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XI Congresso Brasileiro de Informática na Educação (CBIE 2022)

Anais do XXVIII Workshop de Informática na Escola (WIE 2022)

Educação, Práticas Digitais e Novos Riscos em Rede


Cristina Paludo Santos

Instituto Federal Farroupilha – Santo Ângelo/RS

cristina.paludo@iffarroupilha.edu.br

Abstract. This paper describes efforts to disseminate and popularize new


attitudes and good practices in the digital world, promoting reflections on the
topic of Information Security in the school environment. The target audience
includes high school students and teachers, both from public schools. The
strategies developed aim to strengthen digital education through the formation
of citizens who are connected and aware of the risks and vulnerabilities that
the network society offers, favoring the development of skills provided for in
the BNCC and reaffirmed by the Brazilian Computer Society and the Center
for Innovation in Brazilian Education through guidelines for teaching
computing in Basic Education. The practices were initially developed with a
restricted group of students from the 3rd year of high school and, later, were
disseminated to other actors in the school community in order to foster a
culture of information security in this environment, as well as encourage
students to use technology in a more conscious way, in which it is possible to
stimulate reflection and other ethical concepts in society. An overview of such
strategies, as well as the results obtained, are presented so that the experience
can be replicated and/or improved by other institutions.
Resumo. Este artigo descreve os esforços direcionados para disseminação e
popularização de novas posturas e boas práticas no mundo digital,
fomentando no âmbito escolar reflexões acerca do tema Segurança da
Informação. O público-alvo das ações inclui estudantes do ensino médio e
docentes, ambos de escolas públicas. As estratégias desenvolvidas visam
fortalecer a educação digital por meio da formação de cidadãos conectados e
cientes dos riscos e vulnerabilidades que a sociedade em rede oferece,
favorecendo o desenvolvimento de competências previstas na BNCC e
reafirmadas pela Sociedade Brasileira de Computação e pelo Centro de
Inovação da Educação Brasileira. As práticas foram desenvolvidas
inicialmente com um grupo restrito de alunos do 3o ano do ensino médio e,
posteriormente, foram difundidas para os demais atores da comunidade
escolar a fim de fomentar uma cultura de segurança de informação neste
ambiente, bem como incentivar os estudantes a utilizar a tecnologia de forma
mais consciente, em que seja possível estimular a reflexão e os demais
conceitos éticos da sociedade. Uma visão geral de tais estratégias, bem como
dos resultados obtidos são apresentadas de modo que a experiência possa ser
replicada e/ou aprimorada por outras instituições.

DOI: 10.5753/wie.2022.225607 338


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Anais do XXVIII Workshop de Informática na Escola (WIE 2022)

1. Introdução
Vivemos em uma sociedade em rede onde o novo paradigma conferido para essa nova
cultura se entrelaça com a produção e disseminação da informação. Essa onda de
disseminação da informação em um mundo cada vez mais conectado tem seus prós, pois
gera oportunidades e facilidades para organizações e indivíduos, mas tem um efeito
oculto.
Se por um lado a cultura digital potencializa novas formas de interação, novos
tipos de sociabilidade, novas possibilidades e oportunidades, por outro viabiliza também
novos riscos. É um palco onde diariamente se experimentam “oportunidades arriscadas”
(Livingstone, 2013). Este fato é extraordinariamente evidente no mundo juvenil.
Evidências empíricas, obtidas por meio de alguns estudos, nacionais e internacionais,
revelam que para a net generation, os digital natives, millennials ou a thumb tribe o
digital é a vida em tempo real (Eisenstein e Da Silva, 2016; Livingstone et al, 2014;
Madden et al, 2015). Em um nível global, registram-se padrões comuns no mundo
digital: a massificação do acesso é impressionante e a intensidade do uso da internet é
surpreendente. É um dado incontestável: a vida dos jovens é/está profundamente
midiatizada e essa midiatização passa, em larga escala, pelo digital.
Apesar do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs)
proporcionar indiretamente o desenvolvimento social e cultural, paralelamente a esta
evolução, vê-se surgir pessoas que têm usado esse avanço para a prática de atos danosos.
Roubo de dados, perseguições, uso indevido de imagem, cyberbullying, são apenas
alguns dos riscos aos quais os internautas estão expostos todos os dias. Esses crimes têm
como principal elemento a falta de conhecimento dos usuários das redes. Sem o
conhecimento necessário para aferir sobre quais atitudes tomar diante dessa nova
realidade, o usuário torna-se facilmente manipulável.
Consoante a esta realidade, percebe-se oportuno fomentar no âmbito escolar
reflexões envolvendo o tema Segurança da Informação, disseminando e popularizando
novas posturas e boas práticas no mundo digital entre os jovens. E é nesse cenário que se
insere este artigo, que apresenta o relato de uma experiência realizada com alunos do
ensino médio de uma escola pública com vistas à educação em prol da formação de um
cidadão conectado e ciente dos riscos e vulnerabilidades que a sociedade em rede oferece.
Tal trabalho insere-se no rol de estratégias existentes que visam fortalecer a
educação digital. Entre os trabalhos relacionados pode-se citar o jogo para auxílio no
ensino de conceitos relacionados a Segurança na Internet para Crianças e Adolescentes
proposto por Farias (2019), bem como a história em quadrinhos elaborada por Cruz
(2017) em que é abordado o enfoque social da segurança da informação. Carvalho et al
(2017) propõem uma reflexão sobre a necessidade de um melhor embasamento sobre a
Segurança da Informação pela comunidade escolar, bem como fundamenta a necessidade
de debates, capacitações e até mesmo a criação de disciplinas para tratar adequadamente
o assunto.
Cabe destacar, por oportuno, que a abordagem adotada neste trabalho se difere das
propostas por Farias (2019) e Cruz (2017), mas convergem com as ideias apresentadas
por Carvalho et al (2017), uma vez que promove uma Campanha de Conscientização
junto à comunidade escolar com estratégias que compreendem a produção de material

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informativo, entrevistas em rádio, divulgação em redes sociais, dentre outros. Além disso,
às ações alinham-se às competências e premissas específicas da Computação na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) em que a exposição de conceitos inerentes à
Segurança Digital perpassa pelos diversos níveis da Educação Básica a fim de
desenvolver as habilidades necessárias do século XXI.
Uma descrição mais detalhada das práticas desenvolvidas é apresentada nas seções
subsequentes. A seção 2 descreve os procedimentos metodológicos adotados. A seção 3
apresenta os resultados do diagnóstico realizado e o plano de ação proposto, enfatizando as
práticas sendo desenvolvidas e/ou em desenvolvimento. Por fim, a seção 5 apresenta as
considerações finais.

2. Procedimentos Metodológicos
A inspiração para o desenvolvimento do presente trabalho surgiu a partir da aplicação de
uma atividade diagnóstica no escopo da disciplina Segurança em Sistemas de
Informação, ofertada para uma turma do 3º ano de um Curso Técnico Integrado em
Manutenção e Suporte em Informática. Ao analisar os resultados da atividade constatou-
se que, em uma turma com 24 alunos, apenas 5 deles possuíam conhecimentos básicos
em relação às medidas de segurança da informação.
Este fato incitou reflexões sob diversos aspectos que podem ser expressos por
meio das seguintes questões: (a) quais são os conhecimentos dos jovens a respeito do uso
seguro da Internet e seus recursos? (b) como se estabelece a articulação dos professores
para a promoção de práticas pedagógicas, independente da área e/ou curso, que envolvem
o tema segurança da informação?
Tais indagações e reflexões impulsionaram o desenvolvimento de um projeto que
abarcou uma equipe composta por 24 alunos do 3º ano e a docente e que repercutiu em
toda a comunidade escolar. O tema foi inicialmente abordado junto aos integrantes da
equipe para que pudessem compreender a importância da Segurança da Informação, seus
principais conceitos e exemplos de riscos e vulnerabilidades. Além das aulas expositivas,
diversos recursos multimodais foram explorados com o intuito de ampliar o horizonte de
conhecimento dos alunos, a citar, vídeos, documentários, depoimentos de casos reais,
notícias, palestra com especialista e cine-debate envolvendo o filme “Privacidade
hackeada”.
Após a exploração dos conceitos fundamentais que permeiam o contexto da
Segurança da Informação, a equipe foi desafiada a realizar um diagnóstico envolvendo a
comunidade escolar com o objetivo de estimar o nível de maturidade dos alunos em suas
práticas de segurança da informação e, principalmente, fundamentar a necessidade de um
tratamento mais adequado ao tema nessa instituição de ensino.
Nesta etapa, o projeto fundamentou-se numa pesquisa aplicada, objetivando gerar
conhecimentos para tomada de ações relacionadas ao uso seguro de dispositivos
computacionais conectados em rede. Utilizou-se uma abordagem social empírica
participativa estabelecendo relações comunicativas com discentes e docentes do 1º, 2º e
3º anos do ensino médio, que formaram o espaço amostral.
A fim de inferir sobre as medidas de segurança adotadas pelos participantes, bem
como seus conhecimentos e experiências em relação ao uso e disseminação de

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informação na Internet, foi elaborado um questionário baseado nas competências e


habilidades previstas na BNCC. Diante do número significante de assuntos que podem
ser abordados e facilmente discutidos envolvendo o tema optou-se por questões
envolvendo o uso e gerenciamento de senha, incluindo criação, frequência de troca e
proteção; proteção contra vírus e outros códigos maliciosos; e-mails e anexos
desconhecidos; engenharia social; clonagem de whatsapp e redes sociais; questões de
segurança em dispositivos móveis; uso de declarações de confirmação (senhas, acesso a
sistemas e dados); dentre outros.
O questionário contempla 20 questões e dentre elas alguns exemplos incluem:
Você usa a mesma senha em contas diferentes? Você salva senhas no seu navegador ou
computador? Você sabe identificar uma fake news? Você já recebeu algum email
malicioso dizendo, por exemplo, que você foi contemplado com um prêmio ou um
anúncio falando que uma quantia em dinheiro esperava por você? Você sabe o que é uma
senha segura? Você sabe verificar se um link é verdadeiro ou falso?
No questionário dos docentes foram acrescidas outras questões com vistas a
identificar a atuação dos mesmos em relação ao tema “Segurança da informação”. São
elas:
1) Considera importante tratar o tema “Segurança da Informação” em disciplinas do
Ensino Médio?
2) Em algum momento nas suas práticas pedagógicas você abordou com seus alunos
assuntos relacionados ao uso seguro da Internet e seus recursos?
3) Você se sente preparado para abordar o tema com seus alunos?
Os dados coletados por meio dos questionários foram analisados de forma a
estimar o conhecimento do público em relação a assuntos menos conhecidos e,
principalmente, fundamentar a necessidade de um tratamento mais adequado ao tema em
na instituição de ensino em que a pesquisa foi realizada.

3. Resultados e Plano de Ação


Participaram da pesquisa 254 pessoas, sendo 77 alunos do 3º ano, 78 do 2º ano, 85 do 1º
ano e 14 docentes. Os resultados revelam a carência do público em relação a
conhecimentos que são essenciais para quem utiliza celulares, tablets e computadores.
Dentre os vários aspectos analisados, alguns se destacaram por apresentar índices
bem expressivos, tais como: 75% dos participantes afirmam não saber identificar sites
falsos; 80% desconhecem o método de autenticação de 2 fatores; 70% afirmam salvar as
senhas no navegador ou no computador; 85% declararam não saber identificar links
falsos; 90% dos participantes revelam que não sabem quais são as providências a serem
tomadas caso seu whatsapp ou perfil em redes sociais seja clonado; 45% afirmam não
reconhecer ataques/fraudes que ocorrem através da falsificação de e-mails; 85% afirmam
já ter compartilhado informações pessoais em plataformas ou aplicativos online;
aproximadamente 40% das pessoas avaliadas não mostraram domínio sobre como criar
uma senha segura; 80% afirmam que sabem identificar fake news apenas em alguns
casos; 95% afirmam desconhecer os termos phishing e engenharia social e
aproximadamente 75% do público não associaram o protocolo https à criptografia das

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informações que trafegam pela rede. Este último índice merece atenção se considerarmos
que o não uso do mecanismo pode expor dados sensíveis do usuário, tais como número
de cartões de créditos, senhas de acesso, número de documentos, dentre outros.
O funcionamento dos cookies, utilizados, geralmente, para rastrear a navegação
do usuário, não foi identificado por 65% das pessoas pesquisadas, com esse percentual
chegando a 52% entre os alunos do Ensino Médio. Considerando que nem todo tipo de
cookie é seguro, essa é uma estatística perigosa. Tais índices são preocupantes e
evidenciam a necessidade de direcionamentos mais específicos para amenizar a falta de
informação.
A análise dos dados foi realizada considerando o público como um todo, com
ressalvas relacionadas ao perfil específico de docente que levou em consideração as
questões acrescidas ao questionário com vistas a averiguar a atuação docente em relação
à Segurança da Informação. A pesquisa mostra que apesar de 100% dos professores
considerem importante a discussão sobre o tema com o público jovem, apenas 35% deles
afirma ter abordado sobre o tema com seus alunos. Os demais justificam o fato de não se
sentirem preparados para debater o assunto (53%) ou julgar que o assunto foi tratado em
alguma outra disciplina (3%). Além de aproximadamente 9% alegar que nunca havia
pensado sobre essa questão.
A partir dos resultados do processo de análise foi possível definir um conjunto de
ações embasado no diagnóstico sobre as carências de conhecimento ou habilidades do
público-alvo em relação ao tema abordado, o que nos permite produzir uma abordagem
de conscientização dos problemas existentes relacionados ao mundo digital. Assim o
plano de ação proposto abarca práticas que se complementam com a intencionalidade de
produzir conhecimento crítico necessário para gerar medidas de amadurecimento que
viabilizem dirimir os problemas diagnosticados.
A proposta de tais práticas se respalda nas competências e habilidades previstas
pela BNCC e incluem atividades que buscam estimular o desenvolvimento das seguintes
habilidades:
 Analisar criticamente artefatos computacionais, sendo capaz de identificar as
vulnerabilidades dos ambientes e das soluções computacionais buscando garantir
a integridade, privacidade, sigilo e segurança das informações;
 Acessar as informações na Internet de forma crítica para distinguir os conteúdos
confiáveis de não confiáveis;
 Entender como mudanças na tecnologia afetam a segurança, incluindo novas
maneiras de preservar sua privacidade e dados pessoais online, reportando
suspeitas e buscando ajuda em situações de risco;
 Reconhecer o potencial impacto do compartilhamento de informações pessoais ou
de seus pares em meio digital;
 Conhecer as possibilidades de uso seguro das tecnologias computacionais para
proteção dos dados pessoais e para garantir a própria segurança e,
 Reconhecer a importância de verificar a confiabilidade das fontes de informações
obtidas na Internet.

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A partir disso, temos a perspectiva de trazer um panorama sobre os cuidados com


a segurança ao usar dispositivos como celular, tablets, computadores dentre outros (roubo
de dados em dispositivos físicos, rastro de dados online quando da utilização de jogos por
exemplo etc.) e promover reflexões sobre aspectos de segurança e privacidade que são
importantes quando utilizamos ambientes virtuais, como jogos online, compras online,
interação em salas de conversa online, interação em redes sociais, destacando o
compartilhamento de informações e acesso a sites da internet que não são seguros e
desconhecidos.
A seguir são descritas as estratégias definidas no escopo do projeto. É importante
salientar que algumas já foram implementadas, enquanto outras estão em fase de
produção e/ou planejamento. Tais estratégias incluem:
(a) Produção de materiais informativos como cartazes e folders para serem
distribuídos no ambiente escolar. Alguns exemplos de materiais produzidos pelos alunos
para alertar os usuários sobre possíveis riscos e para disseminar boas práticas em
Segurança da Informação são apresentados na Figura 1.
Os materiais foram produzidos pelos alunos do 3º ano do ensino médio e é
resultado de um compilado de estudos e informações. Acredita-se que estes materiais
sejam interessantes não só para popularizar o conhecimento, mas também para criar uma
cultura de segurança na instituição, pois a jornada de aprendizagem em segurança é um
processo constante e se mostra mais eficiente quando compartilhado coletivamente. Os
materiais já estão disponíveis no ambiente escolar.

Figura 1. Materiais informativos produzidos

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(b) Realização de entrevistas na rádio escolar. O projeto utiliza diversos meios de


comunicação, dentre eles o rádio. Isso oportuniza aos alunos, principalmente aos que
integram a equipe executora, vivenciar experiências diferenciadas e apoderar-se dos
equipamentos midiáticos para elaborar atividades que desenvolvam a cidadania,
desenvolvendo novas práticas enriquecedoras para sua formação. Além disso, demonstra
que a rádio escolar é uma ferramenta apta a contribuir para o aprendizado, favorecendo a
troca, cooperação e diálogo entre os membros envolvidos. Tudo isso decorrente da
valorização dos diferentes conhecimentos e fortalecimento da autoestima do educando
com oportunidade de vivenciar habilidades e competências para uma proposta
relacionada à referida mídia.
(c) Elaboração de cursos específicos para professores. Os resultados obtidos
durante a etapa de investigação demonstram a necessidade de prover meios para que os
próprios professores se apropriem dos conceitos básicos relacionados à Segurança
Digital. Independente da área do professor, estes conhecimentos constituem-se
atualmente como essenciais tanto como conteúdo de ensino, para que os professores
estejam preparados para apoiar os alunos na compreensão e na apropriação de tais
conceitos, quanto para a segurança de suas próprias informações.
Como forma de suprir essa lacuna está em andamento a elaboração de cursos de
curta duração que têm como objetivo a inclusão digital de professores no contexto de
Segurança da Informação. Esses cursos devem ser ministrados inicialmente para os
professores da escola e, a partir da experiência vivenciada, os mesmos poderão ser
abertos para participação de professores que atuam em outras escolas, públicas ou
privadas.
(d) Desenvolvimento de um chatbot para esclarecer dúvidas relacionadas às
questões de segurança abordadas no escopo do projeto. Os chatbots são tecnologias
emergentes que têm aplicação em diversos contextos, incluindo o contexto educacional.
No escopo deste projeto, o chatbot apresenta-se como um recurso interativo viável uma
vez que possibilita uma comunicação dinâmica instantânea; possui uma interface
amigável; está disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana e, sobretudo, pode
aumentar o engajamento dos jovens quando bem projetado.
Dentre os princípios que regem o desenvolvimento do chatbot proposto está a
utilização de uma linguagem conversacional com a qual o público jovem está
acostumado. Acredita-se que o uso de recursos multimídia, emojis, gifs e afins pode ser
um aliado na busca de um maior engajamento. Além disso, o bot deverá adotar um tom
mais leve e divertido para se comunicar, buscando atrair a atenção dos utilizadores aos
conteúdos por ele abordados. Cabe destacar que o chatbot está sendo desenvolvido no
escopo de um projeto de Iniciação Científica.
(e) Publicações de materiais informativos nas redes sociais da instituição. Com
isso, busca-se disseminar o programa através de múltiplos canais, permitindo que tanto o
público interno quanto externo tenha acesso às informações.
(f) Produção e realização de oficinas. As oficinas diferem dos cursos, visto que
não têm como objetivo abordar conceitos teóricos, mas sim permitir um
compartilhamento de experiências e realidades entre as pessoas participantes. Acredita-se
que a adoção de modelos de oficinas neste contexto possa criar um ambiente em que

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todos aprendem com todos e fazer emergir boas possibilidades de uso da Segurança da
Informação pelo grupo.
Ainda, dentro das estratégias presentes no plano de ação do projeto em
desenvolvimento, está a produção de uma peça teatral. A peça é uma adaptação da
história do chapeuzinho vermelho e tem por objetivo explorar os conceitos básicos sobre
cibersegurança junto ao público infanto-juvenil. O roteiro da história está sendo escrito
com apoio com a professora de Artes da escola, com a participação de 10 alunos do 3º
ano que integram a equipe do projeto.

4. Considerações Finais
Na BNCC, define-se competência como a mobilização de conhecimentos
(conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais),
atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana (Brasil, 2018).
Entre as dez competências gerais relacionadas no documento, destaca-se, na discussão
deste artigo, as seguintes competências:
Competência 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e
comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas
sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações,
produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida
pessoal e coletiva;
Competência 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis,
para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que
respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo
responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao
cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
Ambas as competências reforçam o papel da escola no desenvolvimento da
competência informacional e evidenciam a importância de compreender a abrangência
que a temática “segurança da informação” alcança. Neste sentido, este artigo apresenta
um plano de ação que, apesar de denominado “Campanha de Conscientização”, abarca
práticas que abordam o tema utilizando-se de variadas estratégias a fim de explorar a
diversidade de assuntos que envolvem a temática.
Os dados apresentados apontam o caminho: a educação como estratégia para
minimizar riscos e maximizar capacidades e competências digitais colocando em
evidência a necessidade urgente de alertar os indivíduos para reconhecer situações de
segurança da informação e agir corretamente, garantindo a sua inclusão digital de forma
competente, responsável e segura.
Sob essa perspectiva, além da campanha em si, realizada a partir da elaboração de
produtos educacionais como cartazes, folders, publicações e entrevistas, são propostas
ações de formação de professores por meio de cursos e oficinas, desenvolvimento de
solução computacional por meio dos chatbots e, também atividades culturais de cunho
educativo na forma de peça teatral. Com esse arsenal de possibilidades busca-se preparar
alunos e professores para fazerem análises críticas sobre as tecnologias a que têm acesso,
sendo capazes de identificar os riscos a que estão expostos, seja por meio do

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compartilhamento de informações pessoais desnecessárias ou sensíveis ou na interação


com pessoas ou grupos desconhecidos e saber como se proteger e denunciar situações
suspeitas, além do desenvolvimento de muitas outras habilidades relacionadas ao uso e
compartilhamento seguro e confiável de informações.
Algumas das ações já foram implementadas como, por exemplo, a produção e
divulgação de materiais informacionais e entrevistas na rádio. Tais ações já tiveram
grande repercussão no ambiente escolar, com convites para que a equipe desenvolvesse
novos trabalhos com turmas específicas de alunos do ensino médio. A partir dessa
demanda que se apresentou se instituiu a oferta de oficinas como estratégia para abordar
o tema de segurança junto a essas turmas de alunos. As oficinas devem ocorrer no início
do segundo semestre envolvendo, inicialmente, alunos dos 10 e 20 anos do ensino médio.
Professores e funcionários da instituição também demonstraram interesse em “aprender
mais” sobre o assunto. Para este público estão programadas, também para o 20 semestre
do ano corrente, a oferta de cursos de curta duração.
Cabe destacar, por oportuno, que por muito tempo a segurança da informação era
tratada apenas tecnicamente, com proteção por meio de uso de antivírus, firewall e outras
ferramentas similares. Porém, ultimamente, muito se fala em espionagem, privacidade,
phishing e engenharia social, que são temas que nos faz repensar a grande dificuldade
que ainda persiste por parte das pessoas em entender a importância da segurança da
informação, por isso o usuário é considerado o elo mais fraco, já que nos incidentes de
segurança sempre há pessoas envolvidas, tanto no lado das vulnerabilidades exploradas,
quanto no lado das ameaças.
Isso reforça ainda mais a importância de estabelecer uma cultura de segurança da
informação no âmbito escolar. Atitudes em relação à segurança e privacidade no
ambiente digital devem fazer parte dos requisitos necessários para o pleno uso dos
recursos disponibilizados em rede, já que os cuidados que se tem no dia a dia não podem
ser esquecidos no ambiente digital, onde também se está exposto a normas e riscos
semelhantes.
É nesse sentido que se insere esse projeto cujo as estratégias adotadas são
ferramentas apropriadas para engajar as pessoas e garantir que estas recebam
treinamento, educação e conscientização adequadas para formação de cidadãos com
consciência crítica no mundo virtualizado em que vivemos. Além disso, acredita-se que
compartilhar boas práticas por meio da divulgação dos trabalhos realizados também seja
uma iniciativa importante que permite a replicação das ações em outras instituições de
ensino e, por isso, fica aqui registrada nossas contribuições.

Referências Bibliográficas
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