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“Tis documents avalatie oe of charge on StuDocu.com Joao Casqueira Cardoso - Justiga, in Maia, R. L. ef al, Diciondrio - Crime, Justiga e Sociedade, Lisboa: Edigdes Siabo, 2016, pp. 289-291. (Tema {~txl 1.1) JUSTICA => Termo justiga (do latim jus) tem varias dimensdes. ‘© Originalmente teve uma conotagao religiosa. = Aconcecao moderna da justiga ainda usa, direta ou indiretamente, o quadro religioso origina, => Avvertente religiosa retoma uma anélise da justiga como sendo uma virtude individual. => Jean Jacques Rousseau — a justica (aliada a bondade) para com os outros nao se explica apenas pela razéo, mas sim pelo amor de si proprio. A justiga como virtude num piano individual ¢ completada pela sua dimensao como modo de organizagéo social. => Oplano social, aponta para os limites da justi¢a como simples virtude individual, =» Addimenséo social sublinha a necessidade de uma intervengao para uma vida harmoniosa em sociedade. 4 Ha sempre um aspeto social e politico na justica, © aspeto politico implica, entre outras dimenstes sociais (como @ educagao), um sistema judiciério administrativ. = Sistema organizado de controlo e sangéo, usando normas juridicas para incentivar as virtudes individuais de Justia, e garantir a dimenséo de ordem sociale politica da justica > Sistema de organizacao publica das autoridades judiciévias — tribunais > Trés desafios: © Poderd a justiga como sistema querer moldar os valores individuals, ingerindo-se na “corregao" das pessoas tidas por nao virtuosas? A ustica deve, enquanto sistema, respeitar o delicado equlrio entre a ordem social dominante e as opgdes individuais © Chegaré a “isonomia’, isto 6 a simples igualdade "legal" ou formal? Ou sera justificado ir mais longe ‘assegurar uma igualdade real? "As medidas de agéo positva, criar novas desigualdades para retificar as discriminagdes. © O sistema de administragao da justiga — o sistema judicial - esta em multos casos longe de ser tao Uniforme quanto deveria ser. = A justiga exige que sejam asseguradas vias de recurso, bem como meios para garentir uma coeréncia de Conjunto do sistema judicial This. coast is avaiable ree: otonaae o StuDocu.com Isabel Coreia - "Psicologia Social da Justiga: Fundamentos e desenvolvimentos teéricos e emplrices”, Andlse Psicalagic, 2010, {(XXVII), pp. 7-28. (Tema 1 ~ 1.2) Psicologia Social da Justiga: Fundamentos e desenvolvimentos tedricos e empiricos > Correntes teéricas na investigagao da justica © Privagao relativa © Justiga distributive © Justiga procedimental o_Justiga retributiva . © Justiga reparadora Ambito da Psicologia Social da Justica ‘=> Estuda as causas e as consequéncias ds julgamentos subjtivos do que & justo ou injusto. > Tyler, Boeckman, Smith & Huo, 1997 distinguem quatro eras na investigagao da justi: © Privagao relativa (Inicio 1945) (© Justiga distributiva (anos 60 e 70) © Justiga procedimental (anos 80 e 90) © dustiga retributiva (em emergéncia nos aos 90) © Acrescenta-se a justiga reparadora que surgiu a partir do final dos anos 80 = Ainvestigagao tem sido transversal a varios dominios de aplicagao: © Escola RelagGes com a autoridade Organizagdes Ambiente Relagdes de género Movimentos socials de protesto Sistema oriminal Acidentes Satistago com a vida Bem estar fisico Percegao das vitimas RelagGes intergrupais © Relagées intimas A Teoria da Privacéo Relativa => E um juigamento de que estamos numa situago pior em comparagao com uma determinada situago padrao (componente cognitiva da privagao relativa), julgamento este que esta ligado a sentimentos de raiva ressentimento (componente emocional da privagdo retativa). (Tyler et al, 1997) => Aternativamente, (Crosby, 1982), a privagdo relatva refere-se a um sentimento ¢ implica uma relagao entre uma realidade objetiva e uma realidade subjetva, Os estudos empiricos iniciais da teoria: ‘=> Introduzido por Souter e coautores (1949) para explicar resultados que pareciam paradoxais e contra-intuitivos + A discrepancia entre a expectativa (padrdo de comperagéo) e a situagdo concreta que leva ainsatistagdo. = O conceito salientava o facto de a satistagao subjetiva nao depender apenas dos resultados que as pessoas cobtém, mas, pelo contrério, as pessoas avaiam os seus resultados comparando-os com os de outros. => Festinger (1854) defende que as pessoas tém uma mottvapdo para avaliar as suas opiniées e capacidades. Quando nao ha meios objetivos (no socials) disponiveis para a avaliagdo, as pessoas avaliam as suas ‘opinides e aptidées em comparacao, respetivamente, com as opinides @ aptiddes dos outros. ‘A multiplicidade dos referentes de comparagao > A énfase no merecimento torna a teoria da privagao relativa uma teoria de justiga, embora originalmente nao tenha sido apresentada como tal, mas sim como uma teoria relacionada com a satistagao. == Aeescolha do referente de comparacao e da dimenséo de comparagéo assume uma importéncia central para esta teoria, dependendo da dimenséo de comparagao escolhida e do referente, o resultado da comparacdo serd ou nBo desvantajoso e s6 no primeiro caso induziré a privagéo relative, = Miliplas dimensdes para comparagéo: © Desempenho Potencial futuro Atratividade fisica Riqueza 90000000000 © Capacidades = Referente de comparacéo: ‘© Proprio individuo (num determinado ponto da sua vide passada ou num futuro antecipado). © Outras pessoas (podem ser consideradas, quer como individuos Gnicos, quer como membros representativos de grupos). => Tyler et al. (1997) defendem que referentes de comparagao poderdo ser escolhidos em fungo das carateristicas pessoais ou situacionais do individuo. => Comparagées com uma outra pessoa, um dos crtéros para a pessoa que serd escolhida para a comparagao & ‘.contexto social imediato, mas também as motivacses pessoals. Privacdo relativa egoista versus privagao relativa fraterna ‘=> Se 0 individuo se representa como um membro de um grupo, quando sente que 0 seu grupo esta em desvantagem em relagZo 2 outro grupo ou em relagdo 2 um outro ponto no tempo, a privagdo relativa denoming-se privagao relativa faterna, = Quando o individuo realiza comparagées interpessoais intragrupais) e se sente desfavorecido em relagao aos membros do seu proprio grupo falamos de privagao relativa egoista = A teoria da identidade social, com os conceitos de identidade pessoal e social, sugere que diferentes autodefinigdes levam a diferentes comparagdes pessoais e grupais. => Quando a identidade pessoal esta mais saliente s80 mais provaveis as comparagdes interpessoais € @ privagdo relativaé do tipo egolsta. > Quando a identidade grupal esta mais saliente so mais provavels as comparagées intergrupais e a privagao relativa é do tipo fraterno, A dustiga Distributiva = Refere-se & percegdo acerca da justiga, da distbuigdo, ou do resultado da distibuigdo, de recursos com valéncia postva ¢ negativa, = As primeira teorias de justica distributive foram desenvolvidas em contexto organizacional e postulavam que a justiga ocorre quando existe uma proporcionalidade entre os salérios de cada trabalhador € as suas contribuigées. = Esta dimenso comparativa de justiga integra o conceito de privagao relativa quando Homans (1961) considera {que se uma pessoa se percebe como estando em desvantagem nessa comparagao tem sentimentos de raiva; pelo contrario, se uma pessoa se percebe como estando em vantagem em relagdo a outro tem sentimentos de culpa. ‘=> O limiar para o reconhecimento da injustiga é maior quando o proprio esta em desvantagem em comparagao com a situago em que a pessoa se encontra em vantagem ia da equi incipio do merito = Taylor e Moghaddam (1894) defendem que esta teoria envolve uma integragao de duas tradigdes importantes nna Psicologia Social: © Nog8o comportamentalista de troca social: verfica-se a énfase mecanicista do comportamento humano em que as contrbuigdes e beneficios so aparentemente calculéves. © Nogao de equiliorio cognitvo: esta presente a ideia de que a dissonéncia cognitiva provoca um estado de desconforto a0 individuo. Situagdo de equidade = Benelcios da pessoa Beneticios do outro a CContibugées da pessoa Se Contbugbes do outa Situagdo de iniquidade => Beneficios da pessoa Benefcos do outa ‘Continagbes da pessoa Contbigbes do outa (Sugem sentimerios de culpa) Boneticios da pessoa Benefcios do cuto o 4 (Surgem sententas deriva) << Contibiges da pessoa Contbiges do outo "oer ei et trp StuDocu.com -> As condigées para a percecio de iniquidade ‘© Adams (1965) identiica trés causa * Ocorres quando a existéncia de um determinado atributo importante para a transagao é reconhecido apenas pela parte que o possui e néo pela outra parte * 0 individuo trata determinadas contibuigdes que estéo correlacionadas como sendo independentemente, enquanto que o empregador pode considera-los como associadas e, por isso, ao considerar em esta a considerar outra = 0s beneficios sao reconhecidos apenas por quem os da, @ no por quem os recebe, e/ou os beneficios nao so considerados relevantes para a transagéo por quem os recebe => As consequéncias da percegio de iniquidade ‘© Adams (1965), com a sua teoria da iniquidade, teve como objetivo expiicitar que, para além do estado femocional desagradavel (raiva ou culpa), existem outros efeitos da iniquidade iguelmente importantes, todos eles tendo como motivagao eliminar ou reduzir a iniquidade. © Consequéncias: = A pessoa pode alterar as suas contribuigdes - & mais provavel quando a iniquidade se deve 8 diferenga de contribuigdes entre a Pessoa e 0 Outro e a iniquidade & desfavoravel & pessoa em comparagdo com o outro. A pessoa pode alterar os seus beneficos. * A pessoa pode alterar as suas contribuigées ou beneficios cognitivamente sem os modificar objetivamente = A pessoa pode abandonar 0 contexto, 0 que é mais provavel se a iniquidade for muito elevada e se nao houver outtos maios disponiveis para a reduzi. = Apessoa pode distorcer cognitivamente as contrbuigdes e os beneficios do outro. =A pessoa pode mudar o objeto de comparacao para outro objeto em que a equidade ocorra oria da equidade © Dificuldade de, em situacdes da vida real, determinar & priori quais sero as contibuigées ou os 3s percebidos pelas partes quando esto numa determinada relagéo. oA teoria da equidade foi concebida no contexto Norte-Americano e refete a importéncia dos valores econémicos dessa sociedade, => 0s principios de justica da igual 2 le ‘© O principio da equidade muitas vezes pode néo se aplicar as relagdes intimas. ‘o Relagdes intimas so relacdes de tipo comunal e ndo relagdes de troca em que as pessoas envolvidas sentem uma responsabilidade matua pelas necessidades dos outros. co Relagdes de troca as pessoas néo esto motivadas para agit de acordo com as necessidades dos outros, ‘© Ateoria da equidade tem implicagées 20 nivel politico porque grupos mais beneficiados podem tentar criar condigdes para que o grupo mais desfavorecido tente restabelecer a equidade psicologicamente, fem vez de restabelecer a equidade pela alteragdo objetva da sua situagdo e das suas condigves de vida. == Politicas de acdo afirmativa ‘© Partem do reconhecimento de que determinados grupos sociais, sendo discriminados, tém menor possibiidede de acesso a determinados cargos, embora os seus membros possam ter mérito eequivalente ao de outros grupos favorecidos que os ocupam. oA Associago Americana de Psicologia definiu ag40 afirmativa como “esforgos voluntarios @ ‘obrigatérios cor parte do Estado, das entidades locais dos empregadores privados e das escolas para ‘combater a discriminago e promover iguais oportunidades para todos ao nivel da educagao @ do ‘emprego’, sendo 0 seu objetivo “eliminar a discriminagao contra as mulheres e as minorias étnicas € corrigir 0s efeitos da discriminagao passada’. © Uma das principals criticas &teoria da equidade foi ade esta ignorar a justiga procedimental’ A Justiga Procedimental > Década de 70, Thibaut e Walker (1975) deram inicio & era da justia procedimental (ou processual), com o seu apogeu nas décadas de 80 € 90. > Pessoas envoivides em disputas legals consideram que, para além do resultado da deciséo do tribunal, também o modo como o julgamento foi conduzido influencia o grau em que @s pessoas consideram que tiveram um julgamento justo. => Thibaut © Walker (1975) defendem que a justiga dos procedimentos & determinada pele distrbuigéo do controlo entre as partes e quem decide, => Defendem dois tipos de controle ‘© Controle do processo ~ graue natureza do controlo de cada uma das partes na apresentacao da evidencia, © Controle da deciséo - grau e natureza do controlo de cada uma das partes sobre as decisoes tomadas. => A abordagem de Thibaut e Walker (1975) enfatiza 0 contrato social e 0 autointeresse, sendo 0 acesso aos processos de deciséo, um meio para permitr o controlo dos resultados. ~> Leventhal (1980) propés um conjunto de oritérios para avaliar a justi¢a procedimental: (© Consisténcia ~ igual ratamento entre as pessoas e ao longo do tempo. Supresséo de enviesamentos — auséncia de autointeresse ou preconceitos ideologicos, Acuracidade — uso adequado da informacao. Corretabilidade - oportunidade de outras autoridades poderem alterar as decisbes. Representatividade ~ consideragao das preocupagées, valores @ pontos de vista de todas as partes. do proceso. © Etica - compatiblidade com valores morais e éticos fundamentals, => A justia distibutva ¢ a justica procedimental tinham efeitos independentes nas avaliagdes de justiga ou da satisfagdo dos particpantes, sendo que a justica procedimental nha mais impacto nessas variéveis do que @ justiga distributiva, > Uma das operacionalizagoes da justiga procedimental mais frequente tem sido a oportunidade de as pessoas pronunciarem a sua opiniao (voz) num processo de tomada de decisao. = A énfase na justica dos procedimentos levou ao surgimento de teorias de justiga que saliontaram mais a justiga dos procedimentos do que os resultados, as mais importantes: (© Modelo do valor do grupo © Teoria da heuristica da justica © Modelo da gestéo da incerteza => Barret-Howard e Tyler (1986) sugerem que a justiga processual é mais importante do que a distibutiva em situagdes de relagdes socials moderadas e de relagdes sociais fortes. A Justica interacionai => Considerada como a qualidade da interacdo com os decisores @ baseada na comunicagdo e néo nos aspetos formais do processo de tomada de deciséo. ‘=> Inclui um relacionamento honesto ¢ verdadeiro, o respeito pelos direitos e pela dignidade das pessoas, e a justiicagao das decis6es tomadas. => Surge espontaneamente no discurso dos individuos. = Em contexto organizacional, mostrou-se que as dimensées de justiga procedimental e interacional so mais importantes do que a justiga distrbutiva para a satisfagao organizacional e para a aceitagao da mudanga ‘organizacional, tanto a nivel do departamento como no grupo de trabalho. == O modelo do valor do grupo ‘© Uma explicagéo dos mecanismos através dos quais a justiga procedimental influencia os Ccomportamentos ¢ atitudes orientados para o grupo. © Sugere que 0s procedimentos e o tratamento justo pelas autoridades comunica informag&o relevante pata a identidade aos individuos afetados por estes procedimentos, nomeadamente o grau em que os individuos s0 membros respeitados pelos elementos do seu grupo e o grau em que os individuos se sentem orguthosos do seu grupo. ‘© O tratamento injusto indica marginalidade e desrespeit. © Incorpora a tradigdo da teoria da identidade social que mostra que as pessoas que se identifica com (0 seu grupo e avaliam 0 grupo positivamente internalizam os interesses do grupo, equacionando-os com o seu autointeresse, © Ossentimentos de orgulho e respeito que resultam do tratamento justo, por sua vez séo hipotetizados como legitimando as autoridades e, deste modo, promovendo comportamentos que server o grupo. © Incorpora outa premissa — as pessoas usam os grupos como fontes de informagao sobre si proprias. © Tyler (1989) propde trés aspetos relacionais criticos na percegao de justica procedimental: = Neutralidade — em que medida os procedimentos séo percebidos como no envlesados e iguais para todos. = Confianga - em que medida os motives da autoridade séo vistos como orientados por preocupagées de justiga de acordo com as necessidades dos outros e as suas agdes 20 vistas como honestas. e000 ‘rcouneninsuisistertemeeon SUDOCU.COM = Reconhecimento da posigao pessoal - 0 grau de dignidade e respeito com que as pessoas fo tratadas durante os procedimentos, ‘> Ateoria heuristica da justica © Baseia-se no modelo de valor do grupo @ considera que as pessoas quando sao confontadas com uma determinada situagao de interacao com uma autoridade comegam a procurar informagao para formular julgamentos de justiga co Van Den Bos, Vermunt © Wike (1997) mostraram que a justica procedimental seré mais importante quando as pessoas sao informadas sobre 0 procedimento antes de serem informadas sobre 0 resultado, € a justiga distibutiva sera mais importante quando as pessoas séo informadas sobre 0 resultado antes de serem informadas sobre o procedimento. o Afrmam que a teoria da heuristica da justiga é uma teoria da justiga e no apenas uma teoria da justiga procedimental => Q modelo da gestio da incerteza ‘0 Postula que a justia é especialmente importante quando as pessoas estdo focadas em aspetos da ‘ua vida relativamente aos quais néo tem certeza, A Justica Retributiva = Quando as normas nao so cumpridas e é preciso decidir se alguém deve ser punido pela quebra das normas, que tipo de punigo deve ser atrbuida, e qudo severa deve ser essa punigéo. = Questées séo relevantes quer ao nivel individual, quer 20 nivel social mais geral dos sistemas legals @ criminais, que elaboram leis para decidir como atuar nas varias situagbes. > As leis so desenvolvidas por atores sociais e refletem o que, pelo menos alguns deles, persam num determinado momento, => Hogan e Emler (1981) referem que 0 processo de retribuigdo cuituralmente universal ¢ foi encontrado em todas as sociedades humenas, = Alustica reributiva distingue-se da restauragéo da equidade. => Aresponsabilidade do infrator e dos danos morais serem aspetos importantes a considerar na reribuigao. > A perspetiva de controlo do comportamento, denominada utiitaria ou instrumental, que considera que a ppunigdo tem como objetivo a dissuasao de futuros crimes, => A teoria da dissuasao considera que a punigdo de um ofensor deve ser apenas suficiente para prevent futures ocorréncias da ofensa que tenham 0 préprio ou outros como vitima. => Esta teoria baseia-se no pressuposto de que o criminoso potencial & um ator reacional que 20 perceber os elevados custos associados & aco criminosa transformara essa ado numa op¢éo pouco alraente. = A teoria da incapacitagao considera que 0s individuos que cometeram crimes devem ser presos de modo a que se assegure que nao cometerao mais crimes. = A teoria do merecimento considera que o ofensor deve ter uma puni¢ao apropriada e mesmo que esta seja a prisdo, a razdo nao é para prevenirfuturos crimes, mas sim para que o ofensor seja punido pelo ato danoso {que praticou. Esta teoria tem como conceito central a proporcionalidade entre a punigéo ¢ o mal causado. ‘A violagdo das normas sociais é conceptualizada como prejudicando, nao apenas o individuo lesado, mas toda a sociedade, sendo necessario reafizmar simbolicamente a manutengao dessas normas que sao importantes para a compreensao da realidade pels cidadaos. > Anecessidade de punir os infratores relaciona-se com a necessidade de coesdo e identticagéo com os grupos @ por isso, os grupos punem os infratores para defenderem os valores @ a identidade do préprio grupo, para assegurarem a manutengo do mesmo e para restabelecerem o estatuto da vitima que softeu a ofensa. > Normas socials e reagGes a infrago a essas normas © As normas que regulam as atividades dos membros de grupos sociais podem ser classificadas em 4 categorias: * Normas que regulam as transagées de recursos pessoais materiais. * Normas que regulam as transagdes de recursos pessoais de estatuto. + Normas que regulam o uso de recursos materials coletvos, + Normas que regular os valores coletivos fundamentals da sociedade. © A intensidade e 0 cardter das respostas retributivas depende do modo como a inftagao pode ser categorizada ou, no caso de ser multidimensional, da dimensdo mais saliente. ‘© Infragées as transagdes de recursos pessoais materiais, vistas como desvios @ equidade, contratos quebrados, violagdes de propriedade ou auséncia de reciprocidade. A retibuigéo deve consistr na restituigdo da equidade e do estatuto da parte lesada, ua © As transagées de recursos pessoais de estatuto referem-se as normas em que se baseia a ordem social através da especificagao do modo como as pessoas de estatuto igual ou diferente se deve Ccomportar em relacao aos outros. Especificam principios de justia distributiva e/ou especificam principios de jutiga procedimental As violagdes a este tipo de normas envolver injrias a posigdes de estatuto. Valores coletivos fundamentais da sociedade e que podem ou ndo provocar vitimizagao de individuos, © objetivo da justga retributiva ¢ restaurar a validade das normas ou valores violados e assegurar ue nao o voltam a ser. AAs pessoas reagem mais quando as normas infingidas t&m consequéncias coletivas e/ou quando os recursos simbélicos estéo em causa; se a natureza das consequéncias da inftagdo so fisicas ou rmaterais privilegia-se mais a restauracdo material do que as desculpas; se essas consequéncias so simbélicas privilegia-se mais as desculnas (restituigdo simbolica) do que a restaurarao material => Punigéo do agressor versus compensacdo das vitimas © Quando o ofensor & percepcionado como tendo cometido 0 dano de modo intenclonal provoca elevada indignagéo moral nos observadores, levando a impulsos de punigéo e compensagao da vita, ‘© Quando 0 ofensor é percepcionado como tendo cometido o dano neglgentemente provoca baixa indignaco moral nos observadores, levando a impulsos apenas de compensacao, © Quando 0 ofensor € percepcionado como tendo cometido 0 dano acidentalmente néo provoca indignagao moral nos observadores, nao levando a impulsos de punigao ou compensacdo. A Justiga Reparadora = No século XX, a justiga reparadora emergiu como um fenémeno global, criando-se polticas @ programas de justiga reparadora, => Deservolve um papel ativo aos trés atores principais das injustigas (vitima, agressor e comunidade) na resolugéo da situagéo criada pela inftagéo e procura a reconciliagdo, em vez de apenas se procurar a puniga0 do ofensor, = As villmas s80 reconhecidas ouvidas; os ofensores podem explicar as razées pelas quais cometeram 0 crime e © modo como o fizeram; as comunidades s8o capazes de responder ao mal felto e reintegrar os ofensores e as vitimas, = Procura produzir ts tipos de consequéncias: ‘0 Reconeciliagdo entre a vitima e 0 ofensor © Reparagéo em que 0 ofensor concorda em reparar a vitima de uma forma considerada justa e mutuamente aceitavel. © Transformagéo das condigées que contribuem para a perpetuagdo do ciclo de vitiizagao e agresséo == Aaceitacao das medidas de justica reparadora © Aeevidéncia empirica apoia 0 aumento da satisfagéo com 0 sistema criminal por parte dos ofensores @ das vitimas que partciparam numa sessao de mediagao em comparagdo com aqueles que nao partciparam, © Gromet @ Darley (2008) mostraram que, no caso das ofensas mais graves, 0 apoio as medidas reparadoras se mantém desde que combinadas com medidas retributivas. © AS medidas de justica reparadora, combinadas ou nao com as de justica retributiva, recebem apoio da opinido publica e tém sido especialmente recomendadas como devendo ser aplicadas ao crime juvenil. © Ajustiga reparadora aplicada a situagées de vitimizagao que no chegariam ao sistema judiial formal (ex:as situagdes de vtimizagéo entre pares na escola, denominadas vulgarmente por bullying. CONCLUSOES = As teorias abordadas estio estreitamente relacionadas com a resposta a problemas sociais e organizacionais relevantes. e000 ° "is donne aaa fe of cha on StuDocu.com Miguel Morgado - O Poder Judicial na sociedade livre, Katlysis, 2006, 9(1), pp. 76-84. (Tema - tt 1.3) O PODER JUDICIAL NA SOCIEDADE LIVRE => Jorge Miranda ‘© Compreenséo de que “a crise da justiga ndo é s6 uma crise das instituigdes’. ‘© "Accrise da justiga” € também “uma crise de valores da justiga” no contexto da relagao do ‘sistemas judiciario” com a “sociedade’ => Pedro Coutinho Magalhaes co Necessidade de estudar o poder judicial no contexto do regime democrtico e liberal. © Sugere que a crise da justica 6 agravada pela dificuldade do poder judicial em afirmar, em paridade ‘com os outros poderes politicos, a sua legitimidade. oO “pensamento poltico democratico", numa sociedade democratca, a legtmagae de qualquer poder politico provam exclusivamente do “controlo popular. => A independéncia do poder judicial consagra a sua dignidade propria e 0 seu lugar particular na sociedade ccontemporanea. > O que esté efetivamente em ‘crise” no ‘sistema da justiga” depende do lugar politica @ social no qual queremos ccolocar o poder judicial Locke e 0 Poder Executivo = Na sua grande obra, “O espirto das leis’, Montesquieu (2000) oferece a sua teoria do poder judicial no mesmo momento em que apresenta a sua teoria da liberdade, da separagdo de poderes e do regime inglés. A teoria do poder judicial de Montesquieu decorre da sua teoria da liberdade e da separagao de poderes, Os trés poderes que Locke distingue e divide so: poder executivo, legislativo e federative, O poder judicial esté ausente. => 0s poderes constituidos na sociedade politica so derivados da relagao do individuo com os outros individuos e coma lei natural, nesse estado de natureza que precede intelectualmente 0 Estado organizado. => O poder (¢ 0 direto) de punir, no estado de natureza, o transgressor da lei natural, e que apela @ faculdade humana de jugar, 6, no entanto, denominada por Locke de “poder executvo". Locke no separa o poder judicial do poder executivo, ‘A execugéo da lei natural é correlativa e consubstancial ao julgamento da sua transgresséo. 0 individuo no estado de natureza é simultinea e necessariamente executor juz => 0 poder executive & justiicado pelas propriedades da punigdo e da dissuasto, algo que sugere a impossibiidade de separar poder judicial de executvo, ‘© Confundem-se na agdo executiva resultante da condigao humana no estado de natureza. O estado de rnatureza que convoca o exercicio do poder executivo individual é definido por Locke como aquela condigdo da qual esta ausente "um juiz comum com autoridade’, = Ainstituigo do govern civil aparece como o remédio para o confito que inevitavelmente reinara no estado de natureza. > Aeexisténcia de um julz comum com ‘autoridade suficiente" e “imparcial” na aplicagéo da lei comum a todos, revoga a legitimidade do exercicio individual do poder executiv. > O homem pode finalmente viver em paz e em linerdade porquanto pode finalmente viver sob as leis: “em todos 08 estados de criaturas viventes e capazes de leis, aonde no ha lei no ha lberdade: porque a lierdade deve estar isenta da restrigdo e violéncia dos outros, o que nao pode acontecer aonde nao ha lei. => E esta a origem d poder executivo e legislativo da sociedade politica, A sua separagao é consequéncia do imperativo de conservacao da liberdade individual, fnalidade de toda a sociedade politica legiima, (© poder legislative adquire a posigao cimeira na organizagdo do Estado, (0 orgdo detentor do poder legislativo governa "segundo as leis estabelecidas, promulgadas, e conhecidas pelo povo, e nao por decretos extempordneos, por juizes indiferentes e rectos para decidirem as controvérsias segundo essas leis > 0 poder de julgar, apés 0 estabelecimento da sociedade politica, é cedido ao todo na sociedade, ¢ em termos constitucionais, 6 entregue 20 poder legislatvo. ‘ontesquieu e 0 Poder Judicial = Arefiexdo de Montesquieu sobre 0 poder judicial esta intimamente ligada a essa reflexdio mais geral sobre a ‘constitu politica da liberdade. = A “Iberdade politica” consiste “em poder fazer o que se deve querer e em no ser forcado a fazer o que se nao deve querer’. A liberdade numa sociedade com leis & ‘o direito de fazer tudo 0 que as leis permitem’. => Apresenta a liberdade politica como a faculdade de agir de acordo com a vontade individual na esfera pessoal determinada e crcunscrita pelas leis. ve 10 ue vs vag “A iberdade politica s6 se encontra nos governos moderados”. “Mas ela nem sempre existe nos Estados moderados; existe quando néo se abusa do poder, mas trata-se de uma experiéncia etema que todo o homem que possui poder é levado a dele abusar; ele val até onde encontra limites” Liberdade como “tranquilidade de espirito que provém da opiniao que cada um ter sobre a sua seguranca; @ para que se tenha esta liberdade @ preciso que o governo seja tal que um cidadao néo possa temer outro cidadao’, Em todos os Estados existem trés poderes distintos: legislativo, o “poder executivo das coisas que dependem do direito das gentes’ ¢ o "poder executive daqueles que dependem do direto civil’. © segundo tio de poder executivo designa o poder que “castiga os crimes, ou julga as querelas entre os patticulares*, (© Este tipo de poder passa a ser conhecido por ‘poder de julgar’. © A moderna tripartigéo de poderes: + Legisiatvo = Executivo "De julgar’ ou judicial A separagéo e distibuigdo de poderes ndo se trata de um artfcio constitucional iniferenciado. A separagao do poder judicial dos restantes & mais necesséria do que a separagao do poder executivo do legislativo. Todos os atos politicos do Estado sao emanagées da vontade, independentemente da sua proveniénci. A capacidade legisltiva manifesta as “vontades gerais" do poder politico e a capacidade executiva manifesta as “vontade particulares’, As “vontades gerais" correspondem as leis emitidas pelo poder legislativo; dizem respetto a todos os cidadaos, sem discriminagdo ou especificagées. AA distingdo entre “vontades gerais" e ‘vontades particulares’ corresponde & distingo entre poder legislative © poder executivo. O “poder de julgar® corresponde & manifestagéo das “vontades particulares" do poder politico. O poder legisltivo & a *vontede geral do Estado" e 0 poder executivo "a executao desta vontade eral’. AA descida da generalidade da lei & particularidade da sua aplicago tem o seu lugar mais cru, e, para alguns, mais digno, na sessao do tribune Num Estado, 0 poder politico, na sua vertente mais decisiva, e, porventura, mais coerciva ou violenta, aproxima-se do cidado no grau mais intrusive possivel precisamente enquanto poder judicial Do ponto de vista do cidadéo, os atos do poder legisiativo - as “vontades gerais” - so abstratos e distantes por serem gerais Em Inglaterra, o poder de julgar néo é dado a um “senado permanente’, mas é antes “exercido por pessoas tiradas do seio do povo". Em Inglaterra, o poder de juigar, ‘como nao esta ligado nem a um certo estado, nem @ uma certa profisséo, toma-se, por assim dizer, invsivel e nulo. Nao se t8m continuamente juizes sob 0s olhos; e teme-se a Imagistratura e nao do magistrados’. Como jiri 6 selecionado pelo povo, 0 cidadéo comum nao contempla quotidianamente nenhum grupo de potenciais opressores. poder judicial 6 despersonalizado. © Pode adquirralgum caréter de generalidade que por natureza no possul © Pode interpor alguma distancia entre sie o cidadao. © Toma-se invisivele nulo, © poder judicial tem de ser poiticamente neutralizado, E da exceléncia das leis criminais que depende principalmente a liberdade do cidadao. ‘Ao substituir um homem concreto, visivel, reconhecivel, por um grande grupo de homens, procede-se despersonalizagao e, se & licito dizé-o, & generalizagao do poder juicial AA separagao de poderes mais a neutralizagéo do poder judicial séo recomendagSes constitucionals de primeira ‘ordem para garantir a sociedade livre. As deficiéncias no sistema judicial so necessariamente traduzidas para a cidadania como promotoras de arbitrariedade nas vidas e nas relagdes de todos. AA protegao do poder judicial relativamente as possiveis interferéncias do Estado, de grupos so pessoas particulares, visa garantir que o poder judicial ndo 6 ele mesmo promotor de arbitrariedade. , ou de a The dosent avai fe of charge on StuDocu.com A “crise da Justica” ‘=> Nos nossos tempos a referencia & crise da justica em geral diz respeito as deficiéncias do sistema judicial do ponto de vista do funcinamento normal, ou ideal, de uma sociedade democratica e liberal. A‘ustica’ esta em “crise* quando néo protege devidamente os direitos individuais, nem os direitos que assistem as associagoes, insttuigdes e outros compos que compdem o tecido social. Esta em crise a justiga quando a sua ineficiéncia bloqueia a atividade econémica do mercado; esté em crise quando o lugar ocupado pelo sistema judicial cal sob a suspeita de ilegtimidade, = As falhas de leis especiticas ou da estruturagao juridica dos processos penais e dos procedimentos que regulam a atividade judicial == Nas sociedades democraticas e liberais, as “oportunidades de disputa e de processo" sao interpretadas @ luz do exercicio de direitos, - = O exercicio dos direitos, através do recurso a justiga, revela “um desejo ardente de fazer com que a justica soja fit. ‘0 Revela “édio", "ago no espiito", "consténcia em prosseguir, isto é, revela que as palxdes que movem os cidadaos néo sao esmagadas pelo medo, nem pelo medo dos ouros cidadéios, nem pelo medo do Estado. => Num Estado moderno, democrético e liberal, o poder judicial pretende ser total, isto 6, pretende ser a sede de resolugdo de todos 0S confitos, quer os que se materiaizam entre a sociedade e 0 individuo, quer os que afetam a relagées interindividual. => A solugdo dos nossos dias inclui como prerrogativa do poder judicial a resolugéo de atentados (reais ou imaginados) & honra e ao “bom-nome" dos individuos. > Sociedade genuinamente democratica, isto 6, iqualitria, ndo basta que as leis, no seu texto, se ditjam a todos 0 cidadaos iguaimente. E preciso que todos os cidadaos se submetam & resolugao de conflitos na sede do poder judicial. E preciso que todos 0s cidadéos, sem excego, percecionem a autoridade do poder judicial ‘como genericamente suficiente, e que este poder seja interpretado como o lugar mais digno e razoavel da reparacao das injusticas ¢ das afrontas. = Aignorancia da lei é inevitavel porque a crescente complexificaco das socledades contemporéneas trouxe consigo a multplicagao das leis, o que toma impossivel o connecimento pleno dale => Se 0 sistema judicial 6 mais ou menos forgado a clarficar as “contradigSes” e a “incerteza" das les, isso se deve sem divida as falhas do poder legisativo. => As vontades "gerais" e as vontades “particulares” do Estado (e do cidadéo) se cruzam no plano institucional e politico com prejulzo das regras aceltes do Direito Politico democratic. => Quando 0 poder judicial pretende “exercer a vontade em lugar do julgamento’ @ consequéncia sera a instituigdo da arbitrariedade no seu proprio sei. > Apperda de legtimidade do sistema judicial, por pequena que possa ser, 6 sempre muito problematica do ponto de vista da justca, da lberdade e da seguranga => AAcrise da justga traz consigo a vontade de resolvé-la, Mas a vontade de reforma nao & sufciente; é preciso também muita prudéncia, 12 Boaventure Sousa Santos - A justica em Portugal: diagnosticos e terapéuticas, Revista Manifesto, 2005, 7, pp. 76-87. (Tema t ~ tt 14) ve oe AJUSTICA EM PORTUGAL: DIAGNOSTICOS E TERAPEUTICAS ‘Trés modos diferentes de diagnosticar os problemas da justia portuguesa: Diagnéstico sociolégico: assenta na avaliagéo sblida e rigorosa do desempenho do sistema judicial e na percego dos cidadaos sobre o funcionamento dos tribunais e das instituigdes conexas. Diagnéstico politico: feito pelos decisores politicos, por analistas ¢ comentadores na comunicagao social. E a ‘mais infuente porque tem atrés de si 0s meios de comunicagao social que veiculam as suas elas. Diagnéstico operacional: feito pelos operadores do sistema judicial. © diagndstico sociolégico permite mostrar o funcionamento real do sistema judicial no seu conjunto e saber 0 que 0s cidadéos anénimos pensam sobre a justica e sobre os seus operadores. © Dé-nos a verdade sociolbgica do funcionamento do sistema judicial. © ciagnéstico politica revela-nos a sensibilidade da classe politica sobre o estado @ 0 papel politico institucional da justiga, 0 modo como formula os problemas da justiga, a prioridade que ihes confere e as solugdes que propoe para ees. O diagnéstico operacional é um diagndstico reativo. perante uma pressao exterma que os operadores e as ‘suas associagdes profssionais reagem, identificam os problemas e apresentam as solugdes. A verdade tem uma forte vertente funcional e corporativa, muito vinculada 8s preocupacdes dos profissionais em matéria dos seus direitos, das condigdes de trabalho, das infraestruturas e dos recursos humanos. As intervengdes nos processos de cidadaos andnimos, as quals nunca teréo interesse para a opini8o publica (justia de rotina). A justica dramatica é a que atraia atenco da comunicacao social No Estado modemo, os tribunais no foram criados para resolver grandes problemas poliico-sociais ou para julgarem pessoas sociale poltcamente poderoses, Com 0 desenvolvimento do Estado Providéncia e a potizago da vide social, o Estado passou a ter um raio de ago muito maior. A privatizagéo da comunicagao social, permitiu a transformagao do drama judiciario num drama televisivo. Sempre que a dramatizagao ocorre, o diagnéstico politico prevalece. Séo os dacisores politicos, os analistas, ‘0s comentadores quem molda a opinio piblica sobre os problemas da justica e sobre as suas solugdes. AAs reformas judicias da titima década do século passado mais signifcativas, classiicadas em trés tipos: © Desjudicialzagdo, meios alterativos de resolugao de Itigios e descriminalizagao de certas condutas.. © Reformas processus. © Reformas organizacionais. Quatro grandes problemas da justiga portuguesa: © Ineficiéncia © Morosidade © Inacessiviidade © Desperdicio Quem faz 0 uso mais intensivo dos tribunais, em matéria civel, no s4o os cidaddos, mas 2s grandes ‘empresas, sobretudo na érea do crédito ao consumo, portanto, em processos de cobranga de dividas. No Ambito da justia civel, os grandes mobilzadores do tribunal n&o so os cidadéos, mas as pessoas coletivas ‘A maioria dos autores ~ pessoas coletivas constitui os chamados ltigantes frequentes, ou sea, litgantes que repetidamente recorrem ao tribunal, no mesmo petiodo e por causa de um mesmo tipo de iitigio. O que significa que os tribunais esto a ser mobilizados por pessoas coletivas com capacidade econdmica para poder geri, de forma racional, a sua ltgéncia, O problema é que a racionalidade do uso empresarial da justia conduz & total iracionalidade da justiga quando vista da perspetiva dos cidadéos e dos seus direitos democraticas de acesso a justica ‘usta penal é dominada por quatro tipos de crime ‘© Crimes de condugo de veioulo em estado de embriaguez © Grimes de condugao sem habiltagao legal © Crimes contra a integridade fisica © Crimes de emissdo de cheques sem proviso Estes crimes integram a chamada pequena e média criminalidade. “This documents avatabie re ofcrageon SEYDOCU.COM ® Susana Santos - Novas reformas, velhos debates: andlise des politces de justica e dos seus impactos no sistema judicial, Configuragbes, 2044, 13, p. 11-25. (Tema 1— txt 1.5) . NOVAS REFORMAS, VELHOS DEBATES: ANALISE DAS POLITICAS DE JUSTIGA E DOS SEUS IMPACTOS NO SISTEMA JUDICIAL INTRODUCAO > A assinatura do Memorando de Entendimento, de 17 de maio de 2011, entre Portugal e © conjunto de organizagées representadas pela Trolka define um conjunto de polticas reformistas na érea da justia, em especial nas areas relativas a justia economica => Pollica reformista de carater neoliberal assenta em principios de racionalidade econdmica exteriores a0 sistema judicial e tenta impor aos varios agentes uma nova ligica de organizacdo do trabalho com praticas de agdo e de controlo da fungdo caraterisicas das grandes empresas, criando figuras como a do gestor de tribunal ou do assessor de juiz AS CRISES E AS REFORMAS DA JUSTICA > Justiga como a rea menos desenvolvida da democracia portuguesa © como um especial entrave & ‘competitvidade e ao desenvolvimento da economia portuguesa = Se os média dao grande destaque aos processos-crime, os estudos prvilegiam o impacto do funcionamento do sistema judicial na atvidade econdmica com o intuito de partcipar com propostas concretas para a reforma da justiga. => Freitas do Amaral (2000) prope como medidas de curto, médio e longo prazo: ‘© Resolugdo dos casos em atraso com a criago de medidas ad hoc. LLegislagzo que possiblte @ passagem dos ltgios para trbunais arbitrais. riagdo de gestores de tribunal e gesto de pessoal a todos os nivels, Criagao de tribunais especializados. Criagao de uma rede nacional de juizes de paz. Fomento de todas as formas possiveis de arbitrage. Informatizagao total do sistema, © Aumento do nimero de vagas para magistrados e ofcials de justia, CONTRIBUTOS DA SOCIOLOGIA DO DIREITO = O interior do sistema judicial: © Os sistemas so comunicagbes organizadas em cédigos. O cbdigo permite 2o sistema processar a informagéo criada, determinando o que pode ser comunicado e mostrando o que em cada época é ‘considerado o centro de sentido, O cédigo & consttuido por um esquema elementar de tipo binari. A validade do Direlto nao pode ser importada do exterior do sistema juridico, mas apenas obtida a partir do seu interior. > 0 direto € produzido no seu interior, através das comunicagées (apbes, operagées, decisbes, leis, etc) que vvao sendo registadas no sistema, = Os estudos sobre as préticas no campo do direito permitemn-nos avangar com uma conceptualizagao das eltes juridicas e das polticas. Esta conceptualizagdo distancia-se das propostas classicas, que definem a pertenga & elite como a capacidade de acesso 20 poder politico, centrando-se ao invés nas estruturas sociais que possibiitam a continuidade e dificultam a entrada a novos atores, através de estratégias de reprodugao social “> A pertenca a elite combina, de forma diferenciada, elevados capitais econdmicos, cuturals, simbélicos & sociais, ANALISE DO MEMORANDO DE ENTENDIMENTO E DAS ONZE AVALIAGOES SUBSEQUENTES NA AREA DA JUSTICA => Os tribunais so uma fonte de recelta para o Estado e um agente da recuperagéo econdmica do pais através dda melhoria das taxas de recuperagao da aco executiva, => Maior contengo orgamental nos gastos com o funcionamento dos tibunais, concrelizada atraves de uma reorganizagéo judicéria, + Ea reforma do Estado entendida como um redimensionamento das suas fungées ¢ da sua capacidade de acto. = As medidas apresentadas pelo Governo, e acordadas com a Troika, para o sector da justica restringem-se & corganizagao judiciéia, aos processos civeis @ aos processos executives, isto 6, &s éreas de funcionamento da Justia com impacto mais direto na economia, = Trés agdes de governo como reformas da justica e ao mesmo tempo “benchmarks” estruturals: © Areorganizagdo judiciaria~ 0 novo mapa juciciario eo o00000 14 = Pressupte a extinggo de comarcas pelo territiio nacional e @ ctiagao de tribunais especializados. "0 principal argumento utilizado ¢ 0 da racionalizagéo das infraestruturas de modo a permitir sganhos de efcigncia = Acctiagao de gestores de tribunal e de um novo sistema de gestéo com o intulto de “permit 08 juizes centrarem-se nos processos” © Aleida atbitragem voluntaria = Pierre Guibentif - a implantagao dos julgados de paz criados em 2001 apresentavam um alcance limitado no espaco social e nas competéncias atribuldas. = A opg80 politica pela desjudiciaizacdo e informalizacao da justia, patentes no desenvolvimento dos meios de resolucao altemativa de Itigios (RAL), acompanharn um proceso mais vasto de transformagao do sistema judicial, onde se incluem as novas profissées jridicas e a cresoente informalizagao dos tribunais * Julgados de paz para os pequenos processos de cobrangas judiciais, utlizando os tibunais atbitais para a resolugéo de agdes executivas e aumentando as custas judiciais nos {ribunais judicias, tomnando-as mais proximas dos pregos praticados na arbitragem. © Arevisto do Cédigo do Processo Civil (alteragbes): "= Alargamento do Processo Civil experimental a mais quatro tibunais. * Criaggo de tribunais especializados em matérias de Concorréncia e de Direitos da Propriedade Industrial. Consolidacao legislativa Desburocratizacao de processos. Mais poderes aos juizes para acelerar processos. ‘= Cumprimento de prazos, em especial para injungdes, ages executivas e insolvéncias. => Em leis que respeitam sobretudo 2 justiga econémica, 0 consenso interpartidério 6 superior ao encontrado em leis como a organizacdo judicaria e funcionamento dos tribunals judiciais, => Novo Cédigo do Processo Civil (Lei n.° 41/2013, de 26 de junho) => Aprovagao de novo mapa judicario (Lei n.° 62/2013, de 26 de agosto) 15 ‘This documents avsiable toe ochageon GELUDOCU.COM Jo80 Pedtoso - Capitulo Il - 23 - A globalizagdo, o Estado e a resolucéo de litigios: as reformas judicials ¢ um novo paradigma de politica publica de justica (pp. 96-101). (Tema 1 ~bt 1.6) _ AGLOBALIZAGAO, 0 ESTADO E A RESOLUGAO DE Liticios: AS REFORMAS JUDICIAIS E UM NOVO PARADIGMA DE POLITICA PUBLICA DE JUSTIGA => Actise manifesta-se pelo aumento da procura dos seus servigos, explosdo de litgiosidade por fata de recursos financeiros, técnicos, profssionals e organizacionais do sistema judicial para responder a este ‘aumento da demanda, == Aeforma do judiciario é uma componente essencial do novo modelo de desenvolvimento e a base para uma boa governagao. A administracdo da justiga é essencialmente um servigo prestado pelo Estado & comunidade, de maneira a preservar a paz social e faciltar 0 desenvolvimento econémico através da resolugao dos confitos. = 0 primado do estado de direito e o sistema judicial parecem ser os instrumentos ideals de uma concegtio ddespoltizada da transformacao social. > Os tribunals tém vindo a ser duramente crticados pela sua ineficiéncia, inacessi Ccorporativos, grande nlmero de presos preventivos, inoompeténcia nas investigagdes. = Grande distancia e desconfianca dos cidadéos do sistema judicial, e do baivo grau de satisfacdo nas situagoes ‘em que estavam envolvidos em processos judicials, = Década de 90, uma rotura dos tribunais, que deu origem a uma crise da justiga decorrente, do crescimento da ‘demands judicial e da sua “colonizago" pela cobranga de dividas tanto na jursdigao civel como na penal => 0 seu desempenho 6 abafado e banalizado por uma exploséo de litigisidede “rotineira’ e por uma insufciéncia de recursos para responder a este aumento da procura > “Reforma tecnocrética da justiga” e ‘desjudicialzagéo da resolugéo de Iitiglos’ ~ ambos os processos se ‘combinam fatores intemos, de mudanga com processos de globalizacdo de baixa intensidade decorrentes do impacto da globalizago do sistema econémico na explosao de Itigacao rotineira, do aumento da procura dos ‘ribunais e de instancias interacionais. > Transformagies profundas na concegéo e gestéo do sistema judicial, apetrechando-o com miltiplas © sofisticadas inovagdes técnicas, que va0 da automatizacao dos ficheiros © arquivos e do processamento automatico dos dado. Elaboragao de alternativas ao modelo centralizado formal e profssionalizado. (© movimento RAL consiste na criagdo de processos, instancias e instituigses relatvamente descentraizados, informais e desprofissionalizadas, que substituem ou complementam, em areas determinadas, a administragéo tradicional da justiga @ a tommam mais barata, mais rapida e mais acessivel => Estas reformas devem ser analisadas em trés sentidos: ‘© Criam uma maior assimetria do sistema judicial e, consequentemente, uma maior assimetia da dominagao juridioo-politica. © Se a resolugao alternativa de Itigios peta mediag0, conciiac&o e arbltragem, nfo se tomaria repressiva por néo terem poder coercitivo para neutralizer as diferencas de poder entre as partes. © Sea resolugao altemativa de Itigios, nas suas diversas formas, mediagéo, concilagao e arbitragem, sera um mero caminho retiar sobrecarga judicial ou pode, também, ser um meio de desenvolver @ acentuar 0 acesso ao dirito e justioa = A’'crise da justia’ traduz-se pela inefcigncia e inacessibilidade com que os tribunais vem desempenhando as ‘suas trés fungdes basicas: a instrumental, a politica e a simbdlica => Trés dimensées em que a justiga assenta ‘© Approcura de uma deciséo justa © Ocusto © Tempo decorrido => Servigo piblico sujeito a restrigbes orgamentas, o que toma a sua qualidade diretamente dependente dos recursos existentes. > fundamental encontrar mecanismos que permitam gerir, de forma racional e diferenciada, 0 volume da procura do sistema judicial => Apedra de toque de um novo modelo de administragéo da justica 6, assim, a criagSo de um sistema integrado de resolugéo de Itigios que assente na promogao do acesso a0 direto e a justica pelos cidaddos @ que permita vencer as barreiras socials, econdmicas e culturais que obstem a sua efetivacao, = A informalizagdo da justica e a desjudicializagao constituem caminhos de reforma da administragao da justiga desde que néo reproduzam as desigualdades entre as partes @ n&o constituam modos de ‘mediagao repressiva' e defendam a igualdade das partes e promovam 0 acasso ao direto jade, privilégios ae 16 080 Pedrosa - Capitulo Il -3 - Que futuro para o acesso ao direito e d justia? - desafios para o século XXI (pp. 145-148). (Tema 1 t1.8) Que futuro para 0 acesso ao direito e a justiga? - desafios para o século XXI = Actise do Estado Providéncia, as crises dos mercados e a ideologia do predominio do mercado, tiveram como consequéncia as politcas piblicas liberais de redugao do Estado e da despesa publica, mas néo mataram a necessidade social e politica de um diceto de acesso ao dieitoe a justia, ~ A consagragao constitucional dos novos direitos econémicos e socials ¢ a sua expanséo paralela & do Estado Providéncia transformou o direito a0 acesso efetivo & justiga num direito chamneira, um direito cuja denegagao acarretatia a de todos 08 demais. Os obstaculos ao acesso efetivo ao direito e a justica e @ hipétese da sua superagéo > Os obstéculos sao de trés tipos: © Econdmicos © Sociais © Culturals Os custos tomiam a justica dispendisa e proporcionalmente mais cara para as ages de pequeno valor. AA distancia dos cidadaos administragdo da justica é tanto maior quanto mais baixo é 0 estatuto social a que pertencem e que essa distancia tem como causas proximas, ndo apenas fatores econémicos, mas também fatores socias e culturas, = 05 cidadéos de memores recursos tendem a conhecer pior os seus direitos @ a ter mais dificuldades em reconhecer como juridico um problema que os afeta, > Mesmo reconhecendo o problema como juridica, como violagao de um direto, & necessério que a pessoas se disponha a interpor a acdo. => Verifica-se que o reconhecimento do problema como do foro juridico e o desejo de recorrer aos tribunals para o resolver, néo s&o sufciantes para que a iniciativa seja, de facto, tomada, => Na sociedade portuguesa, 0s cidados tém um bom conhecimento do direito vigente, mas tal conhe no se refete, necessariamente, no crescimento da procura dos tibunais. = A discriminagao social no acesso @ justica & um fendmeno muito mais complexo, ja que, para além das ‘condicionantes econémicas, envole condicionantes sociais @ culturais resultantes de processos de ssocializagao e de interiorizacao de valores dominantes muito dificeis de transformer. uy yento 7 "Th ocean rat foc haga on StuDecu.com Catarina Frade - A resolugao alternativa de litigios e 0 acesso 4 justica: A mediago do sobreendividamento, Revista Critica de Ciencias Sova, 2008, 65, pp. 107-128. (Tema 1 ~ tt 1.7) ARESOLUCAO ALTERNATIVA DE LITIGIOS E 0 ACESSO A JUSTIGA: A MEDIACAO DO SOBREENDIVIDAMENTO A RESOLUGAO ALTERNATIVA DE LITIGIOS: OS TERMOS DO PROBLEMA Da confliivalidade 4 litigiosidade: o conceito de RAL == O-confito exprime as diferencas em luta entre si, espelha um clima de oposigéo ou de hostlidade. Tem uma carga negativa ¢ destrutiva, + O confit também pode ter uma dimens&o positva, no sentido de que contem a dinémica que leva @ mudanga @ ao avango da sociedade e da civilizac&o. + S6 quando os confitos sao formalmente assumidos @ exigem a intervengdo de uma insténcia para os pacific, ppassam a designar-se por Iitigios. De imediato se levantam varios problemas ‘© Qual o meio de resolugao mais adequado face & natureza do liiglo (© Oferta de meios disponiveis © Carateristicas sociojuridicas da comunidade. => Meios de resolugéo alternativa de itigios: © Substitutivos © Concorrenciais, © Complementares => Duas categorias principais de processos ou modos de resolugao: © Processos adjudicatérios: "= Modo de resolugao no qual a deciséo vinculativa sobre o Itigio nao deriva do mandato das partes, mas da ordem juridica a que estas estéo sujeitas. © Processos consensuais: ‘= Nos quais as partes tém o controlo do resultado e dos termos do proceso. => 0s meios de resolugao alternativa de ltgios sao procedimentos de natureza consensual que funcionam como alterativa a itigagao em tribunal e envolvem a intervengao de um terceiro neutro e imparcial face @ contenda, Conciliagdo, mediagao e arbitragem = Concliagéo, mediagao e arbitragem tém vindo a conquistar um lugar cada vez mais relevante nesta nova rea de confitualdace, = Na conciliagdo, a intervengao de uma terceira parte, alheia ao confito, ajuda os litigantes a encontrarem uma plataforma de acordo tendo em vista resolver a dispute, => Na mediagéo, a intervengéo do terceiro neutro faz-se através da apresentagdo as partes de uma recomendagao ou proposta de acordo da sua autoria CO controlo do processo pelas partes & maior na concliagao do que na mediagéo. ‘A arbitagem representa a submissdo de um itigio de facto ou de dire, ou de ambos, a um tribunal arbitral, ccomposto por uma ou mais pessoas, ao qual as partes aribuem o poder de emir uma deciséo vinculante. => Outros procedimentos de resolugo nao adjudicatorios: ‘© Avaliagéo prévia independent © O tribunal multiportas, ‘© Mini julgamento a Peritagem ‘Embundsman Mediacao arbitragem > Formas distintas de selecionar 0 terceito neutro e conceber o seu papel e incorporam diferentes Control do processo pelas partes. © papel da RAL nas sociedades contempordneas: @ promogao do acesso a justica = Aoferta de mecanismos alternativos de resolugo dos confitos very libertar as insténcias [udiciais de muitos processos de importéncia menor, reservando-as para 0 estudo e a apreciagao de causas mais complexas juridicamente mais exigentes, aumentando, deste modo, a qualidade da propria produgdo judicial ¢ reforgando © papel de pacificadores sociais desempenhado pelos tribunais + Celeridade, informalidade, menor custo, consideragao dos interesses e dos sentimentos das partes e procura cde uma solugao em que todos os lados ganham s80 carateristcas particularmente adequadas & resolugo de certosltigis, onde existe uma forte presenga da componente de bem estar pessoal ou comunitari. iveis de 18 > Existem entre diferentes espagos socials. de confllo movimentos de inal contrario (formalizagao/informalizacéo, desjudicializagdojudiciaizagao) que reforga, a ideia de complementaridade Continuidade entre meios adjucicatiios @ nao adjudicatérios. © acesso ao direto e &justica corresponde garantia de efetividade dos diretos individuals e coletvos. ‘S6 quando a confitualidade potencial se converte em confitualidade real, isto é, s6 quando existe da parte do lesado uma percegéo do dano e quando, além disso, ele reciama a sua reparacdo junto do autor do mesmo & ‘que a relacao social entra verdadeiramente na base da pirémide. > Na origem da resignacao e da baixa propenséo para Itigar da sociedade portuguesa estéo diversos fatores ‘econémicos, sociais, cuturais e até psicologicos. A recusa em Itigar tanto pode ser motivada pela escassez de 'melos financeiros para pagar os servigos de um bom advogado como pode resultar da descrenca numa efetiva reparagao, como, ainda, significar uma fuga a um processo estigmatizante e emocionalmente muito penalizador Ao garantiro acesso @ justica, a RAL contribui para o reforgo da cidadania e do Estado democratic. ARAL desempenha uma misséo paradoxal no contexto do sistema de justiga das sociedades atuais: ‘© Contribui para 0 descongestionaments do sistema judicial, chamando a si uma parte da confitualidade social que nao justifica uma solug8o do tipo adjudicatério ou que n8o encaixa satisfatoriamente nos seus tamites, © Fomenta o aumento da ltigiosidade, ao expandir a procura de tutelajuridica por parte de novos itgantes e de novas categorias de itigios. = 05 provedimentos de RAL ndo vém substiuir a fungao adjudicatéria por uma fungao consensual: (© Apresentam-se como mecanismos que concortem e complementam a atividade pacticadora dos tribunais, AMEDIACAO DOS CONFLITOS E 0 SOBREENDIVIDAMENTO DOS CONSUMIDORES Mediagao e negociacao == Mediagéo: © Modo de resolugéo de ltigios baseado na intervencgo de uma terceira parte neutral, que tem por missao ajudar as partes a estabelecer um acordo que ponha fim ao seu diferendo, para o efeito, apresentar-lhes propostas e sugestdes de sua iniciativa tendo em vista obter 0 consenso. © Constitui uma espécie de “auto-composigao assistida' dos confites, na medida em que da vontade das partes que decorres a celebragao do acordo sao eles quem dirige as negociagdes sob a orientagao e auxilio do mediador. = Negociagde: ‘© Eoinstrumento primério da mediagao e dos demais métodos de RAL. As etapas de mediagéo = Amediagao obedece a um conjunto de procedimentos tendo em vista a obtengéo do acordo. > As etapas fundamentals de um processo de mediagao. = A etapa preliminar serve para explicar em que consiste este procedimento, para dar a conhecer as partes 0 mediador e defini os termos em que a mediagéo vai ser conduzida, => O mediador pede que assinem um acordo para efetivagao da mediagao. Sao definides varios aspetos relativos 0 desenrolar da mediagao. = Processo termina: © Solucionar de um modo efetivo a disputa * 1 fase -0 mediador rd comegar por ouvir as partes. © Pacificar a relagéo entre as partes * 2 fase — 0 mediador comega por fazer um resumo do que as partes argumentaram, = 3 fase ~ enumeragao e organizagao das questies a resolver, = 4 fase — procura de ideias para resolver as questies elencadas, a sua selego e 0 esbogo de um possivel acordo. = 5 fase expresso do entendimento conseguido entre as partes e traduz-se na redagao do acordo final = 6 fase recomendagses finals de mediador e as felicitages aos mediados por terem atingido o consenso. ay ue ‘0 mediador => Ajmaginagao e a criatividade sé pontos importantes. = O mediador surge como um meio, mas nunca como uma garantia de resultado, > 0 mediador deve evitar identificar-se com a causa defendida por uma ou outra parte. 19 ‘This documents avaiati tee ofcrarge en SEUDOCULCOM © Posicionar-se relativamente aos jogos de poder, as relagdes de forga @ as estratégias de influéncia ullizadas pelas partes nas negociagées. => Stlida aquisiggo de conhecimentos do mediador sobre a teoria ¢ os principios da mediagao, 0 papel do tmediador ¢ 08 processos do gestio e resolugdo de confitos através da negociagdo e mediacéo. = Etica e sensibiidade, responsabllidade, nao deve ignorar os impactos que determinadas atitudes ou decisées podem implicar no plano emocional para as partes: © Racionalidade 0 Empatia © Conhecimento técnico especializado © Criatividade e a flexibilidade © Equilibrio = Atributos de natureza pessoal: ‘© Compreensio da complexidade dos problemas e das preocupapdes e anseios das partes. © Intuigéo para aprender o que as partes nao verbalizam. ‘© Capacidade de conquistar e manter @ confianga dos varios intervenientes, ‘© Firmeza na condugdo e construgao do processo. © Capacidade de promogdo e motivacao das partes através da valorizagéo de todas as opgées positvas =O profissionalismo 6 um dos aspetos que mais pode contrbuir para o éxito ou 0 fracasso de uma negociagéo. ‘A mediagdo do sobreendividamento dos consuimidores - que perfil? Sobreendividamento: um conflito que apela & mediagéo = A resolugao dos casos de sobreendividamento representa uma confltualidade emergente nas sociedades de consumo a crédito. A resposta a essa conflaidade pode ser multiple e oscilar entre uma solugao de tipo judicial mais classica e uma solugdo por vies extrajuiciais, nomeadamente através da mediagzo. = 0 sobreendividamento é uma area de confltualidade social ainda pouco conhecida dos tribunais e dos seus aiores privlegiados: magistrados e advogados. > £ certo que nos processos de sobreendividamento existe quase sempre uma pluralidade de credores, 0 que toma a negociagdo mals complexa do que seria no caso de se tratar de uma relacdo biter. => Actesce que as relagdes subjacentes ao sobreendividamento registam quase sempre um grande desequilibrio de poder entre as partes. A posigdo do devedor é consideravelmente mais fraca, o que tende a afetar 0 seu poder negocial ‘© mediador 6 quase sempre levado a assumir um papel misto de mediador e defensor da parte mais débil (0 sobreendividamento 6 um fendmeno mulifacetado, pois, além da questdo financeira de base, existe todo um elenco de problemas psicossociais que podem surgi e dficultar a celebragao do acord == Um processo como a mediagao tende a criar menor estigmalizagdo social e psicologica do que uma ida a tribunal ‘Algumas experiéncias de mediagéo do sobreendividamento . ‘=> Diverses leis de tratamento do sobreendividamento impdem mesmo como condigdo de acesso aos tribunais @ prova de que houve uma tentativa de acordo voluntario extrajudicial e de que essa tentatva falhou. => A questéo da mediagdo do sobreendividamento esta a dar os primeiros passos em Portugal, necessitando de alguma atengaoe reflexo quanto a dois aspetos: ‘© Muilos dos sobreendividados poderem integrar 0 grupo dos sobreendividados socizis, ou seja, daquelas pessoas ou familias que nem sequer tem 0 minimo necessério para sobreviver e para quem a elaboragao de um plano de pagamento é praticamente impossivel co No contexto cultural e sociojuridico portugués, ser de ponderar a hipdtese de uma eventual hhomologagao judicial dos acordos celebrados em sede de mediagéo. > A incluso de mecanismos de RAL como a mediagdo tera de passar por um provesso de educagao € acuituragao juridica das pessoas e das instituig6es publicas e privadas. CONCLUSAO => 0 Estado contemporéneo perdeu 0 monopélio da funcao de jugar, epartindo-a com os privados e a sociedade civil e entrando em parceria ou mesmo em concorréncia com eles. == Um novo modelo de administragao da justica,traduzido na criagao de um sistema integrado de resolugao de ltgios que deve assentar na promocao do acesso 20 ditelto e a justica pelos cidadéos. 20 Daniel Achutt « Justica Restauratva, in Lima, R. S. ef al, Crime, Policia e Justiga no Brasil, S40 Paula: Contexto, 2014, pp. 360 370. (Tema 1 ~ tt 1.8) JUSTIGA RESTAURATIVA JUSTICA RESTAURATIVA: ANTECEDENTES TEORICOS E DELINEAMENTO CONCEITUAIS = 0 termo justiga restaurativa passou a ser utlizado apenas a partir dos anos 90, e referia-se aos “diversos programas implementados desde meados da década de 70, caracterizedos por encontos mediados entre vitimas e ofensores, focadios na reparago e na reconcilagao”. = As raizes mais importantes da justica restaurativa agrupadas em 3 tendéncias: (© Qs movimentos pelos direitos das vitimas e os temas ferinistas, que buscavam a expansao do uso do sistema penal para incluir as suas demandas, © O comunitarismo que enxerga a comunidade como meio e como fim. (© Abolicionismo penal, oriundo da criminologia critica dos anos 70 e 80, que apontava para a necessidade de abolir 0 sistema de justiga criminal e substituilo por um modelo deliberative de ‘administraao de confit. => Johnstone @ Van Ness: a justiga & "um movimento social global que apresenta enorme diversidade, O seu objetivo maior é transformar a maneira como as sociedades contempordneas perceberem e responderem ao crime e a outras formas de comportamentos problematicos VALORES E PRINCIPIOS RESTAURATIVOS Valores — Divididos em trés grupos: © Obrigatirias (@ inobservéncia pode comprometer de forma severa o cardter restaurative dos encontros). © Que devem ser desencorajados. © Que podem ser considerados como o resultado de um encontro bem sucedido, mas que nao devern ser solcitados ou exigidos pelo mediador ou por qualquer uma das partes: devem emergir de forma natural dos participantes. ‘=> No primeiro grupo: elencados valores impositvos que no podem ser relagados, para prevenir que 0 proceso se torne opressivo. ‘© Nao dominagao ‘© Empoderamento © Respeito aos limites © Escuta respettosa © Igualdade de preocupacéo pelos participantes © Accountabiitylappeatabiity © Respeito aos direitos previstos na Declaragdo Universal de Direitos Humanos @ na Dectaragéo dos Principios Basicos da Justiga para as Vitimas de Crime e Abuso de Poder, assim como aqueles previstos em outros tratados e acordos intemnacionais. = No segundo grupo: manifestacGes espontaneas das partes ao longo oul apés o encont, incluindo um pedido de desculpas, o sentimento de remorso pela injustiga causada, 0 perdao pelo ato, entre outros, Os principios basicos restaurativos conforne a Resolugao n.? 2002/42 da ONU “= Principios basicos sobre o uso da justiga restaurativa (6 um guia geral relacionado ao tema, que pode ou nao ser adotado pelos Estados membros): (0 Dividida em 5 segdes + Defnigao + Uso + Operagao dos programas de justga restaurativa Faciltadores Desenvolvimento continuo dos programas => A Resolugéo apresenta apenas principios basicos: a flexibilidade oriunda dos valores e principios conduz a uma enorme gama de processos restaurativos possiveis, denominadas pela maioria da doutrina como praticas restauratives, Principais praticas restaurativas = Wealgrave (2008) — 0s esquemas mais conhecidos atualmente s40 0s seguintes: mediagao vitima-ofensor, conferéncia restaurativa; circulos de sentenga e cura; comités de paz; conselhos de cidadania; comissées de verdade; praticas na priséo e apoio a vitima, 21 Tieseanetensiet setsesr SEUDOCULCOM > AS conferéncias restaurativas so encontrados entre a vitima, 0 ofensor e os integrantes das suas comunidades de apoio e tem como objetivo central encontrar uma solugao construtiva para os problemas @ para os danos causados pela ofensa, ‘A relagéo da justica restaurativa com o sistema de justica criminal, momentos de aplicacdo consequéncias Juridicas = Alguns teéricos afirmam que os dois modelos de justiga néo s&o totalmente opostos, pois convivem ou podem conviver paralelamente. + Ha. necessidade de que a justica restaurativa seja acompanhada pelo Estado, ainda que minimamente, para que se evite a violagdo de direitos fundamentals. Contudo, isso néo significa dizer que a justiga restaurativa deva ficar subordinada ao sistema de justia criminal e se tomar apenas mais uma forma alternativa de resolugéo de confitos efiquetada como menos importante e sem realmente proporcionar uma forma de resolugao de confitos que modifique as bases retibutivas da justiga criminal. ‘=> A justiga restaurativa mantivesse uma autonomia condicional em relagéo ao sistema de justiga criminal, ou seja, atuasse em conjunto com ele, porém com estrutura separada e certa autonomia. ~+ Quatro estigios do procedimento do sistema de justica criminal: co Fase pré-acusagao (ou investigatéria) 0 Fase pés-acusagao 0 Fase judicial co Fase pés-judicial => Cada caso e de acordo com o resultado do encontro restaurativo, as consequéncias serdo variéveis, podendo resultar na extingdo do processo criminal; na suspenséo condicional do processo ou de pena; na extingao do inquérito policial ov no arquivamento da queixa, caso 0 ofensor cumpra o acordo, 22 ohn Rawis- Uma Teoria da Justiga, S40 Paulo: Martins Fontes: Capitulo {— Justica como equidade (pp. 3-19}; Capitulo ll - Os principios de ustica (pp. 57-69). (Tema 1 ~ tt 1.10) JUSTIGA COMO EQUIDADE O PAPEL DA JUSTICA => Cada pessoa possui uma inviolabilidade fundada na justica que nem mesmo o bem estar da sociedade como Um todo pode ignorar. ‘A justiga nega que @ perda da literdade de alguns se justfique por um bem maior partihado por outros. s direitos assegurados pela lustiga nao estéo sujeltos & negociagao politica ou ao célculo de interesses sociais. ‘Uma injustga & tolerdvel somente quando & necesséria para evitar uma injustiga ainda maior. ‘Uma sociedade & bem ordenada ngo apenas quando esta planejada para promover o bem de seus membros mas quando € também efetivamente regulado por uma concegéo publica de justca, Isto é, trata-se de uma sociedade na qual: ‘© Todos aceitam e sabem que os outros aceltam os mesmos principios de justioa (© As instrugées sociais bésicas geralmente satisfazem e geralmente se sabe que satisfazem esses principio. ‘Concegéo de justiga como constituindo a carta fundamental de uma associagao humana bem ordenada, Conceito de justiga: distnto das varias concegées de justiga e como sendo especificado pelo papel que esses diferentes conjuntos de principios, essas diferentes concegdes, tém em comum. = Distingdo entre 0 concelto @ as varias concegdes de justica ndo resolve nenhuma questo importante ‘Simplesmente ajuda a identficar 0 papel dos principios da justica social. = Na auséncia de uma certa medida de consenso sobre 0 que é justo @ 0 que é injusto, fica claramente mais, dificil para os individuos coordenar seus planos com eficiéncia a fim de garantir que acordos mutuamente benéficos sejam mantidos. A desconfianga e o ressentimento corroem os vinculos da civlidade e a suspeita a hostiidade tentam os homens @ agir de maneiras que eles em circunstancias diferentes evitariam. (0 OBJETO DA JUSTICA = Colsas so consideradas justas e injustas: co. Leis © Instituigses © Sistemas sociais © Determinadas agdes: = Devisses: = Julgamentos = Imputagées © Attudes e disposicbes das pessoas e as proprias pessoas, => A protegdo legal da liverdade de pensamento e de consciéncia, os mercados competitvos, a propriedade particular no ambito dos meios de producao e a familia monogémica constituem exemplos das instituigdes sociais mais importantes. Definem 0s direitos e deveres dos homens e influenciam seus projetos de vida. A estrutura basica é 0 objeto primétio da justica porque seus efeitos so profundos e estéo presentes desde 0 comeco, = A justica de um esquema social depende essenciaimente de como se atribuem dietos @ deveres fundamentais e das oportunidades econémicas @ condigses socials que existem nos varios sectores da sociedad. Os principios de justia que deveriam regular uma sociedade bem ordenada, A justica pode ser virtude cautelosa e ciumenta, Teoria da conformagao parcial ‘© Principios que determinam como devemos lidar com a injustiga. ‘© Abrange a teoria da pena, a doutrina da guerra justa e a justiicagao das varias maneiras de oposigdo a regimes injustos, variando da desobediéncia civil e da objegao de consciéncia & resisténcia armada @ & revolugao. = Uma concegao da justiga social fornece primeiramente um padrao pelo qual se devem avaliar aspetos distributivos da estrutura basica da sociedade. = 0 padiao ndo deve ser confundido com os principios que definem outras virtudes, pois a estrutura basica e as organizagSes sociais em geral podem ser efcientes ou insuficientes, lberais ou néo liberals, bem como justos ou injustos. ve ue age 23 This document is someones SEUDOCU.COM => Umideal social est ligado a uma concegdo de sociedade, uma viséo do modo como os objetvos e propésitos dda cooperagao social devem ser entendidos. => Conceito de justga (© Equilibrio adequado entre reivindicagdes concorrentes e uma concegao da justiga como um conjunto de princisios correlacionados com a identifcagao das causas principals que determinam esse equilbrio > Uma parte de um ideal social, => Conceito de justiga define-se pela atuagdo de seus principios na atribuigao de direltos e deveres e na definicao ___ da divisdo apropriada de vantagens socials. AIDEIAPRINCIPAL DA TEORIA DA JUSTICA ‘=> Os principios da justiga para a estrutura basica da sociedade so o objeto do consenso original. So esses prinalpios que pessoas livres ¢ racionais, preocupadas em promover seus préprios interesses, aceiteriam ‘ruma posiga0 inicial de igualdade como definidores dos termos fundamentals de sua associagao. => Na justiga como equidade a posigdo original de igualdade corresponde ao estado de natureza na teoria tradicional do contrato social (0s principio da justia so escolhidos sob um véu de ignorancia, Os principios da justiga so 0 resultado de um consenso ou ajuste equitatvo, Nenhuma sociedade pode ser um sistema de cooperagéo que os homens aceltam voluntariamente. num sentido literal; cada pessoa de encontra 2o nascer numa posigéo particular dentro de aiguma sociedade specifica e a natureza dessa posicao afeta substancialmente suas perspetivas de vida -> Uma caratetistica da justiga como equidade é a de conceber as partes na situapéo inicial como racionais mutuamente desinteressadas. ‘=> 0 concsito de racionalidade deve ser interpretado tanto quanto possivel no sentido esto, que é padréo em teoria politica de adotar os meios mais eficientes para determinados fins. => 0 bem estar de todos depende de um sistema de cooperagao sem o qual ninguém pode ter uma vide Satisfatoria, a dvisdo de vantagens deveria acontecer de modo a suscitar a cooperagao voluntaria de todos os patticipantes, incluindo-se os menos bem situados, => Justiga como equidade consiste em duas partes: ‘© Uma interpretagao de uma situago inicial e do problema da escolha colacada naquele momento ‘© Umconjunto de principios que seriam aceites consensualmente, => Ateoria da justiga é uma parte da teoria da escolna racional. Os principios da justiga tratam de reivindicagoes Conftuantes sobre os beneficios conquistados através da colaboragao social; apicam-se as relagdes entre varias pessoas ou grupos. APOSICAO ORIGINAL. E SUA JUSTIFICATIVA ‘=> As concesées da justica devem ser classifcadas por sua aceitabilidade perante pessoas. + Os principios da justga identifica certes consideragdes como sendo moralmente pertinentes @ a regras de prioridade indicam a precedéncia apropriada quando elas confituam entre si, enquanto a concegao da posi¢ao original define a ideia subjacente que deve informar as nossas ponderagées. OS PRINCIPIOS DA JUSTICA = Ateoria da justiga dividida em duas partes principis: ‘© Uma interpretagéo da sitvagao inicial e uma formulagao dos varios principios dlsponiveis para escola; ‘©. Uma demonstragéo estabelecendo quals dos principios seriam de facto adotados, ASINSTITUIGOES E A JUSTICA FORMAL =O primeiro objeto dos principios da justia social ¢ a estrutura basica da sociedade, a ordenagao das principals insttuigdes sociais em um esquema de cooperacao. => Instituigdo: sistema piblico de regras que define cargos posigdes com seus direitos e deveres, poderes @ immunidades, et. = Instituigao como objeto abstrato: ‘© Como a realizagao das agdes especiicadas por essas regras no pensamento @ na conduta de certas pessoas em uma dada época e lugar. s principios da justia devem ser aplicados ornamentos socials que 40 considerados piblicos, AA publicidade das regras de uma instituigdo assegura que aqueles nela engajados saitam quals limites de conduta devem esperar uns dos outros e que tipos de agdes séo permissive’, ug 4 24 > As estratégias @ regras de conduta racionais se baselam em uma andlise de quais agdes permissiveis os individuos € grupos vo escolher em vista de seus interesses, crengas e das conjeturas que fazem sobre os planos uns dos outros. = As estratégias e talicas seguidas pelos individuos, apesar de essenciais para a avaliagdo das insttuigdes, n&o ‘80 parte dos sistemas piblicos de regras que as definem. = Uma instituigao pode encorajar e aparentemente justiicar expectativas que so negadas ou ignoradas por outa => S40 principios da justiga na medida em que para esse sistema assumem o papel da justiga; fornecem uma atribuigdo de direitos e deveres fundamentals @ determinam a diviséo de vantagens advindas da cooperacao social. > A regra correta definida pelas instituigdes @ regularmente observada e adequadamente interpretada pelas, autoridades. A essa administracéo imparcial e consistente das les ¢ instituigbes, independentemente de quais sejam seus principios fundamentals, podemos chamar de justiga formal ‘Ajustica formal é a adesao 20 principio ou a obedisncia ao sistema, ‘A forga das exigéncias da justiga formal, da obediéncia ao sistema, depende claramente da justiga substantiva das insttuigbes @ das possibidades de sua reforma. OS DOIS PRINCIPIOS DE JUSTICA => Pringipios aplicam-se primeiramente & estrutura basica da sociedade, governam a atibuigao de direitos deveres ¢ regulam as vantagens econémicas e socias. = Liberdades: © Politica (0 dieito de votar e ocupar um cargo politico) e de expressao e reuniao. © De consciéncia e de pensamento © Da pessoa, que incluem a protege contra a opressto psicolbgica e a agressao fisica, © Direito & propriedade privada e a protegao contra a prisdo e a detengao arbitrarias, Apesar de a cistribuigao de riqueza e renda nao precisar ser iqual, ela deve ser vantajose para todos e, 20 mesmo tempo, as posigdes de autoridade e responsabilidade devem ser acessiveis a todos Princlpios devem obedecer a uma ordenagao serial, o primeiro antecedendo o segundo. Nenhuma das liberdades & absoluta; so ajustadas de modo a formar um tinico sistema, A injustiga se constitu simplesmente de desigualdades que nao beneficiam a todos. ‘A concegao geral de justica ndo impde restrigdes quanto aos tipos de desigualdades permissiveis; apenas exige que a posigéo de todas seja melhorada. A distingo entre direitos e liberdades fundamentals, por um lado, e beneficios socials e econémicos, por outro, marca uma diferenga entre os bens sociais primérios que sugere uma importante classificagao no sistema social O primeiro principio simplesmente exige que certos tipos de regras, aquelas que definem as liberdades basicas, se apliquem iquaimente a todos e permitiram a mais abrangenteliberdade compativel com uma igual liberdade para todos. => O segundo principio insiste que cada pessoa se benefice das desigualdades permissiveis na estrutura basica, shee gy 4 ‘ tecotcraeeon SEUDOCU.COM ‘This document is Amartya Sen ~A Idea de Justga, So Paulo: Companhia das Letras; Inrodugdo ~ Trés eriangas e uma flauta: um exemplo (pp. 27-28); Capitulo 18 - A justica e o mundo (pp, 277-294). (Tema 1 - tt 1.11) TRES CRIANCAS E UMA FLAUTA: UM EXEMPLO + Raz6es de justiga plurais e concorrentes, todas com pretenso de imparcalidade, ainda que diferentes ~ @ rivais — umas das outras, == A questi geral € que no @ facil ignorar como infundadas quaisquer das pretenses beseadas respetivamente na busca da satisfagao humana, na remogo da pobreza ou no direito a destrutar dos produtos do proprio trabalho, = Suas divergéncias so sobre como os arranjos socials devem ser estabelecidos © quais institulgdes socials devem ser escolhidas e sobre quais realizagées sociais devem vir a acontecer. '-* Catia um dos argumentos aponta para um tipo diferente de raz&o imparciale nao arbitraria, A JUSTIGA E 0 MUNDO => O que tende a ‘inflamar 0 espirito’ da humanidade sofredora apresenta interesse imediato para a agdo politica € 0 diagndstico da injustca = Geralmente as inlustigas estdo relacionadas com profundas divisbes socials, lgedas a divisées de classe, sexo, nivel social, domictio, religido, comunidade e outras barreiras estabelecidas, muitas vezes ¢ dificil superd-las para chegar a uma andlise objetiva do contraste entre o que esta acontecendo eo que poderia ter acontecido - contraste esse fundamental para o avango da justia. + Um engajamento aberto na argumentagdo racional pablica é absolutamente fundamental na busca da justica, IRA E ARGUMENTACAO RACIONAL = A resistencia a injustiga recor tanto @ indignagéo como & argumentagao, A frustragao @ a raiva podem contribu para nos motivar, mas em itima instancia, tanto para fazermos uma avaliagao correta como para chegarmos a solugdes eficazes, temos de nos basear no exame racional que nos leve a um entendimento plausivel ¢ sustentavel da base desses motivos de queixa (se houver) e do que é possivel fazer para enfrentar 08 problemas subjacentes. => As manifestagdes puras de insetisfagao e descontentamento podem contribuir para a argumentagao racional piblica, se vierem acompanhadas pelo exame de qualquer base razoavel que possa exist para a indignagao. => Oapelo ao uso piblco da razéo é um trago importante da abordagem da justica, VER QUE SE FEZ JUSTICA => Atribuir importancia & necessidade de que uma deciséo judicial justa seja vista. ‘=> Nao se colocam em divida as vantagens praticas de implementagao tendo-se a aprovacao de todos ao redor. => Ligagdio entre a objetividade de um juizo e sua capacidade de enfrentar 0 exame piibic. APLURALIDADE DE RAZOES + A importancia do raciocinio da argumentacao racional palic. (© Danecessidade de aceitar a pluralidade de razdes que podem caber sensatamente num exercicio de avaliagdo. > Existem escolas de pensamento que insistem, explicta ou implicitamente, que todos os diversos valores necessitam ser reduzidos em titima anaiise a uma Unica fonte de importéncia. Essa busca é alimentada pelo medo e pelo panico em relagdo & chamada néo comensurabilidade isto &, a dversidade irredutivel entre diferentes objetos de valor. => Quem insiste que os seres humanos no conseguem decidir o que fazer, a menos que todos os valores se reduzam de alguma maneira apenas a um, naturalmente se sente & vontade na aritmética, mas no no julga. => A pluralidade de razdes que uma teoria da justica tem de acomodar esté ligada nao so a diversidade dos objetos de valor que a teoria reconhece como signficatvos, mas também ao tipo de considerapbes a que @ teoria deve abrir espago. => 08 juizos sobre a justiga precisa assumir a tarefa de acomodar varios tipos de razbes e consideragdes avalatbrias. ARGUIMENTAGAO IMPARCIAL E ORDENAGOES PARCIAIS => As discordéncias reals podem ser eliminadas pela argumentagao racional, com a ajuda do questionamento dos preconceitos estabelecidos, dos interesses pelo proprio beneficio e dos pré-julgamentos nao examinados, => O reconhecimento de que uma teoria ampla da justiga, que abre espaco para consideragdes no congruentes no interior de si mesma, nem por isso se toma incoerente, incontrolével ou inaplicavel. = Concsées definitivas sao dteis, se e quando existem, sem nenhuma necessidade de procurar alguma gatantia de que sempre deva surgir necesseriamente uma escolha "melhor’ ou ‘certa’ em todos os casos em que nos sentimos tentados a invocar a ideia de justia, 26 ne Necessidade de reconhecer que uma teoria completa da justiga pode muito bem apresentar um ranking incompleto de cursos decisorios altemativo, e que um ranking parcial sobre o qual ha concordancia falaré sem rnenhuma ambiguidade em alguns casos e silenciard em outros. => A base de uma ordenagao parcial buscada por comparagses de justiga & @ congruéncia das conclusdes dos argumentos racionais imparciais, o que nao é a mesma coisa que a exigéncia de uma concordancia completa centre as preferéncias pessoais de diferentes individuos. O ALCANCE DAS SOLUGOES PARCIAIS > Uma teoria da justiga deve se basear fundamentalmente em ordenagSes parcais fundadas na intersegao — ou compartihamento - de rankings distintos que se baseiam em diferentes raz6es de justiga, capazes de sobreviver ao exame da argumentacao racional pubic. UMA ESTRUTURA COMPARATIVA '-* As mudangas ou reformas para a melhoria da justica demandam avaliagdes comparativas © no apenas que se identifique, de forma imaculada, ‘a sociedade juste” => Uma abordagem da justica pode ser inteiramente aceitével em teoria e eminentemente utlizavel na pratica, mesmo sem ser capaz de identficar as exigéncias das sociedades perfeitamente justas. A abordagem pode inclur 0 entendimento de que diferentes juizes razoéveis e imparciais podem divergit sensatamente quanto & Identificagao - e mesmo quanto a existéncia — de uma alterativa transcendental. E a abordagem pode reconhecer ~ e admitic- a possibiidade de que mesmo um individuo especifico pode nao estar plenamente decidido sobre as comparagdes entre as diversas altemativas, se for incapaz de rejeltar pelo exame critico todas as consideragdes concorrentes com excego de uma. A JUSTICA E A IMPARCIALIDADE == Duas raz6es principais para exigir que o encontro entre a argumentagdo racional piblica e a justiga va além das fronteiras de uma regio ou de um estado, e elas se baseiam respetivamente na pertingncia das perspetivas de outras pessoas para ampliar nossa propria investigagao dos principios relevantes, e assim ____ evita 0 paroqualismo dos valores e pressupostos insufcientemente examinados da comunidade local 0 NAO PAROQUIALISIO COMO REQUISITO DA JUSTICA => Evitar a armadiiha do paroquialismo: © Para aceitar a necessidade de adotar uma abordagem “aberta’ no exame das exigéncias de imparcialidade. => 0 exame ‘tistanciado” pode ser muito proveitoso para chegar a juizos fundamentados mas abertos, levando em conta quest6es que podem surgir ao considerar perspetivas nao locais => Apesar da indubitavel importancia do ‘conhecimento local’, o conhecimento global também fem seus méritos € pode contrbuir para os debates sobre as préticas e 0s valores locais. JUSTICA, DEMOCRACIA E ARGUMENTACAO RACIONAL GLOBAL = Ademocracia diz respeito a uma avaliagao politica, ao passo que proceder a um exame nao paroquial e nao autocentrado, dando atengao @ perspetivas distantes, pode ser em larga medida motivado por exigéncias de objetividade. = Se virmios a democracia com relagdo @ argumentacéo racional publica, ndo & necessério adiar indefinidamente a possibilidade do exercicio da democracia global => Apluralidade de fontes enriquece o alcance da democracia global = A distribuigao dos beneficios das relagGes globais depende nao s0 das politicas internas, mas também de um leque de arranjos sociais intemacionais, incluindo tratados comercias, leis de patentes, iniciativas sobre a satide global, convénios educativos internacionais, centros de disseminacao tecnologica, restricdes ecologicas e ambientais, negociagao de dividas acumuladas e contengao de confitos e querras locais CONTRATO SOCIAL VERSUS ESCOLHA SOCIAL = Questdes de justia em primelro lugar nas avaliagdes das realizagdes socials e em segundo lugar, nos problemas comparativos relativos & melhoria da justica = Tradigao do contrato social © Suas limitagées para fomecer fundamentais de alcance adequado para uma teoria da justiga so to profundas que ela acaba operando, em parte, como obsléculo para a aplicagdo da razéo pratica sobre 0 dominio da justiga => A teoria da justica mais amplamente utilzada hoje @ sem divida a teoria da ‘justica como equidade’, caraterizada por estar dretamente interessada na identiicagao de instituigdes justas. DIFERENGAS E PONTOS EM COMUM => Boa parte da teora esté diretamente relacionada com as vidas e as capacidades des pessoas e as privagdes & as repressées sotidas, 27 ‘This document is avatate tas of chavo on SEUDOCU.COM AAs atuais teorias da justiga ainda que formalmente baseiem seus principios de justiga em certos arranjos normas e nao diretamente nas realizagdes socials ¢ nas liberdades e vidas humanas. | filosofia também pode contribuir para trazer mais disciplina e maior alcance as reflexdes néo sb sobre os valores e prioridades, mas também sobre as negagGes, subjugagdes e humihagses que os seres humanos sofrem no mundo, As diferentes teorias da justica podem divergir quanto ao direcionamento correto dessa preocupagéo, mas compartilham a caraterstica signficativa de se dedicarem ao mesmo objetivo. Thomas Nagel: ‘© Constatava vigorosamente a forga de iesistbiidade do entendimento consciente, 0 poder de convencionamento da compreenséo da consciéncia e dos fenémenos mentais que tenta vé-los com relagdo aos fenémenos fisicos cortespondentes e estabelecida em particular em diferenciagdo entre @ rratureza da consciéncia e as conexées que podem vinculé-la a operagdes do corpo. 28 Ti ose re fechas StuDocu.com 29 Rosa Melim Saavedra - Violéneia, in Maia, R.L. etal, Dicionaro - Crime, Justiga e Sociedade, Lisboa: Edigbes Silabo, 2016, pp 519, (Tema 2~ bt 21) . VIOLENCIA + Enistem miltipias definigées de violencia, umas claramente mais restitas do que outras, outras adaptadas a0 contexto ou discipina na qual séo aplcadas. => De acordo com a Saide Pablica e com a Organizagdo Mundial da Saide (OMS): a violéncia consiste no uso de forg fisica ou poder, em ameaca ou na pratca, que resulte ou possa resultar em sofrimento, morte, dano psicoligico, mau desenvolvimento ou privagdo. Esta definigao reforga o reconhecimento da voléncia como um problema de Saide Publica = Avioléncia pode ser infigia em tbs tipos: ‘© Violbnoia autonfigida: 0 agressor e a vitima s8o a mesma pessoa @ pode incluir-se comportamentos ‘ou intengGes suicides e automutiacao © Violénoia interpessoal: ene individuos e @ subdividida em violéncia intima e familar acore entre membros da mesma familia ou parceiros intimos ~ contexto domestica) e violéncia comuniteria (entre individuos sem qualquer relagdo e que podem ou nao connecer-se). © Violéncia coletva: contra um grupo ou comunidade, definida como o uso de violencia por parte de pessoas que se identficem como membros de um grupo contra outro ou conjunto de pessoas com 0 objetivo de atingir metas poltcas, econémicas ou socias. = Natureza dos atos violent: © Violéncia fisica © Violéncia sexual © Violéncia psiolégica © Aque envolve privagéo ou negligéncia == Aspato mais importante: a questo da intencionalidade (nem sempre esté presente a intengéo de causar dano quando se recorre ao uso da forca) => Motivacdo: © A viléncia instrumental que tem a finalidade de atingir um objetivo © A violéncia hosti que tem como objetivo causar dano a vtima. = No geral, a definigdo de comportamento hostilestara mais préxima do conceito mais usual de violencia: & desencedeada com a intengao de causar dano a outra pessoa. = Violéncia: conceito culturalmente criad, isto ¢, cade cultura existente, no espaco © no tempo, determina aquilo que considera ou néo um ato de violencia = A violéncia & um fenémeno complexo, resultado da interagao de fatores individuals, relacionais, sociais, culturais € ambientas 30 Joo Davi Avelar Pites - O fenémeno da violéncia: algumas abordagens conceituais, Krypton - \denlt®, Potere Raporesentazion, 2015, 58, pp. 71-79, (Tema 2 ~ tt 2.2) O FENOMENO DA VIOLENCIA: ALGUMAS ABORDAGENS CONCEITUAIS = VIOLENCIA: termo polissémico, polfénico e que assume diferentes significados de acordo com 0 contexto, poce ou area de estudo a qual nos reportamos. => Violéncia como caraterstica intrinseca ao ser humano. VIOLENCIA: DEFINIGOES = Devido & abrangéncia e polssemia do termo, toma-se dificil e inexata a sua conceituacao > Geralmente drgida pelo julgamento social e por normas social ehistoricamente construidas e ndo por padres atemporais, tomando dificil 0 consenso. A violéncia assume formas ¢ justicativas especifias em cada momento © espaco histérico, tornando-se dificil ou impossivel uma defingéo que abarque todas as suas praticas ao longo da existéncia humana > Manifestagdes que podem ser alocadas dentro de algumas categorias, que por sua vez, abrangem suboategorias e subsivisbes, abarcando manifestagées especificas da violéncia e também seus principais alvos, => Exemplos: violéncle de género, violéncia escolar, vioéncia urbana, violéncia doméstica, violéncia simbotca, enire outras. = Novo Dicionério Auréio da Lingua Portuguesa: a violencia iga-se ao uso da forga fisica, moral e também a coagao. Nao denota carater negativo, mas sim ambivalente, dando margem a diversas interpretagoes, => Dicionério do Pensamento Mantista: “intervengao ffisica voluntaria de um individuo ou grupo contra um individuo ou grupo, cua finalidade seja destruir,ofender ou coagir’ (Bottomore, 2001: 320). => Diciondrio Juridico: divide 0 conceito em diversas categorias. A definigSo de violéncia no é valida somente para individuos isolados, seja como vitima ou agressor. Este dicionério apresenta também os seguintes conceitos: violencia efetva fisica, violencia efetiva psiquica, violéncia indireta, violencia sexual e violéncia simydiica => Otero violéncia simbdlica foi proposto por Pierre Bordieu e apresenta-se com um carater aparentemente nao Violento, que ndo causa morte ou danosfisioos, mas que concorre para outras possiveis mortes. = Para Gilberto Velho, violéncia significa tudo o que é contrario ao desejo do outro e que the & imposto, seja por {orga fisica ou simbolica. = Para Yves Michaud, violencia refere-se "a forga em ago, 0 recurso de um corpo para exercer sua forca e, portanto a poténcia, o valor, a forga vital” (Michaud, 1989: 8). O conceito diz respeito a uma forga n&o {qualficada, nao dotada de valor em si propria @ que & inerente ao ser humano. Essa forga torna-se violéncia ‘quando uitrapassa seu limite ou perturba uma determinada ordem social estabelecida. => Para Sail Franco Agudelo, violéncia é vista como processo ditigido a certos fins, tendo diferentes causas, ‘assumindo formas variadas e produzindo certos danos, alteragSes e consequéncias, tanto imediatas quanto a longo prazo. violencia é tao diversa quanto a realidade, mas suas especticidades devem ser conhecidas e entendidas. Michaud enfatiza as relagGes entre violéncia e 0 emprego da forga fisica, bem como as consequéncias produzidas. = Para o Direito Civil, a violencia pode ser considerada uma forma de coergao exercida sobre a vontade de uma pessoa para forgé-la a concordar com algo de que inicio Ihe era contrari, Para Roger Dadoun, violéncia como essencial ao homern. Palma, a natureza do homem esta fundada num caraterinstntvo e impulsivo, que em determinadas situagoes leva a praticar atos de violéncia e crueWdade contra outros indviduos. = Sigmund Freud, violéncia como parte constitutiva do humano e fundante da sua cultura, Relaciona a violencia 20 carater narisista do homem. => O homem & um animal social, infuenciado pelo melo e pelo grupo social @ que pertence, suas crengas, tradigées, representacées @ experiéncias pessoais podem exercer influéncia em seu comportamento e nas relagbes sociais que mantém. > Hanna Arendt, a violéncia serve a um fim bem especifico, garantir a coesdo social, servindo para a ‘manutengao dos pactos. > Costa, 0 carater especifico da violéncia é o desejo de causar mal, humilhar, fazer softer. Todo ato violento tem ‘a marca de um desejo, uma intengo, 0 emprego deliberado da agressividade. > Miche! Meffesol, a violencia coloca-se na génese da existéncia e destaca trés modalidades inerentes a este fenémeno e suas diversas formas de expressao. A primeira, a violéncia dos poderes insttuidos ou violéncla ay vd 31 Toca vai fe harge on StuDocu.com

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