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Licenciatura em Engenharia Civil

2º Ano – 1º Semestre
Descarbonizar o Setor dos Edifícios para atingir a Sustentabilidade Energética
Ano Letivo 2022 / 2023

DESCARBONIZAÇÃO DOS EDIFICIOS

Número Nome

202104601 Ana Catarina Pereira Lemos


Descarbonizar o Setor dos Edifícios para atingir a Sustentabilidade Energética

Os avanços progressivos do aquecimento global na última década, conduziram a


eventos que tiveram efeitos pejorativos para o planeta o que impactou diretamente o
dia-a-dia das comunidades.

O aumento progressivo dos impactos, deveu-se à contínua dependência da sociedade


em relação aos combustíveis fósseis que implica uma significativa libertação de gases
com efeito de estufa, à desflorestação que leva à diminuição da quantidade de
fotossíntese realizada o que está diretamente ligado ao acréscimo de dióxido de
carbono que acaba por não ser consumido durante o processo, também os valores
recordes de população que se vieram a registar ano após ano implicam a demanda por
vários produtos com foco na alimentação, o que pressiona o setor da agricultura a uma
maior produção pecuária de modo a conseguir satisfazer a necessidade dos
consumidores, que consequentemente leva a uma maior produção de dióxido de
carbono (CO2) e metano (CH4), que são agentes ativos na deterioração da camada de
ozono. O enfraquecimento desta camada traduz-se num empobrecimento na proteção
concedida ao planeta dificultando assim a regularização da temperatura, tendo
resultado nas alterações climáticas que se propagam por todo o planeta.

Imagem 1- Evolução das emissões nacionais de gases com efeito de estufa

Em Portugal, os problemas relacionados com as alterações climáticas já se fizeram


sentir nos últimos anos, o caso mais recente viria a ser a 13 de dezembro de 2022 na
regiãoF de lisboa em que a capital foi surpreendida com uma forte precipitação que
acabou por inundar várias zonas da cidade. De acordo com Miguel Miranda, presidente
do instituto português do mar e da atmosfera, “este foi o evento de precipitação mais
importante dos últimos anos na zona de lisboa”, onde foram registados pela estação
meteorológica do instituto geofísico a queda de 134,6 litros de chuva por metro quadrado
de território, sucedidos como este e muitos outros, levou a uma necessidade de
encontrar soluções de forma a alcançar a sustentabilidade energética.

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Descarbonizar o Setor dos Edifícios para atingir a Sustentabilidade Energética

Para existir um suporte nos financiamentos dos projetos da união europeia, foi criado
em 1958 o Banco Europeu de Investimento (BEI) sediado no Luxemburgo, que tinha por
base a oferta de serviços, desde empréstimos e financiamento misto até consultoria. O
seu funcionamento exige a colaboração de todos os estados-membros que usufruem
da posição de acionistas.

Imagem 2- Empréstimos por ano a Portugal desde a adesão

Desde 1995 foram formados comités pelas nações unidas que se reuniam em
F
conferências de forma a acordar tratados entre os países membros com o objetivo de
avaliar as mudanças climáticas anualmente e de propor soluções para a redução dos
impactos negativos por elas causadas, assegurando assim, um futuro mais sustentável.

O Banco Europeu de Investimentos (BEI) e a Comissão Europeia (CE), em 2009,


fizeram um acordo e fundaram a assistência energética local europeia (ELENA), com o
intuito de fornecer assistência técnica para a eficiência energética e investimentos na
energia renovável visando edifícios e inovação em transportes urbanos.

Em Portugal de acordo com as normas nacionais em conjunto com as diretivas


europeias desde 2013, todos os edifícios novos devem ter “uma performance energética
alta”.

A união europeia de modo a alcançar a sustentabilidade tem os seus regulamentos que


são modificados para se poderem acostumar às situações atuais, por isso em 2021, a
diretiva de performance energética dos edifícios foi revista de forma a impor a
descarbonização total dos edifícios até 2050.

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Descarbonizar o Setor dos Edifícios para atingir a Sustentabilidade Energética

Para a meta da descarbonização ser atingida, o caminho


divide-se em duas vertentes, em renovar edifícios já
existentes e na construção de novos edifícios. Ambas as
vertentes são avaliadas por um certificado energético
numa escala de A+ a F, que compara o desempenho
obtido nas condições atuais com o que seria esperado
nas condições mínimas, caso o edifício esteja a ser
construído este terá que estar classificado em B ou
superior, enquanto os edifícios já existentes, após a Imagem 3 - Certificado

renovação têm que obter uma classificação mínima de C. energético

Em Portugal, estaria prevista a reabilitação de todos os edifícios até 2050, mas para
isso, o país teria que desenvolver soluções para os desafios Flegais e sociais, tais como,
o financiamento e a comunicação, como podemos observar de acordo com o jornal
Adene, a ELPRE estima que a reabilitação tenha um custo de 490 milhões de euros por
ano e o orçamento disponível para a realização desta meta é de aproximadamente 450
milhões de euros, traduzindo-se num gasto 11 vezes superior ao orçamento facultado,
e como é espectável, os fundos disponíveis iriam maioritariamente para os edifícios
públicos, causando dificuldades aos espaços privados, pois estes seriam financiados
pelos próprios donos, proporcionando assim, mais um problema, pois seriam poucos os
proprietários que aceitariam renovar mesmo com um leve incentivo do estado
demonstrando assim o problema de comunicação existente, já que não existem nem
propostas nem motivações suficientes para que os edifícios privados sejam renovados.

De forma que as construções cumpram a regulamentação dos certificados energéticos,


foram desenvolvidas etapas com o intuito de alcançar o objetivo em causa. Uma das
etapas é usar os sistemas HVAC, estes sistemas consistem em controlar, monitorizar e
manter uma eficiência energética para conseguirem cumprir as necessidades de
conforto térmico do edifício e procuram sistemas alternativos à queima dos combustíveis
fósseis, como por exemplo, o uso de bombas de calor, de caldeiras de hidrogénio,
integração de energias renováveis, usar ventilação natural sempre que possível,
reutilização de águas da chuva, mas apesar de existirem variadas alternativas, este tipo
de sistemas não consegue reduzir as necessidades energéticas por completo. Outra
etapa seria a utilização de energia verde, isto é, aproveitar a energia que os recursos
naturais fornecem, diminuindo a conta da luz e aproveitando ao máximo o autoconsumo,
temos como exemplo, o uso de salamandras a lenha de alta eficiência, painéis solares,
entre muitos outros.

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Analisando as duas etapas referidas acima, podemos concluir que o uso das energias
renováveis são um pilar fundamental para eficiência energética e consequentemente
para a descarbonização. Estes sistemas podem facilmente gerar, transmitir e
transformar a energia elétrica, mas surge um problema que dificulta na conquista do
objetivo, não é possível armazená-la de forma prática, fácil e barata. Isto implica que
tenham de ser procuradas soluções para que as energias renováveis não sejam
desperdiçadas e tenham uma boa eficiência como o esperado. Atualmente, as soluções
encontradas passam por transformar a energia elétrica em energia mecânica ou
químicas sendo que as principais formas dessa situação ocorrer é o uso do
armazenamento térmico, de supercondensadores, de baterias, de pilhas de combustível
de hidrogénio, entre muitos mais.

Imagem 4 – Evolução da Produção por Fonte em Portugal continental

Para além das hipóteses indicadas, existe um acordo verde europeu e uma estratégia
a longo prazo. O acordo verde é um modelo estabelecido pelos 27 Estado-Membros da
UniãoF europeia com o intuito de tornar o continente neutro de emissões até 2050, e para

alcançar esse objetivo, todos os estados comprometeram-se a reduzir as emissões em


pelo menos 55% até 2030, em comparação com os níveis de 1990. Em Portugal, a
estratégia a longo prazo para a renovação dos edifícios (ELPRE), pretende ir ao
encontro dos objetivos, europeus e nacionais, como por exemplo, substituir os sistemas
já existentes por outros mais eficientes, reforçar o investimento em energias renováveis,
desenvolver programas de financiamento, público e privado, reforçar as políticas de
incentivo e monitorização do mercado, entre outros. Para o cumprimento destes
objetivos, organizou-se a ELPRE em sete eixos: remodelação do edificado, edifícios
inteligentes, certificação de energia, formação e qualificação, combate à pobreza
energética, informação e conscientização e, por último, a monitorização.

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Descarbonizar o Setor dos Edifícios para atingir a Sustentabilidade Energética

Tendo em conta tudo o que foi mencionado, é natural que continuem a ser
desenvolvidos projetos e protocolos no sentido de progredir no objetivo da
descarbonização e da sustentabilidade energética, infelizmente um dos grandes
entraves à evolução é a falta de apoio financeiro, o que ao meu ver, contribui em
grande parte para o descumprimento das metas que estavam estipuladas para a
descarbonização dos edifícios até 2050. No contexto europeu, com os recentes
acontecimentos, a estrutura de investimentos foi alterada de forma a minimizar as
perdas pelo abalo económico que foi introduzido em 2019 com o aparecimento do
coronavírus (covid-19) que paralisou a economia de inúmeros países, e mais
recentemente, em 2022 com as sansões aplicadas à Rússia, que impactou
diretamente todos os países da união europeia, estas situações levaram à solicitação
de fundos que estavam destinados a outros encargos. Em Portugal, o contínuo
investimento em edifícios que irão necessitar de renovações em menos de uma
década, o fraco investimento do estado nas renovações indica uma baixa
probabilidade de se atingir as metas em vista, vários acontecimentos obrigaram à
repartição e distribuição diferenciada do orçamento, como é o caso do túnel de
drenagem que irá ser construído em lisboa em resposta as recentes cheias que
ocorreram.

Em suma, os esforços que estão a ser aplicados são importantes e estão a levar na
direção certa as inovações que surgem com o passar do tempo, mas seria necessário
os órgãos superiores reavaliarem as metas impostas de forma a traçar planos mais
alcançáveis.

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Descarbonizar o Setor dos Edifícios para atingir a Sustentabilidade Energética

Bibliografia

https://rea.apambiente.pt/content/emiss%C3%B5es-de-gases-com-efeito-de-estufa

https://www.sce.pt/certificacao-energetica-de-edificios/consumidores/

https://www.iberdrola.com/sustentabilidade/armazenamento-eficiente-de-energia

https://european-union.europa.eu/institutions-law-budget/institutions-and-
bodies/institutions-and-bodies-profiles/eib_pt

https://www.eib.org/en/products/advisory-services/elena/index.htm

https://commission.europa.eu/strategy-and-policy/priorities-2019-2024/european-
green-deal/delivering-european-green-deal_en

https://www.dgeg.gov.pt/pt/areas-transversais/relacoes-internacionais/politica-
energetica/estrategia-de-longo-prazo-para-a-renovacao-dos-edificios-de-portugal-
elpre-pt/

https://www.gpeari.gov.pt/web/pt/bei

https://www.apren.pt/pt/energias-renovaveis/producao

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