criatura frágil da
primeira infância e se transforma numa pessoa livre independente de auxílio alheio.
As atividades motoras desempenham na vida da criança um papel importantíssimo,
em muitas de suas primeiras iniciativas intelectuais.

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Enquanto explora o mundo que o rodeia com todos os órgãos dos sentidos,
percebe também os meios com os quais fará grande parte dos seus contatos sociais.
(COELHO, 1999 apud FONSECA 2004).

A psicomotricidade, como ciência da educação, educa o movimento através


das funções intelectuais (Fonseca, 1995). Segundo Staes (1991), a psicomotricidade
engloba a motricidade, a mente, a efetividade do indivíduo, e, em função disto,
quando há problemas na psicomotricidade da criança, a técnica empregada no
tratamento deve trabalhar os aspectos globais da função motora, do desenvolvimento
intelectual e do desenvolvimento afetivo. Para Costallat (1987), as alterações
profundas não podem ser recuperadas totalmente por nenhum tratamento, entretanto,
podem ser atenuadas com uma reeducação apropriada que eduque os movimentos
úteis ou desenvolva compensações que ajudem a equilibrar a deficiência motora.

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DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DE CRIANÇAS DE


1 A 3 ANOS

De acordo Com Rosa Neto (2002, p.30), o padrão de crescimento e de


comportamento motor humano, o qual se modifica através da vida e do tempo, e a
grande quantidade de influências que os afetam, constituem fomento para diferentes
teorias científicas e sustentam a evolução de estudos que se caracterizam pelas
técnicas de pesquisa e pelos meios utilizados na obtenção de dados, os quais são
elaborados e discutidos como forma de elucidar os diferentes caminhos que perfazem
a existência do homem e sua evolução física, orgânica, cognitiva, e psicológica.

Segundo Bee (1997), diariamente, os bebês desenvolvem e aprimoram


habilidades em seu comportamento, que se aperfeiçoam através do desenvolvimento
físico/psicológico e treino/aprendizagem, contudo, as alterações variam de uma
criança para outra. Desta forma os seres humanos são programados para sequências
básicas de desenvolvimento físico, mas cada um recebe instruções para tendências
singulares no crescimento. As habilidades motoras são divididas em três grupos:
padrões locomotores, como empurrar, andar, correr, saltar e pular; padrões não
locomotores, como empurrar, puxar, inclinar-se e habilidades manipulativas, como
agarrar, arremessar, pegar, chutar e outras ações que envolvem a manipulação de
objetos.

21
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Segundo Fonseca (1995), a tonicidade é fundamental para a organização da


psicomotricidade, pois garantem as atitudes, as posturas, às mímicas, as emoções,
enfim, de onde emergem as atividades motoras humanas. A tonicidade assegura a
preparação da musculatura responsável pelas funções biológicas e psicológicas, ou
seja, para as múltiplas formas de atividade postural e práxica.

Costallat (1985), afirma que é no primeiro ano de vida que se realizam as


maiores mudanças no desenvolvimento neuromotora, apesar de ser um período de
comportamento vacilante e sem precisão. A deficiência na precisão vai diminuindo na
medida em que a maturação neuromuscular possibilite o domínio gradual dos
movimentos voluntários, diminuindo os movimentos impulsivos.

Com base nessas aquisições, a conduta evolui no 2° e 3° ano de vida, com o


aumento de precisão de gestos.

De 1 anos e um mês a 1 ano e 6 meses, a criança inicia o caminhar sem ajuda,


andando de forma ativa com passos curtos, porém cai com facilidade. Nesta faixa
etária a criança começa a desenvolver a motricidade fina, o que pode ser observado
em trabalhos com argila, desenhos com lápis, no abrir e fechar portas e na capacidade
de a criança segurar sozinha um copo com líquido. Já na área cognitiva, a criança
com essa faixa etária, demonstra necessidade de explorar tudo que a cerca,
descobrindo novos meios para se atingir determinados fins. A linguagem
compreensiva está mais desenvolvida que a linguagem expressiva, sendo que esta
ocorre mais através de gestos do que palavras. A criança desenvolve, através da
linguagem, a capacidade de identificar partes do seu próprio corpo, e que cada objeto
ou pessoa tem uma denominação, como papai, mamadeira. (FORTKAMP, 1989)

Bueno (1998,34-36), apresenta da seguinte forma:

 O primeiro ano de vida: 15° a 18º mês


 Anda sozinho.
 Apresenta linguagem de ação com organização rítmica.

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 Maturação neurológica para controle esfincteriano (início da


percepção).
 Já faz rabiscos.

 2 anos
 Noção de totalidade corporal.
 Reconhece diferença sexual.
 Usa colher e lápis.
 Salta com os dois pés juntos.
 O real está confuso com a fantasia – o que pensa o que imagina é
sempre mais verdadeiro e realizável para a criança.
 Controle total dos esfíncteres.
 O vocabulário aumenta.

 3 anos
 Utiliza o pronome eu – tomada de consciência de si.
 Reconhece e explica ações.
 É capaz de classificar, identificar e comparar.
 Vocabulário em torno de 200 palavras.
 Demonstra cooperação.
 Usa talheres e quer vestir-se e calçar-se sozinho.
 Salta em pé só, dois ou três passos.
 Anda de velocípede.
 Sobe e desce escadas alternando os passos.
 A coordenação motora fina se aperfeiçoa.
 Idade dos porquês.
 Começa a usar tesoura.

No período de um a dois anos, as disposições posturais se aperfeiçoam com


a marcha e a percepção visual constituem a memória motora, que se manifesta nas

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experiências diárias, na qual a criança fixa os movimentos, ocorrendo a mecanização


da marcha e exercitação manual. Nesta idade, é normal a imprecisão geral dos
movimentos, que se manifesta através de um comportamento vacilante, com
impulsividade dos movimentos por insuficiência do controle de freio inibitório.
(COSTALLAT, 1985).

Na faixa etária de 1 ano e 7 meses a 2 anos, a criança continua a explorar o


ambiente constantemente, realizando movimento de correr, porém, com dificuldades
e constantes quedas.

Nesta fase o infante começa a ter controle dos esfíncteres durante o dia, mas
isto pode variar conforme o desenvolvimento esfincteriano da criança e o apoio e/ou
pressão psicológica para exercer tal atividade. (FORTKAMP, 1989).

Bueno (1998), relata que a estimulação motora é um programa que envolve


contribuições para o desenvolvimento harmonioso da criança no começo de sua vida,
caracteriza-se por atividades que se preocupam e vão de encontro das condições que
o indivíduo apresenta, acima de tudo na sua capacidade maturacional, procurando
despertar o corpo e a afetividade por meio de movimentos e jogos buscando a
harmonia constante.

Os estudos sobre a psicomotricidade infantil, em geral, são realizados com o


objetivo de conhecer melhor as crianças e de poder estabelecer instrumentos de
confiança para avaliar, analisar e estudar o desenvolvimento de alunos em diferentes
etapas evolutivas. Em muitas situações, a escolha de um instrumento de avaliação
se faz de maneira incorreta. É dever do profissional escolher um instrumento válido
de avaliação com critérios científicos, tais como:

 Saber qual é o propósito do exame (orientação, seleção, avaliação,


diagnóstico clinico, entre outros), pois cada objetivo requer enfoques e
instrumentos específicos.
 Identificar os aspectos que interessam ao examinador, isto é, que tipo
de informação ele deseja obter.

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 Obter informação técnica e científica sobre o teste: confiança, precisão


e consciência do instrumento.
 Considerar as condições práticas para realizar o teste: tempo de
duração, amostra ao estudo, colaboradores na aplicação, material
adequado e assim por diante.
 Ter em mente que, para um teste ser útil, deve possuir as propriedades
científicas e técnicas fundamentais. Para que um processo se
desenvolva eficazmente, é necessário planeja-lo com atenção e com
sentido prático. ROSA NETO (2002, p.31)

Rosa neto (2002 p. 34), apresenta alguns métodos de análise para avaliação
de desenvolvimento psicomotor, tais como:

Teste motor

É uma prova determinada que permite medir, em um indivíduo, uma


determinada característica. Os resultados poderão ser comparados com os de outros
indivíduos.

Prova motora

Designa um conjunto de atividades marcadas por uma determinada idade.


Permite determinar avanço ou atraso motor de uma criança, de acordo com os
resultados alcançados nas provas.

25
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Bateria motora

Designa em conjunto de testes ou de provas utilizadas para avaliar vários


aspectos ou a totalidade da personalidade de um sujeito.

Escala de desenvolvimento

Compreende a um conjunto de provas muito diversificadas e de dificuldade


graduada, conduzindo a uma exploração minuciosa de diferentes setores do
desenvolvimento motor.

Perfil motor

Consiste em uma reprodução gráfica de resultados obtidos em vários testes de


eficiência motora, a qual permite uma comparação simples e rápida de diferentes
aspectos do desenvolvimento motor, colocando em evidencia os pontos fortes e
fracos do indivíduo.

O desenvolvimento psicomotor pode ser considerado não apenas por


classificações cronológicas, mas por etapas e estágios que apresentam
características de um processo racional e relacional, não fixos segundo a maturação
do indivíduo.

Rosa neto (2002), em sua obra, demonstra de que forma podem ser feitas
avaliações motoras, e dispõe que o exame motor é um complemento indispensável
do exame psicológico e um elemento fundamental na observação dos mais variados
problemas de falta de adaptação que a criança pode apresentar. É o ponto de partida
para uma intervenção, pois nos permite:

26
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 Analisar os problemas estabelecidos;


 Diferenciar os diversos tipos de debilidade;
 Suspeitar e, inclusive, afirmar a presença de dificuldades escolares, as
perturbações motoras e os problemas de conduta;
 Avaliar os progressos da criança durante seu desenvolvimento
evolutivo;

De acordo com Bueno (1998), existem vários testes que podem ser usados
para avaliar os problemas psicomotores, mas o ideal é que cada profissional crie o
seu próprio esquema de avaliação baseado nos testes validados e existentes, indo
de encontro com o indivíduo avaliável.

O avaliador deve escutar e olhar o corpo e as produções do indivíduo avaliado


do ponto de vista dinâmico para investigar não só o que o corpo produz e de que
forma produz, de acordo com os processos maturativos (afetivo, relacional e
cognitivo).

Segundo Rosa Neto (2002), quando as crianças recorrem a um exame motor,


apresentam um grande interesse em conhecer e em realizar os testes, pois não estão
acostumadas a realizar provas estimulantes ou divertidas. No âmbito da aplicação de
exames, os sujeitos são recebidos com enfoques diferentes se considerarmos outros
testes psicométricos. Na maior parte das vezes, o exame motor se realiza sem a
presença da sua mãe ou de parente próximo.

Rosa Neto (2002), apresenta algumas descrições de exames:

27
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Motricidade fina

2 anos – construção de uma torre – material: 12 cubos em desordem;


tomam-se quatro e, com eles, é montada uma torre diante da criança. “Faça você
uma ponte igual;’ (sem desmontar o modelo). A criança deve fazer uma torre de quatro
ou mais cubos quando lhe for indicado (ela não deve brincar com os cubos antes nem
depois).

3 anos – construção de uma ponte – material: 12 cubos em desordem;


tomam-se três e, com eles, se constrói uma ponte diante da criança. “Faça você algo
semelhante” (sem desmontar o modelo). Pode-se ensinar várias vezes a forma de
fazê-lo. É suficiente que a ponte continue montada, ainda que não esteja muito bem
equilibrada.

Motricidade global

2 anos – subir sobre um banco – subir com o apoio, em um banco de 15cm de


altura e descer. (Banco deve estar situado ao lado de uma parede).

3 anos – saltar sobre uma corda – com os pés juntos, saltar por cima de uma
corda estendida sobre o solo (sem impulso, pernas flexionadas). Tentativas: três
(duas tentativas deverão ser positivas).

Equilíbrio

2 anos – equilíbrio estático sobre um banco – sobre um banco de 15cm de


altura, a criança deve manter-se imóvel, com os pés juntos, com os braços relaxados
ao longo do corpo. Erros: deslocar os pés, mover os braços. Duração: 10 segundos.

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3 anos - equilíbrio sobre um joelho – os braços devem estar ao longo do corpo,


os pés juntos; deve-se apoiar um joelho no chão sem mover os braços ou o outro pé.
Manter a posição, com o tronco ereto (sem sentar-se sobre o calcanhar). Após 20
segundos de descanso, o mesmo exercício deve ser feito com a outra perna. Erros:
o tempo ser inferior a 10 segundos; haver deslizamentos dos braços, do pé ou do
joelho; sentar-se sobre o calcanhar. Tentativas: duas para cada perna.

ESTRATÉGIAS

Friedmann (1996) relata que a exploração do corpo e do espaço leva a criança


a se desenvolver. Piaget considera a ação psicomotora como a pioneira do
pensamento representativo e do desenvolvimento cognitivo, e afirma que a interação
da criança em ações motoras, visuais, táteis e auditivas sobre os objetos do seu meio
é essencial para o desenvolvimento integral.

A percepção corporal é o produto da inter-relação de aspectos neurológicos


e comportamentais que integram a sensação da presença do corpo no
ambiente, sendo considerada a base da estruturação psicomotora do
indivíduo. Ela é desenvolvida principalmente durante a infância através da
variedade de experiências motoras vivenciadas pela criança. Por esse
motivo, para facilitar o desenvolvimento da percepção corporal da criança [...]
é importante o desenvolvimento de atividades lúdicas, desafiadoras, ricas em
variedade de ações corporais e que considerem a tendência contemporânea
de integração dos campos da neurofisiologia e do comportamento motor na
utilização de estratégias de intervenção que adotem a abordagem de
solução. (BERTOLDI, LADEWIG I e ISRAEL, 2007, p. 2).

O jogo é um meio básico para promover o desenvolvimento físico-motor. O


equipamento utilizado e os espaços pensados para o jogo são fundamentais na
movimentação de diferentes tipos de jogos motores.

A introdução de jogos estruturados, estímulo e desempenho físico-motor nunca


foram tão importantes quanto hoje em dia, em que o tempo para o jogo infantil se vê
comprometidos por atividades sedentárias, como assistir televisão e brincar com

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jogos no computador. Para o desenvolvimento físico-motor o jogo tem papel


fundamental, que deve ser aproveitado num trabalho integrado com outras áreas de
desenvolvimento.

Kishimoto (1998, p.39-40), em sua obra destaca o pensamento de Piaget que


para cada ato de inteligência é definido pelo equilíbrio entre duas tendências:
assimilação e acomodação. Na assimilação, o sujeito incorpora eventos, objetos ou
situações dentro de formas de pensamento, que constituem as estruturas mentais
organizadas. Na acomodação as estruturas mentais existentes reorganizam-se para
incorporar novos aspectos do ambiente externo. O brincar, neste caso, é identificado
pela primazia da assimilação sobre a acomodação, ou seja, o sujeito assimila eventos
e objetos ao seu eu e suas estruturas mentais.

Já a autora Weigel (1988 p. 10,15) destaca que: a música atua nas fibras mais
sensíveis do ser, através das experiências emotivas que proporciona, como por
exemplo, o prazer que é uma forma de emoção. Daí o fato da criança recém-nascida
já se concentrar na audição de música adormecendo com facilidades ao som de
cantigas de ninar.

É necessário que os músculos, ossos e sistema nervoso da criança tenham


atingido determinado estágio de desenvolvimento para que ela possa desenvolver
atividades específicas de forma natural. Não se pode forçar este processo de
maturação, que ocorre à medida que a criança cresce. No entanto as atividades
musicais podem oferecer inúmeras oportunidades para a criança aprimorar sua
habilidade motora, controlar os seus músculos e mover-se com desenvoltura.

O movimento – atividade- é condição principal da vida da criança, pois sem


movimento ela enfraqueceria física e mentalmente. As experiências musicais ajudam
a criança a controlar melhor o seu corpo, melhorando a coordenação motora grossa
(grandes movimentos) e fina (pequenos movimentos).

A brincadeira é também essencial para um bom desenvolvimento psicomotor.


Sabendo-se que a psicomotricidade é a relação do pensamento e da ação onde está

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presente a emoção, podemos concluir que é brincando que a criança exercita de


forma global e equilibrada todas essas atividades.

De acordo com Marinho (1993, p.10): “a brincadeira é também essencial para


um bom desenvolvimento psicomotor”. Sabendo-se que a psicomotricidade é a
relação do pensamento e da ação onde está presente a emoção, podemos concluir
que é brincando que a criança exercita de forma global e equilibrada todas essas
atividades.

Vejamos o enfoque teórico dado ao brincar por Santos (2011), dentre os vários
pontos de vista:

 Do ponto de vista filosófico, o brincar é abordado como um mecanismo


para contrapor à racionalidade. A emoção deverá estar junta na ação
humana tanto quanto a razão. A expressão lúdica tem a capacidade de
unir razão e emoção, conhecimento e sonho, formando um ser humano
mais completo e pleno;
 Do ponto de vista sociológico, o brincar tem sido visto como a forma
mais pura de inserção da criança na sociedade. Brincando, a criança
vai assimilando crenças, costumes, regras, leis e hábitos do meio em
que vive. A apropriação da cultura infantil é resultado das interações
lúdicas, que se dá entre a criança, o brinquedo e as outras pessoas;
 Do ponto de vista psicológico, o brincar está presente em todo o
desenvolvimento da criança nas diferentes formas e modificações de
seu comportamento; pois na formação da personalidade, nas
motivações, necessidades, emoções, valores, as interações
criança/família e criança/sociedade, estão associadas aos efeitos do
brincar;
 Do ponto de vista psicoterapêutico, o brincar tem a função de entender
a criança nos seus processos de crescimento e de remoção dos
bloqueios do desenvolvimento, que se tornam evidentes;

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 Do ponto de vista da criatividade, tanto o ato de brincar, como o ato


criativo estão centrados na busca do ‘eu”. É no brincar que se pode ser
criativo, e é no criar que se brinca com as imagens e signos, fazendo
uso do próprio potencial;
 Do ponto de vista pedagógico, o brincar tem-se revelado como
estratégia poderosa para o aprendizado, constituindo-se numa peça
importantíssima na formação da personalidade, nos domínios da
inteligência, na evolução do pensamento e de todas as funções mentais
superiores, transformando-se num meio viável para a construção do
conhecimento (SANTOS, 2011, p.112-115).

Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998, p.


23):

A presença das brincadeiras na Educação Infantil, ainda segundo o Referencial


Curricular Nacional para a Educação Infantil Nacional (1998), tem por objetivo servir
de suporte para vários propósitos, como a formação de hábitos, atitudes e
comportamento. Objetiva também atuar na memorização de conteúdos relativos a
números, letras do alfabeto, cores, dentre outros, traduzidos em canção. Estas
canções costumam ser acompanhadas de gestos corporais, imitados pelas crianças
de forma mecânica e estereotipada.

As crianças, por meio dos jogos e das brincadeiras, sejam elas de regras ou
não, ficam mais motivadas e impulsionadas a usar a inteligência, a buscar estratégias,
pois querem jogar bem. E mais, querem superar-se. Sendo assim, esforçam-se para
superar obstáculos, tanto cognitivos quanto emocionais e até mesmo físicos. Estando
motivadas durante o jogo, ficam também mais ativas mental e fisicamente.

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Faculdade de Minas

Kishimoto afirma que os jogos educativos ou didáticos estão orientados para


estimular o desenvolvimento físico e cognitivo, e são importantes para o
desenvolvimento de um conhecimento escolar mais elaborado, tal como calcular, ler
e escrever (KISHIMOTO, 2011, p.111). O conhecimento físico tem como fonte o
objeto, ou seja, o objeto contém informações para a criança que as assimila pela
manipulação e observação.

Desta forma, a criança extrai o conhecimento por abstração empírica.


Entretanto, é preciso que o mediador esteja presente para conduzir, selecionar
objetos ricos em atributos, dando informações e orientações à criança, quando
necessário. Os jogos de construção ganham espaço na busca deste conhecimento
físico, porque desenvolvem habilidades manuais, a criatividade, enriquecem a
experiência sensorial, além de favorecer a autonomia e a socialização (KISHIMOTO,
2011, p. 111).

Com a aquisição do conhecimento físico, a criança terá elementos para


estabelecer relações e desenvolver seu raciocínio lógico matemático, o que é
importante para o desenvolvimento da capacidade de calcular, de ler e de escrever.
As possibilidades de exploração e de manipulação que o jogo oferece, colocando a
criança em contato com objetos e com o meio ambiente, propiciando o
estabelecimento de relações e contribuindo para a construção da personalidade, do
desenvolvimento físico e desenvolvimento cognitivo, torna a atividade lúdica
imprescindível para a educação.

O lúdico é essencial para uma escola que se proponha não somente ao


sucesso pedagógico, mas também à formação do cidadão, porque a consequência
imediata dessa ação educativa é a aprendizagem em suas dimensões; social,
cognitiva, relacional e pessoal.

33
Faculdade de Minas

JOGOS DE CONSTRUÇÃO

O jogo de construção denominado Jogo do Mundo, criado por Mme. Lowenfeld,


em 1935, destina-se ao livre manuseio de peças para que a criança construa seu
mundo. Construindo, transformando e destruindo, a criança expressa o seu
imaginário e seus problemas e permite aos terapeutas o diagnóstico de dificuldades
de adaptação.

Os jogos de construção são considerados de grande importância por


enriquecer a experiência sensorial, estimular a criatividade e desenvolver habilidades
da criança.

Piaget (1978) apud Fonseca (1995) observa ao longo do período infantil três
sucessivos sistemas de jogo: de exercício, simbólico e de regras.

Os de exercício aparecem durante os primeiros 18 meses de vida, envolve a


repetição de sequências já estabelecidas de ações e manipulações, não com
propósitos práticos ou instrumentais, mas por mero prazer derivado da mestria de
atividades motoras. Em torno de um ano de idade tais exercícios práticos tornam-se
menos numerosos e diminuem em importância. Eles começam a se transformar em
outras formas:

 A criança passa a fazer repetições fortuitas e combinações de ações e


de manipulações; depois define metas para si mesma e os jogos de
exercícios são transformados em construções;
 Os jogos de exercícios adquirem regras explicitas e, então,
transformam-se em jogos de regras.

Atividades:

 Saltar a corda:
 Coordenação motora ampla:
 Formação: coluna.

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Faculdade de Minas

 Material: corda.
 Desenvolvimento: a frente de cada coluna estarão três cordas esticadas
na horizontal, o primeiro aluno deverá saltar as cordas de frente, de
costa, de lado.

 Cobrinha:
 Coordenação motora ampla:
 Formação: coluna.
 Material: corda.
 Desenvolvimento: o professor deverá fazer cobrinha com a corda, o
deverá saltar sem tocar na corda.
 Variação: dois segurando a corda fazendo um leve balanceio de um lado
para o outro.

 Lançar:
 Coordenação motora ampla:
 Formação: individual.
 Material: bola.
 Desenvolvimento: deslocando, lançar a bola para cima e segurar.

 Deslocamento:
 Coordenação motora ampla.
 Formação: individua.
 Material: bola.
 Desenvolvimento: andando e passando a bola por entre as pernas
em forma de 8.

 Deslocamento:
 Coordenação motora ampla:

35
Faculdade de Minas

 Formação: individual.
 Material: bola.
 Desenvolvimento: andar com a bola entre as pernas.

 Montar quebra-cabeça gigante no chão;


 Correr com fitas coloridas sem deixá-las tocar o chão;
 Jogar bolas de ar (bexiga, balão) para o alto e não deixá-las tocar o
chão;
 Rodar pneu de borracha.

 Coordenação motora fina: diz respeito aos trabalhos mais finos,


aqueles que podem ser executados com o auxílio das mãos e dedos,
especificamente aqueles com grande importância entre mãos e olhos.
O bom desenvolvimento da coordenação fina garantirá um bom traço
de letra e será observado quando, por exemplo, a criança pega água
em um copo plástico sem derramar ou equilibrando a força necessária
para colorir desenhos nas mais diferentes texturas e superfícies.

 Amarrado:
 Coordenação motora fina:
 Material: lenço.
 Formação: coluna.
 Desenvolvimento: A frente de cada coluna estará um aluno de pé e com
os braços em extensão. O professor entregará um lenço ao primeiro
aluno de cada coluna que deverá deslocar até o colega que está em
frente da coluna e amarrar a sua mão, voltar tocar na mão do colega
que deverá deslocar até o colega amarrado e desamarrá-lo, entregando
o lenço para o próximo colega de sua coluna e assim sucessivamente.

36
Faculdade de Minas

 Tampa e destampa:
 Coordenação motora fina:
 Material: garrafa pet.
 Formação: coluna.
 Desenvolvimento: A frente da coluna estará uma garrafa pet tampada.
Assim o primeiro da coluna destampa a garrafa pet volta para sua coluna
e assenta no final da mesma, o segundo tampa a garrafa pet e assim
sucessivamente.

 Bola por cima:


 Coordenação motora ampla:
 Material: bola.
 Formação: assentados em coluna.
 Desenvolvimento: os alunos deverão estar assentados em fila, o
organizador distribuirá uma bola para cada fila, ao sinal do organizador
os alunos deverão passar a bola por cima da cabeça. Vence a equipe
que conseguir transportar a bola primeiro.
 Variação: quando a bola chegar ao último aluno este deverá deslocar-
se e ocupar a primeira posição na fila, vence a equipe que chegar
primeiro no aluno que começou a atividade.

 Bola por baixo:


 Coordenação motora ampla:
 Material: bola.
 Formação: em pé – coluna.
 Desenvolvimento: Idem a anterior, porém a bola é passada por debaixo
das pernas.

37
Faculdade de Minas

 Variação: quando a bola chegar ao último este deverá passar por


debaixo das pernas dos colegas, carregando consigo a bola.
Continuando assim a atividade. Vence a atividade quando o primeiro
aluno da equipe que começou ocupar a sua primeira posição.

Vygotski (1988) apud Fonseca (1995) deixa claro que, nos primeiros anos de
vida, a brincadeira é a atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento
ao criar zonas de desenvolvimento proximal. Ao prover situação imaginativa por meio
da atividade livre, a criança desenvolve a iniciativa, expressa seus desejos e
internaliza as regras sociais.

Um dos objetivos se firmava na descrição histórica da psicomotricidade. Desta


forma, sabe- se que a partir do século XIX, é que os neurologistas passaram a estudar
o corpo, porém através de outras necessidades, como a compreensão das estruturas
cerebrais. Também chamou a atenção dos psiquiatras, que tinham o intuito de
qualificar os fatores patológicos. Henry Wallon, como pioneiro nos estudos sobre
psicomotricidade em crianças, também se baseava no corpo como uma estrutura
neurológica, anatômica e locomotora, sendo qualificada como emissora e receptora
de movimentos e tomava como princípio o movimento humano, como instrumento na
constituição do psiquismo. Ainda não existia tinha um aspecto conceitual que
agregasse o corpo a mente e o espírito. (FONSECA, 1998).

Em 1905, destaca Fonseca (1998), surgiram os primeiros trabalhos com base


reflexiva sobre o movimento corporal. Na década de 70, vários autores consideraram
a psicomotricidade como uma motricidade de relação, desta forma, começa-se a
enxergar o “corpo de um sujeito”, justificando a relação, a afetividade e o emocional.
Este método começa a entender a constituição da criança por meio das relações que
estabelece como o mundo externo, assim como nas ações do outro sobre ela.

Fonseca (1998) discorre que vários estudos foram feitos, no entanto,


Ajuriaguerra1 (1970) apud Fonseca (1998), vem a se destacar, por ter voltado a sua
atenção para a influência do meio em relação ao corpo, por meio do pensamento de

38
Faculdade de Minas

que a evolução da criança está ligada à conscientização do seu corpo, e pondera o


corpo como basal para o desenvolvimento mental, afetivo e motor da mesma. A
vivência corporal é o fator que determina as respostas adquiridas, onde se registram
as tensões e emoções que individualizam o progresso psico afetivo da criança.
(FONSECA, 1998).

Considerando-se a conceituação da psicomotricidade, um contingente de


autores dispunha suas interpretações, como Levin (1995) que postula que a
psicomotricidade é uma articulação que parte de uma ordem simbólica, como a
linguagem, possibilitando a concepção do corpo, os gestos, o movimento etc. Coste
(1992) também a define como uma ciência encruzilhada, onde se cruzam e se
deparam múltiplos pontos de vista biológicos, psicológicos, psicanalíticos,
sociológicos e linguísticos. A história da psicomotricidade nasce com a história do
corpo, um longo percurso marcado, às vezes, por cortes revolucionários e
reformulações decisivas, que vieram culminar em nossas modernas concepções e
permitem compreendê-las.

Para Molinari (2006), a motricidade é a integração superior da motricidade, pois


está associada à afetividade e a personalidade na medida em que o indivíduo utiliza
o corpo para demonstrar o que sente. Levin (1995) também corrobora com este
mesmo pensamento de associação entre a afetividade e à personalidade, colocando
que a psicomotricidade é uma ligação de solidariedade entre o pensamento e a
atividade motora.

Alguns autores referiram a psicomotricidade como ligada à personalidade,


defendendo através desta perspectiva que o corpo possibilita a demonstração dos
sentimentos, ou seja, a psicomotricidade como uma transação entre o pensamento e
a atividade motora. A função motora, o desenvolvimento intelectual e o
desenvolvimento afetivo estão intimamente ligados na criança para destacar a relação
existente entre a motricidade, a mente e a afetividade e facilitar a abordagem global
da criança por meio de uma técnica.

39
Faculdade de Minas

Além da relação com a afetividade, alguns autores também fizeram menção


para a importância do meio. Dentre eles, pode-se observar Fonseca (1998), que
remete a psicomotricidade como fruto do vínculo entre a criança e o meio. Farias
(2006), colabora com esta teoria pontuando que a criança deve ter um bom
desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo para se torne mais adequada
socialmente.

Para Bueno (1998) a psicomotricidade trabalha a globalidade do indivíduo,


integrando a vivência corporal, o significado das palavras e a relação entre o sujeito,
objeto e meio na realização de uma atividade. Desta forma, a psicomotricidade é um
conhecimento científico que permite educar o movimento e desenvolver a inteligência
do indivíduo.

As funções psicomotoras se desenvolvem naturalmente no processo


maturacional da criança quando ela interage com o meio, porém quando por algum
aspecto (psicológico, motor, neurológico, perceptivo ou sensorial) a criança apresenta
dificuldade de expressividade, dificuldade de comunicação do sujeito consegue
mesmo, com os objetos e com o mundo vê-se a necessidade de se aplicar um
trabalho de educação psicomotora (Carvalho, 2005). Levin (1995) também acredita
que uma pessoa com problemas motores passa a apresentar problemas de
expressão.

Diante dessa colocação Barreto (2000) denota que o desenvolvimento


psicomotor pode anteparar os problemas da aprendizagem. Para ele, para que a
educação psicomotora seja trabalhada, necessita das funções motoras, perceptivas,
afetivas e sócio motoras, assim, a criança vai poder explorar o ambiente, adquirindo
consciência de si mesma e do mundo. Apoiando esta ideia, já em 1986, o
desenvolvimento, foi visto por Le Boulch (1986) como a junção dos processos
orgânicos e o meio, sendo a atividade motora, o resultado de uma necessidade de
movimento, e mesmo que esta experiência se concretize a um nível de
comportamento sensório-motor, está carregada de conteúdo emocional.

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Faculdade de Minas

Bueno (1998) apresenta a mesma compreensão ao afirmar que o movimento


contribui para o desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e relacional e que os atos
conduzem a uma ação motora, contudo está repleta de intenção e significado.

O desenvolvimento não depende somente da maturação dos processos


orgânicos, mas do intercâmbio deste com o meio, na qual exerce influência
determinante (LE BOULCH, 1986). Para o autor, assim como para Barreto (2000),
atividade motora é o resultado de uma necessidade de movimento, e complementa
dizendo que é também de investigação e de expressão que deve ser satisfeita. A
ação exploratória da criança no ambiente em que está inserida contribui para
desenvolver suas funções mentais, na medida em que o corpo serve como
instrumento de aprendizagem (HURTATO,1991). A criança inicia suas atividades no
mundo, comunicando-se corporalmente utilizando objetos e pessoas.

De acordo com Fonseca (2004), a identificação das síndromes ou transtornos


psicomotores, engloba vários subtipos de desorganização do movimento. Esta é uma
noção definida por

Ajuriaguerra (1970) apud Fonseca (1998) como uma perturbação total da


personalidade, da qual podem surgir problemas atrelados à efetividade, no alcance
em que possuem um caráter expressivo. Segundo Staes (1991), quando há
problemas na psicomotricidade da criança, as técnicas empregadas no tratamento
devem trabalhar os aspectos globais da função motora, do desenvolvimento
intelectual e do desenvolvimento afetivo.

O bom desenvolvimento das aquisições básicas de psicomotricidade está


relacionado ao progresso das crianças nas diversas áreas de seu comportamento. A
criança deve ter um bom desenvolvimento motor para poder articular os sons da fala
e se locomover, um bom desenvolvimento cognitivo, a fim de que possa estabelecer
relações significativas entre coisas e eventos, e um bom desenvolvimento afetivo,
para que se torne mais competente socialmente. (FARIAS, 2004).

Coelho (1999) apud Fonseca (2004) partilha deste pensamento ao dizer que o
desenvolvimento psicomotor engloba o desenvolvimento funcional de todo o corpo e

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suas partes. É através dele que a criança deixa de ser a criatura frágil da primeira
infância e se transforma numa pessoa livre independente de auxílio alheio, pois
enquanto explora o mundo que o rodeia com todos os órgãos dos sentidos, percebe
também os meios com os quais fará grande parte dos seus contatos sociais. Bueno
(1998) remete algumas considerações a respeito da estimulação do meio ao dizer
que o desenvolvimento psicomotor da criança depende tanto do amadurecimento
neurológico quando da estimulação sócio afetiva que o ambiente permitir. O autor
ainda destaca a responsabilidade dos profissionais da área da saúde que intervém
direta ou indiretamente no desenvolvimento da criança, que é também nortear os pais
no sentido de que crescimento e desenvolvimento envolvem sentimentos de
capacidade e segurança, cabendo a eles fornecer condições para que a criança
desenvolva sua independência na tomada de ações e decisões.

As colocações de Friedmann (1996) elucidam esta compreensão ao relatar que


a exploração do corpo e do espaço induz a criança ao desenvolvimento, com respaldo
nas colocações de Piaget que considera a ação psicomotora como a precursora do
pensamento representativo e do desenvolvimento cognitivo, e afirma que a interação
da criança em ações motoras, visuais, táteis e auditivas sobre os objetos do seu meio
é essencial para o desenvolvimento integral.

Fonseca (1995) ainda discorre que a psicomotricidade, como ciência da


educação, educa o movimento através das funções intelectuais. A educação da
criança deve evidenciar a relação através do movimento de seu próprio corpo,
levando em consideração sua idade, a cultura corporal e os seus interesses. A
educação psicomotora para ser trabalhada necessita que sejam utilizadas as funções
motoras, perceptivas, afetivas e sócio motoras, pois assim a criança explora o
ambiente, passa por experiências concretas, indispensáveis ao seu desenvolvimento
intelectual, e é capaz de tomar consciência de si mesma e do mundo que a cerca.
(BARRETO, 2000).

Segundo Bueno (1998), as estratégias de intervenção podem ser aplicadas,


considerando as capacidades motoras, cognitivas, afetivas e sociais do organismo e

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a influência do meio sobre a aquisição das habilidades psicomotoras. No entanto,


Costallat (1987), denota que as alterações profundas não podem ser recuperadas
totalmente por nenhum tratamento, entretanto, podem ser atenuadas com uma
reeducação apropriada que eduque os movimentos úteis ou desenvolva
compensações que ajudem a equilibrar a deficiência motora.

Alguns autores destacaram a importância do movimento para a


psicomotricidade, como Fonseca (1998) que acentua que o movimento é uma das
formas mais significativas de adaptação ao mundo exterior. A situação implica
movimento, como ação consciente, originando no indivíduo uma intencionalidade e
uma exteriorização na execução do gesto.

Bueno (1998) expõe que movimento é o principal elemento do crescimento e


do desenvolvimento da criança, pois ele contribui para o seu desenvolvimento
cognitivo, afetivo, social e relacional. Weigel (1988) denota que sem movimento a
criança enfraqueceria física e mentalmente. Em psicomotricidade, o diagnóstico é
parte integrante e dialética da intervenção subsequente, estabelecendo com esta um
diálogo permanente de aprofundamento e de compreensão do problema ou das
perturbações psicomotora do indivíduo, visando à busca intencional e significativa da
sua modificação psicomotora, por ser simultaneamente centrada não só nos produtos
finais da motricidade, como nos processos que a integram, elaboram, regulam e
controlam, fazendo atuar em convergência e em sincronia neurofuncional processos
emocionais e cognitivos interiorizados. (FONSECA, 2004).

Rosa neto (2002) demonstra de que forma podem ser feitas avaliações
motoras, e dispõe que o exame motor é um complemento indispensável do exame
psicológico e um elemento fundamental na observação dos mais variados problemas
de falta de adaptação que a criança pode apresentar. É o ponto de partida para uma
intervenção, pois nos permite analisar os problemas estabelecidos; diferenciar os
diversos tipos de debilidade; suspeitar e, inclusive, afirmar a presença de dificuldades
escolares, as perturbações motoras e os problemas de conduta; avaliar os progressos
da criança durante seu desenvolvimento evolutivo. Para Bueno (1998), existem vários

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Faculdade de Minas

testes que podem ser usados para avaliar os problemas psicomotores, mas destaca
que o ideal é que cada profissional crie o seu próprio esquema de avaliação baseado
nos testes validados e existentes, indo de encontro com o indivíduo avaliável.

Sobre algumas estratégias lúdicas para crianças de 1 a 3 anos, Friedmann


(1996) dispõe que o jogo é um meio básico para promover o desenvolvimento físico-
motor. O equipamento utilizado e os espaços pensados para o jogo são fundamentais
na movimentação de diferentes tipos de jogos motores. Estímulo e desempenho
físico-motor nunca foi tão importante quanto hoje em dia, em que o tempo para o jogo
infantil se vê comprometido por atividades sedentárias, como assistir televisão e
brincar com jogos no computador. Para o desenvolvimento físico-motor o jogo tem
papel fundamental, que deve ser aproveitado num trabalho integrado com outras
áreas de desenvolvimento.

Já a autora Weigel (1988 p. 10,15) destaca o papel da música como estratégia,


pois para ela a música atua nas fibras mais sensíveis do ser, através das experiências
emotivas que proporciona, como por exemplo, o prazer que é uma forma de emoção.
Daí o fato da criança recém-nascida já se concentrar na audição de música
adormecendo com facilidades ao som de cantigas de ninar. As atividades musicais
podem oferecer inúmeras oportunidades para a criança aprimorar sua habilidade
motora, controlar os seus músculos e mover-se com desenvoltura.

A brincadeira é também essencial para um bom desenvolvimento psicomotor.


Sabendo-se que a psicomotricidade é a relação do pensamento e da ação onde está
presente a emoção, podemos concluir que é brincando que a criança exercita de
forma global e equilibrada todas essas atividades.

De acordo com Marinho (1993, p.10): “a brincadeira é também essencial para


um bom desenvolvimento psicomotor”. Sabendo-se que a psicomotricidade é a
relação do pensamento e da ação onde está presente a emoção, podemos concluir
que é brincando que a criança exercita de forma global e equilibrada todas essas
atividades.

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Neste sentido Bueno (1998), relata que a estimulação motora é um programa


que envolve contribuições para o desenvolvimento harmonioso da criança no começo
de sua vida, caracteriza-se por atividades que se preocupam e vão de encontro das
condições que o indivíduo apresenta, acima de tudo na sua capacidade maturacional,
procurando despertar o corpo e a afetividade por meio de movimentos e jogos
buscando a harmonia constante.

O Corpo ao Brincar e a Aprendizagem

O brincar proporciona a aquisição de novos conhecimentos, desenvolve


habilidades de forma natural e agradável. A busca do saber torna-se importante e
prazerosa quando a criança aprende brincando. É possível, através do brincar, formar
indivíduos com autonomia, motivados para muitos interesses e capazes de aprender
rapidamente.

Isto é possível, porque para a criança, os momentos de brincar estão


relacionados a grandes conquistas, a superação e divertimento. Toda e qualquer
aprendizagem é vivenciada, registrada, guardada e memorizada pelo corpo. É com
esta memória corporal que se torna possível continuar aprendendo. Novas
aprendizagens vão sendo conquistadas e memorizadas pelo corpo através dos
sentidos, percepções e relações que se estabelecem todo o tempo, e que vão se
integrando, interagindo com aprendizagens anteriores e criando novas
aprendizagens, construindo conhecimentos (FERNÀNDEZ, 1991, p.60).

O corpo é um instrumento de aprendizado, pois é através dele que a primeira


noção do mundo é formada, é com ele que se aprende a respirar, mamar, chorar, rir.
É através do corpo que se vai construindo a noção do objeto, e o objeto aqui é tudo
que se está fora do corpo e é manipulando, provando e sentindo que se vai mapeando
o corpo e suas sensações. Descobrindo-se.

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É no movimento, necessidade vital essencial do ser humano, que a noção de


objeto se desenvolve, é através da ação motora que se chega à representação
mental. Ajuriaguerra faz uma comparação entre a evolução da criança e a evolução
da sensório-motricidade, afirmando:

No movimento corporal é possível se descobrir, pois é pela ação do corpo


sobre os objetos que se consegue aprender as qualidades deste objeto e descobrir o
outro limitador, do meu espaço e companheiro de descoberta. Assim, o movimento
interfere na inteligência mesmo antes dela se manifestar, ele organiza o real a partir
de estruturas mentais, espaço-temporal e causais (FERNÀNDEZ, 1991, p. 60).

O corpo é instrumento de comunicação e com ele é possível comunicar-se,


desenvolver uma linguagem. Antes de surgir a linguagem verbal no desenvolvimento
do ser humano, a linguagem não verbal já existe. Os sentidos tomam um significado
importante, é através deles que o corpo e o organismo humano colhem e enviam
informações para o meio em que vive.

O ser humano começa a organizar o mundo a sua volta através do seu corpo.
Ele é ponto de referência para todas as aprendizagens. É sentindo e percebendo as
coisas que o cerca que ele vai interagindo com o meio que estabelece relações
afetivas e emocionais com os objetos circundantes, observando-os, provando-os
manipulando-os (FERNÀNDEZ, 1991).

No processo de aprendizagem o uso do corpo sempre está presente. Do


começo até o fim deste processo usa-se o corpo para aprender e através dele que se
percebe o mundo, interiorizam-se os objetos, constroem-se e estabelecem-se
relações, cria-se uma visão de mundo, através do qual que se pode ler e significar o

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mundo. Através dessa leitura vão se guardando experiências, sensações e elas


passam a ter um significado, assim, com o correr do tempo, cria-se uma memória
corporal.

As experiências que passamos ficam registradas no nosso corpo. E com o


passar do tempo novas relações serão estabelecidas e novas aprendizagens
construídas (FERNÀNDEZ, 1991, p.61). Começa-se a usar o corpo para aprender
desde muito cedo, mas cedo do que se costuma pensar. Antes de se chegar à escola
o processo de aprendizagem já se iniciou.

Uma das primeiras coisas que o ser humano aprende a fazer, fora do útero, é
respirar. O uso do organismo aqui fica muito claro. Quando o bebê começa a perceber
o jeito como lhe pegam, o cheiro de quem o alimenta, ele pode começar a usar o seu
corpo para aprender: o toque, o som, o gosto, o cheiro e todo ambiente que o cerca
servem para mapear seu corpo ainda tão indefinido.

As primeiras aprendizagens corporais começam quando o ser humano começa


a provar o universo ao seu redor, e o faz de maneira espetacular com a boca, ele
neste momento começa a interiorizá-lo, colocá-lo dentro de si. É interessante ressaltar
a importância dos primeiros vínculos que o ser humano faz com a boca, como
exemplo claro, as suas primeiras mamadas e as relações que ele estabelece com
quem as administra. Suas primeiras aprendizagens têm origem exatamente neste
momento, no início de seu processo de adaptação à vida fora do útero.

Um corpo organizado possibilita diversas formas de ação, sejam elas


psicomotoras, emocionais, cognitivas ou sociais. Lembramos que "O mamar é ao

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mesmo tempo um ato de prazer e de conhecimento" (FERNÀNDEZ, 1991, p. 74). O


conceito de corpo não pode ser ensinado, não depende de treinamento, ele vai se
organizando na medida em que é usado. Quando a criança consegue desenhar o seu
corpo é porque ela já o tem internalizado, ou seja, ela já possui uma imagem mental
do seu corpo. Na medida em que brinca, explora
e usa o seu corpo ela vai elaborando uma
memória corporal.

Para Oliveira "[...] a criança tem uma


representação gráfica da imagem de si.
Podemos inferir esta imagem através de seu
desenho de figura humana" (OLIVEIRA, 2005,
p. 47). Quando desenha uma figura humana, a
criança o faz do modo como ela o concebe, do modo como ela o percebe. Para ser
interpretado, o desenho de uma criança deve ser analisado não na sua imagem
desenhada, mas sim no modo como é revelado pelo diálogo analítico com a criança.

Oliveira, citando Le Boulch diz que o esquema corporal passa por três fases
distintas, a saber, (2005, p. 58-60):

 Corpo Vivido corresponde à fase conhecida como sensório-motora de


Piaget, começa nos primeiros meses de vida, quando o bebê ainda não tem noção
ou consciência do "eu". Nesta fase ele se confunde como meio, se encontra em total
simbiose e não é capaz de perceber.
No início desta fase os movimentos são atividades motoras, não são pensadas
para serem executadas, pensa-se fazendo. A criança quando nasce não tem noção
do seu corpo. Seu conhecimento de corpo vai sendo construído ao ser tocada,
acariciada ou mesmo quando se machuca. Vai percebendo, sentindo, lendo o mundo
com seu corpo, vai aos poucos o organizando.

Assim, a ação motora nos primeiros anos de vida se torna extremamente


importante para esta troca com o meio. Enquanto a criança brinca, ela observa seus

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pares, se olha no espelho, vai aprendendo. É somente pela experiência que é


possível aprender.

Nesta fase tem-se uma necessidade grande de movimento e é através dele


que se vai poder ampliar a experiência motora. E o processo de desenvolvimento
acontece de forma satisfatória quando se pode experimentar o corpo, o espaço e o
tempo em que o processo de individualização ocorre, quando é possível se perceber
entra-se na próxima fase.

 Corpo percebido corresponde à fase conhecida como período pré-


operatório de Piaget. Começa aproximadamente por volta dos dois anos, onde a
criança passa a perceber-se, onde se tem início a tomada de consciência do "eu".
Nesta fase ela começa a se diferenciar do meio.
É aqui que é possível se perceber, é onde ocorre a organização corporal,
quando se organiza o espaço levando em conta o seu próprio corpo, ou seja, o espaço
é determinado pela posição na qual o corpo ocupa. O corpo agora é o ponto de
referência. A criança associa seu corpo aos objetos do meio.

Aqui a interiorização do corpo já se faz presente, já se construiu uma imagem


mental deste corpo, mas não está totalmente desenvolvida e construída. A noção de
tempo e espaço começa a ser estruturada nesta etapa. Os conceitos espaciais como
perto, longe, em cima ou embaixo começam a ser discriminados. Noções temporais
aparecem é e possível agora entender a duração dos intervalos de tempo, de ordem
e sucessão de eventos.

Nesta fase ocorre um domínio corporal maior do que na fase anterior, já é


possível uma adequação de seus movimentos no espaço circundante. A
característica desta fase é que o mundo é organizado sobre o ponto de referência
bastante individualizado, a noção do "eu" está mais estruturada, é uma fase onde o
egocentrismo se faz presente.

 Corpo representado corresponde à fase conhecida como período


operatório de Piaget. Começa aproximadamente por volta dos sete anos quando a
criança já tem noção do todo e das partes de seu corpo, fala, usa e o desenha de

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forma elaborada, assume seus movimentos e os controla, locomove-se no espaço


com autonomia e independência.
A representação mental da imagem de corpo no início desta etapa é estática.
Mais tarde, a imagem mental adquire movimento e a noção temporal começa a
estruturar-se. No final desta fase, a criança já tem uma imagem de corpo operatória,
ou seja, usa o corpo para efetuar e programar mentalmente ações, isto é, o corpo é
estruturado em pensamento e não precisa necessariamente que a ação motora esteja
presente, ela programa, projeta, imagina e executa com o pensamento a ação do
corpo.

O ponto de referência já não é mais o próprio corpo. Como pode executar e


operar no nível mental é possível se orientar agora por objetos exteriores a si e os
pontos de referência podem ser escolhidos. Quando existe um espaço onde o corpo
pode se manifestar em sua plenitude, com alegria e prazer, grandes aprendizagens
podem ocorrer, pois este é um espaço criador, acolhedor (OLIVEIRA, 2005, p.58-60).

Se observarmos uma criança ativa em suas habilidades motoras, como:


deslocamento, corridas, jogos de bola, saltos, trabalhos manuais, etc., esta criança
se sentirá à vontade consigo mesma e com outras crianças, expressando-se por meio
de seu corpo com desenvoltura, ousando atitudes mais especificas e em algumas
situações, tomando a palavra e a liderança da atividade.

Basta um acontecimento doloroso, como por exemplo, a morte de um animal


de estimação, uma mudança, uma separação, e eis a criança perturbada, sofrendo,
esta começa a agir com temor e mostra-se angustiada. Observaremos que se torna
desajeitada em seus trabalhos manuais,
apresenta lentidão nas atividades motoras e
não consegue como antes, montar um quebra-
cabeça. Inversamente, veremos uma criança
habitualmente fechada, temerosa, tímida, agir
com confiança em si mesma e com destreza,
simplesmente pelo fato de receber um elogio,

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Faculdade de Minas

ter sido motivada, ensinada a perceber melhor seu corpo e o espaço que a cerca, e
ser aceita pelo grupo.

Para De Meur (1984), o corpo traduz o pensamento; a criança capaz de


expressar-se bem com o corpo e estará mais segura de si quando tiver que se
exprimir com a palavra. Assim, a criança tímida, fechada, lenta e angustiada, tirará
proveito de exercícios motores de grande amplitude que exijam certa rapidez. Em
compensação, as crianças exuberantes, agressivas, superexcitadas têm necessidade
de exercícios motores de coordenação, de equilíbrio, de destreza e de inibição: esses
exercícios as habilitarão a dar sentido à força e a seus impulsos.

Apesar de a dimensão afetiva ocupar lugar central na teoria Walloniana, como


nenhuma outra, o seu grande eixo é a questão da motricidade, posto que, para ele, o
ato mental se desenvolve necessariamente a partir de um ato motor.

Wallon (2007) corresponde toda variação emocional a uma flutuação tônica.


Ele apresenta três diferentes naturezas assumidas pelas manifestações afetivo
emocionais: a primeira, de natureza química, central; a outra do tipo mecânica
muscular e por fim, uma abstrata, representacional. Outras duas foram identificadas
por ele, a classificando-as segundo variações do tônus muscular.

Assim, as emoções de natureza hipotônica (tais como depressão, apatia,


angústia) são consideradas redutoras do tônus, visto que lhe conferem consistência
flácida, de caráter relaxado; por outro lado, as de natureza hipertônica, geradoras do
tônus, como a cólera, agressividade e a ansiedade, resultam em um tônus rijo,
retesado, numa musculatura pétrea, cuja duração se torna extremamente penosa.

Wallon admite que a afetividade não seja apenas uma das dimensões da
pessoa, ela é também uma fase do desenvolvimento cognitivo e motor, que prepara
a criança para estabelecer vínculos sociais, afetivos e racionais, que dizem respeito
às ações mentais e motoras, regras e jogos da vida. Os jogos coletivos preparam a
criança para viver em sociedade. Elas descobrem bem depressa que existem “fracas”
e “fortes”. É a característica admitida no grupo, de que cada criança é uma em
particular e passível de ser forte em algum aspecto (DE MEUR e STAES, 1984, p.20).

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Nas atividades psicomotoras, as crianças devem respeitar as regras dos jogos


e aprendem isso da forma mais natural possível, que é jogando. Cada uma
compreende rapidamente que o desrespeito às regras torna o ato de jogar confuso e
impossível, desta forma, aceitam mais facilmente as regras da vida social, como, por
90 exemplo, o respeito aos sinais de trânsito e às regras de sala de aula (DE MEUR
e STAES, 1984, p.20).

Os exercícios motores, executados todos em conjunto, habituam as crianças a


se respeitarem mutuamente, a respeitar as distâncias e espaços necessários para
que cada uma possa executar os movimentos dispondo do campo necessário.

A importância da Espontaneidade

A questão da espontaneidade da criança para o jogo, a qual foi


observada como uma atitude desinteressada, proporcionou uma análise com dois
pontos de vista opostos; Ferreira (2000) cita Winnicott e Piaget como
defensores da perspectiva constitutiva, ou seja, a criança traz em si a
espontaneidade pelo lúdico, e Vygotsky e Wallon como os teóricos da ideia de
que a atitude espontânea com relação à ludicidade origina-se quando a criança
se insere no social, na relação como os outros.

De toda a sorte, o que resta a ser observado é a falta de propósito em conceber


uma “falta de interesse” na iniciativa de tomar parte em uma atividade lúdica; o
interesse e a motivação parecem ser pré-requisitos indispensáveis para uma
participação significativa da criança na brincadeira.

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Faculdade de Minas

Rebel, citado em Kelman (2000), pode ser considerado um dos


precursores das teorias sobre a importância da atividade lúdica na educação infantil.
Este autor elaborou um estudo que, baseado na prática dos jardins de infância,
destacou os dons (brinquedos) como
instrumento de transição entre o concreto
(externo) e o abstrato (interno). Os
desenvolvimentos físico e espiritual seriam
indissociáveis na infância, e caberia à
educação infantil estimular o
desenvolvimento físico para que este
influísse no espiritual.

Além dos sentidos, a educação da infância deveria possibilitar a expressão dos


instintos infantis. As atividades ali desenvolvidas poderiam favorecer a forma natural
para atingir este desenvolvimento. As impressões físicas seriam o único meio possível
de despertar a alma da criança, iniciando pela atividade instintiva, cada vez mais
tornando-se em ação produtiva ou trabalho. As mãos, órgãos mais importantes no
que respeita ao trabalho ativo, deveriam ser forçadas a brincar desde o princípio, e
também a desenvolver exercícios manuais. (KUHLMANN, 2001).

O ato social é retomado por Ferreira (2000), quando ele propõe revisar o
conceito de “brincar” a partir de sua etimologia: vinculam, palavra latina
originalmente significando “laço”. Brincar então pode ser entendido como o ato de
criar vínculos, o que vem a lembrar seu caráter socializador. De acordo com Rabone
(apud KUHLMANN, 2001), “contém esta força de integração dialética entre a instância
cognitiva (decifração da divina unidade do criado) e a instância criativa (o mundo
é uma obra de arte onde contínuas gerações participam)”.

Concernentemente à contribuição da atividade lúdica às metodologias


pedagógicas de cunho psicomotor, concentrar-se-á, em um primeiro momento, na
abordagem do tema segundo a visão científica de Vygotsky e seus seguidores. Na
obra de Vygotsky (apud FERREIRA, 2000), observa-se o processo de

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Faculdade de Minas

desenvolvimento a partir das transformações produzidas nas funções mentais


superiores, as quais são constituídas a partir da atenção voluntária, a fala, a memória
semântica, a ação voluntária e consciente, a percepção significante e o pensamento
verbal-lógico.

A mediadora das funções acima listadas é a linguagem, daí a denominação


“superiores”. No citado pensador, encontram-se ideias que vinculam a aprendizagem
e sua influência no processo de desenvolvimento do ser humano desde seu
nascimento. E, nas aprendizagens consideradas, incluem-se os vínculos culturais e
os laços familiares.

A influência do meio e o momento


histórico também são fatores preponderantes
na teoria Vygotsky Ana da geração da
aprendizagem. Começa com a mobilização
das funções mais primitivas (inatas), com o
seu uso natural. A seguir passa por uma
fase de treinamento, em que, sob a
influência de condições externas, muda sua
estrutura e começa a converter-se de um
processo natural em um “processo cultural”
complexo, quando se constitui uma nova forma de comportamento com a ajuda de
uma série de dispositivos externos.

O desenvolvimento chega, afinal, a um estágio em que esses dispositivos


auxiliares externos são abandonados e tornados inúteis e o organismo sai desse
processo evolutivo transformado, possuidor de novas formas e técnicas de
comportamento (VYGOTSKY & LURIA apud FERREIRA, 2000, p. 12).O processo de
desenvolvimento é visto por Vygotsky como uma sucessão de estágios em que o ser
humano vai incorporando aprendizagens e se transformando até mesmo em seu
processo vegetativo, adequando seu organismo a cada novo estágio.

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Faculdade de Minas

Assim sendo, o contato com o ambiente físico e social propicia à criança a


construção de uma forma de comportamento constitutiva. Ferreira (2000) lembra que
a relação entre aprendizagem e desenvolvimento é salientada por Vygotsky quando
este estabelece que diversos processos internos de desenvolvimento são
gerados pelo aprendizado; esta é a zona de desenvolvimento proximal. Isso
significa dizer que a criança, ao interagir com seus semelhantes cooperativamente,
tem condições de internalizar estes processos e torná-los parte de suas aquisições
independentes.

Enquanto instrumento de aproximação com a realidade e agente do


desenvolvimento da criança, Vygotsky (apud FERREIRA, 2000) assim se manifesta
a respeito da função lúdica: o brinquedo contém todas as tendências do
desenvolvimento sob forma condensada, sendo, ele mesmo, uma grande fonte de
desenvolvimento. Apesar da relação brinquedo-desenvolvimento poder ser
comparada à relação instrução-desenvolvimento, o brinquedo fornece ampla
estrutura básica para mudanças das necessidades e da consciência.

A ação na esfera imaginativa, numa situação imaginária, a criação das


interações voluntárias e a formação dos planos da vida real e motivações volitivas –
tudo aparece no brinquedo, que se constitui, assim, no mais alto nível de
desenvolvimento pré-escolar. A criança desenvolve-se, essencialmente, através da
atividade de brinquedo. Somente neste sentido o brinquedo pode ser considerado
uma atividade condutora que determina o desenvolvimento da criança (p. 13).

Na perspectiva que ora se apresenta, o autor confere ao brinquedo a função


de ponte entre a realidade e o mundo imaginário no qual se estruturam as instâncias
mentais em maturação que se beneficiam da relação lúdica da criança como
mundo ao seu redor. Outro aspecto relevante nesta relação entre o desenvolvimento
e o lúdico, é que a motivação está condicionada ao momento da criança.

Cada idade infantil desperta diferentes interesses, de forma que a


motivação de um bebê não é a mesma que aquela de uma criança em idade superior.
O incentivo está vinculado a fatores externos, como a influência do meio, as relações

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Faculdade de Minas

com adultos e outras crianças e os elementos próprios da cultura em que se encontra


inserida, como brinquedos e jogos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As ponderações de Fonseca (1983) podem elucidar uma melhor compreensão


acerca da nova definição da psicomotricidade, quando destinada a crianças, quando
diz que Ajuriaguerra, vem a se destacar, por ter voltado a sua atenção para a
influência do meio em relação ao corpo, por meio do pensamento de que a evolução
da criança está ligada à conscientização do seu corpo, e considera o corpo como
fundamental para o desenvolvimento mental, afetivo e motor da mesma.

Em se tratando de psicomotricidade e desenvolvimento psicomotor alguns


autores como Bueno (1998) ponderam que a psicomotricidade trabalha a globalidade
do indivíduo, agregando a experiência corporal, o sentido das expressões e a relação
entre sujeito, objeto e meio de realização de uma atividade. Contudo, a
psicomotricidade é um conhecimento científico que admite educar o movimento e
desenvolver a inteligência do indivíduo.

As funções psicomotoras da criança se desenvolvem naturalmente quando ela


interage com o meio, porém, quando por algum motivo, psicológico, motor,
neurológico, perceptivo ou sensorial, a criança apresenta alguma dificuldade de
expressividade, de comunicação do sujeito consigo mesmo, com os objetos e com o
mundo surge a necessidade de se sobrepor um trabalho de educação psicomotora
(Carvalho, 2005).Desta forma, a intervenção psicomotora prioriza qual função tônica
que está sendo exercida e a emoção proveniente desta, nos progressos da atividade
da criança. (FONSECA, 1995).

Quando falamos em psicomotricidade em crianças de 1 a 3 anos De acordo


com Rosa Neto (2002), o modelo de crescimento e de comportamento motor humano,
é transformado através do tempo, e também existem algumas influências que os

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Faculdade de Minas

afetam, estabelecendo assim, diferentes teorias científicas e apoiam a evolução de


estudos que se caracterizam pelas técnicas de pesquisa e pelos meios utilizados na
obtenção de dados, os quais são elaborados e discutidos como forma de elucidar os
diferentes caminhos que perfazem a existência do homem e sua evolução física,
orgânica, cognitiva, e psicológica.

Um exemplo de desenvolvimento psicomotor pode ser observado nos bebes,


por exemplo, Segundo Bee (1997), que no dia-a-dia desenvolvem e melhoram
habilidades em seu comportamento, que se aperfeiçoam através do desenvolvimento
físico/psicológico e treino/aprendizagem, variando as alterações de criança para
criança, pois cada um receberá instruções para tendências particulares no seu
crescimento.

Costallat (1985), já no primeiro ano de vida é que se atingem as maiores


mudanças no desenvolvimento neuromotora, apesar de ser um período de
comportamento vacilante e sem precisão. A deficiência na precisão vai diminuindo na
medida em que a maturação neuromuscular possibilite o domínio gradual dos
movimentos voluntários, diminuindo os movimentos impulsivos.

Com base nessas aquisições, a conduta evolui no 2o e 3o ano de vida, com o


aumento de precisão de gestos.

De acordo com as estratégias encontradas nesta pesquisa o jogo é um meio


básico para promover o desenvolvimento físico-motor. O equipamento utilizado e os
espaços pensados para o jogo são fundamentais na movimentação de diferentes
tipos de jogos motores. Para o desenvolvimento físico-motor o jogo tem papel
fundamental, que deve ser aproveitado num trabalho integrado com outras áreas de
desenvolvimento.

Já a autora Weigel (1988) também destaca a música, na medida em que ela


atua nas fibras mais sensíveis do ser, através das experiências emotivas que
proporciona, como por exemplo, o prazer que é uma forma de emoção. Os ensaios
musicais ajudam a criança a controlar melhor o seu corpo, melhorando a coordenação
motora grossa (grandes movimentos) e fina (pequenos movimentos). No entanto as

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atividades musicais podem oferecer inúmeras oportunidades para a criança aprimorar


sua habilidade motora, controlar os seus músculos e mover-se com desenvoltura.

A brincadeira de uma maneira geral também se mostra essencial para um bom


desenvolvimento psicomotor. Sabendo-se que a psicomotricidade é a relação do
pensamento e da ação onde está presente a emoção, podemos concluir que é
brincando que a criança exercita de forma global e equilibrada todas essas atividades.
De acordo com Marinho (1993) a brincadeira é essencial para um bom
desenvolvimento psicomotor, na medida em que possibilita o exercício equilibrado de
todas as suas atividades.

Porém é necessário que se considere que os músculos, ossos e sistema


nervoso da criança tenham atingido determinado estágio de desenvolvimento para
que ela possa desenvolver atividades específicas de forma natural. Não se pode
forçar este processo de maturação, que ocorre à medida que a criança cresce.

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