Barrett, Terry. A Crítica de Arte: Como Entender o
Contemporâneo (p. 170). Edição do Kindle. Descrição Lembre-se do que foi dito no Capítulo 3: descrever é fazer uma crítica, e não apenas um prelúdio da crítica. Talvez seus leitores jamais vejam as obras sobre as quais você está escrevendo, e sua descrição talvez seja o único acesso que eles têm a ela. Nem sempre você pode contar com uma fotografia para acompanhar seu trabalho, mas você sempre tem suas palavras. A principal tarefa na descrição de uma obra de arte é falar de seu aspecto. Descreva com precisão e vivacidade. Torne a obra viva para seus leitores – dê uma imagem verbal que possam enxergar. Se você descrever em detalhes e com emoção, a descrição pode ser mais do que suficiente. Há duas das grandes fontes de dados descritivos: as informações internas e as externas. As informações internas se baseiam no que pode ser visto da obra em si e podem ser divididas em três categorias: tema, técnica (ou medium) e forma. O tema se refere às pessoas, lugares ou eventos reconhecíveis de uma obra – são os “substantivos” da obra. A técnica é o material e processo com o qual a obra é feita. A forma é o modo como o artista configura o tema por meio da técnica. Em uma obra abstrata (não figurativa), técnica e forma podem predominar, sem que haja um tema identificável. O Capítulo 3 inclui bons exemplos descritivos de textos de vários críticos sobre muitos tipos de forma de arte, dos happenings aos trabalhos em vidro. Talvez seja uma boa ideia consultar novamente esse capítulo. As informações contextuais externas incluem dados sobre a época na qual as obras foram feitas – seu meio social e intelectual –, outras obras do mesmo artista e trabalhos de outros artistas, mas do mesmo período. Você também pode inserir, para seus leitores, a obra dentro de um contexto. Descreva a galeria, o tom geral da exposição, as datas durante as quais as obras foram mostradas e o número de trabalhos exibidos. Dê informações precisas sobre títulos, dimensões e técnicas. Também não se esqueça de dar informações sobre quem foi o curador da exposição e de dizer se as obras estão à venda e qual é a faixa de preços. Se as informações biográficas sobre o artista forem úteis para seus leitores ou para defender sua tese sobre as obras, inclua-as. O que define o que deve ser incluído em uma descrição ou ignorado é a relevância. A relevância se refere tanto àquilo que seus leitores precisam saber quanto àquilo que você precisa dizer a eles para que sua tese faça sentido. Interpretação A premissa básica das interpretações é que as obras de arte tratam de algo. Quando você interpreta, apresenta seu entendimento a respeito das obras de modo convincente, tanto na maneira como escreve quanto nas evidências que oferece. Você quer que as obras sejam o mais interessantes possível para o leitor. Para isso, sempre apresente uma obra de arte com base em seus pontos mais vantajosos, não focando em seus problemas. De certa maneira, toda obra se refere a outras – ou seja, é influenciada por outras obras e com elas mantém um diálogo. Ao mesmo tempo, todas as obras são afetadas pela cultura em que o artista vive e, por sua vez, afetam a cultura na qual são apresentadas. O objetivo de uma interpretação é tornar a obra significativa para seu leitor em termos da arte em si, das demais obras do artista, de toda a arte e da cultura. Se você está escrevendo sobre um artista novo, há vantagens e desvantagens. Uma das vantagens é que qualquer coisa verdadeira que você escrever será uma contribuição, pois você será uma das primeiras pessoas a fazê-lo. Uma desvantagem é que você está começando um diálogo sem ter o benefício de poder continuar uma conversa sobre o artista. Quando o artista já está consolidado, muito já foi escrito sobre ele e, neste caso, seu desafio é agregar algo à discussão. Quando você não é o primeiro a escrever sobre a obra do artista, pode consultar outros textos ou fazer sua própria interpretação. Ambas as estratégias apresentam vantagens e desvantagens. Trabalhar por conta própria (sem ler os pensamentos dos outros sobre o mesmo tópico) exige alguma autoconfiança e a disposição de assumir riscos. Mas caso você se sinta confiante e acredite que suas percepções são valiosas, provavelmente contribuirá para as ideias que estão sendo desenvolvidas sobre a obra. Se você consultar outros escritores, precisará ir além do que eles já escreveram e contribuir para a conversa. Nessa segunda abordagem, você poderá somar aos seus os pontos de vista dos outros críticos, oferecendo a seus leitores opções de interpretação. Mas se você seguir esse caminho, não se esqueça de mencionar todas as fontes consultadas. Julgamento Os julgamentos responsáveis incluem uma clara avaliação do valor de um objeto artístico e os critérios razoáveis que embasam tal julgamento.você precisa decidir qual critério (ou quais critérios) aplicará. Uma opção é deixar que a obra em si decida de acordo com quais critérios deveria ser julgada: se ela for evidentemente uma obra política, por exemplo, então seriam aplicáveis critérios com preocupações instrumentais. Se a obra for formalista, talvez você queira aplicar a ela critérios formalistas. Essa é uma abordagem generosa e tolerante que lhe permite aceitar muitos tipos de arte. Entretanto, talvez você queira ser mais restritivo e se ater a um conjunto de critérios em particular e julgar todas as obras de arte (não importa a que elas se proponham) de acordo com seus próprios critérios selecionados. Por exemplo, em função dos graves problemas sociais do mundo, você pode preferir medir todas as obras de arte por seus fins instrumentais, aceitando bem apenas aquelas obras que tentam tornar o mundo um lugar melhor para viver. Essas são escolhas difíceis: você pode errar optando por um ecletismo contraditório e sem sentido ou uma rigidez muito limitadora. Ou talvez você possa encontrar um meio-termo amigável. Quando você julga a arte, não está dando conselhos aos artistas, mas articulando aos leitores por que considera que algo é bom ou não e baseado em quê. Julgar é correr o risco de humilhar o artista ou de assumir um papel ou postura arrogante. Tal abordagem provavelmente lhe colocará contra os artistas e eles contra você, de um modo antagônico. O antagonismo não está no espírito da boa crítica. O objetivo da crítica é antes expandir o discurso sobre a arte do que lhe pôr um fim; você quer que a discussão aumente – e não criar exclusões que desconversam. Na maioria das vezes os julgamentos dos críticos são positivos, dizendo para os leitores por que uma obra de arte é significativa e agradável. Resista à tentação de encontrar pequenas falhas nas obras de arte – isso seria irrelevante – e discuta questões maiores. QUESTÕES TÉCNICAS E O PROCESSO DA ESCRITA
● Seleção de um manual de redação e estilo
● Contagem de palavras ● Identifique seu público ● Tomar notas ● Esboço ● Redação ● Revisão e aprimoramento do texto DICAS DE ESCRITA
● Evitar a voz passiva
● Coerência nos tempos verbais: presente, passado ou futuro ● Frases fáceis de ler: não desnecessariamente curtas, ou desnecessariamente longas ● Evitar palavras pomposas que você não conhece profundamente o significado ● Evite o uso de advérbios de intensidade (muito, extremamente,...) ● Evitar palavras que lhe coloquem numa posição de seguro ou inseguro demais (um pouco, um tanto, com certeza, bastante, claramente,...) ● Releia ao final da escrita e analise se conseguiu defender os seus argumentos suficientemente para que uma pessoa que discorde de você entenda o porquê de você ter chegado nessas conclusões