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O projeto de um estudo eel: Ce) Penso metaforicamente na pesquisa quali- tativa como um tecido intrineado contpos to de minisculos fos, muitas cores, diferer tes texruras e varias’ miseuras de material Este tecido ndo ¢ explicado com faclidade ou de forma simples. Como o tear em 0 tecido ¢ produside, os pressupostos 3 mais e as estruturas interprecativas susten tam a pesquisa qualitava. Para descrever cessas estruturas, os pesquisadores qualia vos usam termos ~ construttista, Interpret. sea, feminista, pis-modernisca ¢ assim pot lante. Dentro desses pressupostos © pot meio dessas estrucuras encontram-se abor pode ndo abranger exaustivamente coos os seus elementos. Encetanc, para 0 estudanceiniciante de pesquisa qualeatva, recomendaris permanecer dentro de uma abordagem, famularizando-secom ela, aprendendo 3 ‘emantendo um estado concsoe simples. Postenormente, specialments em est. dostongos e complenos, as caracterstias de iversas abordagens podem se tls. ¥ 0 pesquisador mers por um tnicoFoco ou eonceito a ser explorado. Embora 08 exemplos de pesquisa qualitativa apresen- tem uma somparago de grupos, apres temas como em prjets de eu de cso fouem etnograias, gosto de comegar um tstudo qualita ‘ocado na compreen- So de um nico conceito ou idea (p. ex, 0 que significa ser um proissonal? Um professor Um pinm? Ura mie solteira? Um morador de ru”). A medida que 9 estado avang, ele pode comegar a incor. porar a comparagin (9. ex, como o aso de um profisional ue profesor difere do de um profssoral administrador) ou ‘elaconando fore (ex, pave exis or que 2 pintura evoca sendimentos? Com muita frequenci, os pesquisadores ‘qualitazvos evoluem para a comparscao, ‘ou andlise das relages sem primeiro en tender ose concio ou ideia ental ¥ 0 estudo inclui métodos detalhados, uma abordagem rigorosa na evita dos dados, anise dos dados © redagéo do relatrio. O igor € visto, por exemplo, (quando oeorre ums ampla cleta de da dos ao campo ou quando o pesquisador condus multiples nveis de andlize de dados, cobrindo ce eédigos ou temas ‘uals delimitados a emas mais amplos inter-relacionados e dimensdes mais abstraas. Rigor significa, cambém, que © pesquisador valida a preciso do relato INVESTIGACAO QuaL TATA s pRojeTO OF PesQUSA ST uusando um ou mais dos procedimentos para validacao, como a checagem dos ‘membros, triangulacio das fontes de dados ou o uso de um colega auditor ou auditor externa ao relatsio, O pesquisador analisa os dados usando maltiplos niveis de abstragdo. Gost de ver 0 trabalho ative do pesquisador ‘quando ele avanea do particular para os ives gerais de abstracto, Frequentemen. te, os autores apresentam seus estudos em estigios (p. ex, os miikiplos temas que podem ser combinados em temas 0 perspectivas matores) ou estratificam sua andlise do particular para o geal. 08 ‘digas ¢ mas derivados dos dos po- dem apresentar idelas banais, esperacas © surpreendentes. Os melhores estudos |qualitativos apresentam temas analisados em termos de exploragio do lado oculto ou dngulos incomuns. Eu me lembro de lum projeto de classe, em que o aluno ‘examinou como as classes de alunos de ensino a distincia ceagiam & cimara vol tada para a curma, Em veo de examinar 4 reagio dos alunos quando a edmera fescava voltada para eles, 0 pesquisador procurow compreender 9 que acontecia ‘quando a cémera estava afastaa deles. ssa abordagem levouo autora capear um Angulo incomum, que nao era esperado pelos leicores. (Opescuisador escreve de modo persuasivo para que letor experimence a sensagao e “estar 1s". 0 conceito de verossimi- ‘hanca, um termo literdrio, sinttiza meu ensamento (Richardson, 1994, p.521).A cscrita é clara, envolvencee che de ideas imesperadas. A historia e os achados se ‘omam admissveis erealistas,reletindo ‘com preciso todas as complexidades que existem na vida rea. Os melhores estudos ‘qualitativos envolvem o leitor. © estudo reflete a histéria, cultura e cexperincias pessoais do pesquisador. Isto ¢ mais do que simplesmence uma ‘autobiografi, como autor ou pesquisador contando a respeito do seu background, O estudo se focaliza em como a culture, _género, historia eexperiéaciae do indivi. ‘duo moldam todos os aspectos do projeto aquabtacvo, dete a sua eso de uma perguttaaversada i comoce clea os das, come faz uma interpreta {a Stacia eo ave ale sspers cena condugao da pesusn mca pes tos como dacs do su papel seu Ere nlm es eae exo sobs a pergunis que exo por fsxudar os indies posconano ‘Stido qualatno, ¥ A pesaua qualtatva de um bom exude ica so emvove mais do que apis tment o peusndor buscar © te & Derma de com de dc, Signe fue peoqusador ed conssenteta todas os quests ects necionadas anceoment ete capt qe ome Gam todas fates do esa de pes, Elementos em todas. as fases da pesquisa. =. Quer ts sd ea apr eee soar eerie ornate Cts coats oer oor ee Serine re oes Sees ween ca Se new opr pecans Semaaeet ieee es See SS Serrairare tet Sem es Sonoma cea ane Sonne eae See eens aoe SB jounwecreswe tribuigio aos partcipantes pelo seu tempo esforgos em n0ss03 projetos ~ reeiproci- dade ~ precisamos examinar como 0s par- ticipantes indo se beneficar com 0s nossos ceseudas. Também & importante saber co- ‘mo sair de cena em um estudo de pesqui- ‘a2 ~ pot meio de um afastament> lento & pasando informagGes sobre a nossa saida - ‘de modo que os participantes néo Se sintam abandonades, Precisamos ser sempre sen- siveis 20 potencial que tem nossa pesquisa de perurbar 0 ambiente (e em geral nfo in- ‘encionalmente) e de porencialmente explo- rar as populagdes que estudames como, por exemple, ciancas pequenas ou grupos sub: “representados ou marginalizados. Acompa- ‘nhando iso, existe a necessidade de sermos sensiveis a algum desequilbrio que a nos- a presenga possaestabelecer no local © que poderia marzinalizar ainda mais as pessoas fem estudo. NZo queremos colocar 0s part- eipances em maior riseo como eonsequéncia ‘da nossa pesquisa, Precisamos prever como sbordar atividades potencaisilegais que ve~ mos ou ouvimos e, em alguns caso, rela- tislas fs autoridades. Precisamos respeitar ‘quem faz 0 relato e dentificar se os partic antes lideres nos nossos locas de pesqui §estardo preocupados com essa questac, (Quando tabalhamtes com parscipantssindl- viduals, precisamos respeicilos individual- mente, nio os enguadrando em esteredti- pes, usando sua lingua e nomes @ seguindo tiretrizes com as encontzadas no Publication Manuel ofthe American Peychiogical Associa- tion (ABA, 2010) para linguagem ndo dis- criminatéria. Mais stequentemente, nossa ‘esquita 4 flta no contexto do ambiente de uma faculdade ou universidade, onde preci- samos fornecer evidéncias para 03 comités de ica de que respeitamos a privacidade © ‘delta dos participanees de deizarem 0 es- tudo # néo serem colocacos em isco. Questées éticas durante todas as {ses do processo de pesquisa Durante 0 processo de planejamento © pro- Jeto de um estado qualtativo, 05 pesqy ores precisam considerar as questSes sti- eas que possam surgirao longo do trabalho © planejar como essas questées devem ser tra- fadas. Um falso conecito bastance comum & ‘Que essas questSes surgem apenas durante a coleca de dado. las surgem, ao entanto, du- ramee diversas fases do provesso de pesqui- sae estdo em contin expansio, & medida {que os pesquisadores se cornam mais sensi- eis 48 necessdades dos participantes, dos Jocais, das partes intressadas e dos edicores dda pesquise, Uma forma de examinar essas uestbes ¢ considerar 0 catdlogo de possibi- Iidades como 0 apreseneado por Weis e Fine (2000). Eles nos peder para fazer conside- ragbes éticas envalvendo nossos papéis co- imo integrantes/estankos do ponto de vista ‘dos parucipances; avaiando questées com a5, ‘quais possamos ficarapreersivos em expor; extabeiecendo relagies apoiadoras ¢ respei- ‘sas sem estereotipos ou usando rétulos que (0s participantes aio adotam; reconhecen- do quais vozes serio copresentacas em nos- 50 estudo final e inscevendo a.nés mesmos fo estudo,reletinde sobre quem somos © as pessoas que estudamos, além disso, confor fe resumido por Hatch (2002), precisamos ser sensiveie ds populagSes vulnerave's, s lagées de poder em desequilbrio e a colocar 05 participantes em riso, "A mina abordagem preferida ao pen- sar em quest6es éticas em pesquisa qualita ‘ava é examinlas quando se aplicam a dite rentes fases do prooesso de pesquisa. Livras recente cazem informacSes importantes sobre como elas se organizam em fases, co- mo 0 que encontramos em Lincoln (2009), Mertans e Ginsberg (2009) 2 a APA (2010), lem dos meus proprios esericos (Creswell, 2012). Conforme apresentado a Tabela 3.2, ab questies de que o tempo tem uma desi fncar Golinghome, 1995) En um sentdo tis eral a Hsia pode nl utes elements comments excntados at nareates tierra smo tempo, gat cena (Connely© Clann 1900.0 faredo, ou 0 rte, amber pode Chiro espao de ievertgaeiocareava Sridmestonal de Clann ¢ Coney (G000}"o pesoal eo soil (einer $0) 0 pasado, o presente eo fare tconinutdacey; 0 iar tag) Ee éaredo pode inc infonagbca sce» Ambien oto sontext ds cxperencs dt parsipantes Alem da conoing, os estuiedore podem deaar or thas fue surgern da stra pars apres {ima discusséo mais emda desea, Bifeadb (uber Whelan, 1999) Ais, 4 andlise dos dado alae poe set tuna desciio da histone doses ue Surgema partrdela Um ator arate pesrmoderno como Ceara (203), crescents oer element ane ma deseonsrto das hissy, um dears dashiseias por met doesent on lites, com expr a cco ox sar os seis ena sean {contigs Finalmente, o proces ce analise conte abuse do pesgusaor Por temas ou argos: no ove sna Sbordagem micotingusces pra sonar O igiteado das paras, expresses ¢ tnidaces maior do dirs comn fe. Auentemente to na andise comers 72 sonnmcrssweu. sional (veja Gee, 1991); ou no exame das histérias © de como elas sfo produzidas inerativamente entre 0 pesquisador € 0 participante ou encenadas pelo part ‘ipance para cansmic uma agenda ov ‘mensagem especfica (Riessman, 2008). ¥ Colaborar com os participantes, envolven- ddo-os na pesquisa (Clandinin ¢ Connelly, 2000). A medida que os pesquisadores coletam as histrias, eles negociam rela- es, aenuam transigbese proporcionam formas de ser iceis aos partc;pantes. Em pesquisa narrative, um tema-chave tem silos tengo dada regio ene ops ‘quisador 20 pesquisado, om que arnbas as partes irdo aprender ese modifica nesse encontro (Pianegar ¢ Daynes, 2007), Nesse proceso, as partes negociam 0 significado das histéras, acrescentando uma verificacio de validagio a andlise (Creswell e Miller, 2000). Dentro da his- ‘5eia do partcipante também pode estar uma historia entrelagada do pesquisa- dor, fazendo-o ganhar desse modo, um lnsight sobce a propria vida (veja Huber © Whelan, 1999). Além disso, dentro da histéria podem-se encontrar epifanias, encruzilhadas ou interrupgées em que a linha narraciva muda de direcao drastica- mente. No fim, oestudo narrative conta a historia dos individuos que se revela em uma eronologia das suas experitncias, estabelecidas dentro do seu contexto pessoa, social e histérico e incuindo os {emas importantes nessas experiéneias vidas: “investigagio narativa sio as his ‘rias vividas econtadas", como dsteram Clandinin e Connelly (2600, p. 20). Desafios Considerando-se esses procedimentos ¢ suas caracterisea, a pesquisa nara € luma abordagem desaadora Ge se: usada © pesquisador precisa coletar apa infor: ‘nacio sobre o paripant e preci tran entencimenro caro do contest da vida do indigo. E necessiio um oacatento pa. ‘a ideniicarnafonte 0 material que cee 2 historias paresates para saprar as x periéncias do individévo. Conforme camen- ta Edel (1984), 4 importante crazer 4 tona, 4 *igura embaixo do capete” que explica o conte: multifacetade de uma vida. E ne- cessaria a colaboragia ativa com 0 partici ante, € os pesquisaderes precisam debater as historias, além de serem cellexivos quan- to &s suas experiéneias pessoaise politicas, {que moldam como els *recontan” o rela: 1. Miliplas questées surgem na coleta, na analise e no relato das historias individuals, Pinnegar e Daynes (2007) levantam estas importantes questées: quem & 0 dono da historia? Quem pode conti-la? Quem pode alteré-la? Qual das versGes ¢ convincente? © que aconrece quando as narrativas com. ppetem? Como comunidade, 0 que & que a5, histdrias fazem entre nbs? PESQUISA FENOMENOLOGICA Diefinigio e origem Enquanto um esto narativo lata as his ria de experéncias de um nico indive dio ou vitos indvdns, um estudo feno- menoidgico descreve 0 significado comum "ais indviduns assis experiénctas | vas dem once ow ty Featmene Os fenomenologsas fcam na desergdo do «que todos os parcipentes cfm em comum quando vivensiam um fedmeno(p. ex, 0 Desa ¢vivenciadouniveralmen)- 0 pro- Disco bisio da fenomenologia €reduzit 28 experiénciasindlviduas com um fenémeno uma desergio da asénca universal (uma “eaptura da propia natureza da coisa, co- mmo afima van Manen, 1990, p. 177). Para ‘se fim, os pesquisadores qualativs den scam li Fendmeno (am “objeto” da expe- siénca humana; van Manen, 1990, p. 163) soa experiencia humara pve serum fené- meno como ainsinia, 0 seamen de ex- chist, arava, a tise ovo submerr-se ama cirurgia de revasularizagio do mieas- dio (Moustakas, 1994), 0 investigador en- tn, clea dados das pesoas que vena fam fenémenoe desenvolve uma descis8o omposta da esséni da experiencia para to- dos os individuos. Essa dscrieo consis do IWESTIGAGAS QUALITATVA SPROIETO DE PESQUIA 73. “que” eles vivenciaram e "como" vivenciaram Goustakas, 1994), ‘Alem esses procedimentos, a feno- menolozia tem um forte eomponsate Slo séfico em si. Ela se baseia fortemente nos eseritos do matemético alemso. Edmund Hussar (1859-1938) edos que ampliaram a sua visio, como Hleideger, Sarce e Merleau -Ponty (Spiegetberg, 1982). A fenomenolo- ia ¢ popular nas citncias Socials e da sat | dd, especialmente na sociologia (Borgata ¢ Borgatta, 1992; Swingewood, 1991), na psi- colegia (Giorgi, 1985, 2009; Polkinghorne, 1989), na enfermagem e nas cidncias da salide (Nieswiadomy, 1993; Oiler, 1986) @.na educagio (Tesch, 1988; van Manen, 1990). AS ideias de Husserl so abstratas, @ Merieau-Ponty (1962) levancou a ques: to: *O que ¢ a fenomenologia?”. Na verda- de, sabe-se que Husserl chamava qualquer projeto em andamento de “fenomenslogia® (atanson, 1973), Os aurores que seguem as pegadas de Husser! também parecem apontar pa argumentos filossticos diferentes para © uso da fenomenologia hoje (concrastam, por exemplo, a base flosofiea expressa em Moustakas, 1994; em Stewart e Miclanas, 1990; e em van Manen, 1990). Entretanto, cexaminando todas estas perspectivas, Ye. ‘mos que os pressuposts filosdticos residem fem algumas bases comuns: o estudo das ex- Periéncias vivides das pessoas, a visio de (que essas experidncias sdo conscientes (van Manen, 1990) ¢ 0 desenvolvimento de des- crigGes da esséncia dessas experiéncias, no cexplicagies ou andlises (Moustakas, 1994), Em nivel mais amplo, Stewar e Micainas (1990) enfatizam quatro perspectivas flo. soficas em fenomenologia Um xo ds tars adios da 5 lost, No nal doseulo XX, los se limlow A exploraeto do raunde por iteo de expenmenosempiten, 9 due foichamads desencfcamo"O earns 2s refs tadiconais da flosoa us cam anes dea Alosofia se enamorar da edna empiee um rein 4 co, cepeiogreya da lesa como uma buss pela selon ¥ Una fosofia sem pressupsises. A aordagem ca fremnologe ¢ erp der todos oy usar abe o uc el ‘trae nual’ que Sto hack damenados em una ba ma con Ese spel € danas dot ie Aatercionalidade da concn. ssa idea de que aconsenis oa sempre. dlredonach para um obj, A sealdee de um ober eno, ets incre ments recon &Soextncs a se tem del Asim, read oe eds Com Huser iva do ca sutone objets, mas aatera dual carestana de Seis e obras quand cle apr cem na conscbace ¥ Areatsada dea sett. se tea nataimens da neconacn ted consis A realdade eur Jeros6¢peretda dentro do stlfeado experts de um nds ¥ Unindiduo aie exer una frome Selo sna seers tm mio sun dscso whe pesaponger Ansfes da fenomenologi use on cs méodos nea oom de aesgata, Mousa (198) dedien mas 100 sat pretpostos lacs anes sntevelar pune moon Caracteristicas defnidoras da fenomenologia xistem varias caracreristicas que em geral sio ineluidas aos estudos fenomenologteos. Eu me baseio em dois ivr para minhas in formacées primairas sobre fenomenologia Moustakas (1994), partindo de uma pers- Pectiva psicologiea, e van Manen (1990), baseado em uma orientagio das ciéncias umanas Uma énfase em um fendmeno a ser ex plorado, expressoem termos de um nico ‘coneeito ou idela, como a ideia educa- ional de “creseimento profisional", o ‘conceito psicolégico de “luto” ov aideia dda saide de uma “relagdo de cuidado"

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