Professional Documents
Culture Documents
Hans K. LaRondelle - Alianças de Deus Na Bíblia
Hans K. LaRondelle - Alianças de Deus Na Bíblia
Hans K. LaRondelle
ÍNDICE
INTRODUÇÃO GERAL................................................................5
I. ALIANÇAS DE DEUS COM A HUMANIDADE....................7
1. Aliança da Criação....................................................................7
2. Aliança de Graça.......................................................................9
3. Aliança com Noé: Aliança de Preservação.............................10
4. Aliança com Abraão: Aliança de Promessa............................10
5. Aliança com Israel: Aliança do Torah....................................11
6. Aliança com o Rei Davi: Aliança Messiânica.........................12
7. A Nova Aliança.......................................................................12
(A) Promessas da Nova Aliança no Antigo Testamento.........12
(B) Aliança de Cristo: o Torah do Messias.............................13
(C) A Nova Aliança na Epístola aos Hebreus.........................14
(D) A Nova Aliança em 2 Cor. 3 e Gál. 4...............................14
(E) O Apocalipse de João: A Consumação de Todas
as Alianças.........................................................................15
b) Amor e Obediência.................................................................57
INTRODUÇÃO GERAL
Alegro-me muito de estar aqui com vocês. Eu vim de muito longe, da Flórida,
América do Norte. Eu estou feliz de estar aqui em Porto Alegre. Espero que possamos
ter uma boa compreensão da Bíblia ao estudarmos juntos. E às 12 horas (meio-dia)
daremos a oportunidade para que vocês façam perguntas. E vocês deveriam tomar nota
das coisas que serão escritas no quadro, porque é muito fácil a gente esquecer aquilo
que ouve, e alguns se sentirão entristecidos por não terem tomado nota.
Cada dia procuramos entender a Bíblia melhor, e é por isso que muitas vezes
podemos encontrar um processo, um método novo de abordagem doutrinário. Usamos
a Bíblia para ensinar nossas doutrinas bem como nossa mensagem. Mas há outros
métodos de nos aproximarmos da Bíblia e não é a abordagem doutrinária, mas é um
método que usa a Bíblia em si.
A Bíblia originalmente é um Livro de história. E então esse método pode ser
chamado o método da história da salvação. Isso quer dizer que devemos seguir a
revelação progressiva que Deus deu à humanidade. Desde que Deus criou o Paraíso
Deus tem caminhado como que através da história, dando cada vez maiores revelações
do Seu caráter e da Sua vontade. A Bíblia não caiu do céu num único dia. No decurso
de séculos Deus foi gradualmente agregando livro após livro até totalizá-lo. Portanto,
nosso método será seguirmos o nosso fiel Criador nos passos nos quais estabeleceu a
história.
Uma das coisas que queremos fazer é nos concentrar nas alianças sucessivas que
Deus fez com a humanidade. Assim seguiremos a abordagem histórica das alianças.
Este é um método bastante novo de olharmos para a Bíblia. Isto quer dizer que
devemos ler mais nossa Bíblia. Não deveríamos prosseguir naquele método antigo de
isolar certos textos e juntá-los para demonstrar uma doutrina, mas devemos tomar a
Bíblia novamente como um livro de história. Agora, temos que ler capítulos inteiros e
livros completos, e precisamos considerar a conexão entre dada uma das alianças de
Deus. Vamos nos concentrar particularmente no relacionamento entre a antiga e a
nova aliança.
Às vezes parece que uma substitui a outra, mas em muitos casos parece haver
apenas uma adição aos sinais da aliança. E cada vez devemos perguntar à Bíblia o que
ela está ensinando.
Um dos maiores problemas na teologia cristã é o relacionamento entre o Antigo e
o Novo Testamento. Nenhuma igreja, nenhum teólogo jamais conseguiu a fórmula
exata do relacionamento entre os dois Testamentos. Algumas tradições religiosas
enfatizam as diferenças entre os dois Testamentos. E o mais popular sistema agora – o
de Scofield – se chama dispensacionalismo. Ele liga os dois Testamentos, porém em
termos de contrastes. E esse sistema está se tornando cada vez mais bem estabelecido
nos EUA, mas também está invadindo a América do Sul.
Este sistema estabelece, entre outras coisas, que o domingo foi estabelecido para
substituir o sábado. E essas pessoas, dispensacionalistas, se tornam nossos grandes
inimigos, porque eles crêem que o domingo é o domingo sabático.
Alianças de Deus na Bíblia 6
Bem, vamos fazer um balanço geral a respeito das alianças de Deus nos dois
Testamentos. Vamos fazer aqui um pequeno diagrama a respeito do Antigo e Novo
Testamento:
Aqui [lado esquerdo] temos o Antigo Testamento. E aqui [à direita] temos o
Novo Testamento.
A palavra Testamento é uma palavra tradicionalmente antiga. Não é uma
expressão bíblica. É uma palavra que foi cunhada por um dos Pais eclesiásticos –
Orígenes. Ele tentou simplificar as coisas chamando o texto da Bíblia Hebraica a
antiga aliança. Mas a própria Bíblia jamais fala sobre o Antigo Testamento, mas fala
de antiga aliança. Mas isso não é idêntico ou não significa a mesma coisa que as
Escrituras Hebraicas.
1. ALIANÇA DA CRIAÇÃO
Qual foi a primeira aliança que Deus fez? Nem sempre a palavra aliança é usada.
Mas quando Deus fez Adão e Eva, Ele os criou à imagem de Deus, e isso por si só
estabeleceu um relacionamento religioso-ético moral. E Deus estabeleceu como o
relacionamento seria. Havia mandamentos. Houve estipulações de vida e morte.
Mesmo antes de a humanidade pecar havia uma aliança na Criação. Deus estabeleceu
uma aliança com Adão e Eva.
No Antigo Próximo Oriente, alianças eram coisas muito comuns, isso foi
descoberto há apenas 30 anos atrás.
O Prof. Mendenhall [clique aqui] em Chicago, escreveu um ensaio sobre as
alianças no Antigo Próximo Oriente, que está revolucionando o pensamento global do
cristianismo em relação às alianças. Porque este professor descobriu, através dos
achados arqueológicos escritos em tabletes cuneiformes, que já nos dias de Abraão
2.000 anos A.C. eram feitas alianças entre nação e nação e entre soberanos e seus
súditos nas cortes de justiça. E isso fez com que muitos bons teólogos começassem a
escrever livros sobre alianças.
Alianças de Deus na Bíblia 7
Bem, agora chegou o tempo de, com essa introdução, fazermos um levantamento
sobre as alianças da Bíblia.
A primeira aliança de Deus com o homem está contida em Gênesis 1 e 2.
2. ALIANÇA DE GRAÇA
E depois chegamos à época da Queda. E Deus fez agora uma aliança de graça
com a humanidade. E em Gên. 3:15 encontramos a promessa divina de um Redentor.
Sem dúvida, era uma promessa de graça. Portanto preste atenção: imediatamente após
a Queda, Deus estabeleceu uma aliança da graça.
A aliança da graça não começou no Novo Testamento, iniciou-se imediatamente
após a Queda. Esta é uma conclusão importantíssima, porque o Criador imediatamente
Alianças de Deus na Bíblia 8
passou a ser também o Redentor. Deus não esperou retendo a Sua graça por 4.000
anos. A graça de Deus se demonstrou logo que surgiu o pecado. Assim que houve
pecado, houve um Redentor. Isso fala a respeito do caráter de Deus. Podemos declarar
que o Deus Redentor é também o Deus Criador. Mas as pessoas pensavam que não
precisavam de graça. Eles precisavam de amor. O Criador era o Deus do amor, do
amor e misericórdia, mas depois da Queda Se manifestou como o Deus da graça.
Mais tarde Deus fez uma aliança com Noé. É a primeira vez que a palavra
aliança surge no Antigo Testamento: Gên. 6:18. Essa aliança pode ser chamado
aliança da preservação. E como Deus sempre estabelece Suas alianças com sinais ou
promessas, Ele deu o símbolo desta aliança de preservação – o arco-íris.
Este sinal é válido ainda hoje. Toda vez que vemos um arco-íris no céu, que é o
resultado da iluminação da luz do sol e gotículas de chuva, podemos saber que Deus
relembra Sua aliança com Noé: de que Deus jamais irá destruir a Terra toda por um
Dilúvio de águas. O arco-íris da graça de Deus é o fator predominante.
Deus estabeleceu um sinal de aliança com a humanidade antes da Queda.
Qual foi o sinal da aliança de Deus na Criação? O sábado. Toda vez que o sábado
retorna à Terra e viaja ao redor do mundo, Deus Se lembra que Ele determinou uma
presença de comunhão com a humanidade que Ele próprio criou. E este sinal da
aliança de Deus na Criação é válido ainda hoje.
Após o Dilúvio Deus fez outras alianças.
Deus fez uma aliança com Abraão, e essa aliança foi repetida várias vezes.
Essas alianças com Abraão podem ser chamadas alianças de promessa. E essas
aliança são encontradas nos capítulos 12, 15 e 17 do livro de Gênesis.
E para Abraão Deus deu também um sinal, símbolo da Sua aliança.
Que sinal foi esse? Circuncisão.
Então junto com as alianças, estamos percebendo que Deus estabeleceu sinais.
Após isso Deus fez uma aliança com um povo, Israel – Aliança do Torah, ou da
Lei. Em particular foi feita e encontramos em Êxo. 19 a 24 e inclui o Decálogo, os
Dez Mandamentos.
Com Israel, qual foi o sinal com relação ao Torah? E não era um novo sinal ou
diferente. Deus combinou o sábado e a circuncisão – os dois sinais. Isto dá a
impressão de continuidade, e isso é importantíssimo que lembremos.
Alianças de Deus na Bíblia 9
E há mais uma aliança especial que Deus fez no Antigo Testamento, e todas elas
já se demonstram inclusivas. Foi a aliança feita com o rei Davi. É a chamada aliança
davídica. Uma aliança messiânica.
E essa aliança começa a ser descrita a partir de 2 Samuel cap. 7. Deus prometeu a
Davi que o Messias seria um Davi maior no futuro. E naturalmente, esta aliança, é
uma continuação da aliança após o pecado em Gênesis 3, verso 15. Assim a promessa
em Gênesis 3:15 tem sua continuidade na promessa a Abraão em Gênesis 12 bem
como ela se torna mais expandida na aliança feita com o rei Davi em 2 Sam. 7:12-17.
A aliança com Davi é a aliança mais importante e também é a mais citada em o
Novo Testamento pelo próprio Jesus em particular.
7. A NOVA ALIANÇA
e esse foi o profeta Ezequiel. E ele também no cap. 36:26-28 ele fala sobre esta mesma
aliança da qual falou Jeremias. Esses profetas viveram durante o exílio babilônico de
Israel. Eles estavam olhando e aguardando um novo Israel após o exílio. E essas
profecias prometiam que Israel voltaria à sua terra. Prometiam um novo templo.
Quando Israel saísse do cativeiro tudo seria renovado: novo templo, nova terra e um
novo rei viria.
Mas nunca surgiu um novo rei. O Israel pós-exílio nunca mais teve um rei
davídico. Mas a profecia declarava que o Messias viria como um rei da linhagem de
Davi. Isto seria a nova aliança. Foi uma orientação visando o futuro.
Bem, quando observamos este quadro geral reconhecemos que há uma porção
abundante de alianças feitas com Deus no Antigo Testamento. E isto nos traz um
desafio interessante para examinarmos, estudarmos e então chegarmos a um ponto de
compreendermos qual é a interação entre todas elas. Naturalmente, ainda estamos
estudando as Escrituras Hebraicas.
esta importante carta é anônima. Muitos especulam sobre quem a escreveu. Mas se
Deus não nos concedeu o nome do autor, então o que seria mais importante em relação
à epístola? A mensagem, o conteúdo. É um sermão inspirador, porque esta carta é o
sermão mais longo dos tempos apostólicos. E é por isso que merece uma atenção
cuidadosa, especialmente dos caps. 4 ao 10. É a parte central dessa carta. E foi escrita
especificamente para judeus-cristãos. Mas nós como gentios cristãos também podemos
obter benefício dela.
Agora, a igreja cristã primitiva não era uma unidade em termos de interpretação,
vivência e conhecimento das doutrinas. Havia também partidos, conflitos e lutas entre
eles. Especialmente o apóstolo Paulo encontrou grande resistência ao apresentar o
evangelho da graça independente da lei. Ele teve que apresentar uma tese,
esclarecendo o assunto da nova aliança.
Nesta parte de nosso estudo vamos concentrar o nosso estudo sobre A Teologia
do Sábado. Isso é uma continuação da aliança da Criação e a aliança feita na
Redenção.
disse: “foi feito por causa do homem”? Portanto, Ele disse que o sábado foi
estabelecido para benefício da humanidade.
Adão era judeu? Claro que não! Ele foi o protótipo original de toda a
humanidade. Assim como não podemos declarar que Adão era judeu, não podemos
declarar que o sábado é para os judeus.
Então, em primeiro lugar, por que então Deus criou o sábado para a humanidade?
Por que é que Deus descansou? Deus cansado? Não! O Deus Todo-poderoso
jamais Se cansa. Mas então por que é que Deus descansou?
Em Êxodo cap. 31 a Bíblia usa uma expressão de que Deus Se restaurou, a
palavra refrescou é usada no original. Ele havia concluído a obra da Criação em seis
dias. E agora Ele próprio está observando tudo o que havia criado. Ele faz uma
avaliação de toda a Sua obra, e então Ele pronuncia Sua declaração de satisfação. E o
que Ele disse? “Eis que tudo era muito bom.” É a avaliação de Deus sobre Sua própria
obra, em especial a criação do homem. Mas por esta hora Ele não tinha ainda feito a
mulher.
Pai. Deus criou o sábado como um santuário no tempo. Santo ao Senhor para prover
um espaço para adoração. O sábado é o santuário no qual adoramos o Criador. E
quando nós adoramos o Criador compreendemos que nós não somos o Criador, que
somos criaturas, uma parte da Criação e reconhecemos nossas limitações. E devemos
ser gratos a Alguém que nos criou, que nos deu vida, e alegria e gozo e também uma
tarefa.
O Criador deu significado à nossa vida. No sexto dia Adão não tinha significado
nenhum. No sexto dia o homem sem Deus é apenas 666. Mas no sétimo dia, ele recebe
significado, relacionamento com Deus e ele começa a adorar, exaltar e louvar esse
Deus. Agora o homem é completo – ele é agora totalmente um ser humano – porque
ele entrou num relacionamento de aliança com Deus. O sábado é parte inseparável da
criação do homem.
Este é o início do conhecimento a respeito do sábado. E isso é tudo o que
precisamos conhecer.
Sua graça redentora e então Ele pede obediência como uma resposta de gratidão à Sua
graça.
Agora, percebam como Deus o fez. Ele disse a Moisés que todo o povo de Israel
aplique o sangue de cordeiro nos batentes e nas vigas superiores das portas de suas
casas, porque o anjo do juízo passará sobre o Egito, e ele verá o sangue, e em Êxodo
12: “Quando eu vir o sangue Eu passarei por cima.” Deus não diz: “Quando eu vir um
guardador do sábado.” Ele disse: “Quando eu vir o sangue.” Isso representava o
sangue do Cordeiro de Deus. Representava o sacrifício expiatório de Cristo.
Deus olha para cada lar e para indivíduo para ver o sangue de Cristo então Ele
passa por cima sem condenar, e assim o será também no juízo investigativo.
Vamos olhar cuidadosamente a condição: Eles tinham que obedecer, mas não
eram os Dez Mandamentos. Não era a guarda do sábado. Eles deviam aplicar o sangue
do cordeiro. Não era obras meritórias. Não era uma virtude individual, era um sinal de
submissão, era um sinal de fé. Então Deus libertou Israel da escravidão egípcia.
Mas o filho do próprio Faraó morreu. Parecia que era uma questão de ou o filho
de Faraó ou o Filho de Deus. E Deus deu o Seu Filho de modo que nós não precisamos
morrer.
E então Israel marchou para fora do Egito após terem sido redimidos pelo poder
de Deus. As dez pragas haviam caído sobre o Egito e condenaram todos os falsos
deuses do Egito. Então Israel caminhou através do deserto.
E a primeira coisa que Deus restaurou em Êxodo 16 foi o sábado do sétimo dia.
Antes dos Dez Mandamentos, Deus restaurou o sábado como o sinal de Sua graça de
que Ele iria prover o alimento e não lhes era permitido recolher o alimento no sétimo
dia. E então vemos que Deus estabeleceu uma ordem: primeiro REDENÇÃO e então
OBEDIÊNCIA.
E em Êxodo 19 Deus diz: Se vocês querem ser Meu povo, porque Eu os escolhi,
porque todos os povos Me pertencem, Eu sou o Deus da humanidade no Universo –
Deus criou toda a humanidade – mas Ele escolheu os descendentes de Abraão, Isaque
e Jacó para ser Seu povo especial, o povo da aliança. E ele confiou-lhes a Sua
sabedoria e deu-lhes participação no processo da graça redentora. E eles foram
libertados da idolatria, não repentinamente. Pouco tempo depois eles estavam
dançando diante do bezerro de ouro.
Não é fácil partir da escravidão para a liberdade, há recaídas. E Deus ficou
desapontado com eles, mas Moisés os levanta de novo, e então Moisés implora:
Senhor, lembra-te, por favor – Tu começaste um bom trabalho, e agora o povo quer
saber como vais completar a obra. Não abandones a obra de Tuas próprias mãos. E
então Deus renova a aliança.
6. A Renovação da Aliança
Podemos ler isso em Êxodo 34, pela segunda vez Ele reescreve a Sua vontade, os
Dez Mandamentos em tábuas de pedra. E Ele diz a Moisés: Eu sou o Deus da graça, o
Deus compassivo, o Deus que perdoa pecados, a rebelião, mas se eles não se
arrependerem Eu vou mantê-los como culpados.
Alianças de Deus na Bíblia 18
Essa é uma tensão que existe dentro da aliança de Deus. Ele perdoa, mas a outros
Ele não perdoa. É o relacionamento de aliança. E o povo em aliança se torna
responsável. Eles têm que ser agradecidos e amar a Deus em resposta.
Por que o livro de Deuteronômio é chamado o “livro do amor”? Porque
Deuteronômio resume o relacionamento da aliança. Ele resume a essência do
relacionamento de Deus.
Em Deuteronômio 6:5 – “Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu
coração, de toda a tua alma e de toda a tua força”
Portanto a aliança feita por Deus com Israel é uma aliança de amor. Esse era o
ideal de Deus para o Seu povo Israel. E quando esse ideal não foi cumprido, por causa
da apostasia, Deus disse: Farei uma nova aliança, mas esta aliança que será feita nova
será nada mais nada menos que uma renovação da antiga aliança, porque Deus renova
o Seu plano. Como foi na Criação.
Todos as alianças feitas por Deus após a Queda com a humanidade tinham um
único propósito: restaurar o relacionamento original da aliança como era no Paraíso.
Cada aliança era um passo para restaurar a aliança original.
Cristo veio a esta Terra, e Ele veio para restaurar todas as coisas. A palavra-chave
encontrada em Cristo era restaurar todas as coisas.
Quando Ele encontrou um homem com a mão ressequida Cristo lhe disse:
“Estende teu braço!” E Ele restaurou o braço. Restauração do corpo e da alma e do
espírito. E então perdoou os seus pecados. Havia um paralítico, e Cristo restaurou o
seu corpo e então perdoou os seus pecados. A restauração externa era simplesmente
um símbolo da restauração interna.
7. Cristo e o Sábado
E como Cristo Se relacionou com o sábado? Este é um assunto muito importante.
Será que Jesus aboliu o sábado?
Havia e há um famoso teólogo neotestamentário na Suíça, dizendo – seu nome
Oscar Cullmann [clicar aqui] – grandemente respeitado como um erudito em Novo
Testamento, até o próprio Papa o respeita; Oscar Cullmann argumentou assim:
“Porque Jesus Cristo estava desrespeitando os regulamentos judaicos com relação ao
sábado e de acordo com os judeus Jesus quebrava o sábado, devemos concluir que
Jesus anulou a lei do sábado.” É uma declaração chocante!
Ora, há mais eruditos bíblicos que exclusivamente Oscar Cullmann. E agora
como ele faleceu e outros se levantaram, eles fizeram um julgamento mais apropriado.
Em vários livros nós podemos ler isso: Jesus quebrou apenas as regulamentações
sabáticas – o halakôt – dos judeus [clicar aqui]. Halakôt significa as instruções orais
da tradição judaica que podemos encontrar no Mishná. O tratado sobre o sábado
proíbe 39 tipos de trabalho no sábado. Você não pode semear nem uma única semente.
Você não deve escrever dois sinais. Muitas coisas triviais foram escritas. E Jesus
desconsiderou estas coisas.
Alianças de Deus na Bíblia 19
Como é que os teólogos cristãos defendem essa idéia? Eles têm o seguinte
raciocínio: O sábado é o sinal da velha criação, e Ele criou Israel, conduzindo-os para
fora do Egito; portanto a libertação da escravidão do Egito era o ponto focal máximo
da antiga aliança no Antigo Testamento. Mas agora um Moisés muito superior veio na
Pessoa de Jesus. E esse Jesus Cristo ressuscitou dentre os mortos no domingo pela
manhã e este é o maior de todos os sinais do evangelho, é o dia do nascimento de uma
igreja, e o Espírito Santo também desceu no domingo. E Cristo fez um apelo e
apareceu para os Seus apóstolos no domingo. O domingo agora é o sinal da nova
aliança, porque o Redentor é maior do que o Criador. Esta é a teologia circulando
hoje.
Agora a minha resposta é a teologia do sábado. Se nós temos uma diferente
construção de um Deus Criador e um Deus Redentor, então estaríamos criando dois
deuses diferentes.
Isto aconteceu nos dias de Paulo com o gnosticismo cristão: eles criam que o
Criador era um Deus inferior e imperfeito, um Deus da guerra, mas que Cristo Jesus
era um Deus superior porque Ele era um Deus do amor, da graça, do perdão.
Este é o sistema do Dispensacionalismo, em que se declara que o Antigo
Testamento é inferior ao Novo Testamento, e portanto o domingo substituiu o sábado.
Quando voltamos ao livro de Gênesis e também ao livro de Salmos, nós lemos
acerca de um Criador perfeito, que ao mesmo tempo é o Redentor de Israel. Assim o
Criador e o Redentor é o mesmo e o único Deus. E Jesus Cristo veio apenas para
representar Deus o Pai. Ele disse em João capítulo 12: Eu só falo o que o Pai me
ensinou; eu só faço o que o Pai me determinou. (João 12:49) Jesus, portanto, Se revela
aqui como sendo parte do Criador. E nós lemos em o Novo Testamento de que Jesus é
o Co-Criador.
Leiam, por exemplo, João 1: “No princípio era o Verbo, . . . e o Verbo era Deus.
... Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle. ... E o Verbo Se fez carne.” Se
Cristo é Co-Criador de toda a Criação, então Cristo também fez o sábado. Cristo
declarou de Si mesmo que Ele é o próprio Senhor do sábado. Isso significa que Ele é o
Criador e o Intérprete do sábado. E desta forma entendemos que o sábado honra tanto
o Criador como o Redentor com força igual. A guarda do sábado é um reconhecimento
de que o Criador não é inferior ao Redentor, que o Criador é também o Redentor.
Vindica o caráter de Deus, de que Deus é fiel à Sua Criação e que Deus será
plenamente vindicado quando Ele restabelecer o Paraíso que foi criado.
O sábado não é apenas um símbolo da perfeita Criação no passado, mas é
também um sinal que o Paraíso será restaurado. O sábado inclui a promessa de que a
Terra e o céu finalmente serão reunidos.
E lemos em Hebreus 4:4 e 11 que ainda resta um descanso sabático [grego
sabatismo] no futuro para o povo de Deus. O sábado é a garantia de que o Criador e
vai recriar um novo céu e uma nova Terra. O sábado é o sinal de que saímos
marchando para Sião, de que haverá uma Nova Jerusalém e de que nós entraremos e
fruiremos o eterno descanso sabático. E então o Criador estará plenamente satisfeito
de que em primeiro lugar Ele fez uma ótima Criação e de que não precisou destruí-la,
Alianças de Deus na Bíblia 21
e que Ele pôde redimir e restaurar em maior perfeição aquilo que já era perfeito no
princípio.
Portanto, Hebreus 4 é o elo de união, porque apresenta a conexão entre o
passado, o presente e o futuro. E o livro de Hebreus conclui no cap. 13, verso 8 –
“Jesus Cristo é o mesmo ontem” – lá no tempo antigo na Criação – “hoje e para
sempre” no futuro. A continuidade é garantida: do Paraíso Perdido ao Paraíso
Restaurado. Cristo é a garantia. E Ele honra a Seu Pai. E isso demonstra que a obra
unida do Pai, Filho e Espírito Santo foi bom e ao ser restaurado será perfeito
novamente. E no futuro, o Paraíso Restaurado será ainda melhor que o Paraíso
original, porque na Terra feita nova o trono de Deus estará estabelecido nesta Terra, e
nós O veremos face a face.
Por isso tenho desejo de estar lá. E vocês, gostariam de estar naquele Paraíso
Restaurado? Deus viu as suas mãos erguidas. Deus atenda ao seu pedido. Amém.*
*
Esta primeira apresentação foi para os anciãos e pastores (ASR), inclusive as 4 primeiras perguntas.
**
Daqui em diante os temas foram apresentados só aos pastores (ASR) no Concílio de Pastores.
Alianças de Deus na Bíblia 22
muita atenção ao método bíblico histórico. E este pode ser chamado Caminhar Com
Deus Através da História, numa compreensão de que a Bíblia foi sendo revelada
gradualmente através dos séculos.
Deus não revelou toda a verdade no princípio de uma única vez. Portanto na
Bíblia encontramos uma revelação progressiva da verdade. E esse método é chamado
Método da História da Salvação. Isso exige que tenhamos um conhecimento mais
profundo da Bíblia. Nesse método não podemos mais pegar textos isolados da Bíblia.
Temos que estudar capítulos inteiros bem como livros inteiros da Bíblia. E não há
substituto para o estudo da Bíblia. E nós somos desafiados a voltar à fonte e então
somos chamados a entrar em trânsito e caminhar através da história. E então
entenderemos melhor o significado das diferentes alianças de Deus com a
humanidade.
Aos pastores reunidos em Rocky Mountain eu apresentei 8 estudos. Depois
pensei: Eu posso fazer melhor do que isso. Então voltando à casa durante 3 meses
trabalhei e escrevi um novo livro sobre as alianças. Bem a partir de agora quero passar
a vocês alguns desses pontos interessantes que descobri nesse estudo.
O ponto em foco é que nós estamos vivendo sob a nova aliança e não mais na
antiga aliança. A sugestão que surge comumente é de que então não precisamos mais
observar o sábado. Portanto a essência de nosso estudo é compreendermos a relação
entre as alianças de Deus.
Moisés Cristo
LEI GRAÇA
_______________________ ________________________
Assim, ele diz que desde Moisés até Cristo nós temos a dispensação da LEI. Ele
diz que somente desde Cristo na Sua ressurreição nós temos a dispensação da
GRAÇA.
LEI e GRAÇA
Alianças de Deus na Bíblia 23
___________________________________________
E alguns adventistas estão indo agora para este esquema dispensacionalista, como
se a antiga aliança fosse uma aliança baseada unicamente na lei; e de que a nova
aliança fosse baseada na graça bem como no Espírito Santo. Portanto, chego à
conclusão de que o E. Santo veio para substituir a lei.
LEI GRAÇA
antiga aliança nova aliança (E. Santo)
_________________________________________________
de Sua aliança da graça. Deus começou gradualmente a revelar que o Redentor viria
da descendência de Noé através de seu filho Sem. E um dos filhos de Sem foi Abrão.
Podem ler isto em Gênesis 11. E então Deus diz que o Redentor viria do clã ou da
descendência de Abraão.
Mas Abraão não tinha filho. Não podia ter filho através de sua esposa Sara.
Agora, como Deus podia prometer-lhe um filho, quando ele não tinha filhos? Será que
Deus está tentando nos ensinar algo disto? De que o Redentor viria sem nossa
cooperação pessoal, de que seria tudo obra de Deus?
Em agora em Gênesis 12:1-3 nós temos um desenvolvimento desta promessa
original feita em Gênesis 3:15. Gênesis 12 contém uma promessa messiânica que foi
gradualmente melhor entendida mais tarde.
Vocês podem ler isso também em Gálatas 3. A bênção de Abraão é também a
bênção do Messias.
Agora temos que avançar até Gênesis 15 e ver como Deus revela mais a respeito
da Sua promessa a Abraão. Nós deveríamos considerar primeiro os 6 versículos, mas
deixem-me resumir para vocês.
Se sua visão for boa, você pode contar cerca de 5.000 estrelas a olho nu, mas
sabemos que há muitas mais. Há mais do que trilhões de estrelas. Com o rádio-
telescópio mais moderno, eles estão descobrindo galáxias como a nossa Via-Láctea e
constelações no infinito dos céus não antes penetrado. Até o presente o número total
de estrelas, constelações, quazars e corpos celestes conhecidos não foi numerado.
E Deus disse a Abraão: “Será assim a tua posteridade.” E então nós lemos o
versículo 6: “Abrão creu em YAHWEH, e isso lhe foi creditado como justiça.” (Gên.
15:6, NVI).
Este texto é um dos mais importantes de toda a Bíblia, porque este texto nos
revela como nós poderemos ser reconciliados e até salvos por Deus. Mostra-nos como
podemos ter paz com Deus. É a abordagem básica de chegarmos a Deus. Não por
qualquer coisa que façamos ou obedeçamos mas como Abraão creu na promessa,
crendo na palavra de Deus, teve que resposta da parte de Deus?
Vamos ler a segunda parte do versículo 6: “E isso lhe foi creditado como justiça.”
Que quer dizer isso? Justificação pela fé. É justificação pela fé.
Não foi um sacerdote, não foi Melquisedeque, foi o próprio Deus; e esta é a
garantia de salvação. Deus colocou Abraão num relacionamento correto com Si
mesmo. Qual foi o resultado?
Gênesis 26:5 – “Abraão me obedeceu e guardou meus preceitos, meus
mandamentos, meus decretos e minhas leis.”
Portanto a ordem é: justificação e então santificação. Justificação é a raiz;
santificação é o fruto; e a glorificação é a consumação. E nesta ordem, no livro de
Gênesis: justificação, santificação, glorificação. Sim, Enoque andou com Deus e foi
glorificado. Está tudo isso no livro de Gênesis, e assim será também hoje.
O sacerdote falava com autoridade, com autoridade de Deus: “Os seus pecados
lhe são perdoados.” Eles jamais diziam como os sacerdotes católicos declaram: “Eu te
absolvo!” Não, os sacerdote levitas jamais diziam: “Eu te absolvo!” Eles declaravam:
“Os seus pecados lhe são perdoados.” Ele pronunciava o perdão de Deus. E esta é a
compreensão protestante também. O sacerdote ou o pastor pode declarar: “Você está
perdoado.” Mas não podemos advogar para nós mesmos que temos o poder de perdoar
pecados. Esta é a obra do anticristo, e é a própria essência do anticristo: usurpar o
poder do perdão.
Somente Deus pode perdoar. E nisso é que consiste a segurança de salvação.
Então a aliança mosaica é uma continuidade da aliança com Abraão.
Mas lemos na carta de João: “Nós O amamos porque Ele nos amou primeiro.” (1
João 4:19 – KJV, RC).
Quem toma a iniciativa para nossa salvação? Vocês não estão tomando a
iniciativa para sua salvação. Mas vocês dirão: “Não, mas eu comecei a procurar, eu
comecei a orar.” Mas isso não é o começo, isto é a resposta ao poder e chamado de
Deus. O Espírito Santo atrai todas as pessoas, e aqueles que não resistem serão
atraídos e amarão a Deus pelo que Ele fez por eles.
Agora nós podemos entender melhor Deuteronômio 6:5. Aconteceu depois da sua
libertação no êxodo.
E então lemos no versículo 6: “Estes mandamentos que hoje lhes concedo
estarão sobre o seu coração.” (New International Version).
Onde deveriam estar os mandamentos de Deus? Nas mãos? Nos pés? Ou no
coração? Deus não Se agrada de que haja um ajustamento externo com a Sua vontade.
Deus quer que nós Lhe obedeçamos a partir do nosso coração. Deus quer obediência
que provém do coração.
Mas vocês dirão: “Pr. Hans, parece que o tempo todo você está falando sobre a
nova aliança.” Então eu lhes digo isso: A nova aliança é apenas a renovação da antiga
aliança. Nós não deveríamos buscar a ênfase em contradições, contrastes, mas a
continuidade.
Claro que há um desenvolvimento, há um avanço. Nós encontramos em Cristo a
promessa e a lei concretizada. Jesus não substituiu a lei dos Dez Mandamentos. Ele
incorporou os Dez Mandamentos. Ele disse em João 15:10: “Eu tenho obedecido a
todos os mandamentos de Meu Pai.”
Então quando pessoas dizem: “Eu fico com Cristo; você fica com Moisés e a lei!”
nós já podemos perceber que estamos ali tratando com o dispensacionalismo.
Vocês precisam ser doutores em teologia. Vocês percebem o sintoma da doença e
o diagnóstico. Qual é o remédio? Jesus incorporou a lei em Si mesmo.
Por que você guarda o sábado do sétimo dia? Você diz: “Está aqui – Êxodo 20!”
Eu jamais faria isso. Eu diria: “Porque Jesus é o meu Exemplo, Ele guardou o sábado.
Ele apenas rejeitou o halakôt, ou seja, as regulamentações rabínicas.”
Quanto tempo demorou para que Davi se arrependesse após ter cometido esse
adultério e homicídio de Urias? Quanto tempo demorou até que ele se arrependesse?
Alguém já sabe? Um ano.
Sim, resposta exata, um ano, depois que o bebê nascesse.
Deus possui uma longa paciência. E Deus precisou usar um profeta especial para
trazer Davi à realidade.
Agora, quando Davi foi quebrantado, ele se arrependeu de fato. Como podemos
saber? Porque ele escreveu sua confissão pessoal em dois salmos: Salmo 32 e 51.
E por que estes salmos estão na Bíblia? Para termos pena de Davi? Para sabermos
que ele foi um fracasso total? Ou existe por trás dos salmos um propósito mais
elevado?
Será que Deus queria que esta confissão fosse gravada para se tornar uma
inspiração ou uma confissão inspirada para que todas as gerações posteriores até nós,
até mim, pudessem receber a inspiração? Para que adúlteros e assassinos soubessem
que ainda há esperança? Estes salmos foram escritos para que nós nos identifiquemos
totalmente com esta condição de pecadores, para que possamos dizer: “Este sou eu.”
Talvez você não tenha uma oportunidade de adulterar e de matar, mas você está
intrinsecamente nesta mensagem.
Então vamos agora examinar cuidadosamente este Salmo 32. Este é um dos 7
salmos denominados salmos penitenciais usados nos rituais do templo pelo povo
judeu, e eram recitados pelos corais, especificamente no Dia da Expiação para inspirar
todo o Israel para conseguirem a obediência do mesmo modo como Davi a conseguiu.
“Bem-aventurado aquele cuja iniqüidade é perdoada, cujo pecado é coberto.
Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não atribui iniqüidade e em cujo
espírito não há dolo.”
Onde está o arrependimento aqui? Eu não estou vendo muito de arrependimento
neste versículo. Eu vejo mais alegria. A tradução pode ser: "Feliz o homem aquele
cujo pecado foi perdoado." Mas esse é o resultado final do perdão, é a fruto do
verdadeiro arrependimento. É o estilo judaico de escrever. A conclusão maior vem no
início de uma declaração.
Cada salmo é construído de uma maneira espetacular como uma poesia, na qual o
início e o fim se correspondem mutuamente. Portanto cada salmo possui uma estrutura
chamada quástica que une o conteúdo total do salmo numa unidade indivisível. Ao
pregarmos sobre os salmos exige-se uma pregação do salmo como um todo. Não é
bom tomarmos um verso isolado de um salmo e pregar. Isto é trabalho de amadores,
leigos, mas para profissionais – pastores – eles tomam o salmo como um todo. E é por
isso que Deus deixou 150 sermões prontos para você. Cada salmo grita pra você: "Por
favor, pregue-me, pregue-me!"
Mas é o livro mais difícil da Bíblia de ser pregado, porque nós precisamos
primeiro reconstruir a parte histórica. E não há nenhum outro livro da Bíblia como os
salmos que tenha enfrentado tantas novas e revolucionárias descobertas.
Eu tenho na minha biblioteca um conjunto de comentários sobre os salmos daqui
até a tela. É uma mina de ouro. Alguns são melhores do que outros, e eu estou-lhes
Alianças de Deus na Bíblia 31
dando o melhor. E então eu entrego a vocês os tesouros que encontrei. Exige muito
trabalho. Mas é por isso que recebemos o nosso pagamento todos os meses.
Cada pastor deveria estudar pelo menos 3 horas por dia, porque ele precisa
alimentar as almas não apenas de pessoas ignorantes, mas de pessoas com acuidade
mental elevada.
O Salmo 32 enfatiza 3 vezes o assunto do perdão. Os crentes hebreus sempre
diziam duas vezes a mesma coisa. É o estilo literário chamado paralelismo. E
precisamos entender as regras hermenêuticas para podermos interpretar a Bíblia
corretamente. Porque cada coisa é dita com uma variação de palavras. A linha seguinte
explica a anterior.
Mas agora é importante que nesse Salmo 32 nós encontrarmos isso três vezes.
Aqui nós encontramos 3 vezes. E em cada vez seguinte há uma variação.
"Transgressão", depois "pecado", e então o terceiro termo para pecado: "iniqüidade".
Três palavras diferentes para significar pecado. Três palavras: pecado, transgressão,
iniqüidade. Isso significa que não há pecado de nenhuma espécie que não possa ser
perdoado.
Mesmo aqui a palavra mais forte para o pecado, que é paixão está incluído. Em
Daniel 8 o chifre pequeno comete rebelião. Está incluído no princípio de perdão. Até
mesmo pecados voluntários e planejados podem ser perdoados. Mas qual é a condição
do perdão? Agora isso transparece nos próximos versos.
Verso 3 e 4: "Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos
pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre
mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio."
Estes versos foram escritos depois dos versos 1 e 2, mas aconteceu antes. E é
assim que a história começa de fato. Ele conta com sinceridade que não tinha a
coragem de arrepender-se e de confessar.
O que está à raiz nesta disposição de não confessar? Justificação própria. Este é o
nosso problema. Não queremos demonstrar nossa face real, podemos esconder dos
homens mas diante de Deus Ele vê o coração. E Ele espera uma confissão sincera. Se
não confessamos a Deus nos tornamos doentes. E Ele declara isto: "envelheceram os
meus ossos".
A Psicologia e a Psiquiatria moderna confirmam isto. Se você tem ansiedade,
amargura e ódio em seu coração, você poderá desenvolver úlcera e causar morte
prematura.
E Davi estava como que se consumindo, sentia em sua consciência a condenação
da ira de Deus. Ele disse: "a tua mão pesava dia e noite sobre mim". Isso é explicado
no Salmo 38:2 e 3.
O que acontece no verso 5? "Confessei-te o meu pecado e a minha iniqüidade
não mais ocultei. Disse: confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu
perdoaste a iniqüidade do meu pecado." (Sal. 32:5)
Este é o coração deste salmo. Este é o único lugar na Bíblia que declara
explicitamente que podemos alcançar perdão somente após a confissão. Isto é muito
importante. Ele declara: "Confessei-te o meu pecado." Depois de um ano inteiro ele
Alianças de Deus na Bíblia 32
condicional. Mas para Davi perdão era o mesmo que purificação, é erradicar do
coração.
Podem ler isso no Salmo 51. Ele identifica perdão com purificação. Junte os dois
salmos, e então Davi percebe que ele foi colocado numa relação correta ideal com
Deus.
Como é que Paulo explica isso? Vamos olhar de novo para Romanos 4:6, Davi
declara a mesma coisa. O que ele diz então? Davi no Salmo 32 diz a mesma coisa que
o apóstolo Paulo prega em suas cartas. Portanto Davi nos salmos já possuía o próprio
evangelho. Assim, tanto a antiga aliança como a nova aliança possuem o quê? O
mesmo evangelho. Há uma continuidade. Isso é muito mais importante que
colocarmos uma descontinuidade entre ambas. A continuidade está contida na
substância, e a descontinuidade está contida nas formas de adoração. Na antiga aliança
refere-se à adoração no santuário à morte de animais substituintes e também na forma
do sacerdotes levíticos.
Agora vamos ler a próxima linha em Romanos 4:6 – "E é assim também que
Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça,
independentemente de obras."
Compare isto com o Salmo 32:1 e 2. Você vê uma diferença e uma progressão,
um desdobramento. Davi não fala de justificação, ele declara apenas no Salmo 32:
"Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não atribui iniqüidade." Davi fala de
uma bênção no aspecto negativo. Ele diz: "Não atribui" – é um aspecto negativo de
descrever. "Não atribui" – mas já é uma bênção. Mas Paulo toma a frase e a apresenta
de modo positivo. Paulo diz que isto é o mesmo que aquilo que Deus fez com Abraão.
Ele credita justiça em vez de creditar pecado. Paulo vê os dois lados da moeda.
Remover sua culpa e então substituí-la pela justiça.
Eu uso a ilustração de Zacarias 3, onde o profeta Zacarias vê o sumo sacerdote
Josué se apresentando com roupas sujas. O diabo declara: "Ele não é digno de receber
as Tuas bênçãos." E o que Deus diz? "Eu o escolhi."
A nossa própria salvação não depende de nossa própria justiça. Não está baseada
em nossa bondade, não está baseada em nossa sinceridade, não está baseada em nossas
virtudes. Deus simplesmente declara: "Eu escolhi você."
Aí está a essência da graça de Deus. Deus escolhe você. E isto é extraordinário.
Perguntamos: Por que Ele me escolheu? Não sabemos. Mas Deus declara: "Eu amo
você. Eu o fiz. Eu não quero abandonar a você. " Ele é o Criador fiel. "Eu vou escolher
novamente você."
E então Ele declara: "Removam estas vestes sujas." Isto é perdão. Ele está
perdoado.
Mas como uma pessoa é quando está sem roupa? Alguns podem ter uma boa
aparência; outros, uma aparência horrível. A maioria não tem boa aparência quando
estão nus. Nós não somos atraentes sem roupa.
E Deus declara que a nudez ainda permanece como um símbolo de suas culpas.
Portanto não existe nenhuma melhora removendo roupa suja.
Alianças de Deus na Bíblia 34
E o que Deus diz imediatamente? "Ponha nele roupa nova e um turbante novo,
onde está escrito: Santo ao Senhor." Isto é justificação pela fé. Este é o sentido mais
profundo do perdão. Este é o evangelho completo. O apóstolo Paulo diz: "Eu não o
inventei."
Jesus não nos deu um novo evangelho. Abraão já o possuía. Davi o
experimentou. Em Jesus Cristo nós temos a certeza como jamais poderia ter sido dada
anteriormente. E Cristo então diz: "Teus pecados te foram perdoados." E também diz:
"Vai e não peques mais."
Algumas pessoas ficam tão entusiasmadas com o perdão, e eu gostaria que todos
nós ficássemos mais entusiasmados com o perdão, porque essa mensagem é a que
todos os que vêm aos cultos no sábado mais precisam ouvir. Jamais preguem uma
mensagem sem incutir o evangelho nela. Não comecem pregando sobre santificação.
Jamais comecem um sermão dizendo o que eles precisam fazer. Comecem sempre
como a Bíblia o faz, como as cartas dos apóstolos ensinam, como no dia do
Pentecostes – primeiro falem a respeito do que Deus, e então como resultado o que
nós faremos. Primeiro justificação, e depois santificação.
E então justificação e santificação. Lembrem sempre da raiz. Primeiro a raiz.
Sem raiz, não há fruto. E é verdade que a raiz não precisa ser vista, a raiz está
escondida mas está firme sob o solo, mas os frutos são visíveis para todos.
Quando vocês querem mais fruto, vocês não falam com a árvore: "Você precisa
produzir mais fruto!", porque a árvore não se impressiona com sua fala. E a árvore diz:
"Então você quer mais fruto? Me dê melhor alimento para as minhas raízes, e
automaticamente eu vou produzir fruto." A cura está na raiz. Levem as pessoas a
amarem e terem gratidão para com Deus, e eles serão mudados. Agora podemos ver
como Abraão, Moisés e Davi, todos eles possuíam em essência o mesmo evangelho de
Deus.
Agora precisamos passar para um novo tema e entrar nele.
de Israel. Na arca sagrada estava a lei. Era uma caixa dentro da qual estava a lei da
aliança, e sobre ela estava o propiciatório ou trono da misericórdia.
Vejam que a lei estava debaixo da mesa e o sumo sacerdote espargia o sangue da
expiação sobre o propiciatório. E aí você pode ver que há uma conexão entre a lei e a
graça. Sem lei não há necessidade de graça. Os egípcios não possuíam a graça. Os
babilônios não conheciam nada a respeito de perdão. Somente Israel possuía um Deus
que perdoava pecados e conduzia o povo de volta em harmonia com os Seus
princípios sagrados.
Tão logo Deus escreveu os Dez Mandamentos em Êxodo 20, como o povo reagiu
quando Moisés permaneceu 40 dias no monte? Deus havia declarado: “Eu sou o
SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.” Portanto os
Dez Mandamentos foram promulgados pelo Redentor, e foram concedidos a um povo
redimido.
O sábado é para um povo redimido. Primeiro você precisa ser redimido para
depois poder observar o sábado. E Deus declara: “Não terás outros deuses diante de
mim.”
Quanto tempo demorou depois da promulgação da lei para Israel estar adorando
um bezerro de ouro? Não demorou 6 semanas, dentro de 40 dias. A apostasia pode
ocorrer muito rapidamente.
Agora Deus foi verdadeiramente desapontado. Deus foi magoado. Ele ficou
surpreso, de que o Seu próprio povo poderia ser tão fixado e preso à idolatria egípcia.
E Moisés se ergueu e suplicou por uma nova oportunidade. E ele então disse: “Senhor,
lembra-te da Tua aliança.” E Deus disse: “Moisés, vem cá, eu vou novamente escrever
a Minha lei.” Isto está em Êxodo 34.
Deus fez duas alianças no monte Sinai. E a segunda aliança feita lá era mais cheia
de graça, era ampliada.
E Êxodo 34:6 e 7 constitui um dos textos mais importes da Bíblia. Deus diz quem
Ele é no Seu coração, Deus declara quem Ele próprio é. É a expressão máxima sobre o
caráter do próprio Deus e o que Deus declarou a respeito de Si mesmo. “Eu sou o
Deus da graça, da compaixão e da misericórdia.”
Isso é a antiga aliança. É o mesmo Deus Jesus Cristo. E Deus declarou: Se o povo
não se arrepender eles terão a simples condenação e permanecerão sob a culpa.
Nós encontramos aqui uma tensão dentro do próprio caráter de Deus. Deus, por
um lado, promete: “Eu perdoarei todos os vossos pecados e a vossa rebelião”, mas por
outro lado: “Também trarei a vós a condenação e a punição.” E a condição essencial é:
“Se não vos arrependerdes.”
Qual foi o problema quando a aliança foi quebrada? Não porque Deus tivesse
promulgado uma aliança inferior, não porque Deus tivesse mudado a Sua idéia
somente, mas foi Israel que falhou e quebrou. Foi a mente e o coração de Israel que
estava entregue ao pecado e à idolatria pecaminosa.
E você pensa que isso só aconteceu durante os 40 dias que Moisés esteve lá?
Não, aconteceu repetidamente. E toda vez que havia essa recaída Israel necessitava ter
Alianças de Deus na Bíblia 36
a sua aliança restaurada. E por isso é que Deus atuava anualmente na Páscoa e no Dia
da Expiação. Estas festas eram renovações da aliança de Deus.
Nós necessitamos de reavivamento de tempo em tempo. Você e eu precisamos
reavivamento. O nosso povo necessita desesperadamente de reavivamento.
Especialmente quando o povo está diante do juízo precisa de reavivamento de
reavivamento.
Qual foi no Antigo Testamento o juízo mais severo que Deus colocou sobre o
Seu povo? Primeiro Ele deu às 10 tribos no Reino do Norte, e cerca de 10 anos depois
para as duas tribos restantes em Jerusalém. Qual foi esse duplo juízo de condenação e
quanto tempo durou?
E aqui está o centro da história do Antigo Testamento. Se nós não
compreendermos esta parte central, nós não iremos entender o Antigo Testamento
como um todo. Assim, quais foram esses juízos divinos? Devem saber. Eu vou contar
a vocês. Está em cada um dos exílios do Antigo Testamento.
Dez tribos levadas para a Assíria no ano 722-721 a.C. E vocês diriam: “Bem,
então as duas tribos restantes aprenderam a lição.” Mas não aprenderam. Portanto, no
ano 605 a.C. Judá, Benjamim e os levitas foram levados cativos para Babilônia. E
Deus usou Nabucodonosor para castigar em sua melhor natureza ao Seu próprio povo.
Mas desta vez Deus disse quanto tempo eles permaneceriam no cativeiro babilônico.
Quanto tempo? 70 anos. Todos nós sabemos: 70 anos. Em Jeremias 25 e 29 Deus
disse que o cativeiro duraria 70 anos. Isso envolve quase duas gerações.
O que é que os pais desobedientes diriam aos seus filhos? “Nós estamos muito
entristecidos porque estamos em Babilônia e teremos que permanecer aqui durante
muito tempo. Mas quem sabe vocês é que retornarão. E os nossos netos – os seus
filhos – com certeza retornarão para Jerusalém.” Mas Jeremias 29 declara: “Vocês
precisam buscar ao Senhor de todo o coração para que isso aconteça.” Porque Deus
disse: “Eu quero um novo povo em uma nova aliança quando retornar a Jerusalém.”
Então encontramos a promessa contida em Jeremias 31:31-34. E esta é o única
passagem que menciona explicitamente a expressão “nova aliança”.
“Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de
Israel e com a casa de Judá.”
Aqui vem a pergunta: Qual é o significado da nova aliança e quando começaria?
Qual é o conteúdo? Qual é a diferença? Qual é a semelhança? Um monte de perguntas
e precisamos obter respostas a todas elas.
Pastores superficiais apresentam respostas simplistas. E é por isso que temos
visto muitos abandonarem. Onde está o problema? “Ah, ele não crê mais nisso!” Por
que não? Ele crê na nova aliança. O que é isso? Será que não teve treinamento? Não,
porque estava sempre visitando, ele nunca estudava. Ele foi embora porque não tinha
rampa, ele pegava um pedaço de texto aqui, um pedaço ali.
Isso precisa mudar! Nós precisamos voltar à Bíblia e estudá-la. Nós temos que
abandonar estas construções doutrinárias baseadas em textos isolados, temos que
caminhar com Deus através da história, temos que pisar nas pegadas de Deus, temos
Alianças de Deus na Bíblia 37
leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
34
Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo:
Conhece ao SENHOR, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior
deles, diz o SENHOR. Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais
me lembrarei.”
Muito disso já se cumpriu em Abraão e Davi.
A primeira exigência é que pratiquemos exegese, interpretação do texto. Esta é a
única autoridade. Para que possamos refutar objeções errôneas primeiro nós
precisamos concentrar-nos na verdade antes de podermos trabalhar com o erro. Deus
declara: “Farei algo no coração humano.”
O que Ele prometeu fazer no coração? Ele disse: “Vou colocar amor no seu
coração”? Não, Ele não declara isso. Ele diz: “Colocarei” o que em seu coração? Ele
não disse: “a lei”, mas: “a Minha lei”. Isto é muito importante. É a lei de Deus que vai
ser implantada no coração. Deus colocará em nossa mente, isto é, em nossa razão, e
em nosso coração, nossa vontade de praticar. É claro que isto implica em amor, mas é
amor inteligente – é o amor da obediência.
Este é um ingrediente essencial da nova aliança.
Agora eu tenho uma pergunta: Deus não fez isso para Abraão ou para Davi? Qual
é a diferença aqui com a aliança mosaica? Será que a aliança mosaica não possuía
isto? Aqui está o ponto crítico. Vamos ver isto preto e branco? Mas o que estudamos
em toda esta manhã?
Abraão foi justificado pela fé somente mas como conseqüência ele obedeceu aos
Dez Mandamentos. Gênesis 26:5. No cap. 22 ele esteve disposto a sacrificar Isaque
como um sacrifício, obedecendo.
E Davi? Moisés? Todos eles já possuíam isto. Então qual é a diferença? Eram
pessoas isoladas que possuíam esse espírito. A diferença é que na nova aliança Deus
declara: “Eu quero que cada indivíduo experimente esta experiência sem exceção, do
menor ao maior, cada um deve fruir esta experiência de relacionamento com Deus.”
b) Amor e Obediência
Agora, este é um novo elemento, porque cada israelita pertence ao Israel
espiritual – cada um iria fruir a experiência do perdão de pecados.
Que tipo de tempo é este? Este é o tempo quando o Espírito Santo será
derramado. Não se esqueçam de Joel 2:28 e 29. Também é promessa de uma nova
aliança. Mas aí não é a lei que está no centro mas o Espírito Santo ou o Espírito de
YAHWEH que toma a preeminência. Portanto na nova aliança nós temos a lei de Deus
em nosso coração e o Espírito Santo será derramado sobre toda a carne.
Poderemos nós voltar e decidir qual deles nós preferimos: Podemos declarar que
os adventistas têm a lei, os pentecostais têm o Espírito Santo?
Vamos ler outro contemporâneo de Jeremias. Viveram na mesma época e
podemos dizer que eles eram amigos. Jeremias viveu em Jerusalém e Ezequiel era um
cativo em Babilônia. E Ezequiel falou ao mesmo povo a quem falou Jeremias. Todos
estavam sofrendo a condenação dos filhos de Deus no cativeiro babilônico.
Alianças de Deus na Bíblia 39
Leiamos Ezequiel 36:26: “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito
novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne.”
Verso 27: “Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus
estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.”
Eu quero que vocês agora juntem isso. Como é que podemos juntar as mensagens
de Jeremias e Ezequiel? Agora nós chegamos a um nível mais elevado de teologia.
Agora começamos a olhar com ambos os olhos. Agora vamos unir Jeremias e Ezequiel
para termos uma visão do cumprimento da nova aliança.
Eu pergunto a vocês: O que é que Jeremias disse que Deus ia pôr no coração?
Deus prometeu através de Jeremias: “As Minhas leis no coração”. E o que é que
Ezequiel declara em Ezequiel 36 verso 27? “O Meu Espírito no coração”.
Assim nós temos a lei de Deus bem como o Espírito de Deus dentro do coração.
Isso é revolucionário. É a solução, porque um não substitui o outro. Tanto a lei como o
Espírito vivem em perfeita harmonia, coexistem no coração. Esta é uma solução
explosiva para o nosso coração porque o Espírito é o poder motivador para produzir o
amor e a obediência. E nisto nós encontramos uma harmonia adequada entre a lei de
Deus e o Espírito de Deus. Portanto quanto mais tivermos do Espírito Santo tanto mais
nós nos submeteremos e obedeceremos a lei de Deus. Porque o Espírito Santo não
substitui a lei de Deus.
Há um texto em Efésios 6:17, dizendo que a Palavra de Deus é a Espada do
Espírito. Assim nós encontramos que a Palavra de Deus é o instrumento do Espírito
Santo. O Espírito Santo produziu a Bíblia. O Espírito não é contra a Bíblia mas Ele a
produziu. Ele produz uma melhor compreensão da Palavra de Deus e Ele nos estimula
a submeter-nos e a desfrutar a obediência.
E isso podemos compreender melhor lendo os Salmos 1, 19 e 119. Ele diz: “Oh,
quanto amo a tua lei em todo o tempo.” Este é o legítimo israelita espiritual. Todos os
salmos foram escritos por israelitas espirituais. Eles tinham renascido e eles
testificaram de seu amor para com a lei de Deus, especialmente no Salmo 119. É o
salmo preferido de Jesus. Ele podia recitá-lo quando era um adolescente, de acordo
com O Desejado de Todas as Nações.
Assim podemos ver que Jesus amava os Salmos, especialmente os Salmos da
sabedoria – 1, 19, 119. Os salmos nunca falam a respeito de justificação de maneira
isolada.
Para concluir vamos voltar ao Salmo 32. E então vamos entender como existe um
equilíbrio muito bonito.
Versículo 8: “Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as
minhas vistas, te darei conselho. 9Não sejais como o cavalo ou a mula, sem
entendimento.”
Alianças de Deus na Bíblia 40
Bom dia queridos amigos, eu espero que tenham tido uma boa noite de repouso,
que não vão dormir agora, porque temos coisas importantíssimas para discutir.
Pergunto-lhes: Têm certeza de que o assunto de ontem ficou claro para vocês?
Agora vamos entrar no Novo Testamento. Quem sabe seja um terreno mais
conhecido. Mas nós só podemos compreender o Novo Testamento, tendo a luz que
vem do Antigo Testamento. E somente poderemos conhecer cada livro dentro do seu
contexto histórico.
Quantos anos existem no período entre o Antigo e o Novo Testamento? Mais do
que 400 anos. É de um modo especial um tempo bastante longo.
Qual foi a história de Israel nesse período? É a velha história dos Macabeus.
Precisamos saber isso. Por isso é recomendado que se leia os livros dos Macabeus. E
assim conhecendo esses tempos dos Macabeus conheceremos melhor o que aconteceu
quando Jesus veio. E saberemos por que eles festejavam a chamada festa haliká – a
Alianças de Deus na Bíblia 41
1. Mateus
Agora vamos chegar ao livro de Mateus. Para quem Mateus escreveu o seu
Evangelho? Quem era a sua audiência? Precisamos saber essas coisas para realizarmos
exegese correta das Escrituras. Cada escritor de cada Evangelho tinha em mente uma
audiência especial, especialmente focalizando o povo judeu. E por isso ele cita tantas
vezes as Escrituras Hebraicas, mais de 100 vezes “para que se cumprisse o que foi
dito” e citava. Isto se tornava numa citação de autoridade para os judeus. O povo judeu
não estava unificado em uma única opinião.
Durante aqueles 400 anos eles desenvolveram diferentes pontos de vista e
diferentes grupos. Assim como no cristianismo nós temos protestantes, católicos
romanos, ortodoxos orientais, e dentro de cada grupo nós temos a ala da direita, a ala
da esquerda.
mesmo criam na filosofia grega da dicotomia entre corpo e alma por ocasião da morte.
Os saduceus eram os mais poderosos nos dias de Jesus. Jesus declarou-lhes: “Vocês
não conhecem as Escrituras nem o poder de Deus.”
Mas havia outros partidos. E havia um partido que tanto para os fariseus como
para os saduceus era considerado corrupto. E um dos sacerdotes havia se separado do
templo de Jerusalém e disse: “Nós não podemos manter contato com estes judeus
impuros.” Eles saíram e foram para o deserto e se estabeleceram junto ao Mar Morto.
E eles construíam as suas casas em cavernas, e criam: “Nós é que somos o verdadeiro
remanescente de Israel.”
Então, dentro do judaísmo havia esta competição real sobre quem era o
verdadeiro remanescente. E cada grupo buscava viver uma vida mais estrita do que o
outro. Esse terceiro grupo é mencionado pelo historiador Flávio Josefo como os
essênios. E parte deste grupo dos essênios vivia na região de Qumran. Os eruditos os
chamam de os essênios de Qumran.
Como todos nós sabemos esses lugares do Mar Morto foram feitos após a
Segunda Grande Guerra e são os Rolos de Qumran. Eu precisei estudar estes rolos
para minha dissertação doutoral.
Mas além desses três havia mais um partido. Eram os ativistas militantes
políticos, eram os chamados zelotes. Eles foram inspirados a tomar armas e
planejavam matar soldados romanos, e eram muitas vezes inescrupulosos. E por causa
de suas convicções eles chegaram ao extremo de assaltar outros judeus.
Agora, todos estes quatro grupos estão representados em Mateus. Quanto mais
conhecermos detalhes a respeito desses quatro grupos tanto melhor poderemos ilustrar
os sermões dentro de uma produção de sermões. Pastores precisam recriar o esquema
histórico dentro dos seus sermões. Pastores precisam ser bons contadores de história.
Eles precisam pintar diante dos olhos da audiência um quadro indicando o que
aconteceu. E é por isso que eles precisam conhecer a história dos tempos da Bíblia.
2. Personagens do NT
(1) João Batista
Nós temos também no Novo Testamento em primeiro lugar João Batista. Alguns
declaram que ele surgiu dos Essênios. Mas isso não é algo que possa ser comprovada.
O que se pode dizer é que ele era um solitário que vivia sozinho. Mas ele surgiu de
repente com uma mensagem revolucionária. E também foi ao deserto. A sua
mensagem era: “Arrependei-vos porque o Messias está no dobrar a esquina. E quem se
arrepender deve ser batizado como se fosse um gentio.”
A circuncisão não é boa o suficiente e isso naturalmente era ofensivo aos judeus.
Porque para os judeus piedosos eles já eram os filhos de Deus. Se você era
circuncidado, você não quereria ser tratado como um gentio. Portanto somente os que
precisavam de arrependimento e que se arrependiam poderiam passar pelo ritual do
batismo. E claro, o batismo tinha um significado muito simples: era o lavar e o perdão
de seus pecados.
Alianças de Deus na Bíblia 43
(2) JESUS
(a) Jesus, o Filho do Homem
Marcos 10:45 – “Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas
para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.”
O que significa isto? Se eu não sei nada a respeito eu vou perguntar: O que isto
quer dizer? Então vou continuar. Sempre temos que perguntar: O que isto quer dizer?
E assim, conhecendo, podemos melhor comunicar a mensagem.
Como Jesus Se chama a Si mesmo? “Filho do Homem”. Por que Ele disse isso?
Por que Ele não disse: “O Messias”? Por que Ele disse: “O Filho do Homem”? Ele
inventou este título? Ou Ele adotou esse nome das Escrituras? Onde nas Escrituras
encontramos esta expressão? De Daniel. Daniel 7:13-14.
É certo que Daniel em visão viu o Messias celestial, que não era chamado O
Filho do Homem, mas descrito como alguém parecido como o filho do homem,
porque no céu se assemelhava a um ser humano. Portanto, originalmente isso não era
o título messiânico, mas tornou-se o título do Messias nos lábios do próprio Cristo.
E mesmo o livro hebraico – o Livro de Enoque – descreve o último juízo como
do Filho do Homem.
O que é que este ser celestial, parecido com o filho do homem, recebe como sua
missão em Daniel 7? Ele recebe o reinado para todo o planeta Terra. Ele recebe toda a
honra, e todo o poder e toda a glória de toda a humanidade, e recebe durante o período
do juízo celestial. E por essa razão Ele precisava deixar o céu, vir à Terra para Se
tornar o Rei.
Uma hoste total dos anjos O conduz a Deus o Pai como se fosse uma carruagem
real, declarando a expressão: “Ele veio ao Pai como numa nuvem.” Não eram nuvens
como temos aqui na Terra, mas como nuvens descritas de anjos. E esta é a expressão:
“Cristo está voltando com as nuvens dos céus.” Porque quando Ele vier a segunda vez
dos céus à Terra, Ele virá com nuvens de anjos. Isso não significa nuvens de chuva. É
a mesma nuvem de anjos que foi descrita a primeira vez lá no céu. Mas eu creio que
vocês já sabiam de tudo isso.
Em Daniel 7:13 não há sofrimento para o filho do homem, há somente glória e
poder. E agora nesse texto que lemos quando Jesus declara de Si mesmo que Ele é o
Filho do Homem, isto traria à mente dos judeus uma impressão muito grande: “E onde
está a Sua glória de Rei? Onde está a nuvem dos anjos? Por que Você parece tão
simples – um carpinteiro? E por que Você está seguindo o caminho do sofrimento e da
cruz?”
Alianças de Deus na Bíblia 44
que Ele viria para remir a Israel!” Mas todas as suas esperanças se desvaneceram
quando Jesus foi sepultado no túmulo de José de Arimatéia.
Agora vocês podem compreender esse gênio revolucionário de Jesus? Ele disse:
“O Filho do Homem precisa em primeiro lugar de servir e se transformar num Servo.”
Ele primeiro precisa sofrer para depois poder ascender em glória. Assim como está no
Salmo 2.
O mesmo podemos dizer da vida de Davi. Davi foi rejeitado – até pelo próprio
Samuel. Mas depois Deus disse para Samuel: “Você deve ungi-lo.” E Davi foi
perseguido por Saul, e ele precisava viver escondido em cavernas como um animal,
mas depois disso ele foi ungido três vezes para tornar-se rei. E ele descreve esse
movimento que é a humilhação e a exaltação. Isto está no Salmo 22. É um
maravilhoso salmo para pregar. Porque nós temos em Davi um quadro histórico do
que aconteceria com o Messias.
A primeira parte do Salmo 22 fala de dor, perseguição, sofrimento. Ele declara:
“Os meus perseguidores venderam as minhas roupas, e eles estavam ferindo as minhas
mãos.” Mas no verso 22 diz que veio a libertação para ele. E então das profundezas da
morte Davi é erguido triunfalmente para a glória e soberano rei sobre Israel e todas as
nações.
Esta história do Salmo 22 é uma história dramática. Mas você tem que apanhar o
salmo como uma unidade indivisível. E Jesus lia o Salmo 22. O que é que Ele citou
literalmente do Salmo 22? “Meu Deus, Meus Deus por que me abandonaste?” Mas
Jesus não cria somente no verso 1, isto era apenas uma citação importante. Ele quando
citou isso, o salmo inteiro estava na sua mente. Por isso na cruz, em Seu coração,
Jesus não estava em desespero. Ele confiava que Deus cumpriria a segunda parte do
salmo nEle, que Ele ressurgiria como o glorioso Filho de Deus.
Portanto, Jesus possuía um tremendo conhecimento bíblico. Jesus encontrou a
Sua própria identidade nas Escrituras. Ele denominou-Se a Si mesmo usando palavras
e termos bíblicos.
Agora surge uma pergunta: Como é que Jesus Se relacionou com o Torah ou a
lei? Porque nosso assunto é também: Como Jesus Se relacionou com o sábado e a lei,
os Dez Mandamentos?
Torah é uma palavra usada na Bíblia, no Antigo Testamento, que é traduzida
geralmente como lei. Mas tanto eruditos judeus como eruditos cristãos declaram que
essa tradução da palavra Torah não é adequada, porque a palavra lei no grego é
NOMOS, e isto significa um código moral. Os Dez Mandamentos são muito mais que
um código moral.
No topo de tudo isso, Deus revelou muito mais do que normas e regulamentos. A
palavra Torah originalmente significava ensinamentos de Yahweh. Os ensinamentos
de Yahweh contêm muito mais do que apenas o Decálogo. Até as cerimônias do
santuário estavam incluídas no Torah.
Alianças de Deus na Bíblia 46
E o que é que Deus estava ensinando no santuário? A Sua graça, o Seu perdão, a
expiação. Portanto os ensinos de YAHWEH incluíam a lei e a graça no santuário..
Ensinos de YAHWEH
LEI GRAÇA
Agora você tem o Torah num sentido mais amplificado. O Torah possui dois
braços: Lei e Graça.
O que ocorre se você vê no Torah apenas a lei? Você joga longe a graça de Deus.
Isso não é certo. Isso não é permissível. Então essas pessoas, especialmente os
evangélicos que falam: “A lei é ultrapassada. A lei foi abolida!” essas coisas todas,
eles não sabem nem o que significa a palavra lei, porque eles não estudaram hebraico.
E quando eles começam a fazer isso, eles se tornam apóstatas.
E há um problema em cada um de nós que pode nos tornar um apóstata, se não
conhecemos o significado de algumas palavras hebraicas. Precisamos saber o que é
Torah, Shalom, Selakah. Nós precisamos conhecer alguns conceitos de hebraico. O
grego do Novo Testamento precisa ser interpretado à luz dos conceitos hebraicos do
Antigo Testamento. Se não for assim, você vai entender o conceito de lei apenas como
um código moral com regulamentação de relacionamento. E isso conduz ao nomismo
ou legalismo. Porque você tem um conceito muito pobre da palavra Torah.
Mas Deus jamais falou apenas em lei. Deus concedeu o Torah, no qual a Sua lei e
misericórdia estão incluídos. A tradução judaica do AT traduz sempre Torah como
ensinamentos. Eles sabem isso, mas os cristãos são ignorantes. Por isso nós
precisamos captar o verdadeiro sentido teológico dos Evangelhos. O problema deles
em colocarem em oposição lei e graça não é bíblico. Na parte seguinte em nosso
estudo hoje vamos estudar Paulo em relação com a lei. Mas isso já se iniciou no tempo
de Jesus.
Os fariseus começaram a pensar legalisticamente. Eles não mais possuíam o
conceito verdadeiro de Torah. Torah é apresentado especialmente nos Salmos 1, 19 e
119. E em nenhum desses salmos é dito exclusivamente a lei. Todos estes capítulos
falam sobre Torah. Encontramos uma centena de vezes a palavra Torah. Porém nunca
diz simplesmente Torah., porque sempre diz Teu Torah. O Torah de YAHWEH. Não
proclama um estatuto, uma lei isolada, independente, mas sempre como uma
expressão pessoal de Deus, na qual Deus está presente.
Diz no Salmo 19:7: “Torah YAHWEH anima”. “A lei do SENHOR restaura a
alma.” “A lei (Torah) do SENHOR é perfeita.”
A lei é perfeita porque tem essa dinâmica de restaurar a alma. Mas isto só pode
ocorrer quando o Espírito de Deus está envolvido no Torah.
Vamos abrir Isaías 59 para vermos como a lei e o Espírito pertencem um ao
outro.
Isaías 59:21: “Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz o SENHOR: o meu
Espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua boca, não se apartarão
Alianças de Deus na Bíblia 47
dela, nem da de teus filhos, nem da dos filhos de teus filhos, não se apartarão desde agora
e para todo o sempre, diz o SENHOR.”
O que está sempre unido na aliança de Deus? E vimos isso na segunda parte da
última parte de nosso estudo anterior. O que é que unia Jeremias e Ezequiel? O
Espírito Santo. O Espírito de Deus unido à lei. É uma unidade indissolúvel. A Bíblia
chega até nós com o Espírito, dentro dela, ao redor dela e por meio do Espírito.
Quando você estuda a Bíblia e percebe o seu conteúdo, o Espírito está em ação
para reavivar você. Quando você prega a Palavra de Deus o Espírito atua no coração
dos ouvintes para reavivá-los. E então você se torna um instrumento nas mãos de Deus
para tomar pessoas mortas e trazê-las de volta à vida através da Palavra. Portanto
remova gradualmente sua própria idéia, seus próprios ensinamentos. Tome menos
tempo para ler mais sobre suas próprias idéias e dê mais espaço para a Bíblia, como
que a parte histórica da Bíblia. Ilustre os seus sermões com histórias do Antigo e do
Novo Testamentos. Comece com o AT e conclua com o NT. Demonstre como Jesus
era o cumprimento e a manifestação destas coisas. Jesus conhecia o AT de cor. Ele
podia citar do AT e de todos os lugares.
Certa ocasião um fariseu estava testando a Jesus – Mateus 22. Um fariseu se
aproximou de Jesus e disse-Lhe: “Qual é o grande mandamento no Torah ?”
O que vocês diriam? Bem, sabem o que Jesus disse? Vamos ler.
Mat. 22:37-39: “Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu
coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.”
O que é que sobrou para você? Não sobrou nada para você. Você ama ao Senhor
de todo o seu coração, de toda a sua alma, de toda a sua mente. Isso é parte da
teologia. O teólogo ama ao Senhor com toda a sua mente, o pastor ama a Deus com o
seu coração. Agora tente ser o pastor e o teólogo e você se tornará um grande
pregador, porque você vai atingir também coração e mente. Não conte só histórias de
emoção, e não ensine apenas verdades abstratas. Envolva o ser humano inteiro.
Jesus declarou: Ame a Deus totalmente, perfeitamente, com um coração não
dividido. Agora, é preciso orar para alcançar isso.
Jesus disse: “Este é o grande e primeiro mandamento.” Mas Ele disse: Espere um
pouco. Tenho algo mais a dizer a você. Há um segundo, que é semelhante a este:
“Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”
O homem ficou mudo! Ninguém jamais havia unido estes dois conceitos. E Jesus
não estava fabricando estes mandamentos. O amor a Deus e o amor ao próximo não
eram novidade – já estavam contidos no Torah. Estão contidos em Deuteronômio 6:5
e Levítico 19:18. E Jesus uniu os dois conceitos – amor supremo a Deus e amor ao
semelhante – juntou estes dois conceitos e o colocou em nível de igualdade. Isto era
algo novo na teologia judaica.
E vocês podem ver que os dois novos mandamentos de Jesus não substituem os
Dez Mandamentos. Por que não? Porque Moisés apresentou os dois mandamentos da
lei. Para Moisés eles estavam unidos aos Dez Mandamentos.
Como estes dois mandamentos de amor se relacionavam aos Dez Mandamentos?
Há alguns pastores que não sabem responder isso. Agora, se eles não sabem, como é
Alianças de Deus na Bíblia 48
que o nosso pobre povo saberá? Assim agora eu estou perguntando: Como é que os
dois mandamentos de amor estão relacionados com os Dez Mandamentos? Vamos ler
as últimas palavras de Jesus.
Mat. 22:40: “Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.”
Aqui está a resposta. Agora explique. Você sempre tem que perguntar: O que é
que isso quer dizer? Pergunte às pessoas de sua igreja: O que isso significa? Eles
olham para você. Eles não têm a resposta. Eles não foram ensinados a pensar. Muitos
deles vêm do catolicismo. Espera-se que eles não devem pensar. O sacerdote, o bispo,
o cardeal, o papa é que pensam. E o povo não sabe. Agora você tem que ensiná-lo. E
você pede que eles compreendam.
Muitos dizem: “Não, eu não preciso entender nada, eu só quero obedecer.” Isto
não é bom. Pessoas que simplesmente obedecem as normas da igreja não são salvos. E
você repentinamente pode perdê-los. Não tragam simplesmente pessoas para dentro da
igreja. Conduzam-nos para dentro da Escritura e ponham as mãos deles unidas às
mãos de Jesus. Ensinem-nos a estudar corretamente a Bíblia. Desafiem os seus
membros. Perguntem a eles: “Vocês entendem o que estão lendo?” E então expliquem
a eles.
Portanto, no verso 40, o que é que Cristo quer dizer? Destes dois mandamentos
de amor penduram-se todos os demais.
Use ilustrações agora. Toda a porta tem duas dobradiças. Poderia ser usada uma
porta sem as dobradiças? Não, a porta ficaria fechada ou aberta. As duas dobradiças
são o amor a Deus e o amor ao semelhante. Então estes dois conceitos são o poder que
motiva a obediência aos Dez Mandamentos. Eles se relacionam. Amar a Deus está
revelado nos quatro primeiros mandamentos do Decálogo. Como é que você ama os
seus semelhantes? Pelos seis últimos mandamentos.
Agora, vocês podem ver como ambos se relacionam.
E o que diríamos para pessoas que lhe dizem: “Nós não temos mais Dez
Mandamentos porque eram apenas para os judeus, nós temos dois mandamentos
conforme Cristo ordenou.” Vocês podem dizer isto: “Vocês não estão entendendo o
assunto. O amor nunca é uma lei por si mesmo. O amor jamais substitui a lei. O amor
cumpre, honra, respeita, exalta a lei.”
É claro que poderíamos estender muitas horas mais estudando. Não teremos nem
tempo para entrar no livro do Apocalipse. Mas vamos reservar isso para algum tempo
no futuro.
Nesse período quero falar sobre as Cartas Paulinas.
autor, fale sobre a mensagem. A Carta aos Hebreus é um sermão inspirado. Ali você
encontra um perfeito e completo sermão do tempo apostólico. Só o estudo desta carta,
para iniciar o seu estudo tomaria três dias. Vamos tentar abranger um pouco em meia
hora. E portanto escolhi nela alguns textos que se relacionam de modo principal com o
AT.
Escolhi discutir com vocês dois textos-chave ao AT contidos em Hebreus.
O primeiro texto: Salmo 110:1 e 4, que são várias vezes citados e se faz alusão a
eles. Também o Salmo 110 é o salmo mais citado pelos lábios de Jesus e também o
texto mais citado em todo o NT. Em parte ou totalmente ele é mencionado 26 vezes.
Portanto este texto é de importância crucial para a teologia do NT.
E o outro texto também de enorme importância é Jer. 31:31-34. E nós já
discutimos este texto anteriormente em conexão com Ezequiel 36.
Mas o nosso foco principal é: Qual foi o propósito da Carta aos Hebreus? A
quem foi escrita a carta? Quem eram os hebreus? Aparentemente não eram gentios.
Judeus cristãos. Provavelmente foi escrita aos cristãos hebreus que moravam em
Roma durante o terrível reinado de Nero, que estava perseguindo os cristãos. O
reinado de Nero ocorreu no início dos anos 60 de nossa era.
O pensamento da carta estava dirigido principalmente para os hebreus cristãos de
Roma. E então nos dá uma visão geral sobre como viviam os cristãos do início da era
cristã. É uma carta apostólicas que era dirigida a cristãos que eram não apenas
perseguidos mas que poderiam morrer sob as ordens de Nero, o imperador.
Portanto, aparentemente o templo em Jerusalém ainda não havia sido destruído.
Assim a destruição do templo no futuro seria um grande choque tanto para os hebreus
como para os cristãos.
Os cristãos em Jerusalém ainda estavam indo para o templo. O sacerdócio
levítico ainda era respeitado até mesmo pelos próprios cristãos de Jerusalém. E a Carta
aos Hebreus enfatiza todos estes assuntos e perguntas. Muitos dos cristãos daquela
época ainda eram zelosos pelo Torah e pelas leis cerimoniais. Portanto naquela época
o cristianismo ainda não se havia separado do antigo judaísmo.
Agora, a Carta aos Hebreus começa falando sobre a superioridade do ministério
sacerdotal de Jesus sobre todos os outros intermediários que havia. Abrindo o livro de
Hebreus, vemos que nos primeiros versos apresenta a revelação progressiva de Deus,
partindo de Moisés e os Profetas. Vamos ler os primeiros dois ou três versos.
Heb. 1:1-4: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos
pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro
de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a
expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder,
depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas
alturas, tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do
que eles.”
Ele começa partindo de um ponto de vista comum a todos os judeus a respeito da
aliança de Deus.
Para a primeira sentença cada judeu podia dizer: Amem. Qual é a primeira
sentença? No passado Deus falou a nossos ancestrais muitas vezes e em diferentes
Alianças de Deus na Bíblia 50
tempos. Ele faz uma conexão de continuidade sobre as revelações de Deus através de
todo o AT. É uma abordagem psicológica muito boa – dizermos coisas para as quais o
povo diga: Sim. Reconhecer as boas coisas que Deus fez por eles no passado. E isso
vai causar confiança naquilo que você dirá depois.
E o que é que Ele diz depois?
Verso 2: “Nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro
de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.”
Agora os judeus não podiam dizer Amém para o segundo verso. Agora eles
precisavam dar um passo à frente. Porque agora, o autor dizia, o Deus de Abraão, de
Isaque de Jacó e de Moisés tinha falado ao Seu povo por meio de Jesus. O mesmo
Deus havia falado de novo mas por meio de Jesus. E nesse passo à frente, ele faz a
ponte entre o judaísmo e o cristianismo. Ele não declara que Jesus é outro profeta, ele
não declara: “Maomé virá como o último profeta.” Ele diz: Jesus é único. Ele é o Filho
de Deus.
Para o judeu, quem era filho de Deus em particular? Havia um membro oficial do
povo de Israel que era chamado o filho de Deus. Quem era ele? Você precisa saber
disso, e é por isso que eu vou contar para você. Era o rei. Salmo 2. Hoje Eu te tornei o
Meu filho.
Cada vez que um rei da linhagem de Davi era entronizado recebia a unção do
Espírito como também Davi havia recebido. E ele então se transformava num
instrumento especial que seria usado por Deus para governar todo o reino divino na
Terra.
Portanto aqui temos uma conexão com o Salmo 2. Uma das dez conexões com o
AT contidas apenas no primeiro capítulo da Carta aos Hebreus. Quando Jesus é
considerado como um Rei da linhagem de Davi Ele é mais do que um rei descendente
de Davi, porque Ele não está assentado em Jerusalém.
Onde Ele está assentado? Vamos olhar de novo.
Verso 3: “Assentou-se à direita da Majestade, nas alturas.”
Aquele que “depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita
da Majestade, nas alturas”.
O que significa “mão direita”? Será que não há um lugar do lado esquerdo? Este
texto possui significado simbólico no AT: “à direita” significa um lugar de honra e de
representatividade. Deus governa através de Sua mão direita. Cristo é o co-Criador e o
co-Regente com Deus.
Quando Jesus cumpriu esta profecia? Não quando ainda estava na Terra; mas ao
ressurgiu dentre os mortos, Ele disse: Devo retornar ao Meu Pai. E o que aconteceu
no dia do Pentecostes? Quem derramou o Espírito de Deus?
Pedro explica isto em Atos 2, e ele cita o Salmo 110. Ele disse: Aqui está a prova
de que vocês crucificaram o Messias, porque Ele ressurgiu e ascendeu ao trono do céu,
e Ele derramou o Espírito Santo sobre nós, e agora vocês podem ver e ouvir a
manifestação. Vocês não podem negar que nós agora estamos falando em outras
línguas.
Ninguém pode ver o que aconteceu no céu, mas nós temos a prova de que Cristo
foi entronizado e é o Rei lá no céu. Ele tem poder como Rei mas é também Sacerdote.
Porque lemos no versículo 4 [Sal. 110:4] de que Ele seria também sacerdote: “O
SENHOR jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem
de Melquisedeque.”
Então o que Se tornou Jesus quando Ele ressurgiu da tumba? Pergunta: Era Ele
Rei ou Sacerdote? Ambos. Muito bem, e quando Ele vier a 2ª vez, Ele será o Rei e o
Juiz. Mas sempre é Rei. E isto é bom para nós, porque um sacerdote pode perdoar,
mas um rei pode comunicar poder. Nós precisamos justificação e santificação e a
glorificação.
A Carta aos Hebreus começa exaltando a Cristo como a revelação máxima de
Deus e da Sua vontade. E nós jamais tornemos Ellen White e seus escritos uma
revelação maior do que esta. Cristo permanece como a grande Luz. Cristo é a mais
completa revelação da vontade de Deus para a humanidade.
Que nós nos apeguemos ao princípio: “A Bíblia e a Bíblia só.” E é por isso que
falamos tanto sobre a Bíblia, porque a Bíblia é a completa revelação de Deus, porque a
Bíblia se explica a si mesma. Nós não precisamos do papa para explicar o que a Bíblia
contém. Nós não precisamos ir ao Livro dos Mórmons para entender o que a Bíblia
diz. Nós não precisamos ir buscar o conhecimento na Torre de Vigia dos testemunhas
de Jeová para sabermos o que a Bíblia diz. E a Sra. White disse que se estudássemos
criteriosamente a Bíblia não precisaríamos dos seus escritos, do Espírito de Profecia.
Ellen White não nos foi dada para interpretar a Bíblia para nós. Os escritos de Ellen
White não foram dados para substituir a Bíblia. Os escritos de Ellen White foram
dados porque nós não estudamos a Bíblia. Ela declara de si mesma que era uma
“pequena luz” para nos conduzir à “Luz maior”. Onde está a Luz maior? Aqui, na
Bíblia está a Luz maior. Ellen White é como a luz da lua; a Bíblia é o sol. E quando
você vai ao sol, você não precisa da lua.
Vamos lembrar disso. Até o ponto em que nós não conhecemos a Bíblia por nós
mesmos, precisamos usar os escritos de Ellen White como muletas. Quando menos
conhecermos a Bíblia tanto mais dependeremos de Ellen White. Agora, julguem por
vocês mesmos.
Alianças de Deus na Bíblia 52
levantasse outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado
segundo a ordem de Arão?”
Onde está baseado este argumento? Onde está a promessa de que um novo sumo
sacerdote surgiria, mas não da casa de Levi, mas surgiria da linhagem de
Melquisedeque? Mais uma vez na parte final do Salmo 110:4. Mesmo no AT havia a
predição de que o sacerdócio levítico teria um ponto final e de que ele seria substituído
por um sacerdócio descendente da linhagem de Melquisedeque.
Este é um poderoso argumento para alcançar o povo judeu. Mas para isso
precisamos conhecer o AT. Por que é que temos evangelismo relacionado aos judeus
tão pequeno? Porque o conhecimento dos adventistas sobre o AT tem sido pobre,
somente sabem argumentar a partir do NT. Mas o AT é a raiz do NT.
Então digamos que a fé cristã é o fruto. Então encontramos a raiz e o fruto juntos.
Então nós temos a Bíblia inteira. Então nós temos as duas testemunhas – a palavra de
Deus no AT e o testemunho de Jesus no NT.
Estes são alguns dos textos que são centralizados em Cristo na Carta aos
Hebreus. Estes textos revelam que o nosso Sumo Sacerdote que está nos céus é
suficiente e eficiente.
Vejam o versículo 25: Ele “pode salvar totalmente os que por ele se chegam a
Deus”.
Onde está Cristo agora no céu de acordo com a Carta aos Hebreus? No local do
trono de Deus, portanto Ele está no lugar santíssimo. Ninguém pode aproximar-se
Alianças de Deus na Bíblia 54
mais de Deus do que no lugar santíssimo. É onde está o trono de Deus. O trono de
Deus nunca está no lugar santo, mas sempre no santíssimo. E por isso podemos dizer
que Deus o Pai e Deus o Filho nunca foram separados. E Cristo pode perdoar os
nossos pecados, Cristo pode enviar o Espírito Santo. Portanto Cristo é Quem concede
a você vitória sobre tudo.
Quando Cristo voltar para ressuscitar a nós dentre os mortos, nós teremos muita
coisa conhecer. Porque em Cristo nós somos totalmente restaurados ao Paraíso
renovado.
assim uma porção de coisas mais. Pastores têm uma missão solene de que eles
próprios se tornem centralizados na vida de Cristo, centralizados na mensagem do
Evangelho. E então sua responsabilidade é conduzir a sua congregação passo a passo
para que se transformem no povo da nova aliança. Começa com Hebreus 8.
Vamos abrir Hebreus 8, lendo os dois primeiros versos: “Ora, o essencial das
coisas que temos dito é que possuímos tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do
trono da Majestade nos céus, como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que
o Senhyor erigiu, não o homem.”
Aqui se faz uma declaração que é a declaração mais importante de toda a carta.
Os 7 primeiros capítulos são uma introdução. Agora ele está chegando ao tema. Agora
é apresentado um tema do Evangelho. Então ele sai do judaísmo e se move para o
cristianismo. Ele diz: Não temos mais sacerdotes levíticos, não necessitamos mais
deles, eles não são mais legítimos, porque agora nós temos um Sumo Sacerdote que
jamais morre, que tem o poder do Deus todo-poderoso, que dia e noite está ouvindo a
cada um de nós, e que nos liberta do pecado e Satanás. Então o autor declara: Isto é o
cumprimento da promessa feita em Jeremias: Farei com a casa de Judá e com a casa
de Israel uma nova aliança.
Mais uma vez Deus faz uma nova aliança, mas desta vez é muito mais eficiente.
Todas as alianças anteriores de Deus com o homem eram parcialmente eficientes.
Somente Abraão, Isaque e Jacó e poucos outros se ergueram com um relacionamento
quase ideal nas alianças feitas com eles. Mas não podemos dizer que cada pessoa em
cada época ou cada grupo estava envolvida numa situação de aliança num sentido
espiritual. E houve muitíssimos judeus que não conheciam a Deus de coração. Mas
agora que Deus estava derramando o Seu Espírito sobre toda a carne cada pessoa
podia receber o toque de Jesus e andar com Jesus. Isto é a igreja.
Cada um que é batizado na água também recebeu o batismo do Espírito Santo.
Quando você batiza uma pessoa você ergue uma de suas mãos. Por que você levanta a
sua mão para o alto? Não tem outro lugar para levantar a sua mão? É porque você está
batizando aquela pessoa também em nome do Espírito Santo. Água e Espírito se
relacionam. E então através disso cada batizando é promovido a um filho e filha de
Deus. Cada um é ungido com o Espírito Santo. Cada um individualmente está tocando
a Deus e deve ser ensinado por Deus. Este, sem dúvida, é um de nós.
Mas em nossa igreja, como em qualquer outra igreja, isso não é completamente
entendido. A nova aliança explicada em Hebreus 8 e em Jeremias 31 possui uma
dimensão apocalíptica, quando será cumprida de modo perfeito e sem pecado por
ocasião da Segunda Vinda de Jesus. E então é por isso que o Apocalipse diz que no
Paraíso nós seremos o povo da aliança de Deus totalmente livre do pecado.
Portanto podemos ver que na promessa do AT de uma nova aliança encontramos
o cumprimento em Cristo e na Igreja, que se chama um cumprimento cristológico e
também na igreja chamado eclesiológico. Portanto aí estamos falando sobre a teologia
do NT. É em primeiro lugar centralizada em Cristo, e então centraliza-se também no
povo de Deus, que é a Igreja.
Alianças de Deus na Bíblia 56
Escrevi tudo isso num livro chamado Israel na Profecia, e agora esse livro está
traduzido em português. Eu gostaria que cada um de vocês comprasse este livro. E ele
está à disposição através da Editora do Centro Universitário – UNASP. E eu gostaria
de ter uma caixa cheia deles para dar a cada um de vocês uma cópia.
Quando pela primeira vez foi publicado, 30 anos atrás, ele chegou até a sede do
Dispensacionalismo na cidade de Dallas, no Texas. E 11 estudantes com nível
doutoral daquele seminário dispensacionalista, que possuía mais alunos do que os
seminários adventistas possuem. Começaram a estudar o meu livro. E disseram: “Nós
nunca vimos isso antes.” E disseram uns aos outros: “Os nossos mestres estão nos
ensinando teologia errônea.”
Eles me chamaram para que eu lhes falasse. Tivemos uma mesa onde se reuniram
comigo 11 estudantes de nível doutoral. E eu me assentei à cabeceira. E alguém me
perguntou: “Você é de fato LaRondelle?” Eu disse: “Sim. Mas por quê?” “Nós
pensávamos que viria um velhinho aqui.” Há 30 anos atrás!
Então disseram: “Nós temos que fazer uma confissão para o senhor. Nós durante
um ano inteiro estudamos o seu livro e chegamos a uma conclusão. Descobrimos que a
Bíblia não se centraliza em Israel como fomos ensinados, mas de que a Bíblia está
centralizada em Cristo. Em nosso seminário jamais fomos ensinados sobre isso. E
queremos agradecer ao senhor, e nós abandonamos o dispensacionalismo. E dois de
nós que já eram pastores foram demitidos e perderam seus empregos, e queremos a
partir de agora centralizar nossa vida em Cristo.”
Eu fui tocado profundamente. Ali estavam pessoas sofrendo porque se tornaram
mais centralizados em Cristo. E algumas de suas igrejas não mais os aceitaram. A
profecia e a interpretação profética ensinada por eles era mais importante do que a
mensagem dos profetas.
Eu contei a vocês esta história para que possamos aprender algo. Nós não
deveríamos tornar nossa interpretação profética de Daniel e Apocalipse mais
importante do que a mensagem do Evangelho. Que jamais venhamos a formar dogmas
sobre interpretação profética de coisas que ainda não se cumpriram. Que possamos
reconhecer de que o Evangelho de Jesus Cristo, que é o testemunho do próprio Jesus
irá julgar todas as nossas interpretações. O Evangelho é o nosso juiz.
Que possamos portanto estabelecer como prioridade a salvação. Somente pessoas
que são salvas agora serão salvas. Adventistas que não têm certeza de salvação não
possuem absolutamente esperança para salvação no futuro. Que nós não percamos
tanto tempo falando sobre o que vai acontecer no futuro, mas que nos tornemos
pastores, responsáveis pelo rebanho, que guiemos cada ovelha para as águas vivas.
E quando o povo agora possui um relacionamento redentivo com Jesus Cristo,
quando eles desenvolvem um relacionamento salvador e santificador com Deus eles se
tornarão felizes em Cristo, e eles já possuirão de fato o céu em seus corações. Não se
sentirão mais miseráveis e tão apavorados com o futuro.
Este deve ser o nosso fardo maior como pastores. Deus tomará conta do futuro.
Agora tenho uma palavra final. É o relacionamento do apóstolo Paulo com a lei.
Alianças de Deus na Bíblia 57
Lei Graça
Isto é dispensacionalismo. Eles dizem que Gálatas 2:21 dá apoio para isso.
Onde está a falácia nesse raciocínio? Será que Paulo está fazendo um contraste
entre Lei e Graça? Vamos ler novamente:
Gál. 2:21: “Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se
que morreu Cristo em vão.”
Está ele contrastando Lei e Graça? Não, ele não está fazendo isso. O que ele está
contrastando é: Justiça pela Lei e Justiça pela Graça.
Contrasta:
Ele declara: Se a justiça fosse pela lei, então você estaria negando a graça de
Deus. Então, ele na verdade está contrastando com um falso modo de salvação, porque
Alianças de Deus na Bíblia 58
jamais houve eficácia na justiça obtida pela lei. O próprio AT ensinava a justifica pela
graça. Nós podemos relembrar nosso estudo anterior, onde tivemos Abraão, Moisés e
Davi como testemunhas.
Abraão Gên. 15:6.
Moisés Deut. 30.
Davi Sal. 32.
Lembram? Gên. 15:6. Paulo usa o texto de Deut. 30 e Salmo 32. Todo o livro de
Salmos fala sobre justificação pela graça.
Como é que Paulo contrasta o método verdadeiro com o falso método? Quem
possuía esse método legalista? Se não vem da Bíblia, de onde veio? De onde Paulo
obteve o método legalista de salvação?
Filipenses 3, especialmente o verso 6: “quanto ao zelo, perseguidor da igreja;
quanto à justiça que há na lei, irrepreensível.”
De onde ele obteve isso? Do farisaísmo. E o farisaísmo é bíblico? É uma
distorção, é uma construção humana, é uma expressão egoísta da natureza humana:
nós não aceitamos a graça de Deus, nós queremos obtê-la, é o mau uso dos Dez
Mandamentos.
oferece também o Espírito Santo para levar-nos em harmonia com a lei de Deus. E é
por isso que precisamos lembrar sempre de Jeremias 31 e Ezequiel 36. Lá está
explicada a nova aliança: “Colocarei a Minha lei em seus corações” e também:
“Colocarei o Meu Espírito em seus corações”.
Uma não substitui a outra. Ambas estão em harmonia. E é por isso que
precisamos de ambas. Isso é o que torna a vida da nova aliança numa vida renovada. E
para essas pessoas num relacionamento perfeito na nova aliança a lei não tem
condenação.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
2. Aceitar que Jesus quebrou e anulou o sábado não seria dar razão aos
escribas, sacerdotes e fariseus, Seus inimigos?
Oscar Cullmann afirmaria: “Bem, é assim.” Por isso nós temos que ser
esclarecidos e fazer distinção entre a tradição oral judaica – halakôt – como Ele
declarou e a própria lei, a lei de Deus.
Então Heb. 10:5 explica o que Cristo fez. Portanto, quando Cristo veio a este
mundo, Ele disse: “Sacrifício e oferta não quiseste” e então no verso 7 diz: “Eis aqui
estou (no rolo do livro está escrito a meu respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade.”
De onde vem esta citação? Como é que Cristo cumpriu o Salmo 40? E agora
temos que voltar ao Salmo 40, e ler esses versos na fonte original. E o próximo verso
no Salmo 40 diz: “Sim, ó Deus, a Tua lei está dentro do meu coração.”
Mas agora no Salmo 40 não se fala da lei cerimonial, mas fala da lei de Deus, a
Sua vontade moral. A lei cerimonial não é implantada no coração; e portanto, nesse
caso estamos tratando agora de duas leis – moral e cerimonial – em conjunto.
Então vamos agora ler o verso 9. Então o escritor da carta aos Hebreus chega à
seguinte conclusão: “então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua
vontade. Remove o primeiro para estabelecer o segundo.” Esta é a conclusão do autor.
Cristo veio para cumprir e satisfazer a lei cerimonial e estabelecer a lei moral.
Portanto este verso que lemos (Heb. 10:9) é de importância capital. E responde a
pergunta de que não vivemos mais sob as condições da lei cerimonial. A nova aliança
de Cristo Jesus somente possui duas cerimônias: o batismo por imersão e a Ceia do
Senhor. E é o que todas as igrejas cristãs dizem. Mas os adventistas possuem uma
terceira, e esta cerimônia é o sábado. Os outros todos esqueceram disso. Porque o
sábado jamais cessará. O sábado é elo de união desde o Paraíso Perdido até o Paraíso
Restaurado. O sábado é o sacramento que confirma a nova aliança.
4. Jesus Cristo veio ao mundo com que natureza – natureza de Adão antes
da Queda, depois da Queda ou como, devido a Seu relacionamento com o
Pai?
Esta pergunta é bastante desafiadora, vou tentar respondê-la em dois minutos, é o
tempo que temos, e eu sei que isso não vai satisfazer ninguém porque em dois minutos
não podemos fazer um milagre, mas vou dizer algo.
(1) Se Jesus tivesse vindo ao mundo com uma natureza pecaminosa, então Ele
precisaria ter o Seu próprio Salvador, então todos nós precisaríamos de outro
Salvador.
(2) O segundo ponto é: Antes que Jesus nascesse o anjo Gabriel veio à sua mãe,
de acordo com Lucas 1 e disse à Maria: “O Ente que de ti nascerá será santo”, e isso
jamais poderá ser dito de qualquer outro ser humano. Ninguém neste mundo nasce
sem pecado e moralmente santo. Todos nascemos como se declara no Salmo 51:5 –
“Em pecado me concebeu minha mãe.” Portanto Jesus não precisava Se arrepender de
nada absolutamente. Mas então por que é que Ele foi batizado? Porque Ele é o nosso
Representante. Nossos pecados foram transferidos a Ele, e é por isso que Ele morreu.
Ele não precisava morrer por Seus próprios pecados, pois não pecou.
E no livro de Hebreus cap. 9 que encontramos a idéia que Ele Se sacrificou a Si
mesmo como uma obra do Espírito Santo e como é dito em Isaías 53 Ele foi insultado
mas Ele permaneceu em total harmonia com o Pai. E Ele veio tão-somente para morrer
por nós, em nosso lugar.
Alianças de Deus na Bíblia 62
(3) E agora o último ponto. Jesus não é em primeira instância o nosso Exemplo –
isso leva ao moralismo. Poderíamos raciocinar assim: Se Jesus tentou, tentou mesmo,
conseguiu – e agora nós podemos tentar e conseguir também. Nós precisamos nos
apegar ao verdadeiro ensino bíblico e às origens dos ensinos protestantes ortodoxos.
Cristo veio ao mundo primariamente como Substituto. Isaías 53 explica isso
claramente. Marcos 10:45 reafirma: Ele veio em primeiro lugar para ser o nosso
Substituto. Em 2º lugar Ele veio como o nosso Exemplo. E nós só venceremos se
estivermos ligados a Ele. Precisamos conservar a sua própria ordem: primeiro vem o
sacrifício expiatório substituinte, é a graça salvadora de Deus, e então vem a
obediência moral. E é por isso que os 144.000 seguem o Cordeiro aonde Ele vai, eles
andam com Cristo num relacionamento de aliança.
E isso foram os dois minutos em que respondi a pergunta.
9. Qual é a relação da inspiração que Ellen White teve? Não foi semelhante à
dos profetas e apóstolos?
Queridos, há apenas um único Espírito Santo. Ele pode conceder diferentes dons
como podemos ler em 1 Coríntios 12 e 14. Portanto é a mesma inspiração comunicada
pelo Espírito Santo a todos os profetas. Mas há uma diferença em missão. Nem todos
os profetas escreveram livros contidos no cânon da Escritura Sagrada. Apenas uma
pequena porção dos profetas inspirados está contida na Bíblia. Lemos na Bíblia
profetas cujos livros são mencionados mas não contidos nas Escrituras. São profetas
extrabíblicos. A missão deles era mais local, territorial. Porque na Bíblia estão os
livros escritos pelos profetas para a igreja de todas as eras.
Agora a pergunta é: O cânon bíblico está fechado, ou poderíamos acrescentar no
final da Bíblia os escritos da irmã White? Ellen White diz Não. Ela diz na introdução
do Grande Conflito: Deus encerrou o cânon das Escrituras Sagradas. Apenas o
teólogos liberais declaram: A Bíblia ainda não foi encerrada, como Frederick
Schleiermacker na Alemanha, que declarou: “Cada um poderá escrever a sua própria
Bíblias” Mas a posição protestante é de que o cânon bíblico está encerrado e Ellen
White esta posição.
Eu agora tenho uma citação de Ellen White:
“Não devem os Testemunhos substituir a Palavra. ... Provem todos a própria atitude
por meio das Escrituras e fundamentem pela Palavra de Deus revelada todo ponto que
vindicam ser verdade.” (Ev. 256).
Está no livro Evangelismo pág. 256.
Ela escreveu para o Dr. Pauling Meiben: “Por favor, não cite a irmã White. Eu
não quero que você jamais cite a irmã White até que você possa chegar a um ponto
vantajoso de saber o que você é e onde você está. Cite a Bíblia, fale sobre a Bíblia.”
Esta é a posição da própria irmã White.
Agora vem outra citação que também está no livro Grande Conflito:
“Mas Deus terá sobre a Terra um povo” – no tempo do fim – “que mantenha a Bíblia,
e a Bíblia só, como norma de todas as doutrinas e base de todas as reformas.” – GC, 595.
Assim, mais uma vez ela reafirma aquela velha plataforma da Reforma de Sola
Scriptura.
Mas agora vem a pergunta: Se ela recebeu o mesmo Espírito Santo? Ela possuiu
uma função diferente da função dos profetas da Bíblia. Ela nunca recebeu uma missão
canônica. É errado dizer que os escritos da irmã White são o terceiro testamento. No
juízo jamais seremos julgados pelos escritos de Ellen White. Seremos julgados pelo
que está escrito no AT e no NT – a Palavra de Deus e o Testemunho de Jesus.
O Testemunho de Jesus é o NT, é o Evangelho de Jesus Cristo. Este é o
significado da expressão “testemunho de Jesus” no Apocalipse.
Eu escrevi três artigos sobre este assunto, está na revista Ministry deste ano
(2003). Um mês sim e um mês não: janeiro, março e maio. Estes artigos explicam a
expressão em Apocalipse 12:17 de que a igreja remanescente será fiel à Palavra de
Deus e ao Testemunho de Jesus. E o que significa isso no livro do Apocalipse? Eu
expliquei isso em três artigos.
Alianças de Deus na Bíblia 66
Então vocês podem perceber que há muito mais a ser dito sobre isso. Mas sem
dúvida Ellen White recebeu o dom espiritual como o dom do Espírito de Profecia.
possas corrigir os nossos erros e purificar-nos cada vez mais. No nome maravilhoso de
Jesus. Amém.”
Introdução
Muitos têm escrito sobre as alianças de Deus na Bíblia. A primeira contribuição
que vale a pena foi feita pelo reformador da igreja João Calvino no 16º século, em seu
livro Institutos da Religião Cristã (II, 10-11). A Sra. White escreveu um capítulo útil
em Patriarcas e Profetas, cap. 32, "A Lei e os Concertos". Podem ser achadas alguns
ensaios sobre as Alianças no ISBE e no Ev. Dictionary of Theology (Elwell, ed.;
Baker). Tais estudos são em essência tratados teológicos sistemáticos.
O que nós precisamos agora, porém, são estudos exegéticos cuidadosos de cada
passagem sobre a aliança em sua própria moldura histórica da vida, primeiro na
história longa de Israel, e então das passagens do Novo Testamento sobre a nova
aliança, como encontrado no Sermão da Montanha de Jesus, de Paulo em 2 Coríntios 3
e Gálatas 4, e sobretudo na Carta aos Hebreus. Não se deve negligenciar o livro do
Apocalipse que traz todas as alianças de Deus – do Paraíso Perdido ao Paraíso
Restaurado – junto com uma gloriosa consumação Messiânica.
Nossa abordagem presente será seguir os passos de nosso fiel Criador ao longo
da história da salvação, cobrindo o tempo da aliança da criação de Deus com Adão até
A Sua recriação do Paraíso na Terra feita nova. Esta perspectiva histórica redentora é
freqüentemente perdida em uma simples abordagem doutrinal da Bíblia. Muitos de
Alianças de Deus na Bíblia 70
É útil fazer um balanço geral das principais alianças de Deus com o homem em
sua sucessão cronológica. Tal avaliação ajuda a ver como Deus desenvolveu as
revelações de Sua aliança com o passar do tempo. Nós escolheremos tratar mais a
fundo, porém, só com o mais pertinente para nós: a antigo e a nova aliança.
Vamos tocar os princípios básicos de cada nova aliança e estabelecer como elas
estão relacionadas entre si na história progressiva da redenção.
Nós temos sempre que começar com a primeira aliança que Deus fez com
homem no Paraíso que alguns têm chamado A Aliança da Criação ou a Aliança
Edênica. Em Gênesis 1 e 2 nós aprendemos que já antes da Queda do homem, o
Criador fez uma aliança importante com o homem sobre como governar a Terra como
o representante de Deus, com uma responsabilidade para com Ele, e como adorar o
Criador em companheirismo dependente e renovando e crescente com Ele.
O Criador deu ao homem o dia de Sábado e seu descanso divino como o sagrado
“santuário no tempo” para encontrar-se com Deus livre de todos os fardos de trabalho.
O Sábado foi criado pelo Criador como o sinal da aliança de intimidade com Deus,
para lembrar ao homem de sua posição de criatura e reconhecer sua gratidão pelo
amor do Criador e sabedoria para com homem no Paraíso: Gên. 1:26-28; 2:2-3.
Depois da Queda, Deus fez uma promessa de aliança a Adão e Eva, para prover
um Redentor da humanidade que conquistaria o arqui-enganador do homem:
Gên. 3:15. Esta é a primeira promessa Messiânica na Bíblia, porque o Redentor
prometido terá o poder real de julgar e executar o próprio Satanás. Neste momento nós
precisamos interromper um momento e refletir sobre esta significativa promessa do
Criador. Será que o Seu plano de salvação foi uma reflexão tardia ou Ele foi preparado
parra a Queda eventual do homem? Aqui nós temos que captar a visão maior, levando
em consideração toda a Bíblia. Nós aprendemos do NT que o Criador tinha projetado
Seu plano de salvação antes da criação deste mundo:
Efés.. 1:4; 1 Ped. 1:20, e Heb. 13:20, "a eterna aliança".
Depois da Queda do homem, Deus não aboliu o elo de ligação entre o céu e a
Terra, nem mudou o sinal de Sua aliança da criação: o dia de Sábado com seu
descanso divino permaneceu intacto e acrescentou a nova dimensão da graça. Agora a
comunicação com o Criador devia ser com um Criador benevolente e misericordioso.
A obra de Deus na criação e na redenção forma uma unidade inquebrantável. O
Criador não abandonará a obra de Suas mãos! Esta unidade Criador-Redentor é
afirmada vigorosamente na Carta aos Hebreus do NT (capítulo 4).
Nós concluímos portanto que a promessa divina de um Redentor em Gênesis
3:15 é o começo histórico da aliança da graça para toda a humanidade.
A palavra "aliança" [berit] foi pela primeira vez proferida por Deus a Noé em
Gên. 6:18. Ele "estabeleceria" ou "manteria" Sua aliança com Adão em Gên. 3:15
agora com Noé e sua família. Noé adorava a Deus por meio de animais sacrificiais, até
mesmo quando seu significado não é aqui explicado (8:20, 21). Deus também colocou
Noé sob Sua ordem de preservar toda a vida humana (9:5-6). Deus fez a promessa
auto-imposta de que Ele jamais destruiria novamente o homem por meio de um
dilúvio sobre a Terra. Como sinal de Sua nova promessa da aliança, Ele deu o arco-
íris no céu quando a chuva unir-se-ia com os raios solares (9:12-17). Deus prometeu:
“O arco estará nas nuvens; vê-lo-ei e me lembrarei da aliança eterna entre Deus e
todos os seres viventes” (9:16). O sinal de arco-íris assim garante à humanidade que a
eterna misericórdia de Deus para viver é estendida a todos os povos.
Neste momento, nós temos que fazer uma pausa para uma lição monumental na
doutrina da salvação para Abrão, uma lição que contava não só com Abrão mas
também com todos os homens na Terra: 15:6. Leia também: Rom. 4:20-25.
Aqui nós aprendemos como Deus aceita uma pessoa que crê em Deus e confia
em Suas promessas. Este exemplo da fé e confiança de Abrão sobressai como talvez o
maior monumento da graça de Deus na história humana. Paulo faz deste texto de Gên.
15:6 também o pilar principal da fé cristã (Rom. 4:3; Gál. 3:6). Aqui nós aprendemos
como Abrão é o pai de todos os crentes! Como Abrão creu e obedeceu a Deus, assim
nós todos deveríamos nos relacionar com o mesmo Deus da graça e esperança.
Naquele ponto do tempo, Abrão e Sara estavam muito velhos e ainda sem filhos,
de modo que ele pede a Deus alguma certeza de tão grande promessa: Gên. 15:8.
A resposta de Deus à pergunta de Abrão é de extrema importância para a teologia
da aliança bíblica. O Criador ordena a Abrão a seguir o costume legal de sua própria
cultura em como fazer uma aliança por meio de matar e partir em partes alguns
animais: Gên. 15:9, 10.
O significado de tal cerimônia de sangue era evidente para todos: infidelidade
para com as promessas da aliança requereria a retribuição da morte do infiel, da
mesma maneira que o animal estava cortado em pedaços. O significante aqui é em
particular que o próprio Deus aparece e Se move entre as duas filas de pedaços de
animais como uma "tocha ardente" (15:17, 18). O próprio Deus é o ativo Fabricante da
aliança, enquanto que Abrão é o passivo.
O sacrifício pertencia ao coração da aliança divina, até mesmo quando seu mais
profundo significado devia ser revelado só mais tarde na cruz de Cristo. Deus estava
disposto levar sobre Si Mesmo a obrigação de ser fiel até a morte. Esta cerimônia em
Gênesis 15 implicou então já a morte de Cristo no Calvário!
Veja EGW em PP 137.
Logo depois, Deus acrescentou um sinal específico de Sua aliança com Abrão:
Sua ordem para circuncidar as menininhos em seu oitavo dia: Gên. 17:9, 10, 13.
Finalmente, nós aprendemos em Gênesis 22 que Deus pôs Abraão à prova de sua
fé, ordenando-lhe que fosse ao Monte Moriá e sacrificasse lá o seu filho Isaque, o filho
da promessa. Essa era a máxima prova de fé e confiança! Abraão estava preparado
para obedecer implicitamente, quando Deus o deteve do sacrifício da criança atual que
também os deuses pagãos requereriam. O importante são as palavras de aprovação de
Deus: “Agora sei que temes a Deus” (Gên. 22:12).
Deus acrescentou o Seu juramento sagrado à Sua promessa a Abraão. A fé de
Abraão é o principal exemplo de verdadeira fé em total confiança e obediência total.
Abraão não só creu na promessa de Deus mas igualmente na ordem de Deus!
Alianças de Deus na Bíblia 74
Por que Deus fez outra aliança com as doze tribos de Israel no Monte Sinai? E
qual é sua relação com a aliança abraâmica?
Em primeiro lugar nós temos que estabelecer que o Deus de Moisés e Israel era
igual ao Deus dos patriarcas: Êxo. 6:2-8. Moisés não apresentou um novo Deus a
Israel, mas o fiel Deus de Abraão, que mantém a aliança: Deut. 7:8, 9.
O Deus da aliança do povo de Israel é o Deus da aliança de lealdade ou "o amor
constante" [de hesed]! O livro de Êxodo assim continua a história de Gênesis. Só
desenvolve a teologia da aliança com novos aspectos de cumprimento que era
desconhecida antes: Êxo. 2:24.
Deus gradualmente revelou mais completamente para o Israel as partes essenciais
de Sua aliança eterna de salvação. Isto aconteceu em duas fases: primeiro no cordeiro
de Páscoa para libertar Israel do Egito por seu sangue sacrifical (Êxo. 12:13, “Quando
eu vir o sangue, passarei por vós”), e então na entrega da Lei no Monte Sinai em
Êxodo 20, para entrar em uma relação de aliança permanente com Israel.
Nós precisamos tomar conhecimento desta seqüência de revelações divinas:
primeiro Deus revelou Sua graça salvadora no cordeiro de Páscoa, e só então Ele
revelou Sua lei moral para Israel. Essa é também a ordem do evangelho no NT, como
nós veremos.
P: Por que então a apostasia de Israel em adorar o bezerro de ouro fim não
terminou com a fidelidade de Deus a Suas promessas?
Por causa da vontade misericordiosa e redentiva de Yahweh para todos os
homens: Êxo. 34:6, 7.
Isto implica que um Israelita seria salvo da mesma maneira que Abrão foi aceito
e salvo por Deus: por meio da fé na promessa de Deus (Gên. 15:6) e foi igualmente
obrigado obedecer a ordem de Deus como Abrão o foi (Gên. 22).
Evidentemente, Deus esperava de Israel obediência de coração, e não apenas
conformidade externa com a letra da lei. Deus esperava amor agradecido em resposta
à Sua benevolente libertação de Israel da escravidão egípcia. A história completa da
feitura da aliança mosaica é descrita em Êxodo 19-24.
A aliança de Deus feita com Israel mostra uma notável estrutura paralela aos
costumes legais no tempo de Moisés. Também YAHWEH em primeiro lugar
menciona o que Ele fez ao Egito e “como vos levei [Israel] sobre asas de águia e vos
cheguei a mim” (Êxo. 19:4) antes de Ele falasse as palavras " dele do Decálogo para
eles. O Preâmbulo do próprio Decálogo começa com uma breve lembrança de Seu ato
redentivo de libertar Israel da escravidão egípcia, para estabelecer Sua identidade e a
razão para a obediência de Israel para com este Deus Redentor: Êxo. 20:2.
As estipulações da aliança são bem explicadas no Decálogo em Êxodo 20,
completadas por leis sociais em Êxo. 21-23. Três vezes Israel fez um compromisso de
obedecer a tudo o que o SENHOR disse (Êxo. 19:8; 24:3, 7). A aliança foi
cerimonialmente ratificada com o aspergir do sangue sacrifical (Ex. 24:4-8). Dentro
do Decálogo estão contidas maldições e bênçãos (20:4-6, 11, 12), e foram
pronunciadas explicitamente de duas montanhas, Ebal e Gerizim (Deut. 27-28).
Também há menção específica do livro da aliança que foi lido ao povo durante a
criação da aliança (24:7). As tábuas de pedra, porém, tiveram que ser depositadas
dentro da “arca do Testemunho” (Êxo. 25:21, 22), enquanto que o “Livro da Aliança”
seria colocado “ao lado da arca da aliança” (Deut. 31:26).
Alianças de Deus na Bíblia 76
LEI GRAÇA
_______________________ ________________________
Torah pode reavivar a alma, porque é a base onde Deus revela a Sua misericórdia ao
pecador: *Ps. 19:7.
O Torah é assim mais do que exigências legais.
O Torah também mantém dois sinais das anteriores alianças de Deus: o Sábado
da aliança da criação, e a circuncisão da aliança abraâmica. Estes sinais provam por
si mesmos que todas as alianças de Deus formam em essência uma unidade espiritual.
O Sábado participa explicitamente tanto da aliança da criação de Deus como da
aliança mosaica: compare Êxo. 208-11 e Deut. 5:15!
Jesus não invalidou o Torah de Moisés, mas antes intensificou suas exigências.
Ele radicalizou cada mandamento de Deus ao colocá-lo na luz da intenção original de
Deus. No Evangelho de Mateus um fariseu tentou testar o conhecimento de Jesus
sobre o Torah perguntando, “Mestre, qual é o maior mandamento na Lei?” Jesus
respondeu:
Alianças de Deus na Bíblia 80
“Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a
tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O
segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois
mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.” (Mat. 22:37-40).
ampliou o mandamento de amor de Moisés que declarou “Amarás o teu próximo” para
“Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (v. 44). Jesus praticou o
que pregou. Enquanto estava sendo pregado numa cruz, Ele orou por Seus inimigos:
“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” (Luc. 23:34). Cristo não aboliu o
Torah mas antes intensificou-o revelando o amor redentivo de Deus no Torah.
O amor supremo de Cristo para Deus e Sua atitude misericordiosa para Seus
membros da raça humana demonstrou o verdadeiro significado dos requerimentos do
Torah. Cristo até mesmo salvou o criminoso que O tinha insultado na cruz em sua
última hora (Mat. 27:44; Luc. 23:43). Ser “perfeito” no Torah é amar de todo o
coração, isto é, com um coração ou vontade não dividida, ser de uma só mente na
devoção ao único Deus de Israel e não mais servir a outros deuses (veja Deut. 6:4-6;
18:13). Moisés mencionou Enoque, Noé, e Abraão como homens que eram
“perfeitos”, não porque eles eram sem pecado mas porque eles “andaram com Deus”
em obediência (Gên. 5:22, 24; 6:9; 17:1; 26:5). A perfeição deles era uma perfeição
em ação, recebendo um perdão perfeito em um relacionamento transformador com o
Deus da aliança.
Jesus explicou que Deus como o “Pai” da humanidade é “perfeito” em Seu amor
imparcial para com todos os homens! Pelo fato de estender o amor irrestrito de Deus
aos outros, os discípulos de Jesus refletiriam aquele amor divino e assim fazer mais do
que os gentios (Mat. 5:47). Mateus formulou nossa “perfeição” em termos de amor
incondicional, da mesma maneira que nosso Pai estende o Seu incondicional amor
para com todas as pessoas. Lucas formula o mesmo tipo de “perfeição” em termos de
“misericórdia”: “Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai.”
Lucas 6:36. Só então Israel poderia ser o “sal da terra” e “a luz do mundo”, brilhando
o amor de Deus que motivará os homens a glorificarem “a vosso Pai que está nos
céus” (Mat. 5:13-16).
Jesus e o Sábado
Alguns eruditos têm tomado a posição de que Jesus rejeitou a lei de Moisés com
referência ao Sábado, embora alguns eruditos judeus não encontram nenhuma brecha
significativa da lei feita por Jesus.2 Nós lemos no Evangelho de João que Jesus em um
dia de Sábado curou milagrosamente um inválido por trinta e oito anos (cap. 5).
Sendo chamado a responder por isto, “Jesus lhes respondeu: ‘Meu Pai está
trabalhando até agora, e eu estou trabalhando’. Por isso, pois, os judeus estavam
procurando matá-lo, porque não somente quebrava o sábado, mas também chamava
Deus seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus.” (João 5:17-18, New American
Standard Bible).
E novamente: “Alguns dos fariseus diziam: ‘Esse homem não é de Deus, porque
não guarda o sábado’.” (João 9:16). Problemática parece ser a própria declaração de
Jesus: “O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do
sábado” (Mar. 2:27, 28).
Oscar Cullmann concluiu destas passagens que Jesus ensinou a “não-
observância do Sábado” que portanto “justifica a desobediência” ao mandamento do
Alianças de Deus na Bíblia 82
vós será o homem que, tendo uma ovelha, e, num sábado, esta cair numa cova, não
fará todo o esforço, tirando-a dali? Ora, quanto mais vale um homem que uma ovelha?
Logo, é lícito, nos sábados, fazer o bem.” (Mat. 12:11-12). Aqui Jesus expôs a
natureza superficial dos muitos regulamentos (halakôt) dos fariseus (veja The Mishah,
Oxford University Press, 1967, “Sabbath,” 99-121).
Em seu estudo meticuloso do Evangelho de Mateus, David C. Sim conclui que
para Mateus “a lei de Sábado é válida e deve ser obedecida, mas ela que pode ser
anulada em circunstâncias especiais.” Com base em Mateus 24:20 ele deduziu que “a
comunidade judaica de Mateus observava o Sábado fielmente”, porque os cristãos
judeus “criam que a vinda de Jesus não tinha de modo algum invalidado as antigas leis
de Moisés. . . O próprio Jesus tinha provido a chave definitiva para a interpretação da
lei ao enfatizar os mandamentos de amor a Deus e amor ao próximo.”6
Também A. Boring assume que “a igreja de Mateus ainda é observadora do
Torah” (em NIB sobre Mat. 24:20). Os judeus cristãos guardaram o Sábado, porém,
não de acordo com as tradições judaicas mas como Jesus tinha exemplificado. Não
portanto justificado dizer que o Jesus Se opôs ou rejeitou o mandamento do Sábado
que Ele deu, antes a Sua interpretação Messiânica como a intenção divina original.
Referências:
além de livros da Lei ou um "tutor" para levar a Cristo, e portanto irrelevante para os
cristãos.
David H. Roper expressou o problema eloqüentemente: "O ponto crucial deste
assunto inteiro é uma falsa equação do Velho Testamento e a lei", de forma que os
dois testamentos "são postos em descontinuidade quase total entre si. Lei e graça são
vistas como princípios antitéticos, adversários. O Velho Testamento é lei; o Novo
Testamento é graça. 1 Esta má concepção do "Velho" Testamento conduziu muitos
cristãos a construir lei e a graça em dois distintos e sucessivos períodos de
dispensação: para Israel só lei, para a igreja só graça.
LEI GRAÇA
_______________________ ________________________
Porém, a teologia protestante clássica defendeu que a lei e a graça são temas que
correm juntos do Gênesis até o Apocalipse.
LEI _________________________________________________
GRAÇA _______________________________________________
P: Será que Paulo culpou a lei de Deus por seus esforços em alcançar uma justiça
legalística, ou sua própria tradição farisaica era culpada de um mau uso fundamental
da lei? Este é o ponto crítico!
Paulo escreveu declarações aparentemente contraditórias sobre a lei. No mesmo
capítulo declara ele que nós fomos “lançou da lei” por “morrendo ao que uma vez nos
Alianças de Deus na Bíblia 86
saltou” (Rom. 7:6), e também que a lei é “santa; e o mandamento, santo, e justo, e
bom ... a lei é espiritual” (7:12, 14). Aparentemente, Paulo não culpa a lei de Deus por
sua anterior escravidão à lei. Ele confessa que ele próprio teve que morrer à lei, não
que a lei teve que morrer à ele (v. 6)!
Ele força este ponto novamente em Romanos 7, “Acaso o bom [a lei de Deus] se
me tornou em morte? De modo nenhum! Pelo contrário, o pecado, para revelar-se
como pecado, por meio de uma coisa boa, causou-me a morte, a fim de que, pelo
mandamento, se mostrasse sobremaneira maligno” (7:13).
Aqui nós temos a declaração explícita de Paulo de que o problema não está com a
lei, mas com a sua natureza humana pecadora que não se conhece a si mesma à luz de
Deus, e portanto precisa ser despertada à sua pecaminosidade através da confrontação
com a lei de Deus e assim ser feita responsável diante de Deus (veja Rom. 3:20). É
como se Paulo estivesse olhando num espelho espiritual para reconhecer a sua
verdadeira condição diante de Deus (veja Tia. 1:23-24).
Ele define o propósito espiritual da lei claramente: “Visto que ninguém será
justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno
conhecimento do pecado” (Rom. 3:20). A lei de Deus assim pretende revelar que
nossa transgressão de seus mandamentos é culpa diante de Deus. Isso é para Paulo
uma função da lei ordenada por Deus, para que o homem possa entender mais
plenamente sua necessidade da graça de Deus no dom de Cristo. Paulo explica a
relação entre a lei e a graça em Rom. 5.
“A lei foi acrescentada [à promessa, Gál. 3:19] para que a transgressão
aumentasse. Mas onde aumentou o pecado, mais aumentou a graça, a fim de que, da
mesma maneira que pecado reinou na morte, também a graça reine pela justiça para
trazer vida eterna por meio de Jesus Cristo nosso Senhor” (Rom. 5:20-21, New
International Version).
Usar a lei moral, porém, como um termômetro de nosso própria guarda da lei
diante de Deus é um sério mau uso da lei, até mesmo outro pecado, porque rejeita a
necessidade da graça soberana de Deus para nossa justificação. A rejeição da graça de
Deus é igualmente tanto pecado quanto a rejeição da lei de Deus!
Paulo também usou o termo “lei” no sentido mais amplo do Torah de Moisés,
como em Romanos 3:21, onde ele fala da "Lei e os Profetas". Paulo considera a lei de
Moisés em sua totalidade como uma preparação para o evangelho da graça redentora
de Deus, quando ele declara: “O fim [alvo] da lei é Cristo, para justiça de todo aquele
que crê” 10:4).
O erudito adventista do Novo Testamento Robert Badenas conclui que Paulo usa
nomos [“lei”] em Romanos 10:4 “no sentido do Torah como representando a
Escritura: o AT, não como algo ‘velho’ que foi ab-rogado por Cristo mas antes como a
viva palavra de Deus [..], sempre verdadeiro em si (9,6) e, portanto, sempre válido e
novo” (148).
Paulo viu o Antigo Testamento como testemunhando de Cristo, para que “Cristo
seja o cumprimento e o clímax da revelação de Deus à humanidade” (149). Para Paulo
Cristo Se tornou a chave para uma nova hermenêutica. Ele leu o Torah à luz de
Alianças de Deus na Bíblia 87
Cristo. Ele já não pôde ver a lei como um fim em si mesma mas como um meio para
conduzir a Cristo.
Romanos 10:4 é amplamente reconhecido como uma das teses fundamentais da
teologia de Paulo relativo à relação de Cristo e a lei.3 Paulo foi convencido pela
própria experiência que o seu contemporâneo Israel tinha entendido mal a lei de
Moisés, porque “não se sujeitaram à justiça de Deus” (Rom. 10:3). Ele portanto apela
ao livro de Deuteronômio de Moisés para provar que o propósito ordenado por Deus
do Torah estava desde o começo a “justiça que é pela fé”: “ ‘a palavra está perto de ti,
na tua boca e no teu coração’; isto é, a palavra da fé que pregamos” (Rom. 10:8,
citando Deut. 30:14). Paulo dá às palavras de Moisés em Deuteronômio 30 um
conteúdo cristocêntrico, por encher a “boca” com a confissão de que Jesus é o Senhor
[Kyrios]”, e o “coração” com a convicção que “Deus o ressuscitou dentre os mortos”.
Paulo assim aplicou as palavras de Moisés à sua verdade evangélica de que o crente
em Cristo está agora sendo “salvo” através da justificação pela fé em Cristo (Rom.
10:9-10).
Esta função preparatória do Torah demonstra que a salvação não pode vir da
observância da lei. Paulo declara isto categoricamente: “Por obras da lei, ninguém será
justificado” (Gál. 2:16); e até mais forte: “Todos os que confiam nas obras da lei estão
debaixo de maldição” (Gál. 3:10, New International Version). Ele argumenta: “Se
tivesse sido dada uma lei que pudesse conceder vida, certamente a justiça teria vindo
da lei” (Gál. 3:21, New International Version). Paulo expressou sua teologia da lei e
graça mais vigorosamente para os gálatas, declarando,:
“Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que
morreu Cristo em vã” (Gál. 2:21).
Q: Qual foi o contraste absoluto que Paulo fez aqui? Foi realmente o contraste
entre lei e graça? Ou foi a antítese irreconciliável da justiça pela lei e a justiça pela
graça de Deus em Cristo? Paulo definitivamente não declara que a graça de Deus pôs
de lado a lei de Deus, mas antes pôs de lado a prevalecente tradição de “prevalecente
pela lei”. A teologia de Paulo colocou dois diferentes meios de salvação em oposição
um ao outro: salvação ou pela lei ou pela graça de Deus! Paulo explicou aos Gálatas:
“Vocês, que procuram ser justificados pela Lei, separaram-se de Cristo; caíram da
graça” (Gál. 5:4, NVI). Tal era a polêmica da teologia de Paulo de justificação pela
graça mediante a fé em Cristo. Aos Romanos ele declarou isto positivamente: “Pois
sustentamos que o homem é justificado pela fé, à parte da obediência da Lei” (Rom.
3:28, New International Version). O assunto é claramente sobre o mau uso da lei no
judaísmo como o meio de obter salvação, como Paulo o havia experimentado
pessoalmente dentro do judaísmo farisaico (veja Filip. 3:6-9).
Sobre a base de justificação pela graça, Paulo continua a mencionar os frutos da
justificação: paz com Deus, alegria no novo acesso a Deus, esperança em compartilhar
a glória de Deus, e a experiência do Espírito do Deus de amor:
Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor
Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça
Alianças de Deus na Bíblia 88
Paulo continua a contrastar agora o reino da lei contra o reino da graça. Ele
declara, “não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça”. Muitos têm tomado esta
frase para significar uma abolição da autoridade da lei sobre o crente cristão. Se
divorciado de seu contexto, pode ser interpretado dessa maneira. Mas em seu contexto
literário, a antítese de Paulo de estar “debaixo da lei” ou de estar “debaixo da graça”
indica antes estar debaixo do poder da condenação pelos que estão fora de Cristo, ou
estar debaixo do reino da justificação para os que estão em Cristo Jesus. Esta
compreensão está em perfeita harmonia com Romanos 8:1, onde Paulo conclui:
“Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus.”
Estar “debaixo da graça” significa para Paulo estar debaixo do reino de Cristo
para viver uma vida em “justiça”, como declarou antes em 5:21 (“assim também
reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor”).
Estar “debaixo da lei” significa para Paulo o oposto de estar “debaixo da
graça”, isto é, estar debaixo do domínio do pecado em nossa vida.
Comparando ambas as declarações, nós vemos que para Paulo estar “debaixo da
graça” é sinônimo de ser “conduzido pelo Espírito”. O conceito de Paulo de ser
“conduzido pelo Espírito” implica, uma obediência guiada pelo Espírito ao Redentor.
Ele insiste com os crentes que percebam que eles tiveram mudança de “senhores” em
sua conversão e batismo em Cristo. Eles agora já não são os “escravos do pecado” mas
feitos “escravos da obediência que leva à justiça” (Rom. 6:6, 15-19).
Estar “em Cristo” significa para Paulo estar “debaixo da lei de Cristo” (1 Cor.
9:21) que é equivalente a “guardar os mandamentos de Deus” (1 Cor. 7:19), para que
“as justas exigências da Lei fossem plenamente satisfeitas em nós, que não vivemos
segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rom. 8:4, NVI). Esta é a experiência de
nova aliança através do ministério do Espírito Santo de Cristo.
O Espírito de Cristo, porém, não substitui a lei de Deus mas antes torna a lei
espiritualmente ativa para descobrir o pecado mais plenamente em nossa “mente
pecadora”, porque “a mente pecadora é hostil a Deus. Não se submete à Lei de Deus,
nem pode fazê-lo” (Rom. 8:7, New International Version). Assim o Espírito motiva o
pecador perdoado a ordenar a sua vida em harmonia com a santa lei de Deus. O
Espírito e a lei de Deus então ficam tão unidos que a lei de Deus se torna o “espada do
Espírito” (cf. Efés. 6:17). Tal é o ensino de Paulo de seu ministério evangélico. Amor
nunca é uma lei em si mesmo, porém o cumprimento da lei de Deus. Falar de “a lei do
amor” pode ser aceito como um princípio geral de abençoar a outros, mas é mau uso
quando é dissecado da real “lei da liberdade” de Deus e da justiça (veja Tia. 2:12).
Então tal slogan representa mal o pleno evangelho apostólico.
Dietrich Bonhoeffer insistiu corretamente: “Só é quando alguém se submete à
lei que pode falar da graça.”6 O Espírito Santo não é um novo Legislador e não
substitui a Palavra escrita de Deus. O Espírito é enviado para acompanhar, iluminar e
autorizar a Palavra de Deus. Deus sempre envia Seu Espírito para unir-se à Sua
Palavra como uma parte integrante de Sua aliança da graça, como Isaías ensinou com
clareza surpreendente: “Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz o
SENHOR: o meu Espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua
boca, não se apartarão dela . . . desde agora e para todo o sempre, diz o SENHOR.”
(Isa. 59:21).
Paulo rejeita o “modo velho” de administrar o “código escrito”, quer dizer, a lei
sem o Espírito. O apóstolo sustenta que ele agora “serve a Deus conforme o novo
modo do Espírito” (Rom. 7:6, NVI). Esse novo ministério do Espírito significa para
Paulo “confirmar a lei” de Deus (veja Rom. 3:31), para que “as justas exigências da
Lei fossem plenamente satisfeitas em nós, que não vivemos segundo a carne, mas
segundo o Espírito” (Rom. 8:4, NVI). Tais cristãos espirituais não estão “debaixo da
lei” (Gál. 5:18). Paulo declara que ele não está “sem a lei [anomos] de Deus”, porque
ele está agora no esquadro da lei de Cristo [ennomos Christou ou, “debaixo da lei de
Cristo”], e em harmonia com a lei de Deus por causa de Cristo (1 Cor. 9:21; 7:19).
Referências:
1. New Covenant in the Old Testament. Waco, TX: Word Books, 1976, 11, 12.
2. Cranfield, The Epistle to the Romans. ICC. Edinburgh: Clark, vol. 2 [1979],
853.
3. Cranfield,16, 2:515-520, 848.
4. Cranfield, Ib., 2.852, 861.
5. Cranfield, 16 , 1:319.
6. In Letters and Papers from Prison.
7. Quoted in Seize the Day, by, C.R. Ringma. Piñon Press, 2000, April 10.