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Thiago Nunes
1 - Introdução sobre fraturas
Turma 145
2 - Fraturas expostas
3 - Complicações das fraturas
4 - Osteomielite e artrite séptica
5 - Fraturas proximais do fêmur
6 - Fraturas de pelve
7 - Trauma raquimedular
8 - Luxação do ombro
9 - Lesões menisco-ligamentares
10 - Entorse do tornozelo
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- Utilizam-se parâmetros:
OBS: Fratura em galho verde: é uma fratura incompleta e ocorre somente em crianças, devido ao periósteo
que é grosso suficiente para evitar lesão das duas corticais. Para sua redução é necessário transformar
cirurgicamente a fratura em completa.
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Consolidação óssea
Direta ou primária
- Quando form-se osso diretamente, sem matriz cartilaginosa ou reparo intermediário.
- Ocorre quando a estabilidade é perfeita, o que occore somente quando se usa placa e parafuso.
- Ao RX, não se nota o calo ósseo
Indireta ou secundária
- É a mais comum. Antes de formar o osso, forma-se tecido fibrocartilaginoso intermediário.
- Ocorre quando há estabilidade parcial, que ocorre na maioria dos métodos de tratamento.
- Ao RX, nota-se o calo ósseo.
- Possui 3 fases:
a) Hematoma fraturário: imediato
b) Calo mole: dura 2 semanas
c) Calo duro: após 2 semanas até 9 meses.
- Com 6 semanas há consolidação clínica.
- Com 6 meses há consolidação radiológica.
- O tempo máximo para consolidação radiológica é de 9 meses.
Problemas na consolidação
Consolidação viciosa
- Quando a consolidação ocorre na posição de deformidade.
Pseudoartrose
- É a ausência de consolidação de fratura de 6 (aula Ubiratam) a 9 meses (OMS) após a fratura.
- Principais causas são: fixação inadequada, osteomielite e necrose de fragmentos fraturários.
- Há 2 tipos de pseudoartrose:
Hipertrófica ou bem-vascularizada (sem estabilidade)
- Distúrbio mecânico, com movimento no foco da fratura.
- Por ser bem vascularizada, forma o calo ósseo.
Atrófica ou avascularizada
- Não forma o calo ósseo.
Pré-hospitalar
Imobilzação provisória com talas
Hospitalar
Analgesia venosa
Redução da fratura
Estabilização da redução
Profilaxia antitrombótica
Redução
Redução Cirúrgica/Aberta/Cruenta
- Indicada para fraturas cominutivas, instáveis (dor contínua ou desvio mantido após redução incurenta),
intraarticulares ou expostas em sua maioria.
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Redução Fechada/Incruenta
- Há duas modalidades de redução incruenta:
• Manipulação
- 3 etapas: tração longitudinal > acentuação da deformidade > redução da deformidade
- Indicações:
Fratura diafisária fechada simples
Fratura de falanges
Fratura distal do rádio (Fratura de Colles) no adulto
Fratura do úmero supracondiliana com desvio na criança
• Tração contínua
- Há duas técnicas de tração contínua:
Cutânea: nas crianças.
Esquelética: nos adultos, utilizando pino de Steinman ou fios de Kirschner.
- Deve ser mantida por 2 semanas, com paciente internado, por isso é um método em desuso
atualmente, preferindo redução cirúrgica se a tração contínua estiver indicada.
- Fica guardada para casos em que o paciente deve aguardar a cirurgia, como instabilidade clínica
ou espera de vaga no bloco cirúrgico.
- Indicações tradicionais:
Fratura diafisária do fêmur
Fratura-luxação cervical
Estabilização da redução/Osteossíntese
Contenção externa
- Uso de gesso ou órteses plásticas.
- Tempo médio de 6 semanas, sendo de 3 semanas para falanges e 12 semanas para a tibia, por exemplo.
- Indicações:
Fraturas estáveis de membro superior
Fraturas estáveis de tibia e fíbula
- Complicações com gesso: isquemia distal, úlcera de pressão, instabilidade por quebra do gesso.
Fixação externa
- Indicações:
Paciente crítico que não suportaria tratamento definitivo.
Fraturas diafisárias expostas grau III B e III C
Fraturas diafisárias cominutivas da tibia e da extrenudade distal do rádio.
Fixação interna
- Há diversas técnicas com indicações respectivas:
• Placa e parafuso: fraturas epifisárias ou metafisárias, fraturas expostas grau I até III A ou em
segundo tempo nas III B e III C.
• Haste intramedular: fratura diafisária no fêmur ou fraturas expostas grau I até III A. A incisão é
feita longe do foco de fratura.
• Fios de Kirschner: fraturas articulares do pé, fratura distal cominutiva do rádio e em situações em
que haja grande contaminação na ferida exposta.
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2 - Fraturas expostas
Definição: fratura associada a lesão de pele e partes moles permitindo contaminação do osso ou contato
do hematoma fraturário com o meio externo. A presença de sangue com gotículas de gordura significa
fratura exposta. Toda fratura exposta é no mínimo uma lesão contaminada.
Classificação de Gustillo-Anderson.
- Utiliza 4 fatores: extensão da ferida, nível de contaminação, lesão de partes moles e lesão óssea.
- A energia do trauma é mais importante que a extensão da ferida (Ubiratam).
Classificação de Tscherne
- Pacientes com fraturas, até que se prove o contrário sofreram algum tipo de trauma e deverão ser
atendidos inicialmente de acordo com o ATLS.
- Fraturas não são notadas somente no “E” de exposição. No A pode haver fratura grave de face, no B de
costelas, no C da pelve ou D cervical.
- Após excluídas ou tratadas condições letais acima, no “E - exposure” faremos exposição e avaliar
membros quanto a:
Ectoscopia - Fêmur proximal: rotação externa
Feridas/soluções de continuidade Palidez ou cianose distal
Desvio Movimentação grosseira ativa
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3. Antibioticoprofilaxia
- Isolada a ATBprofilaxia não previne a infecção, sendo necessário também o desbridamento cirúrgico.
- Ela deve ser iniciada ainda na avaliação primária.
- Está indicada até em no máximo 6 horas, porque depois disso a lesão será considerada infectada e merecerá
antibioticoterapia!
- Recomendação:
• Gustillo I e I: cefalosporina de 1ª geração (cefazolina), por 24 horas.
• Gustillo III: cefalosporina de 1ª geração + aminoglicosídeo (gentamicina), por 48 horas.
• Fratura exposta em ambiente rural: tratar como Gustillo III + penicinlina cristalina, por 48 horas.
4. Profilaxia antitetânica
5. Avaliação radiológica
- Para avaliar a extensão da lesão e possíveis abordagens cirúrgicas, não para diagnóstico, o qual é clínico!
6. Tratamento cirúrgico
OBS: Lesão vascular importante somente deve ser reparada após fixação. Em caso de ausência de pulso ou
evolução da lesão entre 3 e 6 horas, pode-se tentar um shunt provisório, proceder à fixação para então fazer a
sutura/reparo vascular definitivo.
OBS: Lesão de nervo não é urgente e pode ser abordada em segundo tempo, em até 15 dias, sem prejuízo
prognóstico. Isso só não vale para lesão do N. Tibial com fratura da tíbia, que é um critério de amputação.
Critérios de amputação
Absolutos
Fratura de tibia com lesão do N. Tibial (perda da sensibilidade plantar)
Fratura expoxta tipo III com mais de 6 horas de isquemia
Fratura exposta tipo III C extensa, que impossibilita reconstrução
Relativos imediatos
Politrauma com choque hemorrágico e risco de vida
Idoso que não deambula
Tardios
Áreas extensas insensíveis
Contraturas e dor crônica incapacitante
Prótese potencialmente mais funcional que o membro
Índice de MESS
- Avalia 4 parâmetros para definir pela amputação ou não, sendo pontuado de 0 a 12:
Lesão/Energia Isquemia do membro
Choque hemorrágico Idade do paciente
- MESS ≥ 7 = amputação do membro.
- MESS < 7 = membro viável, fazer reparos e enxertos necessários.
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Complicações tardias
Osteomielite Distrofia simpaticorreflexa/algodistrofia
Artrite séptica Consolidação anormal
Necrose avascular/asséptica
Embolia gordurosa
- A embolia gordurosa ocorre entre 24 e 72 horas após a fratura, podendo surgir em até 2 semanas.
- Os dois principais fatores de risco são fratura fechada de ossos longos e pelve.
- Sinais e sintomas no paciente de risco:
Taquidispneia súbita Confusão mental
Petéquias disseminadas no tronco Alterações inespecíficas no Rx de Tórax
- Tratamento é de suporte: oxigenioterapia e VNI.
- A melhor medida é a prevenção com fixação precoce em até 24 horas após a fratura.
Síndrome compartimental
- Ocorre quando:
Pressão de perfusão muscular > 20 mmHg acima da PAD
Pressão intracompartimental > 30 mmHg
- O diagnóstico é clínico.
- Os sinais e sintomas em evolução são lembrados pelos “5 Ps”:
• Pain • Palidez
• Parestesia • Pulseless
• Paresia/paralisia
- Principais causas:
• Fraturas epifisárias e metafisárias: colo de fêmur, côndilos do fêmur, platô tibial, cabeça do rádio,
escafoide, semilunar e tálus
• Iatrogênicas: redução com fixação interna mal posicionadas.
• Clínicas: uso de corticoides, etilismo e etc.
- O diagnóstico é suspeito por dor na articulação envolvida, que piora com movimentação e deve ser
confirmado por exames de imagem: RMN > Cintilografia > TC > RX
• RMN: sinal da dupla linha, que é patognomônico.
• Cintilografia: hipercaptação ao redor de área de hipocaptação.
• RX: só detecta sinais tardiamente, quando há fibrose e neoformação óssea. Principais sinais:
Hiperdensidade óssea Fratura subcondral
Sequestro ósseo Colapso
Cistos ósseos Osteoartrose
Tratamento
Tratamento conservador
- Área < 15% da cabeça femoral, em jovens assintomáticos.
- Até estágio 3 na cabeça umeral.
Descompressão óssea
- Área < 15% da cabeça femoral, em lesões recentes diagnosticadas por RMN, nos jovens assintomáticos.
Osteotomia
- 15% < Área < 30% da cabeça femoral, com colapso parcial ou cistos, em jovens.
Endoprótese
- Área > 30% da cabeça femoral ou nos idosos, se área > 15%.
- Sua fisiopatologia envolve infecção óssea, destruição tecidual, sequestro de fragmento ósseo, formação
de biofilme e perpetuação da inflamação em um ciclo vicioso.
Fatores de risco
Osteomielite Aguda
Osteomielite crônica
- Principal mecanismo é por contiguidade na osteomielite que surge após fratura exposta complicada ou
mesmo no pé diabético.
- Deve-se suspeitar sempre de osteomielite nos pacientes com consolidação retardada ou pseudoartrose.
- Associada com infecção polimicrobiana por Estafilococos (aureus e coagulase negativo) e Gram-negativos
anaeróbios.
- Na presença de próteses, temos ainda associação com Pseudomonas.
- Sinais e sintomas:
Oligossintomáticos - Pseudoartrose
Dor crônica - Consolidação retardada
Anormalidades de consolidação Fístulas osteocutâneas
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OBS: Osteomielite no Pé diabético: a visualização do osso sob uma ferida, o toque dele acessível por meio
de qualquer intrumento explorador OU úlcera sobre proeminência óssea acima de 2 cm2 já indica alta
suspeição de osteomielite crônica.
Exames complementares
Exames laboratoriais
- São mais aplicáveis na osteomielite aguda, pois na crônica as provas inflamatórias costumam negativar:
• Hemograma: possível leucocitose.
• PCR >> 10. Útil para acompanhar à resposta ao tratamento agudo, reduzindo a partir de 48 horas.
• VHS > 100. Inútil para acompanhamento. Pico tardio, reduzindo a partir de 5 dias.
Exames de Imagem
Diagnóstico Microbiológico
OBS: tratamento empírico x cultura: normalmente, só se inicia o tratamento antibiótico empírico após a
coleta do material ósseo para cultura! Somente em duas situações se inicia a ATBterapia antes da coleta:
Infecção de partes moles
Sepse
Tratamento
Particularidades no tratamento
- Dispositivos de fixação inerna devem ser mantidos. Proceder desbridamento, ATBterapia empírica até a
ATBterapia guiada por cultura, por 3 a 6 meses. Retirar fixadores, colher nova cultura e fazer um ciclo de
ATB por 6 semanas, se necessário.
- Próteses são mantidas ou retiradas de acordo com o tempo de evolução e cronicidade da osteomielite:
≥ 4 semanas: retirar prótese, desbridar, por espassador, manter ATBterapia guiada até revisão em
6 semanas, quando se deve repetir o processo. Manter ATBterapia por 6 meses.
< 4 semanas: manter prótese, desbridar e manter ATBterapia guiada por no mínimo 6 semanas.
Se Acinetobacter baumanii crescer na cultura, retirar prótese independentemente do tempo.
- Incidência bi-modal, predominando abaixo de 2 anos ou entre 8 e 12 anos. O local mais comum é o joelho.
- Sua etiologia mais comum é após bacteremia, mas pode ocorrer por lesões articulares traumáticas.
- Quadro clínico: dor, calor, edema, rubor, redução da ADM e impotência funcional da articulação.
Exames gerais
Exames de imagem
- Por se tratar de uma urgência ortopédica, devemos solicitar a radiografia simples da articulação.
- Se dúvida a respeito de osteomielite aguda associada, solicitar RMN.
Punção Diagnóstica
Tratamento
Quadro clínico
- Fraturas proximais ocorrem principalmente em idosos, do sexo feminino, com traumas de baixa energia,
como queda de própria altura.
- Lembrar de sempre iniciar a avaliação pelo ATLS seguindo o ABCDE, para depois focar na fratura femoral.
- Os principais achados são:
Dor no quadril e coxa
Membro encurtado e com rotação externa
Claudicação se fratura sem desvio
Impossibilidade apoio no chão se fratura com desvio
Exames complementares
OBS: Osteoporose: se fratura de fêmur proximal, em paciente acima de 60 anos e com baixa energia, é
mandatória confirmação de osteoporose. Há várias formas de confirmar, mas a principal é a densitometria
óssea. Outras possibilidades são:
Radiografia simples de quadril: Singh < 4
Índice de Dorr: espessura da cortical reduzida
Classificação de Garden
Tratamento
- O tratamento é quase sempre cirúrgico, devendo ser realizado precocemente em até 12 horas se possível.
• Tratamento conservador: em idosos acamados, com risco proibitivo, Garden I ou II e sem dor.
• Fixação interna com placa e parafuso: jovens ou idosos ativos Garden I ou II (estáveis)
• Redução fechada e fixação interna com haste bloqueada: jovens ou idosos ativos Garden III ou IV.
• Endoprótese de quadril ou Artroplastia: acima de 65 anos e pouco ativos Garden III ou IV.
- Artroplastia parcial: acima de 75 anos e menos ativos.
- Artroplastia total: entre 65 e 75 anos e mais ativos.
Fratura subtrocantérica
Complicações
- As principais são:
Embolia gordurosa: precoce, surgindo entre 12 e 72 horas.
Eventos tromboembólicos: tardios, surgindo por volta do 5° dia.
Outras complicações da restrição ao leito: atelectasia, pneumonia, escara e ITU.
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6 - Fraturas de pelve
Mecanismo de trauma
- Fraturas de pelve são causadas por traumas contusos de alta energia, principalmente por:
• Colisão automobilística
- Compressão ântero-posterior ou lateral.
- Considerada de alta energia se acima de 40 km/hora
• Queda de altura
- Alta energia é considerada acima de 3m.
- Compressão vertical
• Atropelamento
- Compressão e cisalhamento ântero-posterior ou lateral
Avaliação diagnóstica
- Sempre seguir o ABCDE, mas de acordo com o estado do paciente e a energia, há 2 momentos de exame:
• Avaliação primária no C: se o paciente estiver com qualquer alteração sugestiva de choque ou
então em traumas de alta energia.
• Avaliação secundária: na ausência de instabilidade hemodinâmica de trauma de alta energia.
Inspeção
Assimetria de comprimento nos membros inferiores,
Rotação externa do membro
Sinais de lesão uretral (equimose perineal, hemouretrorragia, dificuldade de urinar)
Sinal de Destot: hematoma perineal, indicando lesão do assoalho pélvico.
Sinal de Morell-Lavallé: equimose extensa na lateral da coxa, devido à fratura acetabular e necrose
gordurosa.
Palpação de instabilidade
- Fazer uma única vez uma compressão delicada em busca de dor e crepitação, em 2 locais:
Sínfise púbica: compressão AP.
Cristas ilíacas: compressão AP e LM bilateralmente.
Medidas de reanimação
Avaliação secundária
Visualização do dorso
- Rotação em bloco, somente após a mobilização e procurar hematomas no dorso, flancos e glúteos.
Toques
- Na suspeita de fratura pélvica, deve-se fazer os toques e o sangue no dedo de luva indica lesão visceral:
Toque retal: lembrar de avaliar se há cefalização da próstata.
Toque vaginal: evitar em crianças.
Exames secundários
Uretrografia retrógrada
- Está indicado na suspeita de lesão uretral:
Hemouretrorragia Dificuldade de urinar
Equimose perineal Cefalização prostática
Cistostomia suprapúbica
- Está indicada se lesão uretral confirmada por uretrografia retrógrada.
- Traumas que afetam a pelve posteriormente (ligamentos sacroilíacos) são considerados instáveis e
associados a alto risco de sangramento.
- Se continuidade com uretra ou reto a fratura é chamada de exposta oculta e merece laparotomia
exploradora. Se lesão retal (sangue no dedo de luva), precisa de colostomia.
- Se exposta diretamente, a mortalidade é extrema.
Contenção da hemorragia
- Fraturas tipo B de Young-Burgerss em “livro aberto” > 2,5 cm sempre merecem tratamento cirúrgico.
- Para controle de danos, preconiza-se retirar no bloco cirúrgico os dispositivos de imobilização somente
após colocação do fixador externo temporário.
- A posição ideal do fixador é sobre a asa do ilíaco. Se ela estiver fraturada, colocar sobre região
supraacetabular.
- O tempo ideal da cirurgia ortopédica definitiva na fratura de pelve, a janela de oportunidade, é entre 5 a
10 dias, devido ao menor risco de SIRS e infecção.
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7 - Luxações do ombro
- Há duas possibilidades de luxação no ombro:
• Luxação glenoumeral
• Luxação acromioclavicular
- O diagnóstico é clinicorradiológico, confirmado pelo RX de ombro com aumento do espaço articular, nas
seguintes incidências da série traumática de ombro:
AP de ombro
Perfil escapular
Perfil axilar
Luxação glenoumeral
Quadro clínico
Complicações
- A complicação mais temida é a lesão do nervo axilar, caracterizada por hipoestesia e parestesias na lateral
do deltoide. São lesões por neuropraxia (transitórias).
Tratamento
- Envolve redução incruenta/fechada + mobilização com tipoia por 3 semanas + fisioterapia para ADM.
- A redução deve ser o mais imediata, se possível com sedação e analgesia.
- Manobras de redução:
• Manobra de Stimson
- É a primeira a ser tentada.
- Paciente em decúbito ventral, sobre uma mesa, com o membro pendendo com peso amarrado,
por até 15 minutos, se não reduzir, tentar a manobra de hipócrates modificada.
• Manobra de Hipócrates
- Paciente em decúbito dorsal, com tração do membro em abdução, apoiando o pé em sua axila.
• Manobra de Hipócrates modificada
- Paciente sentado, com tração do membro em abdução e contratração auxiliar na axila com pano.
• Manobra de Kocher
- Paciente em decúbito dorsal, aplicando força inferior no braço em rotação externa e abdução,
com o cotovelo fletido. Após relocação, aplicar rotação interna e adução do braço.
- Em caso de luxação traumática de alta energia, o tratamento será redução cirúrgica!
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8 - Entorse de tornozelo
Anatomia do tornozelo
- Mecanismos de lesão:
• Lateral: inversão + flexão plantar, ou seja, pé em supinação.
• Alta/Sindesmótica: eversão + flexão dorsal, ou seja, pé em pronação + rotação interna da tibia.
• Medial: eversão + posição neutra.
Exames de imagem
- Até o 3° dia da lesão, o exame clínico é mais sensível e específico que a RMN, a qual mostraria apenas
edema. Depois disso, ela é melhor indicada.
- De acordo com testes de instabilidade e rotura ligamentar vista por aumento do espaço na radiografia:
• Grau 1: estável com estiramento, sem rotura macroscópica.
• Grau 2: instável, com rotura parcial.
• Grau 3: instável, com rotura completa.
Entorse lateral
- É o mecanismo mais comum na entorse de tornozelo, em 90% dos casos. Isso porque o maleólo medial é
menor que o lateral, possibilitando inversão ampla e lesão das estruturas ligamentares laterais.
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- Mecanismo: inversão + flexão plantar, também chamado de trauma em supinação com lesão do LFTA e
LFC.
- Quadro clínico:
Entorse por tropeção ou ao aterrisar ao solo em atividade esportiva como vôlei e basquete.
Dor agravada por inversão do pé
Testes de instabilidade lateral positivos
- Teste da inclinação talar
- Teste da gaveta anterior
- Se indicada radiografia, deve-se posicionar o pé em: estresse em varo e posição de gaveta anterior.
Entorse alta/sindesmótica
Entorse medial
Tratamento geral
Terapia conservadora
Tratamento cirúrgico
Lesões meniscais
- Os meniscos possuem uma vascularização que chega pela periferia, sendo que quanto mais externa,
melhor sua irrigação e mais vermelha é. Logo é dividido de externa para internamente em:
Zona vermelha vermelha Zona branca
Zona vermelha Zona branca branca
- Isso é importante porque as lesões de zona branca não cicatrizam espontaneamente.
Mecanismo de lesão
- O menisco mais lesado é o menisco medial, pois é menos móvel, principalmente em seu corno posterior.
- Os mecanismos são:
• Menisco medial: pé fixo no chão + flexão do joelho + súbita rotação interna do fêmur
• Menisco lateral: pé fixo no chão + flexão do joelho + súbita rotação externa do fêmur
- O mecanismo de lesão do menisco lateral é o mesmo do LCA, por isso é muito comum a associação de
lesão LCA + menisco lateral.
- Deve-se solicitar uma RMN para determinar o padrão da lesão, as quais aparecem como hipointensidade
em T1 e T2.
• Horizontal • Radial
• Flapp • Longitudinal ou alça de balde
- O padrão mais predominante em ambos os meniscos é horizontal, porém isoladamente em cada temos:
Menisco medial: mais comum padrão longitudinal
Menisco lateral: mais comum padrão radial
OBS: lesões do menisco medial ocorrem comumente associadas com lesões crônicas do LCA enquanto que
as lesões do menisco lateral se associam mais com lesões agudas do LCA
Quadro clínico
Tratamento
- Quase totalidade dos casos inicialmente é tratada conservadoramente por 2 a 4 semanas, segundo o
acrônimo PRICE.
- Depois de 4 semanas, se persistir a dor, está indicada a artroscopia. Há duas opções na artroscopia:
• Sutura apenas: lesões na zona vermelha com menos de 2 meses.
• Ressecção parcial: lesões na área branca ou lesões acima de 2 meses.
- O LCA é o principal estabilizador do joelho, impedindo translação anterior da tibia e rotação externa do
fêmur sobre a tibia.
- Possui 2 feixes: ântero-medial, que é mais tenso e forte; e póstero-lateral, que é mais móvel.
- No tratamento cirúrgico, a reconstrução é do feixe AM.
Mecanismo de lesão
- Mecanismo mais comum: pé fixo ao chão + semi-flexão do joelho em valgo + rotação externa do fêmur
+ rotação interna da tibia.
- Esse é o mesmo mecanismo de lesão traumática do menisco lateral.
Quadro clínico
Diagnóstico
Exame clínico
- Testes de instabilidade positivos:
• Lachman: translação > 5 mm
• Gaveta anterior: translação > 5 mm
• Pivot Shift/Ressalto: estalo por redução súbita da luxação a 30°
Exames de imagem
• RMN: se dúvida diagnóstica ou suspeita de associação de lesão meniscal.
• Rx de Joelho: sempre que instabilidade estiver presente, pelo risco de avulsão da espinha da tibia.
• Punção do líquido articular: hemartrose está presente em 75% dos casos. Se gotículas de gordura
presentes, está associada avulsão óssea.
Tratamento
Tratamento conservador
- Indicado em idosos ou pessoas sedentárias. Também indicado se lesão associada do LCA + LCM!
- Consiste no PRICE por 1 a 2 semanas.
Thiago Nunes – UFMG 145 22
Tratamento cirúrgico
- Indicado em jovens, atletas ou em idosos com instabilidade nas atividades de vida diária.
- Outras indicações são lesões associadas:
LCA + LCL
LCA + menisco medial em alça de balde
- Consiste na reconstrução artroscópica utilizando enxertos de tendão patelar, semitendíneo ou grácil.
- Deve-se aguardar 3 semanas para esfriar o processo inflamatório e o paciente utilizará muletas por mais
3 semanas.
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10 - Trauma raquimedular
Neuroanatomia básica
Coluna cervico-torácica
- A coluna cervical alta (C1 - C2) possui um canal medular alargado, sendo incomum lesão medular, que
costuma ser incompatível com a vida.
- Lesões medulares x respiração:
C1 - C3: para respiratória imediata, por perda do controle respiratório.
C3 - C5: instabilidade respiratória progressiva, devido à lesão do N. Frênico.
C6 - abaixo: hipoventilação, devido à perda da invervação da musculatura intercostal.
- A inervação simpática origina acima de T6, por isso lesões acima deste segmento cursam com choque
neurogênico.
Coluna tóraco-lombar
- O cone medular, formado pelos segmentos de T11 a L1, termina ao nível da vértebra L2. Lesões acima
deste segmento cursam com síndrome de neurônio motor superior.
- Abaixo dessa vértebra há a cauda equina, que é formada pelas raízes nervosas, de L3 até S5. Lesões da
cauda equina cursam com síndrome do neurônio motor inferior.
- 90% das fraturas de coluna, ocorrem entre os segmentos T12 e L2.
Avaliação primária
- Seguir sempre o ATLS com a regra do ABCDE e medidas de reanimação primária. O foco será dado na
avaliação das complicações do TRM:
• Airways: colar cervical com pescoço alinhado em posição neutra e verificar patência das v. aéreas.
• Breathing: hipoventilação ou parada respiratória pode indicar TRM alto.
• Circulation: choque no trauma sempre será hemorrágico, até que se prove o contrário, levantando
possibilidade de choque neurogênico.
• D: avaliar Glasgow, pupilas e movimentação grosseira de extremidades.
Thiago Nunes – UFMG 145 24
• E: expor e avaliar lesões de membros. O paciente deve ser mantido também com colar cervical e
rodado em bloco na prancha rígida para ectoscopia e palpação da linha média dorsal cervical e do
tronco.
- Sumaria e rapidamente, suspeita-se de lesão medular no exame físico do paciente inconsciente pela
ausência do reflexo cutaneoabdominal bilateralmente. Se isso ocorrer, é obrigatório testar a preservação
sacral.
- A avaliação neurológica deve ser feita por meio do ASIA escore, com os seguintes passos:
1. Nível da perda sensorial bilateralmente
2. Nível motor bilateralmente
3. Determinar nível neurológico: segmento distal com função motora e sensitiva normais
bilateralmente.
4. Determinar se a lesão é completa ou incompleta:
- Lesões incompletas possuem a preservação sacral, com ao menos uma das opções abaixo
presentes:
S1: sensibilidade do hálux
S2-S3: contração anal voluntária e reflexo bulbocavernoso
S4-S5: sensibilidade perianal
- Graduação da força:
0: Paralisia total
1: Contração visível ou palpável
2: Movimento ativo sem gravidade no plano da articulação
3: Movimento ativo contra a gravidade
4: Movimento ativo contra alguma resistência
5: Movimento ativo normal contra resistência
- Graduação da sensibilidade:
0: ausente
1: alterado (parestesia e hipoestesia)
2: normal
Exames complementares
- Pacientes sintomáticos com TC normal devem fazer prova dinâmica, para testar lesão ligamentar. Se
negativa, solicita-se a RMN.
Critérios de instabilidade
Lesões específicas
Choque medular
Choque neurogênico
- Ocorre em lesões medulares acima de T6, devido à origem das fibras simpáticas.
- Diagnosticado no paciente com os seguintes sinais:
TRM/TCE/Trauma de alta energia
Hipotensão irresponsiva a volume
Bradicardia
- Tratamento: aminas vasoativas.
Síndrome de Brawn-Séquard