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Respondendo à questão 6:

Para começar a se dizer a respeito das fronteiras entre o humano e o não humano, é
necessário olhar para fora do nosso contexto cultural, visto que a diferenciação do que é cultural
e do que é natural, também uma construção cultural nossa, um ponto de vista único mediantes
tantos outros, dito isso é importante assimilar o quão diferente outros povos veem a realidade,
bem como os seres que a habitam. Philippe Descola nos mostra que a visão de que temos de
bom senso deve sempre ser questionada, pois a mesma é um ponto de vista e como tal, não é
compartilhado por todos no globo, um Inuit, não verá um animal ou uma planta como um
Trobiandês vê, que por sua vez não o verá como nós o vemos, portanto deve – se despir da ideia
das diferenciações que fazemos sobre os mesmos e sabem sobre as ideia do que é cultura ou
natureza, já que ambos são conceitos particulares.

Cabe aqui mencionar a importância de se sair da sua “bolha” para ser capaz de enxergar as
diferenças, é possível fazer isso sem usar exemplos distantes, ao se sair de uma cidade já é
possível notar diferenças nos costumes das pessoas, e essas diferenças só aumentam a medida
em que se convive com elas, citando brevemente aqui a etnografia como parte atuante desse
processo bem como a observação participante, pois como o mesmo Philippe D. descreve: “... na
tentativa de se identificar com os que têm um modo de existência distinto do seu para
compreendê-los melhor, (...), você será necessariamente levado, por contraste, a questionar a
evidência das hábitos de vida...”

Isso nos mostra que nos dando conta das diferenças, somos capazes de conceber diferentes
conceitos e isso inclui, claro, a forma como enxergamos os seres a nossa volta, por exemplo em
nossa sociedade temos nossos direitos e deveres perante nossa lei, que por si mostra uma
distinção entre o natural e cultural, porém é bom salientar que essa distinção nem sempre é
igual, um bom exemplo disso é que a cada ano temos mais animais e plantas protegidos por lei,
por mais que não sejam penalizados por ela por não serem vistos como sujeitos, ainda sim são
contemplados por ela, o tempo muda a forma como essa relação se dá, não é algo estacionário,
de forma diferente já se dá para alguns indígenas do nosso mesmo país, que veem os animais e
plantas como humanos sob “disfarces”, em outras palavras os veem como sujeitos participantes
da sociedade com direitos e deveres impostos a ambos, não havendo assim uma distinção do
natural/cultural. Essas diferenças só podem ser percebidas ao se deixar de lado pré-conceitos e o
senso comum, por estes causam uma ideia generalizada da realidade que não condiz a mesma.

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