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Direito Penal: Polícia Rodoviária Federal - Aula 02
Direito Penal: Polícia Rodoviária Federal - Aula 02
Bernardo Bustani
Direito Penal – Polícia Rodoviária Federal
Aula 02
Direito Penal
Polícia Rodoviária Federal – Aula 02
Prof. Bernardo Bustani
Sumário
SUMÁRIO 2
APRESENTAÇÃO 3
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 4
TEORIA DO CRIME 6
1) O CRIME 9
1.1)Conceito de crime 9
2) FATO TÍPICO 11
2.1)Resultado e nexo causal 11
2.2)Conduta 15
2.3)Tipicidade 23
2.4)Erro de tipo 24
2.5)Iter criminis 29
2.6)Crime Impossível ou Tentativa inidônea 40
3) ILICITUDE 43
4) CULPABILIDADE 51
GABARITO 72
RESUMO DIRECIONADO 73
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Apresentação
Olá, tudo bem? Eu sou o Professor Bernardo Bustani Louzada. Atualmente, atuo como Assessor Adjunto
de gabinete de Desembargador Federal, no Tribunal Regional Federal da 1º Região.
Vou contar um pouco da minha história: Fui aprovado em 1º lugar nacional para o cargo de Técnico
Judiciário/Área Administrativa do TRF da 1ª Região (2017) e também consegui aprovação para o cargo de
Analista Processual da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul (2017).
Sou ex-Advogado, graduado em Direito pelo IBMEC – Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais - e pós-
graduado em Direito Público pela Universidade Cândido Mendes – UCAM.
Posso dizer que eu tenho uma grande afinidade com o Direito Penal, tendo sido a matéria escolhida para os
meus Trabalhos de Conclusão de Curso e para a segunda fase da OAB.
Na minha trajetória, não é exagero dizer que poucas pessoas me ajudaram e acreditaram na minha
capacidade, mas as que acreditaram foram suficientes para que eu confiasse no meu trabalho. Pretendo ajudar e
confiar em cada um de vocês, pois eu, como concurseiro, sei o que significam as palavras “cobrança”,
“frustração” e “pressão”.
Meu conselho é: estude, tenha paciência e trabalhe a sua confiança, pois o sentimento de aprovação é
capaz de apagar tudo de ruim. Não é impossível, basta acreditar.
E é com muito prazer que, junto com o Professor Alexandre Salim, direcionarei vocês na disciplina de
Direito Penal. Minha meta é a sua aprovação. Para isso, abordaremos o que realmente cai e como cai.
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Conteúdo Programático
O edital trouxe o conteúdo da seguinte forma:
DIREITO PENAL: 1 Princípios básicos. 2 Aplicação da lei penal. 2.2 Lei penal no tempo. 2.2.1 Tempo do crime.
2.2.2 Conflito de leis penais no tempo. 2.3 Lei penal no espaço. 2.3.1 Lugar do crime. 2.3.2 Territorialidade. 2.3.3
Extraterritorialidade. 3 Tipicidade. 3.1 Crime doloso e crime culposo. 3.2 Erro de tipo. 3.3 Crime consumado e
tentado. 3.4 Crime impossível. 3.5 Punibilidade e causas de extinção. 4 Ilicitude. 4.1 Causas de exclusão da
ilicitude. 4.2 Excesso punível. 5 Culpabilidade. 5.1 Causas de exclusão da culpabilidade. 5.2 Imputabilidade. 5.3
Erro de proibição. 6 Crimes. 6.1 Crimes contra a pessoa. 6.2 Crimes contra o patrimônio. 6.3 Crimes contra a
dignidade sexual. 6.4 Crimes contra a incolumidade pública. 6.5 Crimes contra a fé pública. 6.6 Crimes contra a
Administração Pública.
DIREITO PROCESSUAL PENAL: 1 Ação penal. 1.1 Conceito. 1.2 Características. 1.3 Espécies. 1.4 Condições. 2
Termo Circunstanciado de Ocorrência (Lei nº 9.099, de 1995). 2.1 Atos processuais: forma, lugar e tempo. 3
Prova. 3.1 Conceito, objeto, classificação. 3.2 Preservação de local de crime. 3.3 Requisitos e ônus da prova. 3.4
Provas ilícitas. 3.5 Meios de prova: pericial, interrogatório, confissão, perguntas ao ofendido, testemunhas,
reconhecimento de pessoas e coisas, acareação, documentos, indícios. 3.6 Busca e apreensão: pessoal,
domiciliar, requisitos, restrições, horários. 4 Prisão. 4.1 Conceito, formalidades, espécies e mandado de prisão e
cumprimento. 4.2 Prisão em flagrante. 5 Identificação Criminal (art. 5º, LVIII, da Constituição Federal e art. 3º da
Lei nº 12.037, de 2009). 6 Diligências Investigatórias (art. 6º e 13 do CPP).
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Teoria do Crime
Trata-se de um assunto frequentemente cobrado em prova. É muito difícil uma prova que tenha Direito
Penal em seu conteúdo programático não cobrar algum assunto de Teoria do Crime.
Preciso dizer que é um tema que desperta dúvidas, pois há muitos detalhes e teorias. Por isso, peço muita
atenção e me coloco novamente à disposição para responder às perguntas.
A Teoria do Crime é a responsável por explicar a infração penal em si, englobando crime, delito e
contravenção penal. Vocês verão a importância dessa parte da matéria ao longo dessa aula.
Infração penal é gênero das espécies crime (delito) e contravenção penal. Ou seja, a infração penal se
subdivide em crime e contravenção.
Por isso, é correto dizer que o Direito Penal brasileiro adotou o sistema binário de infração penal (teoria
dicotômica/dualista).
Portanto:
Crime (delito)
Contravenção Penal
As diferenças estão nas consequências de cada infração penal e estão previstas na Lei de Introdução ao
Código Penal (LICP - Decreto-Lei 3.914/41) e na Lei de Contravenções Penais (LCP - Decreto-Lei 3.688/41).
Veja:
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Art 1º da LICP - Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de
detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa;
contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa,
ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
Crime:
→ a pena privativa de liberdade pode ser isolada ou vir acompanhada de multa, seja alternativamente
ou cumulativamente;
Contravenção Penal:
→ a pena pode ser isolada ou vir acompanhada de multa, seja alternativamente ou cumulativamente;
Vamos simplificar?
Pena de Reclusão ou Detenção (máximo de 40 anos) Pena de Prisão Simples (máximo de 05 anos)
A ação penal pode ser pública (incondicionada e A ação penal é sempre pública incondicionada.
condicionada) ou privada
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Vamos exemplificar?
OBS: Como falamos, apesar de haver diferença nas consequências, não há diferença ontológica.
Isso quer dizer que não há uma diferença no conceito. A lei diferencia as duas espécies de acordo com as
consequências delas (reclusão/detenção e prisão simples) (punibilidade da tentativa).
Isso é uma questão de política criminal. O Estado que decide o que vai ser crime e o que vai ser
contravenção, de acordo com a proteção que ele quer dar aos bens jurídicos tutelados, até porque uma conduta
que era contravenção pode virar crime.
Exemplo: O artigo 61 da Lei de Contravenções Penais (Decreto-Lei 3.688/41) previa o crime de importunação
ofensiva ao pudor.
No entanto, o legislador entendeu que não se estava protegendo o bem jurídico de forma eficiente e decidiu
criminalizar a conduta.
Portanto:
1º Momento → antes de a conduta ser prevista como infração penal → Não há diferença entre crime e
contravenção, pois não há diferença ontológica (no conceito).
2º Momento → O Estado resolve que uma conduta é crime ou é contravenção → Agora, há diferença nas
consequências da conduta.
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1) O Crime
Como vimos, crime é uma espécie de infração penal. Até agora, só falamos de sua diferença (em relação às
consequências) para a contravenção penal.
1.1)Conceito de crime
O crime pode ser explicado de diversas formas, dependendo do conceito adotado.
Podemos explicar o delito de acordo com os conceitos legal, formal, material e analítico.
Veja:
❖ Conceito legal → É o conceito que está na lei. É aquele do artigo 1º da Lei de Introdução ao Código
Penal:
Art 1º da LICP - Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção,
quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração
penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou
cumulativamente.
❖ Conceito formal →Pelo conceito formal, crime é a violação da norma penal. Em resumo, a norma
penal traz condutas vedadas. Se houver a prática de alguma dessas condutas, restará configurado o
crime sob o aspecto formal.
❖ Conceito material → Por esse conceito, crime é a conduta que ofende (crime de dano) ou expõe a
perigo (crime de perigo) bens jurídicos tutelados (protegidos) pela norma penal.
❖ Conceito analítico → O conceito analítico analisa o crime sob uma ótica dogmática, ou seja, sob
uma ótica acadêmica. Basicamente, é o conceito mais importante para nosso estudo.
Primeiramente, é necessário dizer que o conceito analítico de crime varia conforme a teoria adotada.
Vamos vê-las?
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O Código Penal adotou a teoria tripartite, sendo também a teoria majoritária na doutrina. Ou seja, para fins
de prova, você precisa saber que crime é fato típico, ilícito e culpável.
Ilícito
Crime
Não me recordo de nenhuma questão de concurso (pertinente ao cargo para o qual você está estudando)
que tenha cobrado os demais conceitos.
Preciso dizer também que não é suficiente o simples conhecimento do conceito analítico de crime. O
candidato deve saber enfrentar questões sobre cada um dos elementos dele.
Passaremos, agora, para a análise de tais elementos. Colocarei tópicos autônomos para cada um deles, de
modo a facilitar seu estudo.
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2) Fato Típico
Como acabamos de ver, para uma conduta ser considerada como crime, é necessário que o fato seja típico.
Nota-se que não estamos falando puramente da tipicidade (elemento já estudado), estamos falando de um
fato típico.
O fato típico é composto por uma conduta humana, ligada a um resultado por um nexo causal, devendo
tal conduta ter tipicidade.
Vamos exemplificar?
Exemplo: Crime de furto (art. 155 do CP) → “Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel”.
Portanto:
Ah, professor, então em qualquer crime, para o fato ser típico, é necessária a presença desses 04
elementos?
Não é bem assim. Precisamos fazer uma consideração em relação ao elemento “resultado”. Por questões
didáticas, vamos começar por ele.
O resultado jurídico (teoria jurídica/normativa) é simplesmente a violação da lei penal e está presente em todos
os crimes.
Ou seja, sempre que o sujeito cometer um crime, haverá resultado jurídico, pois a lei penal foi violada.
Já o resultado naturalístico (teoria naturalística) nada mais é do que o resultado previsto em lei. É a modificação
que a conduta causa no mundo exterior.
Vamos exemplificar?
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Exemplo: No crime de homicídio (matar alguém), o resultado naturalístico é a morte. O resultado jurídico é a
simples violação da norma penal.
Porque há crimes que não precisam do resultado naturalístico para se consumar. Fique tranquilo, veremos
o que é “se consumar” ainda nesta aula.
Veja:
• Materiais
• Formais
• De mera conduta
Nos crimes materiais, para haver a consumação do delito, deverá haver a concretização do resultado
naturalístico.
Ou seja, para o crime se consumar, a vítima deve morrer. Se não ocorrer esse resultado, não há que se falar
em crime consumado.
Nos crimes formais, a consumação independe do resultado naturalístico. Ou seja, há consumação mesmo sem o
resultado naturalístico. Este até é previsto em lei, mas tal resultado é mero exaurimento do crime.
Exemplo: No crime de Corrupção passiva (art. 317 do CP), há a conduta de solicitar vantagem indevida.
O crime se consuma com a prática do verbo “solicitar”, independentemente se houve efetivo recebimento
da vantagem. Ou seja, o recebimento dela é mero exaurimento do crime, pois a consumação se deu quando o
agente solicitou.
Concluímos que, para a consumação, pouco importa se houve recebimento da vantagem ou não.
Em resumo: Crime formal é o que descreve o resultado naturalístico, mas não o exige para a consumação.
Por isso, a doutrina chama os crimes formais de crimes de consumação antecipada.
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Nos crimes de mera conduta (simples atividade), a consumação também independe do resultado naturalístico.
A diferença para os formais é que aqui o resultado naturalístico sequer é previsto em lei.
Ou seja, nos crimes de mera conduta, sequer há resultado naturalístico a ser atingido, bastando a prática da
conduta (“mera conduta”) para a consumação.
O simples ingresso já consuma o delito. O artigo sequer prevê um resultado a ser atingido.
Parcialmente certo.
Na verdade, retira-se o “resultado” (pois ele não é necessário para a consumação) e o “nexo causal”,
pois este elemento é que liga a conduta ao resultado. Se não há resultado, não precisa de uma ligação entre ele e
a conduta.
O nexo causal
Causa, segundo artigo 13 do CP, é toda ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Veja:
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Se Mévio falecer, o ato de Caio ter atirado nele será a causa do resultado.
Temos, portanto, a teoria dos equivalentes causais (conditio sine qua non).
Professor, e se vier uma questão um pouco mais difícil? Como eu saberei se a ação foi causa para o
resultado?
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Primeiramente, o operador do direito deve olhar para as condutas e fazer a seguinte pergunta: “Se eu retirar essa
conduta, o resultado ainda ocorrerá?”.
Se a resposta for positiva, não temos uma “causa”. Se a resposta for negativa, temos uma “causa”.
Não!
Não. Quem matou foi Caio e quem teve Caio foi a mãe dele.
Portanto, para a teoria dos equivalentes causais, a conduta da Mãe também foi causa.
Esse é o grande problema desta teoria, pois permite o chamado “regresso infinito”.
➢ Teoria da imputação objetiva → Pela teoria da imputação objetiva, para ser imputado um
resultado, é necessário que haja:
▪ Criação ou incremento de um risco não permitido no caso concreto → Em síntese, a
conduta do agente deve criar ou aumentar um risco que a lei não permite.
▪ Realização do risco no resultado →Não basta que o risco tenha sido criado. Ele deve
gerar o resultado.
▪ Resultado dentro do tipo (tipicidade formal) → O resultado (dano ou perigo) deve estar
previsto no tipo penal.
➢ Superveniência de causa relativamente independente → O artigo 13, parágrafo 1º nos diz que
uma causa posterior (superveniente) que não guarde relação de previsibilidade (relativamente
independente) com o caso concreto não pode ser imputada ao autor da conduta.
Exemplo: Caio, com intenção de matar, atira em Mévio, que é socorrido e não corre risco de morrer.
Note que Mévio não corria risco de morrer em decorrência do tiro dado por Caio. No entanto, estava no
hospital por causa de Caio.
Sendo assim, Caio responde pelo homicídio?
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Não. Note que não era previsível que Mévio morresse por encontrar um antigo desafeto. Tal situação não
está no desdobramento normal dos fatos.
Art. 13, § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si
só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
É necessário falar do final do artigo. Por “fatos anteriores” entende-se a conduta de Caio ter atirado. Dessa
forma, ele responde por aquilo que praticou, ou seja, tentativa de homicídio.
Exemplo 2: Caio, com intenção de matar, atira em Mévio, que morre em cirurgia.
Nesse caso, a morte foi um desdobramento normal da conduta de Caio. Portanto, ele responde por
homicídio consumado.
Exemplo 3: Caio, com intenção de matar, atira em Mévio, que morre em decorrência de infecção hospitalar.
Nesse caso, de acordo com a jurisprudência, a morte por infecção foi um desdobramento normal da
conduta de Caio. Portanto, ele responde por homicídio consumado.
2.2)Conduta
Já vimos que o resultado se divide em jurídico e naturalístico. O primeiro sempre irá ocorrer, pois deriva de
uma violação da norma jurídica.
Em relação ao segundo, vimos também que ele precisa estar presente nos crimes materiais para que haja a
consumação. Em relação aos crimes formais, não há tal necessidade, pois o resultado naturalístico é mero
exaurimento do delito, que se consuma com a prática do verbo do tipo penal. (fique tranquilo que falaremos de
“consumação” daqui a pouco).
Por fim, nos crimes de mera conduta, sequer há resultado naturalístico a ser atingido, sendo o crime
consumado também com a prática do verbo, ou seja, com a “mera conduta”.
A conduta é explicada por diversas teorias. Para nosso estudo, precisamos entender a teoria causalista
(naturalística) e a teoria finalista.
Vamos vê-las?
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Teoria Causalista/Naturalística
Para esta teoria, conduta é um comportamento humano e voluntário que modifica o mundo exterior.
Para os causalistas, os elementos “dolo” e “culpa” estão na culpabilidade. (Veremos o que é “dolo” e o que
é “culpa” em instantes).
Teoria Finalista
Hans Welzel é o “pai” da teoria finalista, sendo a teoria adotada pelo Código Penal.
OBS: Para a Teoria Finalista de Hans Welzel, dolo e culpa estão no “fato típico” (tipo). Muitas questões
falam que o dolo e a culpa estão na culpabilidade e isso está errado (para os finalistas).
Não havendo conduta, não haverá fato típico e, portanto, não haverá crime. Isso porque o crime pressupõe
a existência do fato típico e o fato típico pressupõe a existência de conduta.
É interessante citar algumas situações em que não há conduta (e, portanto, não há crime):
Caso fortuito/força maior → tais eventos são imprevisíveis e inevitáveis. Eles não derivam de um
comportamento humano.
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Exemplo: Uma pessoa dirigindo um barco de forma diligente e, em virtude de uma onda que bate na
embarcação, os tripulantes são arremessados ao mar, vindo a falecer.
O motorista não responde por nenhum crime, pois estava dirigindo de forma correta. Os tripulantes caíram no
mar em virtude de uma força da natureza.
Estados de inconsciência (sonambulismo, hipnose, etc.) → como o nome já diz, tais estados são derivados de
situações nas quais a pessoa não está consciente.
Exemplo: Um sonâmbulo acha que sua casa está sendo invadida e, em estado de inconsciência, desfere facadas
no suposto invasor.
Acontece que, na verdade, era sua faxineira que havia chegado cedo para limpar o local.
Nesse caso, falta o elemento “consciência”.
Coação Física irresistível → na coação física irresistível, não há conduta voluntária. Ou seja, o agente não pratica
o fato de forma voluntária.
Exemplo: Um sujeito pega de forma forçada a mão de uma pessoa, coloca em uma arma, e desfere um tiro na
vítima, sem que o coagido pudesse resistir.
A pessoa que teve a mão colocada na arma (“coação física”), como não pôde resistir (“irresistível”), não responde
pelo crime.
Exclui-se aqui a “voluntariedade”.
OBS: Há a diferença entre coação física e coação moral. Isso será visto ainda nesta aula, quando falarmos
de culpabilidade.
Feita uma introdução sobre o elemento “conduta”, temos que avançar no estudo.
Agora me parece o melhor momento para falar de dolo e culpa, pois são elementos que estão dentro da
conduta, segundo a Teoria Finalista. Eles são chamados de elementos subjetivos da conduta.
Dolo
O Dolo, assim como quase tudo nessa parte da matéria, possui algumas teorias para explicá-lo. É
importante você saber a Teoria da Vontade e a Teoria do Assentimento.
Teoria da Vontade → Para ter dolo, o agente deve querer efetivamente produzir o resultado ou praticar a
conduta.
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Exemplo: Y quer matar X e desfere uma facada nele. X morre. Portanto, há dolo de Y.
Teoria do Assentimento/Consentimento → O agente não quer necessariamente produzir o resultado, mas não
se importa se ele ocorrer. Tal teoria é manifestada pela indiferença do autor no caso concreto.
O autor prevê que o resultado pode ocorrer e não se importa com isso. É o “tanto faz”.
Exemplo: X quer desferir uma facada em Y. X não quer necessariamente matar Y, mas se Y morrer, pouco
importa.
É chamada de teoria do consentimento, pois o agente consente com o resultado, aceitando-o como possível.
Temos aqui o dolo eventual.
Querer o resultado é o dolo direto (teoria da vontade). Assumir o risco de produzir o resultado é o dolo
eventual (teoria do assentimento/consentimento).
No primeiro grau, o agente quer efetivamente o resultado. O segundo grau, por sua vez, é uma
consequência necessária do meio utilizado para atingir o resultado.
Exemplo: Tício quer matar Caio. Para isso, coloca veneno na caixa de água do prédio em que ele mora.
Em relação a Caio, houve dolo direto de primeiro grau (Tício quis o resultado).
Em relação aos moradores, houve dolo direto de segundo grau (foi uma consequência do meio utilizado).
O dolo eventual, por sua vez, é espécie de dolo indireto. O dolo indireto engloba o eventual e o
alternativo.
O eventual, como visto, é o ato de assumir o risco de produzir o resultado. No dolo alternativo, por sua
vez, a conduta tem o objetivo de atingir um ou outro resultado, não importando qual.
Exemplo: Tício quer lesionar ou matar Caio. Para isso, dispara sua arma de fogo.
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Culpa
Falar em “culpa” é falar nos elementos imprudência, negligência ou imperícia, que são chamadas de
“modalidades de culpa”.
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Imprudência → É o excesso na conduta. Na prática, o agente age de forma afoita, ou seja, precipitada.
Exemplo: O motorista de um veículo que dirige em velocidade alta por estar com pressa e acaba lesionando
alguém. A vontade (dolo) do motorista foi de dirigir rápido.
O resultado (lesão corporal) não foi intencional nem foi assumido pelo motorista. Nesse caso, falamos em culpa
por imprudência.
Negligência → É a omissão na conduta. Na prática, o agente deveria agir de uma forma e não agiu. Aqui,
falamos em omissão do agente.
Exemplo: Z, dono de um carro potente, empresta seu veículo para um amigo viajar. Acontece que Z não faz
manutenção no veículo.
Apesar disso, nem imagina que isso poderá causar problemas, pois acha que um piloto diligente evitará qualquer
problema. Acontece que seu amigo se acidenta e vem a falecer.
A vontade de Z foi a de não fazer manutenção. O resultado (morte) não foi intencional e nem foi aceito.
Imperícia → É a inobservância das regras técnicas de determinada profissão. Ou seja, o profissional deve realizar
algum procedimento de acordo com normas técnicas, mas deixa de utilizá-las.
Exemplo: Erro médico. O médico, para operar, precisa seguir normas técnicas. Se elas não forem observadas e
ocorrer uma lesão corporal, haverá imperícia.
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OBS: Os crimes só podem ser punidos a título de culpa se houver previsão na lei. Trata-se do princípio da
excepcionalidade/tipicidade, previsto no artigo 18, parágrafo único do CP:
Art. 18, Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto
como crime, senão quando o pratica dolosamente.
Exceção → punição por dolo e culpa, se esta for prevista em lei → homicídio e lesão corporal, por exemplo.
COMO CAI: CESPE/2018 – STJ - Considerando que crime é fato típico, ilícito e culpável, julgue o item a seguir.
Crime doloso é aquele em que o sujeito passivo age com imprudência, negligência ou imperícia.
GABARITO: ERRADO.
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia
Segundo porque é o sujeito ativo que age com culpa, não o sujeito passivo. Sujeito ativo é o autor do crime
e sujeito passivo é a vítima do crime.
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Precisamos falar, ainda, das espécies de culpa (inconsciente, consciente, própria e imprópria).
Exemplo: Uma pessoa decide colocar uma planta na janela e nem imagina que ela pode cair e machucar uma
pessoa.
Na culpa consciente, o agente prevê o resultado. No entanto, ele acredita que será capaz de evitá-lo. Além
disso, não há uma indiferença. O autor não quer que o resultado ocorra.
Exemplo: Uma pessoa pega sua arma e fica brincando de tiro ao alvo no meio da via pública. O agente acredita
que, por ser exímio atirador, não acertará ninguém (e nem quer acertar)
Ele tem a certeza de que é muito bom e que não acertará ninguém.
Culpa própria é aquela em que o agente não quer o resultado e não assume o risco de produzi-lo. Trata-se da
imperícia, negligência e imprudência.
Exemplo: O motorista de um veículo que dirige em velocidade alta por estar com pressa e acaba lesionando
alguém. A vontade (dolo) do motorista foi de dirigir rápido.
O resultado (lesão corporal) não foi intencional nem foi assumido pelo motorista. Nesse caso, falamos em culpa
por imprudência.
Culpa imprópria é a que decorre do erro inescusável (artigo 20, parágrafo 1º do CP – será estudado
posteriormente).
Vimos que o dolo eventual é a indiferença do autor, é o “tanto faz como tanto fez”. O sujeito sabe (prevê) que o
resultado criminoso pode ocorrer e não se importa com isso. Trata-se do descaso.
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Exemplo: Uma pessoa pega sua arma e fica brincando de tiro ao alvo no meio da via pública. Se acertar alguém,
o agente não “está nem aí”.
Na culpa consciente, o agente também prevê o resultado. No entanto, ele acredita que será capaz de evitá-lo.
Além disso, não há uma indiferença. O autor não quer que o resultado ocorra.
Exemplo: Uma pessoa pega sua arma e fica brincando de tiro ao alvo no meio da via pública. O agente acredita
que, por ser exímio atirador, não acertará ninguém.
Ele tem a certeza de que é muito bom e que não acertará ninguém.
Exemplo: Uma pessoa decide colocar uma planta na janela e nem imagina que ela pode cair e machucar uma
pessoa.
Crime praeterdoloso/preterdoloso/preterintencional
O crime preterdoloso nada mais é do que dolo na conduta e culpa no resultado (dolo no antecedente +
culpa no resultado consequente).
Vamos exemplificar?
Exemplo (caso concreto): Há alguns anos, em Ipanema/RJ, um grupo de argentinos foi agredido por um grupo
de brasileiros. O caso ficou famoso porque, após receber um soco, o cidadão argentino caiu e bateu a cabeça no
chão, vindo a falecer.
Na época, falaram em homicídio doloso, ou seja, disseram que o brasileiro teve intenção de matar o argentino ou
assumiu o risco de matá-lo.
No entanto, apesar de eu não ter lido os autos do inquérito/processo, essa conclusão não me parece a mais
adequada. (Lembrando que eu não tive acesso aos autos).
O brasileiro, claramente, quis agredir o argentino com um soco. Isso está cristalino pelas imagens que foram
veiculadas na mídia. Portanto, houve dolo na conduta de desferir um soco (dolo no antecedente). Até aqui,
houve uma lesão corporal.
No entanto, a morte do argentino, na minha opinião, não foi o resultado que o agente quis. Em regra, quem
desfere um soco em uma festa não quer matar a vítima, quer lesioná-la. O que ocorreu foi um resultado que o
brasileiro não queria e nem assumiu o risco de produzir.
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Dessa forma, em um primeiro momento, achei que houve culpa em relação ao resultado (culpa no
consequente).
O brasileiro deveria ter respondido (se não respondeu – não acompanhei o desfecho do caso) por lesão
corporal seguida de morte, veja:
Infelizmente, como o caso apareceu na mídia, quiseram imputar um homicídio doloso ao agente. Nota-se
que ele realmente deverá ser punido de forma rigorosa pela lei, mas pelo crime que foi cometido.
O que não pode é tentar enquadrar a conduta em outro artigo por causa do clamor social. Clamor social
não deve ser usado como jus puniendi (poder punitivo do estado), afinal, o Direito Penal é do fato, não do autor.
2.3)Tipicidade
Já vimos que a Tipicidade é dividida em Tipicidade Formal e Tipicidade Material.
Material → verificação se a conduta ofende de forma relevante o bem jurídico → “desvalor da conduta”.
Exemplo: “Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:” → conduta prevista como Crime de Furto no
artigo 155 do CP → Há Tipicidade Formal.
Exemplo 2: “Correr com fone de ouvido” → conduta não prevista como Crime no CP → Não há Tipicidade
Formal.
Já na Tipicidade Material, fazemos a seguinte pergunta: “Há uma ofensa grave o suficiente para
justificar a incidência do gravoso Direito Penal?”.
Exemplo: Roubo de um avião → Há uma ofensa grave ao bem jurídico (patrimônio) → Há Tipicidade Material.
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Exemplo 2: Furto de uma bala de quinze centavos → Não há uma ofensa grave ao bem jurídico (patrimônio) →
Não há Tipicidade Material.
Portanto, para haver Tipicidade, é necessário que haja Tipicidade Formal e Tipicidade Material. Se uma
delas faltar, não haverá fato típico e, portanto, não haverá crime.
Comportamento
Humano
Voluntário e
consciente
Conduta
Finalidade
Resultado
(crimes
materiais)
Fato Típico Dolo/Culpa
Nexo causal
(crimes
materiais)
Formal
Tipicidade
Material
2.4)Erro de tipo
O erro de tipo é estudado no fato típico. Ele é diferente do erro de proibição, que é estudado no elemento
“culpabilidade”.
O erro de tipo é o erro sobre algum elemento do tipo legal. Trata-se de uma falha na percepção do caso
concreto. Na prática, o agente não sabe o que está fazendo.
Veja:
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a
punição por crime culposo, se previsto em lei.
Tal erro pode ser essencial, se incidir sobre algum elemento essencial do tipo penal, ou pode ser
acidental, se incidir sobre algum elemento acessório do tipo penal.
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Nesse caso, Mévio achou que estava matando um urso. Em outras palavras, ele não sabia que estava
matando “alguém”.
É importante dizer que o “alguém” é uma elementar (elemento essencial) do tipo penal do homicídio (a
conduta é “matar alguém”).
Nesse caso, Mévio achou que havia matado por estrangulamento, mas na verdade matou pela queda.
Nota-se que Mévio errou não quanto a um elemento essencial, mas sim quanto a um elemento acidental.
Portanto, temos o erro de tipo acidental (já iremos falar dos tipos de erro acidental).
No erro de tipo essencial, poderá haver exclusão do crime. Este se divide em erro de tipo
escusável/inevitável e erro de tipo inescusável/evitável.
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No inescusável/evitável/vencível, o agente não sabia o que estava fazendo, mas poderia saber. Em outras
palavras, a situação fática permitia que o agente percebesse o que estava fazendo. Trata-se do erro que o
“homem médio” não cometeria.
Se for concluído que Mévio poderia saber que se tratava do amigo, haverá apenas exclusão do dolo.
No entanto, se a conduta for prevista na modalidade culposa, haverá punição a título de culpa.
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a
punição por crime culposo, se previsto em lei.
Essa punição a título de culpa é exatamente o que chamamos de culpa imprópria. Na prática, a conduta é
dolosa, mas é punida de forma culposa, em virtude do erro do agente. Por isso “imprópria”.
Art. 20, § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro
deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
Lembrando que se o crime não admitir forma culposa, não haverá punição, mesmo se se tratar de erro
evitável.
O erro acidental, como já dito, é o erro que incide sobre elementos não essenciais do tipo penal e não
isenta o agente de pena.
Eles se dividem em: erro sobre o objeto, erro sobre o nexo causal, erro sobre a pessoa, erro na execução
e resultado diverso do pretendido.
➢ Erro sobre o objeto → O sujeito acha que a conduta recai sobre uma determinada coisa, mas, na
verdade, recai sobre outra coisa.
Exemplo: Mévio quer subtrair um celular. Ao consumar a conduta, percebe que subtraiu uma réplica usada para
a vitrine.
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➢ Erro sobre o nexo causal/aberratio causae → O sujeito acha que produziu o resultado de uma
forma, mas, na verdade, produziu de outra.
Acontece que, dias depois, a perícia conclui que a morte se deu por traumatismo, não por afogamento.
➢ Erro sobre a pessoa → O sujeito, sem errar na execução, quer atingir uma pessoa, mas atinge
outra.
Art. 20, § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se
consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente
queria praticar o crime.
Certo dia, vê uma pessoa parecida com ele na rua e consuma o delito.
Nesse caso, de acordo com o artigo 20, parágrafo 3º, considera-se a pessoa que o agente queria atingir.
➢ Erro na execução/aberratio ictus→ O sujeito, aqui, erra o modo de execução. Ou seja, por “falha”,
atinge pessoa que não queria atingir.
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a
pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime
contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a
pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
Nesse caso, de acordo com o artigo 73, considera-se a pessoa que o agente queria atingir.
Se houver morte dos dois, Mévio responde pelos dois crimes em concurso formal (matéria do tema
concurso de crimes).
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Nesse caso, o agente responde por culpa, se for previsto crime culposo.
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém
resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo;
se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
Acontece que Tício erra e atinge um carro. Nesse caso, poder-se-ia falar em crime de dano.
Erro sobre o
objeto
Erro sobre o
nexo causal
Erro sobre a
Acidental
pessoa
Erro na
execução
Inescusável
Essencial
Escusável
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2.5)Iter criminis
Agora é uma boa oportunidade para falar do famoso iter criminis.
O iter criminis é o caminho do crime (o itinerário do crime), ou seja, as fases pelas quais o crime passa.
1ª fase (interna): Cogitação → É a fase em que o autor pensa mais ou menos assim: “hmmm, quero fazer isso”.
Não há punição nessa fase (ninguém pode ser punido pelo que pensa).
2ª fase (externa): Atos preparatórios (preparação) →O autor, pensando em cometer a infração, faz os
preparativos (monta o plano, adquire coisas, etc.).
3ª fase (externa): Atos executórios (execução) → Quando o autor ingressa na execução do delito.
4ª fase (externa): Consumação →É o momento em que se consuma a infração penal. Vimos que, dependendo
do crime (Material, Formal ou de Mera Conduta), o momento da consumação varia.
No crime material, há a consumação com o resultado naturalístico. Nos crimes formais e de mera conduta,
a simples prática do verbo presente no artigo já consuma o crime.
Exemplo 1: Uma pessoa resolve furtar objetos de uma casa. Para isso, vai em uma loja e compra luvas, botas,
etc.
Nesse caso, ele está se preparando para cometer o delito. Acontece que comprar tais materiais não é crime e,
sendo assim, o sujeito não pode ser punido.
Apenas haverá a incidência do Direito Penal quando houver o começo dos atos executórios, ou seja, quando o
agente começar a praticar algum ato suscetível de caracterizar o verbo “subtrair”.
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Exemplo 2: Uma pessoa resolve roubar um pedestre. Para isso, adquire ilegalmente uma arma de fogo e passa a
andar com ela (porte).
Nesse caso, a aquisição da arma de fogo é um ato preparatório ao crime de roubo. No entanto, o simples porte
ilegal de arma de fogo já constitui crime autônomo (artigo 14 do Estatuto do Desarmamento).
Dessa forma, pune-se o ato preparatório não por ser ato preparatório, mas sim por constituir crime autônomo.
Exemplo 3: O delito do artigo 291 do Código Penal (Petrecho para falsificação de moeda)
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo,
aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda:
Sabemos que há o crime de moeda falsa. No entanto, o próprio legislador escolheu criminalizar, por
exemplo, a mera posse de aparelho destinado à falsificação de moeda. Ou seja, o próprio legislador resolveu que
o Direito Penal deve incidir em um momento anterior, punindo quem tivesse objetos destinados à falsificação.
Dessa forma:
Exceção → São puníveis os atos preparatórios se eles constituírem crimes autônomos (por si só).
Iter Criminis
OBS: Alguns doutrinadores incluem a fase de exaurimento como 5ª fase. Não é a posição majoritária.
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Em resumo, o exaurimento é a fase em que o crime esgota seu potencial lesivo (potencial de causar dano).
Exemplo: Como vimos, nos crimes formais, a consumação se dá independente do resultado naturalístico. Ele até
pode ocorrer, mas não é necessário para o crime se consumar.
No crime de corrupção passiva, a mera solicitação de vantagem indevida já é suficiente para que haja a
consumação. Em outras palavras, não é necessária a obtenção de tal vantagem.
No entanto, se o agente conseguir a vantagem almejada, haverá o exaurimento do delito.
Consumação
A infração penal se consuma quando no fato estão presentes todos os elementos de sua definição legal.
Explica aí, professor...
Para haver a consumação do crime, deve haver uma conduta que realmente ofenda a integridade corporal
ou a saúde de outra pessoa. Ou seja, não basta que haja uma conduta humana, pois ela deve gerar o resultado
esperado pelo artigo (ofensa à integridade corporal ou à saúde de outrem).
O crime de lesão corporal é material e, como já vimos, para ser consumado, precisa haver o resultado
naturalístico (verdadeira ofensa à integridade ou à saúde).
Os crimes formais e de mera conduta, como vimos, não precisam do resultado naturalístico para a
consumação, pois a prática do verbo já consuma o crime.
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem
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Em relação ao verbo solicitar, a mera solicitação já consuma o crime. O agente não precisa efetivamente
receber a vantagem indevida. Tal recebimento é mero exaurimento do crime formal.
Portanto, tanto nos crimes materiais, quanto nos formais e nos de mera conduta, para que haja a
consumação, é necessária a presença de todos os elementos de sua definição legal.
A diferença é que nos materiais essa definição legal traz o resultado naturalístico como essencial e nos
formais/de mera conduta não.
Portanto:
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de
quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
✓ Os crimes omissivos próprios se consumam com a não prática do comportamento devido. São
aqueles crimes que a lei já traz a omissão (“deixar de”).
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada
ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir,
nesses casos, o socorro da autoridade pública:
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Art. 13, § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o
resultado. O dever de agir incumbe a quem:
Exemplo: É o caso do Policial, que, por lei, tem o dever de intervir quando houver cometimento de algum crime.
Exemplo: Caio pede para Tício vigiar seu filho enquanto ele vai à padaria. Tício concorda e por isso “assumiu a
responsabilidade” de impedir resultado danoso.
Se Caio se recusar a ajudar Tício, ele não responderá por crime omissivo próprio (omissão de socorro). Como ele
“criou” a ocorrência, ele responderá pelo resultado (homicídio).
✓ Os crimes culposos se consumam com a produção do resultado naturalístico, pois são crimes
materiais.
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Tentativa (conatus)
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do
agente.
Quer ver?
Exemplo 1: Caio desfere 3 tiros em um amigo. No entanto, o autor fica com pena e resolve levar o amigo ao
hospital, vindo este a sobreviver.
Exemplo 2: Caio desfere 3 tiros em um amigo. No entanto, o amigo é socorrido por terceiros e sobrevive.
Não. Apenas há tentativa no segundo caso, pois o crime de homicídio não se consumou por circunstâncias
alheias à vontade do agente. No primeiro caso, o crime de homicídio não se consumou pela própria vontade de
Caio.
Veja:
No exemplo 1, Caio não queria mais consumar o delito → não há tentativa. Veremos essa hipótese ainda
nesta aula.
Dessa forma, concluímos que para haver a tentativa, são necessários alguns requisitos, de acordo com o
artigo 14, II do CP:
❖ Circunstâncias alheias à vontade do agente → O agente não consuma a infração porque não
pode ou não consegue mais prosseguir na empreitada criminosa.
❖ Dolo do agente → O agente quer prosseguir (dolo), mas não consegue (por circunstâncias alheias
a sua vontade).
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Nota-se pelo artigo 14, parágrafo único que, em regra, a tentativa é punida com a pena correspondente ao
crime consumado, mas diminuída de 1/3 a 2/3. Falei “em regra” porque daqui a pouco vou mostrar uma exceção.
Art. 14, Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços
➢ Imperfeita/inacabada → Aqui, o agente não chega ao final dos atos executórios. Em outras
palavras, ele quer prosseguir na conduta, mas não consegue.
Exemplo: Caio quer matar Mévio e, para isso, saca seu revolver com 06 projéteis (“balas”). O autor desfere 04
tiros e, mesmo querendo desferir os ouros 02, é impedido por terceiros.
➢ Perfeita/acabada/crime falho → Aqui, o agente chega ao final dos atos executórios. Em outras
palavras, ele termina sua conduta.
Exemplo: Caio quer matar Mévio e, para isso, saca seu revolver com 06 projéteis (“balas”). O autor desfere os 06
tiros, mas Mévio sobrevive em virtude de ter sido socorrido.
Exemplo: Caio quer matar Mévio e, para isso, saca seu revolver com 06 projéteis (“balas”). O autor desfere tiros
que não atingem a vítima.
Exemplo: Caio quer matar Mévio e, para isso, saca seu revolver com 06 projéteis (“balas”). O autor acerta os
tiros, mas a vítima sobrevive.
OBS: já vi questões que afirmaram que “cruenta” é a que é cometida com crueldade. Isso está errado!!
Professor, toda e qualquer infração penal pode ser punida na forma tentada?
A resposta é “não”. Há situações em que a tentativa será inviável ou não será punida. Já vimos o caso das
contravenções penais.
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Infrações penais que não admitem tentativa (ou que não são puníveis como tentativa)
Contravenções Penais
Habituais
Atentado
Preterdolosos
Omissivos Próprios
Culposos
Unissubsistentes
1) Em relação às contravenções penais, o artigo 4º da LCP já foi visto. Nota-se que ela não é punível.
Possível ela é.
2) Nos crimes culposos, como vimos, o resultado é involuntário. E como acabamos de ver, a tentativa
pressupõe o dolo (“alheias à vontade do agente”).
3) Nos crimes preterdolosos, não cabe tentativa pelo mesmo motivo. O resultado é involuntário. Há
dolo na conduta e culpa no resultado.
Veja:
Art. 14, II do CP - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à
vontade do agente
Crimes unissubsistentes são aqueles em que os atos executórios só podem ser cometidos mediante um
único ato, ou seja, não é possível o fracionamento da execução. Nesses casos, ou o agente consuma a infração
(pratica o verbo) ou não faz nada. É o “oito ou oitenta”.
Exemplo: No caso do Desacato cometido de forma verbal, ou a pessoa profere as palavras ou não. Ou consuma
ou não. Nesse caso, não é possível que os atos executórios sejam fracionados.
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Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar:
6) No caso dos crimes habituais, para haver a consumação, é necessário, como o nome já diz, a
habitualidade. Habitualidade nada mais é do que o conjunto de condutas reiteradas (repetidas)
capazes do consumar o crime. Ou seja, se houver uma única conduta, ela será atípica. Também é
“oito ou oitenta”.
7) Os crimes de atentado (empreendimento), por si só, já são consumados. Crimes de atentado são
aqueles em que o legislador decidiu que a mera tentativa já configura o crime consumado.
Exemplo: O crime de evasão mediante violência contra a pessoa. Veja que a conduta é evadir-se ou tentar
evadir-se.
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva,
usando de violência contra a pessoa:
Eu acabei de falar que “em regra” os crimes tentados possuem uma causa de diminuição de pena e falei
também que há exceções, certo? Esta é uma delas. Nos crimes de atentado, a mera tentativa já consuma o
crime. Portanto, o crime é punido como consumado, não como tentado.
COMO CAI: CESPE/2017 – TRF 1ª Região - Julgue o próximo item, relativo ao instituto da tentativa.
GABARITO: CERTO.
COMENTÁRIOS: De fato, os crimes culposos não admitem tentativa, como acabamos de ver.
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Contravenções
Habituais
Atentado
Omissivo
Própios
Culposos
Unissubsistentes
Tentativa abandonada
A tentativa abandonada é gênero das espécies desistência voluntária e arrependimento eficaz. Vou
explicar:
Como o próprio nome já diz, na tentativa abandonada, não há a consumação do crime. Essa é a primeira
informação que você tem que entender.
1ª Situação → O agente inicia a execução e desiste de prosseguir nela. Ou seja, o agente, no meio da
execução, decide que não quer dar prosseguimento à conduta. Isso é chamado de desistência voluntária.
Conclui-se que só é possível se o agente ainda não finalizou os atos executórios. Trata-se de um
comportamento omissivo (“deixar” de prosseguir).
Exemplo: Caio, querendo matar Tício, porta uma arma com 06 munições e dispara 03 vezes contra a vítima.
Vendo Tício caído no chão, Caio fica com pena e, mesmo podendo atirar mais 03 vezes, decide se evadir do local
A vítima sobrevive.
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2ª Situação → O agente inicia e termina a execução. No entanto, após finalizar os atos executórios, ele se
arrepende e toma as providências para que o resultado não ocorra. Isso é chamado de arrependimento eficaz
Exemplo: Caio, querendo matar Tício, porta uma arma com 06 munições e dispara 06 vezes contra a vítima.
Vendo Tício caído no chão, Caio fica com pena e resolve levá-lo para o hospital. A vítima sobrevive.
Viram que na primeira situação o agente, no meio dos atos executórios, mesmo podendo prosseguir neles,
desiste? E que na segunda situação o agente, após finalizar os atos executórios, toma as providências para que o
resultado (morte) não ocorra?
Em síntese → Só posso me arrepender do que eu já fiz. E só posso desistir do que estou fazendo.
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado
se produza, só responde pelos atos já praticados
A primeira parte traz a desistência voluntária e a segunda parte trata do arrependimento eficaz.
Em ambos os casos, o resultado (morte, no exemplo) não poderá ocorrer. Se ocorrer, haverá crime
consumado.
O agente só responde pelos atos já praticados (que podem configurar crime ou não). Nas duas
situações, responde por lesão corporal, pois a morte não ocorreu.
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se
produza, só responde pelos atos já praticados
Por isso, os institutos são chamados de “Ponte de Ouro”, pois é uma ponte que permite “sair” do crime
mais grave (homicídio, no exemplo) e ir para o crime menos grave (lesão corporal, no exemplo).
Tentativa
abandonada
Desistência Arrependimento
voluntária eficaz
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Arrependimento Posterior
O Arrependimento Posterior é chamado de “Ponte de Prata”. Isso porque, ao contrário da ponte de ouro,
ele não permite “sair” de um crime e ir para outro menos grave.
Trata-se de uma causa de diminuição de pena, que é aplicada quando o agente pratica crimes sem violência
ou grave ameaça à pessoa e restitui/repara o dano até o recebimento da denúncia.
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída
a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será
reduzida de um a dois terços.
Há situações nas quais o meio escolhido pelo agente para consumar o crime é incapaz de ferir o bem
jurídico tutelado. No mesmo sentido, há situações nas quais o meio é capaz de ferir o objeto material, mas este
não existe, não podendo sofrer qualquer tipo de dano.
Nesses casos, temos uma exclusão de Tipicidade. Ou seja, o fato nem chega a ser típico.
Dê uma olhada no artigo 17 do CP. Em seguida, explicarei cada hipótese e darei exemplos.
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade
do objeto, é impossível consumar-se o crime.
O modo/meio de execução escolhido pelo agente não tem qualquer possibilidade de ferir o bem jurídico
tutelado.
Exemplo: Caio quer matar Tício e para isso vai em uma farmácia e compra um saco de algodão. Em seguida, com
muita força, joga uma unidade na cabeça da vítima.
A conduta de jogar um algodão na cabeça de Tício é capaz de consumar o homicídio? Um algodão na cabeça é
capaz de matar uma pessoa?
Não. Portanto, o meio escolhido (jogar um algodão) é ineficaz para consumar o crime.
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O objeto material é a pessoa ou o objetivo sobre o qual a conduta criminosa incide. No caso do homicídio, é
a vítima. No caso do furto, é o bem móvel.
Aqui, o modo/meio de execução escolhido pelo agente tem possibilidade de lesionar o objeto material. No
entanto, esse objeto não existe, ou seja, é impróprio.
Exemplo: Caio, vendo uma pessoa desmaiada, resolve estuprá-la. Após a conjunção carnal, percebe que a
pessoa, na verdade, estava morta. Nesse caso, o meio utilizado (conjunção) poderia consumar o estupro.
No entanto, o objeto material (pessoa) não existe, pois a suposta vítima já estava morta.
OBS: Nota-se que tanto a impropriedade do objeto quanto a ineficácia do meio devem ser absolutas!!!
Essa hipótese consiste na impossibilidade de se consumar o delito quando a polícia ou qualquer pessoa
tomam as providências necessárias para evitar a consumação.
Vamos exemplificar?
Sem provas para efetuar a prisão, Semprônio resolve dar a ideia de roubar uma concessionária no endereço X.
Acontece que o Agente de Polícia informa sua Delegacia, que coloca diversos policiais no local para impedir a
consumação.
Quando a organização criminosa chega no local, a Polícia intervém e efetua a prisão.
Nota-se que a Polícia tomou todas as precauções para que o crime não se consumasse. Além disso,
houve o comportamento do Agente de Polícia infiltrado foi de colocar uma “isca” para a prisão ser efetuada.
Nesse caso, temos o crime impossível por obra do agente provocador, pois o roubo não teria possibilidade
de se consumar, diante das circunstâncias fáticas.
Parte da doutrina chama isso de Crime de Ensaio ou Crime de Teatro, exatamente pelo fato de ser criada
uma situação armada que impede a consumação do crime.
Súmula 145 do STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua
consumação.
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Professor, quer dizer que se uma pessoa for em uma loja com câmeras, tentar furtar algo e for pego
pelo segurança, haverá crime impossível?
Não!!!! A simples existência de sistema de vigilância não torna impossível a consumação do furto. O agente
ainda consegue furtar, mas consumar o delito fica mais difícil.
Veja o que diz a Súmula 567 do STJ:
Súmula 567 do STJ - Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de
segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do
crime de furto.
Crime Impossível
Absoluta
Absoluta ineficácia do Flagrante
impropriedade do
meio preparado/provocado
objeto
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3) Ilicitude
Finalizado o estudo do Fato Típico, precisamos ingressar no conceito de ilicitude, que também é chamada
de antijurisdicidade.
Em síntese, um ato ilícito é aquele que viola a norma jurídica. Trata-se de um conceito bem simples.
Primeiramente, para um fato ser ilícito, é necessário que ele seja típico. Se não houver tipicidade, sequer
avaliaremos a ilicitude.
Feita essa introdução, o próprio Código Penal elenca hipóteses em que a ilicitude é excluída (justificada),
quer ver?
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
Temos o estado de necessidade, a legítima defesa, o estrito cumprimento do dever legal e o exercício
regular de direito. Vamos ver cada um deles?
COMO CAI: CESPE/2018 – STJ - A respeito da culpabilidade, da ilicitude e de suas excludentes, julgue o item
que se segue.
Conforme a doutrina pátria, uma causa excludente de antijuridicidade, também denominada de causa de
justificação, exclui o próprio crime.
GABARITO: CERTO.
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
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Estado de necessidade
O estado de necessidade é a colisão de bens jurídicos no caso concreto. Em outras palavras, é a situação na
qual há dois bens jurídicos e um deles deve ser sacrificado para que o outro “sobreviva”. Em resumo, é o conflito
de interesses entre dois bens jurídicos.
Exemplo: Um navio naufraga e duas pessoas (A e B) ficam boiando na água. Há apenas um pedaço de madeira
em que apenas uma pessoa pode ficar para sobreviver. A e B, lutando pela vida, brigam e B acaba matando A
para ficar com o pedaço de madeira.
Nesse caso, B não responde pelo crime de homicídio, pois estava em Estado de Necessidade, caracterizado
pela vontade de salvar sua vida do perigo atual (naufrágio), não causado por sua vontade (ele não afundou o
navio), que não podia de outro modo evitar (o único meio de sobreviver era ficando na madeira).
I - em estado de necessidade;
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que
não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo
sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
Do artigo, é possível ver os requisitos para que o estado de necessidade seja caracterizado:
• Perigo atual (“salvar de perigo atual”) → O perigo deve ser atual. Pelo CP, não existe estado de
necessidade de perigo que não está ocorrendo. Nota-se que o perigo pode ser derivado da
natureza, de ato humano ou de ato de animal.
Exemplo: Uma pessoa não pode matar um cachorro sob o argumento de que um dia ele poderá vir a atacá-la.
• Ameaça a “direito próprio ou alheio” → Deve haver uma ameaça concreta a um direito. No
exemplo dado anteriormente, há uma ameaça à vida de B.
Outro exemplo: Uma pessoa não pode dar um tiro na cabeça de um cachorro feroz que está amarrado e com
focinheira, pois não existe ameaça concreta.
• Perigo não provocado pela própria pessoa, de forma dolosa (“não provocou por sua vontade”)
→ Se o perigo for originado pela própria pessoa (voluntariamente, dolosamente), não se fala em
estado de necessidade.
Exemplo: Se no exemplo dado, B tivesse afundado dolosamente o navio, ele não poderia se valer do estado de
necessidade para matar A.
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• Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo (artigo 24, parágrafo 1º do CP) → Se a pessoa
tem o dever legal de enfrentar a situação de perigo, ela não pode deixar de enfrentá-la.
Art. 24, § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
Exemplo: Um bombeiro não pode se recusar a enfrentar o fogo sob o argumento de que não quer se queimar.
Ou seja, as profissões que têm o dever legal de enfrentar a situação de perigo não podem alegar estado de
necessidade.
• Inevitabilidade por outro meio (“nem podia de outro modo evitar”) → O meio escolhido para
evitar o perigo deve ser o único disponível ou o menos gravoso dentre os disponíveis.
Exemplo: No exemplo dado, se houvesse outra solução, B não poderia ter matado A. Digamos que os dois
pudessem ficar na madeira. Nesse caso, há outro modo de B evitar sua morte, não necessitando matar A.
• Proporcionalidade (“direito cujo sacrifício não era razoável exigir-se”) → No caso concreto,
deve-se ponderar qual o bem jurídico de maior valor, que deverá prevalecer. Se forem de igual
valor, qualquer dos dois poderá prevalecer.
Exemplo: No exemplo do naufrágio, temos vida x vida. Nesse caso, qualquer vida poderá prevalecer.
OBS: Furto famélico → É o caso em que a pessoa furta para comer e sobreviver. O exemplo é clássico na
doutrina.
Trata-se de estado de necessidade, em que os bens vida (do agente) e patrimônio (do supermercado) são
confrontados. Prevalece a vida.
Como estamos falando em bens jurídicos de valores diversos, preciso fazer uma observação:
A Teoria unitária diz que só existe um estado de necessidade, chamado de justificante. Este exclui a ilicitude,
como estamos vendo.
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Já a Teoria diferenciadora diz que existem dois estados de necessidade, o justificante, que exclui a ilicitude e o
exculpante, que exclui a culpabilidade.
❖ Teoria Unitária:
→ Exclui a ilicitude
→ Adotada pelo CP
❖ Teoria Diferenciadora:
→ Exclui a ilicitude
→ Exclui a culpabilidade
Professor, o CP adotou a teoria unitária, certo? Então, se o bem que prevaleceu for de menor valor, haverá
crime?
Sim. No entanto, haverá uma causa de diminuição de pena prevista no parágrafo 2º. Veja:
Art. 24, § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser
reduzida de um a dois terços.
Ou seja, o legislador, apesar de entender que há crime, decidiu dar um tratamento mais brando em função
da razoabilidade (uma pessoa defendendo seu direito, ainda que de menor valor do que o sacrificado).
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Legítima Defesa
A legítima defesa, em síntese, é a situação fática na qual o agente se defende de uma injusta agressão
humana. Tal agressão pode ser atual ou iminente e pode ser a direito próprio ou de outra pessoa.
Exemplo: Mévio, em uma boate, decide bater em Caio porque achou que este jogou bebida em sua roupa.
II - em legítima defesa;
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Vamos resumir?
✓ Injusta agressão → Isso quer dizer que a agressão deve ser injusta sob o aspecto do direito.
Injustiça é algo que a vítima não precisa suportar.
Exemplo: Na situação acima, Caio não precisa deixar Mévio lesioná-lo. A agressão de Mévio é injusta.
✓ Agressão atual ou iminente → Agressão atual é a que está ofendendo o bem jurídico, enquanto a
iminente é a que está em vias de agredi-lo. Não cabe legítima defesa de agressão futura nem a
agressão passada.
Exemplo: Semprônio mata Tévio sob o argumento de que este um dia tentará matá-lo.
✓ Direito seu ou de outrem → Poderá haver legítima defesa de direito próprio ou de outra pessoa.
Exemplo: Uma pessoa pode se defender de uma agressão injusta, mas também pode defender outra pessoa.
Imagine que no exemplo de Mévio e Caio, o agredido fosse o amigo de Caio. Mesmo assim, ele poderia agredir
Mévio.
✓ Usar moderadamente os meios necessários → No caso concreto, não poderá haver excessos. No
mesmo sentido, o defensor deve usar o meio que está ao seu alcance naquele momento. O meio
usado deverá sempre ser o que cause o menor dano. É a proporcionalidade no caso concreto.
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Exemplo: No exemplo de Mévio e Caio, se Caio tiver 2x o tamanho de Mévio e puder imobilizá-lo, não poderá
sacar sua arma e atirar nele.
OBS: Ataque de animal → Se o animal ataca por instinto, há estado de necessidade. Se o animal ataca sob um
comando humano, há legítima defesa.
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Na putativa (imaginária), a agressão não existe, mas o sujeito imagina que ela exista.
Exemplo clássico na doutrina: Tício arruma confusão em uma boate e bate em seu desafeto (X).
Após a confusão, sem entender nada, X jura Tício de morte, dizendo que na próxima vez que encontrá-lo irá dar
um tiro nele.
Após alguns meses, Tício resolve voltar ao local e, ao olhar para o lado, vê a vítima de sua anterior agressão com
a mão no bolso. Imaginando ser seu futuro algoz, Tício pega uma garrafa de cerveja e desfere golpes em X.
Acontece que X, pessoa que não gosta de brigas, estava pegando um chiclete no bolso, não tendo mais intenção
de matar Tício.
Nessa hipótese, Tício achou que estivesse em legítima defesa, mas não estava.
Art. 20, § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro
deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo
Trata-se da descriminante putativa por erro de tipo. Ou seja, uma pessoa supõe uma situação fática na
qual tem que se defender. No entanto, essa situação não existe.
Se o erro era inevitável, ou seja, se o agente não tinha como perceber que não havia legítima defesa real,
não há crime, pois exclui-se o próprio dolo da conduta.
Se o erro era evitável, ou seja, se o agente poderia perceber o erro na situação, falamos em punição a
título de culpa. No entanto, como já vimos, um crime só pode ser punido na modalidade culposa se houver essa
previsão na lei.
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Em síntese, considera-se em legítima defesa o agente de segurança pública (rol do artigo 144 da
Constituição) que repele agressão ou risco de agressão à vítima mantida refém por criminosos.
Art. 25, Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em
legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima
mantida refém durante a prática de crimes.
Exemplo: Mévio, Policial Militar do Distrito Federal, em cerco realizado para prender assaltantes de um banco,
desfere tiros em um criminoso que ameaça matar um refém.
É importante esclarecer que o próprio artigo 25 caput já abarcava essa hipótese de legítima defesa, de
modo que, na minha visão, essa introdução foi desnecessária.
Exemplo: Se um Juiz ordena a prisão de determinada pessoa, o Policial deverá efetuar tal prisão. Ele tem o dever
legal de agir e cercear a liberdade do indivíduo.
O Policial, portanto, não pratica crime, pois está cumprindo uma obrigação que deriva da própria lei. Não
há ilicitude em sua conduta.
Exercício regular de direito é aquele em que o agente comete uma conduta exercendo um direito que lhe
pertence.
Exemplo: Um lutador de artes marciais, ao ser lesionado e se lesionar, está exercendo um direito (esporte,
profissão...).
No entanto, como o próprio nome já diz, tal exercício deverá ser regular, ou seja, obedecendo às normas
da modalidade. Se houver excessos, não será “regular” e o agente poderá responder criminalmente, dependendo
do caso concreto.
Quer ver?
Exemplo 2: Um lutador de artes marciais que entra na luta portando uma faca e desfere facadas no adversário.
Obviamente, isso é contra as regras e o lutador será punido criminalmente.
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Professor, você falou que o Policial, quando prende alguém, está em estrito cumprimento do dever legal.
Então, quando um Policial mata determinada pessoa, ele também está em estrito cumprimento do dever
legal?
NÃO!!!! O Policial não tem o dever legal de matar ninguém. Se ocorrer morte de outra pessoa, podemos
falar em legítima defesa (própria ou de terceiros).
Lembre-se: Policial não tem dever legal de matar. No entanto, ele poderá fazê-lo em situações de legítima
defesa.
Elementos que
excluem a ilicitude
Em qualquer das hipóteses de exclusão de ilicitude, se o agente age com excesso, ou seja, faz mais do que
deveria, ele responde por isso. É o que diz o parágrafo único do artigo 23 do CP, veja:
Art. 23, Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo
excesso doloso ou culposo
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4) Culpabilidade
Já vimos o fato típico e a ilicitude. Agora, veremos a culpabilidade.
O que é culpabilidade?
Trata-se do juízo de reprovação que recai sobre a conduta praticada pelo indivíduo. Em outras palavras,
analisa-se o quão reprovável (juridicamente) a conduta é.
➢ Imputabilidade
➢ Potencial consciência da ilicitude
➢ Exigibilidade de conduta diversa
Antes de explicá-los, preciso fazer uma consideração em relação às teorias que explicam a culpabilidade.
Vamos lá?
▪ Teoria normativa (pura) → Tal teoria é consequência da teoria finalista de Welzel. Trata-se da
teoria adotada pelo nosso Direito Penal. A culpabilidade, aqui, contém apenas elementos
normativos (imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa).
Portanto, “dolo” e “culpa” passam para o fato típico.
Imputabilidade
Ser capaz, por sua vez, é ter a capacidade de entender o caráter ilícito do fato (capacidade intelectiva) e
de determinar-se de acordo com tal entendimento. (capacidade volitiva).
Em outras palavras, para a pessoa ser imputável, ela deve ter a capacidade para entender o caráter ilícito da
conduta e também deve ter a capacidade de “se segurar”, ou seja, conter-se.
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Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento
Portanto, vemos que o artigo 26 traz três hipóteses em que não há imputabilidade (são as chamadas
causas de exclusão ou causas dirimentes da culpabilidade):
❖ Doença mental
❖ Desenvolvimento mental incompleto
❖ Desenvolvimento mental retardado
Pelo artigo, nota-se que não basta a mera existência dessas circunstâncias. Além delas, o agente não
deve ser capaz de entender o caráter ilícito de ato que cometeu ou não deve ser capaz de se conter. Portanto,
repito, não basta a mera existência de uma doença, ela deve ser a causa pela qual o agente não entende a
ilicitude do fato ou não consegue se segurar.
Situação 1 → Mévio, doente mental, em momento de lucidez, rouba um banco. Ele será considerado
inimputável?
Não. Apesar de Mévio ser doente mental, essa doença não retirou sua capacidade de entender o caráter
ilícito do fato.
Situação 2 → Mévio, doente mental, em momento de intenso delírio, rouba um banco porque acha que
entidades superiores deram essa ordem. Ele será considerado inimputável?
Provavelmente, sim. Em decorrência da doença mental, Mévio estava delirando, ou seja, não entendia o
caráter ilícito do fato.
Adota-se, portanto, o critério biopsicológico. Ou seja → biológico (doença) + psicológico (não ter a
capacidade de entender a ilicitude do fato ou não conseguir se controlar).
OBS: Analisa-se se o agente era capaz no momento da conduta!!!!! E o motivo nada mais é do que....a
Teoria da Atividade. Ou seja, considera-se praticado o crime no momento da conduta (ação ou omissão).
Cuidado com questões de prova que digam que o agente era incapaz em momento posterior ao fato.
Além do artigo 26, o Código Penal, em seu artigo 28, parágrafo 1º, traz outra hipótese de inimputabilidade:
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Art. 28, § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou
força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Aqui, também é adotado o critério biopsicológico. Ou seja → biológico (embriaguez) + psicológico (não
ter a capacidade de entender a ilicitude do fato ou não conseguir se controlar).
A não acidental se divide em voluntária (vontade de se embriagar → dolo) e culposa (a embriaguez deriva
de culpa). Elas não excluem a imputabilidade. Mesmo que, ao cometer o crime, o sujeito não tenha a capacidade
de entender o caráter ilícito do fato, ele será punido, pois ele escolheu se embriagar em um momento anterior.
Trata-se da teoria da actio libera in causa (ação livre na origem), ou seja, analisa-se o momento em que o
autor estava consciente e se embriagou. Em resumo, o agente, de forma consciente, se coloca em estado de
embriaguez, seja por desejar tal resultado ou por ter agido culposamente.
A patológica é tratada como uma doença. Aqui, o sujeito está doente. Trata-se do dependente químico e
do alcoólatra.
A preordenada é a embriaguez em que o sujeito consome a substância para praticar algum crime. Na
prática, ele fica embriagado para “criar coragem”. Esse tipo de embriaguez é uma causa que agrava a pena.
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o
crime:
II - ter o agente cometido o crime:
l) em estado de embriaguez preordenada.
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Art. 27 do CP - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas
estabelecidas na legislação especial
Art. 228. CF - São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação
especial.
Aqui, ao contrário do que foi dito, basta que o autor seja menor de 18 anos. Não se exige que ele não
entenda o caráter do fato ou que não consiga se controlar.
Portanto, no que tange ao menor de 18 anos, foi adotado o critério biológico (só precisa ser menor de 18
anos para ser inimputável).
No caso do menor de 18 anos, o processo será extinto, pois aplica-se o ECA (Estatuto da Criança e do
Adolescente) aos atos infracionais cometidos por ele.
Nos outros casos, a sentença será de absolvição, mas essa absolvição será imprópria. Isso quer dizer que
não haverá aplicação de pena, até porque os artigos falam em “É isento de pena”.
Mas o que acontecerá? Haverá, nesse caso, aplicação da chamada Medida de Segurança. As duas espécies
são Internação e Tratamento Ambulatorial.
É possível que o agente não seja completamente capaz, mas tenha a sua capacidade reduzida. Assim,
podemos falar em semi-imputabilidade.
Exemplo: Uma pessoa com doença mental, em um momento de parcial lucidez, comete um fato típico e ilícito.
Nesse caso, há crime?
Art. 26, Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento
Art. 28, § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de
caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento
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Viram que os artigos falam em “não era inteiramente capaz” e em “não possuía a plena capacidade”?
I - a emoção ou a paixão;
Nesse sentido, uma pessoa que está apaixonada e mata outra não poderá ser considerada inimputável.
Além disso, a embriaguez voluntária e a culposa, como vimos, também não permitem essa exclusão.
Nada mais é do que a consciência que o autor do fato ilícito tem ou poderia ter da ilicitude (ilegalidade)
deste. Faz-se a seguinte pergunta: “O sujeito poderia saber que a conduta é ilícita?”. Busca-se saber se o
“leigo” poderia saber que conduta é ilícita.
Vamos exemplificar?
Exemplo: Mévio, cidadão comum, comete um crime de lesão corporal. Ele tem potencial consciência da
ilicitude?
Sim. É possível que Mévio saiba que sua conduta é ilícita, pois ele é um cidadão comum e está integrado na
sociedade.
Isso não importa, pois o desconhecimento da lei não pode ser usado para excluir a culpabilidade. Veja o
que diz o artigo 21 do CP.
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de
pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Portanto, mesmo que desconheça a lei, Mévio será punido. No entanto, haverá uma circunstância
atenuante para o crime cometido:
II - o desconhecimento da lei;
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Quando o autor do fato desconhecer o caráter ilícito da norma, não tendo a possibilidade de saber que a
conduta é criminalizada.
Exemplo: Um indígena que jamais foi integrado à sociedade é levado para uma grande cidade. Em seguida, fica
desesperado porque pessoas estão passando ao seu lado. Em sua tribo, quando pessoas estranhas chegam, a
ordem é atacar para se proteger.
Dessa forma, o índio pega sua flecha e atira em uma pessoa.
Provavelmente, não. O índio não tinha o potencial de conhecer a ilicitude do seu fato, até porque não é
integrado na sociedade. Não há como ele conhecer tais leis.
Portanto, para se ter a potencial consciência da ilicitude, é necessário que seja possível que o agente
conheça a ilicitude daquilo que está cometendo. É o que diz a segunda parte do artigo 21 do CP.
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de
pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do
fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
Temos, portanto, o chamado erro de proibição (erro sobre a ilicitude do fato). Ou seja, o agente tem
plena consciência do que está fazendo (há conduta). No entanto, ele não sabe que o que está fazendo é
crime e nem tem condições de saber.
Se tal erro é inevitável, ou seja, se o agente não teria como conhecer a ilicitude do fato (erro de proibição
inevitável), haverá exclusão da culpabilidade (isenção de pena). No entanto, se era possível tal conhecimento
(erro de proibição evitável), haverá mera diminuição de pena.
Professor, anteriormente você tinha falado em erro de tipo. Qual a diferença para o erro de proibição?
No erro de tipo, o agente não sabe o que está fazendo. Ele acha que está em uma situação que, na
verdade, não existe. Tal erro, se for inevitável, exclui o dolo. O dolo está na conduta e a conduta está o fato
típico. Portanto, no erro de tipo, exclui-se o fato típico.
Já no erro de proibição, o agente sabe exatamente o que está fazendo. No entanto, não sabe que sua
conduta é ilícita e não tem a possibilidade de saber (lembre-se do índio não integrado na sociedade). Tal erro,
se for inevitável, exclui a culpabilidade.
Pessoal, chegamos ao último elemento da culpabilidade. Primeiramente, quero que vocês aprendam o
nome correto. É “exigibilidade de conduta diversa”, não “exigibilidade de conduta adversa”.
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No caso concreto, é visto se a conduta do agente, apesar de ser típica e ilícita, é realmente reprovável a
ponto de necessitar da aplicação de uma pena. O juízo de censura é feito pela seguinte pergunta: “No caso
concreto, era exigível que o agente tivesse outra conduta?”.
Exemplo: Caio, funcionário de uma grande empresa de refrigerantes, recebe a notícia de que seus familiares
estão sob a mira de uma arma. Os criminosos exigem que ele entre na sala do chefe e furte 100 mil dólares do
cofre. Caio faz o que é mandado e os familiares são soltos.
Não. Na situação concreta, não era exigível que Caio deixasse de furtar e perdesse seus familiares.
➢ Essa hipótese é chamada de coação moral irresistível. Ou seja, o sujeito é coagido de tal forma
que acaba praticando uma conduta criminosa.
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
Nota-se que não estamos falando da coação física. Esta exclui a conduta e, portanto, o fato típico.
➢ Obediência hierárquica:
Em síntese, se o agente estatal comete um delito, cumprindo ordem que não seja manifestamente
ilegal, ele não será punido.
Exemplo: Caio, funcionário de uma grande empresa de refrigerantes, recebe a ordem de suprimir tributo. Caio,
muito obediente, comete o crime.
Sim!!!!! Caio será punido por dois motivos: Primeiro porque a obediência hierárquica somente se aplica às
relações de Direito Público. Segundo porque a ordem do superior é manifestamente ilegal (cometer crime).
Concluímos que para haver exclusão da culpabilidade pela obediência hierárquica, a relação deve ser de
direito público e a ordem não deve ser manifestamente ilegal.
COMO CAI: CESPE/2018 – STM - No que tange aos institutos penais das excludentes de ilicitude e de
culpabilidade e da imputabilidade penal, julgue o próximo item.
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Preenchidos os requisitos legais, a coação irresistível e a obediência hierárquica são causas excludentes de
culpabilidade daquele que recebeu ordem para cometer o fato, mantendo-se punível o autor da coação ou da
ordem.
GABARITO: CERTO.
COMENTÁRIOS: De fato, a coação moral irresistível e a obediência hierárquica são causas excludentes de
culpabilidade. Quem comete o fato não responde criminalmente. No entanto, o autor da ordem ou da coação
será responsabilizado.
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
A questão falou apenas em “coação irresistível”. Isso levou alguns candidatos ao erro, pois pensaram que a
assertiva estivesse generalizado, incluindo a coação física, que está no fato típico.
No entanto, o gabarito foi mantido porque o artigo 22 realmente fala apenas em “coação irresistível”.
Maior de 18 anos
Imputabilidade
Entender
ilicitude do fato
Potencial + determinar-se
Culpabilidade Consciência da
ilicitude Coação moral
irresistível
Exigibilidade de
conduta diversa
Obediência
hierárquica
Como vimos, haverá inexigibilidade de conduta diversa se houver coação moral irresistível e obediência à
ordem hierárquica. Tais causas excludentes vêm previstas no próprio CP. No entanto, precisamos falar das
causas supralegais (que não estão na lei).
Vamos lá?
➢ Cláusula de consciência → Cláusula de consciência é uma cláusula que impõe certos deveres a
quem segue uma determinada religião/ideologia.
Exemplo: Caio, testemunha de Jeová, impede que seja feita uma transfusão de sangue em seu filho.
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➢ Desobediência civil → Nesse caso, o “civil” está desobedecendo a uma norma jurídica por
considerá-la injusta ou socialmente inadequada. Dessa forma, ele comete condutas criminosas.
Exemplo: Caio, membro de um movimento estudantil, não concorda com diversos aspectos políticos de nosso
país.
Exemplo: Mévio, médico plantonista, recebe dois pacientes gravemente feridos. Não há possibilidade de salvar
os dois. Sendo assim, ele deve escolher.
➢ Inexigibilidade de conduta diversa em sentido estrito → Aqui, temos uma causa que é
subsidiária. Em outras palavras, é uma tese defensiva que é para ser usada quando o fato não se
enquadrar em nenhuma outra causa.
Exemplo: Semprônio é conhecido por ser impedioso com seus inimigos. Certo dia, diz que vai matar Caio, seu
desafeto.
Note que não há legítima defesa, pois não existe legítima defesa de fato futuro (a agressão deve ser atual ou
iminente).
No entanto, seria exigível uma conduta diversa por parte de Caio?
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GABARITO: ERRADO.
COMENTÁRIOS: A questão está errada, pois fala que a coação física irresistível exclui a culpabilidade.
Na verdade, a coação física irresistível exclui a conduta e, portanto, o fato típico. A culpabilidade sequer é
analisada. A coação que exclui a culpabilidade é a coação moral irresistível.
2)CESPE/2018 – PC/SE - Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos,
também maior e capaz, na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua residência e, sem
o consentimento de seu pai, pegou um revólver pertencente à corporação policial de que seu pai faz parte.
Voltando ao clube depois de quarenta minutos, armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na
frente dos amigos, Carlos fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de
ser socorrida.
GABARITO: ERRADO.
COMENTÁRIOS: A questão narra uma situação em que Carlos está “envergonhado e com muita raiva” e
sob influência de “emoção extrema”. A assertiva diz, ainda, que a culpabilidade será afastada em virtude dessas
circunstâncias. Isso está errado, pois a emoção não serve para excluir a culpabilidade. Veja o que o CP diz:
I - a emoção ou a paixão
Além disso, Carlos não está em situação de inexigibilidade de conduta diversa. Pelo contrário, Carlos
deveria ter tido uma conduta diversa. No caso concreto, era exigível uma conduta diferente. A atitude do autor
foi reprovável.
3)CESPE/2018 – PC/SE - Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos,
também maior e capaz, na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua residência e, sem
o consentimento de seu pai, pegou um revólver pertencente à corporação policial de que seu pai faz parte.
Voltando ao clube depois de quarenta minutos, armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na
frente dos amigos, Carlos fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de
ser socorrida.
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Primeiro porque a legítima defesa pressupõe uma agressão injusta atual ou iminente. No caso, Carlos
voltou depois de quarenta minutos.
Segundo porque, mesmo que a reação de Carlos fosse no momento da agressão de Paula, tal reação teria
sido desproporcional, pois não se admite matar alguém pelo simples fato de o autor ter sido humilhado.
Lembre-se sempre que a legítima defesa pressupõe uma agressão atual/iminente e que a reação deve ser
proporcional à agressão.
Veja:
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
4)CESPE/2018 – MPE/PI - Rita, depois de convencer suas colegas Luna e Vera, todas vendedoras em uma
joalheria, a desviar peças de alto valor que ficavam sob a posse delas três, planejou detalhadamente o crime e
entrou em contato com Ciro, colecionador de joias, para que ele adquirisse a mercadoria. Luna desistiu de
participar do fato e não foi trabalhar no dia da execução do crime. Rita e Vera conseguiram se apossar das peças
conforme o planejado; entretanto, como não foi possível repassá-las a Ciro no mesmo dia, Vera levou-as para a
casa de sua mãe, comunicou a ela o crime que praticara e persuadiu-a a guardar os produtos ali mesmo, na
residência materna, até a semana seguinte.
Considerando que o crime apresentado nessa situação hipotética venha a ser descoberto, julgue o item que se
segue, com fundamento na legislação pertinente.
Luna não responderá criminalmente, porque sua desistência caracteriza arrependimento posterior.
GABARITO: ERRADO.
Outro erro é dizer que Luna “desistiu”, levando o candidato a pensar na desistência voluntária. Na verdade,
a desistência voluntária pressupõe o início dos atos executórios. Quando Luna não quis mais participar do fato,
os atos executórios sequer tiveram início. Portanto, não há que se falar em desistência voluntária e muito menos
em arrependimento posterior. Aquela pressupõe o início dos atos de execução e este pressupõe o fim de tais
atos.
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Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado
se produza, só responde pelos atos já praticados
A única parte certa da assertiva é a que diz que Luna não responde criminalmente.
5)CESPE/2018 – Polícia Federal - Na tentativa de entrar em território brasileiro com drogas ilícitas a bordo de
um veículo, um traficante disparou um tiro contra agente policial federal que estava em missão em unidade
fronteiriça. Após troca de tiros, outros agentes prenderam o traficante em flagrante, conduziram-no à
autoridade policial local e levaram o colega ferido ao hospital da região.
se o policial ferido não falecer em decorrência do tiro disparado pelo traficante, estar-se-á diante de homicídio
tentado, que, no caso, terá como elementos caracterizadores: a conduta dolosa do traficante; o ingresso do
traficante nos atos preparatórios; e a impossibilidade de se chegar à consumação do crime por circunstâncias
alheias à vontade do traficante.
GABARITO: ERRADO.
COMENTÁRIOS: A questão está errada, pois diz que a punição por tentativa se dará após o “ingresso nos
atos preparatórios”. Na verdade, em regra, a punição se dá quando o agente ingressa nos atos executórios.
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
O resto da assertiva está correto, pois para termos a tentativa precisamos de uma conduta dolosa e,
obviamente, da não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente.
6)CESPE/2018 – Polícia Federal - Em cada item seguinte, é apresentada uma situação hipotética seguida de
uma assertiva a ser julgada com base na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais superiores a
respeito de exclusão da culpabilidade, concurso de agentes, prescrição e crime contra o patrimônio.
Arnaldo, gerente de banco, estava dentro de seu veículo juntamente com familiares quando foi abordado por
dois indivíduos fortemente armados, que ameaçaram os ocupantes do veículo e exigiram de Arnaldo o
fornecimento de determinada senha para a realização de uma operação bancária, o que foi por ele prontamente
atendido. Nessa situação, o uso da senha pelos indivíduos para eventual prática criminosa excluirá a
culpabilidade de Arnaldo.
GABARITO: CERTO.
COMENTÁRIOS: A questão está perfeita e trata da coação moral irresistível, hipótese de exigibilidade de
conduta diversa e, portanto, de exclusão da culpabilidade.
No caso concreto, é visto se a conduta do agente, apesar de ser típica e ilícita, é realmente reprovável a
ponto de necessitar da aplicação de uma pena. O juízo de censura é feito pela seguinte pergunta: “No caso
concreto, era exigível que o agente tivesse outra conduta?”.
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Na questão, Arnaldo foi coagido de tal forma que acabou fornecendo a senha para os criminosos. Não era
razoável exigir que ele deixasse sua família morrer. É isso que diz o artigo 22 do CP.
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
7)CESPE/2018 – Polícia Federal - Em cada item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de
uma assertiva a ser julgada com base na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais superiores a
respeito de execução penal, lei penal no tempo, concurso de crimes, crime impossível e arrependimento
posterior.
Cristiano, maior e capaz, roubou, mediante emprego de arma de fogo, a bicicleta de um adolescente, tendo-o
ameaçado gravemente. Perseguido, Cristiano foi preso, confessou o crime e voluntariamente restituiu a coisa
roubada. Nessa situação, a restituição do bem não assegura a Cristiano a redução de um a dois terços da pena,
pois o crime foi cometido com grave ameaça à pessoa.
GABARITO: CERTO.
COMENTÁRIOS: Questão muito bem elaborada. Pela narrativa, poder-se-ia pensar em arrependimento
posterior, pois houve restituição da bicicleta. No entanto, o próprio CP diz que tal arrependimento não poderá
incidir nos casos de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, o que é o caso da assertiva.
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a
coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a
dois terços.
8)CESPE/2018 – Polícia Federal - A fim de garantir o sustento de sua família, Pedro adquiriu 500 CDs e DVDs
piratas para posteriormente revendê-los. Certo dia, enquanto expunha os produtos para venda em determinada
praça pública de uma cidade brasileira, Pedro foi surpreendido por policiais, que apreenderam a mercadoria e o
conduziram coercitivamente até a delegacia.
Se a conduta de Pedro não se consumar em razão de circunstâncias alheias à sua vontade, ele responderá pelo
crime tentado, para o que está prevista a pena correspondente ao crime consumado diminuída de um a dois
terços.
GABARITO: CERTO.
COMENTÁRIOS: A questão reproduz o artigo 14, parágrafo único do CP e por isso está correta.
Art. 14, Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente
ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
9)CESPE/2018 – STJ - Considerando que crime é fato típico, ilícito e culpável, julgue o item a seguir.
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O crime é dito impossível quando não há, em razão da ineficácia do meio empregado, violação, tampouco perigo
de violação, do bem jurídico tutelado pelo tipo penal.
GABARITO: CERTO.
COMENTÁRIOS: De fato, uma das hipóteses de crime impossível é quando o bem jurídico não tem
possibilidade de ser violado, em razão da absoluta ineficácia do meio empregado. É o que diz o artigo 17 do CP.
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime
10)CESPE/2018 – STJ - A respeito da culpabilidade, da ilicitude e de suas excludentes, julgue o item que se
segue.
Situação hipotética: Um oficial de justiça detentor de porte de arma de fogo, ao proceder à citação de um réu em
processo criminal, foi por este recebido a tiros e acabou desferindo um disparo letal contra o seu agressor.
Assertiva: Nessa situação, a conduta do oficial de justiça está abarcada por uma excludente de culpabilidade
representada pela inexigibilidade de conduta diversa.
GABARITO: ERRADO.
COMENTÁRIOS: Na verdade, houve legítima defesa. Esta pressupõe uma agressão atual (tiros do réu),
injusta (o OJAF estava cumprindo seu dever quando foi recebido a tiros) e requer que os meios utilizados para se
defender sejam moderados. No caso, parece que o Oficial de Justiça Avaliador Federal procedeu da única forma
que lhe cabia.
Portanto, realmente não responderá pelo crime, mas em virtude de ter agido em legítima defesa. Aqui não
há sequer análise dos elementos da culpabilidade.
II - em legítima defesa;
11)CESPE/2018 – STJ - Considerando que crime é fato típico, ilícito e culpável, julgue o item a seguir.
São causas excludentes de culpabilidade o estado de necessidade, a legítima defesa e o estrito cumprimento do
dever legal.
GABARITO: ERRADO.
Exclusão de ilicitude
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
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GABARITO: CERTO.
Art. 28 § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou
força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Nota-se que para a embriaguez excluir a imputabilidade (e, portanto, a culpabilidade), é necessário que ela
seja completa e involuntária (caso fortuito ou força maior).
GABARITO: ERRADO.
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
14)CESPE/2018 – STJ - Acerca do crime doloso e do arrependimento posterior, julgue o item seguinte.
O arrependimento posterior incide apenas nos crimes patrimoniais e sua caracterização depende da existência
de voluntariedade e espontaneidade do agente.
GABARITO: ERRADO.
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a
coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um
a dois terços.
A questão está errada, pois coloca mais requisitos do que os que o artigo prevê. Para haver arrependimento
posterior é necessário que o crime não seja cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, que o dano tenha
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sido reparado ou a coisa tenha sido restituída, que esta circunstância ocorra até o recebimento da denúncia e que
tal ato seja voluntário.
Em momento nenhum o artigo restringe a aplicação do instituto aos crimes patrimoniais. Além disso, não
se exige espontaneidade, apenas voluntariedade.
15)CESPE/2018 – STJ - Acerca do crime doloso e do arrependimento posterior, julgue o item seguinte.
Em relação ao crime doloso, o Código Penal adota a teoria da vontade para o dolo direto e a teoria do
assentimento para o dolo eventual.
GABARITO: CERTO.
16)CESPE/2018 – STJ - A respeito da culpabilidade, da ilicitude e de suas excludentes, julgue o item que se
segue.
Situação hipotética: Um policial, ao cumprir um mandado de condução coercitiva expedido pela autoridade
judiciária competente, submeteu, embora temporariamente, um cidadão a situação de privação de liberdade.
Assertiva: Nessa circunstância, a conduta do policial está abarcada por uma excludente de ilicitude representada
pelo exercício regular de direito.
GABARITO: ERRADO.
COMENTÁRIOS: O Policial realmente não comete crime, mas o fundamento da questão está errado.
Na verdade, tal situação enquadra-se no estrito cumprimento do dever legal. Ou seja, o Policial tem o
dever de prender/conduzir coercitivamente quando há ordem judicial nesse sentido. Trata-se de um
mandamento legal.
Ninguém tem o direito de restringir a liberdade de ninguém, por isso não é exercício regular de direito.
Comprovado que o acusado possui desenvolvimento mental incompleto e que não era inteiramente capaz de
entender o caráter ilícito de sua conduta, é cabível a condenação com redução de pena.
GABARITO: CERTO.
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Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação
de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
18)CESPE/2018 – STM - Acerca dos institutos do erro de tipo, do erro de proibição e do concurso de pessoas,
julgue o item subsequente.
COMENTÁRIOS: Como visto na parte da teoria, o erro de proibição (erro sobre a ilicitude do fato) se
inevitável, isenta o agente de pena (exclui a culpabilidade). No entanto, se for evitável, permite apenas uma
redução de pena.
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de
pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
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2)CESPE/2018 – PC/SE - Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos,
também maior e capaz, na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua residência e, sem
o consentimento de seu pai, pegou um revólver pertencente à corporação policial de que seu pai faz parte.
Voltando ao clube depois de quarenta minutos, armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na
frente dos amigos, Carlos fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de
ser socorrida.
3)CESPE/2018 – PC/SE - Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos,
também maior e capaz, na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua residência e, sem
o consentimento de seu pai, pegou um revólver pertencente à corporação policial de que seu pai faz parte.
Voltando ao clube depois de quarenta minutos, armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na
frente dos amigos, Carlos fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de
ser socorrida.
4)CESPE/2018 – MPE/PI - Rita, depois de convencer suas colegas Luna e Vera, todas vendedoras em uma
joalheria, a desviar peças de alto valor que ficavam sob a posse delas três, planejou detalhadamente o crime e
entrou em contato com Ciro, colecionador de joias, para que ele adquirisse a mercadoria. Luna desistiu de
participar do fato e não foi trabalhar no dia da execução do crime. Rita e Vera conseguiram se apossar das peças
conforme o planejado; entretanto, como não foi possível repassá-las a Ciro no mesmo dia, Vera levou-as para a
casa de sua mãe, comunicou a ela o crime que praticara e persuadiu-a a guardar os produtos ali mesmo, na
residência materna, até a semana seguinte.
Considerando que o crime apresentado nessa situação hipotética venha a ser descoberto, julgue o item que se
segue, com fundamento na legislação pertinente.
Luna não responderá criminalmente, porque sua desistência caracteriza arrependimento posterior.
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5)CESPE/2018 – Polícia Federal - Na tentativa de entrar em território brasileiro com drogas ilícitas a bordo de
um veículo, um traficante disparou um tiro contra agente policial federal que estava em missão em unidade
fronteiriça. Após troca de tiros, outros agentes prenderam o traficante em flagrante, conduziram-no à
autoridade policial local e levaram o colega ferido ao hospital da região.
se o policial ferido não falecer em decorrência do tiro disparado pelo traficante, estar-se-á diante de homicídio
tentado, que, no caso, terá como elementos caracterizadores: a conduta dolosa do traficante; o ingresso do
traficante nos atos preparatórios; e a impossibilidade de se chegar à consumação do crime por circunstâncias
alheias à vontade do traficante.
6)CESPE/2018 – Polícia Federal - Em cada item seguinte, é apresentada uma situação hipotética seguida de
uma assertiva a ser julgada com base na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais superiores a
respeito de exclusão da culpabilidade, concurso de agentes, prescrição e crime contra o patrimônio.
Arnaldo, gerente de banco, estava dentro de seu veículo juntamente com familiares quando foi abordado por
dois indivíduos fortemente armados, que ameaçaram os ocupantes do veículo e exigiram de Arnaldo o
fornecimento de determinada senha para a realização de uma operação bancária, o que foi por ele prontamente
atendido. Nessa situação, o uso da senha pelos indivíduos para eventual prática criminosa excluirá a
culpabilidade de Arnaldo.
7)CESPE/2018 – Polícia Federal - Em cada item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de
uma assertiva a ser julgada com base na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais superiores a
respeito de execução penal, lei penal no tempo, concurso de crimes, crime impossível e arrependimento
posterior.
Cristiano, maior e capaz, roubou, mediante emprego de arma de fogo, a bicicleta de um adolescente, tendo-o
ameaçado gravemente. Perseguido, Cristiano foi preso, confessou o crime e voluntariamente restituiu a coisa
roubada. Nessa situação, a restituição do bem não assegura a Cristiano a redução de um a dois terços da pena,
pois o crime foi cometido com grave ameaça à pessoa.
8)CESPE/2018 – Polícia Federal - A fim de garantir o sustento de sua família, Pedro adquiriu 500 CDs e DVDs
piratas para posteriormente revendê-los. Certo dia, enquanto expunha os produtos para venda em determinada
praça pública de uma cidade brasileira, Pedro foi surpreendido por policiais, que apreenderam a mercadoria e o
conduziram coercitivamente até a delegacia.
Se a conduta de Pedro não se consumar em razão de circunstâncias alheias à sua vontade, ele responderá pelo
crime tentado, para o que está prevista a pena correspondente ao crime consumado diminuída de um a dois
terços.
9)CESPE/2018 – STJ - Considerando que crime é fato típico, ilícito e culpável, julgue o item a seguir.
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O crime é dito impossível quando não há, em razão da ineficácia do meio empregado, violação, tampouco perigo
de violação, do bem jurídico tutelado pelo tipo penal.
10)CESPE/2018 – STJ - A respeito da culpabilidade, da ilicitude e de suas excludentes, julgue o item que se
segue.
Situação hipotética: Um oficial de justiça detentor de porte de arma de fogo, ao proceder à citação de um réu em
processo criminal, foi por este recebido a tiros e acabou desferindo um disparo letal contra o seu agressor.
Assertiva: Nessa situação, a conduta do oficial de justiça está abarcada por uma excludente de culpabilidade
representada pela inexigibilidade de conduta diversa.
11)CESPE/2018 – STJ - Considerando que crime é fato típico, ilícito e culpável, julgue o item a seguir.
São causas excludentes de culpabilidade o estado de necessidade, a legítima defesa e o estrito cumprimento do
dever legal.
Pessoas doentes mentais, que tenham dezoito ou mais anos de idade, mesmo que sejam inteiramente incapazes
de entender o caráter ilícito da conduta criminosa ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, são
penalmente imputáveis.
14)CESPE/2018 – STJ - Acerca do crime doloso e do arrependimento posterior, julgue o item seguinte.
O arrependimento posterior incide apenas nos crimes patrimoniais e sua caracterização depende da existência
de voluntariedade e espontaneidade do agente.
15)CESPE/2018 – STJ - Acerca do crime doloso e do arrependimento posterior, julgue o item seguinte.
Em relação ao crime doloso, o Código Penal adota a teoria da vontade para o dolo direto e a teoria do
assentimento para o dolo eventual.
16)CESPE/2018 – STJ - A respeito da culpabilidade, da ilicitude e de suas excludentes, julgue o item que se
segue.
Situação hipotética: Um policial, ao cumprir um mandado de condução coercitiva expedido pela autoridade
judiciária competente, submeteu, embora temporariamente, um cidadão a situação de privação de liberdade.
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Assertiva: Nessa circunstância, a conduta do policial está abarcada por uma excludente de ilicitude representada
pelo exercício regular de direito.
Comprovado que o acusado possui desenvolvimento mental incompleto e que não era inteiramente capaz de
entender o caráter ilícito de sua conduta, é cabível a condenação com redução de pena.
18)CESPE/2018 – STM - Acerca dos institutos do erro de tipo, do erro de proibição e do concurso de pessoas,
julgue o item subsequente.
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Gabarito
1. ERRADO 7. CERTO 13. ERRADO
2. ERRADO 8. CERTO 14. ERRADO
3. ERRADO 9. CERTO 15. CERTO
4. ERRADO 10. ERRADO 16. ERRADO
5. ERRADO 11. ERRADO 17. CERTO
6. CERTO 12. CERTO 18. ERRADO
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Resumo direcionado
1) Teoria do Crime
Crime (delito)
Contravenção Penal
Pena de Reclusão ou Detenção (máximo de 40 anos) Pena de Prisão Simples (máximo de 05 anos)
A ação penal pode ser pública (incondicionada e A ação penal é sempre pública incondicionada.
condicionada) ou privada
Ilícito
Culpável
Fato Típico
Crime
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1.1)Fato Típico
Comportamento
Humano
Voluntário e
consciente
Conduta
Finalidade
Resultado
(crimes
materiais)
Fato Típico Dolo/Culpa
Nexo causal
(crimes
materiais)
Formal
Tipicidade
Material
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1.2)Erro de Tipo
Erro sobre o
objeto
Erro sobre o
nexo causal
Erro sobre a
Acidental
pessoa
Erro na execução
Inescusável
Essencial
Escusável
1.3)Iter Criminis
Iter Criminis
1.4)Tentativa
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Contravenções
Habituais
Atentado
Omissivo Própios
Culposos
Unissubsistentes
Tentativa
abandonada
Desistência Arrependimento
voluntária eficaz
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1.5)Crime Impossível
Crime Impossível
Absoluta
Absoluta ineficácia do Flagrante
impropriedade do
meio preparado/provocado
objeto
1.6)Ilicitude
Elementos que
excluem a ilicitude
1.7)Culpabilidade
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Maior de 18 anos
Imputabilidade
Entender ilicitude
do fato +
Potencial determinar-se
Culpabilidade Consciência da
ilicitude
Coação moral
irresistível
Exigibilidade de
conduta diversa
Obediência
hierárquica
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