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Psicologia Diferencial da Inteligência e da Personalidade

Faculdade de Psicologia e de Ciências de Educação


Mestrado Integrado em Psicologia
Universidade do Porto

Oksana Zagoruy

 Oksana Zagoruy – PDIP – FPCEUP – 2013 


Teorias psicométricas, fatoriais ou diferenciais da inteligência.
INTRODUÇÃO
Inteligência não pode ser observada diretamente - será inferida a partir do
desempenho das pessoas em determinadas tarefas.

Análise fatorial
Conjuntos de indicadores (comportamentos, manifestações, …) sistematicamente
associados num grande número de pessoas.

Teorias fatoriais
- Indicadores acerca do que é a inteligência
- Fazer uma análise fatorial desses indicadores
- Identificação das dimensões da inteligência
- Construir teorias acerca das dimensões nas amostras
- Construir escalas que permitam a teoria ser testada e validada/falsificada
- Selecionar indicadores mais representativos da dimensão
- Os resultados medirão a inteligência dos participantes e indicarão qual é o principal
fator que explica a sua inteligência

Teoria Bi-fatorial de Spearman


 Medição das diferenças individuais em capacidades de discriminação sensorial (som,
luz, peso, …) e estabelecimento de relação com desempenho escolar.
 Existe sempre um mesmo fator que explica as diferenças na inteligência,
independentemente da situação – inteligência provem de um fator principal

ANTECEDENTES

Galton Binet
 Enfoque nos processos cognitivos elementares.  Enfoque nos processos mentais mais
 Inteligência pode ser medida através das aptidões complexos.
sensoriais discriminativas precisas  Um ato inteligente tem 4 dimensões:
 Estudou como a inteligência é passada de geração direção, compreensão, invenção e crítica.
em geração nas famílias ilustre  Inteligência não pode ser avaliada através de
 Estudou gémeos monozigóticos separados à um único método
nascença  Avaliação com 3 métodos:
 Procura validar externamente procedimentos - Médico
de medida. - Pedagógico
 Preocupação com validação empírica - Psicológico
 Noção da idade mental vs. Idade cronológica

Spearman Binet
 Abordagem generalizada, nomotética;  Abordagem específica, ideográfica;
 Recurso a metodologias de medida simples  Não podemos ignorar a experiência de cada
e abstrações matemáticas pessoa na avaliação da sua inteligência
 Testes de Binet em nada contribuem para (dessubjectivação do psiquismo humano).
compreender fator g.  As elevadas correlações podem ser
explicadas por diferentes conhecimentos
(que não o fator g)

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Teoria de Neogénese

 Capacidade para codificar informação que chega através dos sentidos e para inferir
relações entre os elementos individuais de informação apresentada (e.g. dois primeiros
elementos: maçã e macieira).
 Aplicar a relação inferida no passo anterior a um novo par de fundamentos (e.g. elemento
já fornecido – pêra – e uma das alternativas). Há que descobrir o correlato específico para
a palavra e para a relação.

Leis de produção de conhecimentos:


1 - Apreensão da experiência/significados
2 - Estabelecimento de relações
3 - Dedução de correlatos

Teoria Bi-fatorial de Spearman


 Pessoas que demonstram uma elevada capacidade num tipo de teste, tendem a obter
também classificações elevadas em todos os outros testes.
 Capacidade de inteligência geral – fator G – que estaria subjacente a todas as funções
intelectuais.
 Reconhece aptidões específicas – fatores S – que estariam exclusivamente relacionados
com os conteúdos de cada teste.
 Exemplo: um estudante inteligente vai ser inteligente em todas as disciplinas, mas devido
as variações do contexto específico, não vai ter a nota máxima em todas elas.

Fator G
 Correlações entre os resultados obtidos em testes de aptidão bastante diferenciados
(correlações elevadas – fator G)
 Dificuldades encontradas em medir a inteligência de outra maneira, através de testes
específicos para aptidões diferenciadas;
 Correlações entre fatores gerais que são obtidos em testes de aptidões.

Teoria Multifatorial de Thurstone

 Inteligência não é um único constructo


 Existem 7 aptidões que estão associadas a inteligência: espacial, velocidade, numérico,
compreensão verbal, fluência verbal, memória e raciocínio.
 Estes são as aptidões primárias e uma só aptidão entra na realização de uma variedade
de tarefas.
 Teve que admitir que existe um fator mais geral que explica grande parte da
inteligência: o raciocínio – denominador comum que explica as diferenças nas
inteligências.

Teoria Hierárquica de Burt e Vernon

 Concilia os resultados das teorias anteriores:


- existe um fator g no topo da hierarquia,
- contudo, é insuficiente para explicar toda a diversidade do comportamento necessidade de
fatores de grupo – organização conciliatória.

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 Ou seja, o fator geral subdivide-se em diferentes fatores de grande grupo. Por sua vez, estes
subdividem-se em fatores de pequeno grupo, e estes, em fatores específicos.
 Na resolução de um problema, vamos ter em ação todos os tipos de fatores

Teoria Triádica de Cattell

 Concilia os trabalhos de Spearman e de Thurstone, a partir de análises fatoriais mais


complexas.
 Assume a existência de variáveis na realização cognitiva a três níveis
– capacidades, províncias e agências.
 Divisão do fator G em dois fatores de grupo principais, correlacionados mas distintos:
- inteligência fluida – GF
- inteligência cristalizada GC.

Capacidades
- Características estruturais e funcionais do cérebro
- São limitadas, pois podemos treina-las, mas não podemos altera-las por completo
GF
Províncias
- Capacidades sensoriomotoras que se localizam em diferentes áreas do nosso
cérebro.

Aptidões/Agências
- Competências adquiridas no decorrer da socialização e da aprendizagem GC
- Investimento das capacidades em espetos particulares

Inteligência fluida
- Medida através de testes livres de cultura
- Determina o modo como a experiência é integrada (inteligência cristalizada)
depende
Inteligência cristalizada
- Capacidade intelectual do sujeito que evolui ao longo do seu processo de aculturação
- Medida pela maioria dos testes de QI
- As atividades que desenvolvem a inteligência são limitadas.

Inspiração do Spearman
- Tal como Spearman, Cattel defende que inteligência cristalizada (fatores específicos)
depende da inteligência fluida (fator geral).
- A correlação entre gf e gc também remete para as subdivisões do fator G de
Spearman.

Críticas
- A teoria não é solidamente fundamentada
- Testes com poucas qualidades psicomotoras.

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Modelo Tridimensional de Guilford

 Utiliza a análise fatorial numa perspetiva confirmatória, i.e., para testar um modelo
teórico e não para descobrir o modelo da estrutura intelectual.
 Inexistência de fator g e de hierarquia entre aptidões.
 Elevado número de aptidões intelectuais, resultantes da relação entre operações
mentais X conteúdos X produtos.
 Foi o primeiro autor a dar importância ao pensamento divergente.
 As aptidões não são apenas formas de descrever as diferenças individuais mas também
de explicar essas diferenças: o fator não é mais do que o fenótipo de um genótipo.
 Preocupação não só com o resultado final, mas também com o processo em si.

Operações
 Processos intelectuais que o sujeito utiliza no processamento da informação recebida.
 As 5 operações correspondem a uma sequência temporal no tratamento da
informação:
- Avaliação
- Produção convergente
- Produção divergente
- Memória
- Cognição

Conteúdos
 Domínios da informação onde vamos aplicar as operações.
 Têm uma sequência temporal- vão se tornando cada vez mais complexas:
- Figurativo/visual
- Auditivo
- Simbólico
- Semântico
- Comportamental

Produtos
 Formas fundamentais que a informação toma, resultantes do uso de determinada
operação mental aplicada a um conteúdo específico:
– Unidade (ter em consideralão uma só pessoa)
– Classes
– Relações
– Sistemas (ter em consideração a família inteira)
– Transformações
– Implicações

5 Operações mentais x 5 conteúdos x 6 produtos = 150 aptidões possíveis

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Avaliação das teorias fatoriais

Vantagens
 Permitem sintetizar informação
 Os modelos são, na sua maioria, claros e derivados empiricamente.
 Promovem a construção de testes de inteligências

Desvantagens
 Não se preocupam com os fatores de origem mais emocional e social.
 Divergências nos números de fatores.
 Não se debruçam sobre o funcionamento da inteligência

Teoria das inteligências múltiplas de Gardner

Inteligência – potencial biopsicológico utilizado para processar informação, resolver


problemas ou criar produtos que são importantes para uma determinada comunidade.

 Critica testes de inteligência “papel e lápis”, pois estes ignoram muitos dos aspetos
importantes da inteligência.
 Aspeto antropológico – diferentes competências foram avaliadas em diferentes
culturas ao longo da história.
 Inclui outliers (sobredotados) nas suas amostras, tornando-as mais heterogéneas.

- Lógico-matemática
- Linguística
- Espacial
- Musical
- Corporal – cinestésica
Promoção de múltiplos tipos de inteligência
- Interpessoal
- Intrapessoal
- Naturalista
- Existencial
- Pedagógica

Objetivos práticos e educacionais:

 Diminuir o insucesso escolar, especialmente nas crianças que têm tipos de


inteligência menos “tradicionais”.
 Individualizar a educação.
 Aumentar a motivação dos alunos.

Estratégia para mudar mentalidades:


 Apelo à razão
 Investigação e pesquisa – experimentação
 Ressonância – as pessoas têm que se identificar com o que está a ser
transmitido.
 Re-descrição – uma só mensagem transmitida de várias formas.
 Reforços e recursos

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Cinco mentes para o futuro:

 Disciplinada – capaz de adquirir conhecimento e competências


 Sintetizadora – é capaz de fazer a sua própria síntese a partir de tudo o que
aprende, decidindo o que é mais importante.
 Criativa – encontra novas estratégias e novos domínios. Pensar “fora da caixa”.
 Respeitadora – dá valor à diversidade humana e tenta trabalhar bem com
pessoas de todas as origens e grupos.
 Ética – age de forma a servir a sociedade e atua de acordo com princípios.

Inteligência emocional

 Capacidade de perceber e avaliar os estados de espírito em nós e nas outras


pessoas.
 Implica reconhecer corretamente as emoções assimila-las, analisa-las de modo
a compreender a sua origem e, então, geri-las para promovem o crescimento
emocional e intelectual.

Teoria da inteligência bem-sucedida de Stenberg

 Capacidade para alcançar sucesso na vida, de acordo com os padrões pessoais


e o contexto sociocultural de cada um.
 Essa para alcançar sucesso depende do modo com cada um capitaliza as suas
forças e compensa as suas fraquezas.
 O sucesso é conseguido através de um balanceamento entre as capacidades
analíticas, criativas e práticas (teoria triárquica).

Esta teoria teve como inspiração a teoria triárquica de Aristóteles:


- Compreensão- teórica (ciência)
- Produção – produtiva (arte)
- Ação- prática (prudência)

Teoria Triárquica da Inteligência de Stenberg

 Teoria Componencial
- inteligência analítica
- abordagem clássica de inteligência

 Teoria Experiencial
- inteligência criativa
- competências necessárias para gerir ideias/produtos úteis e inovadores.

 Teoria Contextual
- inteligência prática (sabedoria)
- adquirida nos contextos onde as pessoas vão sendo inseridas

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Teoria Componencial
Componentes – operações intelectuais elementares para a realização da tarefa.

Meta – Componentes – competências metacognitivas

1 - Identificação da natureza do problema


2 - Seleção dos processos
3 - Seleção da representação simbólica
4 - Seleção de estratégias de articulação dos processos – decisões relativas ao número
de componentes a ativar ou a ordem das componentes.
5 - Distribuição da atenção
6 - Monitorização da ação – como monitorizar as estratégias
7 - Avaliação dos resultados

Componentes de desempenho – aquilo que fazemos efetivamente

Passos fundamentais no desempenho de uma tarefa:


1 - Codificação da informação
2 - Comparação de estímulos
3 - Resposta: indicação da alternativa correta

Componentes da aquisição de conhecimentos:


1 - Codificação seletiva - informação relevante ou irrelevante
2 - Combinação seletiva - dar significado à experiência
3 - Comparação seletiva - relacionar a experiência em questão com experiência anterior

Teoria Experiencial

Tentar pensar de forma divergente e estabelecer ligações entre aprendizagens passadas,


atuais e futuras.

Capacidade de lidar com a novidade:

 Estratégias de resolução de problemas


o Identificação seletiva - Quais as informações revelantes?
o Combinação seletiva - Como combinar as informações revelantes?
o Comparação seletiva – Reestruturação dos esquemas cognitivos.

 Em termos conceptuais
o Tomada de consciência da mudança
o Acesso ao novo sistema conceptual
o Identificação dos conceitos importantes neste novo sistema
o Abertura a relações pouco convencionais neste novo sistema
o Avaliação da eficácia deste novo sistema para a resolução do problema.

Capacidade de criar hábitos – automatização do processamento da informação.


Aptidão criativa – Antecipar o estado de um objeto no futuro a partir de uma
informação incompleta no presente ou no futuro.

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 Descrições pictóricas – não mudam e estão sempre certas.
 Descrições verbais – implicam mudança/estabilidade e estão sempre certas para o
presente e para o passado, mas não para o futuro.

A capacidade de lidar com a novidade é um melhor indicador do raciocínio indutivo (de


particular para o geral) do que dedutivo (de geral para o particular).

Automatização do processamento de informação

Sistema Global Sistema local


Consciente, não automatizado, hierarquiza- Pré-consciente, automatizado, não hierarqui-
do, ativação de casa nível do sistema zado, ativação do sistema total.
A nova tarefa não deixa espaço Atenção P Podemos realizar outras tarefas
para outras tarefas em simultâneo.
Capacidade de tratamento da informação
Limitada Quase ilimitada
Uso total
uhiuhda Informação disponível Armazenada numa
Arma
Memoria
Uso total parte do SL

Tratamento da informação
Sequencial Em paralelo
Tipo de situação
Nova Habitual

 Enquanto que no sistema global só pode ser realizada uma tarefa de cada vez, no
sistema local podem ser realizadas várias tarefas em simultâneo.
 Quando começam uma tarefa nova, ativamos o sistema global.
 Quando esta tarefa começa a ser habitual, passa para o sistema local.
 O sistema local permite fazer várias tarefas ao mesmo tempo com menos dispêndio de
energia.

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Teoria Contextual

Avaliação do ajustamento – algo que seja revelante no contexto em que se insere e para
nós próprios.
o Princípio da realidade
o Intencionalidade
o Relevância

Inteligência prática - saber lidar consigo próprio, com os outros e com a tarefa.

Inventários do conhecimento tácito


 Correlação com sucesso profissional mas não com QI.
 Prediz desempenho profissional melhor que QI;
 Não tem relação com personalidade ou estilos cognitivos;
 Prediz desempenho profissional melhor do que personalidade ou estilos
cognitivos;
 Resultados melhoram com experiência, não basta acumular anos de carreira.

Teoria Triárquica da Inteligência de Stenberg ou WICS – avaliação geral

 Teste STAT com dimensões Analítica, Prática e Criativa em tarefas verbais,


quantitativas e figurativas com estrutura fatorial (confirmatória) que se
aproxima mais da teoria triárquica do que das estruturas tradicionais uni e
multifatorial.
 Projectos Rainbow e Kaleidoscope: avaliação de alunos no acesso ao ensino
superior – redução de diferenças étnicas e bom preditor de sucesso académico
e de participação em atividades de liderança e cidadania.
 A WICS permite predizer melhor o sucesso escolar no ensino secundário do que
apenas a média de notas ou testes de aptidão académica tradicionais.

Teorias explícitas e implícitas da inteligência

Definição de inteligência por especialistas

Controverso:
 A forma como as teorias de inteligências têm sido usadas para fazer a seleção e
estratificação social
 As diferentes culturas dentro de cada país podem ter diferentes dimensões de
inteligência

Fatores que afetam os resultados dos testes de inteligência:


 Nível de atenção
 Estado de saúde física
 Motivação para a relização
 Ansiedade

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Avaliação da inteligência

Testes Clássicos Vida quotidiana


Apenas conteúdos académicos Conteúdos mais diversificados
Enunciados unívocos (interpretados da
Enunciados ambíguos
mesma maneira por todos)
Uma só resposta certa Várias respostas adequadas
Nós é que construímos as escolhas a
Soluções de escolha múltipla
partir dos enunciados
Tempo limite Tempo variável
Apelo ao pensamento convergente Apelo ao pensamento divergente

Teorias Explícitas Teorias Implícitas


Construções teóricas de especialistas, Construções mentais que qualquer
psicólogos e outros investigadores, sujeito, investigador ou leigo, pode
baseadas numa avaliação objetiva da desenvolver acerca da inteligência e que
inteligência. podem ser explicitadas.

Saber o que é a inteligência e como ela


Evidenciar outros aspetos da inteligência
funciona
Base para avaliação estandardizada Base para avaliação informal

Estudos de Stenberg

1º Estudo
Pediu a 3 grupos (utentes de biblioteca, de supermercado e de transportes públicos)
que se autoavaliassem relativamente a 3 tipos de inteligência.
 Utentes da biblioteca é que têm mais inteligência académica
 Utentes de transportes é que têm mais inteligência quotidiana

Este estudo mostra que as pessoas memorizam aquilo que lhes é mais útil no seu dia-
a-dia. Além disso, mostra que nas nossas teorias implícitas, valorizamos mais aquilo
que nós é mais importante nos nossos contextos de inserção.

2º Estudo
Pediu a colaboração de especialistas em Direito e pessoas leigas para responderem a
um enunciado.
 Dimensões comuns: capacidade de resolver problemas, aptidão verbal e
competência social.
 Diferenças: leigos valorizaram mais a inteligência académica, a capacidade de
resolução de problemas e as competências sociais e os especialistas a aptidão
verbal.

Na sua definição de inteligência, as pessoas valorizam aquilo que lhes é útil.

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3º Estudo
Tentou-se ver até que ponto é que as teorias implícitas afetam o modo como
avaliamos a inteligência de outras pessoas. Para isso, pediram que as pessoas
avaliassem a grau de inteligência de personagens fictícias com base numa descrição
breve das suas características.

As pessoas usam as suas teorias implícitas para avaliar as inteligências dos outros,
mesmo que seja com base numa breve descrição do outro.

Síntese dos 3 estudos:

 Diferentes grupos sociais têm diferentes conceções da inteligência.


 As pessoas tendem a ter uma conceção de inteligência que valoriza os aspetos
necessários para ter sucesso no seu grupo.
 Os leigos e os especialistas apresentam os mesmos fatores definidores da int.
 O conhecimento das teorias implícitas pode ser usado para prever avaliações
intra e interpessoais.

Teorias implícitas da inteligência de pais e professores (Mugni&Carrugati)

Teorias das representações sociais – as representações da inteligência variam


conforme os contextos socioculturais e servem para compreender melhor certos
fenómenos e partilharmos com os outros os aspetos relevantes desses fenómenos.

Esta teoria foi testada, comprando as representações de inteligência de dois grupos


sociais (pais e professores).
 Italianos: ambos acham que a inteligência tem uma origem biológica e que a
escola aumenta as diferenças individuais no que toca à inteligência – seleção
escolar Naturalização da inteligência

 Portugueses: têm uma perspetiva relativista da origem da inteligência e


consideram que o desenvolvimento da inteligência depende de fatores sociais,
ou seja, pode ser alterada Socialização da inteligência

Conceções pessoais de inteligência (Dweck & Laggett)


 As pessoas que têm conceções mais estáticas da inteligência vão estar
concentradas nos bons resultados, modelando o seu comportamento da
maneira a evitar o risco.
 As pessoas que têm uma conceção dinâmica da inteligência vão focar-se mais
no processo de aprendizagem em si e não no resultado final, procurando
desafios que possam melhorar a sua inteligência.

Teorias implícitas da inteligência de professores (Myers, Nicolls & White)


 Os professores de matemática têm uma conceção mais estática da inteligência,
criando um clima competitivo na sala de aula.
 Existe uma relação entre as teorias implícitas e aquelas que os professores
consideram mais credíveis cientificamente.
 Os professores mais novos com menos experiência e os professores mais
velhos com mais experiência são os que têm um conceção mais estática.

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A inteligência.
Diferenças entre grupos: nível socioeconómico, género, geração.

Como avaliar o NSE?


 Dificilmente apreendido por observação direta, ao contrário da raça
 A profissão e nível de instrução constituem a forma indireta de avaliar o NSE.
 Os indicadores usados para avaliar o NSE têm que ser indicados nos estudos.

NSE e a Situação Portuguesa


 1/5 dos jovens está em risco de passar pela situação de pobreza pelo menos uma vez
na vida.

O que é que a escola tem feito para contrariar esta situação?

Paradigmas de Sociologia de Educação

 Paradigma do consenso ou estruturo-funcionalismo


Até a década de 70 acreditava-se que a escola ia garantir que todos os jovens tivessem
igual oportunidade à educação e iam conseguir romper o ciclo da pobreza - fase de
otimismo pedagógico em que a escola é vista como fator de democratização, de
equidade entre grupos sociais, de distribuição e redistribuição do capital económico.

 Paradigma do conflito ou estruturalismo


Como a situação descrita anteriormente não aconteceu, passou-se para uma fase de
pessimismo pedagógico, de acordo com a qual a escola aumentava as diferenças
sociais, porque os conteúdos lecionados nela eram mais adequados para as classes
altas.

Diferenças intelectuais em função do NSE e da ETNIA

 NSE
o baixo = 85-108
o alto = 111-135
 Etnia
o Branca = 100
o Asiática = 97
o Hispânica = 87
o Negra = 85

 A raça branca é que o QI mais elevado


 NSE elevado apresenta maior QI
 Existe diferenças entre adultos e crianças em função do NSE
 Enquanto que nos adultos existe uma maior homogeneidade das diferenças, nas
crianças existe maior sobreposição das médias.
 Assim, nos adultos é claro fazer a distinção entre NSE, mas nas crianças há vários níveis
de QI dentro do mesmo NSE.

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Correlações entre QI e NSE
 NSE permitiria predizer 1/3 do estatuto social e 1/5 do salário na idade adulta
 A maior correlação entre o nosso QI e o NSE dos pais é na idade adulta
 Existe ainda maior correlação entre o QI e o NSE próprio.
 Nos extremos, o NSE dos pais aumenta e o NSE dos filhos diminui.

Estudos com sobredotados


 É muito mais frequente encontrar sobredotados (QI<150, sendo 100 a norma) nos NSE
médio e baixo.
 No entanto, quando o critério passa a ser de 170, é mais frequente encontrar
sobredotados no NSE alto.

Testes livres de cultura


 Favorecem as classes altas
 Piores preditores de desempenho escolar e profissional

Diferenças entre os homens e mulheres

 Sexo - diferenças biológicas e fisiológicas entre homens e mulheres.


 Género - padrões comportamentais e de atividades que, embora possam estar
associados ao sexo, são influenciados pela sociedade e cultura.

Diferenças em função do género


As raparigas em termos escolares têm melhores notas, mas no mercado de trabalho
são mais valorizadas competências masculinas, sendo os homens mais bem
empregados e com melhores salários.

Meta-análises
 Fatores de homogeneidade/heterogeneidade dos estudos (idade, dimensão da
amostra, tipo de tarefas, ano da publicação, etc.);
 Métrica uniforme (score Z);
 Effect size ou magnitude do efeito (.20 = pequeno; .50 = médio;.80 = elevado ou
importante).
 Não se encontram magnitudes de efeito muito elevadas entre os homens e mulheres.

Capacidade Verbal

 Diferenças qualitativas
Raparigas aprendem a falar mais cedo, apresentam menos perturbações da fala
(gaguez, dislexia, …) e melhor fluência no vocabulário.
 São as raparigas que têm melhor desempenho em geral.
 Os resultados dependem da idade dos participantes e da seletividade da amostra.

Capacidade numérica

 Melhor desempenho numérico por parte dos rapazes em geral


 Até aos 15 anos são as raparigas que têm melhor desempenho matemático, mas
depois desta idade passam a ser os rapazes.
 As características da atitude em relação a matemática vão efetuar o desempenho.
 A magnitude de efeito tem decrescido muito para geração atual e existem diferenças
baixas entre os rapazes e as raparigas (0.05 – magnitude baixa)

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 Alguns estudos indicam que são as raparigas que têm melhor desempenho a
matemática.

Porque é que as mulheres estão sub-representadas em carreiras científicas e


tecnológicas?

Hipótese de estratificação
Nas nações menos equalitárias em termos de género, as mulheres destacam-se, pois
como são uma minoria servem de exemplo para as outras. Nos países em que muitas
mulheres chegam aos elevados níveis de escolarização, cria-se um clima de
competição e leva as mulheres a compararem-se com os homens. Assim, maior
estratificação societal baseada no género e maior desigualdade de oportunidades leva
a atitudes menos positivas, e pior desempenho das raparigas.

Capacidade espacial

 Capacidade para representar, transformar e armazenar informação simbólica não


linguística ou numérica (e.g. imaginar posições e movimentos de objetos no espaço);
 Existem 3 tipos: visualização espacial, perceção espacial e rotação mental.
 Onde são encontradas maiores diferenças entre os homens e as mulheres,
favorecendo os homens.

Visualização espacial
 As diferenças entre os sexos são baixas e cada sexo usa métodos diferentes.

Perceção visual
 Homens têm melhor desempenho
 Os rapazes privilegiam critérios mais dependentes de si próprio
 As raparigas têm maior dificuldade em se abstraírem na resolução deste tipo de
problemas, preferindo critérios mais dependentes da situação.

Rotação mental
 Os rapazes recorrem a estratégias globais e as raparigas a estratégias mais analíticas.
 Rapazes têm maior capacidade de se abstraírem e de dependerem apenas de si
próprios, tendo melhor desempenho.

Possíveis explicações desta superioridade dos homens da rotação mental:

1 - Lateralização cerebral
 A maior especialização hemisférica dos homens resulta na sua maior capacidade
espacial. Assim, os homens têm maior capacidade de se abstraírem porque a sua maior
especialização cerebral permite utilizar apenas um dos hemisférios de cada vez,
resolvendo melhor uma tarefa de cada vez de maneira eficaz.
 As mulheres, devida à sua menor especialização hemisférica, utilizam os dois
hemisférios para resolver tarefas espaciais, sendo melhores em fazer várias tarefas ao
mesmo tempo.

2 – Maturação sexual
A maturidade precoce das raparigas faz com que as competências verbais
desenvolvam-se mais cedo, sobrepondo-se às competências espácias.

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Inteligência estimada e inteligência avaliada (real)

 Correlações de cerca de 0.30 entre inteligência estimada e inteligência real.


 Os homens tendem a estimar valores mais elevados de inteligência geral, lógico-
matemática e espacial.
 As pessoas tendem a usar a sua própria inteligência para estimar a inteligência dos
outros;
 As pessoas tendem a acreditar que existe uma evolução geracional da inteligência
(cada geração é mais inteligente do que as anteriores).

Aspetos metodológicos no estudo das diferenças em função das


gerações

Estudos transversais
Não distinguem os efeitos da idade dos efeitos geracionais.

Estudos longitudinais
 Comparam amostras representativas da população*;
 Em intervalos regulares durante um longo período de tempo;
 Utilizando os mesmos instrumentos de avaliação com mesma padronização.
* Não as mesmas pessoas, mas pessoas equivalentes em termos de experiências
geracionais
 O que é que acontecia se avaliássemos as pessoas com os instrumentos das gerações
passadas? – “Aumento” da inteligência.

Evolução das tendências médias

Aumento geral do QI nos últimos 40 anos.


 Tendência a passar despercebido devido à aferição regular dos testes.
 Utilizando as mesmas normas, as diferenças aparecem.
Aumento em todas as idades.
 O aumento observou-se em todas as gerações. Se fosse só nas crianças, poderia
ter a ver com os aspetos biológicos.
 Esse aumento verificou-se apesar da inclusão da minorias.

O Efeito Flynn
 Foi observado um aumento, por geração, na inteligência cristalizada e na inteligência
fluida atribuídos à influência de fatores materiais e sociais (nutrição, urbanização, TV)
 Este aumento também está associado à escola, pois esta começou a valorizar mais as
competências metacognitivas.
 Estimulação ambiental e escolar parece promover sobretudo a capacidade das crianças
para a resolução de problemas descontextualizados, uma vez que o aumento nos
níveis de raciocínio específicos são bastante mais modestos.

Diferenças em função das gerações – Conclusão

 QI aumenta com as gerações, sendo bastante provável a influência de fatores


materiais e sociais;
 Parece ter aumentado mais a capacidade de lidar com problemas abstratos do que
com problemas concretos (a escola e a internet contribuem para isso).
 Sobredotação deve ser avaliada em termos relativos num determinado contexto.

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Método Comparativo: Objetividade

Instrumentos de observação:

 Estandardização: uniformização dos procedimentos na administração e cotação dos


instrumentos.
 Padronização: obedecer ao postulado da normalidade.
 Qualidades psicométricas
o Sensibilidade (valorização das diferenças)
o Consistência interna (postulado da coerência)
o Estabilidade (postulado da constância)
o Validade (conteúdo, construto, de acordo com critério)

Método Comparativo: Quantificação

Interpretação dos resultados (estatística inferencial):

 Correlações e causalidade
 Diferenças de médias e sobreposição das distribuições
 Nível de significação ou significância dos resultados e diferenças e amplitude ou
magnitude do efeito

Personalidade: perspetivas teóricas e relação com outros


constructos

Imagem social superficial no desempenho de diferentes papéis; pode também ser


definida como as características mais proeminentes e impressionantes de uma pessoa.

Características comuns às diferentes conceções

 Enfatizam a individualidade e carácter distintivo de cada pessoa.


 Pressupõem a existência de uma estrutura ou organização hipotética.
 Sublinham o carácter desenvolvimental ou a evolução ao longo da história de vida.
 Fundamental para que exista a manifestação de padrões de consistentes de
comportamento.

 Não corresponde a uma justaposição de peças – implica organização;


 Não se trata de algo de estático ou com localização específica - é um processo ativo e
dinâmico;
 Trata-se de um conceito psicológico com bases fisiológicas;
 É uma força interna que determina o comportamento;
 É constituída por padrões de respostas recorrentes e consistentes
 Não possui uma única manifestação possível – reflete-se nos comportamentos mas
também nos pensamentos e sentimentos.

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Personalidade ≠ Carácter - conotação moral

Personalidade ≠ Temperamento – características mais inatas e biológicas

Personalidade ≠ Traço – características estáveis, a personalidade é um conjunto único

Personalidade ≠ Tipo – conjunto de traços

Método

A personalidade não pode ser observada diretamente será inferida a partir do


comportamento dos sujeitos em múltiplas situações

 Avaliação clínica e estudo de caso


 Psicologia experimental

 Tradição psicométrica

o Objectivo:
 O que é que caracteriza as pessoas?
 O que faz as pessoas mudar em termos da personalidade?

Teorias da personalidade - Teorias psicodinâmicas

 Os tipos e características da personalidade são inferidos a partir da observação clínica,


em psicoterapia;
 Ênfase dada ao Eu, mas também, ao meio social;
 Ênfase dada às fases de desenvolvimento da personalidade, muito embora seja
privilegiado o papel das experiências precoces.
 Alguns “caracteres” poderiam derivar de conflitos não resolvidos.
 Contributo do Jung que fez a distinção entre o extroversão e introversão.

Psicologia Analítica de Jung

 Nos níveis de psiquismo, para além do consciente e do inconsciente individual, é


contemplado o inconsciente coletivo e a noção de arquétipos (e.g. herói, deusa
mãe,…)
 As relações precoces e as aspirações futuras são muito importantes e constituem a
nossa personalidade.
 Marcou 4 fases de desenvolvimento em termos da personalidade:

o Infância com desenvolvimento


o Juventude com revolução,
o Meia-idade com contemplação e
o Velhice com perspetiva de que a vida não termina

 Oksana Zagoruy – PDIP – FPCEUP – 2013  6


Funções

 Sensação: atribui significado afetivo à informação recebida


 Intuição: acesso a informação acerca do que existe, sem ser pelos órgãos dos sentidos.

Duas formas da informação chegar até nós

 Pensamento: atribuição ou reconhecimento de significado à informação;


 Sentimento: importância e valorização da informação;

Atitudes

 Introversão: direcionar da energia psíquica para o interior, para a subjetividade


individual.

 Extroversão: direcionar da energia psíquica para o exterior, para os aspetos da vida


quotidiana e para a extroversão.

Teoria pós-freudiana ou Psicologia do Ego de Erikson

 Erik Erikson sublinha as capacidades adaptativas da personalidade na relação com o


desenvolvimento individual, em interação com fatores biológicos, comportamentais,
experienciais e sociais.
 Existiriam oito estádios (Oito idades do Homem) que seriam universais (princípio
epigenético) e acompanhadas de crises.
 Em cada estádio há uma crise, e esta é ultrapassada ou não.
 Marcia afirmou que exitem 4 tipos de pessoas, de acordo com as crises:

o Achievers (crise com compromisso)


o Moratorium (crise ainda sem compromisso)
o Foreclosure (compromisso sem crise)
o Difusos (nem crise, nem compromisso).

Psicologia Individual de Adler

 Teoria pragmática e parcimoniosa que permitiria ajudar as pessoas a


compreenderem-se a elas próprias e aos outros.
 Os comportamentos encetados ao longo do ciclo de vida visariam a procura da
perfeição (no trabalho, amizade e amor) - identificar e ultrapassar as frustrações
infantis (sentimentos ou complexos de inferioridade)
 Cada pessoa é auto-determinada e criativa, indivisível ou unificada e auto-
consistente, integrando a sua componente social (importância da posição na fratria)
com a sua
subjetividade individual.
 Admite que o sentimento social é o parâmetro mais importante da saúde psicológica.
 As pessoas mais úteis socialmente são as que têm melhor tipo de atitude.

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4 Tipos de atitudes/estilos de vida

1 - Rulling: os mandões, agressivos, ativos, mas com poucos interesses socais.


2 - Getting: os obtentores, que recebem, que obtêm satisfação para si mesmos, sem
dar nada em troca.
3 - Avoiding: os evitantes, pouco ativos e com poucos contatos sociais.
4 - Socially useful: os úteis socialmente, são sociáveis e activos, recíprocos nas suas
interações.

Teorias Humanistas/ Existencialistas

 Os tipos e características da personalidade são inferidos a partir da observação clínica,


em psicoterapia;
 Baseadas na fenomenologia (cada indivíduo apreende a realidade de forma única) e
existencialismo (necessidade das pessoas darem um significado à sua existência.
 Enfase dada à auto-atualização: congruência entre Eu ideal e Eu real/atual, isto é, ser o
que se quer ser;
 Crença na capacidade de todos os seres humanos para se auto-construir e auto
regenerar, não obstante as possíveis diferenças nas suas condições de vida.

Teorias Sociocognitivas

 A personalidade é fruto da aprendizagem e/ou da modelagem proporcionada pelo


meio.
 O nosso reportório incluirá comportamentos que acreditamos que possam conduzir
aos objetivos desejados (expectativas de resultado) e que julgamos ser capazes de
reproduzir com eficácia (crenças de auto-eficácia).
 Locus de controlo interno (expectativa de que as consequências dos comportamentos
dependem de si mesmas)
 Locus de controlo externo (dependem de outros ou da sorte).

Teorias Disposicionais ou Fatoriais da Personalidade

Perspetiva Psicométrica

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Teoria de Allport – Psicologia do Indivíduo

Allport – preocupou-se em distinguir a personalidade de outros constructos


psicológicos.

 Distingue de caráter e temperamento e propõe a noção de traço de personalidade:


unidade de análise que define o que uma pessoa é – mais do que um hábito,
generalizado, dinâmico, definido claramente e observável empiricamente,
independente mas interdependente de outros traços, distribuído normalmente pela
população.
 Reconhece que o comportamento depende das situações sociais – personalidade não
é fixa.

 Propõe que os traços, enquanto características individuais (por contraposição às


comuns), dividem-se em:

o Disposições cardinais (características notórias das pessoas).


o Centrais (5 a 10 traços como e.g. responsável)
o Secundárias (pouco revelantes para a caracterização da pessoa)

Teoria de Cattel

 Primeiro autor a recorrer à análise fatorial para o estudo da personalidade (perspetiva


nomotética – a sua abordagem é adequada a grandes amostras).
 A personalidade é influenciada por fatores hereditários, embora o meio também
pudesse desempenhar o seu papel.
 Em termos de organização chegou a 16 tipos de personalidade, que depois reduziu a 5
(extroversão, ansiedade, firmeza e intransigência, independência e autocontrolo).

Teoria de Eysenck: organização hierárquica

 Preocupação com a distinção entre traços e tipos de personalidade


 Hábitos – algo mais sistematizado, padrão de comportamentos habitual.
 Comportamentos – nível mais básico
 A personalidade não é um somatório de traços, tem uma organização consistente.

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Dimensões de Eysenck e dos Big Five

 As pessoas mais agradáveis e mais responsáveis têm emoções mais positivas,


por isso a personalidade tem um papel instrumental.
 O neuroticismo e a extroversão são os traços que desencadeiam as emoções
mais automaticamente.

Teoria dos Big Five

 Oksana Zagoruy – PDIP – FPCEUP – 2013  10


Personalidade e bem-estar - correlações coerentes e mais elevadas no caso do
neuroticismo (mais associado a emoções negativas) mas raramente ultrapassando
0,30.

Personalidade e inteligência - correlações mais elevadas com a abertura.

Extroversão v.s. Introversão e desempenho em testes de inteligência

Extroversão - Correlação com QI negativa a partir da adolescência

As pessoas mais extrovertidas apresentam menor ativação cortical, por isso vão ter
melhores desempenhos em testes de performance/execução com tempo limite,
realizando-os mais rapidamente mas também cometendo erros.

Introversão - Correlação com QI aumenta a partir da adolescência

As pessoas mais introvertidas apresentam maior ativação cortical, por isso vão ter
melhor desempenho em tarefas que exigem reflexão demorada, sem limite de tempo.

A partir da adolescência, a correlação com o QI muda, pois os contextos de inserção


começam a ser maiores, os mais inteligentes vão passar a ser mais introvertidos e o
sucesso vai depender cada vez mais do sucesso individual.

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Funções e formas de estilos de pensamento

Funções

 Legislativa - planificar, imaginar, criar. As pessoas mais legislativas preferem tarefas


que não requerem grande posicionamento crítico.

 Executiva - executar e implementar. Boas pessoas para executar projetos dos outros.

 Judicial - comprar, julgar a avaliar. Boas pessoas para avaliar o trabalho dos outros.

Formas

 Monárquica - mobilização dos recursos para um único objetivo/tarefa. Pessoas que


deixam que haja uma única meta para onde todos os recursos vão.

 Oligárquica - há várias metas que mobilizam os recursos, sendo todas elas


importantes.

 Hierárquica - estabelecem prioridades e hierarquizam o que é realmente importante,


mobilizando os recursos de acordo com essas prioridades.

 Anárquica - a sua abordagem não é planeada, fazem o que estiver “a sua frente”.

Personalidade - Síntese teorias fatoriais/disposicionais e diferenças


entre grupos

 Abordagem que assume a existência de qualidades eminentemente internas e estáveis


que se mantêm ao longo do tempo e das situações e que são fator de diferenciação
entre as pessoas.
 Abordagem baseada em instrumentos estandardizados de autorrespostas.

Diferenças de género associadas à personalidade – existem?

1º Estudo - Lengua & Stormshak (2000)

Diferenças nas estratégias de coping e sintomas psicológicos, com análise de dados


demográficos.

A pessoa vai focar a sua energia na


Focadas no problema
resolução eficaz do problema.
Estratégias de coping

A pessoa vai focar a sua energia


Focadas na emoção
nas emoções que o problema
desperta nela.

 Oksana Zagoruy – PDIP – FPCEUP – 2013  12


1º Estudo - Lengua & Stormshak (2000)

 As mulheres tendem a adotar mais estratégias focadas na emoção, de pedido de ajuda


ou de evitamento e os homens tendem a adotar estratégias focadas no problema.
 Mais que ser homem ou mulher, é a masculinidade e a feminidade que predizem
melhor a estratégia que a pessoa vai usar.
 Masculinidade correlaciona-se com instrumentalidade, motivação para a
realização/agência e locus de controlo interno, enquanto que a feminilidade
correlaciona-se com a expressividade, motivação para a afiliação/comunhão e locus de
controlo externo.

Locus de controlo interno Tudo o que acontece depende de nos próprios.

Locus de controlo externo Pedir mais ajuda e culpabilizar mais os outros.

 A predisposição para sentir depressão é semelhante para ambos os sexos, mas estes
lidam com ela de formas diferentes.

2º Estudo - Feingold (1994)

 4 Meta-análises de estudos teóricos e empíricos acerca das diferenças de género (até


1992).
 Homens são mais assertivos e apresentam uma autoestima mais elevada e as mulheres
mais extrovertidas, ansiosas e carinhosas. Não parecem existir diferenças na ansiedade
social, impulsividade ou locus de controlo.
 As diferenças encontradas são mais associadas às dogmas sobre os homens e as
mulheres do que de natureza fenotípica.

3º Estudo - Hyde (2005)

 Depois de analisar 46 meta-analíses, defende que os homens e as mulheres são mais


parecidos – similaridade dos géneros.
 As diferenças são instáveis temporal e situacionalmente – as mulheres sentem-se mais
desinibidas para demonstrar agressividade e os homens a demostrar passividade
quando sabem que o estudo é anónimo.

Género e Estatuto – mudanças geracionais

1º Estudo - Twenge (1997, 2009)

 Observou que desde 1997 até 2009 a masculinidade tem aumentado entre as
mulheres, mas nos homens não tem acontecido o mesmo com a feminidade.
 A masculinidade tem um estatuto mais elevado que a feminidade, por isso ao fazer
isso as mulheres sobem no estatuto social.

 Oksana Zagoruy – PDIP – FPCEUP – 2013  13


Resultados de estudos interculturais

 Williams & Best: elevada concordância, em 30 países, com adjetivos usados para a
auto descrição de homens e mulheres.

 Williams et al., relação com a personalidade (big five): a consistência de resultados,


em 25 países, é pancultural mas não universal (e.g. depende do conservadorismo ou
valorização de características masculinas na sociedade)

 Pancultural – não é encontrada em todos os países da mesma maneira, mas é


resistente às características especificas de cada contexto.

 Costa et al., 2001 - 26 países - as mulheres apresentam valores mais elevados de auto
avaliação no neuroticismo, agradabilidade e abertura a sentimentos e homens na
assertividade e abertura a ideias. Nas culturas mais tradicionais existem menos
diferenças de género do que na Europa ou América.

 Schmitt et al., 2008 - 55 países – este estudo provou o mesmo: nas sociedades com
níveis de desenvolvimento humano mais baixos são observadas menos diferenças de
género.

Porque?

Papéis Sociais ou de Género: as diferenças são construídas ao longo do processo de


socialização.

Perspetiva Evolucionária: interação entre o meio e a biologia. Hoje em dia, na teoria,


as mulheres e os homens teriam oportunidades semelhantes, por isso o que faz mais
diferença não é o contexto em si, mas as suas características biológicas.

Artefacto ou epifenómeno: o modo como avaliamos a personalidade é que evidencia


muito essas diferenças.

Síntese

Resultados não são unânimes mas existe alguma concordância: em diferentes culturas,
homens e mulheres diferem nas suas características de personalidade (e.g. homens
mais estáveis emocionalmente, mulheres mais agradáveis);

 As diferenças parecem ser atribuíveis sobretudo à socialização:


o Maior influência do género do que do sexo;
o Consonância com estereótipos;
o Flutuações socioculturais e ao longo das gerações.

 As mulheres variam mais ao longo das gerações e em diferentes culturas do que os


homens (associação entre género masculino e estatuto elevado).

 Nas sociedades mais tradicionais existem menos diferenças: perspetiva evolucionária


ou interação gene-meio, inato-adquirido?

 Oksana Zagoruy – PDIP – FPCEUP – 2013  14

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