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|. Panorama Hist6rico da Psicolinguistica 1.1 Introdugio Para a formagao da Ps : ‘os processos cognitivos gerais como 0 processamento da linguagem. 0 cérebro rman e roess0scoptiv0s espeetfcos como o papel da membria atenglo, percep | Lingusica fz estos de estruturas (ves) e fangdes da lingua (0 comportamento verbal, pragmatica, actos de fala, discurso). Portanto, & da jungo da Psicologia ¢ da Linguistica num empreendimento cooperativo para estudar aspectos do comportamento verbal que surge @ Pscolinguistice com uma autonomia enearando, eno, a lingua eome reveladora do mundo interior, 0 estado psiquico do individuo, Sendo eiéncia que estuda 08 mecanismos mentais que permite as pessoas usar a linguagem, a Psicolinguistica tem como bjeeivo cheat & Formulaglo de uma teoriacoertente sobre como a Hingua € ad produzida ¢ compreendida, tendo como bese os proceasos de, AGuiAlGaGiai Compreensto dos processos de codificagao ¢ descodificago de mensagens, esta forma, 0 surgimento da Psicolinguistia ilustra as inter-relagées entre as humans eisias e natrais dos séculos passados. No que diz respeito ao da Psicolinguistica, ¢ exactamente 0 enfoque diferente com a linguagem que é fronteiras, és vezes, ténues que a separam das duas ciéneias que Ihe Psicologia e a Linguistica, mais a Teoria de Informago ¢, no subdivisdes, determinadas pelo aprofundamento ¢ pela especit pela eterogencidade dos vrios subeampos que a compOem, linguistica concorreram a Psicologia e a Linguistica. A Psicologia do muito distante encontra-se na ssa : Taizes se prendem num Passat ei 3 Psicologia, Onde a relagio linguagem-conhecimen'© ja constituia motivo de constante | TellexBo na historia do pensameno cident wba Ni podemos esquecer também que, desde 0s finais do século passado, a psicologia se ando-se dos comportamentos linguisticos. Um dos Constitui como cigncia ‘empirica, ocupé temas predilectos desta psicologia foi 0 estudo das correspondéncias ¢ das implicagses entre linguagem ¢ pensamento verbal. O estudo da aquisig#o e desenvolvimento da Tinguagem na infincia também ja provocou uma bibliografia extensa. Apesar de que existiu © existe muito material sobre “Psicologia da Linguagem”, no se chegou a constituir um sistema coerente dada a falta de um esquema teérico para a aglutinagao desse material. 0 Conductismo que durante muito tempo dominou o panorama da Psicologia empirica mente poderia oferecer uma fundamentagiio tedrica. Assim, a psicologia da aparecia como um conglomerado de dados empiricos desconexos e, o que ndo é | menos grave, em relago com o que os linguistas nos ensinam sobre a natureza e estrutura a linguagem. | E neste Ambito que Osgood, em 1953, aparece a propdr como tarefa da psicologia empiica, © éstudo do comportamento linguistico, partindo dos ensinamentos da linguistica sobre 8 Tinguagem. A proposta teve um éxito imediato © um desenvolvimento espléndido, mas fomou uma direcgio que os seus fundadores no previam. A Psicolinguistica surge como lum interesse pelas regularidades distributivas e estiticas dos processos verbais ¢ recebe uma grande injeogto da lingufstica chomskiana e com tal frga que, para muitos fi “psicolingufstica” passou a ser sinénimo de psicolinguistica generativa ou Esta influéncia justifica-se pela is ia da sintaxe relativamente & lin _ ‘ an Como no poderia deixar ¢ He acontecer, 20 longo do tempo, foram descobertas ram-se, = também as suas Timitagdes que surgem formal da lingua, que ndo aceita Aconsideragio falante ¢ a compreensio do detnaiio, um ¢ Potencialidades na nova orientagao, impuse de uma concepeaio estritamente estrutural ¢ do significado eo “dicho”, a inteng’io do Outro em situagao social. Na evolucdo actual da Psicolinguistica, Podem-se identi Orientagdes, em alguma medida, complementares: 1. a primeira, iniciada pelo proprio Chomsky, Seméntica, da estrutura ao significado, Pressu ificar facilmente as diferentes tende a transferir a énfase da sintaxe & : Posto, tanto a produgo como a recepedo da lingua, gramatica e seméntica, estrutura ¢ Significado, esto intimamente ligados mas é Possivel_estudar,preferencialmente um ou, outro aspesto ¢ esa separsed. compensa exageros anteriores. TL a segunda orientagdo, mais ampla e variada, pode caracterizar-se como se apoiada numa consideragdo funcional da linguagem. Esta consideragdo funcional pode levar @ “subrayar” 0 seu cardcter programético: a lingua é um dos instrumentos que o homem possui para atingir os seus fins. E entre as fung5es que ela cumpre, a lingua, no comportamento, a mais imediata é a de comunicasao0, O enfoque comunicativo também tem sido particularmente frutifero no estudo da génese e wolvimento da linguagem da crianga. Mas, por sua vez, este enfoque leva a destacar caricter social. Através da linguagem, a crianga no s6 é recebida pelos outros, mas ira forma de integragio social ¢ cultural. Bis porque # auténtica Psicolinguistica, autores, seria a Psicossociolinguistica. conta a fala, seria facil falar de duas correntes Psicolinguistas divergentes _justficaria Mas Jovem, contudo, suas raizes se prendem num passady A Psicolinguistica € uma ciét muito distante. A Grécia Antiga aparece como referente cultural mais proximo para iniciar uum estudo das ideias filosficas, linguisticas, Psicoldgicas e semiéticas. Aqui encontramos ‘Plato que, no sex “Dislogo Critilo”, sistemation ay posigGes que susientaverel Posigdes das hipéteses naturalistas ¢ Sonvencionalistas. Anomalistas e enalogistas entram em Shnroversia no texto de Plato, dteitendo:nos com angumeatngSes que iia sua vigéncia em numerosos aspectos, Com Aristételes, as primeiras reflexdes ascendem a uma primeira sistematizag#o que atingiré consequéncias perduraveis com a sua organizagso do conhecimento em conceitos, iwizos € raciocinios em forma légica, assim como a sua explicagdio da percepefio, da meméria, do pensamento, etc. Isto foi um mareo da eosmologia ¢, a metafisica consegue lima unidade teGrica que acolheré, posteriormente, na Idade Média, a maior parte das investigagdes cientificas, AristOteles inclui a andlise linguistica no seu sistema légieo, Portanto, a propria logica exige que as palavras tenham uma significagdo prépria ou relacional. Distingue entre objecto, conceito e mimero, aderindo & hip6tese convencionalisa de atribuir uma nova Glistingdo: 05 estados da alma eujo simbolo é a voz emitda, de forma que um niimero no é nada até que seja convertido em simbolo, Assim, a voz dos animaig se distingue da voz humana porque suas raizes sto naturais no convencionais ©, portanto, inarticulaveis, Sempre se argumentou, na filosofia, sobre a abitratiedade da lingua e, j& na Biblioteca de Alexandria, se tomava consciéncia da evolugdo de lingua, Og esforgos deste cfrculo, para estabelecer uma descrifo normativa da lingus epreservita da “degradagto” progressiva, concretizaramssels ns psimiciras = gramdticas). slgncee™ com uma concepeiio convencionalistaadquitida na propria invesigas4o Linguistic Surge, caricter psicoldgico ou filos6fico, mas também oe Dionisio, “El Tracio", consegue em Alexandria farer uma descrigto si Grego, incorporando uma andlise das partes da oracto nota teoria semidtica, ag eipcias, esbocando uma primeira - icant na lingua (metonimia e enigma), a ee e hicroglificay © pintura (imitagio), distinguindo na signit As moins indi 148 (por semethan formas de significar ificagao as Ietonimia ou contraredade), O © Eraméticos latinos aplicarto a gramsica laborada pelos gregos a uma descriglo da sua Prépria ingua, i A obra de Santo Agostinho merece um tratamento especial. Ele pode ser considerado o Primeiro semidlogo da historia. Diz que “a palavra é um signo de uma coisa, podendo ser Compreenidida pelo ouvinte quando é pronunciada pelo locutor” Esta definiglo comporta tanto os aspectos designativos como os Mais tarde, em “Divina Cristiana” (“A Doutrina Crista”) desenvolve com precisio sua Aandlise © classificaso da significagto, mostrando uma intuigho admirivel 0 classificar os Signos segundo o seu modo de transmissZo, sua origem ¢ uso, simbélica e, (“A Dialéctica”, cap. 5), comunicativos da palavra. seu status social, sua relagio Finalmente, segundo a natureza do designado, seja signo (metalinguistico) ou coisa. Assim, Sto. Agostinho analisa os signos, situando-nos num marco que osteriormente serd retomado por Saussure e por Pierce, A Idade Média foi um periodo de consolidagio da cultura latino-crista, Elaboraram-se obras enciclopédicas como a de Santo Isidro (see. VIII) que, em relago a lingua ¢ a gramitica, nfo trouxeram nada de novo, Do sec. IX ao sec, XII nfio existe nenhuma informagao especifica, apesar de miiltiplas tradugdes ¢ comentarios realizados sobre obras frabes ¢ gregas. © se. XIII aparece donsinado pla escolistca que introduz 0 estudo do significado pos, a partir dele se pode conhecer aestrutura da realidade, As eategorias elaboradas por Donato ¢ Prisciano so critieadas pelos no “cientficas”. Os moralistas consideram que existem p rego, hebreu) 8S Jinguas faladas. Plica os modelos clissicos (| com a aa do Classicismo, valorizam-s? deaency Ser vulgares ao receber um wtamento es A renal tesa de see Por sua vez, @ imprensa © © Moderna i ‘rdenagaio alfabética, criagdo de indices, ° PA Modenca fundamental na histria do pensamentor ‘— MSS Gléncias ¢ das artes. Locke e Hume reivindicam ° ® Especial ao conhecimento, & aprendizagem ¢ & educagio. liste que as. proprias linguas pecifico, consistente sontribuiu para © incidenct com @ directa Empitismo no Para com 2 © Espinosa assumem uma explicago racionali #0 20 empirismo, O empirismo inglés abre caminho & ‘Psiquico ¢ humano ¢, por outro lado, da linguagem. ‘em iiltimo, da associag%io progressiva de elementos ‘a necessidade de um mundo racionl. ‘enja formagdo dependeri, em ultima -& posigo de Leibniz sobre o Isomorfismo sfo uma mesma”). Apesar de ter jo constituira, por exemplo, em unitiria, evolutiva e social corpo até a ilustrago, 1730, € considerado 0 : i A tradigo gramatical com maior peso na Poca foi HENERA a fol a GRAMMAIRE ONNE, também conhecida como Gramatica ; sh obra de dizer também que sofreu influéncia de Locke e ccaiaea dates saceneats Loe a @ versio Chomskiana e afirma que se trata de uma tradigio naturalista com Primazia para os aspectos légico-formais. A obra Propde um método de indagagaio, fundado za azo que seja aplicével a lingua. Se o pensamento se pode analisar através da légica, “inica universal, entio a sua expressto deve ser analisada mediante uma gramética que Contenha as mesmas caracteristicas. Portanto, uma gramitica deve partir de formas distintas do pensamento, das quais a mais importante & “o juizo sobre o qual se afirma uma coisa. Linguisticamente, é este, algo que afirma ¢ o atributo aquilo que € afirmado”. Os juizos podem ser simples ou complexos (Dieu invisible a erée un mondo visible) e, em consequéncia, os complexos podem ser analisados a partir da transformago dos seus componentes simples. Linguisticamente, a oragio organiza-se a partir de signos que significam (bem) “objectos do pensamento” ou (bien) que se referem 4 forma dos pensamentos. A Escola de Port-Royal afirma que “os falantes empregam de forma indefenida, as palavras e proposigées de uma forma orientada pelo pensamento para signified-lo”. A sua principal influéncia consiste em precipitar uma posigao logistica do sec. XVIII que, hoje, se mantém em linguistas que advogam ou defendem aspectos pragméticos da lingua. No sec. XVIII, a obra capital foi “Philosophical Inquiry Conceming Language and Universal Grammar of Hermes” de J. Harris (1751), Este autor, mais filésofo que gramético, assume uma posigdo claramente accionalista. Conceptualiza a lingua como um sistema e considera que as necessidades perceptivas € a vontade constituem os mecanismos Principais para a construso de oragSes. Na mesma época, iniciam-se trabalhos comparativos que culminardo no see. XIX. William Jones comera a estudar sinscrito, consolidando a ideia de universais comuns em todas as linguas, . © progresso das ideias roménticas, segundo instrumento para a identificagio cult nacionais. A lingua comera a situa modelos bioligicos e sé : aes Machimuassane | Fk Principio organizador da matéria da lingua, Assim, a lingua é uma pont, Por outra, mnomos que fenomenos © conjunto de impresses sensves e de movimentos esirituais aut Precedem a formago de conceito, mediante a linguagem. Um ¢ outro si individuais. ; W. Von Humboldt, distingue entre ergon e energia,salintando ja dois aspectos distintos da linguagem: como produto: ERGON, que passa a ser 0 objecto da linguistica a partir de F. de Saussure e como processo: ENERGEA, a capacidade do espirito humano de usar sons articulados para se expressar; este sera um dos aspectos da Psicolinguistica. As ideias de Humboldt tiveram repereursio imediata sobre os linguistas H. STEINTHAL (Gramatik, Logic und Pshychologie, ihre prisipien und ihr Verbaltiniz Zweinander) e H, PAUL (Slama-Cazacu, 1973, p.22). As ideias de V. Humboldt renasceram via Chomsky. Outro autor influenciado pelas idcias de Humboldt foi o psicdlogo Whilhelm Wundt: no final do see. XIX, jé se preocupava com as impicagées dos processos mantais sobre o comportamento verbal. No seu primeiro volume de LOGIC (1880) universal e da teoria cognitiva, )) ocupa-se ‘da légica temas de grande contemporaneidade na Psicolinguistica. Suas ideins a respeito, vém ainda mais desenvolvides no segundo livro, Wundt, Baker e Mos (1983, 337) defendem a impossibilidade de uma psicolon: Psicologia cogniti linguistica e vice-versa. 'gia cognitiva auténoma da Saussure © Bloomfield sto responsiveis pela compartimentagdo da Linguistica, Ao delimitar 0 objecto da Lingufstica como sendo a lingua (langue), Saussure ordenou a Pesquisa que, na época, pela imprecisio dos limites tragados quanto ao objecto " metodologia, redundavam, muitas vezes, em meras especulagSes. © seu modelo de cireuito 1 de fala ¢ uma antecipagao sobre o que seri o objecto da Psicolinguistica, ou seja, os Processos envolvidos na produgdo e recepgdo das mensagens. Na Europa, K. Buhler e R Jackobson, apresentam em TEORIA DEL LENGUAGE (1950) & Primeira teoria estruturalista e coerente sobre as fungSes da linguagem e, t8m subjacente 0 objecto da Linguistica sem ignorar 0 acto de fala, o emissor e o receptor. Bubler retomou as teses da escola de Praga e investigou sobre os processos de pensamento verbal uilizando uma técnica de introspeeg%o controlada por um experimentador, Em suas conclusdes via tts tipos de niicleos de funcionamento automético no pensamento: as regras, as relagdes € as intengbes. Afirma, por exemplo, que “as regras gramaticais vivem connosco, no so algo que se extrai da lingua como faz 0 linguista, nem sto leis de associagdes como pode pensar um psicélogo asscciacionista, nem slo leis 16gicas, so algo existente que une © pensamento com a orasdlo e, deveriam considerar-se 0 agente do acto verbal”, Este autor trabalha mais com a parte psicoldgica do individuo. ‘Ainda nas relagSes entre Psicolinguistca e outras ciéneas limitrofes, 0 desenvolvimento da afasiologia, no que diz respeito As teoras expliatvas sobre o funclonamento da inguagem do ponto de vista neurofsiolégico, tomou tal vlto que enscjouo desenvolvimento tua diseiplina especifica: NEUROLINGUISTICA aqui, amb, de aso com 8 abrangéncia mentais envolvidos ¢ com a formaglo de pesquisadores, pictarerse tsa, dos processos NEUROPSICOLOGIA. : fea 10 periodo antes da década $0, surge a epistemologia a : ee Ainda 1 : : deu orga & acta de PaGOngs ol a a oui cconhecido pelas investigasoes Jinguagem e pensamento. ts ae fod, & a obra de Guillaume (1964), que procura trayar de meno, neste perl eae ee Autores posteriores como Sapir e Whorf desenvolveram estudos que colocavam a lingua € a cultura num relacionamento reciproco. Desenvolveram também interessantes teorias sobre o simbolismo fonético, fonte actual para 0 estudo de fanética estilistica. B. Lee Whorf no dissociou o estudo da linguagem da cognigiio. Sua conhecida tese sobre o relativismo lingu{stico, constitui até hoje um paradigma frutifero, para testar a influéncia dos sistemas linguisticos sobre o recorte da realidade e sobre pautas perceptuais. Com Bloomfield iniciou-se um Estruturalismo Americano segundo 0 qual a linguagem € concebida como um repertério de respostas substitutivas de acpBes que deve ser analisadas como reacgdes de um conjunto de estimulos. Watson ¢ seus seguidores Neoconducistas, abordaram uma necessidade de elaboragao de ‘uma nova teoria de conduta com o estabelecimento de uma teoria de aprendizagem. Este postula que qualquer conduta por mais complexa que seja, é redutivel aos seus elementos” simples, o que significa que a explicago da linguagem pode nos remeter & explicagao, de uma conduta, que por sinal se rege pelas leis de aprendizagem. Visto que os estudos no terminaram com Watson, a teoria deste abriu caminho para outras perspectivas de estudo. 2. Aquisi¢Ao e Desenvolvimento da Linguagem O que se entende por aquisigao da linguagem? De acordo com Xavier, M. F. & Mateus, M.H. (1992:49) a aquisigao da linguagem € Processo através do qual o individuo aprende a sua lingua materna, adquirindo as regras de funcionamento dessa lingua por simples exposigfio & sua utilizagzio no contexto em que est insetido. A aquisigdo da linguagem tem sido explicada por base de varias teorias: Entio, ‘quais sto as teorias mais representativas da aquisigao da L1? 4quais so os seus principios fundamentais? Quais as suas limitagbes? As teorias representativas so a Teoria Bchaviorista ou Teoria do E-R-R, a Teoria, Inatista ‘ou Teoria Mentalista, a Teoria Cognitivista e a Perspectiva dos Estudos Interlinguisticos, 2.1 Teoria Behaviorista Teoria que vigorou nos anos $0 tanto no dominio da Psicologia como no da Linguistics. Estio asssociados a esta teoria nomes como Skinner (1957), Osgood (1966) © White (1970). Sob @ influtncia da Teoria do Reflexo Condicionado de Pavioy (1920), 6 paRiRaSO constatagdo de que qualquer crianga Psicofisiologicamenete normal aprende ceapontaneament sft, 20 contrtio do que scontce com cranes sandal ae ea Behaviour (1957), Skier defendeu qua lingua era aprendidnatravég dc eee hAbitos, pressionados por uma cadcia de Estimulo-Resposti-Reforgo « ERR, © meiosambiente fomece 0: estinlos ¢ cranes, quer pela _ compreensiio linguistica, fornece as respostas. Estas iltimas ieee Limitagoes: A privilegiarem o papel do meio ambiente ¢ da experiencia, os behavioristas concebem a Tinguagem como um sistema de regras interiorizadas. Ao considerarem os estimulos linguisticos e a imitagio essenciais para o processo de aprendizagem, ignoram a capacidade que qualquer ser humano tem de produzir frases e expresses nunca antes ouvidas, ou seja, ignoram 0 aspecto criativo da linguagem. ‘Ao considerarem a erianga como um ser moldado a parti do reforgo fomecido pelo meio- ambiente, ignoram o papel da sua mente no processo. 2.2 Teoria Inatista ou Teoria Mentalista ’ Surge nos anos 50, por oposico directa a teoria Behaviorista. O seu mentor principal & Chomsky que na sua obra Syntactic Structures (1957) contestou muitas das ideias defendidas por Skinner, impulsionando uma nova visio nos estudos psicolinguisticos da aquisigao da linguagem. Chomsky p6s em relevo a importincia da base biolégica da linguagem e dos mecanismos especificos de produgtio. Defendeu a existéncia de uma eapacidade inata, exelusivamente humana, para a aquisigfo da linguagem. Segundo Chomsky, as erlangas nascem com um LAD (Language Acquisition Device), que hes permite « aquisigo e dominio da sua lingua materna, num perfodo de tempo relativamente curto, pois contém prineipios da Gramtica Universal (GU). Este estado inicial da faculdade da linguagem evolui ee de uma série de estudos sucessivos, até atingir um estado final, firme caracteriza os conhecimentos linguisticos do adulto. A GU ¢ eon atingido durante 0 proceso de equi aca possiveis, a partir do meio-ambiente linguistico, 0s aspectos basicos da sua lingua materna. Prara Chomsky a linguagem é, pois, caracteristicas importantes como 2) a dualidade de estrutura, que dizer, & possibilidade de representar as frases por combinages de palavras e por combinagses de fonemas. ‘A aquisi¢do, centrada na sintaxe, consiste na testagem de hipéteses pela ctianga, a pats de dados primérios fornecidos pelo meio-ambiente linguistico. No entanto, os estimulos ineiais fornecidos & crianga sto “pobres”, uma vez. que so essencialmente formados por expresses gramaticais da lingua (informago positiva), A informagio negativa (informago sobre expresses inaceitiveis da lingua) desempenha um Papel nulo ou diminuto. No processo de aquisigfo, existe uma projeogo quantitativa ¢ qualitativa dos dados primérios, quer dizer, a crianga adquire, a partir de uma experiéncia finita, um sistema de competéncia que se aplica sobre um conjunto infinito de expresses © que incorpora propriedades complexas que os dados primérios no exibem. Chomsky acentuou © facto de muitas das frases proferidas por falantes nativos nfo serem gramaticais, quer por lapsos de meméria ou atengto, quer por funcionamnto deficiente dos mecanismos Psicol6gicos que estfo na base do discurso, Assim, estabeleceu a diferenca entre competéncia (capacidade intrinseca e ideial que 0 sujito possul Para produzir e Compreender uma infinidade de enuneiados da sua lingua) e performance (2ctualizagao desse conhecimento em situagées reais de comunicagdo, ou seja, realizagio pritica da “geragtio de regras” em acgo na competéncia). Em termos sucintos, esta teotia Procura explicar a universalidade do processo de aquisigdo da linguagem e da sua Sequéncia; o facto de a diversidade do meio nfo afectar 0 curso da aquisigao; a produgdo de formas nunca ouvidas e a rapidez do processo de aquisigao, ati Limitagoes: - : Os mentalistas no deram @ importincia devida & interacglo verbal © a0 foram, mais tarde, valorizados pela “Psicolinguistica Comunicativa”, pelo modelo Contextual- Dindmico defendido por Slama-Cazacu. Ao valorizar o sistema de competéncia dew bastante relevo negligenciando a seméntica e a pragmética (fungBes da ling aspectos basicos da linguagem sto adquiridos até ao Julieta Machimuassane Langa 13 fase posterior © muito importante para aquisigio que compreende 0 periodo da adolescéncia, onde 0 falante aprende a lidar com abstracgSes. Nao explora, com rigor, a relago entre linguagem e a cognicao, 2.3 Teoria Cognitivista Teoria que esteve na base de muitos trabalhos nos anos 70 a 80, O seu mentor principal, Jean Piaget enfatizou a relagio entre a linguagem © a cognigfio, questionando se a capacidade da linguagem estava ou nflo isolada de outras capacidades cognitivas. Para Piaget, © pensamento precede a linguagem ¢ pode existir sem ele, O desenvolvimento cognitivo resulta da interacgtio com o contexto. O comportamento reflecte uma organizagio de base, sendo possivel distinguir dois tipos de organizag0: (1) aquela que determina a interacgao do ser humano com o seu meio-ambiente e a aprendizegem a partir dessa interacgao e (2) aquela que é 0 produto dessa interacgdio, F Piaget chama “schemata” ou estruturas cognitivas aos modelos de organizagio que resultam da aprendizagem considera que a sua uitima forma tanto do modelo de funcionemento herdado, como das carctaristicas do ambiente em que a ¥ ocorreu. © desenvolvimento linguistico e nfo linguistico estdo secede ie do pensamento légico, processando em sequéncia inata e fixa de exclusivamente humanos embora em interacgdo com o meio, Assim, capacidades especiais de estruturagio para a aquisipfo da linguagem s desenvolvimento dos dois primeiros anos de vida. ‘Segundo Piaget, os processos centrais de aprendizagem ineluem a sujeito sobre 0 objecto) € a acomodagao (acgao do objecto sobre 0 A linguagem, considera pois que o cérebro assimila informagiio lin; simultaneamente, acomoda as estruturas linguisticas jé existen de novos “ inputs” linguisticos. O nivel de linguagem da. desenvolvimento das suas estruturas cognitivas. Assadi pal que sto praticadas pela crianga para indicar 0 re actividades. Na primeira inffincia, a antecipago & acontecimentos concretos experimentados pela crianga. Julieta Machimuassane Langa 14 ai desenvolvendo, 0 pensamento da crianga toma-se mais flexivel estruuras mentais $€ ¥ livre, até ao ponto em que o adolescente se torna capaz de lidar com abstracgSes. O desenvolvimento cognitivo ocorre, pois, do nascimento 4 adolescéncia ¢ niio so apenas os primeirs § anos que sto importantes. Neste desenvolvimento ha pois uma estruturagio «jstemitica do pensamento da crianga, de tal modo que cada estado de desenvolvimento € seguido por outro mais complexo ¢ elaborado, A cada estado estvel, Piaget chama “estado de equilibrio”. Esta visio € considerada estruturalista ¢ dindmica, uma vez que revela 0 facto de que toda a nova aquisigiio modifica as nogdes anteriores ou suscita contradigao. Piaget encara a dindmica de equilibrio como uma auto-motivagaio ¢, por isso, considera que nfo existe reforgo exterior na aprendizagem. Para ele, 0 desenvolvimento € um proceso gradual que decorre da resposta da crianga aos estimulos do meio-ambiente num nivel cada vez mais adequado e, simultaneamente, da influéncia que o meio-ambiente exerce na promogio do desenvolvimento da crianga, Limitagoes: Piaget considera que © desenvolvimento cognitivo resulta da interacgio com 0 meio- ambiente, recusando a programag#o genética. A ideia da programacdo genética é no entanto, aceite pelos cognitivistas actuais. 2.4 Estudos Intra e Interlinguisticos Estudos nesta perspectiva tm vindo a ser desenvolvidos desde os finais dos anos 60, com 0 objectivo de provar que: (a) existe uniformidade no desenvolvimento da linguagem; () cada lingua tem earactersticas comuns a todas as linguas do mundo, Neste dmbito, tém sido desenvolvides vitias investigasdes sobre narrativas em virias Linguas, por falantes de diferentes niveisetirios. Os exemplos mais as so os projectos de Hickman ¢ de Slobin ¢ Berman, os quais utilizam a chamada “técnica de _ eticagio”, levando os sujitos & contar uma histiria e partir de ilutrag8es que The subjacentes. A andlise longitudinal das produgSes obtidas, numa mesma lingua, em trios diferentes, leva a constataebes de carter intralingustico, enquanto a Julieta Machimuassane Langs Manual de Psicolinguistica 15 de sujeitos do mesmo grupo etério, em linguas diferentes, permite ‘de caricter interlinguistico. Além de prestarem atengo aos universais ¢ linguisticos, estes estudos defendem que a aquisigao de qualquer lingua reflecte igagto entre © nivel formal e 0 nivel funcional. No nivel formal, © desenvolvimento ado pelo crescimento das capacidades perceptuais ¢ dos esquemas de informagdio que ‘em conjunto com aspectos da lingua materna, No nivel funcional, 0 mento ¢ regulado pelo aumento das capacidades intelectuais e comunicativas. 2.5 Curso do Desenvolvimento Linguistico Fases de Aquisigio Qualquer lingua ¢ adquirida por fases que o aprendente cumpre para se aproximar gramitica do adulto. Observagdes feitas por estudiosos da aquisicAo, revelam que falantes de diferentes linguas passam por fases de aquisi¢ao muito semelhantes, 0 que sugere @ existéncia de universais de aquisigao. Algumas fases podem sobrepér-se por um curto periodo. Embora, muitas vezes, se tenha observado uma transigo bastante répida de uma imes em afirmar que os primeiros choros € vagidos do recém-nascido fazem parte de um perfodo pré-linguistico, porque sao totalmente controlados por estimulos que constituem respostas da erianga 4 fome, a0 desconforto, ao desejo de ser embalada ou a sensagao de bem-estar. No periodo linguistico, qualquer crianga psicofisiologicamente normal passa por fases de aguisiedo: fase do balbuceio; holofristica (fase de uma palavra); fase de duas ¢ trés palavras, e fase telégrafo. : fase para a outra. Muitos investigadores sto uni Fase de balbuceio Ocorre por volta de seis meses. A crianga comega a produzir Tinguagem humana, Muitos dos sons emitidos pelo bebé niio p nllo fazem parte dela; (ji) a reter os sons correctos; € (ii) contornos de entoagio produzidos pelo bebé a Julieta Machimuassane Langa ae 16 7 das frases produzidas pelos adultos. Verificou-se, também, que as erian roacionais das frase : : pesieials pais surdossmudos, também, balbuciam. Assim, concluiu-se que o surdas, fi : batbuceio nfo depende do fomecimento de dados de informagto acistico-auditiva, albuce Fase holofristica ou de uma palavra © nome dado a esta fase advém do facto de a maior parte das criangas produzirem uma Palavra que equivale a uma frase, ou seja , “frases” de uma sé Palavra. Esta fese ocorre, normalmente, um pouco depois do primeiro ano de vida, As criangas ja aprenderam que 0s sons se relacionam com significados e produzem as suas Primeiras “palayras”. Elas usam repetidamente © mesmo som para “significar” a mesma coisa. De acordo com Pesquisas feitas, as primeiras palavras produzidas sto Beralmente monossilabicas com a

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