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Parte Do Cap 1 - Livro Neuropsicologia para To
Parte Do Cap 1 - Livro Neuropsicologia para To
Aborçtagem adaptativa
Esta abordagem reconhece que as deficiências cognitivas geralmente
persistem em algum grau após a lesão cerebral, com base na premissa de
que a recuperação do sistema nervoso central é limitada. O foco está em
otimizar as funções remanescentes e utilizar a capacidade de um indiví-
duo para aprender novas estratégias e técnicas para superar as dificulda-
des. Isso também incorpora a manipulação do ambiente para atender às
suas necessidades. Procura-se a melhora das habilidades funcionais por
meio do uso de estratégias e técnicas para compensar as deficiências. Os
métodos de tratamento empregam teorias de aprendizagem e podem en-
volver a adaptação de atividades ou do ambiente para compensar as limi-
tações persistentes e otimizar a independência. No caso de uma pessoa
com deficits persistentes de discriminação entre figura-fundo (ver Cap. 5),
o uso de cores brilhantes para diferenciar a louça ajudaria a localizar e a
identificar esses itens em uma cozinha desarrumada.
1
resultado para qualquer paciente. O principal objetivo de todas as in-
tervenções é permitir que o paciente alcance o seu nível ótimo de fun- r
cionalidade independente em todas as áreas, com o_melhor estado de
saúde possível. A correção é sempre a abordagem primária, congruente
com esse objetivo de recuperação e restituição de estruturas e funções
corporais comprometidas.
A adaptação pode ser usada como parte de um programa de correção
global, ou como a abordagem predominante se um paciente atingiu um
ponto máximo na recuperação intrínseca e não mostra sinais de qualquer
progresso adicional. A adaptação de uma atividade para reduzir suas res-
pectivas demandas cognitivas sobre um indivíduo pode ser importante
nos estágios iniciais de reabilitação. À medida que o desempenho do pa-
ciente melhora, a adaptação poderá ser removida para aumentar o desafio
da atividade e levar o seu desempenho para o âmbito dos parâmetros
normais. Dessa forma, a adaptação é usada como uma técnica para gra-
duar a intervenção dentro de uma abordagem corretiva.
44 Neuropsicologia para Terapeutas Ocupacionais
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e até que ponto podem se sentir capazes de lidar com certas tarefas ou
comportamentos, ainda que o potencial terapêutico seja muito valioso e
traga benefícios para todos.
Modelagem
A m_odelagem é uma técnica compor tamenta l. É empreg ada para in-
cent:1var o desemp enho em direção a um objetivo final, quando este
não é imediat amente alcançável. Nos estágios iniciais, qualque r com-
por!am ento que se aproxim e do desemp enho desejad o é elogiado ou
entao recomp ensado de outra forma, e assim o cliente é incentiv ado a
se compor tar dessa maneira. Depois de alcançado de maneira consis-
48 Neuropsicologia para Terapeutas Ocupacionais
Encadeamento
É uma técnica gue pode ser aplicada tanto corno encadeamento à frente
ou encadeamento retrógrado. A tarefa escolhida é dividida em estágios. No
encadeamento à frente, o cliente completa o primeiro estágio da tarefa e o
terapeuta completa o restante. Depois gue o paciente donúnou esse estágio,
ele continua até completar tanto o primeiro como o segundo estágio, e o
terapeuta completa os estágios restantes. Gradualmente, o cliente completa
sucessivos estágios até realizar a tarefa completa. No encadeamento retró-
grado, aplica-se o reverso. O terapeuta completa todos os estágios da tare-
f~ exceto a última, que o cliente completará. O terapeuta então completa
todos, menos os dois últimos estágios, que serão completados pelo cliente,
e assim por diante, até que este realize toda a tarefa. Este último método é
útil porque dá ao cliente a experiência de completar uma tarefa, portanto,
lhe dá mais satisfação do que no método de encadeamento à frente. Essa
técnica basicamente gradua uma tarefa em termos de duração, demandas
de energia, complexidade e habilidades de processamento de informações,
acumulando gradativamente as demandas sobre a pessoa. As sequências
completas de tarefas e atividades podem ser encadeadas, e o encadeamento
pode incorporar as pistas a serem dadas para facilitar o aumento gradual no
desempenho do paciente. Os deficits de atenção seletiva e possibilidade de
50 Neuropsicologia para Terapeutas Ocupacionais
distração (ver Cap. 7) podem impedir que uma pessoa complete tarefas com
êxito, ou não as complete de maneira alguma. O encadeamento retrógrado
das atividades realizadas rotineiramente, tais como preparar bebidas quentes
ou vestir-se, é urna forma útil de graduar as demandas de uma atividade.
Nos estágios iniciais, o objetivo é alcançado com núnimas oportunidades
de distração, e as demandas sobre a atenção podem ser aumentadas para
facilitar um melhor desempenho com o tempo.
Padrões de prática
Graduação de intervenções
A grad uação é um importante instrumento do repertório do terap_euta.
Conforme vimos na seção precedente, os mérodos comportamenta1::i, de
aprendizagem e ensino têm propriedades inerentes que permitem que
ocorra a graduação. O "como", "quando" e "o quê" graduar dependem
inteiramente das necessidades e da evolução de cada paciente, e, portan-
to, não exis te uma fórm ula ou prescrição estabelecid2.. Além dos aspectos
Intervenções para Deficiências Cognitivas
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Resultados ou eficácia?
ar a natureza e o tipo das
Da mesma forma que é importante identific
as intervenções (avalia-
dificuldades de uma pessoa a fim de planejar
efeitos e consequências
ções), é igualmente importante conhecer os
de resultados). Resultado
dessas intervenções para a pessoa (avaliação
lica um pon to final e uma
talvez seja uma denominação inadequada. Imp
, o indivíduo con tinu a
conclusão, quando, na verdade, na lesão cerebral
de de vida e a dos outr os
a vivenciar o impacto desta sobre sua qualida
uma part e do proc esso de
que o cercam. A mensuração de resultado é
da intervenção e não
intervenção que procura estabelecer a eficácia
imp orta nte distinção a ser
delinear a evolução do paciente. Esta é uma
alta de um pro gram a de
feita para se evitar a implicação equivalente da
iente, ou no fim de um
reabilitação, no fim da recuperação de um pac
re- se aos parâmet ros de
potencial para a mudança. Essa discussão refe
•
54 Neuropsicologia para Terapeutas Ocupacionais
Métodos de avaliação
Reavaliação e mensurações iniciais
Uma das maneiras mais confiáveis para identificar a mudança nas habili-
dades de um cliente com o tempo é readministrar os testes ou avaliações
efetuadas anteriormente. As avaliações usadas nos estágios iniciais da
inter venção podem ser empregadas novamente. Isso proverá evidência
confiável de mudança caso o instrumento seja padronizado, mas deve-
se ter cuidado no que se refere à finalidade e validade de se repetir uma
avaliação. Os objetivos ocupacionais relacionam-se ao desempenho fun-
cional, e embora uma avaliação de deficiência possa demonstrar mudança
nessa deficiência, isso pode não se equiparar à melhora do desempenho
funcional, conforme discutido no capítulo 2. Por essa razão, em termos
do progresso feito pelo cliente, há menos ênfase sobre a mensuração da
deficiência no final da intervenção e um uso maior de mensurações do
resultado funcional. As mensurações funcionais devem ser selecionadas
para abordar o desempenho da atividade e dar informações relevantes às
necessidades de desempenho ocupacional atuais e futuras do cliente.
De um a perspectiva do serviço, avaliar deficiências durante um
programa de intervenção pode proporciona r evidência útil para o pa-
Intervenções para Deficiências Cognitivas
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., .
cognitivo s subjacentes.
drão ou prog ress o da recuperação de deficits
até dos vários serv iços ,
Tais evidências, coletadas de mui tos clientes, ou
qua ndo aplicar dete rmi-
pod em con tribu ir para tom ar decisões sobr e
peração. i'v'Iensurações
nada abo rdag em ou técnica no proc esso de recu
e os níveis de inde pen -
do resultado funcional dão info rma ções sobr
de reabilitação e são
dência e atividade alcançados dura nte o proc esso
iço.
indicadores-chave do resu ltad o e eficácia do serv
ão do cliente com as
Envolve comparar o nível e a qualidade da funç
onizado s sobre o tempo
norm as da população. Por exemplo, testes padr
ir, ou de erros cometi-
que levam para solucionar problemas, ou se vest
uma medida de onde
dos em uma determinada tarefa, pod em prod uzir
a de distribwção. Tal
está posicionado o paciente dentro de uma curv
ente, a menos que haja
informação raramente é interessante para um paci
verificar a adequação
razão especial para que saiba disso, por exemplo,
para determinado trabalho, no qual precisão e tem
po de execução sejam i1
. Comparar o desempe- ~:
compatíveis com determinada faixa normativa
de valor aos serviços e , l ;f
nho de um cliente aos dados normativos pod e ser . 'i )
ções específicas, ou a
aos indivíquos que pesquisam a eficácia de interven
tam a recuperação.
extensão em que deficits cognitivos específicos limi
Obtenção de um objetivo
men sura do de manei-
O prog ress o em direção a um objetivo pod e ser
com o as observações e
ra objetiva e subjetiva. Mensurações objetivas,
evidência exte rna com o
avaliações funcionais padronizadas ~ofer ecem
subjetivas incluem as
prov a da con quis ta do objetivo. As men sura ções
seu progresso. Em con-
próp rias visões e opiniões do paciente sobr e o
ão de um objetivo, mas
junto, isso não só identifica o grau de cons ecuç
belecer objetivos. Cada
pod e indicar a qualidade do proc esso de e?ta
que, de form a persis-
terapeuta ou pres tado r de serviço que desc ubra
s clientes não estejam
tente, os obje ti;os não são alcançados, ou cujo
com o evidência da ne-
satisfeitos com o seu prog ress o, pod e usar isso
ento de objetivos.
cessidade de revisar o proc esso de estabelecim
Objetivos
ento s. Dev em ser men -
Os objetivos são identificação de emp reen dim
os com pon ente s ne-
suráveis, observáveis e específicos, identificando
escritos e em detalhes
cessários do dese mpe nho bem-sucedido. Bem
alcançar cada meta no
suficientes, con stitu em uma estr utur a para se
56 Neuropsicologia para Terapeutas Ocupacionais
Resumo
1. Em conjunto com os capítulos 1 e 2, este capítulo explorou o pro-
cesso de terapia ocupacional com um foco específico sobre a in-
tervenção.
2. Uma abordagem prática é levada à intervenção, focando-se no tra-
balho feito com o cliente e não com as pessoas de suas relações.
A primeira seção considerou os fatores que causam impacto so-
bre o processo de terapia ocupacional e provavelmente moldarão
a intervenção além das necessidades e objetivos do cliente e do
terapeuta. Fatores da equipe e do serviço, potencial de recuperação
e um contexto ambiental mais amplo influenciarão o processo. Os
objetivos são importantes no processo de intervenção, seja como
marcadores para o progresso seja para estabelecer a estrutura bási-
ca para a consecução da meta. A capacidade de analisar e graduar o
desempenho é essencial para o estabelecimento de objetivos apro-
i priados e a Estrutura de Prática de Terapia Ocupacional (EPTO)
proporciona uma estrutura útil.
3. As abordagens de intervenção são uma importante consideração.
A correção e a adaptação constituem os dois componentes básicos,
mas uma abordagem que incorpore ambos é mais adequada aos
propósitos da terapia ocupacional.
4. A aprendizagem é central à reabilitação cognitiva, seja a aborda-
gem com ênfase maior na correção ou na adaptação. Muitos fatores
internos e externos podem agir como barreiras e facilitadores à
aprendizagem, devendo ser considerados em cada intervenção.
5. A familia e os parceiros podem desempenhar papel importante no
sentido de atender à reabilitação e às necessidades de cuidados de
um paciente, sendo membros essenciais da equipe. .
6. Vários métodos e técnicas de intervenção, derivados da teoria com-
portament al e da aprendizagem, constituem os co~p~nen tes c~ -
muns da intervenção. Cada pessoa sofre as crmsequencias da lesao
cerebral de modo diferente e uma determina da mistura de métodos
e técnicas se refletirá nas necessidades de cada pessoa. Co~sistência
Intervenções pa ra Detic,ênc,as Cognitivas 57