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DOI: http://dx.doi.org/10.5007/2175-8069.2015v12n26p73 Anilise da evidenciacdo sobre a mensuracio de ativos bioldgicos: antes e depois do CPC 29 Disclosure analysis on the measurement of biological assets: before and after the CPC 29 Andlisis de la evidenciacion sobre la medicién de activos bioldgicos: antes y después del CPC 29 Lais Manfiolli Figueira Bacharel em Economia Empresarial e Controladoria pela FEA-RP/USP Discente do Curso de Mestrado em Controladoria e Contabilidade da FEA-RP/USP Enderego: Avenida Bandeirantes, n° 3900, Monte Alegre CEP: 14.040-905 — Ribeirdo Preto/SP — Brasil E-mail: laismanfiolli@hotmail.com Telefone: + 55 (16) 3315-0670 Maisa de Souza Ribeiro Doutora em Controladoria e Contabilidade pela FEA/USP Professora Titular do Departamento de Contabilidade FEA-RP/USP Endereco: Avenida Bandeirantes, n° 3900, Monte Alegre CEP: 14.040-905 — Ribeirdo Preto/SP — Brasil E-mail: maisorib@usp.br ‘Telefone: + 55 (16) 3315-4747 Artigo recebido em 23/02/2015. Revisado por pares em 27/07/2015. Reformulado em 26/08/2015. Recomendado para publicag’io em 31/08/2015 por Sandra Rolim Ensslin (Editora Cientffica). Publicado em 25/02/2016. ISSN 2175-8069, UFSC, Florianépolis, v. 12, n. 26, p. 73-98, mai./ago. 2015 Lais Manfiolli Figueira e Maisa de Souza Ribeiro Resumo Para verificar 0 comportamento da divulgagio de informagdes contdbeis a respeito de mensuragao dos ativos biolégicos, esta pesquisa analisou por meio de check-list, baseado nas orientagdes sobre evidenciagio do CPC 29, as Demonstragées Financeiras, de 2008 a 2012, das trinta companhias de capital aberto da BM&FBOVESPA que os possuiam. Trata-se de pesquisa qualitativa, descritiva e baseada em anélise documental. Ap6s constatar que os ativos biolégicos cram materiais em relagio ao total de ativos, observou-se que o método do fluxo de caixa sobressaiu-se como alternativa para definigao do valor justo pela inexisténcia de mercado ativo em varias fases de maturagdo desses itens, sendo também mais facilmente obtido. Empresas que formaram culturas préximo a data de encerramento declararam usar 0 custo hist6rico como equivalentes ao valor justo pela proximidade entre datas de formagio & elaboragdo das demonstrag6es financeiras. Entretanto, a evolugdo verificada nao ultrapassa os requisitos da norma contabil vigente. Palavras-chave: Ativos Biolégicos. CPC 29. Evidenciagaio. Mensuragao. Valor Justo. Abstract In order to check the behavior of the disclosure of accounting information regarding the measurement of biological assets, this research analyzed, through checklist, based on the guidelines on disclosure of 29, the Financial Statements, from 2008 to 2012, of the thirty open capital companies from BM&FBOVESPA who owned these assets. It is a research that is qualitative, descriptive and based on document analysis. Noting that biological assets were material in relation to total assets, it was observed that the method of cash flow stood out as an alternative to the fair value by the absence of an active market at various stages of maturation of these items, being also more easily obtained. Companies that formed culture near closing date reported using historical cost as equivalent to fair value by the proximity of training dates and preparation of financial statements. However, the evolution does not exceed the requirements of current accounting standard. Keywords: Biological assets. CPC 29. Disclosure. Measurement. Fair value. Resumen Para verificar el comportamiento de la divulgacién de informaciones contables a respecto de medicién de los activos biolégicos, esta investigacién analiz6 por medio de check-list, basado en las orientaciones sobre evidenciacién del CPC 29, las Demostraciones Financieras, de 2008 a 2012, de las treinta compafifas de capital abierto de 1a BM&FBOVESPA que los posefan. Se trata de investigacién cualitativa, descriptiva y basada en andlisis documental. Después de constatar que los activos biolégicos cran materiales en relacién al total de activos, se observé que el método del flujo de caja sobresalié como altemativa para definicién del valor justo por la inexistencia de mercado activo en varias fases de maduracién de esos elementos, siendo también més fécilmente obtenido. Empresas que formaron culturas proximo a la fecha de cierre declararon usar el costo hist6rico como equivalentes al valor justo por la proximidad entre fechas de formacién y elaboracién de las demostraciones financieras. Mientras tanto, la evoluci6n verificada no sobrepasa los requisitos de la norma contable vigente. Palabras clave: Activos biolégicos. CPC 29. Evidenciacién. Medicién. Valor justo. nS seis k ISSN 2175-8069, UFSC, Floriandpolis, v. 12, n. 26, p. 73-98, mai/ago. 2015 74 Cena Anilise da evidenciagio sobre a mensuragio de ativos biol6gicos: antes e depois do CPC 29. 1 Introdugio A atividade rural tem grande relevancia para a economia nacional, jé que 0 PIB do agronegécio representou 23,83%, 22.53%, 22.53%, 23.11%, 22.24% e 22.54% do PIB brasileiro nos anos de 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013, respectivamente, segundo dados do Centro de Estudos Avangados em Economia Aplicada (CEPEA) da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz” (ESALQ) da Universidade de S30 Paulo (USP). De acordo com a base de dados macroeconémicos do Instituto de Pesquisa Econdmica Aplicada (Ipeadata), 0 valor adicionado do PIB agropecuario em relacdo ao brasileiro foi 5.91%, 5.63%, 5,30%, 5,46%, 5,24% © 5,72% nos anos 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013, respectivamente. contexto motivon a exploragio dos ativos biolégicos como objetos de estudo desta pesquisa e, também, por serem ativos diferenciados, pois dependem das condigdes naturais, sofrem mutagdes biolégicas em seu ciclo de vida, sdo suscetiveis a riscos climaticos, sanitérios e alastramento de pragas e instabilidade de seus precos (BACCARIN, 2011, SILVA FILHO; MACHADO: MACHADO, 2012 e BOHUSOVA; SVOBODA; NERUDOVA, 2012). Estudos comparativos sobre a adoco do Pronunciamento Técnico ~ CPC 29 foram feitos por Paulo et al. (2011), Theiss et al. (2011), Zittei, Carpes e Klann (2012), Sahara ef al. 2011), Silva et al. (2013), Barros er al. (2012), Dallabona, Mazzioni e Klann (2012), Gongalves, Santos e Szuster (2012), Rech e Oliveira (2011), Martins, Machado e Callado (2013), Martins, Machado e Callado (2014), Cadelca et al. (2011), Freire ef al. (2012), Costa, Almeida ¢ Silva (2011), Silva Filho, Martins e Machado (2012), Scherch ef al. (2013), Holtze Almeida (2013), Carvalho er al. (2013), Holanda (2013) e Scherer, Munhoz e Roth (2014), entre outros. Nesses estudos, foram pesquisados assuntos como o impacto da adogao do valor justo, a aderéncia as orientagdes do Pronunciamento Técnico ~ CPC 29 e a relevneia da informagao divulgada, Entretanto, a maioria deles trabalhou com dados em cross section, ou seja, observaram os dados somente de um periodo, normalmente do ano da adogao inicial, em 2010. Das pesquisas referidas anteriormente, os poucos que analisaram e compararam informagdes divulgadas dentro de um periodo longo de tempo foram: Barros ef al. (2012) que examinaram 0 impacto do valor justo em dados de 2008 a 2010; Martins, Machado e Callado (2013) que verificaram a relevancia da mensuragdo a valor justo pelas informagdes de 2010 a 2012; Paulo et al. (2011) conferiram a adogdo inicial do CPC 29 entre 2009 € 2010; & Goncalves, Santos e Szuster (2012) que compararam a evidenciacio contébil de 31 de dezembro de 2010 com a de 30 de setembro de 2011. Durante todo esse periodo, 0 CPC 29 jé estava em vigor. Nota-se, assim, que a contabilizagio de ativos biolégicos tem sido muito discutida nos Gltimos ts anos no Ambito nacional. Todavia, nenhuma pesquisa anterior explorou a comparagio das informagdes contdbeis sobre os métodos de avaliagdo desses ativos, divulgadas em um perfodo longo de tempo, e compreendesse os tiltimos anos em que a adogdo do CPC 29 nao era obrigatéria e os anos posteriores 3 sua adogao de forma a analisar © grau de estabilidade no comportamento das informagdes divulgadas. Com base na andlise das demonstragdes contabeis de sociedades andnimas de capital aberto listadas na Bolsa de Valores de Sa0 Paulo (BM&FBOVESPA) que possuem ativo bioldgico, esta pesquisa tem como objetivo verificar 0 comportamento das evidenciagdes Reis Contec D Conia 75 ISSN 2175-8069, UFSC, Floriandpoli v. 12, n. 26, p. 73-98, mai /ago. 2015 Lafs Manfiolli Figueira e Maisa de Souza Ribeiro sobre mensuragao do ativo biolégico no perfodo de 2008 a 2012. Busca assim responder a questiio de pesquisa: “Com a adogio do pronunciamento ténico CPC 29 ~ Ativos Biolégicos © Produtos Agricolas, qual foi o comportamento da informagio evidenciada sobre a mensuragdo dos ativos biolégicos? * Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e desenvolvida com base nas informagdes sobre ativos biol6gicos de 30 companhias listadas na BM&FBovespa no periodo de 2008 a 2012. 2 Referencial Tedrico 2.1Ativos Biolégicos e Produtos Agricolas: Custo Hist6rico x Valor Justo 0 termo “ativo biolégico” refere-se a todo animal ou planta vivos e foi introduzido na literatura contébil recentemente para nomear as culturas ¢ criagdes rurais. Com base nas demonstragées financeiras publicadas no inicio de 2011, referentes ao exercicio contébil de 2010, o reconhecimento, a mensuragdo ¢ a evidenciagao de ativos passiveis de transformagdes biolégicas passaram a ser regidos pelo Pronunciamento Técnico CPC 29 - Ativo Biolégico Produto Agricola, baseado na norma internacional IAS 41 ~ Agriculture, que indica a classificagao de plantas e animais vivos como “Ativos Biolégicos”. A mensuragao deve ser pelo valor justo Iiquido das despesas de venda, exceto quando esse valor nao puder ser mensurado confiavelmente; nesses casos pode-se mensuré-lo a custo hist6rico. © intuito dessa mudanga normativa foi estabelecer as diretrizes para uma representacao mais fidedigna a respeito da posic’o patrimonial das empresas que apresentam ativos biolégicos (SANTOS et al, 2015). Segundo Hendriksen e Van Breda (1999), custo histérico é um valor contébil de entrada composto pelo prego pago pela aquisigao do direito de propriedade e/ou de uso de um ativo somado aos pagamentos necessérios para colocé-lo em condigdes de uso. Uma caracteristica decorrente dessa forma de mensuragao é a figura da depreciacdo a alocagiio do custo de aquisigao ao longo dos perfodos de seu uso. Uma desvantagem da mensuragdo a custo hist6rico € que possui pouco ou nenhum significado perante a realidade (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 1999, p. 93). Em cendrios de volatilidade dos pregos, 0 custo histérico pode deixar de ser um valor relevante para representar principalmente ativos nao circulantes, e mesmo ativos que sofram com as influéncias das forgas de mercado, enquanto que a minimizago da discricionariedade e um maior grau de comparabilidade sio vantagens dessa forma de mensuracao. Jo valor justo é um valor contébil de safda e é definido, pelo International Financial Reporting Standard 13 (IFRS 13) ~ Fair Value Measurement, como 0 prego que se receberia pela venda de um ativo ou se pagaria pela transferéncia de responsabilidade por um passivo ‘em uma negociagdo em condigdes normais, sem haver pressio para a liquidaco da transagiio entre participantes do mercado ativo principal ou mais vantajoso. Barth (2006) argumenta que uma vantagem da mensurago por fair value € a maior relevncia para a informagao contabil, pois dessa forma as demonstragées contabeis refletem ‘com maior fidelidade a realidade econdmica do negécio e consequentemente desempenha ‘com maior eficiéncia seu papel de dar apoio a0 usuério em suas decisGes econdmicas. J como critica ao valor justo, discute-se que esse método pode possibilitar gerenciamento de Ros ovapsiw le ISSN 2175-8069, UFSC, Florianépolis, v. 12, n. 26, p. 73-98, mai/ago. 2015 76 Cant Anilise da evidenciaglo sobre a mensuragio de ativos biol6gicos: antes ¢ depois do CPC 29. resultados devido ao uso de valores discricionérios e a existéncia de assimetria de informagio entre usuarios internos e extemos, além da alta volatilidade dos pregos dos ativos biolégicos, ‘0 que poderia causar distorgdes nos lucros das empresas Tudicibus e Martins (2007) propuseram que, nos primeiros anos de adogao do uso de valor justo para a mensuragao de ativos, fosse utilizada uma estrutura que evidenciasse as duas bases de avaliagZo; dessa forma, 0 uso do fair value seria um complemento, agregando valor a divulgacZo para 0 usudrio externo, mas, 20 mesmo tempo, nao se eliminaria o registro histérico para aqueles que temem a subjetividade presente no outro método. De acordo com Silva Filho, Machado e Machado (2012), no mercado de capita brasileiro, 0 valor mais relevante para a mensuragdo de ativos biol6gicos seria 0 custo hist6rico, pois informagdes contabeis a custo influenciariam com maior eficécia a variagio do prego das ages da amostra do estudo. Entretanto, Costa e Silva (2013) constataram a relevancia da avaliagdo de ativos biolégicos a valor justo frente & formagiio do prego das da entidade no periodo de 2010 a 2011, devido ao impacto positive dessa variivel no lucro liquido e, consequentemente, no patriménio Ifquido das entidades da amostra analisada. Martins, Machado e Callado (2013) também verificaram a relevancia da mensuragio de ativos bioldgicos a valor justo para o mercado de capitais, pois essa metodologia corrobora 0 crescimento dos ativos operacionais liquidos Uma das polémicas relacionadas ao valor justo € como mensuré-lo, O Pronunciamento ‘Técnico CPC 46 — Mensurag3o do Valor Justo, que tem correlagio com a IFRS 1 recomenda uma hierarquia das melhores préticas para se estimar o fair value. Em primeira colocagio, esté o valor de mercado desse bem, mas, caso niio haja mercado ativo, fica impossfvel utilizar esse método, Em segundo lugar, indica-se a busca do valor de mercado ativo de um item idéntico em uma transago recente ou, quando nao for possfvel, a busca do prego de mercado no ativo de uma mercadoria idéntica em uma negociagio recente. intretanto, se_ndo houver atives semelhantes, aconselha-se, em iiltima instncia, como estimativa de valor justo, © uso de téenicas de avaliagZo que podem ter abordagem em mercado, em custo ou em receita, como é © caso do valor presente do fluxo de caixa de beneficios futuros desse bem, descontado por uma taxa que represente devidamente os riscos do negécio. Mas, nesse caso, surge um novo desafio: qual taxa de desconto retrataria esse isco? Por ser algo relativamente novo para as organizagdes, e pela auséncia de recomendagdes sobre qual taxa de desconto usar, muitas empresas adotaram, por exemplo, 0 modelo Weighted Average Cost of Capital (WACC), que € utilizado pelo mercado para a avaliagZio de empresas, mas que é baseado em fatores, como a estrutura de capital e o efeito tributdrio, que podem nao explicar a capacidade de geraco de caixa do ativo especifico a ser mensurado (RECH e CUNHA, 2011). Conforme o Pronunciamento Técnico CPC 46 — Mensurago do Valor Justo (2013, p. 2), “O valor justo é€ uma mensuragdo baseada em mercado endo uma mensurag4o especifica da entidade”, portanto 0 WACC, o Custo de Capital Proprio e 0 Weighted average return on assets (WARA) nao deveriam ser utilizados na mensuraco do valor justo de ativos biolégicos pelo método do fluxo de caixa descontado, uma vez que essas taxas sdo intrinsecas 4 organizaco ¢ ndo representam o mercado, Apesar disso, representam a tiltima opco para se definir o valor justo em fungdo dos casos em que no houver mercado ativo ou transagdes recentes com ativos similares. Outra taxa discutida € a taxa de mercado livre de risco, mas essa também € criticada por niio representar o risco do negécio que & assumido pelos investidores para conseguir, no 77 _ ISSN 2175-8069, UFSC, Floriandpolis, v. 12, n. 26, p. 73-98, mai /ago. 2015 Lafs Manfiolli Figueira e Maisa de Souza Ribeiro futuro, um retorno maior que o de titulos considerados livres de riscos (RECH; CUNHA, 2011). Outras premissas na montage do fluxo de caixa também podem gerar discussdes, ‘com a incluso de custos de transporte ¢ tributos sobre o lucro da transagao. 2.2 Evidenciagdo de informagdes para usuarios externos Uma das fungdes da Contabilidade € reduzir a assimetria de informagio entre os agentes, buscando amenizar os impactos do conflito de agéncia presente entre os gestores das empresas e seus stakeholders (LOPES; MARTINS, 2005). Para isso, as informagdes evidenciadas devem ser relevantes para seus usudrios de forma a ajudd-los no processo de tomada de decisio, assim visando ao funcionamento étimo de mercados eficientes de capitais, isto é, além de relevantes, elas devem possuir poder preditivo referente a tendéncias futuras (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 1999). Segundo o Pronunciamento Conceitual Basico (R1) — Estrutura Conceitual para Elaboragio e Divulgagao de Relatério Contabil-Financeiro, 0 conjunto de demonstragées contibeis deve conter informagées fidedignas e iiteis para a tomada de decisées econdmicas e avaliagdes dos agentes interessados em geral. Como provavelmente as necessidades dos usudrios da informagdo podem ser conflitantes, caso nao seja possivel atender ao piblico em geral, as demonstragdes devem atender, pelo menos, is necessidades dos usudrios primérios, investidores credores atuais ou potenciais, ou seja, os usudrios mais tradicionais da Contabilidade. Segundo Dias Filho (2000), caso fosse desvinculada das necessidades do usudrio externo, a divulgagdo da informagdo contabil perderia seu sentido, tomar-se-ia intl. Segundo Barth, Clinch e Shibano (2003), ha és formas de evidenciagao que se destacam: a) 0 reconhecimento de valores contabeis agregados, de forma a se obter um demonstrative mais sintetizado, os quais devem ser acompanhados da evidenciagio de informagdes relevantes relacionadas a esses valores; b) o reconhecimento de valores contabeis ‘em contas separadas do demonstrativo financeiro; e c) 0 reconhecimento de valores agregados sem a divulgagdo acess6ria de informagdes referentes a esse valor. Anteriormente @ adogio das normas internacionais de Contabilidade emitidas pelo IASB, a contabilidade brasileira apresentava, em geral, suas informagdes segundo as duas ‘itimas formas descritas por Barth, Clinch ¢ Shibano (2003), pois nao era dado o devido valor as Notas Explicativas. Entretanto, com essa adogio, a evidenciagio brasileira passou a ser orientada para a primeira forma descrita por esses pesquisadores, pois uma vez que essa normatizagao é baseada em princfpios e na esséncia da atividade econémica exercida, Dé-se uma relativa liberdade na realizagao de escolhas contabeis dentre o escopo proposto pelas orientagdes, passando a ser imprescindivel a utilizagdio das Notas Explicativas para trazer informagdes que justifiquem cada escolha de politica contébil realizada e apresentem as premissas de cada estimativa de mensuragao adotada. 2.2.1 Evidenciagao de informagdes sobre Mensuragéo de Ativos Biolégicos e Produtos Agricolas A avaliagio de ativos bioldgicos ao valor justo permite as entidades a utilizagdo de certo grau de subjetividade na escolha das premissas a serem utilizadas. Esse grau de subjetividade esté diretamente relacionado aos nfveis da hierarquia do valor justo, quanto mais elevado o nfvel, menor o grau de subjetividade concedido. Entretanto mesmo o nfvel QR , cipeine ISSN 2175-8069, UFSC, Florianépolis, v. 12, n. 26, p. 73-98, mai/ago. 2015 78 Cut Anilise da evidenciagio sobre a mensuragio de ativos biol6gicos: antes e depois do CPC 29. mais alto, 0 Nivel 1, que seria o valor de mercado quando ha mercado ativo para um item idéntico ao que a empresa deseja valorar, apresenta lacunas para que a companhia defina internamente, com base em informagdes externas, qual seria 0 mercado principal ou o mais vantajoso para seu ativo. Nos demais niveis, quando hé 0 uso de métodos de avaliag’o estimada, hé um maior uso de subjetividade devido ao maior volume de decisdes a serem tomadas referentes a premissas que serdo utilizadas nesses célculos. A subjetividade nas formas de mensurago adotadas para ativos biolégicos agrava a assimetria de informagao existente entre a entidade e os usuérios da informaco contébil desta (HERBOHN; HERBOHN, 2006). Essa discricionariedade exige maior transparéncia na evidenciagio das premissas usadas pelas empresas na avaliacdo de seus ativos, buscando reduir um possivel desconforto e deserédito por parte dos usudrios extemnos causados a0 no conseguir identificar a origem e a razd0 dos valores reconhecidos pela entidade em seu conjunto de demonstragdes contabeis. Herbohn e Herbohn (2006) criticam a subjetividade da mensuragdo desses alivos realizada internamente, com o uso da discricionariedade dos gestores, em vez de ser baseada em avaliagdes externas independentes. Portanto, as alteragdes ocorridas na contabilizagdo dos ativos biolégicos no momento da cotheita passam a exigir mais transparéncia na evidenciagao contibil almejando o aumento da confiabilidade em relagio a informagao divulgada. Outro ponto que pode causar uma fraca evidenciagdo a respeito de ativos bioldgicos & a falta de percepcdo quanto 2 utilidade da informacdo contébil no proceso de tomada de deciso por parte dos proprietérios de areas rurais. Argilés, Blandon e Monllau (2011), por meio de entrevistas a contadores espanhéis, constatam que, por niio perceberem essa utilidade, fazendeiros espanhéis de pequenas ¢ médias propriedades ndo transmitem dados detalhados de seu negécio a seus contadores, impossibilitando assim a preparagdo de relatérios contabeis com maior qualidade e acarretando na perda de previsibilidade da informagao contabil. 2.2.2 Evidenciagdo x Materialidade © International Accounting Standards Board (IASB, 2013) pereebe 0 conceito de materialidade como uma qualidade presente em informagées financeiras que, se omitidas ou distorcidas, afetarao 0 proceso de tomada de decisao dos usuétios, ele esté relacionado & natureza e/ou A magnitude individual de um item perante o total. Entretanto, 0 IASB nao define um parametro que possa servir como base para decidir se um item é material ou nao. ‘A materialidade pode servir como uma proxy para determinar se pode haver relevancia, ou nao, na diyulgagio de informagdes sobre um item individual das demonstragdes financeiras. Segundo 0 IAS 1 — Presentation of Financial Statement, equivalent 20 Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1) — Apresentagdo das Demonstragées Contibeis, caso um item seja considerado imaterial, nado é necesséria a divulgacio de informagdes especificas para esse item. Entretanto, 0 European Securities and Markets Authorithy (ESMA) acredita que a aplicagao do conceito de materialidade no julgamento por parte das empresas sobre quais informagées seriam relevantes para os usudrios externos poderia resolver o problema de excesso de informagao divulgada, mas ainda nao hé consenso sobre isso. No relat6rio Feedback Statement on the Discussion Forum ~ Financial Reporting Disclosure, 0 IASB (2013) divulgou o resultado de uma pesquisa efetuada para verificar quais seriam as barreiras ao entendimento das informagées contébeis evidenciadas. Para isso, foram Reiss 79 ISSN 2175-8069, UFSC, Florianépolis, v. 12, n. 26, p. 73-98, mai /ago. 2015 % enya Comin Lafs Man jolli Figueira e Maisa de Souza Ribeiro aplicados questionérios para usuarios externos da informag’o e para os preparadores das demonstragoes financeiras. O problema mencionado pelos preparadores foi essencialmente a sobrecarga de informagoes divulgadas, jé os usuirios identificaram a comunicagao deficiente € a auséncia de informagdes relevantes. De acordo com conclusio dessa pesquisa, esses problemas eilo de materialidade no momento de julgamento das informagdes para a preparacdo do conjunto de demonstragdes contabeis. 3 Metodologia Esta pesquisa apresenta uma abordagem qualitativa e descritiva visando constatar comportamento da evidenciagdo de informagGes sobre ativo biolégico e produto agricola para ‘iris externos no period de 2008 a 2012. Para isso foram analisadas Demonstragdes Financeiras Padronizadas (DFP), que sio anuais e relativas ao fim do exerefcio social, que podem se encerrar em 31 de dezembro de forma geral ou, em alguns setores, em outra data especifica das 30 empresas de capital aberto que compéem a amostra. Foi desenvolvido pelos autores um check list, com 0 intuito de verificar 0 comportamento da divulgagao de informagdes contébeis relacionadas aos requisitos de mensuragdo de ativos biolégicos produtos agricolas e a cada escolha contébil relativa a essa mensuragio. 3.1 Definigdo da Amostra Para a delimitagdo do escopo da amostra, inicialmente, verificou-se as demonstragdes financeiras padronizadas do ano de 2010 dos subsetores da BM&FBOVESPA de Agropecudria, Alimentos Processados, Bebidas, Madeira e Papel, Quimicos, Siderurgia e Metalurgia com o objetivo de delimitar quais evidenciavam informagdes sobre a posse dos ativos estudados por esta pesquisa. Dessa forma, foram identificadas 23 empresas. Tais subsetores foram escolhidos devido & maior probabilidade de possuirem ativos vivos, uma vez que estavam diretamente relacionados com suas atividades principais. Com o objetivo de verificar se a amostra possufa todas as entidades com saldo em conta especifica de “Ativo Biolégico” de curto e/ou longo prazo, foi utilizada a ferramenta “screening” do Economitica, em 20 de setembro de 2011. Por meio desse procedimento, incluiram-se mais nove empresas na amostra, entretanto ndo hd garantias de que foram identificadas todas as entidades que possu(ssem o controle ¢ a responsabilidade pelos riscos de ativos bioldgicos, ja que foi verificado que nem todas as empresas esto segregando-os em conta especifica. Muitas vezes ainda esto mantendo esses saldos agregados as contas de Imobilizado efou Estoques, apesar de terem caracteristicas diferenciadas dos demais. Com o objetivo de excluir possiveis informagdes repetidas, eliminaram-se da amostra as holdings que jé tinham suas controladas contempladas pela amostra, So elas: ITAUSA Investimentos ITAU S.A. e Suzano Holding S.A., uma vez que poderiam apresentar os mesmos dados jé divul gados por suas investidas. Portanto, a amostra final foi composta por 30 empresas de capital aberto, listadas na BM&FBOVESPA, que possufam ativos biolgicos e/ou produto agricola nos anos de 2010 2011. Uma vez que a empresa Tereos S.A. foi constitufda em 2010, a andlise se divide em 29 ‘empresas para os anos de 2008 a 2009, ¢ 30 empresas para os anos de 2010 a 2012 Rowe Cussysina ISSN 2175-8069, UFSC, Flori 1D Conia \Spolis, v. 12, n. 26, p. 73-98, maifago. 2015 80 Anilise da evidenciagio sobre & mensuragio de ativos biol6gicos: antes e depois do CPC 29. 3.2 Fundamentagao do Check List O questionario original para o desenvolvimento do banco de dados desta pesquisa foi baseado nos critérios de divulgagao especificos para ativos biolégicos norteados pelo Pronunciamento Técnico CPC 29, dispostos nos parigrafos de 39 a 57. Inclusive, optou-se por avaliar todos os anos da amostra por essa orientagZo do Comité de Pronunciamentos Contabeis (CPC), mesmo nos perfodos anteriores & sua vigéncia, 2008 e 2009. Essa escolha fundamentou-se no fato de que anteriormente & adoco do CPC 29, ao ano de 2010, nao havia uma norma que orientasse a evidenciagdo especifica de ativos bioldgicos, 0 que tornava voluntiria a evidenciaco dessas informacGes e, consequentemente, distinta entre as empresas. Portanto, devido a inexisténcia de outras orientagdes amplamente aceitas e intrinsecamente relacionadas 4 atividade rural quanto a informagdes que poderiam ser relevantes aos interessados, optou-se por embasar 0 check-list pelo CPC 29, mesmo nio havendo sua obrigatoriedade para os anos de 2008 © 2009, pois assim geraria uma uniformidade no instrumento de coleta possibilitando a comparabilidade entre os anos Para o desenvolvimento deste trabalho foram destacados os itens a respeito do método de mensuragao escolhido ¢ suas premissas, relacionados aos ativos biolégicos Para o desenvolvimento do banco de dados, 0 questionario foi respondido entre Sim e Nao. Em alguns casos, esse procedimento no era aplicivel, porque as questées nao abrangiam a realidade das empresas analisadas, como, por exemplo, nos casos em que se indagava sobre questdes especificas a respeito do valor justo quando a empresa ja afirmara que utilizava 0 custo histérico como metodologia de mensuracio. Nesses casos, foi atribuida a resposta “no se aplica”, e esses niio foram considerados no célculo dos percentuais de conformidade dessa questio especifica, assim como descrito no préximo item, A fim de responder aos itens apresentados pelas Tabelas 2, 3, 4, 5 e 7. foram utilizadas as informagdes presentes em Notas Explicativas. Para 0 célculo dos dados da Tabela 1, foram retirados valores dos Balangos Patrimoniais e, quando necessério, das Notas Explicativas. 1d a Tabela 6 apresenta informagGes extraidas tanto das Notas Explicativas, quanto das Demonstragées de Resultado, 3.3 Fundamentagao da Andlise Para efeito das andlises, foi utilizado 0 conjunto completo de DFPs referentes ao perfodo avaliado e disponiveis no site da Comissio de Valores Mobilidrios (CVM). Essas foram verificadas com base nas recomendagdes de divulgacio contidas no CPC 29. Com base nelas, foram identificados os percentuais de empresas que realizavam a divulgagao de determinada informagio. Para os célculos de percentuais a respeito de métodos de avaliagio dos ativos biol6gicos foram realizados com base nos dados de todas as empresas da amostra. JA para os questionamentos mais especificos, como, por exemplo, informacao sobre ganhos ou perdas no valor justo, foram utilizados os totais das empresas que aplicavam essa metodologia, no caso somente o total de empresas que mensuram a valor justo. De forma semelhante, foram tratadas as informagdes sobre 0 método do custo histérico. Isso foi feito com o intuito de aumentar a significdncia da informagao gerada e analisada por este trabalho, visto que hé ma I6gica relacionar 0s dados especificos sobre ative biolégico em relagdo Aquelas que o apresentaram para 0 ano analisado do que em relagdo ao total de empresas da amostra. Reiss 81 _ ISSN 2175-8069, UFSC, Florian6polis, v. 12, n. 26, p. 73-98, mai./ago. 2015 % enya Comin ais Manfiolli Figueira e Maisa de Souza Ribeiro e de Dados 4.1 A Materialidade dos Ativos Bioldgicos Um dos aspectos a ser analisado por esta pesquisa € a materialidade dos ativos bioldgicos das sociedades andnimas de capital aberto presente na amostra. Para isso efetuou- se 0 cilculo de indicadores que apresentassem a magnitude desses itens perante o ativo total. Com base nesses caleulos, espera-se constatar 0 nfvel de participagao do ativo biolégico em relaco a0 conjunto de ativos das empresas analisadas, seja de curto ou de longo prazo. ‘Tabela 1 - Magnitude do Ativo Biolégico em relacio ao Ativo da empresa 5 ‘Ativo Biolégico Total/Ativo Total solid zo _[ 2011 | 2010 [| 2009 [2008 Battisiella Adm: Participagoes S.A. 0.00% 12.12% 13.51% 12.85% 19.51% Brasilagro S.A, 4.90% 5.55% 10.63% 8.61% — 1.1156 BRF S.A 585% 5.15% 4.61% 537% CEEE-D 114% 1.05% 0.35% 0.62% Celulose Irani $.A. 21.79% 20.31% 20.81% 8.18% ‘Cia Methoramentos de Sao Paulo 293 4.38% 8.33% 591% Cosan S.A. 14.21% 16.06% 16.70% 11.64% Duratex S.A. 006% 2.94% 1.64% 2 1.68% Encorpar S. 16,63% 15.07% 13.88% 16.13% 15.85% Buecatex S.A, 0.00% 0.44% 0.95% 0.00% — 0,00% Fabrica Tecidos Carlos Renaux S.A. 11,63% 11.07% 10,39% 8.62% 7.13% Rerbasa S.A. 11.82% 11.72% 11.77% 10.34% 12.01% Fibria Celulose S.A, % ONG 0.97% 0.75% 1.76% JBS S.A, 3.19% 2.03% 0.98% 082% Karsten S.A. 24.41% 253% 10.00% 8.865% Klabin S.A. 4.68% 4.29% 0.00% — 0,00% Marfrig Alimentos S.A. 1,13% 1.73% 438% Matisa Metalurgia Timboense S.A. 3.45% 3.57% 0.87% Minerva S.A. 0.93% 2.66% 3.34% Minupar Participagdes S.A, 0.00% 0.07% —0,13% 0.66% Rasip Agro Pastoril S.A. 33,38% 38.37% 32,53% 14.76% s 146% 18.96% 20.10% 24.32% So Martinho S.A. 14.16% 13.22% 081% 2.92% 257% SLC Agricola $.4. 8334 7.80% 6.71% 12.39% 12.98% Suzano Papel e Celulose S.A. 1OAB% 1L11% 9.58% 8.52% 6.68% Tereos Internacional S.A 6.56% 6.52% 634% S.BS% 4.78% Trevisa Investimentos S.A. 26.64% 26.06% 26.21% 24.32% 27.10% Vanguarda Agro S.A. 1292% 9.03% 8.03% 2.19% 2.66% Wembley S.A. 0,0035% 0.18% 0.08% 0.00% — 0,00% ‘striae Comércio S.A. 161% 1.83% 1.69% 6.31% _ 6.88% Fonte: Elaboragio propria dos autores com base nas demonstragoes contabeis publicadas, Os maiores indices de materialidade do ativo biolégico so apresentados por: Celulose Irani $.A., Rasip Agro Pastoril S.A., Karsten S.A. e Trevisa Investimentos $.A. Destacando- se que, nas duas tltimas citadas, 0 ativo biolégico nao esta relacionado diretamente as suas atividades operacionais. A Karsten S.A. possui florestas de eucalipto com 0 intuito de obter carvao vegetal para suas caldeiras e de vender a terceiros, ou seja, uma fonte diversificada de R. Cops ISSN OD Conti 175-8069, UFSC, Flori \6polis, v. 12, n. 26, p. 73-98, mai ago. 2015 82 Anilise da evidenciagio sobre & mensuragio de ativos biol6gicos: antes e depois do CPC 29. renda, ¢ 0s ativos bioldgicos da Trevisa Investimentos S.A. sio resultantes do controle da Trevo Florestal Lida, Mesmo que essas nio componham a atividade operacional, deveria haver notas explicativas dada a materialidade dos valores envolvidos, Cabe destaque, também, 0 caso da Renar Magis S.A, cuja participagao dos ativos bioldgicos foi superior a 20% nos primeiros anos do perfodo analisado, contudo, a0 longo de tempo, foi reduzindo-se devido a depreciagdo e exaustio de seus pomares associados com alteragdo da estrutura patrimonial geral da companhia. Nos casos em que o ativo bioldgico esté intrinsecamente relacionado a atividade principal, mesmo apresentando uma baixa magnitude perante o total dos ativos, este pode ser material devido & natureza de sua atividade. As empresas Celulose Irani S.A., Cosan $.A., Karsten §.A., Rasip Agro Pastoril S.A., So Martinho S.A. ¢ Vanguarda Agro S.A. apresentaram uma vatiagdo superior a 100% na relacdo entre ativos biolégicos ¢ total de ativos ao longo dos perfodos. Esse efeito pode ser, substancialmente, explicado pela mudanga do método de mensuragdo desses ativos, jé que anteriormente as culturas eram avaliadas pelo custo de formagio e, em 2010, passaram a utilizar o valor justo, medido pelo fluxo de caixa descontado, ou seja, a considerar a expectativa de beneficios dos ciclos futuros de suas culturas permanentes na avaliacdo desses ativos, principalmente na cultura de cana-de-agticar ¢ florestas de eucalipto e pinus. A IBS S.A. ea Metisa Metalurgia Timboense S.A. também passam pelo mesmo efeito, mas, no caso delas, 0 valor justo foi encontrado com base no valor de mercado em 2010, além de, também, poder ser explicado, em alguns casos, por acréscimos a suas atividades rurais. Em contraposigdo, Minupar Participagdes $.A., SLC Agricola $.A., WLM - Indiistria e Comérvio S.A. e Renar Macs S.A. sofreram com a redugdo da magnitude de seus ativos bioldgicos em relacio ao total de ativos. Isso pode ter ocorrido por apresentarem predominantemente culturas tempordrias de baixo valor justo ou por redugSes na composigaio de suas atividades rurais. Outra explicagio possivel para essas variagées, principalmente as negativas, nos casos em que 0 método do fluxo de caixa descontado foi utilizado para mensurar as plantas € animais vivos, pode ser a taxa de desconto escolhida pela companhia. Como Rech ¢ Cunha (2011) afirmaram, a norma nao estabelece as taxas compattveis com a atividade agropecuatia, portanto nao hi consenso sobre qual taxa utilizar. Hi, dessa forma, 0 risco de subavaliar ou superavaliar esses ativos ao escolher uma taxa inadequada para a al 4.2 Caracterizagiio dos Ativos Biolégicos 4.2.1 Informagoes divulgadas sobre os Ativos Biolégicos A anilise das demonstrag6es contibeis, no perfodo 2008 a 2012, revelou a completa mudanga no conjunto das informagdes entre 2009 e 2010, iniciando com a adogo da, enti nova, expressio “ativos biolégicos”. Anteriormente & vigéncia do Pronunciamento Técnico CPC 29 — Ativos Biolégicos e Produtos Agricolas, a expresso “ativo biolégico” nao era utilizada nessas companhias, entretanto 93,10% da amostra divulgavam informagdes sobre a posse de culturas rurais. J4 em 2010, 100% da amostra indicou sua posse, ¢ 93,33% utilizou esse termo, Em 2012, apesar de 96,67% das entidades que compdem a amostra afirmarem possuir ativos bioldgicos na data de fechamento dos balangos patrimoniais, uma delas, 0 que seria Reiss 83 _ ISSN 2175-8069, UFSC, Florian6polis, v. 12, n. 26, p. 73-98, mai./ago. 2015 % enya Comin Lais Manfiolli Figueira e Maisa de Souza Ribeiro 3.33% da amostra, anunciou a intencdo de descontinuar seu cultivo. Dessa forma, passou a reclassificar seus ativos biolégicos e sua propriedade rural como “mantidos para a venda”, avaliando-os pelo valor justo ¢ seguindo outro Pronunciamento Técnico mais espectfico. ‘A quantidade de empresas que informou a caracterizagdo fisica dos ativos, conforme a Tabela 2, mais que triplicou com a adog3o da nova norma, No entanto, as classificagdes dos ativos, sugeridas pelo Pronunciamento, entre Maduros ¢ Imaturos e Consumiveis ou de sio pouco utilizadas, assim como verificado também por Scherch ef al. (2013). Igualmente a Silva ef al. (2013), constatou-se que esse setor é muito heterogéneo, sendo estas as culturas mais recorrentes da amostra analisada: florestas de eucalipto, criagao de gado bovino, florestas de pinus e plantagdes de cana-de-agticar, soja e milho e criagdo de aves. Foi verificado que, antes da adogao do CPC 29 nos anos de 2008 e 2009, as empresas, na maioria das vezes, nao detalhavam o ativo biolégico que possufam, segregando as culturas em termos como “Culturas Temporarias”, “Culturas Permanentes”, “Florestas” ow “Reflorestamento” ‘Tabela 2 ~ Informacées divulgadas sobre a descricao dos Ativos Biolégicos DOD [20H [2010 | 2000" | FOE ins & Ome ww SETA —ay | 39 | ww | sr fm Sm] & [Sim] © [Sim] & [Sm] © [Sim sien ilo @) Qian (care abo [sale sala [re] > De] Pe Dargo ds Gls Pods 15 [50%] 15 [soe] 15 [soe] 5 [iow] 5 9 © aalago 13 [ae] 12 [aon] 2 [aoe] 2 [7a [2 [7 2) Quin fo oavos Wado deer? Dy Bains 7 [ave] 9 [oe | 9 [soe] 7 [aoa 7 [ao Dai Te l4 fis] « [aoa] 2 [re | 2 [7 © Euan 12 [aow] 12 [aoe 12 [aor] « [ase] 3 [ie Pins 7 [esal7 fase] 7 [psa 2 [re [2 [7m Aves efnale fies] @ [oa] + ise] a [ise ‘Hs dso es Crs Famine 5 Tana 4 [arse] » [som + [isa 4 [ise 4 ano cae CATES ®] 2 Toe a [rw] a r=] 0 low] 0 [om ada grupo de ativos biolégicos? | 23 |77%| 23 |77%| 23 [77%] 2 | 7% | 2 | 7% ISSN 2175-8069, UFSC, Floriandpolis, v. 12, n. 26, p. 73-98, mai Jago. 2015 84 Analise da evidenciag2o sobre a mensuragio de ativos biol6gicos: antes e depois do CPC 29, A maior auséncia de informagées a respeito das caracteristicas fisicas do ativo biolégico e sua forma de uso nos primeiros anos analisados comprova que a assimetria informacional existente antes da instituigao da norma contabil era, expressivamente, maior. 4.3 Métodos de Mensuragao Adotados pelas Organizagées Houve a ocorréncia de duas organizagdes que mensuraram seus ativos biolégicos ao valor justo antes de 2010; as demais avaliaram pelo custo histérico, Em 2009, uma delas (Celulose Irani S. A.) adotou antecipadamente o pronunciamento técnico CPC 29, passando a tratar seus ativos biolégicos a valor justo pelo método do fluxo de caixa descontado. A outra mensurou seus ativos a valor justo, tanto em 2009 quanto em 2010, devido a ocorréneia de redugdes sucessivas do valor justo do ativo, que passou a ser inferior ao custo histérico, segundo relata a entidade. Por ser classificado em “Estoques”, 0 ativo biolégico era avaliado a custo de formagdo ou valor de mercado, dos dois 0 menor. Tais desvalorizagdes continuas incentivaram a descontinuagao da producao desses ativos especificos, 0 que acabou ocorrendo em 2010. Portanto, a tiltima foi uma ocorréncia anémala e nao relacionada com 0 novo conceito de valor justo que se introduzia por meio do CPC 29. ‘Tabela 3 Informagdes divulgadas sobre o Método de Mensuracao de Ativo Biolégico Adotado pelas Organizacies 2012 2011 2010 2009 2008 Nimero de Organizagées usadas como] 55 5 a 5 a hase para o ealeulo dos percentuais Sm @ [Sm] % [Sim [Sin % [Sim | = 1 Afema que avai Avs Bowes] 25 [one | a5 [ons] 26 [ara] 2 [7% | 1 | oe 2) Infornagies bre 0 wllodo as premissar sgnifeativas aplicados na! 19 | 3 ’ won| 2 | 7 ‘ determinagio do valor justo de cada Pe ee ie ee eet eee |e : a grupo de ativos biolégicos? 3) Metodologia de Valoragio Adotada: 3) Valor de Mera oe 7m] se oom | 0m 1) Foxe de Cla Deseo Tame a [area fare ap | 0 om ) Casto Histreo + [ise 4 [am] 413K | 2s [ose 26 oe Foxe de Caixa Decoadae Cato : , a ; 1 a) Fao a [ue] 4 [iow] 4 fase] o [ow | 0 | ox e) Nao Avalia 0 Ativo Brologico, 86 produto Agricola o |o%} o |o% | o |o%} 0 | o% | o | o% Fux de Cais Desomadoevatord® > out 9 [ow | o [ow | o [ow | 0 | ox 1) Custo de Reposigio e Fluxo de Caixa a , Peas 1 |a%] 1 |a% | 1 [3%] o | om] o | 0% @) Valor de Mercado e CustoHistorico | 3 | lo%| 3 |lom| 5 |im@| 1 | 4m] 1 | 4% hh) Nao Informa T[3%[o|oe] o [ow] o fom] o | om Fonte: Elaboragio propria dos autores com base nas demonstragdes contabels public Em oposigio aos achados de Scherch et al. (2013, p. 482), que, ao analisarem as informagdes contabeis de 24 empresas para 2010, ndo identificaram empresas que utilizassem somente 0 custo histérico na mensuraco de ativos biolégicos. Foram identificadas quatro Qk 7-73-98, mai lago. 2015 QUCarn @ Conia 85 ISSN 5069, UFSC, Floriandpolis, v. 12, n. 2 Lai Manfiolli Figueira e Maisa de Souza Ribeiro empresas que afirmaram ayaliar somente pelo custo histérico, isto é, 13,33% da amostra (BRF S.A., Cia Melhoramentos de So Paulo, Minupar Participagdes S.A. ¢ Renar Macias S.A.). No ano oficial da adocdo inicial dese Pronunciamento, 86,67% da amostra afirmavam que mensuravam 0 ativo biolégico pelo valor justo, e 13,33% ainda mantinham registros somente pelo custo hist6rico. Jé em 2012, esse percentual passou para 93,33% pelo valor justo, enquanto que a metodologia do custo hist6rico se manteve em 13,33% da amostra, 0 que demonstra haver equfyoco em relagiio ao uso ou relato dos conceitos contabeis, assim como em Sahara et al. (2011). Esse entendimento decorre do fato de que 6,67% da amostra (BRF S. A. © Cia Melhoramentos de Sao Paulo), em 2012, afirmaram que estavam em conformidade com o conceito de valor justo, mas declararam avaliar scus ativos biolégicos somente pelo custo histérico, que ndo é considerado uma metodologia para célculo do fair value. A justificativa dessas empresas € fundamentada pela ideia que 0 custo de formagao de seus ativos ¢ muito préximo de seu valor justo. Isso esté correto, pois, no momento da transagdo de compra dos insumos bésicos ¢ iniciais, 0 custo de aquisigao € 0 préprio valor justo, mas, sendo assim, deve ser esta a denominagio a ser assumida. Provavelmente, uma explicago sobre essa condigio deveria ser dada na Nota Explicativa que trata de politicas contébeis, mas, no restante do relat6rio, a expressdo valor justo € a que deveria prevalecer para dar consisténcia ao texto. Além disso, 0s textos das demonstragdes financeiras de algumas empresas da amostra desta pesquisa declaravam que ativos biolégicos usados internamente em. suas atividades operacionais deveriam ser mensurados pelo custo de formago. Uma vez que a finalidade deles nao seria a venda ao mercado, a mensurago a valor justo refletiria uma intengo econdmica que a empresa ndo possui e supervalorizaria 0 custo de produto vendido nas demonstragées de resultado. Todavia, o valor em uso poderia ser uma alternativa para tais empresas visto que poderia refletir a realidade quanto ao potencial dos recursos que ela tem 2 sua disposigdo (CPC 46). Assim, constatou-se a utilizagio do custo de aquisigdo por duas razdes: proximidade a0 valor justo € em fungdo da finalidade de consumo dos ativos em questo. Uma das empresas da amostra (Tereos S. A.) afirmou que utilizava 0 custo de reposigdo como método para definir o valor justo, Essa alternativa passou a vigorar somente em 2013, por meio do Pronunciamento Técnico CPC 46 ~ Mensuracao do Valor Justo, 0 qual prevé que a avaliagdo a valor justo pode coincidir com um valor de entrada. O conceito de valor justo est vinculado & ideia de valor de safda, porém a aceitabilidade dessa alternativa estd relacionada com a impossibilidade de encontrar um valor de safda que melhor represente © valor justo do ativo em questio. Essa informagio foi colhida no perfodo de 2010 e 2012, enquanto que o referido CPC 46 entrou em vigor no Brasil a partir das demonstragdes financeiras de 2013 Entre as companhias da amostra que afirmaram avaliar ao valor justo, cerca de um tergo ndo informa a periodicidade com que efetua a revisdo desse valor, e outro tergo divulgou que realiza essa revisio trimestralmente, supostamente em funcio do encerramento das demonstrag6es intermedisrias que devem ser entregues 4 Comissio de Valores Mobilidrios (CVM). A empresa Metisa, do ramo de metalurgia, possui florestas de eucaliptos ¢ pinus € declara que revisa scus valores a cada trés anos. Ressalta-se 0 risco de defasagem das informagdes, entretanto essa decisdo pode estar embasada na relagdo custo-beneficio para apuragio do referido valor em intervalos menores de tempo, além do que, até os trés anos, yom ISSN 2175-8069, UFSC, Florian6polis, v. 12, n. 26, p. 73-98, mai/ago. 2015 86 Cena Anilise da evidenciagio sobre a mensuragio de ativos biol6gicos: antes e depois do CPC 29. esse tipo de cultura fica avaliado pelo custo histérico, como jd mencionado. Destaca-se que 0 ciclo produtivo da cultura de eucaliptos e pinus pode consumir até 21 anos. Apés a adogao inicial do CPC 29 em 2010, quatro empresas da amostra justificaram a no aplicagaio do método do valor justo para todos os seus ativos bioldgicos. Dessas quatro, duas (Renar S. A. e Minupar S. A.) foram as que avaliaram todo seu ativo biolégico pelo custo histérico sem afirmar que avaliavam a valor justo. Outra, a Cia Melhoramentos de Si0 Paulo, indica a intenco de combinar métodos de mensuraco, avaliando seus ativos no estado inicial a custo de formacdo, justificando que, nessa fase, niio havia mercado ativo, e as mudangas biol6gicas eram insignificantes para a realizagdo do método do fluxo de caixa descontado e que posteriormente passara a valorizé-los pelas metodologias que compéem a hierarquia do valor justo. A BRF S. A. justifica por meio de laudo que o valor justo de seus ativos biolégicos é bem representado pelo custo de formagao devido ao curto tempo de seus ciclos de vida e 2 utilizagdo interna desses ativos no processamento industrial Dentro da amostra € possivel identificar empresas que apresentam a aplicagao de mais de um método de mensurago para seus ativos biolégicos, que se justifica em alguns casos pela existéncia de ativos em tempos diferentes de maturagio, j4 em outros. por haver ativos bioldgicos de natureza diferente. Em ambos os casos, 0 uso de mais de um método & explicado quando parte dos ativos se encontra em estégio de maturagdo avangado, 0 qual pode apresentar mercado ativo, sendo possivel o uso do valor de mercado, enquanto que o restante se encontra em estigios iniciais de desenvolvimento sendo mais vidvel o valor em uso, fuxo de caixa descontado, ou mesmo 0 custo, quando 0 valor justo nao for confidvel. Durante as andlises dos relatérios contébeis, foi verificado que as informagdes numéricas dessa classe de ativos biol6gicos, normalmente, nao so divulgadas separadamente para os diferentes grupos de culturas que a organizaco possui. Esse fato pode dificultar a0 usuario externo © entendimento referente ao céleulo e & composi¢zo do valor justo desses ativos. O niimero de empresas que avaliava pelo custo hist6rico reduziu substancialmente nos ltimos anos, fato que revela os efeitos da adogdo do pronunciamento Aquelas que ainda usavam 0 custo histérico se justificaram com os argumentos ja comentados por Theiss ef al. (2011) de que 0 ativo no possui mercado ativo no estégio em que se encontra, pois, nesse periodo, passa por transformacdes biolégicas insuficientes para justificar o céleulo do fluxo de caixa descontado, ou mesmo que 0 uso do valor justo nao reflete a intencio econdmica da empresa visto que o bem ¢ utilizado internamente no processo produtivo desta. As companhias que aplicam o custo de formacio comentaram sobre a realizagio de exaustdes devido A colheita desse ative. Entendendo-se que depreciagiio ¢ exaustio so indnimos em sentido amplo, © que justificaria 0 cumprimento da Norma, o fato é que a € um termo utilizado para refletir 0 esgotamento do potencial de geragao de beneficios econdmicos, bastante apropriado para recursos naturais (minerais e florestais) que no se renovam, enquanto que a depreciagio € utilizada para bens fisicos (MARION, 2012, p. 56), mas o termo nao é utilizado pela Norma. 87 _ ISSN 2175-8069, UFSC, Florianépolis, v. 12, n. 26, p. 73-98, mai /ago. 2015, Lafs Manfiolli Figueira e Maisa de Souza Ribeiro ‘Tabela 4 ~ Informacées divulgadas sobre a Mensuracio pelo Custo Histérico 2012 2011 2010 2009 2008 ‘Niimero de Organizagdes usadas como base para o edleulo dos percentuais ea a be i ea ‘sim | % [Sim] % [Sim] % [Sim] % [Sim] % T) A entidade mensura ativos biolGgicos pelo custo, menos qualquer depreciacao e| 12 | 40% | 13 |43%| 13 |43%] 25 |93%| 26 | 96% perda no valor recuperdvel acumuladas? a) Se sim, divulga a explicagio da razio pela qual o valor justo néo pode ser rmensurado de forma confidvel (PGs CPC 2992 ) Se sim, divalga, se possivel, uma faixa de estimativas dentro da qual existe alta! 0 | 0% | 0 | 0%] 0 | 0%} 0 | o%| 0 | o% probabilidade de se encontrar o valor justo; ©) Se sim, divulga o método de depreciagio utlizado? @ Se sim, divulge a vida Wil ou a taxa de Ceececmaier 4 | 33%] 4 ]31%] 4 faim] 15 60%] 16 | 62% ©) Se sim, divulga 0 Toul Brito ea epreciagio acumulada (adicionada da porte te recupersbiidads senetads) no| 2 | 25% | 3 [23%] 3 ]23%| 14 |soxe| 15 | sexe inicio e no final do periodo? 1 Se sim, divulga ganho ou perda reconhecido sobre a venda de ativos| 2 | 17%] 2 |1s%] 2 ise] 0 | o% | 0 | o% bioligicos mantidos pelo custo? Fonte: Elaboracio propria dos autores com base nas demonstragbes Contabels publicadas 10 | 83% | 11 [85%] 11 |85%] 0 | om] 0 | om 3 | 25% | 3 }23%| 3 |23%| 16 | 64% | 17 Jos % Segundo a Tabela 5, dentre as companhias da amostra que mensuraram 0 ativo biolégico, pelo menos 53% utilizaram o fluxo de caixa descontado como um dos métodos escolhidos para a avaliagdo desses ativos em 2010, 2011 ¢ 2012. Contudo, excluindo as empresas que no divulgaram qualquer tipo de informagao sobre a definigao da taxa de desconto (pelo menos, 24% da amostra), a maior parte das empresas apresentou um valor percentual de taxa sem se referir & origem (como, por exemplo, WACC, CAPM, ANBID ou ‘outra qualquer) desse valor entre 2010 e 2012. My: apis & ISSN 2175-8069, USC, Florianépolis, v. 12, n. 26, p. 73-98, mai/ago. 2015 88 Const Anilise da evidenciaglo sobre a mensuragio de ativos biol6gicos: antes ¢ depois do CPC 29. ‘Tabela 5 - Informacdes divulgadas sobre Mensuragio pelo Fluxo de Caixa Descontado 2012 2011 2010) 2009 2008) Nimero de Organizages _usadas como base para o céleulo dos| 30 30 30 2 2” percentuais, Sim | % | Sim] % |Sim] % |Sim] % | Sim] % 16 | 53%] 17 |s7%| 17 |s7%| 1 | 4m | 0 ox 1) Usa Plaxo de Caixa Descontado como um dos métodos adotados’? ‘@) Se sim, qual a taxa de desconto utilizada? i) Nao Informa + [am] 6 [3% 4 [2ae[ 0 | om [0 fom ii) Weighted average cost of capital =WACC Til) Relata um pereentual de taxa de desconto, sem se referir a sua origem iv) Custo de Capital Priprio. i [oe [i [oe | 1 [ow [1 [ix 0 [om ¥) Weighted average return on ae 0 | 0%} o | o%}] 0 Jom] o | om | o Jom vi) “Taxa de desconro compativel] 5 Ii9q1 3 liswl a laaml o | ow | 0 low ‘para remuneragio do investimento' vil) "Taxa corrente do mercado’ o [ox | o [ox [0 [om [0 | 0% [0 [ox ) Se sim, divulga o valor percentall 9 Tse] g Taral e tare! 1 |ioowl o lox dessa taxa de desconto? ©) Se sim, divulga as premissas utilizadas no céleulo do Fluxo de] 13 | 81%] 14 | 82%] 16 94%] 1 | 100%] 0 Jom Caixa Descontado? @) Se sim, divulga a fonte utilizada para valorar os pregos fururos no] 13 | 81%] 14 | 82%] 13 | 76%] 1 | 100%] 0 Jom Fluxo de Caixa Descontado? Fonte: Elaboracio propria dos aurores com base nas demonsiragbes contabeis publicadas, 4 |2sm] 3 [ise] 3 J1sm] o | om | 0 Jom 4 |25%] 4 | 24%] s | 20%] 0 | o% | 0 Jom 7 A empresa que alirmou fazer uso do método fluxo de caixa descontado para avaliar seus ativos biolégicos em 2009 foi aquela jé mencionada que optou por adotar 0 CPC 29 antecipadamente para avaliar suas culturas. Para isso ela divulgou o valor da taxa de desconto utilizada, que foi seu custo de capital proprio e divulgou todas as premissas utilizadas para tais cdlculos ‘Ao longo do tempo, apés a adogao inicial, houve uma redugdo no niimero de empresas que divulgam as premissas utilizadas no cdleulo do fluxo de caixa descontado e que divulgam a fonte usada para pesquisar os pregos utilizados na determinagdo dos fluxos de caixa positivos esperados. A auséncia de informagdes, ou mesmo a divulgacao superficial, sobre as premissas utilizadas para o célculo do valor justo e, no caso do uso do método fluxo de caixa descontado, a taxa de desconto inviabiliza a comparabilidade entre as empresas, 0 que dificulta a tomada de decistio dos usuarios externos. Antes da ado ionais de Contabilidade, quando ativos biol6gicos eram mensurados unicamente pelo custo histérico, os valores eram, geralmente, reconhecidos de forma agregada dentro das contas referentes a imobilizados ou a estoques. fato que coincide com um dos regimes de evidenciagdo apresentado por Barth, Clinch e Shibano (2003), qual seja: 0 reconhecimento de valores contébeis em contas separadas do demonstrative financeiro. As Notas Explicativas, normalmente, apresentavam dados sintetizados somente sobre os métodos de depreciagao e de exaustio, além de poucas tabelas 89 ISSN 2175-8069, UFSC, Florianépolis, v. 12, n. 26, p. 73-98, mai /ago. 2015 4 Cone Lais Manfiolli Figueira e Maisa de Souza Ribeiro com os valores financeiros referentes aos grupos que compunham os valores agregados das contas referentes a imobilizados ou a estoques. Com adogao do CPC 29, devido & maior complexidade da avaliagao a valor justo e, principalmente, as orientagdes sobre divulgagdo presentes em pronunciamentos técnicos contabeis, passaram a ser necessérias todas as informagdes relevantes para justificar a adogdo de politicas contébeis © a realizagio de célculos de estimativas contébeis, ou seja, com as novas orientagdes hd a exigéncia e necessidade de mais transparéncia contabil. Ness contexto, as demonstrag6es financeiras passam a contemplar um regime de evidenci avangado em que para Barth, Clinch e Shibano (2003) 0 reconhecimento dos valores contabeis continuam agregados no balanco patrimonial, de forma a se obter um demonstrativo mais sintetizado, e sio acompanhados de notas explicativas que contém as informagdes relevantes sobre esses valores. Nos anos apés essa adogio, foi visivel a evolugo da informagao contabil publicada em relagio aos perfodos anteriores, entretanto esse aumento nio significou necessariamente o aumento da qualidade dessa evidenciagao. Isso ocorre, pois como foi observado por Barros et al. (2012) e pela presente pesquisa geralmente nem todas as premissas relevantes foram divulgadas pelas empresas e, muitas vezes, estas foram apresentadas de forma superficial, mostrando que as empresas, na maioria das vezes, preocupam-se somente em cumprir com suas obrigagdes normativas e ainda nao visam auxiliar o usudrio externo na realizagdo de andlises que viabilizariam sua tomada de decisio. Essa superficialidade em relagdo & divulgacdo das premissas de avaliagdo do ativo pelo valor justo também é percebida na Australia por Herbohn e Herbohn (2006). Assim, mesmo havendo uma evolugio da informagio divulgada, a assimetria informacional entre organizago e mercado pode ser relativamente a mesma existente anteriormente, j4 que. com a alteragio da forma de mensuragio de ativos biolégicos, hd. um aumento no total de informagdes relevantes ao usudrio externo. De acordo com a Tabela 6, mais de 80% das empresas que afirmaram avaliar seus ativos biolégicos pelo valor justo divulgaram ganho ou perda devido a variagdes desse valor a0 longo do perfodo analisado. Entre 2010 e 2012, 0 percentual de empresas que nao divulgaram em que conta de resultado contabilizava essa mudanca era alto; a maior parte das que o faziam indicava que utilizava uma conta separada chamada “Variagao do Valor Justo dos Ativos Biolégicos” ou “Ajuste Liquido do Valor Justo dos Ativos Biologicos” A partir de 2010, seis empresas passaram a divulgar que reconheciam essas variacdes dentro da conta de “Receita Operacional”, e uma outra empresa evidenciou que, quando for uma variagio positiva, evidenciaria dentro dessa conta. Contudo, segundo 0 Pronunciamento ‘Técnico CPC 30 (R1) ~ Receitas, o reconhecimento da receita contabil deve ocorrer somente quando hi a transferéncia do controle, dos riscos ¢ dos beneficios do ativo. Assim, a avaliagdo do ativo biolégico pelo valor justo ndo caracteriza uma transferéncia de controle, riscos © beneficios desse ativo, portanto uma variago desse valor nio justifica o reconhecimento em uma rubrica de receita operacional. Nesses casos, 0 tratamento adequado seria considerar essa variago em uma linha separada, e ndo agregado em “Receita Operacional”, pois, dessa forma, haveria um destaque para o valor econémico que esté afetando o resultado ¢ é passtvel de alteragdo nos outros perfodos, visando a maior transparéneia para auxiliar 0 ususrio da informagao em seu processo de tomada de decisao. ISSN 2175-8069, UFSC, Florianépolis, v. 12, n. 26, p. 73-98, mai/ago. 201590. Anilise da evidenciaglo sobre a mensuragio de ativos biol6gicos: antes ¢ depois do CPC 29. Tabela 6 ~ Informagées divulgadas sobre ganho ou perda devido & mudanca do valor justo 2012 | 2011 | 2010 | 2009 2008 Niimero de Organizagdes usadas como base para o céleulo dos percentuais Gd ca aa Z i sim] % [sim] @ [sim] % |sim[ @ [sim] 1) Ha divalgagio de ganho ou perda do periodo em relagio a mudanga do Valor| 23 ]82%| 25 ]89%| 23 [88% | 2 [100%] 1 | 100% Isto do Ativo Biolégico? ') Se sim, em que rubrica esta contabilizado © ganho ou a perda devido a mudanga do Valor Justo do Ativo Biolégico? i) Receitas Operacionais © [26m] 6 [ram] 6 [2om| 0 | om [0 [0% ii) Custo de Produto Vendide 2 [ow] 2 [ex|2 [onto [ox [0 | om iti) Quando for uma variagdo positive em Receita e quando negativa em Custo do] 1 | 4%| 1 | 4%] 1 | 4% | 0 | o% | 0 | o% Produto Vendido i) Variagao ou Ajuste Liquide do Valor Iusto dos Ativos Biolégicos ¥) Ganho ou Perda do Valor Justo dos Ativos Biolégicos vi) Nao Informa 6 |26%| 6 [24% 3) Ha divulgacao de ganho ou perda do perfodo em relago ao produto agricola? 4) Divulga perdas devido a sinistros? 0 [ox [0 [ow 0% | 0 | 0% | 0 | om 5) Divulga perdas irrecuperdveis? o [ox] o fox] o [ox] o | o% | 0 | om Fonte: Elaboragiio propria dos autores com base nas demonstrages contabeis public 8 35%] 10 |40%| 10 }43%] 0 | om | 0 | ox 1 | 4%} 0 | ow 0m | 0 | ow | 0 | ox 17%| 2 [100%] 1 | 100% 0 7 6 |2i%| 6 }2i%| 4 fase] 1 | som] 1 {100% o © mesmo ocorre com aquelas empresas que, a partir de 2012, divulgaram que reconheciam essas variagdes na conta de “Custo de Produto Vendido”. A apropriagdo dessa variagdo nos custos de produtos vendidos, quando esse ativo nao foi vendido nesse ciclo operacional, pode gerar resultados equivocados como a subavaliago, em caso de variagao positiva, ou superavaliagdo, quando for variaco negativa, desses custos divulgados pela empre Uma vez que as premissas para a mensuragdo dos ativos biolégicos deixam a desejar, ‘ou seja, apresentam poucos dados que permitam ao usudrio externo o entendimento e a possibilidade de reprodugao dos célculos executados, a conciliagdo dos valores de um perfodo para outro é uma 6tima alternativa para que 0 usudrio entenda as moyimentagdes que ocorteram com 0 ativo da empresa ao longo do ciclo operacional. Reis Contec 91 ISSN 2175-8069, UFSC, Florianépolis, v. 12, n. 26, p. 73-98, mai /ago. 2015 4 Conte Lai Manfiolli Figueira e Maisa de Souza Ribeiro ‘Tabela 7 — Informagées divulgadas sobre a conciliagao das mudancas no valor contabil de ativos biolégicos entre o inicio ¢ o fim do periodo corrente 2012 2011 2010 2009 2008 30 30 30 27 27 Sim | % [Sim] % |Sim] % | Sim] % | Sim] % 1) HA conciliago das mudangas no valor conti de ativos biol6gicos entre| 26 | 87% 25 | 83%] 23 |77%| 10 | 37%] 10 | 37% © inicio € 0 fim do periodo corrente” 1) Se sim, a conciliagao inclui ganho ow perda decorrente da mudanga no valor! 22 | 85%| 23 |92%| 21 |91%] 0 | 0% | 0 | o% _justo menos a despesa de venda? 'b) Se sim, a conciliagto inclui aumentos| 15 | aay, | § devido as compras? ©) Se sim, a conciliagio inclui redugdes atribufveis as vendas e aos ativos biol6gicos classificados como mantidos| 11 | 42% 10 | 40%] 10 |43%] 1 | 10%} 1 | 10% para venda ou includes em grupo de ativos mantidos para essa finalidade? @) Se sim, a conciliagio inclui aumento decorrentes de mudangas fisicas| 20 | 77% 19 | 76%] 17 |74%| 4 | 40% (plant, tratos, crescimento)? Fonte: Elaborago propria dos autores com base nas demonstragGes contdbels publicadas, 32%] 9 |30%] 8 | soe] 8 | 80% g A conciliagdo de mudangas no valor contabil desses ativos ja era utilizada em 2008, entretanto, ao ser recomendada pelo Pronunciamento Técnico CPC 29, mais empresas passaram a adoti-la, pois, assim como ja havia sido mencionado, muitos acreditam que ela serve como forma de comunicar ao usudtio todos os clementos relevantes sobre as movimentagdes dos saldos das contas de ativos bioldgicos, sem que seja preciso demonstrar a origem desses valores. Esse tipo de informagio passou a ser divulgado por 86,67% da amostra em 2012, ¢ as atividades conciliatérias mais frequentes so as mudangas fisicas do ativo, a realizago de colheitas e, nos tiltimos trés anos, o ganho ou a perda de valor devido A mensuragdo ao valor justo. Mesmo antes de © CPC 29 recomendar essa prética, mais de um tergo das companhias da amostra que afirmavam possuir ativo biolégico evidenciava essas informagées. 5 Consideragbes Finais Apés avaliar 0 comportamento da informagio evidenciada sobre mensuragio dos ativos biol6gicos, pode-se verificar 0 aumento substancial da quantidade e do detalhamento de informagdes, incluindo as razes que envolvem a escolha do método de mensuragio para avalid-los; todas elas so produzidas por imposic¢ao do CPC 29. O método de avaliagio preponderante foi o do fluxo de caixa em fungdo da inexisténcia de mercado ativo para itens que estejam em processo de maturagdo e, também, pela maior facilidade que 0 método em {questo proporciona a empresa. Todavia, tal escolha traz. em si a incerteza quanto ao grau de proximidade com a realidade, haja vista a diversidade de alternativas de taxas de descontos a serem utilizadas. Contudo, apesar dessa incerteza técnica, 0 mercado por si s6 tem alto potencial de conduzir a comportamentos homogéneos. Observaram-se casos em que o custo Rew "ys siytea ISSN 2175-8069, UFSC, Florian6polis, v. 12, n. 26, p. 73-98, mai/ago.2015 92 Connie Anilise da evidenciaglo sobre a mensuragio de ativos biol6gicos: antes ¢ depois do CPC 29. hist6rico prevalece, seja porque a constituicdo se dé em perfodo préximo ao encerramento das demonstrag6es financeiras, seja pela auséncia de dados que permitam outra forma de apurago do valor justo O estudo foi feito com base em andilise documental das demonstragdes contabeis de ‘empresas classificadas na BM&FBovespa, que tinham saldo em ativos bioldgicos entre 2008 € 2009. O montante de tais ativos foi confrontado com o ativo (otal de forma a identificar vel de materialidade do objeto de estudo, tendo-se constatado representatividade significativa em todos os casos. Antes da adogio do referido CPC 29, nos anos de 2008 2009 da amostra, a informagdo publicada sobre ativos bioldgicos era escassa e superficial, sendo os valores contabeis reconhecidos de forma agregada, ou seja, seguindo o regime de evidenciag2o apresentado por Barth, Clinch e Shibano (2003). J4 em 2010, 2011 e 2012, com a avaliagdo dos ativos biolégicos a valor justo, passou a existir um volume maior de informagao relevante relativa ao reconhecimento e & mensuragio, ou seja, tornou-se necessiria a divulgagdo de um volume maior de dados ~ como a razio da escolha de uma metodologia de valoragao em contraposicao a outra e as premissas utilizadas para o calcul dessa estimativa — para que os usudrios extemos possam entender e comparar as demonstragbes contabeis das empresas. Além dessas informagdes exigidas pela maior complexidade da mensuragio, observou-se 0 aumento de informagdes a respeito das caracteristicas fisicas dos ativos bioldgicos, de suas finalidades para a empresa, das atividades operacionais que os envolvem, ou seja, da inteneZo da organizagZo ao possuir essas culturas. Antes, 0 conjunto de demonstragdes contibeis publicado era enxuto, normalmente ndo apresentando esse tipo de informagao que é essencial para que os usudrios externos primérios, investidores e credores existentes ¢ potenciais possam compreender a entidade e tomar suas decisdes. Isso significa que a assimetria informacional entre as organizagdes e o mercado antes era maior, © que pode ser explicado pela auséncia de orientagdes que informassem a elas o que seria relevante para a tomada de decisiio daqueles que esto fora da entidade. Devido a existéncia de informagdes mais complexas intrinsecas & nova metodologia de mensuracdo adotada para ativos biolégicos e A exigéncia de diversos requisitos de divulgagao em norma contabil especifica, esta pesquisa jd esperava que houvesse evolugdo das informagoes publicadas. No entanto, esse aumento nao significa necessariamente que houve um aumento na utilidade das demonstragdes para 0 usudrio, ou mesmo que essa se tornou mais relevante ou comparativa e que houve uma redugZo na assimetria informacional entre a organizagio e 0 mercado. Muitos dos dados presentes nos relatérios analisados sto superficiais, servindo unicamente para cumprir requisigdes legais, assim como constatou Barros et al. (2012). Este trabalho constatou que ainda siio escassas as informagGes evidenciadas a respeito das premissas utilizadas na determinagao do valor justo pela metodologia do fluxo de caixa descontado, apesar de ser o mais utilizado. A no divulgagdo das premissas utilizadas pode comprometer 0 grau de comparabilidade entre as empresas, e, portanto, comprometer 0 proceso de decisiio do usuirio extemo. Isso ocorre devido ao fato de nao haver um consenso em relagdo a essas premissas e elas poderem ser determinadas internamente pelas empresas, como qual taxa de desconto utilizar no célculo e qual a fonte de precos utilizada para definir as entradas de caixa futuras, ou seja, pode-se afirmar que elas contém certo grau de subjetividade. 93 ISSN 2175-8069, UFSC, Florianépolis, v. 12, n. 26, p. 73-98, mai /ago. 2015 Lafs Manfiolli Figueira e Maisa de Souza Ribeiro presente trabalho foi feito com base no cenério vigente, entretanto hd indicios de que nos préximos anos possam ocorrer mudangas na forma de contabilizagdo de alguns casos de ativos biolégicos ¢ no tipo de informagao exigida para divulgagdo, como, por exemplo, discuss6es correntes em relagiio A contabilizagdio de Bearer Plants (ativos biolégicos que existem para produzir ativos biolégicos/produtos agricolas). Como sugestio para futuras pesquisas, seria interessante a realizago de um estudo referente a opiniio dos usuarios extemnos, por exemplo, analistas de mercado, em relaco a mudangas contabeis ligadas ao Pronunciamento Técnico CPC 29, buscando averiguar se acreditam que foram titeis e se so efetivamente relevantes para seu propésito. Outra continuidade interessante para essa pesquisa seria verificar se, com a evoluco da informagio contabil, houve o aumento de sua qualidade, se aumentou atendimento as caracterfsticas qualitativas fundamentais e de melhoria. Referéncias ARGILES, J. M.; GARCIA-BLANDON, J.; MONLLAU, T. Fair Value Versus Historical Cost-Based Valuation for Biological Assets: Predictability of Financial Information. Spanish Accounting Review, v. 14, n. 2, p. 87-113, 2011 BACCARIN, J. G. Sistema de producio agropecuario brasileiro: caracteristicas e evolugao recente, 2 ed. Sao Paulo: Cultura Académica/UNESP, 2011. BARROS, C. C.; SOUZA, F. J. V.; ARAUIO, A. O.; SILVA, J. 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