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Financas Corporativas
Financas Corporativas
FINANÇAS
CORPORATIVAS
2009
© 2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por
escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
P489f
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-0403-4
41
Ciclo de caixa
41 | Introdução
42 | Fluxo de produção na empresa
45 | Prazos médios
51 | Ciclo de caixa
61
Capital de giro
61 | Introdução
62 | Capital de giro
71 | Conceitos importantes
72 | Fatores que afetam o capital de giro
83
Gestão das contas a receber
83 | Introdução
85 | Políticas de crédito
90 | Análise de crédito de empresas
94 | Controle e acompanhamento das contas a receber
98 | Política de cobrança
ário
103
Gestão dos estoques
103 | Introdução
106 | Tipos de estoques
108 | Nível de estoques e as áreas funcionais da empresa
109 | Custo dos estoques
113 | Modelos de administração de estoques
125
Necessidade de capital de giro
125 | Introdução
125 | Visão gerencial do balanço
131 | Determinação da necessidade de capital de giro
137 | Saldo de tesouraria
140 | Efeito tesoura
142 | Prazos médios
149
O valor do dinheiro no tempo
149 | Introdução
151 | Formação da taxa de juros
152 | Matemática financeira
153 | Conceito do valor do dinheiro no tempo
153 | Fluxo de caixa
156 | Conceitos adicionais
158 | Regime de capitalização simples
sumário
sumário 162 | Regime de capitalização composta
165 | Taxas de juros
175 | Utilização de juros simples e compostos
181
Princípios para aplicação de capital
181 | Introdução
183 | Orçamento de capital
184 | Princípios básicos para aplicação de capital
187 | Métodos de avaliação de investimentos
213
Custo de capital
213 | Introdução
217 | Risco
218 | Cálculo do custo de capital
237
Estrutura de capital
237 | Introdução
241 | Risco e a estrutura de capital
244 | Fatores determinantes da estrutura de capital
246 | Determinando a estrutura ótima de capital
Alavancagem e 259
risco operacional, financeiro e combinado
259 | Introdução
260 | Alavancagem operacional
262 | Alavancagem financeira
265 | Alavancagem combinada
269 | Risco operacional, financeiro e combinado
270 | Custos
273 | Ponto de equilíbrio
278 | Conceito de risco
ário
281 | Risco operacional
283 | Risco financeiro
285 | Risco total ou combinado
293
Gabarito
319
Referências
321
Anotações
Apresentação
Ainda hoje, ficamos surpreendidos com
Finanças Corporativas
notícias sobre o espetacular valor das remu-
nerações de alguns executivos, ao mesmo
tempo em que verificamos não haver con-
testações de parcela substancial dos sócios
dessas empresas, apesar de existir um histó-
rico de assembleias de acionistas derrubando
diretorias inteiras.
Como é que esses “felizardos” conseguem
essa façanha de obter uma remuneração de
dar inveja a qualquer profissional, ao mesmo
tempo em que mantêm os proprietários sem
qualquer tipo de objeção substancial a suas
remunerações?
A explicação está no fato desses executi-
vos conseguirem dar como resposta, ao alto
valor de suas remunerações, um elevado grau
de satisfação aos proprietários das empresas
em que atuam – traduzidos por ganhos cada
vez mais elevados – através do cumprimento
do que pode ser considerado como a missão
básica de qualquer gestor:
Maximizar o VALOR do investimento de
seus proprietários.
O grande complicador para se alcançar
esse objetivo resulta do fato de que no mundo
de hoje, altamente complexo em suas relações
financeiras, é fundamental para o profissional
de qualquer área de atuação, gestor de uma
empresa ou de seu próprio negócio, enten-
der o funcionamento das relações financeiras,
para uma administração eficaz de seus negó-
cios pessoais e profissionais.
Uma pergunta importante, então, que preci-
Finanças Corporativas
samos fazer é: de onde deriva a importância da
gestão financeira de qualquer tipo de negócio,
independentemente de seu tamanho e área de
atuação?
A resposta a essa pergunta é muito simples.
Todas as nossas decisões, todas as nossas atitudes,
tudo de bom ou de ruim que fazemos, têm efeito
imediato sobre os recursos financeiros da empresa
e, sem ele, nenhum tipo de negócio consegue se
sustentar por muito tempo.
Partindo desse entendimento, temos como
objetivo fornecer aos leitores ferramentas analíti-
cas e práticas, que permitam entender a dinâmica
financeira e gerencial da moderna administração
financeira das empresas – uma das áreas mais im-
portantes para se atingir o objetivo principal de
qualquer administrador, que é maximizar o retor-
no do investimento dos proprietários.
Os tópicos a serem apresentados a seguir foram
desenvolvidos para permitir ao leitor sedimentar
os conceitos que, sob o ponto de vista financeiro,
permitem ao gestor a busca de alternativas para
maximização do valor de uma empresa – indepen-
dentemente de seu tamanho, forma de constitui-
ção e segmento de atuação.
Aos meus pais pelos exemplos que moldaram
meu caráter.
Às minhas Lucia e Luana, razão e principal mo-
tivação para tudo que faço.
Fluxo de caixa
Introdução
As empresas, para gerar vendas, necessitam de ativos fixos, independen-
temente de estarem ou não em um processo de crescimento. Quando uma
empresa encontra-se em fase de expansão, necessita de investimentos adi-
cionais em capital de giro, resultante do aumento em estoques e contas a
receber, e dependendo do grau de utilização de sua estrutura, de novas in-
versões em ativo fixo.
Deficits no fluxo de caixa, por outro lado, indicam que os recursos de finan-
ciamento utilizados para a manutenção da empresa foram obtidos em pata-
mares inadequados, em termos de prazos e taxas, gerando descasamentos
que podem comprometer, num primeiro momento, a liquidez da empresa
e, em se mantendo sem as devidas correções, problemas de solvência que
podem levar uma organização à falência.
Essa diferença conceitual significa que uma venda a prazo realizada hoje,
irá gerar um lançamento nos demonstrativos contábeis na data de emissão
da nota fiscal de venda. No fluxo de caixa, o valor da venda será lançado na
data prevista de pagamento, já levando em consideração o eventual risco de
atraso de pagamento pelo cliente.
quantificar as ações tomadas por todas as áreas e seu impacto nos re-
sultados financeiros e econômicos, evitando a busca pelo cumprimen-
to de interesses setoriais em detrimento das necessidades globais da
empresa;
definir uma política global de gestão da liquidez, com relação a itens que
afetam a performance das várias áreas da empresa, como, por exemplo,
as condições de venda e a política de cobrança e de compras;
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Finanças Corporativas
Quando o fluxo de caixa apresentar deficits de caixa – por que tudo isso?
Por esse motivo, antes de definirmos a forma como o fluxo de caixa será
elaborado se através da utilização de um programa feito em planilha eletrôni-
ca, ou de um programa interligado com as demais áreas da empresa, de forma
que sempre que uma mercadoria for adquirida uma provisão de pagamento
seja efetuada, ou quando houver a recepção física do material a informação
seja automaticamente lançada, é fundamental que a informação tenha a sua
qualidade analisada antes de ser lançada, automaticamente ou não, no fluxo
de caixa da empresa.
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Finanças Corporativas
A projeção pode ser realizada dia a dia, mês a mês, trimestre a trimestre,
ano a ano. Normalmente, as empresas realizam projeções para os próximos
vinte a trinta dias úteis, detalhando todas as entradas e saídas de recursos a
cada dia. A cada dia ocorrido, um novo é projetado no futuro. Após esse pe-
ríodo, as projeções são efetuadas mês a mês, usualmente até o final do ano
em curso e a partir daí, ano a ano, por um período de tempo compatível com
o horizonte de planejamento estratégico utilizado.
Método direto
No método direto, o fluxo de caixa é construído a partir das informações
relativas a todas as saídas e a todas as entradas de caixa projetadas, assim
como os dados já de conhecimento da empresa – como, por exemplo, o
valor do aluguel ou de uma matéria-prima adquirida no passado.
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Fluxo de caixa
Além disso, as variações ocorridas nos saldos das duplicatas a receber e de es-
toques, se não estiverem sendo adequadamente financiadas, aumentarão as ne-
cessidades de capital de giro, resultando em incrementos na utilização de recur-
21
Finanças Corporativas
Exemplo:
A Sapatos Rio Belo abriu recentemente sua primeira sapataria, em uma
das ruas mais exclusivas do Rio. Apesar de os negócios estarem apresentan-
do resultados muito bons, os dois sócios desejam realizar uma programação
financeira para os próximos 3 meses, através do fluxo de caixa da empresa.
Além dessas projeções, os sócios da Sapatos Rio Belo definiram como es-
tratégia de gestão do caixa, para o próximo trimestre, a manutenção de um
saldo mínimo de caixa de R$2.000. O saldo final de caixa projetado para o
final do mês em curso é de R$45.000, valor que será mantido em disponibili-
dade imediata, ou seja, não será aplicado no mercado.
Resolução:
1. Mapa Auxiliar:
Mapa auxiliar de projeção
Contas Mês atual Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4
Vendas 3.500.000,00 4.680.000,00 4.160.000,00 4.420.000,00
Recebimentos
Rio 2.800.000,00 3.744.000,00 3.328.000,00 3.536.000,00 0,00
Salvador 0,00 700.000,00 936.000,00 832.000,00 884.000,00
Compras 3.200.000,00 3.200.000,00 3.000.000,00 3.000.000,00
Pagamento de compras 3.200.000,00 3.200.000,00 3.000.000,00 3.000.000,00
2. Fluxo de Caixa:
Contas Mês 1 Mês 2 Mês 3
Saldo inicial 45.000,00 2.000,00 2.000,00
Entradas:
Vendas Rio 3.744.000,00 3.328.000,00 3.536.000,00
Vendas Salvador 700.000,00 936.000,00 832.000,00
Juros aplicação 0,00 3.369,00 3.821,69
Resgate aplicação 0,00 336.900,00 382.169,00
Total de entradas 4.444.000,00 4.604.269,00 4.753.990,69
Saídas
Pró-labore (40.000,00) (40.000,00) (40.000,00)
Aluguel (2.100,00) (2.100,00) (2.100,00)
Luvas (8.000,00) 0,00 0,00
Compras (3.200.000,00) (3.200.000,00) (3.000.000,00)
Outras despesas (900.000,00) (980.000,00) (1.050.000,00)
Total de saídas (4.150.100,00) (4.222.100,00) (4.092.100,00)
Superávit/(deficit) 338.900,00 384.169,00 663.890,69
(aplicação)/captação 336.900,00 382.169,00 661.890,69
SALDO FINAL 2.000,00 2.000,00 2.000,00
Método indireto
Esse demonstrativo é elaborado com base nos mesmos conceitos empre-
gados na elaboração do Demonstrativo de Origens e Aplicações de Recursos
(DOAR). Na realidade, é um instrumento financeiro que procura ampliar a
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Fluxo de caixa
Ativo Passivo
Aplicações Fontes
Ativo Passivo
Bens
Obrigações
Direitos
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Finanças Corporativas
toda vez que uma conta do passivo aumenta, a empresa está gerando
uma fonte de recursos;
toda vez que uma conta do ativo aumenta, a empresa está gerando
uma aplicação de recursos.
O autor.
Aumento de Aumentos de
ativo = ATIVO PASSIVO passivo =
APLICAÇÃO FONTE
APLICAÇÕES FONTES
Redução de Redução de
ativo = passivo =
FONTE APLICAÇÃO
Fontes do Passivo:
obtenção de um novo financiamento,
aumento de capital,
aumento das compras de fornecedores;
Fontes do Ativo:
venda de uma máquina,
recebimento de uma duplicata,
venda de estoque;
Aplicações do Ativo:
compra de matéria-prima,
compra de uma nova máquina,
aplicação de recursos no mercado financeiro;
Aplicações do Passivo:
pagamento de um financiamento,
pagamento de dividendos,
pagamento de débitos com fornecedores;
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Fluxo de caixa
Recebimento de clientes
+ Vendas Brutas
+ Duplicatas a Receber (saldo inicial)
– Duplicatas a Receber ( saldo final)
= Total recebimento de clientes (A)
Pagamento a fornecedores/despesas
+ Custo dos Produtos Vendidos
– Estoques (saldo inicial)
+ Estoques (saldo final)
+ Fornecedores (saldo inicial)
– Fornecedores (saldo final)
+ Impostos sobre Vendas
+ Despesas Administrativas
+ Despesas de Vendas
+ Salários e Encargos (saldo inicial)
– Salários e Encargos (saldo final)
+ Obrigações Fiscais, exceto I. R. (saldo inicial)
– Obrigações Fiscais, exceto I. R. (saldo final)
+ Outros Passivos Operacionais (saldo inicial)
– Outros Passivos Operacionais (saldo final)
+ Pagamento de Imposto de Renda
= Total pagamento fornecedores e despesas (B)
+ Aumento de Capital
– Compra de Imobilizado
+ Venda de Imobilizado
– Aquisição de Investimentos
+ Venda de Investimentos
+ Aumento no Financiamento de Longo Prazo
+/– Variação do Realizável de Longo Prazo
– Pagamento de Dividendos
27
Finanças Corporativas
Importante:
Como o modelo não apresenta o saldo inicial de caixa, o saldo apresen-
tado no item “Fluxo de Caixa Final” representa a movimentação de recursos
ocorrida no período.
Exemplo:
A Indústria de Móveis Colonial produz e comercializa, tanto no mercado
interno quanto no mercado externo, móveis em estilo colonial. No exercício
28
Fluxo de caixa
Com base nos resultados apresentados para o exercício anterior e nos de-
monstrativos projetados para o próximo exercício, determine a movimenta-
ção do caixa, utilizando o Método do Lucro Ajustado.
BALANÇO PATRIMONIAL
R$000’S
ATIVO REAL PROJETADO
Circulante
Caixa e Bancos 22.950 ?
Duplicatas a Receber 72.086 80.531
Estoques 138.470 267.875
233.506 373.406
Permanente
Investimentos 250.000 257.046
Imobilizado 874.897 874.897
Depreciação Acumulada (287.547) (302.858)
837.350 829.085
TOTAL DO ATIVO 1.070.856 1.202.491
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Finanças Corporativas
DEMONSTRATIVO DE RESULTADOS
R$000’s
REAL PROJETADO
Receita de Vendas 550.890 676.250
Impostos sobre Vendas (101.160) (121.725)
Custo dos Produtos Vendidos (258.876) (319.744)
Lucro Bruto 190.854 234.781
Despesas Operacionais
Comerciais (67.935) (77.520)
Gerais e Administrativas (104.023) (94.430)
Depreciação e Amortização (4.790) (15.311)
Despesas Financeiras (47.920) (42.753)
Lucro Operacional (33.814) 4.767
Resultado de Equivalência Patrimonial 8.490 7.046
Lucro antes IR (25.324) 11.813
Provisão para IR 0 (4.134)
Lucro Líquido do Exercício (25.324) 7.679
Resolução:
Recebimento de clientes
+ Vendas Brutas 676.250
+ Duplicatas a Receber (saldo inicial) 72.086
– Duplicatas a Receber ( saldo final) (80.531)
= Total recebimento de clientes (A) 667.805
Pagamento a fornecedores/despesas
+ Custo dos Produtos Vendidos 319.744
– Estoques (saldo inicial) (138.470)
+ Estoques (saldo final) 267.875
+ Fornecedores (saldo inicial) 128.590
– Fornecedores (saldo final) (109.882)
+ Impostos sobre Vendas 121.725
+ Despesas Administrativas 94.430
+ Despesas de Vendas 77.520
+ Salários e Encargos (saldo inicial) 0
– Salários e Encargos (saldo final) 0
+ Obrigações Fiscais, exceto I. R. (saldo inicial) 10.058
– Obrigações Fiscais, exceto I. R. (saldo final) (27.770)
+ Outros Passivos Operacionais (saldo inicial) 0
– Outros Passivos Operacionais (saldo final) 0
+ Pagamento de Imposto de Renda 9.450
= Total pagamento fornecedores e despesas (B) 753.270
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Fluxo de caixa
+ Aumento de Capital 0
– Compra de Imobilizado 0
+ Venda de Imobilizado 0
– Aquisição de Investimentos 0
+ Venda de Investimentos 0
+ Aumento no Financiamento de Longo Prazo 0
+/– Variação do Realizável de Longo Prazo 0
– Pagamento de Dividendos 0
quando o fluxo de caixa apresentar deficits de caixa – por que tudo isso?
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Finanças Corporativas
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Fluxo de caixa
Claro está que quanto maior o saldo de caixa mantido pela empresa,
maior será o nível de liquidez imediato e menor o grau de rentabilidade
apresentado (se a empresa consegue rentabilizar seus recursos através de
aplicações financeiras a uma taxa superior à rentabilidade do negócio princi-
pal, seus proprietários deveriam fechá-la e aplicar esses recursos nessa alter-
nativa), sendo a recíproca também verdadeira, ou seja, quanto menor o nível
do caixa, menor a liquidez imediata e maior a rentabilidade (nesse caso, os
recursos das disponibilidades estariam aplicadas na atividade fim da empre-
sa). É importante frisar que em situações muito específicas essa regra pode
não prevalecer.
De qualquer forma, o nível final do caixa, além de ser função das entra-
das e saídas de recursos resultantes da atividade da empresa, também leva
em consideração o perfil de risco dos administradores da empresa. Empresas
com políticas operacionais mais conservadoras tendem a manter um nível
de caixa maior do que as empresas operacionalmente mais agressivas.
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Finanças Corporativas
com seus credores, aspectos que serão analisados pelas instituições finan-
ceiras, é necessário que a empresa defina o tipo de necessidade (recursos e
serviços) que pretende captar e as instituições existentes no mercado que
podem atendê-la.
Fatores Internos
Expansão descontrolada das vendas, implicando um volume maior de
compras e custos operacionais.
Aumento no prazo de vendas, concedido pela empresa como forma
de aumentar seu grau de competitividade ou aumentar sua participa-
ção no mercado.
Compras em volume incompatíveis com as projeções de vendas.
Diferenças acentuadas no giro das contas a pagar e a receber, em de-
corrência dos prazos médios de recebimento e pagamento.
Ciclo de produção extremamente longo e incompatível com o prazo
médio concedido pelos fornecedores.
Giro do estoque lento, significando o carregamento de produtos ob-
soletos ou de difícil venda, imobilizando recursos da empresa no es-
toque.
Baixa ocupação do ativo fixo.
Distribuição de lucros em volumes incompatíveis com a capacidade
de geração de caixa.
Custos financeiros elevados, em decorrência da utilização de capital de
terceiros de forma excessiva, aumentando o nível de endividamento.
Política salarial totalmente incompatível com o nível de receitas e de-
mais despesas operacionais.
Aumento do nível de inadimplência.
Fatores Externos
Redução nas vendas, causada por retração do mercado.
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Fluxo de caixa
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Finanças Corporativas
Atividades de aplicação
1. Marque com um X, dentre os itens abaixo, aqueles que representam os
objetivos para a elaboração do fluxo de caixa.
36
Fluxo de caixa
2. Dos elementos abaixo, indique aqueles que não deveriam ser encon-
trados na gestão financeira das empresas.
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Finanças Corporativas
38
Fluxo de caixa
5. Das etapas descritas acima, qual delas é a mais importante? Por quê?
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Ciclo de caixa
Introdução
Toda empresa, independentemente do segmento de atuação – indústria,
comércio ou prestação de serviços – exerce atividade produtiva, embora so-
mente as indústrias tenham atividade fabril. Com base nesse conceito, po-
demos dizer que, do ponto de vista econômico, todos os custos incorridos
pela empresa são transferidos ao produto final, na medida em que são ge-
rados entre os vários departamentos da empresa participantes do processo
de produção.
Para esse tipo de negócio, ou seja, para as empresas que atendem às ne-
cessidades de seus clientes através da fabricação de seus produtos, o fluxo
de produção pode ser ilustrado graficamente da seguinte forma: O autor.
Custo das
Estoque de
matérias-primas
matérias-primas.
adquiridas.
Estoque de
Custo dos produtos
produtos
acabados.
acabados.
42
Ciclo de caixa
Por outro lado, como esses itens são ativos da empresa (disponibilida-
des, contas a receber e estoques), os volumes existentes e os incrementos
ocorridos a partir do aumento da atividade da empresa, geram por sua vez
a necessidade de recursos para financiar o crescimento dessas aplicações,
realizadas pela empresa visando o aumento de sua rentabilidade.
43
44
FLUXOS FINANCEIROS E LEGAIS FLUXOS OPERACIONAIS
Juros Recebidos
Juros Pagamentos de Juros Duplicatas a
Vendas a Prazo
Receber
Compras à Vista
Remuneração Compras a
Patrimônio Crédito Duplicatas a Matérias-
Recursos dos Sócios
Líquido Pagar -Primas
Prazos médios
Antes de avançarmos na avaliação dos ciclos da empresa, precisamos
primeiramente rever alguns conceitos muito importantes, relacionados aos
prazos médios de estoques, recebimento e pagamento, existentes na estru-
tura de qualquer tipo de negócio, e que têm um impacto fundamental para
o crescimento e mesmo para a sobrevivência de todo tipo de empresa.
nifica. Por definição, esse prazo indica o número de dias, em média, que os
estoques são renovados, ou seja, a duração média entre a chegada da maté-
ria-prima até a transformação em produto disponível para comercialização.
O autor.
Emissão da Faturamento
nota fiscal pelo do produto ao
fornecedor (1) cliente (2)
Tempo
Estoque de Estoque de produtos Estoque de
matéria-prima em processo produto acabado
46
Ciclo de caixa
360(*)
Prazo Médio de Estoques (PME) =
Custo da Mercadoria Vendida
Estoque
(*) O numerador da fórmula não é fixo em 360, variando em função do prazo das in-
formações utilizadas no cálculo. Se as informações utilizadas para o cálculo do prazo
médio forem relativas ao mês, o numerador da fórmula será igual a 30. Se os dados
forem referentes ao semestre, o numerador será igual a 180, e assim sucessivamente.
O autor.
Venda (1) Recebimento (2)
Tempo
Recebimento (3)
Tempo
Venda (1)
47
Finanças Corporativas
(1) Data de emissão da nota fiscal de venda. Caso o cliente não aceite o
produto e devolva ao vendedor, o cálculo do prazo é interrompido e o
item comprado volta ao estoque. Somente após o novo faturamento
o prazo para aquele item é reiniciado. Conforme mencionamos ante-
riormente, se o comprador não cumprir os compromissos financeiros
gerados pela compra, o fornecedor, dependendo do tipo de produto,
pode retomar a propriedade desse bem.
(3) Data pactuada com o cliente para o pagamento (direto com 30 dias,
30/60/90 dias etc.).
360(*)
Prazo Médio de Recebimento (PMR) =
Vendas a prazo
Contas a receber
(*) Da mesma forma que no cálculo do prazo médio de estoques, o numerador da
fórmula varia em função do prazo das informações utilizadas no cálculo. Se as in-
formações utilizadas para o cálculo do prazo médio forem relativas ao mês, o nu-
merador da fórmula será igual a 30. Se os dados forem referentes ao semestre o
numerador será igual a 180, e assim sucessivamente.
48
Ciclo de caixa
O autor.
Emissão da nota
fiscal pelo
fornecedor (1)
Data de
Pagamento do
Fornecedor (3)
Atraso no
pagamento
49
Finanças Corporativas
360
Prazo Médio de Pagamento (PMP) =
Compras a prazo (1)
Contas a pagar
Logo:
50
Ciclo de caixa
Ciclo de caixa
Para uma parcela substancial das empresas, a atividade operacional é de-
senvolvida através de um processo ininterrupto, envolvendo as atividades
de compra, estocagem, produção, comercialização e recebimento do produ-
to das vendas. Como veremos a seguir, mesmo para as empresas com ativi-
dades que não envolvem a fabricação de produtos, comércio e prestação de
serviços, adaptando o nome dessas atividades, esse fluxo pode ser perfeita-
mente observado.
O autor.
COMPRA PRODUÇÃO VENDA RECEBIMENTO
Período Médio
de Pagamento
Venda
Pagamento de
Duplicatas Ciclo de caixa ou financeiro
Ciclo econômico
Ciclo de produção
52
Ciclo de caixa
O autor.
Ativo Passivo Recursos de Terceiros
(Passivo Exigível)
Aplicações Fontes
de de
recursos recursos
Recursos Próprios
(Patrimônio Líquido)
53
Finanças Corporativas
CICLO OPERACIONAL
Compra da Recebimento das
matéria-prima vendas a prazo
54
Ciclo de caixa
56
Ciclo de caixa
57
Finanças Corporativas
Atividades de aplicação
1. Com base nos dados da empresa apresentada abaixo, calcule o prazo
médio de estoques, prazo médio de recebimento e prazo médio de
pagamento.
ATIVO 19X1 19X2 19X3
Ativo Circulante 2.474 5.594 9.726
Disponível 131 239 415
Contas a receber 1.486 3.218 6.133
Estoques 857 2.137 3.178
Realizável a Longo Prazo 55 98 316
Ativo Permanente 835 1.730 4.705
Investimentos 176 318 890
Imobilizado 587 1.266 3.362
Diferido 72 146 453
ATIVO TOTAL 3.364 7.422 14.747
PASSIVO 19X1 19X2 19X3
Passivo Circulante 2.039 4.915 9.830
Fornecedores 812 1.641 3.799
Financiamentos 868 2.605 4.821
Provisões e obrigações a pagar 359 669 1.210
Exigível a Longo Prazo 91 463 582
Patrimônio Líquido 1.234 2.044 4.335
Capital Social 276 414 984
Reservas de Capital 554 843 1.783
Reservas de lucros 187 457 884
Lucros acumulados 217 330 684
PASSIVO TOTAL 3.364 7.422 14.747
Demonstrativo de resultados
ITENS 19X1 19X2 19X3
Vendas 4.597 9.088 19.835
(-) Custo dos produtos vendidos 3.244 6.245 14.084
Lucro Bruto 1.353 2.843 5.751
(-) Despesas operacionais 1.073 2.254 4.586
(+) Resultado de participações 68 59 129
(-) Despesas financeiras líquidas 24 106 1.119
Lucro Operacional 324 542 175
(+) Resultados não operacionais 21 16 49
Lucro antes do imposto de renda 345 558 224
(-) Provisão para imposto de renda 42 137 25
Lucro Líquido do Exercício 303 421 199
(*) Todas as vendas são feitas a prazo. Estoque inicial do ano 19X0 = R$650
58
Ciclo de caixa
6. Ainda com base nos dados do exercício anterior, supondo que o valor
das contas a receber fosse reduzido para 22.000, qual seria o novo va-
lor do ciclo de caixa? Em sua opinião, a situação financeira da empresa
melhoraria? Por quê?
7. Ainda com base nos dados do exercício 5, mantido o valor inicial das
contas a receber (25.000), qual deveria ser o valor dos estoques para
que o ciclo de caixa da empresa Beta mantivesse o mesmo ciclo de
caixa calculado no item anterior?
59
Capital de giro
Introdução
Segundo Brigham, Gapenski e Ehrhardt (2001),
A expressão capital de giro originou-se com o velho mascate ianque, que enchia sua
carroça com produtos e saía em sua viagem para comercializar seus bens. A mercadoria
era chamada de capital de giro, pois era o que de fato ele vendia, ou “girava” para produzir
lucro. A carroça e o cavalo eram seus ativos fixos. Ele geralmente era o proprietário da
carroça e do cavalo, financiados, portanto, com capital “próprio”; porém ele tomava
emprestados os fundos para adquirir a mercadoria. Os empréstimos eram chamados
empréstimos de capital de giro e deveriam ser pagos após cada viagem para demonstrar
ao banco que o crédito era idôneo. Caso o mascate fosse capaz de pagar o empréstimo,
então o banco concederia outro empréstimo, e dizia-se que os bancos que seguiam esse
procedimento estavam empregando práticas bancárias idôneas.
Capital de giro
O balanço é constituído em sentido amplo, pelas contas do ativo, represen-
tando as aplicações ou uso de fundos; enquanto do outro lado, o passivo repre-
62
Capital de giro
O autor.
Balanço Patrimonial
Passivo Exigível
Aplicações Passivo Circulante Fontes
de Exigível a Longo Prazo de
Recursos Ativo Recursos
Patrimônio Líquido
Capital
Reservas e lucros
O autor.
Aplicações Captações
com prazo Ativos Passivos com prazo
inferior a Circulantes Circulantes inferior a
360 dias 360 dias
Aplicações Captações
Ativos Patrimônio
sem prazo sem prazo
Permanentes Líquido
definido definido
63
Finanças Corporativas
O autor.
Passivos
Ativos Circulantes
Circulantes
Capital de
giro positivo
Realizável a
Exigível a
Longo prazo
Longo prazo
Ativos
Patrimônio
Permanentes
Líquido
64
Capital de giro
O autor.
Ativos
Circulantes Passivos
Circulantes
Capital de
giro negativo
Realizável a Exigível a
Longo Prazo Longo Prazo
Ativos Patrimônio
Permanentes Líquido
O autor.
Exigível a Longo Prazo
+ Fontes de Longo Prazo
Patrimônio Líquido
– –
66
Capital de giro
Interpretação do resultado
Por essa definição, todas as transações que afetam as fontes e as aplica-
ções de longo prazo em valores diferentes, impactam o capital de giro, en-
quanto todas as transações de igual valor entre as fontes e as aplicações de
longo prazo, ou entre o ativo e o passivo circulante, não tê m qualquer efeito
no capital de giro.
RESULTADO
POSITIVO NEGATIVO
Sobra de recursos (fontes) Falta de recursos (aplicação)
O autor.
CAPITAL DE GIRO POSITIVO
FONTES DE RECURSOS
APLICAÇÕES DE RECURSOS CAPTADOS A LONGO PRAZO
REALIZADAS A LONGO PRAZO
67
Finanças Corporativas
68
Capital de giro
contas a receber;
estoques.
69
Finanças Corporativas
Importante
Com base nesse entendimento, podemos dizer que o Capital de Giro mede
o grau de sucesso obtido pela empresa em obter recursos de longo prazo,
para financiamento das necessidades de longo prazo.
Empresas com elevado grau de incerteza nas suas entradas de caixa neces-
sitam manter níveis de disponibilidades igualmente elevados, de forma a su-
portar as obrigações correntes, necessitando, por conseguinte, de um volume
significativamente maior de recursos para o financiamento do capital de giro.
70
Capital de giro
Sempre que uma empresa optar por reduzir seu risco, através do aumen-
to do capital de giro, sua lucratividade caminhará em sentido inverso, sendo
reduzida em decorrência do aumento do custo dos recursos captados para
financiamento. Se por outro lado, decidir aumentar a lucratividade, terá que
reduzir o volume de recursos captados para o financiamento do capital de
giro, aumentando por consequência o risco do negócio.
Uma empresa com atividade industrial, por exemplo, para maximizar sua
rentabilidade, deve considerar, como alternativa para melhorar sua situação
financeira, reduzir ao máximo seu capital de giro, ao mesmo tempo em que
procura aumentar os investimentos em ativo permanente. Isso acontece
porque o ativo circulante é, na verdade, uma forma de geração de liquidez,
enquanto o ativo permanente é uma forma de geração de lucro.
Conceitos importantes
Antes de analisarmos algumas transações que aumentam, reduzem ou,
que ao serem realizadas, não trazem qualquer tipo de efeito sobre os níveis
do capital de giro no momento em que ocorrem, algumas questões impor-
tantes precisam ser relembradas.
71
Finanças Corporativas
72
Capital de giro
O autor.
Ativo Circulante Passivo Circulante
100 60
73
Finanças Corporativas
74
Capital de giro
75
Finanças Corporativas
Importante
Aumentando o capital de giro, cresce também o custo financeiro. Esse
efeito pode ocorrer por dois motivos:
aumento na captação de fontes de financiamento de longo prazo,
dos sócios ou de terceiros, aumenta o custo financeiro relacionado
a esses recursos;
redução das aplicações de longo prazo, especialmente aquelas rela-
cionadas ao ativo permanente, pode sugerir aos financiadores uma
redução na geração futura de caixa.
Aumento do capital de giro reduz o risco, aumenta a liquidez e reduz
a lucratividade. Ao aumentar o capital de giro, através do incremento
da captação de recursos adicionais de longo prazo, a empresa promo-
ve um casamento mais adequado entre suas necessidades de fontes e
aplicações de longo prazo, o que reduz o risco e, consequentemente,
aumenta sua liquidez. Por outro lado, ao promover uma captação adi-
cional de recursos, haverá a necessidade de remunerar os detentores
desses financiamentos, o que irá reduzir a lucratividade da empresa.
76
Capital de giro
77
Finanças Corporativas
receberia apenas de R$80 a R$90 por pacote. Estes R$80 a R$90 seriam acres-
centados inicialmente a contas a receber – não recebidas como caixa – e pro-
vavelmente não recebida, em média, por cerca de 60 dias. Enquanto isso, Ned
teria que emitir cheques para pagar pelas despesas gerais, pelas altas despe-
sas de P&D, por uma equipe de marketing e pelo espaço de publicidade. Em
vez dos R$480 por pacote, de dinheiro fluindo para dentro, a empresa estaria,
em média, pagando nos primeiros anos de sua vida.
Se a empresa está crescendo à taxa de 20% ao ano, mas pode gerar apenas
6% internamente, ela deve obter fundos externamente ou enfrentar enormes
pressões.
78
Capital de giro
de sua margem líquida de lucros vezes o número de ciclos por ano. Assim, ela
pode sustentar um crescimento mais rápido, seja elevando a margem de lucro
seja reduzindo do ciclo de caixa (aumentando o número de ciclos por ano).
Atividades de aplicação
1. Qual o significado, do ponto de vista gerencial, do capital de giro?
Como ele é calculado?
79
Finanças Corporativas
80
Gestão das contas a receber
Introdução
A maioria dos analistas de mercado de capitais estava prevendo que as vendas e os lucros da
Xerox cairiam durante uma recente recessão. Mas isso não aconteceu – os lucros elevaram-
se em 10% com base em um crescimento de 23% nas vendas. O segredo, os analistas vieram
a saber, era que a Xerox havia instituído uma grande mudança em sua política de crédito
– ela havia formado um pool de caixa que emprestava aos clientes, a taxas reduzidas, a fim
de aumentar as vendas de seus produtos. Os lucros sobre as vendas adicionais mais do que
compensavam o custo da Xerox de estender os empréstimos a baixas taxas, expandindo a
renda líquida da empresa em uma época em que os lucros de seus concorrentes estavam
caindo. A Xerox liberalizou sua política de crédito e ganhou, mas outras companhias,
enfrentando condições diferentes, têm aumentado seus lucros endurecendo ou mesmo
eliminando o crédito. Por exemplo, a Atlantic Richfield Company (Arco) recentemente
eliminou o uso de cartões em todos os seus postos de serviço. Sua administração acreditava
que (1) os clientes eram muito sensíveis aos preços da gasolina; (2) o custo de concessão de
crédito aos clientes equivale a cerca de 4 centavos de dólar por galão; (3) se eliminasse as
vendas a crédito poderia cortar os preços da gasolina na bomba em 3 centavos por galão,
o que expandiria os lucros por galão em 1 centavo e, ao mesmo tempo, dobraria o número
de clientes; e (4) consequentemente, gozaria um substancial aumento nos lucros líquidos.
O plano funcionou perfeitamente bem e contribuiu para o sucesso geral da Arco. (WESTON;
BRIGHAM, 2000)
Uma empresa que concede prazo para pagamento aos clientes troca pro-
dutos e/ou serviços por uma promessa de pagamento no futuro, que pode
ser representada por uma duplicata a receber, uma nota promissória, um
cheque pré-datado ou um comprovante de venda via cartão de crédito.
O autor.
Compra de
Produção Faturamento Recebimento
matéria-prima
Alocação de
Prestação
um profissional Faturamento Recebimento
de serviço
para prestar um
serviço
84
Gestão das contas a receber
Políticas de crédito
O volume existente nos valores a receber, de qualquer tipo de empresa,
é função de três variáveis importantes. A primeira é o volume de vendas re-
alizadas com oferta de prazo para pagamento aos clientes. Quanto maior o
percentual dessa modalidade de venda, quando comparado com as vendas
totais, maior o volume de valores a receber.
Exemplo 1
Dias 1 2 3 4 ... 29 30 31 32
Saldo Inicial a Receber 0 2 4 6 ... 56 58 60 60
Vendas a prazo (1) 2 2 2 2 ... 2 2 2 2
Entradas de Caixa (2) 0 0 0 0 ... 0 0 2 2
Saldo Final a Receber 2 4 6 8 58 60 60 60
(1) Entrada no Contas a Receber
(2) Saída das Contas a Receber
Exemplo 2
Dias 1 2 3 4 ... 59 60 61 62
Saldo Inicial 0 2 4 6 ... 116 118 120 120
Vendas a prazo (1) 2 2 2 2 ... 2 2 2 2
Entradas de Caixa (2) 0 0 0 0 ... 0 0 2 2
Saldo Final a Receber 2 4 6 8 118 120 120 120
(1) Entrada no Contas a Receber
(2) Saída das Contas a Receber
85
Finanças Corporativas
Importante
Período Médio
O autor.
Vendas de Recebimento
I II
0 0
Grau de Restrição ao Crédito Grau de Restrição ao Crédito
87
Finanças Corporativas
Perdas Lucros
O autor.
III IV
0 0
Grau de Restrição ao Crédito Grau de Restrição ao Crédito
II. sempre que a política de crédito implantada pela empresa fica mais
restritiva, o risco de inadimplência é reduzido, diminuindo qualquer
atraso que poderia ocorrer, a partir de políticas mais brandas.
Surgindo fatores fora do padrão normal dos negócios, como, por exem-
plo, pedidos recebidos acima dos limites definidos, pedidos de clientes com
passado marcado por atrasos de pagamento e mudanças significativas na
conjuntura econômica, a decisão de crédito deverá exigir uma análise mais
detalhada, focando elementos como: análise retrospectiva das demonstra-
ções financeiras, descrição das garantias potenciais e, principalmente, proje-
ções da capacidade financeira da companhia solicitante do crédito.
89
Finanças Corporativas
Padrões de crédito
Para o gestor, não é concebível definir uma política de crédito sem seu
respectivo detalhamento, expresso pelos chamados Padrões de Crédito. Pa-
drões de crédito representam a especificação da política de crédito. Se, por
exemplo, na política de crédito for definido que somente pessoas com car-
teira assinada podem comprar a prazo, no padrão de crédito será definido o
prazo que o potencial cliente precisa ter de carteira assinada.
90
Gestão das contas a receber
Dessa forma, para uma boa análise, é importante que o analista conheça
bem a empresa objeto de análise, seus métodos de trabalho, seus objetivos
e metas. É importante, ainda, que conheça os concorrentes, o efeito que a
política econômica do país pode trazer para a analisada, o mercado interno
ou externo onde atua a empresa e obtenha o máximo de informações pos-
sível a respeito de sua gestão. Só assim poderá avaliar o presente e projetar
tendências futuras.
empréstimos e financiamentos;
investimentos;
aquisição ou reorganização de empresas;
fusão, incorporação ou cisão de empresas;
análise da concorrência;
análise do segmento econômico.
91
Finanças Corporativas
vo não deve ser visto como simples elaboração do parecer. Deve-se estabele-
cer e discutir cenários alternativos para a evolução das variáveis consideradas
e estudar o enquadramento da empresa, em estudo sob tais cenários.
92
Gestão das contas a receber
93
Finanças Corporativas
Nos três casos citados, os demonstrativos financeiros das empresas foram exaustivamente
analisados por técnicos capacitados.
É diante de fatos como esses, aparentemente absurdos, que se faz a clássica pergunta:
valeu apenas a análise de balanço efetuada?
Ou, quem sabe, a culpa não é dos analistas que não souberam localizar nos demonstrativos
os sinais da insolvência?
É compreensível que a insolvência, sendo um processo que tem começo, meio e fim,
apresente alguns indícios nas demonstrações financeiras das empresas do que está
prestes a acontecer. Basta saber observá-los.
Sabemos que é impossível prever uma falência com 100% de certeza, porém, é
perfeitamente possível identificar aquelas empresas que têm maiores probabilidades de
falir num futuro não muito distante.
O Balanço Patrimonial, por ser uma fotografia da empresa em determinado momento, é
a via mais prática de, a um só tempo, fazer uma apreciação real sobre o desempenho de
uma empresa. Até porque não existe melhor meio de avaliar uma pessoa, a distância, do
que através de uma fotografia. O Balanço Patrimonial, mesmo suscetível a adulterações,
o que infelizmente ocorre no Brasil e no mundo, com relativa frequência, é a principal
ferramenta do analista.
A análise de balanço é uma associação de conhecimentos técnicos com percepção,
criatividade e feeling. Além de saber ler o significado do número encontrado, é importante
que o analista faça ensaios e perguntas de forma a consolidar a sua opinião e convicção
sobre o futuro da empresa. É uma tarefa em que o número de casos e o tempo de atuação
conta, pois, cada empresa tem suas características, porém cada analista tem sua forma
própria de fazer a pesquisa/estudo.
(MARTINS, Wanderley dos S. Apostila Análise de Crédito.)
94
Gestão das contas a receber
360*
PMR =
Vendas a prazo
Contas a receber
95
Finanças Corporativas
Exemplo
Uma empresa realiza suas vendas de acordo com as condições demons-
tradas abaixo:
Solução
Supondo vendas e prazos constantes, teremos o seguinte esquema:
Dias 1 2 3 4 ... 29 30 31 32
Vendas a prazo 20 20 20 20 ... 20 20 20 20
Contas Receber 20 40 60 80 ... 580 600 600 600
Entradas de Caixa 0 0 0 0 ... 0 0 20 20
Dias 1 2 3 4 ... 59 60 61 62
Vendas a prazo 40 40 40 40 ... 40 40 40 40
Contas Receber 40 80 120 160 ... 2360 2400 2400 2400
Entradas de Caixa 0 0 0 0 ... 0 0 40 40
96
Gestão das contas a receber
INTERVALOS DE TEMPO %
0 – 30 30
31– 60 20
61 – 90 20
91 – 120 10
+ 120 20
TOTAL 100
Importante
Os métodos acima podem apresentar algumas distorções, para empresas
que apresentem vendas sazonais ou estejam em fase de crescimento (nesse
caso, somente o período médio de recebimento ficará distorcido).
97
Finanças Corporativas
Política de cobrança
Da mesma forma que é fundamental para a empresa definir sua política
de crédito, detalhando-a através dos padrões de crédito, deve ser conside-
rado como um prerrequisito, para vender a prazo, a definição de uma polí-
tica de cobrança. A política de cobrança define os procedimentos básicos
a serem seguidos por todos os funcionários da área, a partir do atraso no
recebimento das vendas a prazo, praticado por qualquer cliente, seja pessoa
física ou jurídica.
98
Gestão das contas a receber
11 do Bankruptcy Act (lei de falências dos Estados Unidos). A Macy tinha sido
alvo de uma compra alavancada (Leveraged Buyout, LBO), que fez com que
ela tomasse enormes somas de dinheiro emprestadas a altas taxas de juros, a
fim de usar o dinheiro para comprar as ações em poder do público. Os geren-
tes da Macy acharam que poderiam atender ao serviço da dívida a partir dos
fluxos de caixa operacionais, mas estavam errados – as vendas não atingiram
os níveis previstos, de forma que os fluxos de caixa foram insuficientes para
cobrir as obrigações correntes.
Depois dessas perdas, por que alguma empresa estaria disposta a fornecer
mercadorias à Macy? E, se ela não pode obter a mercadoria para vender, como
pode esperar permanecer no negócio? A resposta é falência. De acordo com
as leis de falência norte-americanas, o crédito estendido depois do protocolo
recebe tratamento preferencial sobre as dívidas pré-falimentares. Assim a Macy
providenciou uma linha de financiamento junto a dois bancos de Nova York,
os quais se qualificaram como devedores privilegiados (debtor-in-possession
financing) cujos direitos antecedem os dos credores anteriores ao pedido de
falência. Esse crédito pode ser usado para pagar pela nova mercadoria que
a Macy necessita para continuar as operações. Shep Porter, presidente da
Porter House Ltd., uma fabricante de roupas esportivas femininas, manifestou
surpresa e desapontamento pelas perdas que terá de incorrer em seus
recebíveis pré-protocolo, mas afirmou: “Neste mercado, mais portas estão
se fechando do que abrindo. Pretendo fazer remessas outra vez, assim que
obtiver o número de devedor-em-posse”.
99
Finanças Corporativas
Atividades de aplicação
1. Uma empresa oferece aos clientes a seguinte condição de pagamento
para suas vendas:
2. Ainda com base nos dados da empresa acima, calcule o valor médio
dos recebíveis.
100
Gestão das contas a receber
101
Gestão dos estoques
Introdução
Estoques são quantidades armazenadas ou em processo de produção com a função principal
de criar uma independência entre os vários estágios da cadeia produtiva (Compra/Venda,
Compra/Produção, Produção/Distribuição, Operação1/Operação2 etc.). São o conjunto das
mercadorias, das matérias-primas ou acessórios, dos produtos em processo, dos produtos
acabados e dos resíduos, que são propriedade da empresa. (WIKIPÉDIA, 2008)
O fluxo dos estoques nos vários tipos de negócios existentes pode ser
ilustrado da seguinte forma:
PRODUÇÃO
empresas comerciais;
O autor.
COMPRA de estoque de
PRODUTOS PRODUTO VENDA
prONTOS ACABADO
Finanças Corporativas
1
Visão gerencial e não empresas prestadoras de serviço1.
contábil.
O autor.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
Esse último aspecto traz uma dicotomia importante para o gestor, princi-
palmente para os segmentos em que o consumo tem o impulso da compra
como um elemento fundamental, caso do chamado “ramo mole” (vestuário
e sapatos, principalmente). Para esse segmento da economia, a ausência de
estoque representa perda de venda, valor que a maioria das empresas não
calcula.
104
Gestão dos estoques
105
Finanças Corporativas
(www.sebraesp.com.br. Adaptado.)
Tipos de estoques
Os estoques, dependendo do segmento de atuação da empresa, podem ser
compostos por matérias-primas, produtos em processo ou em fabricação e pro-
dutos acabados. Esses três tipos básicos de estoques são apresentados a seguir.
106
Gestão dos estoques
Matérias-primas
Qualquer tipo de indústria tem algum tipo de item considerado como
matéria-prima, em seu estoque. O nível de cada tipo vai depender da análise
de vários fatores, cuja importância muda ao longo do tempo. Dentre os fa-
tores que afetam o tamanho do estoque de matéria-prima de uma empresa,
alguns elementos importantes são:
Por ser o tipo de estoque de menor liquidez, já que deixou de ser maté-
ria-prima, mas ainda não se transformou em produto acabado, os gestores
devem procurar reduzir sempre ao mínimo o nível desse componente, não
só em função dos custos de financiamento necessários à manutenção de um
nível qualquer de estoque em processo, mas também por ser muito difícil
para uma empresa, em uma situação de dificuldade financeira, transformar
em recursos financeiros parte de seu estoque de produtos em processo.
107
Finanças Corporativas
Produtos acabados
O estoque de produtos acabados compreende os produtos já terminados,
mas ainda não comercializados. Como na maioria das empresas industriais, a
produção corre antes da venda, o nível de produtos acabados é determinado
pelas projeções de vendas, pela capacidade de produção e pelo nível de custos
financeiros necessários ao investimento requerido em produtos acabados.
Nível de estoques
e as áreas funcionais da empresa
A definição dos níveis de estoque, que maximizem a relação lucro versus
clientes satisfeitos, é na prática muito difícil de ser implantada, apesar das
modernas técnicas quantitativas existentes. Um dos motivos para isso é o
conflito cultural existente em várias empresas, em que as áreas funcionais
procuram, por definição, objetivos que podem ser mutuamente exclusivos.
108
Gestão dos estoques
Estoque médio
O conceito do estoque médio é baseado na suposição de que o nível de
estoque cai a zero imediatamente antes da chegada de um novo pedido de
suprimento, e de que os estoques são consumidos de forma linear. Com base
nessas suposições, podemos definir o estoque médio da seguinte forma:
Estoque médio = (Q / 2)
Estoque Médio
O autor.
Quantidade em Estoque
Q
0 Tempo 109
Finanças Corporativas
perdas incorridas por empresas que não têm apólice de seguros para
esse fim;
Custo de manutenção = C . ( Q / 2 )
110
Gestão dos estoques
O autor.
Custo Total
0 Quantidade Comprada
Custo do pedido
O custo do pedido representa os gastos relacionados às despesas incor-
ridas com a colocação e o recebimento dos pedidos necessários ao aten-
dimento da demanda, por compra de matérias-primas ou produtos pron-
tos, em um determinado período de tempo. Os gastos relativos ao custo do
pedido são considerados como custo fixo, apresentando valores que inde-
pendem do tamanho médio do estoque. O custo do pedido é representado
pela seguinte equação:
Custo do pedido = P . ( S / Q )
111
Finanças Corporativas
O autor.
Custo Total
0 Quantidade Comprada
112
Gestão dos estoques
O autor.
Custo
Total
Custo do Pedido
0 Quantidade
113
Finanças Corporativas
114
Gestão dos estoques
O autor.
Custo
Total
Custo total
Custo de Pedir
0 Lote Quantidade Comprada
econômico (unidade)
de compra
Estoque de segurança
A definição de estoques de segurança é uma das formas utilizadas, pela
maioria das empresas, para evitar problemas de falta de estoque, causados
115
Finanças Corporativas
Ponto de ressuprimento
No modelo do lote econômico, pressupõe-se que os pedidos feitos junto
aos fornecedores serão entregues no momento em que o nível de estoque
chega a zero. Na prática, dificilmente uma empresa corre o risco de não ter
produtos para entrega aos clientes, devido a atrasos na entrega pelos forne-
cedores de matérias-primas ou de produto acabado.
116
Gestão dos estoques
Sistema ABC
A maioria das grandes empresas possui, em seu estoque, milhares de
itens, tornando o custo de controle do estoque maior do que o benefício
gerado pelo aumento do seu giro. Para fazer frente a esse tipo de problema,
foi criado o Sistema ABC, em que os estoques são classificados segundo seu
valor, frequência de uso, custo de faltar e prazo de reposição.
Os itens com maiores “notas” nessa classificação, isto é, mais caros, mais utili-
zados, com maior prazo de entrega, maior frequência de utilização, com longos
prazos de reposição e cuja falta traria maiores custos à empresa, são classifica-
dos na categoria A, os de menor importância na categoria B e os demais na C.
Estoque ABC
O autor.
Valor
118
Gestão dos estoques
Glossário
(WIKIPÉDIA, 2009)
Estoque de matéria-prima
Adquiridos pela empresa, destinados a serem directamente utilizados na
produção. Existe somente em empresas industriais.
119
Finanças Corporativas
Estoque de resíduos
São produtos de toda a natureza, fabricados e semifabricados, impróprios
para utilização ou um escoamento normal (ZERMATI, 2000, p.90).
Controles operacionais
Controlar um estoque de alto giro é tão importante quanto ter produtos
a serem vendidos. Não importa quanto tenha em estoque, mas sim o giro do
seu estoque.
120
Gestão dos estoques
Observações gerais
Em empresas comerciais ou de serviços (quando for o caso), os materiais
no estoque de produtos acabados chamam-se mercadorias. Em empresas in-
dustriais, chamam-se produtos.
121
Finanças Corporativas
Atividades de aplicação
1. A empresa Beta projeta vendas de 26.000 unidades por ano. Estudos
conduzidos pela empresa indicam que o custo de manutenção do
estoque é de 25% do preço de compra do estoque. O custo de cada
pedido é de R$1.000 e o preço de compra é R$5,77, por unidade. Com
base nessas informações, determine o lote econômico de compra.
122
Gestão dos estoques
123
Necessidade de capital de giro
Introdução
Neste capítulo, vamos analisar um dos conceitos mais importantes para a
gestão financeira de curto prazo, de qualquer tipo de empresa ou segmen-
to de atuação. Esse conceito é chamado de Necessidade de Capital de Giro
(NCG) ou Investimento Operacional em Giro (IOG).
126
Necessidade de capital de giro
O autor.
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
Empréstimos
REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
Financiamentos
Contas a receber
Títulos a receber PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital
ATIVO PERMANENTE Reservas
Lucros / Prejuízos Acumulados
Investimentos
Máquinas e Equipamentos
Diferido
127
Finanças Corporativas
O autor.
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
Empréstimos Contas
REALIZÁVEL A LONGO PRAZO Não Cíclicas
Financiamentos
Contas Contas a receber
Não Cíclicas Títulos a receber PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital
ATIVO PERMANENTE Contas
Reservas
Não Cíclicas
Lucros / Prejuízos Acumulados
Investimentos
Contas
Máquinas e Equipamentos
Não Cíclicas
Diferido
128
Necessidade de capital de giro
130
Necessidade de capital de giro
Determinação da necessidade
de capital de giro
Os processos que definem os ciclos nas empresas se renovam periodi-
camente. Ao mesmo tempo em que se recebe uma venda realizada ante-
riormente, realizam-se novas vendas. Quando a matéria-prima é utilizada na
elaboração de um produto, o estoque é recomposto para não haver inter-
rupção de produção por falta de estoque. Esse processo é dinâmico e de
fundamental importância, para evitarmos que a empresa apresente defa-
sagem de prazos entre os ciclos que possam comprometer a sua liquidez,
considerando-se sua dinâmica operacional e financeira.
131
Finanças Corporativas
O autor.
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
Empréstimos
REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
Financiamentos
Contas a receber
Títulos a receber PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital
ATIVO PERMANENTE Reservas
Lucros / Prejuízos Acumulados
Investimentos
Máquinas e Equipamentos
Diferido
132
Necessidade de capital de giro
133
Finanças Corporativas
134
Necessidade de capital de giro
O autor.
CONTAS VALORES (R$)
Contas a Receber 1.200 Valor do empréstimo
Estoques 800 a ser obtido junto aos
sócios ou terceiros
Necessidade de Recursos 2.000
onerosos (cobram
Fornecedores 1.100 encargos financeiros).
Impostos 300
Salários 200
Fontes de Recursos 1.600
DEFICIT DE RECURSOS 400
Supondo agora que a empresa não deseje pagar um preço mais caro pela
compra a prazo junto ao fornecedor. Nesse caso, ela estaria deixando de utili-
zar o financiamento refletido no prazo concedido na venda a prazo, resultan-
do na seguinte necessidade de obtenção de recursos junto ao passivo:
O autor.
CONTAS VALORES (R$)
Contas a Receber 1.200 Valor do empréstimo
Estoques 800 a ser obtido junto aos
sócios ou terceiros
Necessidade de Recursos 2.000
onerosos (cobram
Fornecedores 0 encargos financeiros).
Impostos 300
Salários 200
Fontes de Recursos 500
DEFICIT DE RECURSOS 1.500
Para podermos definir de forma correta qual deveria ser o nível adequa-
do da necessidade de capital de giro de uma empresa, precisamos analisar
alguns aspectos importantes, relacionados às aplicações que representam
os maiores volumes de investimento no giro dos negócios.
Para que esse conceito fique bem claro, basta lembrar que tudo que faze-
mos para reduzir o prazo dos estoques e das contas a receber, e aumentar o
prazo de pagamento para tornar o ciclo de caixa negativo, significa reduzir o
136
Necessidade de capital de giro
Saldo de tesouraria
Para o gestor, a Necessidade de Capital de Giro indica, quando positiva,
o volume de recursos necessários ao financiamento do giro da atividade, a
serem captados idealmente junto a fontes de longo prazo. Por outro lado,
os investimentos a longo prazo realizados no ativo em máquinas, equipa-
mentos e instalações, principalmente, devem também ser financiados com
recursos de longo prazo.
ST = CDG – NCG
137
Finanças Corporativas
Esse fato pode estar ocorrendo, na verdade, porque a empresa não está
aproveitando as oportunidades de investimento propiciadas por sua estru-
tura financeira, caso em que o saldo de tesouraria é aumentado por falta de
uma estratégia dinâmica de investimentos na atividade operacional.
138
Necessidade de capital de giro
O autor.
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
Capital de giro (CG)
Errático: Errático: 40 + 110 – 30 – 80 = 40
Caixa Duplicatas Descontadas
Bancos 20
Empréstimos Curto Prazo
Aplicações a Curto Prazo40
Cíclico: ncg ou iog
Cíclico: Fornecedores 50 – 30 = 20
Contas a Receber Obrigações Fiscais
Estoques Obrigações Trabalhistas30
50
EXIGÍVEL A LONGO PRAZO st = cg - ncg
40 – 20 = 20
Emprestimos
REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
Financiamentos
40
Contas a receber
Títulos a receber 30 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
st = cg - ncg
Capital 40 – 20 = 20
ATIVO PERMANENTE Reservas
Lucros / Prejuízos Acumulados st = ae - pe
Investimentos 110 40 – 20 = 20
Máquinas e Equipamentos
80
Diferido
ST = Saldo de Tesouraria
CG = Capital de Giro (Patrimônio Líquido + Exigível a Longo Prazo – Ativo Permanente – Realizável a
Longo Prazo)
NCG = Necessidade de Capital de Giro (Ativo Cíclico ou Ativo de Giro – Passivo Cíclico ou Passivo de
Giro)
AE = Ativo Errático
PE = Passivo Errático
139
Finanças Corporativas
O autor.
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
Capital de giro (CG)
Errático: Errático:Duplicatas Descontadas 30 + 110 – 30 – 80 = 30
Caixa 10 Empréstimos Curto Prazo
Bancos 50
Cíclico:
Contas a Receber
Estoques Cíclico:
Obrigações Fiscais 10
Obrigações Trabalhistas
80 EXIGÍVEL A LONGO PRAZO ncg ou iog
80 – 10 = 70
Emprestimos
Financiamentos
REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 30
Títulos a receber PATRIMÔNIO LÍQUIDO
30 st = cg - ncg
Capital
Reservas 30 – 70 = – 40
ATIVO PERMANENTE Lucros / Prejuízos Acumulados
st = ae - pe
Investimentos 110 10 – 50 = – 40
Máquinas e Equipamentos
Diferido
80
Efeito tesoura
O conceito do Efeito Tesoura é consequência do descontrole no cresci-
mento da dependência de empréstimos de curto prazo, captados para fi-
140
Necessidade de capital de giro
Quando isso ocorre, dizemos que a empresa está sob efeito tesoura. O
efeito tesoura ocorre quando a empresa financia a maior parte de sua Neces-
sidade de Capital de Giro através de recursos caros e de curto prazo.
141
Finanças Corporativas
O autor.
R$ Necessidade de
Capital de Giro
efeito
tesoura
Capital
de Giro
0 Tempo
Prazos médios
Os prazos médios refletem o grau de eficiência da empresa, na gestão de
seus ativos e passivos. A partir da estimativa dos prazos médios, podemos
projetar os valores de uma série de contas, dentre as mais importantes, as
contas que impactam o giro da atividade, refletidas no valor do Capital de
Giro e da Necessidade de Capital de Giro. As fórmulas utilizadas para essas
projeções são apresentadas a seguir.
Duplicatas a receber
O prazo médio de recebimento de vendas corresponde ao número de
dias decorridos entre a data em que a venda foi efetivada e o efetivo recebi-
mento. O volume de duplicatas a receber, calculado a partir do prazo médio,
indica a necessidade de financiamento passivo para as vendas a prazo. O
montante de recursos, necessário ao financiamento das vendas a prazo aos
clientes, pode ser projetado com base na fórmula abaixo.
142
Necessidade de capital de giro
Estoques
O prazo médio de estoques representa o prazo de duração entre a compra
da matéria-prima e a venda do produto. O valor dos estoques, calculado a
partir do prazo médio, indica o volume de recursos financeiros do passivo,
necessário ao financiamento dos estoques. O montante de recursos, neces-
sário ao financiamento dos estoques da empresa, pode ser projetado com
base na fórmula abaixo.
Fornecedores
Prazo médio, recebido nas compras a prazo, representa para a empresa
o tempo de financiamento recebido de seus fornecedores. Quanto maior
o prazo de pagamento recebido e maior o volume de compras, maior será
o financiamento espontâneo recebido dos fornecedores. O financiamento
obtido pode ser projetado com base na fórmula a seguir.
Impostos a pagar
O prazo médio de recolhimento das obrigações fiscais corresponde ao
tempo médio existente entre a emissão da nota fiscal de venda, ou prestação
de serviço, e o recolhimento dos impostos. Esse prazo representa o valor do
financiamento obtido junto ao governo, para o pagamento dos impostos
143
Finanças Corporativas
sobre vendas. O valor do financiamento obtido pode ser projetado com base
na fórmula a seguir.
Salários e encargos
Saldo Salários e
sociais projetados
Impostos a Pagar, = PMROS projetado .
N.° de dias utilizados na
projetados
projeção das vendas brutas
144
Necessidade de capital de giro
mente negativo, ou seja, a empresa está operando com Capital de Giro insu-
ficiente para financiar a Necessidade de Capital de Giro. Por esse motivo, tem
que financiar essa diferença com empréstimos de curto prazo.
Atividades de aplicação
1. A empresa Alfa está iniciando seu processo de planejamento financei-
ro para o próximo exercício, procurando nessa fase determinar suas
necessidades de capital de giro para o primeiro trimestre do ano. Com
base nas informações já projetadas, refletidas abaixo, e sabendo que
o estoque final projetado será igual ao estoque inicial, determine o
saldo das duplicatas a receber da empresa.
145
Finanças Corporativas
Prazos médios
. Estoques 60 dias
. Recebimento 90 dias
. Pagamento compras 45 dias
Pagamento mão de obra 30 dias
2. Com base nos dados da empresa Alfa, determine também o saldo dos
estoques, de fornecedores e de pagamento de mão de obra.
146
O valor do dinheiro no tempo
Introdução
Sob o ponto de vista da teoria econômica, os fatores de produção, utilizados
na geração de riqueza, são divididos em terra, trabalho e capital. A cada um
desses fatores é associada uma remuneração a ser transferida para cada um de
seus proprietários, denominada, respectivamente, de aluguéis, salários e juros.
PA PB
O autor.
MERCADO
DETENTORES DE FINANCEIRO TOMADORES DE
RECURSOS (1) PA+JA (Instituições PB+JB RECURSOS (2)
Financeiras)
As instituições financeiras, por outro lado, têm como objetivo básico unir
as entidades pessoas físicas e/ou jurídicas superavitárias, em recursos com
aquelas deficitárias. Para realizar essa função, essas instituições recebem
uma remuneração expressa por uma taxa de juros, definida como o retor-
no exigido pelos intermediários no mercado financeiro, para a cobertura do
risco de repassar os recursos captados junto aos detentores de recursos para
os tomadores e não receber esses valores de volta, na data pactuada para
o recebimento, acrescido da cobertura dos custos operacionais incorridos
nesse processo e o retorno do investimento realizado pelos proprietários do
negócio. É importante frisar que o não recebimento dos valores repassados
aos tomadores de recursos não isenta os intermediários financeiros da obri-
gação de devolver os valores captados junto aos detentores de recursos, nos
respectivos vencimentos, acrescido da remuneração pactuada.
150
O valor do dinheiro no tempo
o risco associado ao aluguel do capital, uma vez que existe o risco des-
ses recursos não serem devolvidos;
151
Finanças Corporativas
RELAÇÕES BÁSICAS
i= Juros i(%) = Juros . 100
Capital Capital
Matemática financeira
Define, conceitua e quantifica as relações formais entre transações finan-
ceiras, trazendo a uma mesma data, recursos captados ou aplicados em pe-
ríodos de tempo diferentes (como veremos a seguir, não podemos realizar
qualquer tipo de comparação com valores expressos em tempos diferentes).
O objetivo fundamental, existente na concepção da Matemática Financeira,
é reduzir a equações matemáticas as complexas relações de interdependên-
cia financeira, estabelecidas no mercado financeiro pelos seus vários partici-
pantes e agentes, tornando possível quantificá-las.
152
O valor do dinheiro no tempo
Fluxo de caixa
Define-se fluxo de caixa, seja de um indivíduo, uma empresa ou de um
investimento, como o conjunto de entradas e saídas de recursos, ao longo
153
Finanças Corporativas
Entradas de recursos
O autor.
Tempo
0 1 2 n
Saídas de recursos
Importante
154
O valor do dinheiro no tempo
Séries de pagamentos ou
Anuidades
recebimentos uniformes
∞ Perpetuidades Anuidades
Métodos de Avaliação
Fluxos não definidos acima
de Investimentos
155
Finanças Corporativas
Conceitos adicionais
Além dos conceitos demonstrados anteriormente, e antes de apresentar-
mos as diferentes formas de cálculo dos juros associados às operações de
empréstimos ou de aplicação de recursos, precisamos analisar alguns con-
ceitos muito importantes para o correto entendimento dos cálculos finan-
ceiros, evitando a ocorrência de interpretações equivocadas e, consequente-
mente, cálculos incorretos.
Valor Presente
Representa o valor do capital investido ou tomado como empréstimo na
data inicial do fluxo de caixa. O valor presente é também chamado de Princi-
pal, Valor Atual, Capital Inicial ou Present Value, sendo normalmente represen-
tado por P, V ou C. Nas calculadoras financeiras o valor presente é representa-
do por PV (Present Value).
Valor Futuro
Representa o valor do capital em uma data futura, posterior à data inicial do
fluxo de caixa. O valor futuro é também chamado de Montante, Valor Futuro,
Capital Acumulado ou Future Value, sendo normalmente representado por M,
S ou VF. Nas calculadoras financeiras é representado por FV (Future Value).
156
O valor do dinheiro no tempo
Prestação Uniforme
Corresponde a um valor a ser pago ou recebido em cada período, normal-
mente caracterizado como prestação. Uma prestação uniforme é caracteri-
zada por ser igual, em uma determinada unidade monetária (dólar, real, TRs,
IGPs etc.). Nas fórmulas da Matemática Financeira, são apresentadas normal-
mente como R, enquanto nas calculadoras financeiras são representadas por
PMT (Payment).
Período de Capitalização
Representa a periodicidade de tempo em que um determinado capital
sofre a incidência de juros, ou seja, de quanto em quanto tempo os juros são
incorporados ao saldo anterior. A capitalização dos juros, conforme iremos
analisar, refere-se única e exclusivamente ao regime de juros compostos.
Quando o intervalo exato entre duas datas não for conhecido, utiliza-se o
ano comercial, isto é, considera-se que o ano tem 360 dias e que cada mês,
sem exceção, tem 30 dias. O mesmo conceito é utilizado para efeito de cálcu-
lo de taxas de juros para um empréstimo, ou aplicação por um intervalo de
tempo menor do que a unidade de tempo estabelecida para a taxa de juros.
157
Finanças Corporativas
158
O valor do dinheiro no tempo
Jn = P . i . n
(1)
onde Jn = juros acumulados até o período (nas fórmulas, o valor dos juros
acumulados é normalmente representado por J)
P = valor inicial da operação
i = taxa de juros
n = número de períodos da operação
M=P+J
(2)
Substituindo na relação básica (2), o valor dos juros, segundo a fórmula
1, temos:
M = P + (P . i . n)
M = P . (1 + i.n)
(3)
P= M
1 + i.n
(4)
n = ( M – P ) / (P . i)
(6)
159
Finanças Corporativas
O autor.
M = P [1 + (i . n)]
P M
M
P=
1 + (i . n)
Saldo médio
Algumas instituições financeiras calculam, para efeito de concessão de
reciprocidades e cálculo dos custos efetivos envolvidos em uma operação
de empréstimos a seus clientes, o conceito de saldo médio. Alguns exemplos
dessa utilização estão relacionados aos custos das contas garantidas, cheque
especial, desconto de duplicatas e cheques pré-datados. O saldo médio
mantido em conta corrente sem remuneração, ou em determinados tipos de
investimentos, é bastante utilizado para o cálculo da isenção de alguns tipos
de tarifas, oferecido aos correntistas.
160
O valor do dinheiro no tempo
Prazo médio
Prazo médio significa a troca de vários vencimentos futuros relativos a
empréstimos ou aplicações, por outro que reflita, na média, o prazo dos ven-
cimentos pactuados. A utilização desse conceito é muito comum nas opera-
ções de antecipação de recebíveis (desconto de duplicatas, notas promissó-
rias ou cheques pré-datados), onde, ao invés de calcular o valor do desconto
para cada título, calcula-se esse valor com base em um prazo que reflita, na
média, os vencimentos dos títulos que serão descontados.
161
Finanças Corporativas
162
O valor do dinheiro no tempo
M=P+J
(2)
Definindo o valor obtido ao final de cada período como montante, o valor
ao final do primeiro período seria obtido da seguinte forma:
M1 = P + P.i
M1 = P.(1+i)
(9)
Para o segundo período, o montante seria calculado com base na seguin-
te equação:
M2 = M1+ M1 . i
(10)
163
Finanças Corporativas
M2 = P.(1+i) + [P.(1+i)].i
M2 = P+P.i + [P+P.i] .i
M2 = P+P.i + P.i+P.i2
M2 = P + 2P.i + P.i2
M2 = P.(1 + 2i + i2)
M2 = P.(1+i)2
(11)
Repare que as equações (9) e (11) só são alteradas em função do expoen-
te (para o primeiro período M1, o expoente é igual a 1; para o segundo perío-
do M2, o expoente é igual a 2). Logo podemos generalizar uma equação para
qualquer período, reescrevendo a equação (11) da seguinte forma:
M = P.(1+i)n
(12)
onde: M = valor final da operação (Montante)
P = valor inicial da operação (Principal)
i = taxa de juros para o período da operação
n = prazo total da operação
P= M P=M. 1
(1 + i)n (1 + i)n P = M.(1+i)–n
ou ou (13)
Onde: M = valor final da operação (Montante)
P = valor inicial da operação (Principal)
i = taxa de juros para o período da operação
n = prazo total da operação
164
O valor do dinheiro no tempo
Importante
O autor.
M = P.(1 + i)n
P M
M
P=
(1 + i)n
Taxas de juros
As complexas relações financeiras, verificadas no mercado, são refleti-
das, no caso do mercado financeiro, através da realização de vários tipos de
165
Finanças Corporativas
166
O valor do dinheiro no tempo
Dada a importância que o assunto requer, uma vez que pode levar as em-
presas e mesmo as pessoas físicas, nas suas transações do dia a dia, a incor-
rer em sérios prejuízos pelo desconhecimento de alguns desses conceitos, é
fundamental que dominemos os conceitos relativos aos diferentes tipos de
taxas de juros, utilizados no mercado financeiro em suas transações.
Taxa nominal
Uma ou mais taxas de juros são conceituadas como nominais quando são
expressas para um intervalo de tempo diferente do período de capitalização
a que se referem, não tendo, portanto, qualquer utilização prática. Uma taxa
nominal serve apenas como um indicador de custo ou rentabilidade, não
devendo, em hipótese alguma, ser utilizada em qualquer tipo de cálculo fi-
nanceiro, antes de transformada em taxa efetiva.
Exemplo:
Uma vez que as taxas nominais não são expressas para o mesmo interva-
lo de tempo do período de capitalização, sempre que nos depararmos com
esse tipo de taxa deveremos, primeiramente, transformá-las em taxas corres-
pondentes a esses períodos. A forma de transformação obedece às seguin-
tes etapas:
167
Finanças Corporativas
Exemplo:
um Banco vende CDBs pela taxa de juros de 60% a.a., capitalizados men-
salmente. Qual a taxa de juros mensal paga por essa instituição?
Taxa efetiva
Sempre que nos deparamos com diferentes alternativas de investimento,
um dos primeiros critérios que nos vem à mente é decidir, baseado na maior
taxa de juros, ou na menor taxa supondo uma operação de empréstimo, isso,
claro, julgando que as diferentes alternativas possuem o mesmo grau de risco.
Exemplo:
168
O valor do dinheiro no tempo
Taxas equivalentes
Duas ou mais taxas de juros são definidas como equivalentes quando,
aplicadas sobre um mesmo capital durante períodos de tempo iguais, geram
um mesmo montante, ao final de um determinado tempo. Em alguns livros,
podemos encontrar o conceito de taxas equivalentes como taxas que geram
um mesmo montante, independentemente do regime de capitalização dos
juros utilizados. O quadro abaixo demonstra o conceito de taxa equivalente.
169
Finanças Corporativas
M = P . ( 1 + i )n
Definindo a taxa mensal como im e a taxa anual como ia, podemos dizer
então que:
(1 + im)12 = (1 + ia)1
Exemplos
DESCAPITALIZAÇÃO DA TAXA
CAPITALIZAÇÃO DA TAXA
1. Limpe os registradores financeiros.
2. Digite a taxa referente ao prazo menor, sob a forma percentual e pres-
sione i.
3. Digite o número – 1 e pressione PV.
4. Introduza em n o número de vezes em que o prazo da taxa menor cabe
no prazo da taxa maior.
5. Pressione FV e a seguir subtraia o número 1 (o resultado será apresen-
tado sob a forma decimal. Para transformá-lo para a forma percentual
basta multiplicá-lo por 100).
171
Finanças Corporativas
R$1.2682 *
O autor.
Mês
12
R$1.00
(*)
M=P+J
M = R$1,00 + (R$1,00 . 26,82%)
M = R$1,2682
172
O valor do dinheiro no tempo
M=?*
O autor.
Mês
12
R$1.00
173
Finanças Corporativas
Taxas de desconto
Esse tipo de taxa, também chamada de deságio, caracteriza-se por trans-
formar um valor futuro em um valor presente, através da aplicação de uma
taxa de desconto. Taxas de desconto não indicam qual a taxa de juros que
efetivamente está sendo utilizada, havendo, portanto, a necessidade de efe-
tuar esse cálculo de forma a podermos quantificar o custo ou ganhos efeti-
vos, implícitos na operação. Graficamente, uma taxa de desconto pode ser
visualizada da seguinte forma:
O autor.
V.A. V.F.
V.A. V.F.
174
O valor do dinheiro no tempo
Para tornar mais fácil o entendimento das diferenças, com relação à utili-
zação das duas modalidades de juros, utilizaremos o seguinte exemplo:
JUROS SIMPLES
DATA SALDO INICIAL JUROS SALDO FINAL
15/03 R$100,00 5% . R$100,00 = R$5,00 R$105,00
30/03 R$105,00 5% . R$100,00 = R$5,00 R$110,00
15/04 R$110,00 5% . R$100,00 = R$5,00 R$115,00
30/04 R$115,00 5% . R$100,00 = R$5,00 R$120,00
15/05 R$120,00 5% . R$100,00 = R$5,00 R$125,00
JUROS COMPOSTOS
DATA SALDO INICIAL JUROS SALDO FINAL
15/03 R$100,00 4,88% . R$100,00 = R$4,88 R$104,88
30/03 R$104,88 4,88% . R$104,88 = R$5,12 R$110,00
15/04 R$110,00 4,88% . R$110,00 = R$5,37 R$115,37
30/04 R$115,37 4,88% . R$115,37 = R$5,63 R$121,00
15/05 R$121,00 4,88% . R$121,00 = R$5,90 R$126,90
175
Finanças Corporativas
JC
O autor.
M
JS
JS = JC
110,00
JC > JS
JS > JC
Quando a unidade de tempo da taxa de juros (mês, ano etc.) e o prazo utili-
zado no cálculo dos juros (mês, ano etc.) são iguais, as curvas de juros simples
176
O valor do dinheiro no tempo
O artigo de capa de uma recente edição da revista Fortune, tinha por título:
“Você Conseguirá Se Aposentar?”. Embora o estudante norte-americano possa
rir quando dizemos que o artigo poderá ser de seu interesse, o fato é que de-
veria ser mesmo. O artigo começou com alguns fatos bem conhecidos: (1) a
taxa de poupança nos Estados Unidos é a mais baixa do que a de qualquer
grande nação industrializada; (2) a proporção entre trabalhadores e aposenta-
dos, que era de 17 por 1, em 1950, e é atualmente de 3,3 por 1, declinará para
menos de 2 para 1 depois do ano 2000; (3) devido aos pontos 1 e 2, o sistema
de seguro social norte-americano está em sérias dificuldades. O artigo apre-
sentou algumas cifras sobre quanto dinheiro a geração do “baby boom” (as
pessoas que nasceram no período após a Segunda Guerra Mundial, de 1946 a
1968) precisará para se aposentar, diante das tendências projetadas da infla-
ção. Depois, apresentou estatísticas sobre o volume de dinheiro que os mem-
bros dessa geração estão poupando e as taxas de retorno que os poupadores
estão obtendo de seus investimentos. Finalmente, o artigo conclui dizendo
que os membros dessa geração relativamente afluentes (aqueles com rendas
correntes de cerca de R$85.000,00) terão problemas para manter um razoável
nível de vida quando se aposentarem e que os filhos dos “baby boomers” pro-
vavelmente terão que sustentar seus pais.
O que o artigo citado demonstra é uma das mais claras aplicações do con-
ceito do valor do dinheiro no tempo, demonstrado neste capítulo, principal-
mente quando nos deparamos com os enormes deficits apresentados pelo
sistema de Previdência Social existente no Brasil, os valores recebidos pelos
aposentados e principalmente às perspectivas de valores a serem recebidos
por aqueles que irão se aposentar no futuro, se não começarem desde já a
contribuir para algum plano privado de previdência complementar.
177
Finanças Corporativas
Atividades de aplicação
1. Qual a taxa de juros simples mensal que, aplicada a um valor de
R$1.200,00, transforma essa aplicação em R$ 1.800,00, depois de de-
corridos 3 meses e 29 dias?
R$1.800.00
O autor.
Dias
3 meses e 29 dias = 119 dias
R$1.200.00
M1 = R$23.057,25
O autor.
M=?
178
O valor do dinheiro no tempo
8. Qual o valor a ser pago por um empréstimo tomado, nesta data, no va-
lor de R$20.000,00 à taxa de 60% a.a., capitalizada mensalmente, pelo
prazo de 3 meses?
179
Princípios para
aplicação de capital
Introdução
Na grande maioria das empresas, o maior volume de investimentos é rea-
lizado em ativos de produção. Como as decisões de investimento precedem
as decisões sobre a forma como o investimento será financiado, é fundamen-
tal entender a importância de uma análise financeira correta, com relação ao
impacto na rentabilidade da empresa. Além de absorverem a maior parcela
dos investimentos, o que por si só já justificaria uma análise financeira bem
fundamentada, os ativos permanentes, ao contrário do que normalmente se
imagina, são na realidade os grandes geradores de rentabilidade. Por esse
motivo, é extremamente importante analisarmos, quando da decisão de
compra de um equipamento, os seguintes fatores:
182
Princípios para aplicação de capital
que deve investir, o gestor, sob o ponto de vista estritamente financeiro, estará
na realidade buscando responder a algumas questões básicas.
Orçamento de capital
A resposta às questões explicitadas acima é discutida no orçamento de
capital. Por orçamento de capital, podemos entender o processo de plane-
jamento e administração dos investimentos de longo prazo da empresa e a
busca das melhores possibilidades de aplicação de recursos, em alternativas
que gerem retornos superiores aos custos dos recursos utilizados para o seu
financiamento.
183
Finanças Corporativas
186
Princípios para aplicação de capital
Periodicidade
187
Finanças Corporativas
Duração do fluxo
variáveis;
periódicos;
postecipados;
finitos.
188
Princípios para aplicação de capital
Tempo
0 1 2 3 4 n
- Saídas de
+ Entradas de
recursos
recursos
Investimento
Inicial
189
Finanças Corporativas
Valor Positivo (maior do que zero): significa que o valor de todas as en-
tradas projetadas no fluxo de caixa, descontadas pela taxa mínima de
atratividade, é maior do que o valor atual de todas as saídas projeta-
das, descontadas pela mesma taxa. Nesse caso, a aprovação do projeto
significará um ganho financeiro.
Valor Negativo (menor do que zero): significa que o valor das entradas
projetadas no fluxo de caixa, descontadas pela taxa mínima de atrativi-
dade, é menor do que o valor atual das saídas projetadas, descontadas
pela mesma taxa. Nesse caso, a aprovação do projeto significará uma
perda financeira.
190
Princípios para aplicação de capital
Valor Nulo (igual a zero): significa que o valor atual das entradas proje-
tadas no fluxo de caixa, descontadas pela taxa mínima de atratividade,
é igual ao valor atual das saídas projetadas no fluxo de caixa, descon-
tadas pela mesma taxa. Nesse caso, a aprovação do projeto não gerará
nem ganho, nem perda financeira.
Importante
191
Finanças Corporativas
E
E
E E
E
Tempo
0 1 2 3 4 5 n
S
Onde:
I I = investimento inicial
n = vida útil do projeto
E = entradas (receitas)
i = taxa de atratividade
qual o valor, hoje, S = saídas (despesas)
dos fluxos de entradas e saídas
de caixa?
VPL = Ej – Sj – I
j=1 (1 + i)j
Solução:
M = P (1 + i)n
Logo,
P= M
(1 + i)n
Portanto, para calcular o VPL, basta utilizar a expressão acima para cada
período de projeção do fluxo de caixa, reduzindo o valor do investimento
inicial.
VPL = 2.000 – 800 + 3.000 – 500 + 6.000 – 900 + 4.000 – 900 + 3.000 – 250 – 10.000 =
(1 + 0,12)1 (1 + 0,12)2 (1 + 0,12)3 (1 + 0,12)4 (1 + 0,12)5
Importante
Importante
Da mesma forma que o VPL, a TIR também pode ser calculada por fórmula
ou através da utilização de calculadoras financeiras ou planilhas eletrônicas.
Com base nos conceitos apresentados sobre a Taxa Interna de Retorno, po-
demos definir uma relação matemática que permita calcular seu valor. Essa
relação é a seguinte:
n
Ej – Sj –I = 0
j=1 (1 + i)j
Analisando essa fórmula, podemos verificar que a sua aplicação não forne-
ce um resultado direto. Para calcularmos o valor da TIR devemos proceder a
várias tentativas, através de aproximações sucessivas, até obtermos a igualda-
de anteriormente definida (lembre que a TIR é a taxa que iguala na data da de-
cisão do gestor, data zero, o valor atual das entradas ao valor atual das saídas).
Para conseguir obter essa taxa, é necessário realizar o cálculo por tentativa
e erro, ou seja, arbitra-se uma taxa e verifica-se se o valor atual das entradas
é igual ao valor atual das saídas. Se não for, utiliza-se outra taxa, efetuando o
mesmo cálculo, e assim sucessivamente, até que o valor atual das entradas
seja igual ao valor atual das saídas. Por esse procedimento, buscamos um
VPL igual a zero, continuando o cálculo até obter essa taxa.
O autor.
E
E
E E
E
Tempo
0 1 2 3 4 5 n
S
Onde:
I I = investimento inicial
n = vida útil do projeto
E = entradas (receitas)
S = saídas (despesas)
qual a taxa que
i = taxa interna de retorno
iguala os fluxos de entrada aos
(incógnita)
fluxos de saídas?
197
Finanças Corporativas
198
Princípios para aplicação de capital
Payback simples
O payback simples é um dos métodos mais populares utilizado para
análise de alternativas de investimento. Consiste em quantificar, através do
fluxo de caixa, em quanto tempo um investimento é coberto pelas entradas
e saídas de caixa ocorridas, após a data de realização do desembolso inicial.
4 30.000 0
199
Finanças Corporativas
Limitações do Payback
A utilização do payback apresenta três limitações básicas, ilustradas por meio
dos projetos apresentados a seguir. Antes de demonstrarmos as limitações do
payback simples, vamos calcular o período de payback de cada projeto.
5 40 + 40
5 15 + 15
5 150 + 150
200
Princípios para aplicação de capital
Payback descontado
Algumas empresas, ao entenderem as deficiências do método tradicional
de payback simples, utilizam uma variante a essa metodologia, descontando
o fluxo de caixa do projeto pela Taxa Mínima de Atratividade e, a seguir,
calculando o período de payback, utilizando a mesma sistemática de cálculo
do payback simples. Tomando o projeto 1 acima como exemplo, e assumindo
uma Taxa Mínima de Atratividade para a empresa de 10%, o cálculo do
payback descontado seria feito da seguinte forma:
2
PERÍODO PROJETO 1 VALOR ATUAL2 Obtido pelo Valor Pre-
sente de cada valor.
0 -160 -160,00
1 20 18,18
2 30 24,79
3 50 37,57
4 60 40,98
5 40 24,84
201
Finanças Corporativas
Repare que, por esse método, o período de payback subiria de 4 para mais
de 5 anos, refletindo o valor atual dos fluxos de caixa do projeto, descontado
pelo custo de oportunidade.
202
Princípios para aplicação de capital
Sendo assim, por que os diretores financeiros continuam a fazer o que não
devem? É claro que a TIR tem seus atrativos, já que possibilita uma comparação
direta entre, digamos, uma taxa de retorno anual de 30% em determinado proje-
to e a taxa de 8% ou 18% que, nos Estados Unidos, a maioria das pessoas paga no
financiamento de veículos ou em cartões de crédito. Aparentemente, essa facili-
dade de comparar mais do que compensa os problemas que muitos executivos
atribuem a deficiências técnicas, ou devidas a detalhes matemáticos. Entretanto,
os problemas mais perigosos relacionados à TIR não são isolados nem irrelevantes
e podem ter implicações sérias para os responsáveis pelo orçamento de capital.
203
Finanças Corporativas
O problema da “TIR”
Em geral, os diretores financeiros interpretam a Taxa Interna de Retorno
como sendo o retorno anual equivalente a determinado investimento. É essa
analogia simples que gera seu apelo intuitivo. Na verdade, a TIR é uma in-
dicação efetiva do retorno anual do investimento em um projeto somente
quando este não gera fluxos de caixa intermediários – ou quando tais fluxos
possam ser realmente investidos a taxas iguais à TIR efetiva.
204
Princípios para aplicação de capital
Mesmo nos casos em que os fluxos de caixa intermediários possam ser efe-
tivamente reinvestidos a taxas equivalentes à TIR, poucos usuários defende-
riam a ideia de que o valor de investimentos futuros deveria ser incorporado
ao valor do projeto que está sendo avaliado. A maioria diria que o custo de
capital da empresa – por definição, o retorno disponível a seus acionistas em
investimentos com risco semelhante – é uma escolha mais clara e lógica como
taxa a ser presumida no reinvestimento de fluxos de caixa intermediários de
um projeto (veja quadro a seguir).
205
206
Finanças Corporativas
O que fazer?
A maneira mais fácil de evitar problemas com a TIR é deixar de utilizá-la.
Infelizmente, como é amplamente adotada, é pouco provável que venha a
ser substituída no curto prazo. Os executivos deveriam, pelo menos, usar a
Taxa Interna de Retorno Modificada (TIRM). Embora não seja perfeita, a TIRM
apresenta uma vantagem: permite aos usuários fixar taxas de reinvestimento
mais realistas para os fluxos de caixa intermediários e, portanto, calcular o ren-
dimento anual equivalente de forma mais correta. Mesmo assim, recomen-
damos a todos os executivos que analisam projetos que parecem apresentar
uma TIR atraente que respondam a duas perguntas:
Mais ceticismo
A despeito das falhas que possam levar a decisões de investimento inade-
quadas, a TIR provavelmente continuará a ser amplamente utilizada nas dis-
207
Finanças Corporativas
Atividades de aplicação
1. Uma empresa deseja adquirir um equipamento no valor de R$1.000,00.
Em função do tipo de equipamento, é possível vendê-lo após 5 anos,
por R$500,00. Sabendo-se que a taxa mínima de atratividade dessa em-
presa é de 13% a.a., e que estão previstos os fluxos de entrada e saída de
recursos, relativos à utilização do equipamento, demonstrados abaixo,
calcule o VPL, verificando se a compra é economicamente justificável.
Ano Entradas Saídas
01 50
02 450
03 550
04 450
Com base nos dados acima, calcular o VPL e a TIR, sabendo-se que a
taxa mínima de atratividade é de 12 % a.a., para uma vida útil de 5
anos, sem valor residual.
209
Finanças Corporativas
Alternativa 1:
investimento = R$245.000,00
retornos líquidos anuais = R$80.000,00, durante 5 anos
Alternativa 2:
investimento = R$280.000,00
retornos líquidos anuais = R$95.000,00, durante 5 anos
Alternativa 3:
investimento = R$300.000,00
retornos líquidos anuais = R$105.000,00, durante 5 anos
a) terceirizar a produção;
210
Princípios para aplicação de capital
211
Custo de capital
Introdução
Sabemos que a atividade empresarial é financiada mediante o emprego
de diferentes tipos de fundos, obtidos externamente ou gerados no curso
normal das operações. Numa classificação mais ampla, esses fundos são sub-
divididos em duas categorias: capital próprio e capital de terceiros, sendo esse
último representado por recursos captados a curto e a longo prazo, junto aos
financiadores que não têm participação no capital da empresa.
Para a empresa, toda vez que capta recursos, deve oferecer uma rentabi-
lidade ao investidor, rentabilidade que será maior ou menor em função do
risco percebido na alternativa oferecida. Se para o investidor a taxa esperada
pelo investimento representa seu retorno, para a empresa, essa taxa repre-
senta o quanto ele deverá remunerar os detentores dos recursos emprega-
dos, representado, por conseguinte, o custo de utilização desses recursos.
Esse custo para a empresa é chamado de custo de capital ou custo de oportu-
nidade de capital.
214
Custo de capital
215
Finanças Corporativas
Uma vez que o custo de cada uma das fontes de financiamento utilizadas
tem um custo diferente, por apresentarem riscos também diferentes, o custo
de capital ou custo médio ponderado de capital reflete a ponderação entre
cada fonte de recursos utilizada pela empresa, e seu respectivo custo efetivo,
devendo ser empregado como um parâmetro comparativo para as decisões
de investimento, tomadas no dia a dia pelas empresas.
216
Custo de capital
Risco
A determinação do custo médio ponderado de capital é totalmente de-
pendente do aspecto risco, uma vez que a percepção de risco do investidor
e do financiador altera completamente sua expectativa de rentabilidade, e
consequentemente o custo para o tomador.
O autor.
balanço
passivos circulantes
empréstimos de longo prazo
ativos patrimônio líquido Fontes de
Ações Ordinárias (*) Longo Prazo
Ações Preferenciais (*)
Lucros Acumulados
(*) Cotas no caso de uma empresa Ltda.
Risco Operacional
O risco operacional, risco da operação ou risco do negócio, é determina-
do pela maior ou menor capacidade de geração de caixa da empresa, a partir
de sua atividade operacional. Se um projeto tem uma capacidade maior ou
menor de gerar caixa, seu grau de risco será inferior ou superior aos demais,
trazendo como consequência um custo do financiamento menor ou maior,
de forma a agregar um prêmio pelo risco incorrido.
217
Finanças Corporativas
Risco Financeiro
Risco financeiro é definido como o risco gerado pela possibilidade de não
pagarmos os credores. É afetado pela qualidade (custo e prazo) das fontes em-
pregadas no financiamento do ativo (aplicações). Como o risco financeiro é
representado pelo risco da empresa não fazer frente aos compromissos assu-
midos, junto aos financiadores e somente os financiadores sem participação
no capital da empresa, na prática, solicitariam sua falência (embora não impos-
sível, dificilmente um sócio pedirá a falência de seu próprio negócio por algum
tipo de inadimplência com ele mesmo), o risco financeiro pode ser visualizado
através da soma do Passivo Circulante e do Exigível a Longo Prazo.
Importante
Como o risco operacional pode ser traduzido pela geração de caixa, sempre
que o risco operacional aumenta, ou seja, a geração de caixa é reduzida, a percep-
ção sobre o risco da empresa aumenta, trazendo como consequência aumento
do risco financeiro e do risco total, afetando diretamente o beta da empresa.
218
Custo de capital
1
Têm custos fixos1 estabelecidos contratualmente (mesmo quando de- As despesas financeiras,
oriundas das operações de
finidos por taxas pós-fixadas), os quais, para efeito de tributação, são crédito, são consideradas
custos fixos porque inde-
dedutíveis do lucro operacional, proporcionando benefícios fiscais pendem das variações dos
resultados produzidos pela
para a empresa e os seus proprietários. atividade operacional da
empresa, ou seja, existe a
obrigação de pagamento
independentemente do
Os compromissos decorrentes dessas operações (despesas financeiras volume de vendas ou pro-
dução da empresa, no perí-
e amortizações do principal) têm ressarcimento prioritário, em relação odo de quitação da dívida.
Na maior partes dos casos, estão protegidas por garantias reais ou fi-
2
nanceiras2. As garantias estabeleci-
das nos contratos de crédi-
to são legalmente constitu-
Por conseguinte, o capital de terceiros torna-se mais protegido das osci- ídas por bens patrimoniais,
oferecidos pela empresa
lações dos fluxos de caixa, gerados pelos negócios empresariais, oferecendo tomadora do crédito ou,
até mesmo, pelos seus
proprietários.
menor risco para os seus titulares, quando o comparamos com o capital pró-
prio, que não tem nenhuma garantia e se encontra completamente vulnerá-
vel às oscilações de retorno dos referidos negócios.
219
Finanças Corporativas
O custo pago por uma empresa para captar recursos junto a terceiros,
pode ser calculado com base no conceito da Taxa Interna de Retorno (TIR)
do fluxo de caixa, gerado pelo financiamento. Do ponto de vista da empresa
tomadora, o valor calculado representa o custo até o vencimento dos fluxos
de caixa associados ao débito, antes do benefício gerado pela dedução dos
custos financeiros do Imposto de Renda a pagar.
Kd = ij ( 1 – %IR )
220
Custo de capital
221
Finanças Corporativas
disso, sua estimação é bem mais complexa, à medida que envolve maiores
incertezas, sujeitando-se à subjetividade do analista.
Em outras palavras, esse preço é igual ao valor dos dividendos futuros (re-
tirados no caso de uma limitada), descontados ao custo do capital próprio.
D1 D2 D3 D4 D5
P0 = + + + + + ...
(1 + k) (1 + k) (1 + k) (1 + k) (1 + k)5
2 3 4
Por outro lado, o preço de mercado de uma ação ou cota reflete não
apenas as expectativas de lucratividade e crescimento dos dividendos/reti-
radas, mas também o risco associado a tais expectativas. Quanto maior for
esse risco, na opinião dos investidores do mercado, menor será o preço que
eles estarão dispostos a pagar pela ação/cota, e vice-versa. Desse modo, o
custo do capital próprio pode ser definido pela taxa de desconto (k) que
torna o valor atual, dos dividendos ou retiradas futuros, igual ao preço ou
valor de mercado das ações ou cotas de uma empresa.
Modelo de Gordon-Shapiro
Admitindo-se que a tendência de crescimento dos lucros e dos dividen-
dos, a longo prazo, possa ser expressa por uma taxa de crescimento cons-
tante, podemos definir o modelo de Gordon-Shapiro. De acordo com esse
modelo, o preço de uma ação é definido pela seguinte relação:
D1
P0 =
(k – g)
D1
k= +g
P0
223
Finanças Corporativas
Como se pode notar, o custo do capital próprio, estimado por esse modelo,
é muito sensível às estimativas da taxa yield e da taxa g. Por essa razão, tais
estimativas requerem cuidados especiais, da parte dos analistas.
Modelo CAPM
Sabemos que o preço dos ativos no mercado financeiro nem sempre cor-
responde ao seu valor justo ou intrínseco. Teoricamente, esse preço tende a
oscilar em torno do preço justo do ativo, ditado pelas condições de equilí-
brio do mercado. Da mesma forma, o custo do capital próprio tende a oscilar
em torno de uma taxa de equilíbrio, definida como expectativa de retorno
ou custo de capital, em condições de equilíbrio.
224
Custo de capital
225
Finanças Corporativas
Ativos com = 0 terão como expectativa uma oscilação nula, não sendo,
portanto, influenciado pela oscilação da carteira de mercado. Um ativo com
= 0 pode ser considerado como sendo de renda fixa.
226
Custo de capital
kj = r0 + (rm – r0) j
j
= coeficiente de risco sistemático do ativo “j”
kj = r0 + (rm – r0) j
O autor.
Prêmio pelo Tempo ou
Prêmio de Liquidez Prêmio de Risco
Qualidade
do Risco
kj = r0 + (rm – r0) βj
227
Finanças Corporativas
228
Custo de capital
229
Finanças Corporativas
230
Custo de capital
Pode-se argumentar que as ações das pequenas empresas são mais arrisca-
das do que as das grandes e que isso responde pelas diferenças nos retornos.
É verdade que a pesquisa acadêmica normalmente constata que os betas são
mais elevados para pequenas empresas do que para as maiores. Entretanto,
os retornos maiores para as pequenas empresas continuam maiores mesmo
depois do ajustamento dos efeitos de seus riscos altos, conforme é refletido
em seus coeficientes beta.
231
Finanças Corporativas
Atividades de aplicação
1. Encontrando-se em um processo de expansão de suas ativida-
des, a Omega Computadores resolveu pleitear um empréstimo de
R$6.000.000,00, junto a uma instituição financeira, para investir na ex-
pansão de sua fábrica. As condições oferecidas pela instituição foram:
232
Custo de capital
234
Estrutura de capital
Introdução
Por estrutura de capital entendemos a combinação entre a utilização de
recursos próprios e de terceiros. Na busca da maximização do retorno dos
proprietários, o que o administrador deve constantemente buscar é a defini-
ção da estrutura ótima de capital para a empresa. Esquematicamente, a re-
presentação da estrutura de capital pode ser visualizada da seguinte forma:
O autor.
ATIVO PASSIVO
Hoje, sabemos que muitas das premissas utilizadas naquele estudo não
são sustentáveis, no que podemos chamar de mundo empresarial. Estudos
posteriores, conduzidos inclusive por Modigliani e Miller (1966, p. 433-443),
mostraram que pode existir uma estrutura de capital que, ao mesmo tempo
em que maximiza o valor da empresa, pode minimizar o custo de capital.
238
Estrutura de capital
239
Finanças Corporativas
240
Estrutura de capital
novas ações ou cotas, o retorno do projeto teria que ser dividido também
com os novos proprietários.
241
Finanças Corporativas
te beta. O segundo tipo é chamado de risco diversificável, risco que pode ser
eliminado pela diversificação de investimentos, ou seja, pela aplicação de
recursos em mais de uma alternativa. Esses dois riscos representam para o
investidor o risco total percebido.
Risco Empresarial,
Risco Econômico ou Risco Operacional
Por risco econômico entendemos a incerteza relativa à projeção dos re-
tornos esperados da empresa (medidos sobre o total dos ativos ou sobre o
investimento dos proprietários), assumindo que todos os investimentos são
financiados com recursos próprios, ou seja, não exista endividamento com
terceiros na estrutura de capital.
242
Estrutura de capital
que seu produto é igual a preço, ou seja, não tem nenhum diferencial
em relação à concorrência.
Custos fixos elevados – empresas com custos fixos elevados (custos que
independem do volume de vendas ou de produção), apresentam ponto
de equilíbrio mais alto, sendo obrigadas a gerar mais vendas para “em-
patar” com os custos, sem qualquer garantia de que isso possa ocorrer.
Risco Financeiro
Risco financeiro é definido como o risco gerado pela possibilidade de não
pagarmos os credores. É afetado pela qualidade (custo e prazo) das fontes
empregadas no financiamento do ativo (aplicações). Como o risco financeiro
é representado pelo risco da empresa não fazer frente aos compromissos
assumidos junto aos financiadores, e somente os financiadores sem parti-
cipação no capital da empresa solicitariam, na prática, sua falência, o risco
financeiro pode ser visualizado através da soma do Passivo Circulante e do
Exigível a Longo Prazo.
243
Finanças Corporativas
244
Estrutura de capital
245
Finanças Corporativas
Por esse motivo, a estrutura ótima de capital deve ser entendida como uma
meta a ser perseguida, ou seja, o objetivo que o gestor deve ter em mente,
em todas as suas decisões de investimento e financiamento, mesmo sabendo
que todos os dias ocorrem transações que irão impactar a estrutura que seria
ideal em um determinado momento, e que os investidores esperam que o
retorno cresça, na medida em que o risco financeiro também aumente.
Tabela I – Resultados
Probabilidade de venda
D.R.E
30% 40% 30%
Receita 400 500 600
– Custos Variáveis –200 –250 –300
– Custos Fixos –200 –200 –200
= L.A.J.IR 0 50 100
246
Estrutura de capital
Estrutura de Capital
Índice de Ativo Recursos de Capital N.o ações
endividamento total (R$) terceiros (R$) sócios (R$) ou cotas
0% 1.000 0 1.000 100
10% 1.000 100 900 90
20% 1.000 200 800 80
30% 1.000 300 700 70
40% 1.000 400 600 60
50% 1.000 500 500 50
60% 1.000 600 400 40
n
Valor Esperado E (Rj) = ∑P R
j=1
j j
n
Desvio Padrão
σj = {∑ P [R - E(R )] }
j=1
j j j
2 1/2
σj
Coeficiente de Variação CVj =
E(Rj)
247
Finanças Corporativas
Índice de
30% 40% 30%
endividamento = 0%
LAJIR (Tabela I) R$ – R$50,00 R$100,00
Juros (Tabela II) R$ – R$ – R$ –
L.A.IR R$ – R$50,00 R$100,00
I.R. (25%) R$ – R$(12,50) R$(25,00)
Lucro Líquido R$ – R$37,50 R$75,00
Número de Ações ou Cotas 10 10 10
Lucro por Ação ou Cotas R$ – R$3,75 R$7,50
Lucro por Ação ou Cotas Esperado (1) R$3,75
Desvio Padrão ou Lucro Esperado (2) R$2,90
Coeficiente de Variação do LPA (3) 0,77
248
Estrutura de capital
Índice de
30% 40% 30%
endividamento = 10%
LAJIR (Tabela I) R$ – R$50,00 R$100,00
Juros (Tabela II) R$(1,80) R$(1,80) R$(1,80)
L.A.IR R$(1,80) R$48,20 R$98,20
I.R. (25%) R$(0,45) R$(12,05) R$(24,55)
Lucro Líquido R$(1,35) R$36,15 R$73,65
Número de Ações ou Cotas 9 9 9
Lucro por Ação ou Cotas R$(0,15) R$4,02 R$8,18
Lucro por Ação ou Cotas Esperado (1) R$4,02
Desvio Padrão ou Lucro Esperado (2) R$3,23
Coeficiente de Variação do LPA (3) 0,80
Importante
LAJIR significa Lucro (L) Antes (A) de Juros (J) e Imposto de Renda (IR).
Índice de
30% 40% 30%
endividamento = 20%
LAJIR (Tabela I) R$ – R$50,00 R$100,00
Juros (Tabela II) R$(4,00) R$(4,00) R$(4,00)
L.A.IR R$(4,00) R$46,00 R$96,00
I.R. (25%) R$(1,00) R$(11,50) R$(24,00)
Lucro Líquido R$(3,00) R$34,50 R$72,00
Número de Ações ou Cotas 8 8 8
Lucro por Ação ou Cotas R$(0,38) R$4,31 R$9,00
Lucro por Ação ou Cotas Esperado (1) R$4,31
Desvio Padrão ou Lucro Esperado (2) R$3,63
Coeficiente de Variação do LPA (3) 0,84
249
Finanças Corporativas
Índice de
30% 40% 30%
endividamento = 60%
LAJIR (Tabela I) R$ – R$50,00 R$100,00
Juros (Tabela II) R$(25,20) R$(25,20) R$(25,20)
L.A.IR R$(25,20) R$24,80 R$74,80
I.R. (25%) R$(6,30) R$(6,20) R$(18,70)
Lucro Líquido R$(18,90) R$18,60 R$56,10
Número de Ações ou Cotas 4 4 4
Lucro por Ação ou Cotas R$(4,73) R$4,65 R$14,03
Lucro por Ação ou Cotas Esperado (1) R$4,65
Desvio Padrão ou Lucro Esperado (2) R$7,26
Coeficiente de Variação do LPA (3) 1,56
Resumindo o valor do lucro por ação ou por cotas, o desvio padrão e o co-
eficiente de variação, a partir de cada nível de endividamento com terceiros,
obtemos os valores apresentados na tabela V, a seguir.
250
Estrutura de capital
D1
P0 =
(k – g)
251
Finanças Corporativas
P0 = LPA / k
Retorno espe-
Índice de LPA ou LPC Valor
rado
endividamento Esperado esperado (*)
pelo sócio
0% R$3,75 12,00% R$31,25
10% R$4,02 12,40% R$32,42
20% R$4,31 12,90% R$33,43
30% R$4,65 13,50% R$34,44
40% R$5,00 14,30% R$34,97
50% R$5,10 15,40% R$33,12
60% R$4,65 16,80% R$27,68
252
Estrutura de capital
253
Finanças Corporativas
Essa empresa não é a única a usar dívidas fora do balanço. A maioria das
companhias aéreas apresenta contratos substanciais de arrendamento de ae-
ronaves, estruturados em instrumentos fora de balanço, embora analistas e in-
vestidores estejam cientes de que o real endividamento é maior. As empresas
Pacific Gás Eletric, Southern Califórnia Edison e Xérox também enfrentaram
dificuldades por causa de obrigações fora do balanço. Não é esperado que a
quebra da Enron elimine as sociedades de propósitos específicos, apesar de
a SEC estar clamando por regras mais rígidas de consolidação. As empresas
gostam da flexibilidade que o financiamento fora de balanço proporciona,
para não citar o fato de que ele faz com que os índices de endividamento e os
retornos melhorem.
Atividades de aplicação
1. A empresa Alfa apresenta a seguinte estrutura de capital:
254
Estrutura de capital
Vendas Probabilidade
R$500.000 30%
R$700.000 40%
R$900.000 30%
255
Finanças Corporativas
256
Alavancagem e risco operacional,
financeiro e combinado
Introdução
Todos nós sabemos a dificuldade que teríamos em mover uma pedra ou
qualquer outro objeto, a partir de um determinado peso. No entanto, po-
demos movê-la, inserindo por baixo um bastão ou algo que possa funcio-
nar como uma alavanca. Ao proceder dessa forma, estaremos multiplicando
nossa força por meio dessa alavanca, podendo, dessa forma, atingir nosso
objetivo. O conceito da alavancagem parte do mesmo princípio. A partir da
existência de custos fixos operacionais ou financeiros, a empresa pode ala-
vancar (multiplicar) seus resultados.
Alavancagem Operacional
Alavancagem Financeira
Alavancagem Combinada
Alavancagem operacional
A alavancagem operacional é determinada em função da relação existen-
te entre as receitas operacionais e o Lucro Antes de Juros e Imposto de Renda,
conhecido como LAJIR. A existência da alavancagem operacional é resultado
dos custos operacionais fixos, existentes na estrutura de gastos da empresa.
260
Alavancagem e risco operacional, financeiro e combinado
Repare que, por outro lado, se não houvesse custos fixos na estrutura da
empresa Delta, o crescimento do LAJIR seria o mesmo apresentado pelas
vendas, conforme demonstra o cálculo abaixo, o que confirma que só existe
alavancagem operacional a partir da existência de custos fixos operacionais.
percentual no LAJIR
GAO =
percentual nas vendas
= variação
261
Finanças Corporativas
Alavancagem financeira
Podemos definir a alavancagem financeira como a capacidade da empre-
sa em maximizar o lucro líquido por unidade de cotas, no caso de uma em-
presa por cotas de responsabilidade limitada (Ltda.) ou por ações, no caso de
uma sociedade anônima, através da utilização de encargos financeiros fixos.
262
Alavancagem e risco operacional, financeiro e combinado
263
Finanças Corporativas
= variação
O resultado calculado indica que toda vez que o LAJIR sofrer um cresci-
mento de 1%, o LPA ou LPC crescerá 20% a mais.
264
Alavancagem e risco operacional, financeiro e combinado
Alavancagem combinada
A alavancagem total ou combinada mede o efeito simultâneo da existência
das alavancagens operacional e financeira. Esse efeito é definido como a capa-
cidade da empresa em usar custos fixos operacionais e financeiros, para aumen-
tar o efeito de variações nas vendas e no lucro por ação ou por cotas, podendo
também ser considerada como o resultado do impacto total dos custos fixos
operacionais e financeiros, na estrutura operacional e financeira da empresa.
265
Finanças Corporativas
266
Alavancagem e risco operacional, financeiro e combinado
= variação
267
Finanças Corporativas
Por ser uma relação multiplicativa, podemos definir uma relação mate-
mática entre os diferentes graus de alavancagem, existentes em uma empre-
sa, calculando o grau de alavancagem combinada da seguinte forma:
268
Alavancagem e risco operacional, financeiro e combinado
Na medida em que esta relação não possa ser colocada em prática, a em-
presa precisará utilizar uma das seguintes alternativas: 3
Não podemos esquecer
que o possível efeito nos
custos, determinado pela
criar algum diferencial que possa agregar valor a seu cliente, como jus- diferenciação oferecida ao
cliente, também deve ser
tificativa para aumento no preço de venda3; analisado.
269
Finanças Corporativas
Custos
Como para a grande maioria das empresas o controle sobre seus preços
de venda é extremamente reduzido, os custos incorridos para a produção de
seus produtos e/ou serviços passaram a ter uma importância fundamental
para a maximização do retorno dos proprietários de qualquer tipo de ne-
gócio, obrigando os administradores a analisar essa questão com bastante
atenção. A área da Contabilidade que estuda os custos de qualquer tipo de
negócio é denominada de Contabilidade de Custos, apresentando, nos últi-
mos tempos, uma importância crescente no processo de administração dos
negócios de uma organização. Utilizando os conceitos da Contabilidade de
Custos, os principais tipos de custos existentes na estrutura de qualquer em-
presa podem ser classificados da seguinte forma:
Custos variáveis
Representam os custos que estão diretamente vinculados à atividade pro-
dutiva ou à venda de um produto ou serviço, aumentando ou diminuindo na
270
Alavancagem e risco operacional, financeiro e combinado
MC = RT – CV
271
Finanças Corporativas
Custos fixos
Representam os gastos com atividades não relacionadas diretamente
com a produção ou a venda, ocorrendo independentemente do nível de
atividade da empresa. Aluguel de instalações, juros, salários da área admi-
nistrativa, ocorrem independentemente do volume de vendas ou produção.
Uma outra forma de entender o que são custos fixos é lembrar que todos
os custos incorridos pela empresa, para pagamento em uma determinada
data, independentemente de ter havido produção ou venda naquele perío-
do, caracterizam-se como custos fixos.
272
Alavancagem e risco operacional, financeiro e combinado
Os gastos totais de uma empresa são definidos pelos custos variáveis, de-
pendentes do grau de tecnologia e qualidade da gestão da produção (não
podemos esquecer que as atividades ligadas ao comércio e prestação de ser-
viços, embora não tenham atividade de fabricação, têm produção) e pelos
custos fixos, resultantes da qualidade e competência técnica das atividades
de Finanças, Marketing, Recursos Humanos, Logística, Tecnologia da Infor-
mação e Contabilidade.
Ponto de equilíbrio
A análise do ponto de equilíbrio, também conhecida como análise custo-
-volume-lucro, busca determinar a partir de que nível de faturamento a em-
presa cobre os seus gastos e começa a gerar lucros. O ponto de equilíbrio
indica o nível de vendas necessário à cobertura de todos os custos operacio-
nais, fixos e variáveis.
273
Finanças Corporativas
PEUNID = CF / MC
274
Alavancagem e risco operacional, financeiro e combinado
O autor.
Vendas Vendas Totais
PE 2 Custos Totais
PE 1
Custos Fixos
Capacidade de Produção
275
Finanças Corporativas
276
Alavancagem e risco operacional, financeiro e combinado
MC = Margem de Contribuição
PE$ = Ponto de Equilíbrio em Valor (R$)
PEUNID = Ponto de Equilíbrio em Unidade
277
Finanças Corporativas
Conceito de risco
Todas as decisões tomadas pelos gestores trazem reflexos para o futuro
das empresas, resultando em um grau de subjetividade bastante elevado
às decisões, pela total impossibilidade de sabermos a priori as consequên-
cias futuras, de todas as decisões presentes. A inexistência de ferramentas
qualitativas e quantitativas, para eliminar erros de previsão, agrega um grau
de risco bastante elevado às decisões gerenciais. Por esse motivo, podemos
dizer que risco é um fator inerente a todo tipo de negócio. É importante, por-
tanto, que na taxa de remuneração, demandada pelos proprietários, a taxa
de risco esteja incorporada e, principalmente, que existam instrumentos ge-
renciais que permitam reduzir o risco.
Muitos gestores ignoram que risco está atrelado ao futuro, não existindo
risco no passado (o passado já é conhecido). Para Bernstein (1997), risco, no
conceito econômico, é entendido como a distribuição de probabilidades de
ocorrência de evento futuro, que pode ser evitado de acordo com o grau de
informação do observador ou avaliador do risco da decisão. Portanto, risco
tem sempre um componente subjetivo.
Existem várias definições para risco. Segundo Duarte (1999), risco é uma
medida da incerteza, associada aos retornos esperados de investimentos, e
o gerenciamento de risco em uma instituição financeira passa pela definição
de quatro dimensões de risco.
278
Alavancagem e risco operacional, financeiro e combinado
279
Finanças Corporativas
Por todos esses motivos, podemos dizer que o risco financeiro está total-
mente relacionado ao montante da dívida captada pela empresa, junto aos
financiadores sem participação no capital, podendo ser visualizado através
da soma do Passivo Circulante e do Exigível a Longo Prazo.
280
Alavancagem e risco operacional, financeiro e combinado
Risco operacional
Uma vez que o retorno sobre os ativos permanentes é superior aos retor-
nos sobre os ativos circulantes, e que a principal função do administrador é
maximizar o retorno dos proprietários, uma das formas é exatamente atra-
vés do aumento do investimento em ativo permanente. Na medida em que
os custos operacionais fixos da empresa crescem, por conta do crescimento
dos investimentos realizados em ativos permanentes, aumenta também o
volume de vendas necessário à cobertura dessas despesas, resultando em
níveis mais elevados de equilíbrio, refletido através do conceito do ponto de
equilíbrio.
281
Finanças Corporativas
percentual no LAJIR
GAO =
percentual nas vendas
282
Alavancagem e risco operacional, financeiro e combinado
O autor.
Risco Operacional
Vendas Vendas Totais
PE 2 Custos Totais
PE 1
Custos Fixos
Capacidade de Produção
Risco financeiro
Na medida em que os encargos financeiros fixos aumentam, cresce
também o nível do LAJIR, necessário à cobertura dessas despesas. Um grau
de alavancagem financeira maior exige que a empresa produza um valor
para o LAJIR também maior, caso contrário, o risco de inadimplência passa
a acompanhar a empresa. O risco da empresa não conseguir gerar um nível
maior de lucratividade, necessário à cobertura das despesas financeiras, é
chamado de risco financeiro. Quanto maior o grau de alavancagem financei-
ra, maior será o risco financeiro associado.
283
Finanças Corporativas
284
Alavancagem e risco operacional, financeiro e combinado
O autor.
Risco Financeiro
Vendas Vendas Totais
PE 1
Despesas Financeiras
Capacidade de Produção
(*) Custos Variáveis Operacionais + Despesas Financeiras
285
Finanças Corporativas
286
Alavancagem e risco operacional, financeiro e combinado
O autor.
Risco Combinado
Vendas
Vendas Totais
Custos Totais
com Despesas
PE 2 Financeiras
Custos Totais
sem Despesas
Financeiras
PE 1 Custos Fixos
+
Despesas Financeiras
Custos Fixos
Capacidade de Produção
Alavancagem
(BERWANGER, 2009)
287
Finanças Corporativas
288
Alavancagem e risco operacional, financeiro e combinado
Por isso, antes de comprar papéis de uma empresa, uma boa dica é verificar
se ela está ou não operando alavancada, e qual o grau de alavancagem. Se for
muito alto, mesmo que a empresa tenha um desempenho extraordinário nos
próximos anos, sobrará pouco ou nenhum lucro para ser distribuído entre os
acionistas, já que boa parte da receita será utilizada para cobrir obrigações.
289
Finanças Corporativas
Atividades de aplicação
1. O lucro antes de juros e imposto de renda (LAJIR), obtido no último
ano pela empresa Gamma, foi de R$150.000. A empresa está enqua-
drada na alíquota de Imposto de Renda de 25%. Para se capitalizar,
estão sendo estudadas três alternativas demonstradas abaixo. Saben-
do que está sendo projetado um crescimento anual de 20% no LAJIR,
os dividendos sobre as ações preferenciais são deduzidos do lucro lí-
quido, e que os dividendos sobre as ações ordinárias são calculados
após o pagamento dos dividendos para as ações preferenciais, calcule
o grau de alavancagem financeira, existente em cada alternativa.
290
Alavancagem e risco operacional, financeiro e combinado
6. Tomando como base o LAJIR obtido para a empresa Alfa (dados acima),
determine o grau de alavancagem operacional, a partir da nova estru-
tura de custos, supondo crescimento nas vendas da ordem de 20%.
291
Gabarito
Fluxo de caixa
1. Alternativas 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 11, 12.
2. Alternativas 1, 2, 3, 6, 7.
3. Alternativas 3, 7.
4.
8.
Ciclo de caixa
1. Prazo Médio de Estoques = 360/(Custo da Mercadoria Vendida – Estoque)
19X1 = 360 / (3.244 / 857) = 95
19X2 = 360 / (6.245 / 2.137) = 123
19X3 = 360 / (14.084 / 3.178) = 81
294
Gabarito
295
Finanças Corporativas
Capital de giro
1. Capital de Giro representa a diferença entre o valor dos fundos capta-
dos a longo prazo, junto aos proprietários da empresa (investidores) e
aos financiadores de longo prazo, e o total das aplicações realizadas,
nesse mesmo intervalo de tempo. Pode ser definido também como
uma medida da capacidade da empresa em obter recursos de longo
prazo, para financiar suas aplicações de longo prazo.
296
Gabarito
Repare que o fato do ativo circulante ser maior do que o passivo circu-
lante, não significa que a qualidade dos ativos permita o efetivo paga-
mento das dívidas a curto prazo, nos respectivos vencimentos. Além
disso, uma empresa com contas a receber muito altas, decorrentes do
crescimento da inadimplência e/ou estoques igualmente elevados, re-
297
Finanças Corporativas
298
Gabarito
299
Finanças Corporativas
2.
Estoques = 60 . (R$10.000 / 90) = R$6.667
Fornecedores = 45 . (R$8.000 / 90) = R$4.000
Salários e Encargos Sociais = 30 . (R$2.000 / 90) = R$667
300
Gabarito
7. ST = CG – NCG
ST = R$463.000 – R$156.000 = R$307.000
301
Finanças Corporativas
2. M = P (1 + in) P = M / (1 + in)
P1 = R$23.057,25 / {1 + [(0,045 / 30) . 55]} = R$21.300
P = R$21.300 / {1 + [(0,36 / 360) . 65]} = R$20.000
3. J = P . i . n
PM = [(R$100.000 . 4) + (R$200.000 . 5) + (R$400.000 . 7)] / (R$100.000
+ R$200.000 + R$400.000) = 6
J = R$700.000 . 0,02 . 6 = R$84.000
4. J = P . i . n
J1 = R$100.000 . 0,02 . 4 = R$ 8.000
J2 = R$200.000 . 0,02 . 5 = R$20.000
J3 = R$400.000 . 0,02 . 7 = R$56.000
Juros totais recebidos = R$84.000
5. M = P (1 + i)n
M1 = R$3.000 (1 + 0,08)1 = R$3.240,00
M2 = R$3.240 (1 + 0,10)1 = R$3.564,00
M3 = R$3.564 (1 – 0,04)1 = R$3.421,44
6. M = P (1 + i)n
R$3.421,44 = R$3.000 (1 + i)3
R$3.421,44 / R$3.000 = (1 + i)3
1,14048 = (1 + i)3
imês = (1,14048)1/3 –1 = 0,04479 (taxa média mensal na forma decimal)
imês = 0,04479 . 100 = 4,48% (taxa média mensal na forma percentual)
Ou, utilizando uma calculadora com funções financeiras:
FV = 3.421,44
PV = – 3.000
n=3
i = imês = 4,48% (taxa média mensal na forma decimal)
302
Gabarito
303
Finanças Corporativas
1.000 g CFj
3 g Nj
90 CHS g CFj
900 g CFj
2 g Nj
400 CHS g CFj
1.000 g CFj (venda da fábrica)
13,5 i
f PV = –R$2.853,50 . 1.000 = –R$2.853.499,47
VPL < 0; Projeto Negado
304
Gabarito
f REG
6650 ENTER 1000 + CHS g CF0
600 CHS g CFj
5 g Nj
12 i
f NPV (calcula VPL da 2.ª alternativa) = – R$9.812,87
f REG
8000 ENTER 800 + CHS g CF0
350 CHS
5 g CFj
g Nj
12 i
f NPV (calcula VPL da 3.ª alternativa) = – R$10.061,67
305
Finanças Corporativas
306
Gabarito
8,5 i
f NPV = R$46.359,49
Como os fluxos de caixa da alternativa considerada somente têm en-
tradas, não existe TIR para esse projeto.
f REG
30000 CHS g CFo
9000 g CFj
10900 g CFj
12500 g CFj
14000 g CFj
16000 g CFj
17500 g CFj
18500 g CFj
19500 g CFj
8,5 i
f NPV = R$49.413,84
f IRR = 38,02%
f REG
70000 CHS g CF0
13000 g CFj
16000 g CFj
19000 g CFj
22000 g CFj
25000 g CFj
27000 g CFj
30000 g CFj
22000 g CFj
307
Finanças Corporativas
8,5 i
f NPV = R$47.900,91
f IRR = 22,51%
A melhor alternativa é a de maior Índice de Lucratividade (VPL / I). Te-
mos, então:
Alternativa 1: R$46.359,49 / 0 Melhor alternativa
Alternativa 2: R$49.413,84 / R$30.000
Alternativa 3: R$47.900,91 / R$70.000
Custo de capital
1.
1. Cálculo da Prestação:
O autor.
R$6.000.000,00
5 6 7 24
R R R R
f FIN f FIN
n=4 n = 20 (número de prestações)
i = 3% i = 3%
PV = 6.000.000,00 PV = 6.753.052,86
FV = ? = 6.753.052,86 (valor no 4.º mês, antes PMT = ? = 453.911,23 (valor da prestação)
do início dos pagamentos)
R$5.940.000
mês
5 6 14 15 24
308
Gabarito
2.
1. Prêmio de Liquidez = 7%
Sensibilidade do beta
= 0,75 7% + (15% – 7%) . 0,75 = 13%
= 1,50 7% + (15% – 7%) .1,50 = 19%
CUSTO DE CAPITAL
PASSIVO VALOR (R$) PESO (%) CUSTO (%)
(%)
Fornecedores 240.000.000 48,0 0,00 0,00
Empréstimos Longo Prazo 104.000.000 20,8 (a) 5,40 1,12
Patrimônio Líquido 156.000.000 31,2 (b) 14,60 4,56
TOTAL 500.000.000 100,0 ∑ = 5,68%
309
Finanças Corporativas
Patrimônio Líquido:
D1 R$4,29
Kj = +g= + 8,0% = 14,60%
P0 R$65
6.
Patrimônio Líquido
Método de Gordon = (d1/ P0) + g = (5 / 100) + 0,02 = 0,07 = 7%
CUSTO
PASSIVO VALOR (R$) PESO (%) CUSTO (%)
CAPITAL (%)
Salários a Pagar 90.000 45,00 0,00 0,00
Impostos a Pagar 10.000 5,00 0,00 0,00
Empréstimos a Curto Prazo 20.000 10,00 1,43 0,14
310
Gabarito
Estrutura de capital
1.
Juros:
Atual = 8% . R$500.000
Plano A = (8% . R$500.000) + (9,5% . R$100.000)
Plano B = 8% . R$500.000
311
Finanças Corporativas
2.
a)
b)
DADOS INKOL
Total do Ativo 20.000.000
Participação Capital dos Sócios 40%
Valor Capital dos Sócios 8.000.000
Participação do Capital de Terceiros 60%
Valor do Capital de Terceiros 12.000.000
Taxa de Juros 15%
Valor dos Juros (R$) 1.800.000
Lucro Operacional 4.000.000
– Juros (1.800.000)
= Lucro Antes I.R. 2.200.000
– I.R. (40%) (880.000)
= Lucro Líquido 1.320.000
Lucro Líquido / Capital Sócios 16,50%
312
Gabarito
3.
4.
5.
313
Finanças Corporativas
314
Gabarito
2.
Empresa A Atual 20%
Receita 1.800,00 2.160,00 Preço 20,00
– Custos Variáveis –900.000 –1.080.000 Quantidade 90.000
– Custos Fixos –294.000 –294.000 Custo Variável Unitário 10,00
= LAJIR 606.000 786.000 Custo Fixo 294.000,00
315
Finanças Corporativas
3.
Empresa A Atual 20%
Receita 1.800.000 2.160.000 Preço 20,00
Custos Variáveis –900.000 –1.080.000 Quantidade 90.000
Custos Fixos –294.000 –294.000 Custo Variável Unitário 10,00
LAJIR 606.000 786.000 Custo Fixo 294.000,00
316
Gabarito
4.
5.
Empresa Alfa Atual Novo Atual Novo
Receita 10.000 10.000 Preço 10,00 10,00
Custos Variáveis –5.000 –4.500 Quantidade 1.000 1.000
Custos Fixos –2.500 –3.000 Custo Variável Unitário 5,00 4,50
LAJIR 2.500 2.500 Custo Fixo 2.500,00 3.000,00
6.
317
Finanças Corporativas
318
Referências
BAILEY, JR; HERBERT, S. Diz o banqueiro: “cuidado com o fluxo de caixa”. Publishers
Weekly, 1975.
LUBBEN, Richard T. Just in Time: uma estratégia avançada de produção. 2. ed. São
Paulo: McGraw-Hill, 1989.
Finanças Corporativas
MODIGLIANI, F.; MILLER, M. Corporate income, tax and the cost of capital: a correc-
tion. The American Economic Review, v. 53, n. 3, p. 433-443, jun. 1966.
MODIGLIANI, F.; MILLER, M. The cost of capital, corporate finance and the theory of
investment. The American Economic Review, p. 261-297, jun. 1958.
SILVA, José Pereira. Análise Financeira das Empresas. São Paulo: Atlas, 2005.
320
Anotações
Finanças Corporativas
322
Anotações
323