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Carga Elétrica 1

1. CARGA ELÉTRICA
1.1. CARGAS POSITIVAS E NEGATIVAS
Para o estudo da Eletricidade são indispensáveis certas noções mínimas a respeito da
estrutura da matéria. Assim, devemos recorrer a uma análise das características das partículas
elementares que compõem a matéria, bem como da maneira com que elas se arranjam.
Explicaremos, em função dessa análise, as propriedades elétricas que observamos diretamente ou
com o auxílio de instrumentos.
Logo a seguir, faremos um resumo breve do que se sabe atualmente sobre a estrutura da
matéria. Antes, porém, de abordar tais conhecimentos, é interessante analisar e procurar entender
uma grande variedade de fenômenos, muito ligados a nossa vida diária, denominados fenômenos
elétricos. Realmente, a todo instante estamos nos relacionando com fatos de natureza elétrica e
nosso modo de vida depende acentuadamente de técnicas e aparelhos elétricos modernos.
A seguir estão indicadas algumas experiências que
foram realizadas com o objetivo de estudar certos
fenômenos elétricos. No desenho ao lado, está representado
um bastão de plástico que é atritado com pedaço de seda.
Após o atrito, o bastão foi afastado e partido em dois
pedaços, sendo ambos colocados nas proximidades, um do
outro. Percebe-se que ocorre uma repulsão entre os dois
pedaços de plástico.
Na segunda experiência realizada, Conforme
esquema ao lado, um bastão de vidro é atritado com seda.
Em seguida, repetiu-se a seqüência da experiência anterior,
sendo que novamente percebeu-se o fenômeno da repulsão
elétrica entre os dois pedaços de vidro.
Na terceira experiência, resolveu-se colocar o
bastão de plástico próximo ao bastão de vidro e notou-se
que entre os bastões existia uma certa atração.
Em função destas experiências, concluiu-se que ao
serem atritados, os bastões adquirem eletricidades (cargas
elétricas), sendo que as mesmas originam forças elétricas.
Estas forças elétricas são de repulsão, quando os materiais
aproximados possuem o mesmo tipo de carga elétrica e as
forças são de atração, quando as cargas elétricas são diferentes.
Deduz-se que o bastão de plástico, quando atritado com seda adquiriu um determinado tipo
de eletricidade (carga elétrica) e o bastão de vidro quando atritado com a seda adquiriu um outro
tipo de eletricidade (carga elétrica).
Convencionalmente, vamos chamar de carga negativa (-) a eletricidade adquirida pelo
plástico quando atritado com a seda e de carga positiva (+) a eletricidade adquirida pelo vidro
quando atritado com a seda. Todas as eletricidades manifestadas por um corpo serão identificadas
como negativa ou positiva através da comparação com as eletricidades citadas acima. Para concluir
esta primeira parte é importante que você procure fixar a REGRA DE DU FAY que diz o seguinte:

“CARGAS ELÉTRICAS DE MESMO SINAL REPELEM-SE


E DE SINAIS OPOSTOS ATRAEM-SE”.

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2 Carga Elétrica

+ + +
CARGAS DE SINAIS DIFERENTES SE ATRAEM CARGAS DE SINAIS IGUAIS SE REPELEM

1.2. TEORIA ELETRÔNICA DA MATÉRIA


Sabe-se que toda matéria é formada de moléculas. Como exemplo, podemos citar a água,
cuja molécula é H2O, ou seja, dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio. Os átomos
constituem a menor porção da matéria, que conserva as propriedades do elemento em seu estado
normal. Cada átomo possui uma zona central e uma região que a circunda, sendo ambas
denominadas de, respectivamente, núcleo e eletrosfera.
No núcleo existem os prótons e os nêutrons e na eletrosfera situam-se os elétrons. Essas
três partículas elementares são apenas algumas entre outras tantas que existem nos materiais.
Ao elétron foi atribuída uma carga negativa devido a descoberta de que o bastão de
plástico quando atritado com seda, nas experiências realizadas, ficava com predominância destas
partículas. No caso do bastão de vidro atritado com a seda as partículas elementares que
predominam nele são os prótons e, de acordo com a convenção feita, foi atribuída a essas partículas
uma carga positiva.

ELÉTRON → CARGA ELÉTRICA NEGATIVA (-)


PRÓTON → CARGA ELÉTRICA POSITIVA (+)

No esquema ao lado, está representado o modelo atômico. O


núcleo, devido a presença dos prótons, possui uma carga positiva, a Núcleo

qual é responsável pela força de atração que mantém os elétrons,


girando nas suas respectivas trajetórias. As minúsculas partículas que
giram em torno do núcleo (elétrons) são submetidas a forças elétricas Elétron
que variam de elétron para elétron, dependendo da posição destes.

No desenho ao lado, temos um átomo representado por várias


camadas, além do núcleo. Em cada camada existem alguns elétrons, sendo
a mais importante para o estudo das propriedades elétricas, a camada mais
externa, chamada “camada de valência”. O núcleo é o responsável pela
manutenção dos elétrons no átomo. Esta força de atração exercida pelo
núcleo sobre os elétrons depende muito da distância, pois, quanto mais
distante do núcleo estiverem os elétrons, menor será a força de atração e
mais facilmente eles poderão deslocar-se para outro átomo.
Os elétrons fracamente ligados ao seu respectivo núcleo, que estão situados na última
camada (camada de valência), isto é, na camada mais distante do núcleo, são chamados de
“elétrons livres”. Isto não quer dizer que todos os elétrons da última camada sejam considerados
elétrons livres. Para aprofundar a questão da mobilidade dos elétrons nos materiais teríamos que
recorrer ao “modelo de bandas de energia ”- banda de valência e banda de condução.

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Como os prótons são partículas que estão fixas no núcleo e os elétrons podem se transferir
de um átomo para outro, no nosso estudo vamos nos preocupar sempre com a “falta ou excesso de
elétrons” no átomo ou nos corpos.
Nos experimentos mencionados anteriormente, a seda, inicialmente, estava neutra, de
modo que ela possuía o mesmo número de prótons e elétrons. Ao ser atritada com o vidro, este
ficou com carga positiva, devido ao número de elétrons ser inferior ao de prótons. Estes elétrons
cedidos pelo vidro foram ganhos pela seda, na qual, existe agora um número de elétrons superior ao
de prótons. Logo, a seda ficará carregada negativamente (excesso de elétrons).
No caso do bastão de plástico atritado com a seda, esta se carregou positivamente. Logo,
ela cedeu elétrons para o plástico, ficando assim com deficiência de elétrons. Nesse exemplo,
percebe-se que a seda pode ganhar ou ceder elétrons, ou seja, um mesmo corpo pode carregar-se
positivamente ou negativamente, dependendo da substância com a qual ele é atritado.
APÓS O ATRITO APÓS O ATRITO

SEDA VIDRO SEDA PLÁSTICO

O tipo de carga elétrica com que os corpos se eletrizam


(positiva ou negativa) não é sempre o mesmo. Assim, um corpo pode se
pele de coelho +
vidro
eletrizar positivamente ou negativamente, dependendo do outro corpo m ica
com o qual é atritado. Experimentalmente, estabeleceu-se uma série de lã
substâncias, denominada série triboelétrica, onde o atrito entre duas pele de gato
quaisquer delas faz aparecer carga positiva na substância que figura seda
antes na série, e carga negativa na outra. Ao lado, mostramos alguns algodão
elementos dessa série, bem como suas respectivas posições. plástic o

1.3. ELETRIZAÇÃO E IONIZAÇÃO F


No esquema ao lado, estão indicados um próton nas
proximidades de uma carga positiva (carga de prova) e um elétron nas Próton
proximidades da mesma carga de prova.
Tanto o próton como o elétron atuam sobre a carga de prova
F
positiva, ocasionando nela a mesma força elétrica, porém de sentidos
contrários. A carga de prova fica, então, submetida a uma mesma força Elétron
elétrica, sendo que no primeiro caso ela tende a deslocar-se para a direita
com certa velocidade. No segundo caso, a carga de prova tende a deslocar-se também com a mesma
velocidade, porém para a esquerda. Disto deduz-se que as duas partículas elementares, o próton e o
elétron, possuem a mesma quantidade de eletricidade (mesma carga elétrica), mas de sinais opostos.
A carga elétrica será representada pela letra q, sendo que sua unidade de medida (Sistema
Internacional de Unidades) é o COULOMB (C). A quantidade de carga elétrica de um próton é
igual, em módulo (valor numérico sem sinal), a quantidade de carga elétrica de um elétron.
Você aprendeu que cargas elétricas de mesmo sinal se repelem e que cargas elétricas de
sinais contrários se atraem. Como isto acontece quando os corpos carregados estão separados, tudo
indica que existem campos de forças em torno das cargas e que os efeitos de atração ou repulsão
resultam da interação entre esses campos. Esses campos são denominados de “campos elétricos”.

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Em condições normais, prótons e elétrons estão em correspondência biunívoca, isto é, a


cada elétron corresponde um próton. Logo, num corpo nestas condições a carga elétrica será nula.

“PARA UM CORPO NEUTRO ELETRIZAR-SE


É NECESSÁRIO QUE ELE PERCA OU GANHE ELÉTRONS”.

No primeiro desenho ao lado, percebe-se que o


número de prótons é igual ao número de elétrons. Assim, a
barra está neutra, pois ela é constituída de átomos
eletricamente neutros.
No segundo esquema, percebe-se que a barra ganhou
alguns elétrons. Os átomos que os receberam eletrizam-se (-).
Cada átomo eletrizado negativamente constitui-se num “íon
negativo” (ÂNION).
Na terceira figura, nota-se que a barra perdeu vários
elétrons passando a predominar os prótons. Cada átomo que
se eletrizou positivamente constitui-se num “íon positivo”
(CÁTION).
O processo de ganhar ou perder elétrons num átomo
é chamado de “ionização”. Devemos salientar que um corpo
neutro (por exemplo, um pente) quando ganha ou perde
elétrons fica carregado eletricamente e este processo é
denominado de “eletrização”. Se fôssemos analisar um
átomo deste pente, deveríamos afirmar que ele sofreu um processo de uma ionização.

Átomo Átomo eletrizado Átomo eletrizado


Neutro Positivamente Negativamente
(Cátion) (Ânion)

Como cargas elétricas não podem ser criadas, nem destruídas, podendo apenas serem
transferidas, percebe-se que um corpo neutro jamais será eletrizado se ele ficar totalmente isolado.
Pelo mesmo raciocínio, conclui-se também que a carga elétrica de um corpo isolado será sempre a
mesma, porque se um determinado corpo possui uma carga (+) q = 25C e se o mesmo se mantiver
isolado, sua carga elétrica será sempre positiva, valendo 25 Coulombs.

1.4. CONDUTORES E ISOLANTES


Existem materiais que permitem o deslocamento
de cargas elétricas através de si e outros que não
permitem este deslocamento. Logo, vamos classificar os
materiais em condutores e isolantes. Ao lado, temos um
isolador feito de porcelana e um cabo condutor
constituído de alumínio.

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No caso de utilizarmos pedaços de cobre num experimento de eletricidade, teríamos um


deslocamento de uma grande quantidade de cargas elétricas através de sua estrutura. Isto ocorre
porque o cobre, e os metais em geral, possuem abundância de elétrons livres. O cobre, por exemplo,
apresenta cerca de 1022 elétrons livres em 1(um) grama. Portanto, ele é classificado como material
condutor.

Numa esfera condutora


eletrizada, as forças de repulsão,
que agem entre as cargas de
- -- +
++ ++
mesmo sinal, fazem com que
- -- + +
elas se distribuam -- - + +
uniformemente na sua superfície,
conforme ilustrado na figura
-- + ++ Barra de metal
eletrizada

dada. Assim como na esfera, a


distribuição das cargas elétricas em qualquer corpo condutor se dá nas superfícies de tais corpos.
Os condutores podem ser sólidos, líquidos ou gasosos, sendo que o tipo de carga que se
movimenta em cada um deles é característico de cada espécie de condutor.
Nos condutores sólidos (fio de cobre, alumínio), as cargas livres são os elétrons. Estes
elétrons livres possuem muita facilidade de se deslocarem ao longo do material.
Nos condutores líquidos (soluções aquosas de ácidos, bases e sais), temos movimento de
íons positivos e íons negativos (cátions e ânions).
Nos condutores gasosos (lâmpadas de vapor de mercúrio, fluorescentes) teremos o
deslocamento de íons positivos, íons negativos e elétrons.

No caso de utilizarmos pedaços de borracha num experimento de eletricidade não teríamos


um fácil deslocamento de cargas elétricas através dela. Logo, a borracha será classificada como
material isolante, o qual é caracterizado como um material onde temos carência ou inexistência de
elétrons livres. A força elétrica não é suficiente para retirar os elétrons de suas órbitas normais. Isto,
no entanto, não quer dizer que um corpo isolante não possa ser eletrizado. Nos isolantes, as cargas
elétricas permanecem na região em que apareceram.
Como exemplos de isolantes sólidos podemos citar o algodão, papel, seda, madeira, vidro,
porcelana, mica, etc.. O isolante é tanto melhor quanto mais elevada for a temperatura que ele
permite alcançar sem deteriorar-se.
Existem também isolantes líquidos, sendo que um dos mais Bastão de borracha
conhecidos é o óleo, que é muito usado em transformadores, com a eletrizado em uma
extremidade
finalidade de isolar diferentes condutores. O óleo também pode ser
usado para impregnar substâncias sólidas como papel e seda, de
maneira a melhorar suas características isolantes.
Os gases constituem geralmente ótimos isolantes, sendo o Luva de Ó
exemplo típico, o ar. O único limite das propriedades de isolamento Borracha L
E
O
dos gases é constituído pela descarga que pode ocorrer, do contrário,
mantém-se um isolamento quase perfeito, que é o caso de condutores
aéreos que estão imersos no ar. Chave de fenda
com cabo
de plástico

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1.5. PROCESSOS DE ELETRIZAÇÃO


a) Atrito
Ao lado, temos o atrito entre dois corpos “de
materiais diferentes”, onde se retiram alguns elétrons das
órbitas dos átomos de um dos corpos, enquanto que o outro
trata de aprisionar estes elétrons. O material que recebe os
létrons (bastão de plástico) adquire carga negativa e o que
perde elétrons (seda) fica com carga positiva. Percebe-se que,
no processo por atrito, a quantidade de carga elétrica resultante
no bastão de plástico é igual, em módulo, a quantidade de
carga elétrica resultante na seda.
Como exemplos práticos de eletrização por atrito, podemos citar os seguintes casos: uma
caneta de plástico eletriza-se ao ser atritada com seda e atrai pedacinhos de papéis; um pente se
eletriza ao ser atritado nos cabelos de uma pessoa que atrai estes cabelos ou um filete de água; uma
roupa de nylon eletriza-se ao atritar-se com nosso corpo; um veículo em movimento se eletriza pelo
atrito com o ar; um tubo de PVC atritado com lã se carrega e atrai pedacinhos de isopor.

Régua de plástico eletrizada Pente eletrizado Pente eletrizado


atrai uma bola de isopor atrai os cabelos de uma pessoa atrai um filete de água

b) Contato
Bastão carregado positivamente quase
No esquema ao lado, temos o processo de tocando uma barra sem carga

eletrização por contato. Se um corpo possuir uma 1


certa carga elétrica, ele influenciará outros objetos
próximos. Esta influência poderá ser exercida através
do contato. Carga positiva significa falta de elétrons Os elétrons são atraídos pela carga positiva
e sempre atrai elétrons, ao passo que carga negativa
significa excesso de elétrons e sempre os repele. Se 2
você tocar com um bastão carregado positivamente
numa barra metálica sem carga, elétrons da barra
Quando o bastão toca a barra,
serão atraídos para o local do contato. elétrons passam para ele

Alguns dos elétrons deixarão a barra e 3


entrarão no bastão, carregando a barra positivamente
e diminuindo a carga positiva do bastão. Percebe-se
que um objeto carregado ao tocar num corpo neutro, O bastão esta agora
com menos A barra metálica possui
ele perderá parte de sua carga. carga positiva agora carga positiva

No processo de eletrização por contato, a


quantidade de carga total (carga do bastão + carga da barra) antes do contato é igual a quantidade da
carga depois do contato. Portanto, se considerarmos dois condutores de mesmas dimensões e
mesma forma, após o contato eles terão cargas iguais.

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q1 q1
2 2

q1 + q 2 q1 + q 2
2 2

Contato com a Terra


Em termos de manifestações elétricas, a Terra é considerada
como um enorme elemento neutro. Dessa forma, quando um
condutor eletrizado é colocado em contato com ela, há uma CONDUTOR
redistribuição de cargas elétricas proporcionais às dimensões, à
forma, e o tipo de substância do corpo eletrizado e da Terra, ficando, Representação
na realidade ambos eletrizados. Porém, como as dimensões do corpo do contato
são desprezíveis, quando comparadas com as da Terra, a carga com a terra
elétrica que nele permanece, após o contato, é tão pequena que pode
ser considerada nula, pois não consegue manifestar propriedades elétricas. Assim, ao se ligar um
condutor à Terra, dizemos que ele se descarrega, isto é, fica neutro.
Na prática, pode-se 1ª) condutor (carga negativa) 2ª) condutor (carga positiva)
considerar a Terra como um
enorme reservatório condutor
de elétrons. Então, ao
ligarmos um outro condutor
eletrizado à Terra, ele se
descarrega de uma das Os elétrons em excesso, no condutor, Os elétrons da Terra, são atraídos
formas apresentadas ao lado. escoam para a Terra, devido para o condutor, devido à atração
à repulsão entre eles. das cargas positivas.

c) Indução eletrostática
Você sabe que tocando-se numa barra metálica 1
- +- +- +- +
com um bastão carregado positivamente; elétrons da - +- +- +- +
barra se transferem para o bastão, ocorrendo deficiência - +- +- +- +
de elétrons na barra, a qual fica eletrizada positivamente. Os elétrons são atraídos pelo bastão carregador.

Suponha que, ao invés de tocar à barra com o bastão 2 - +- +- +- +


carregado positivamente, você apenas aproxime o bastão - +- +- +- +
(indutor) da barra (induzido). Neste caso (1) os elétrons - +- +- +- +
Os elétrons do dedo são atraídos e penetram na barra.
da barra serão atraídos à parte mais próxima do bastão,
produzindo uma carga negativa nesta parte. O extremo 3 - +- +- +- +-
oposto da barra ficará sem elétrons e portanto carregado - +- +- +- +-
positivamente. Existirão, então, três cargas: a carga - +- +- +- +-
O dedo é retirado. As cargas positivas estão neutralizadas.
positiva do bastão, carga negativa na parte da barra mais
próxima do bastão e a carga positiva no outro extremo da +- +- +- +-
barra. Tal situação permite que os elétrons de uma fonte 4 +- - +- - +- - + -
externa (seu dedo, por exemplo) entrem no extremo +- +- +- +-
O bastão é afastado e permanece
positivo da barra (caso 2), neutralizando a carga desse o excesso de elétrons.
extremo, fazendo com que a barra fique eletrizada
negativamente.

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O método de transferência de carga, que acabamos de ver, é chamado de indução


eletrostática, porque a distribuição de carga é induzida (provocada) pela presença do bastão
carregado e não pelo contato real. Na eletrização por indução, o induzido eletriza-se com carga de
sinal contrário à do indutor. A carga do indutor não se altera. Em função do que acabamos de
estudar, responda: um corpo eletrizado pode atrair um corpo neutro? Você já sabe que um bastão de
vidro, ao ser atritado com a seda, eletriza-se positivamente. Mas como ele pode atrair, por exemplo,
pequenos pedaços de papel que estão neutros?
Podemos explicar da seguinte maneira: os
elétrons existentes no papel são atraídos para o lado mais
próximo do bastão de vidro (bastão positivo), ficando o
outro lado do papel com excesso de cargas positivas. A
força de atração entre o bastão e o lado negativo do papel
é mais intensa do que a força de repulsão entre o bastão e
o lado positivo do papel. O resultado é uma atração.

1.6. ELETRICIDADE ESTÁTICA


Você já deve ter percebido que, ao ligar um aparelho de TV, os pêlos do seu braço ficam
eriçados se você estiver próximo da tela. Também, você deve ter notado alguns estalos e até faíscas
(no escuro) ao despir uma blusa, após usá-la por algum tempo. Estes fenômenos, conhecidos como
descarga eletrostática (ESD – ELETROSTATIC DISCHARGE), podem tornar-se extremamente
perigosos em ambientes industriais, em áreas onde se utiliza materiais e solventes inflamáveis e em
bancadas de produção de placas de circuitos eletrônicos, com componentes ultra-sensíveis (circuitos
integrados - CIs).
A eletricidade estática proporciona diversos tipos de defeitos no processo de fabricação,
sendo que tais efeitos têm sido cada vez mais problemáticos, em razão do uso de materiais
sintéticos e do aumento da velocidade das máquinas.
Para exemplificar, vale notar que alguns plásticos, ao passarem por equipamentos
industriais, geram centenas de volts de eletricidade estática. Estes materiais carregados podem ser
atraídos aos rolos das máquinas ou guias, causando perigo e improdutividade (enrolam-se no
cilindro, tornando-se um enorme capacitor, componente este que acumula cargas elétricas) capaz de
armazenar até 50.000 volts, proporcionado choques aos operadores e até mesmo colocando em risco
vidas humanas.
Um outro fator que influencia a concentração de eletricidade estática é a umidade relativa
do ar, sendo que, no caso dela ser elevada, ocorrerá um favorecimento à condução de cargas
elétricas, ou seja, o ar deixará de comportar-se como isolante e passará a comportar-se como
condutor.
A descarga eletrostática pode causar tanto a destruição total de um componente (10 % dos
casos), como danificá-lo parcialmente (90 % dos casos), diminuindo o seu tempo de vida útil. Este
último efeito é extremamente danoso, pois acaba provocando defeitos intermitentes (por exemplo,
quando o componente é submetido a variações de temperatura ou vibrações), causando muita
insatisfação aos clientes e custo elevado.
Existem vários tipos de materiais em termos de condutividade elétrica, ou seja, materiais
onde o movimento (quantidade e rapidez) de cargas elétricas, varia de material (isolante) para outro
(condutor). Existe uma classe intermediária (material dissipativo) que é muito usada numa estação
de trabalho protegida (ETP), onde a movimentação de cargas não encontra tanta facilidade como
nos materiais condutivos. Este movimento ocorre de forma suficiente a neutralizar os efeitos da
eletricidade estática, conduzindo as cargas estáticas de pessoas e objetos para a terra, através de um
caminho confiável.

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Os materiais isolantes são considerados os grandes vilões, pois nem mesmo aterramentos
serão suficientes para eliminar a carga eletrostática, sendo necessário a utilização de um ionizador
de ar. Este aparelho joga ar ionizado com ciclos alternados de carga elétrica, oportunizando a
neutralização num determinado ciclo do ionizador.
Existe uma série de
dispositivos que podem ser
utilizados como proteção contra
ESD. Como exemplos, podemos
citar a pulseira de aterramento
ajustável e a calcanheira.
Se você aproximar corpos com cargas elevadas, os elétrons poderão pular do corpo com
carga negativa para o corpo com carga positiva, antes dos dois entrarem em contato. Neste caso,
você verá de fato a descarga sob a forma de centelha (faísca). Com cargas muito elevadas, a
eletricidade estática poderá ser descarregada entre grandes espaços, causando centelhas de muitos
centímetros de comprimento.
Automóveis, caminhões e aviões podem adquirir cargas estáticas em conseqüência do
atrito de sua estrutura com o ar. Quando um veículo está conduzindo um líquido inflamável como a
gasolina ou quando um avião está reabastecendo de combustível, haverá a probabilidade de
incêndio ou explosão, se a carga estática se descarregar sob a forma de faísca.
Para evitar que isto
aconteça, os veículos que
transportam combustíveis
dispõem de uma corrente ou de
uma tira impregnada de metal,
ligada à carroceria e que se
arrasta pelo solo para
descarregar, continuamente, a
carga acumulada. Hoje em dia, Terminal para ligação à terra
existem pneus especiais,
constituídos de materiais
condutores para efetuarem esta descarga eletrostática. Os aviões, antes de serem reabastecidos, são
ligados ao solo por meio de um dispositivo especial que propicia esta descarga.

1.7. CÁLCULO E DETERMINAÇÃO DA CARGA ELÉTRICA


a) Cálculo da quantidade de carga elétrica (q)
Sabe-se que em módulo (valor sem sinal) a carga elétrica de um próton é igual a carga
elétrica de um elétron. Esta quantidade de carga elétrica, por constituir-se na menor porção de
eletricidade existente num corpo é denominada “CARGA ELÉTRICA ELEMENTAR”, a qual
será representada pela letra e (e = 1,6x10-19C). Assim, todas as outras quantidades de cargas
elétricas serão múltiplos inteiros da quantidade de carga elétrica elementar. Por isso, dizemos que a
carga elétrica é quantizada, isto é, é formada por um número inteiro de cargas elementares.

CARGA ELÉTRICA ELEMENTAR ⇒ e = 1,6x10-19C

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A partir do conhecimento da quantidade de carga elétrica


elementar, podemos determinar a quantidade de carga elétrica de
um corpo qualquer. No esquema ao lado, a barra superior tem 5
elétrons e 2 prótons. No esquema inferior, a barra foi dividida em
duas partes, A e B. Na parte A, o número de prótons é igual ao
número de elétrons, de modo que a quantidade de carga elétrica
correspondente é nula. Na parte B, estão indicados apenas os
A B
elétrons restantes, os quais serão os responsáveis pelas
manifestações elétricas.

Se tivéssemos apenas 1 elétron predominando, a


quantidade de carga elétrica seria 1,6x10-19C. Como temos 3
elétrons, basta multiplicarmos o valor anterior por 3, obtendo-se daí o valor da quantidade de carga
elétrica do corpo, ou seja uma carga negativa (-) q = 4,8x10-19C. Entre parênteses indica-se o sinal
dessa carga (excesso de elétrons ⇒ negativa).
Fazendo-se uma análise destes cálculos, notamos que a quantidade de carga elétrica de um
corpo está associada à diferença entre o número de prótons e o número de elétrons que existem no
corpo. Em função disto, podemos deduzir a seguinte expressão para o cálculo da quantidade de
carga elétrica.

q ⇒ quantidade de carga elétrica do corpo ou valor da carga elétrica

q = n.e n ⇒ nº de elétrons (ou prótons) que o corpo tem em falta ou excesso
 -19
e ⇒ carga elétrica elementar (1,6x10 C)


TABELA DE MÚLTIPLOS E SUBMÚLTIPLOS


DAS UNIDADES LEGAIS DE MEDIDAS

FATOR MULTIPLICADOR
PREFIXO SÍMBOLO
TERA T 1012
GIGA G 109
MEGA M 106
QUILO k 103
HECTO h 102
DECA da 101
DECI d 10-1
CENTI c 10-2
MILI m 10-3
MICRO µ 10-6
NANO n 10-9
PICO p 10-12

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PROBLEMAS RESOLVIDOS
1) Um determinado corpo possui 100 prótons e 80 elétrons. Determine o valor da quantidade da
carga elétrica existente no corpo.
np = 100 n = np – ne = 100 - 80 = 20
ne = 80 q=n.e
q=? q = 20.1,6 x 10-19C (+) q = 32 x10 C -19

2) Um determinado corpo eletrizou-se, ficando com uma quantidade de carga (-) q = 640µC.
Determine qual o tipo e qual o número de partículas que predominam neste corpo.
(-) q = 640µC = 640 x 10-6C
Como a carga é negativa, predominam os elétrons.
q = n . e ⇒ n = q/e = 640 x 10-6C/ 1,6 x 10-19C n = 400 x 1013 elétrons

b) Eletroscópio
Isolante
Os aparelhos destinados a verificar se um corpo está ou
não eletrizado são chamados eletroscópios. Um deles é o
eletroscópio de folhas (ao lado), constituído essencialmente de
uma haste condutora, uma esfera metálica e duas lâminas
metálicas. Este conjunto costuma ser envolvido por uma caixa Metal
protetora, apoiando-se nela por meio de um isolante.

No primeiro desenho ao lado, temos um bastão de plástico


descarregado sendo aproximado, sem encostar, da esfera do
eletroscópio neutro. Verificamos que suas lâminas metálicas
permanecem em repouso, indicando a “ausência de carga no bastão”. Neutro
Agora, no segundo desenho, temos um bastão de plástico carregado
negativamente sendo aproximado da esfera do eletroscópio. Neste
caso, haverá indução eletrostática na parte metálica do aparelho, sendo
que os elétrons livres da esfera serão repelidos, fazendo aparecer nas
folhas um excesso de cargas negativas. As duas folhas, estando
eletrizadas com cargas de mesmo sinal, se abrem em virtude da força
de repulsão entre elas. Portanto, a abertura das folhas do eletroscópio,
quando aproximamos um corpo de sua esfera, nos indica que este
corpo está eletrizado. É fácil perceber que, ao afastarmos o bastão de Eletroscópio sob
plástico, os elétrons das folhas serão atraídos para a esfera, a influência de
neutralizando a carga positiva aí existente. Consequentemente, as carga negativa
folhas do eletroscópio fechar-se-ão, pois não estarão mais eletrizadas.
Se ao invés de um bastão de plástico eletrizado negativamente, utilizássemos um bastão de
vidro eletrizado positivamente (com a mesma quantidade de carga, em módulo), ocorreria alguma
diferença no posicionamento das lâminas do eletroscópio?
Como o bastão de vidro tem carga positiva, os elétrons das
folhas serão atraídos pelo bastão e acumulam-se na esfera. Logo, as
lâminas ficarão eletrizadas positivamente, pois perderam elétrons,
portanto, ocorrerá uma repulsão entre eles originando a mesma
abertura do caso anterior. Afastando-se o bastão as lâminas Eletroscópio sob a
retornam à posição original. Concluiu-se então que, o fato das influência de carga
folhas de um eletroscópio se abrirem indica apenas que o bastão positiva
está eletrizado, mas não é possível determinar o sinal dessa carga.

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12 Carga Elétrica

QUESTÕES PROPOSTAS
1- Complete as lacunas a seguir:
a) Para que um corpo neutro se eletrize é necessário que ele ________ ou ________ elétrons.
b) Atritando-se um bastão de vidro com um pedaço de seda, ocorre uma passagem de
___________ da(o) _________ para a(o) __________.
2- Assinale, dentro dos parênteses, verdadeiro (V) ou falso (F).
a) ( ) Os elétrons lives estão situados sempre na camada mais próxima do núcleo.
b) ( ) A carga elétrica do núcleo de um átomo é positiva.
c) ( ) Mesmo desprezando-se o sinal, a quantidade de carga elétrica de um próton é diferente
da quantidade de carga elétrica de um elétron.
d) ( ) A eletrosfera de um átomo é uma região eletrizada positivamente.
e) ( ) Quando um átomo eletriza-se positivamente, é sinal de que ele ganhou prótons.
3- Responda as perguntas a seguir:
a) O que diz a regra de Du Fay?
b) Qual é a função de um eletroscópio?
c) Quais os três processos possíveis de se eletrizar um corpo?
d) O que significa a expressão “carga elétrica elementar”?
4- Numere a coluna da direita de acordo com a da esquerda.
1 – unidade de carga elétrica ( ) Cátion
2 – íon positivo ( ) Ânion
3 – íon negativo ( ) Átomo neutro
4 – n.º de elétrons = n.º de prótons ( ) Coulomb
5 – carga elétrica elementar ( ) 1,6 x10–19C
5- Assinale a afirmativa errada:
a) ( ) O que determina a quantidade de carga elétrica de um corpo é a diferença entre o n.º
de neutrons e o n.º de prótons.
b) ( ) A quantidade de carga elétrica de um corpo isolado é constante.
c) ( ) Na eletrização por atrito, de dois corpos neutros, a quantidade de carga elétrica final
nos corpos é a mesma, em módulo.
d) ( ) A quantidade de carga elétrica é quantizada, pois ela varia sempre em múltiplos
inteiros da carga elétrica elementar.
e) ( ) Um corpo neutro isolado não tem condições de se eletrizar.
6- Ao lado temos duas esferas “A” e “B”, sendo que A está eletrizada
negativamente e B está neutra. Se elas forem colocadas em contato,
podemos afirmar que: A B
a) B irá eletrizar-se positivamente;
b) Toda a carga de A passará para B;
c) B continuará sem carga elétrica;
d) A carga da esfera A diminuirá um pouco;
e) A carga total do sistema mudará.
7- Faça as transformações solicitadas abaixo:
a) 500mC = ________ C b) 0,004C =________ mC
c) 0,00002C = ________ µC d) 0,001 x 10-6C=________ nC

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Carga Elétrica 13

8- Na figura dada, os três bastões (A, B e C) estão B C


eletrizados. O bastão B é repelido pelo bastão A,
enquanto o bastão C é atraído pelo mesmo bastão. O que A A
acontecerá se aproximarmos o bastão B do bastão C?

9- No desenho ao lado, temos uma esfera eletrizada com carga positiva elevada.
a) Indique no objeto neutro (retângulo) à direita o posicionamento
aproximado dos elétrons e prótons.
b) Se, num segundo momento, fizermos um contato com a terra, haverá
algum deslocamento de elétrons pelo fio terra? Em caso afirmativo, em
qual sentido eles irão se deslocar?
c) Se, num terceiro momento, desfizermos o contato com a terra, em que
estado ficará o objeto retangular? Qual a denominação do corpo que
provocou e a do que sofreu a eletrização?
10- Um bastão metálico, positivamente carregado, é aproximado, sem encostar, da esfera do
eletroscópio. Em qual das seguintes alternativas melhor se representa a configuração das folhas
do eletroscópio e suas cargas, enquanto o bastão positivo estiver perto de sua esfera?

11- Tem-se três esferas idênticas e isoladas uma da outra (A, B e C). Duas delas estão carregadas (A
e B), sendo que a carga em cada uma destas esferas vale Q e a terceira esfera (C) está neutra. A
esfera C é colocada em contato, primeiro, com a esfera A. Logo em seguida, este contato é
desfeito e a esfera C é colocada em contato com a esfera B. Finalmente, as esferas são
novamente isoladas umas das outras. Qual a carga elétrica que fica armazenada na esfera C ?

12- Suponha que um pedaço de lã foi atritado nas extremidades de um pedaço


de plástico e, logo a seguir, este plástico foi suspenso no ar, de acordo com
o desenho ao lado.
a) Justifique, com detalhes, o aparecimento de uma força de repulsão
entre as extremidades da tira de plástico.
b) Se fosse introduzido um elemento eletricamente neutro (uma caneta ou
um dedo) entre as extremidades da tira, elas tenderiam a se atraírem.
Por quê?
13- Três esferas metálicas A, B e C idênticas têm cargas respectivamente, –Q, zero, e +Q. Faz-se A
tocar em B e depois de afastada ela (A) é colocada em contato apenas com C. Logo, podemos
afirmar que a carga final de A será igual a:
a) zero b) Q/8 c) Q/4 d) Q/2 e) 2Q/3

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14 Carga Elétrica

14- Uma esfera metálica X tem uma carga -q. Outra esfera Y,
idêntica, tem carga +2q. Se X e Y são conectadas por um fio
metálico cuja superfície é desprezível, comparada com a das
esferas, a carga Y será igual a:
a) 0 b) +q/2 c) +q d) -q e) +3q

15- Quando um bastão está eletricamente carregado, atrai uma bolinha condutora A, mas repele uma
bolinha condutora B. Podemos afirmar com certeza que:
a) a bolinha A está carregada positivamente.
b) a bolinha B está carregada negativamente
c) a bolinha A ou está neutra ou carregada com cargas de sinais contrários às do bastão.
d) ambas as bolinhas devem estar carregadas, necessariamente.
e) a bolinha B está descarregada.

16- O condutor esférico representado na figura foi carregado


positivamente e, em seguida, ligado à Terra. Quanto ao seu estado
elétrico final, pode-se afirmar que
a) ele continua carregado positivamente
b) ele descarrega-se porque há um escoamento dos prótons para a
Terra
c) ele neutraliza-se porque há um deslocamento de elétrons da Terra
para o condutor.
d) ele carrega-se negativamente porque há um deslocamento muito grande de elétrons da Terra
para o condutor.
e) nada se pode afirmar porque ora elétrons deslocam-se da Terra para o condutor ora prótons
deslocam-se do condutor para a Terra.

17- Analise as afirmativas abaixo, identificando a incorreta.


a) Quando um condutor eletrizado é colocado nas proximidades de um condutor com carga
total nula, existirá força de atração eletrostática entre eles.
b) Um bastão eletrizado negativamente é colocado nas imediações de uma esfera condutora
que está aterrada. A esfera então se eletriza, sendo sua carga total positiva.
c) Se dois corpos, inicialmente neutros, são eletrizados atritando-se um no outro, eles
adquirirão cargas totais de mesma quantidade, mas de sinais opostos.
d) A quantidade de carga elétrica acumulada num sistema formado por duas esferas carregadas
antes delas entrarem em contato entre si é diferente da quantidade de carga elétrica depois
delas serem colocadas em contato
e) Se dois corpos condutores idênticos e eletrizados com cargas de -2µC e +1µC forem
colocados em contato e depois afastados, podemos afirmar que a carga final em cada um
deles será de -0,5µC.

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Carga Elétrica 15

PROBLEMAS PROPOSTOS
1- Determinado corpo contém 80 prótons e 50 elétrons. Calcule o valor da quantidade de carga
elétrica existente no corpo.

2- Ao se eletrizar, um corpo recebeu 60 x 1020 elétrons. Qual é o valor da quantidade de carga


elétrica adquirida pelo corpo?

3- Um átomo de cobre (29 elétrons em condições normais) foi ionizado ao ganhar 7 elétrons. Qual
é o valor da quantidade de carga elétrica do átomo?

4- Se em vez de ganhar 7 elétrons, o átomo do exercício anterior, tivesse perdido 12 elétrons, qual
seria o novo valor da quantidade de carga elétrica adquirida pelo átomo?

5- Um corpo adquiriu uma carga negativa de 640 x 10-19 C. Determine o número de elétrons
responsáveis por esta carga.

6- Um corpo adquiriu uma carga positiva de 900µC. O corpo ganhou ou perdeu elétrons? Quantos?

7- Duas pequenas esferas idênticas A e B têm cargas (-)QA=14µC e (+)QB=50µC respectivamente.


As duas esferas são colocadas em contato e, após atingido o equilíbrio eletrostático são
separadas. Determine a quantidade de carga elétrica de cada esfera e quantos elétrons passaram
de A para B.

8- Três pequenas esferas de cobre, idênticas, são utilizadas numa experiência de Eletrostática. A
primeira (A) está inicialmente eletrizada com uma carga (+)QA=2,4nC, a segunda (B) não está
eletrizada e a terceira (C) está inicialmente eletrizada com uma carga (-)QC=4,8nC. Num dado
instante são colocadas em contato entre si as esferas A e B. Após atingir o equilíbrio
eletrostático, A e B são separadas uma da outra e, então, são postas em contato entre si as
esferas B e C. Podemos assim afirmar que, ao se atingir o equilíbrio eletrostático entre B e C, a
esfera C perdeu ou ganhou elétrons? Quantos?

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16 Lei de Coulomb

2. LEI DE COULOMB
Por que um bastão de vidro (ou um cano de PVC, ou uma régua de plástico) atrai pequenos
pedaços de papel ou isopor? A resposta só é possível admitindo que o bastão “aplica” uma força nos
pequenos fragmentos de papel. Essa força que age à distância é denominada de força eletrostática.
Imagine uma tira de plástico comum suspensa no ar,
conforme figura ao lado. Considerando que o plástico está em
condições normais (não eletrizado), não teríamos nenhuma
interação (ação recíproca) entre suas extremidades do plástico.
Agora, considere que houve um atrito entre as pontas
do plástico e um pedaço de lã. Se, em seguida, o plástico for
suspenso novamente com o dedo, perceberíamos uma repulsão
entre suas extremidades. Quando as pontas do plástico, atritadas
com lã, se repelem, tal interação se dá à distância. Também são
forças de origem eletrostática.
Que o bastão de vidro eletrizado, citado no início, age
sobre os pequenos fragmentos de papel não há dúvida, porém
também temos que admitir que os citados fragmentos, para
sofrerem ação de força, precisam estar parcialmente eletrizados
(por indução eletrostática). Se estão parcialmente eletrizados
também possuem a propriedade de atraírem. Logo, o fenômeno desencadeia uma ação recíproca:
“um age sobre o outro e o outro age sobre o um”. O raciocínio sobre as pontas do plástico é
semelhante, porém a interação se dá através de forças de repulsão.
Se analisarmos a força de repulsão entre as tiras do
plástico, concluiremos que são duas forças, e que possuem duas q1 q2
características comuns: tem a mesma direção e a mesma
intensidade (ou módulo). Não perca de vista que agem em corpos
diferentes e que as orientações ou sentidos de atuação (vide pontas F d F
das flechas) das forças, são contrários. Logo, essas forças de
atração ou de repulsão entre cargas elétricas são grandezas do tipo vetorial.
A direção da força elétrica entre duas cargas puntiformes ou pontuais (cargas que estão
distribuídas num corpo, cujo volume não é levado em consideração), é a reta onde está contido o
segmento que une as duas cargas. O sentido dessa força depende dos sinais das cargas.
Dos nossos comentários fica claro que:
• a interação elétrica ocorre à distância;
• a intensidade da interação elétrica diminui à medida que as cargas são afastadas umas as
outras, e aumenta quando as cargas se aproximam umas das outras;
• quando no atrito da lã com o plástico, conseguimos “eletricidade mais forte”(carga
elétrica maior), as forças de atração ou de repulsão (plástico x plástico) são maiores.
O que Charles Augustin Coulomb, em 1785, através de suas experiências com a balança de
torção precisou, a respeito da intensidade das forças de atração ou de repulsão, entre cargas
elétricas puntiformes, foi que:

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Lei de Coulomb 17

1- a intensidade das forças é diretamente proporcional ao produto dos valores absolutos das cargas;
F α q1 . q 2
2- a intensidade das forças é inversamente proporcional ao quadrado da distância entre as cargas;
Fα 1/d 2
3- a intensidade das forças depende diretamente do meio que envolve as cargas.
q 1 .q 2
Podemos associar as relações citadas, obtendo Fα
d2
Como sabemos, podemos transformar esta relação em uma igualdade introduzindo-se nela
uma constante de proporcionalidade adequada. Se o meio for o vácuo ou o ar, a constante será
k0 = 9 . 109.
Se usarmos o Sistema Internacional de Unidades, onde F é medido em Newtons (N), as
cargas em Coulombs (C), a distância em metros (m), a constante será medida em N.m2/C2. A
q1 .q 2
relação obtida está indicada ao lado. F = K0 .
d2

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18 Lei de Coulomb

QUESTÕES PROPOSTAS
1- A Lei de Coulomb afirma que a intensidade da força de interação entre duas cargas pontuais, q1
e q2, separadas por uma determinada distância, é:
a) inversamente proporcional à distância.
b) diretamente proporcional à distância.
c) inversamente proporcional ao quadrado da distância.
d) diretamente proporcional ao quadrado da distância.
2- A intensidade da força elétrica entre duas cargas elétricas puntiformes, q1 e q2, separadas por
uma distância d, depende:
a) somente da distância d e das cargas q1 e q2.
b) somente das cargas q1 e q2 .
c) das cargas q1 e q2, da distância d e do meio onde elas se situam.
d) somente da distância e do meio onde elas se situam.
3- Duas cargas elétricas puntiformes, q1 e q2, separadas por uma distância d, interagem com força
de intensidade F. Se uma das cargas duplicar, a força F:
a) também duplica.
b) se reduz à quarta parte.
c) se reduz à metade
d) quadruplica.
4- A intensidade da força de interação entre duas cargas elétricas puntuais q e q', é F, quando
separadas por uma distância. Se q duplicar e q' se reduzir á metade, a força passará a ser F'.
Deve-se ter:
a)F'=2F b)F'=4F c)F'=F d)F'=F/2
A força de interação entre duas cargas, q1 e q2, quando separadas pela distância d, tem
intensidade F. (Este enunciado se refere aos testes 5 e 6)
5- Reduzindo a distância à metade de d, a intensidade da força será igual a:
a)2F b)F/2 c)4F d)F/4
6- Triplicando a distância, a intensidade da força será igual a:
a)3F b)F/3 c)9F d)F/9
Duas cargas elétricas, q1 e q2, separadas pela distância de 9cm, interagem com uma força
de intensidade 36N. Mantendo q1 e q2 e o meio onde estas cargas se encontram, responda as
questões 7 e 8.
7- Duplicando a distância entre elas, a força elétrica terá valor igual a:
a)18N b)72N c)9N d)144N
8- Reduzindo a distância até 3cm, a força elétrica passará a ter o valor de:
a)324N b)4N c)108N d)12N

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Lei de Coulomb 19

PROBLEMAS PROPOSTOS
1- Calcule o valor da força elétrica entre duas pequenas esferas (cargas puntiformes) que distam
0,2m estão no vácuo e possuem quantidades de cargas (+)q1= 5,0 x 10-6C e (-)q2 = 8,0 x 10-6C.
Faça um esquema onde apareçam as duas cargas e o vetor força elétrica que atua em cada uma.
2- Perto de uma pequena esfera (1) eletrizada positivamente com uma quantidade de carga +2,0µC,
é posta uma outra esfera (2) como carga de prova. A força elétrica de interação entre elas vale
0,4N. Sabendo que a quantidade de carga na esfera (2) é +0,2µC, determine o valor da distância
entre as esferas.
3- A que distância uma da outra é preciso dispor, no vácuo, duas cargas q1=3 x10-5C e q2=4x10-5C,
para que elas se exerçam mutuamente uma força de 2 x102N?
4- Qual é o valor de duas cargas iguais que se repelem com uma força de 3,5N quando postas à
distância de 0,5m?
5- Duas cargas puntuais negativas, q1=4,3µC e q2=2,0µC, estão
situadas no ar, separadas por uma distância r=30cm (figura ao q1 q2
lado).
a) Desenhe, na figura, a força que q1 exerce sobre q2. Qual é o
valor desta força?
b) Desenhe, na figura, a força que q2 exerce sobre q1. Qual é o
valor desta força?
6- A figura dada representa três corpos com carga elétrica igual a q. A força elétrica que a partícula
A exerce em B tem intensidade F=3,0x10-6N.
Determine:
a) a intensidade da força elétrica que C aplica em B.
b) a intensidade da força elétrica resultante em B

A B C

- + +
2cm 1cm

7- Duas pequenas esferas estão eletricamente neutras. De uma das esferas são retirados
5x1014 elétrons, que são transferidos para a outra. Após essa operação, as duas esferas são
afastadas uma da outra de 8cm, no vácuo. Determine o valor da força de interação elétrica que
atuará sobre as esferas e diga se a esta força será de atração ou de repulsão entre as esferas.

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20 Campo Elétrico (Noções)

3. CAMPO ELÉTRICO (NOÇÕES)

3.1. CAMPOS GRAVITACIONAL E MAGNÉTICO


Sabe-se que cargas elétricas exercem forças entre si, sendo que cargas de mesmo sinal se
repelem e de sinais contrários se atraem. Este efeito de atração ou repulsão é conseqüência do
“CAMPO ELÉTRICO” existente na região onde as cargas estão colocadas.
Para entender mais facilmente o conceito de campo elétrico é conveniente fazer uma
analogia com o conceito de campo gravitacional.
A todo o momento assistimos manifestações do campo
gravitacional terrestre, de modo que sabemos, por experiência,
que um corpo abandonado nas proximidades da superfície P

terrestre irá cair. A Terra modifica as propriedades do espaço P


P
que a circunda, criando o que se chama de “CAMPO
GRAVITACIONAL TERRESTRE”, fazendo com que uma
certa massa, situada num ponto desse campo, seja atraída em
direção ao centro da Terra.
Do mesmo modo que o campo gravitacional dá origem a N S N S
forças, existe também o campo magnético. Experimentalmente,
verifica-se que um imã possui a propriedade de atrair ou repelir outro
ímã. Essa interação entre os ímãs se manifesta à distância e, por essa
razão dizemos que foi estabelecida uma interação entre campos. Nessa
região entre os ímãs existe um “CAMPO MAGNÉTICO”, o qual se percebe pelos seus efeitos, isto
é, este campo invisível provoca forças sobre os ímãs. Portanto, podemos dizer que um imã modifica
o espaço que o circunda, criando o campo magnético que faz com que um outro ímã situado num
ponto deste campo seja atraído ou repelido.

3.2. INTENSIDADE DE CAMPO ELÉTRICO


A existência de um campo elétrico está intimamente ligada à presença de corpos
eletrizados. Quando uma carga elétrica é colocada numa região onde existe um campo elétrico, ela
sofrerá a ação de uma força elétrica, a qual tenderá a movimentá-la.
A diferença básica entre as forças elétricas e as forças gravitacionais é que estas últimas
são sempre de atração, enquanto que as primeiras podem ser de atração ou de repulsão.
“DIZ-SE QUE EXISTE UM CAMPO ELÉTRICO NUMA CERTA REGIÃO DO ESPAÇO,
QUANDO UMA CARGA ELÉTRICA ALI COLOCADA, SOFRER A AÇÃO DE UMA FORÇA
ELÉTRICA”.
No esquema ao lado temos uma carga elétrica (+)Q fixa num certo +q
ponto de uma mesa horizontal. Uma pessoa, desejando verificar se existe
um campo elétrico no ponto P, coloca neste ponto, uma carga (+)q.
+ P
Q
Em função do exposto, vamos fazer alguns questionamentos:
1º) Em que situação a pessoa poderá concluir se existe um campo elétrico no ponto P?
Sabe-se que existe campo elétrico num certo ponto do espaço quando uma carga ali colocada sofre a
ação de uma força elétrica. Logo, se a carga (+)q colocada em P ficar submetida a uma força
elétrica, podemos afirmar que no referido ponto existe um campo elétrico.

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Campo Elétrico (Noções) 21

2°) Qual é a carga que criou o campo elétrico em P?


O campo elétrico em P existe devido a presença de alguma carga colocada nas
proximidades, ou seja, devido a presença da carga elétrica (+)Q.
3°) Como se denomina a carga (+)q colocada em P?
A carga elétrica (+)q é utilizada para provar que no ponto P existe um campo elétrico. Por
isto, esta carga ela é denominada de “carga de prova”.
4°) Retirando-se a carga (+)q do ponto P, o campo elétrico continuará existindo neste
ponto?
Normalmente, a carga de prova (+)q possui um valor infinitamente pequeno, em relação a
carga (+)Q criadora do campo. Assim, o campo elétrico no ponto analisado tem uma influência
desprezível em função da introdução desta carga de prova.
Se a carga elétrica (+)q for retirada do ponto P, continuará existindo campo elétrico neste
ponto, pois conforme foi explicado anteriormente, o campo elétrico em questão (que age) é
produzido por (+)Q.
a) Definição de Campo Elétrico (E)
Sabemos que, se um pequeno corpo está carregado com uma
carga (+)Q, ele dá origem a um campo elétrico nas suas (+)Q (+)q
proximidades. Verifica-se experimentalmente que, se um outro F
pequeno corpo com uma carga (+)q for colocado num ponto P,
próximo ao rprimeiro (conforme figura ao lado), ele ficará submetido P
a uma força F .
r
A força F tem a direção da linha que une os dois corpos e seu sentido depende dos sinais
das cargas elétricas envolvidas. No caso da figura anterior, ambas têm o mesmo sinal e assim a
força é de repulsão.
Se agora colocarmos no ponto P um segundo corpo (+)Q (+)2q 2F
com uma carga (+)2q, este sofrerá a ação de umar força de
intensidade duas vezes maior que a primeira, isto é, 2F . P
Se colocarmos no ponto P um terceiro corpo
com uma carga (+)3q, este irá sofrer a ação de (+)Q (+)3q
r uma 3F
força de três vezes maior que a primeira, isto é, 3F .
P
Assim, a força que age sobre um corpo
carregado, colocado num ponto determinado de um campo elétrico, é diretamente proporcional ao
valor da carga elétrica colocada em P.

“PARA UM DETERMINADO PONTO DO ESPAÇO QUE CIRCUNDA UMA CARGA


ELÉTRICA Q, A RELAÇÃO F/q É CONSTANTE PARA QUALQUER CARGA ELÉTRICA q
COLOCADA NESSE PONTO. ESSA CONSTANTE CARACTERIZA, QUANTITATIVAMENTE,
O CAMPO ELÉTRICO NAQUELE PONTO, SENDO REPRESENTADO POR E”.

Logo, se F α q, então F/q = constante = E

F
E=
Assim, teremos: q

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22 Campo Elétrico (Noções)

Concluindo, dizemos que a grandeza “Intensidade de Campo Elétrico”, usualmente


simbolizada por E, é definida pela relação entre a força que atua sobre a carga e o valor dessa carga
elétrica. O resultado dessa divisão nos fornece a força por unidade de carga colocada no ponto.
No Sistema Internacional de Unidade a força é medida em NEWTON
(N) e a carga elétrica em COULOMB (C). Portanto, a unidade da intensidade de campo
elétrico será NEWTON/COULOMB (N/C).

1N/C é a intensidade de um campo elétrico num ponto do espaço, onde foi colocada uma carga
de prova (+)q de 1C, ficando esta submetida a uma força de 1N.
r
b) Direção e Sentido de E
O campo elétrico é uma grandeza vetorial, isto é, ele possui um módulo ou intensidade,
r r
uma direção e um sentido. O campo elétrico E tem sempre a mesma direção da força F . Para
r
identificarmos o sentido de E devemos primeiramente tecer comentários sobre o produto de um
número por vetor.
r r
O produto de um número x por um vetor Z1 , resultará em um outro vetor Z 2 , dado por:
Intensidade : Z2 = x . Z1
r r
Direção: Z 2 tem a mesma direção de Z1 .
r r
Sentido: se x for positivo ⇒ Z 2 tem o mesmo sentido de Z1 .
r r
se x for negativo ⇒ Z 2 tem sentido contrário de Z1 .
r r r
Dado o vetor Z conforme figura ao lado, obteremos os vetores 2Z e - 3Z .

Z = 1m Z

2Z

r r
Na equação F = q . E , verificamos a aplicação do produto de um número q (carga elétrica)
r r
por um vetor E (campo elétrico) que resulta num outro vetor F (força). Portanto, teremos as
seguintes situações.
r r
− se q for positiva, a força ( F ) tem o mesmo sentido do campo elétrico ( E );
r r
− se q for negativa, a força ( F ) e o campo elétrico ( E ) tem sentidos contrários;
Sentido do campo produzido por Q
O sentido do vetor campo elétrico depende do sinal da carga que origina o campo,
conforme demonstramos a seguir:
1º) Carga Q criadora do campo é positiva
− carga de prova q é positiva; (+)Q
r (+)q F E
A força F será de repulsão (para a direita)
r r
e o sentido de E será o mesmo de F , pois q é P
positiva.

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Campo Elétrico (Noções) 23

- carga de prova q é negativa; (+)Q


r F (-)q E
A força F será de atração (para a esquerda)
r r
e o sentido de E será o contrário de F , pois q é P
negativa.

Percebe–se que independente do sinal de q, uma carga (+)Q


produz um campo elétrico sempre de “afastamento”. O campo elétrico em
torno de um corpo carregado é comumente representado por linhas de
força. Essas linhas imaginárias, que nunca se cruzam, são usadas para dar +
uma idéia visual do campo numa zona de espaço. Assim, elas nos ajudam
a compreender o que acontece quando os campos atuam em conjunto.

2º) Carga Q criadora do campo é negativa


− carga de prova q é positiva;
r (-)Q F E (+)q
A força F será de atração (para a esquerda)
r r
e o campo elétrico E tem o mesmo sentido de F , P
pois q é positiva.
− carga de prova q é negativa;
r E (-)q F
A força F será de repulsão (para a direita) e o
r r P
campo elétrico E terá sentido contrário a F , pois q é negativa.

Percebe–se que independente do sinal de q, uma carga (–)Q produz um campo elétrico
sempre de “aproximação”. Abaixo, à esquerda, temos a representação de um campo produzido por
uma carga negativa, através de suas linhas de força. Ao lado desta representação, temos duas
configurações de campos elétricos. Na região onde as linhas de força estão mais próximas, o campo
elétrico é mais intenso. Portanto, temos em A um campo elétrico maior do que em B . E no ponto C
o campo elétrico é nulo.

A
+ C + + -
-
B
par de cargas de mesmo par de cargas de mesmo
módulo e mesmo sinal módulo e sinais opostos

No esquema ao lado, está representado um


“campo elétrico uniforme”. Este campo tem o mesmo módulo,
a mesma direção e o mesmo sentido em todos os pontos
situados entre as placas eletrizadas. Estas placas condutoras E
estão carregadas com cargas de mesmo valor, mas de sinais
opostos. As linhas de força desse campo são retas paralelas e No espaço entre as placas
o campo é praticamente uniforme
igualmente espaçadas entre si.

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24 Campo Elétrico (Noções)

A intensidade E do campo elétrico criado por uma carga Q é diretamente proporcional ao


valor dessa carga e da constante elétrica do meio K, e é inversamente proporcional ao quadrado da
distância d entre a carga e o ponto considerado.
K = 9x10 9 N.m 2 /C 2 (no vácuo e no ar)
K.Q 
E= Q = módulo da carga elétrica (C)
d2 d = distância (m)

PROBLEMA RESOLVIDO
Num determinado ponto do espaço, existe um campo elétrico, cuja direção é vertical e
sentido para baixo. Colocando-se neste ponto uma carga elétrica positiva de 3µC, ela ficará
submetida a uma força elétrica de 6N. Determine o módulo (valor numérico) da intensidade de
campo elétrico e diga também a direção e o sentido da força elétrica.
q = 3µC = 3.10–6C
F 6N
F = 6N E = = ⋅ E = 2x106N/C
q 3.10 −6 C
E=?
r
Obs.: Sabe–se que E ⇒ vertical para baixo. Logo, temos uma das três situações
representadas a seguir:
a) b) c)
+ +

E E E

Campo produzido por Campoproduzido por Campo resultante de duas cargas,


positiva carga negativa uma positiva e outra negativa

Assim sendo, se colocarmos uma carga positiva no interior deste campo elétrico, ela
tenderá a deslocar-se para baixo, ou seja, ela ficará submetida a uma força elétrica de direção
VERTICAL e sentido PARA BAIXO. Isto é lógico, pois esta carga positiva será, ou repelida pela
carga positiva de cima (caso a) ou atraída pela carga negativa de baixo (caso b), ou ainda repelida
pela positiva de cima e, simultaneamente, atraída pela negativa de baixo (caso c).Nos esquemas
abaixo, está indicada a representação da força em cada caso.
a) b) c)
+ +

+q +q +q

F F F

E E E

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Campo Elétrico (Noções) 25

3.3. RIGIDEZ DIELÉTRICA


Vamos imaginar que um campo elétrico seja aplicado a um isolante, + E
+
de acordo com a figura ao lado. Nestas condições, uma força elétrica atuará + elétron
sobre seus elétrons, tendendo a arrancá-los de seus respectivos átomos. Isto +
ocorrerá quando a intensidade do campo elétrico atingir um valor elevado, o + -
qual, ocasionará uma força de valor suficiente para arrancar alguns elétrons +
isolante
dos átomos. Então, o material possui agora um número elevado de elétrons +
livres, transformando-se, portanto, num bom condutor de eletricidade. +

“O MAIOR VALOR DE CAMPO ELÉTRICO QUE PODE SER APLICADO A UM


ISOLANTE SEM QUE ELE SE TORNE CONDUTOR É DENOMINADO DE RIGIDEZ
DIELÉTRICA DO MATERIAL”.
O valor da rigidez dielétrica varia de um material para outro, pois alguns materiais
suportam campos muito intensos, mantendo-se ainda como isolantes, enquanto outros se tornam
condutores mesmo sob a ação de campos elétricos de intensidades baixas.
Vamos considerar, por exemplo, duas placas eletrizadas com cargas
iguais, mas de sinais contrários, separadas por uma camada de ar (componente + E
chamado capacitor). As duas placas são retilíneas e paralelas entre si e o + + -
campo elétrico entre elas é uniforme. Se o campo criado por estas placas for +
inferior a 3x106N/C (valor da rigidez dielétrica do ar), o ar permanecerá como +
isolante, de modo a impedir a passagem de cargas de uma placa para outra. + -
+ +
Entretanto, se o campo elétrico ultrapassar este valor, o ar se tornará condutor,
possibilitando que íons movimentem-se através do espaço.
Este movimento de cargas é chamado de descarga elétrica, a qual vem + -
acompanhada de uma centelha (emissão de luz) e de um pequeno ruído Bateria de
alta tensão
causado pela expansão do ar que se aquece com a descarga.
Portanto, sempre que observamos uma “faísca elétrica” saltar de um corpo para outro (do
pente para o cabelo, de uma roupa de nylon para o corpo, entre os terminais de um interruptor, etc.)
podemos concluir que a rigidez dielétrica do ar situado entre estes corpos foi ultrapassada e ele se
tornou um condutor.
Vamos analisar agora, o caso prático das descargas
elétricas que ocorrem em dias de tempestades. Nesta situação,
verifica-se a existência de uma separação de cargas, ficando, por
exemplo, uma nuvem eletrizada positivamente e a outra eletrizada
negativamente.
Analisando a figura ao lado, podemos deduzir que entre as
nuvens surge um campo elétrico. Além disso, estando a nuvem mais
baixa com carga positiva, ela irá induzir uma carga negativa na
superfície da Terra e, portanto, entre esta nuvem e a Terra
estabelece-se também um campo elétrico. À medida que aumentam
as cargas elétricas nas nuvens, as intensidades dos campos vão
aumentando, acabando por ultrapassar o valor da rigidez dielétrica Terra
do ar. Quando isto acontece, o ar torna-se condutor, ocasionando
uma descarga elétrica, ou seja, aparecem raios.

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26 Campo Elétrico (Noções)

3.4. PODER DAS PONTAS (pára-raios)


Um fenômeno interessante relacionado com o
conceito de rigidez dielétrica é o que se refere ao poder das
pontas. A quantidade de carga existente por unidade de
área (densidade) num condutor depende de sua forma
geométrica e é maior nas regiões de menor raio.
Assim, em uma esfera eletrizada, a concentração das cargas é a mesma em todos os pontos
de sua superfície, mas em um condutor cuja superfície apresenta formato variável a densidade de
cargas é muito maior nas regiões pontiagudas (figura ao lado).
Se aumentarmos a carga elétrica no condutor metálico, a intensidade do campo elétrico em
torno dele também irá aumentar. É fácil percebermos que na região mais pontiaguda o valor da
rigidez dielétrica do ar será ultrapassado antes que isto ocorra nas demais regiões.
O poder das pontas encontra uma importante aplicação na
construção dos pára–raios. Este dispositivo consiste essencialmente numa
ponta metálica, que deve ser colocada no ponto mais elevado do local a
ser protegido. O pára-raios é ligado à Terra por meio de um bom
++
condutor. Quando uma nuvem elétrica passa sobre o local, o campo ++

elétrico estabelecido entre a nuvem e a Terra torna-se muito intenso.


Então, o ar se ioniza, tornando-se condutor, fazendo com que a descarga
++ +
++
elétrica (raio) se processe através da ponta do pára-raios, e assim as cargas Gasolina TABAJARA

elétricas podem ser transferidas para a Terra ou para as nuvens sem causar
danos. Existe maior probabilidade de o raio cair no pára-raios do que em
outro local da vizinhança.
Na prática, observa–se que a “região de proteção” de um pára-raios é um círculo, em torno
do prédio em que é colocado, de raio aproximadamente igual a duas vezes e meia a altura desse
prédio. Assim, um edifício de 30m (10 andares) de altura, por exemplo, protege uma região circular
de 75m de raio.
Convém lembrar que em dias de tempestade é preferível molhar-se a ficar sob uma árvore
ou qualquer outra cobertura que possa funcionar como um pára-raios inoportuno.

3.5. BLINDAGEM ELETROSTÁTICA


Em corpos carregados eletricamente, observa-se que as cargas elétricas em excesso se
repelem, permanecendo o mais afastado umas das outras. Estas cargas se distribuem na superfície
dos corpos, que rapidamente adquirem seu estado final de equilíbrio eletrostático, isto é, suas cargas
elétricas em excesso ficam em repouso. Se as cargas estão em repouso, a força resultante que atua
sobre eles é nula. Se a força é nula, como F=q . E, o campo elétrico também será nulo.

“O CAMPO ELÉTRICO NO INTERIOR DE UM CONDUTOR EM EQUILÍBRIO


ELETROSTÁTICO É SEMPRE NULO”.

Em eletricidade, blindar significa isolar um corpo de influências elétricas (desenho a


seguir). Assim, se queremos proteger um aparelho contra essas influências, colocamos sobre ele
uma capa ou uma rede metálica. Como no interior da capa ou da rede o campo elétrico é nulo, o
aparelho não será afetado por nenhum efeito elétrico exterior.

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Campo Elétrico (Noções) 27

Há mais de um século, o físico inglês Michael Faraday,


construiu uma gaiola de metal, grande e isolada da Terra. Entrou na +
+
gaiola com um eletroscópio e pediu para uma pessoa que carregasse A + B
eletricamente a gaiola. Esta ficou tão carregada que dela saltavam +
faíscas. No entanto Faraday nada sofreu nem o eletroscópio detectou
Corpo “B”não sofre influência
qualquer carga. Em função desse experimento essa gaiola ficou da carga do corpo “A”

conhecida como “gaiola de Faraday”.


A proteção que um automóvel oferece contra possíveis danos
elétricos às pessoas que estão dentro dele explica–se a partir do
funcionamento da gaiola de Faraday. Se um carro for atingido por um
raio, por exemplo, as pessoas que estiverem no seu interior nada
sofrerão, porque a estrutura metálica do carro isola o seu interior de
qualquer influência elétrica externa.
Uma aplicação prática deste fenômeno consiste no uso de
sacos de blindagem contra eletricidade estática para transporte de componentes eletrônicos
sensíveis. Existem sacos especiais que oferecem proteção contra os três tipos de problemas da
estática: carregamento tribo-elétrico, campos eletrostáticos e descarga direta. Em redes de tv a cabo,
existe uma capa metálica externa, que também tem a função de efetuar uma blindagem, ou seja, ela
isola os fios internos de alguma influência elétrica que poderia perturbar a transmissão de
informações.

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28 Campo Elétrico (Noções)

QUESTÕES PROPOSTAS
1- Num ponto próximo à superfície da Terra existe um campo elétrico de 80N/C, dirigido
verticalmente para baixo. Sabendo-se que este campo é causado por uma carga elétrica existente
na Terra, qual é o sinal desta carga?

2- No esquema ao lado, está representado um fio condutor onde


existem três elétrons livres. As extremidades “a” e “b” deste fio
a b
foram ligadas, respectivamente, aos pólos positivo e negativo de
uma bateria, de modo que irá surgir um campo elétrico no
+ -
interior do condutor. Complete as lacunas a seguir:
a) Dentro do fio existe um campo elétrico cujo sentido é da extremidade ___ para a
extremidade ___.
b) Em função do campo elétrico, surgirá um(a) _______________ que atuará sobre os elétrons
livres, os quais tenderão a se deslocar da extremidade ___ para a extremidade ___.

3- Se na questão anterior, a polaridade da bateria fosse invertida, o que iria acontecer com o
sentido:
a) do campo elétrico? b) da força elétrica sobre os elétrons?

4- Assinale a afirmativa errada.


a) O campo elétrico é uniforme quando E tem o mesmo módulo, mesma direção e mesmo
sentido em todos os pontos.
b) Quando os elétrons de um fio se deslocam é sinal que existe um campo elétrico entre suas
extremidades.
c) Quando uma carga é colocada no interior de um campo elétrico, ela sofre a ação de uma
força elétrica, cujo sentido depende do sinal desta carga.
d) As linhas de força de um campo elétrico qualquer são sempre representadas por retas
paralelas e eqüidistantes entre si.

5- Responda as perguntas a seguir:


a) Duplicando–se o valor da carga elétrica que está imersa num campo elétrico, o que irá
acontecer com o valor da força sobre a referida carga?
b) Qual é a unidade utilizada no Sistema Internacional de Unidades, para a medição da
intensidade de campo elétrico?
c) Um corpo eletrizado, quando colocado num determinado campo elétrico sofreu a ação de
uma força elétrica F. Se o mesmo corpo for colocado numa outra região e ficar submetido a
uma força elétrica cinco vezes menor, o que podemos afirmar sobre a intensidade do campo
elétrico, nesta outra região (compare os dois campos)?

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Campo Elétrico (Noções) 29

6- Assinale, dentro dos parênteses, verdadeiro (V) ou falso(F).


a) ( ) Quando um isolante se comportar como elemento condutor é sinal de que sua
rigidez dielétrica foi ultrapassada.
b) ( ) No caso de existir um campo elétrico superior a 3x106N/C entre duas nuvens com
cargas de sinais contrários, deverá surgir uma faísca.
c) ( ) O poder das pontas refere-se ao fenômeno da concentração das cargas elétricas que
ocorre nas regiões mais planas do material.
d) ( ) A extremidade superior de um pára-raios sempre se eletriza positivamente,
independente do tipo de carga que possui a nuvem mais próxima.
7- Um feixe de ânions incide horizontalmente no centro A
de um anteparo vertical, como mostra a figura deste E
problema. Se for aplicado ao feixe apenas um campo C
D
elétrico E , como aquele mostrado na figura, para
onde seria desviado o feixe?
B

8- Quando abandonamos uma carga (+q) num ponto de um campo elétrico qualquer, podemos
afirmar que ela:
a) ficará em repouso.
b) se movimentará no sentido das linhas de força.
c) se movimentará no sentido contrário das linhas de força.
d) se movimentará inclinada em relação às linhas de força.
e) N.D.R.

9- Um estudante distribui pequenos pedaços de papel sobre uma placa de isopor debaixo de uma
peneira de plástico. Ele atrita um pente em seus cabelos, aproxima-o da peneira e repara que os
papéis são atraídos pelo pente. Depois troca a peneira de plástico por outra peneira metálica e
repete o experimento. Observa, então, que os papéis não são atraídos pelo pente.
Essa diferença de comportamento é devido ao fato de que a:
a) eletricidade do pente ser anulada pelo magnetismo da peneira metálica.
b) peneira de plástico e os pedaços de papel serem isolantes elétricos.
c) peneira metálica criar uma blindagem eletrostática.
d) peneira metálica ter propriedades magnéticas.
e) peneira de plástico não ser feita de material isolante.

10- A figura representa uma carga puntiforme + Q e um


ponto P do seu campo elétrico, no qual é colocada uma
carga de prova -q. Qual dos conjuntos de segmentos orientados abaixo representa o vetor campo
elétrico (E) em P e a força que atua sobre -q?

F E E F F E
a) b) c)
P P P

e) E F
d) E F
P P

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30 Campo Elétrico (Noções)

11- Uma partícula carregada penetra em um campo elétrico uniforme


existente entre duas placas planas e paralelas A e B. A figura
mostra a trajetória curvilínea descrita pela partícula.
A alternativa que aponta a causa correta desta trajetória é:
a) a partícula tem carga negativa, e a placa A tem carga positiva.
b) a partícula tem carga positiva, e a placa A tem carga negativa.
c) a partícula tem carga negativa, e a placa B tem carga positiva.
d) a partícula tem carga positiva, e a placa B tem carga negativa.

12- Um ponto P está situado à uma mesma


distância de duas cargas, uma positiva e a) + b) +
outra negativa, de mesmo módulo.
Assinale a opção que representa _ P E _ E P
corretamente a direção e o sentido do
campo elétrico criado por essas cargas no E
ponto P. c) + d) + P
_ P _
E

e) o campo elétrico é nulo em P.

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Campo Elétrico (Noções) 31

PROBLEMAS PROPOSTOS
1- Verifica–se que uma carga positiva de 1,5µC, colocada num ponto P. fica sujeita a uma força
elétrica de 0,6N. Qual é a intensidade do campo elétrico em P?

2- Uma pessoa verificou que, no ponto P da figura ao lado existe um


campo elétrico E , horizontal, para a direita, criado pelo corpo eletrizado +
positivamente. + P E
Desejando medir a intensidade de campo em P, a pessoa colocou neste +
ponto uma carga q=2x10–7C e verificou que sobre ela atuava uma força +
F=5x10–2N. Qual o valor da intensidade do campo elétrico em P?

3- Retirando-se, no exercício anterior, a carga q e colocando-se em P uma carga positiva


q1=3x10–7C, qual será o valor da força elétrica F1 que atuará sobre esta carga e qual o sentido do
movimento que ele tenderá a adquirir?

4- Num ponto do espaço existe um campo elétrico de 5x104N/C, horizontal, para a esquerda.
Colocando-se uma carga q neste ponto, verifica-se que ela tende a se mover para a direita,
sujeita a uma força elétrica de 0,2N.
a) Qual é o sinal da carga q?
b) Determine, em microcoulomb (µC), o valor de q?

5- Num ponto P do espaço existe um campo elétrico de valor igual a 10kN/C,


P
com direção e sentido representados na figura. Colocando-se neste ponto
um objeto eletrizado com uma quantidade de carga desconhecida, ele
desloca-se verticalmente para cima, sob ação de uma força de 160mN.
Determine o valor da carga existente no objeto e diga também o seu sinal.
E

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32 Diferença de Potencial

4. DIFERENÇA DE POTENCIAL ELÉTRICO

4.1. NOÇÕES DE ENERGIA E TRABALHO


Sabe-se que ocorre um movimento de elétrons através de um condutor quando o mesmo
for submetido a um campo elétrico. Esses elétrons ficam sujeitos a forças elétricas que tendem a
provocar o citado movimento, o qual deverá persistir se entre as
extremidades do condutor for mantida uma diferença de
potencial. Logo, haverá a necessidade de “energia” ou podemos
dizer também que isto exigirá “trabalho”.
Na figura ao lado, vimos uma bola de bilhar sendo
impulsionada por um jogador, de modo a colidir com outras
bolas que estão, inicialmente, em repouso em relação à mesa.
Após o choque, essas esferas adquirem movimento. Dizemos que
a primeira esfera possui uma certa quantidade de “energia” que,
após a colisão, é parcialmente transferida para as demais bolas,
possibilitando, assim, os seus movimentos.
Através do exemplo mencionado acima, vemos que a
noção de energia pode estar relacionada com movimento. Um
sistema possui energia se está em movimento ou se é possível
obter movimento a partir da situação em que ele se encontra.
ENERGIA ⇒ CAPACIDADE DE REALIZAR TRABALHO

Não esqueça que a energia não é criada


nem destruída, é apenas transformada ou
transferida. O processo de transferência ou de
transformação da energia está, em geral, associado
a troca de forças entre os corpos e ao deslocamento
do ponto de aplicação dessas forças. d

Para melhor entender este processo vamos


introduzir uma grandeza que leve em conta a força e o deslocamento. Essa grandeza é denominada
“trabalho” de uma força.
No esquema ao lado, o homem aplica uma força constante sobre o bloco. Entre o bloco e o
solo supõe-se não haver atrito. O bloco recebe “energia” do homem: ela pode ser medida através do
“trabalho (W)” da força (F) na expressão a seguir:

W = F.d
W : trabalho realizado (Joule) (J),

F : força aplicada (Newton) (N), 1 J = 1 N .1 m
d : deslocamento do bloco (Metro) (m).

O trabalho de uma força é uma grandeza escalar (número + unidade) que corresponde à
medida de uma quantidade de energia transferida ou transformada entre os sistemas. Deve-se evitar
o uso da expressão “trabalho de um corpo”, pois trabalho é um conceito associado a uma força
resultante aplicada ao corpo, e não ao corpo em si.

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Diferença de Potencial 33

O trabalho é uma grandeza muito útil em Física, sendo que nossa definição especial da
palavra “trabalho” não corresponde ao uso vulgar do termo, o que pode causar alguma confusão.
Uma pessoa parada que segura uma grande pedra no ar pode dizer que está realizando um trabalho
duro - e ela pode realizar um trabalho duro no sentido fisiológico - mas do ponto de vista da Física
afirmamos que ela não está produzindo nenhum trabalho, uma vez que a força aplicada não provoca
deslocamento.

4.2. DIFERENÇA DE POTENCIAL ENTRE DOIS PONTOS (VAB)


a) Definição
+
Suponhamos um corpo eletrizado positivamente, criando um +
+
campo elétrico no espaço em torno dele. Consideramos dois pontos a e b +
+ F
+
neste campo elétrico, de acordo com a figura ao lado. Se uma carga de +
a b
+
prova (+)q for abandonada em “a”, sobre ela atuará uma força elétrica F +
+
devida ao campo. Suponhamos ainda que, sob a ação desta força, a carga +

se desloque de a para b.
Como sabemos, neste deslocamento a força elétrica estará realizando um “trabalho” que
vamos designar por Wab. Noutras palavras, Wab representa uma certa quantidade de “energia” que
a força elétrica F transfere para a carga (+)q em seu deslocamento de a para b.
Uma grandeza muito importante no estudo dos fenômenos elétricos está relacionada com
este trabalho. Esta grandeza é denominada “diferença de potencial” entre os pontos a e b, sendo
representado por Vab e definida pela seguinte relação:
Wab
Vab =
q

“QUANDO UM CAMPO ELÉTRICO REALIZA UM TRABALHO SOBRE UMA CARGA


QUE SE DESLOCA ENTRE DOIS PONTOS A E B, O VALOR DA DIFERENÇA DE
POTENCIAL ENTRE ESTES PONTOS É OBTIDA DIVIDINDO-SE O VALOR DO
TRABALHO REALIZADO PELO VALOR DA QUANTIDADE
DE CARGA ELÉTRICA DESLOCADA”.

b)Unidade

u ( Wab) Joule (J)


u (Vab) = u (Vab) = u(Vab) = VOLT(V)
u(q) Coulomb (C )

u(Vab) = VOLT(V)
Quando se diz que a tensão elétrica Vab entre dois pontos é muito grande (alta tensão -
AT), isto significa que o campo elétrico pode realizar um grande trabalho sobre uma dada carga que
se deslocaria entre esses pontos. O conceito de ddp está muito relacionado com nossa vida diária.
Você já deve ter ouvido falar, por exemplo, que em certas residências existem tomadas elétricas de
110V ou de 220V.

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34 Diferença de Potencial

Como vimos, sendo 110V=110J/1C, isto significará


que, se um aparelho elétrico for ligado nesta tomada, cada
carga de 1C que se deslocar de um terminal para o outro, 1C
receberá 110J de energia do campo elétrico existente na
tomada (a carga, por sua vez, transfere ao aparelho esta 1C
energia). Do mesmo modo, quando dizemos que a bateria de
uma automóvel apresenta uma ddp de 12V, teremos uma 110V 12V
energia de 12J transferida para cada 1C que se deslocar de um
pólo para outro.

1V é a diferença de potencial suficiente para fazer com que uma carga de 1C se movimente
entre dois pontos, sendo que o trabalho produzido pelo campo elétrico é de 1J.

PROBLEMAS RESOLVIDOS
1- Suponhamos que uma carga positiva q = 2x10-7C se deslocasse entre dois pontos “a” e “b” e que
o trabalho realizado pela força elétrica, sobre ela, fosse Wab = 5x10-3J. Qual é o valor da ddp
entre os pontos “a” e “b” (Vab)?
q = 2x10-7C Vab = Wab/q
-3
Wab = 5x10 J Vab = 5x10-3J/2x10-7C
Vab = ? Vab = 2,5x10 4 V

2- Um certo ponto “a” possui um potencial de 200V e um ponto “b” possui um potencial de 60V.
Determine o valor:
a) da ddp existente entre os dois pontos (Vab=Va - Vb);
b) do trabalho elétrico realizado pela força elétrica sobre uma carga positiva de 5µC deslocada
de “b” (Vb=potencial inicial) para “a” (Va=potencial final) (Vab=potencial final - potencial
inicial).
Va = 200V Vab = Va - Vb = 200 - 60
Vb = 60V Vab = 140V
Vab = ? Wab = Vab . q
Wab = ? Wab = 5.10-6C x 140V
q = 5µC = 5x10-6C Wab = 700µJ

4.3. TIPOS DE TENSÃO E MEDIÇÕES


a) Tensão contínua (CC) ou (DC)
A tensão contínua origina um movimento unidirecional de cargas elétricas, isto é, a mesma
quantidade de carga se movimenta sempre com o mesmo sentido. Este tipo de ddp é fornecido por
pilhas ou baterias, portanto o fio ligado ao pólo positivo é denominado de “fio positivo”, enquanto
que o fio ligado ao pólo negativo da fonte é denominado de “fio negativo”. Num gráfico (desenho a
seguir) do comportamento da ddp em função do tempo, obtém-se uma linha reta, indicando que
para instantes diferentes de tempo, corresponde sempre um único valor de ddp.

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Diferença de Potencial 35

VAB
A B
- + VAB

Elétrons

0 t1 t2 t3 t4 t
L

b) Tensão alternada (CA) ou (AC)


A tensão alternada, conforme o próprio nome sugere, origina um movimento de cargas que
varia, em quantidade e em sentido. Nas tomadas elétricas residenciais, que são alimentadas por
alternadores, existem tensões alternadas. Um dos fios é denominado de “fio fase” e o outro é o “fio
neutro”. O gráfico desenhado abaixo representa a variação desta ddp em função do tempo. Nota-se
que, para instantes diferentes de tempo, correspondem valores diferentes de ddp. Por exemplo, nos
instantes t1 e t3 existem ddp de mesmo valor, porém com polaridades invertidas, de modo que o
movimento de cargas no instante t1 possui um sentido contrário ao movimento de cargas no
instantes t3.

V AB
A B VAB

Elétrons Vmáx.

Elétrons

-Vmáx.
L

A ddp alternada representada no mesmo gráfico é chamada de senoidal, sendo que entre os
instantes t0 e t4 existe um ciclo completo, ao longo do qual a grandeza elétrica atinge todos os
valores instantâneos possíveis. Nos terminais das tomadas de nossas casa, temos uma ddp alternada
de freqüência igual a 60Hz (Hz = hertz = ciclos/segundo).
c) Instrumento de medição
A grandeza “diferença de potencial (ddp)” pode ser também
denominada de “voltagem”, “tensão elétrica” ou ainda “força eletromotriz
(f.e.m.)”. O instrumento utilizado para medir essa grandeza é o voltímetro.
V

Para se medir a ddp entre dois pontos de um circuito, os terminais do


medidor devem ser conectados a esses pontos. Desse modo, o medidor fica em
paralelo com o trecho do circuito compreendido entre os pontos, sendo que
sua introdução não altera o funcionamento do referido circuito.
V
Ao lado apresentamos o aspecto físico de um voltímetro, o seu
símbolo e a maneira de como ligá-lo numa medição.
O multímetro é um instrumento que pode realizar vários tipos de
medições, como por exemplo, de ddp, de corrente elétrica e de resistência
elétrica. No momento nos interessa apenas a sua utilização como medidor de
ddp, ou seja, como voltímetro.
V

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36 Diferença de Potencial

Abaixo, ilustramos a parte frontal de um multímetro digital.

MULTÍMETRO DIGITAL
FUNÇÕES ESCALAS

Ω A- A V- V 200 2 20 200 2 20 LIGA


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

AMP COMUM V-Ω Ω KΩ MΩ MΩ

x y z mV V KV

µA mA A

Medição de tensão com um multímetro


Bornes para cabos: usamos letras para identificá-los. O borne de letra X (Amp), será visto
posteriormente, o de letra Y (comum), sempre utilizado, e o de letra Z (V - Ω), usado na medição de
ddp.
Teclas de funções: foram numeradas de 1 a 5, para facilitar a realização de medições e
aplicação nos exercícios. No momento, como dissemos anteriormente, só nos interessa as teclas de
-
nº 4 ( V , ddp contínua), ou nº 5 ( V ,ddp alternada), pois são as utilizadas na função voltímetro.
Teclas de escalas: foram numeradas de 6 a 11, com a mesma finalidade anterior. A tecla nº
6 mede ddp até 200mV, a nº 7 até 2V, a nº 8 até 20V, a nº 9 até 200V e a nº 10 até 2kV (2000V).

Exemplo 1: Medição da ddp de uma bateria (ddp contínua) de 9V


1º) com o multímetro ligado, os cabos (ponteiras) são colocados nos
bornes Y (comum) e Z (V - Ω), e as teclas de nº 4 (ddp contínua) e nº 8 + V -
(ddp até 20V), são pressionadas;
2º) colocamos as ponteiras do instrumento em paralelo com a bateria, +
sendo que a ponteira que está no borne Z (V - Ω) é colocada no pólo
Bateria -
positivo da bateria e a ponteira que está no borne Y (comum), no pólo 9.00
negativo da bateria;
3º) no visor do instrumento deverá aparecer a imagem 9.00, indicando que a ddp medida é de
9V.
Exemplo 2: Medição de uma ddp alternada de 110V
1º) com o multímetro ligado, os cabos são colocados nos bornes Y e
V
Z (V-Ω), e as teclas de nº 5 (ddp alternada) e nº 9 (ddp até 200V), são
pressionadas;
2º) colocamos as ponteiras do instrumento em paralelo com os
110.00
pontos de medição, “não” nos preocupando com a polaridade, pois a ddp
alternada muda periodicamente de polaridade, diferentemente de uma
ddp contínua que tem sua polaridade fixa;
3º) no visor do instrumento deverá aparecer a imagem 110.00, indicando que a ddp medida é de
110V.

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Diferença de Potencial 37

4.4. POTENCIAL ELÉTRICO DE UM PONTO


Sabe-se que um corpo eletrizado origina em torno dele uma série de efeitos elétricos
(perturbações elétricas). Se quisermos analisar o fenômeno ocorrido em cada ponto desta região,
podemos recorrer ao campo elétrico, onde em cada ponto analisado existe um vetor denominado de
intensidade de campo elétrico (E). Sendo este, uma grandeza vetorial, necessitamos do
conhecimento de três elementos: a direção, o sentido e o módulo de E .
Esse fato levou os pesquisadores à procura de um processo para análise do campo que
envolvesse um número menor de elementos. Descobriu-se que isto era possível quando a força
associada aos pontos da região fosse tal, que o trabalho realizado pela mesma dependesse só da
posição inicial e final da trajetória. Isto ocorre com o campo elétrico. É possível, assim, mostrar
uma função denominada de função potencial ou simplesmente potencial elétrico de um ponto, a
qual é uma grandeza escalar (não há preocupação com direção e sentido).
Assim como as temperaturas num sistema nos permitem conhecer o sentido de troca de
calor, os potenciais elétricos no campo elétrico nos permitem prever o sentido em que tendem a
mover-se as cargas elétricas abandonadas nesse campo.
É comum o cálculo da ddp entre dois pontos de um campo elétrico. Entretanto, costuma-se
empregar, com freqüência, o conceito de “potencial de um ponto”. Mas o potencial num ponto
nada mais é do que a ddp entre este ponto e um outro tomado como referência. Então, para
calcularmos o potencial num ponto “a”, devemos inicialmente escolher, arbitrariamente, um outro
ponto P, denominado “potencial de referência”, ao qual se atribui um potencial nulo (Vp = 0).
Calculando-se, em seguida, a ddp entre “a” e P, obtemos o “potencial de a (Va) em relação a P”.
Consideremos, por exemplo, a figura ao lado onde notam-se
duas placas eletrizadas, entre as quais existe uma ddp Vab ou Va – Vb a b
cujo valor é de 300V. Se escolhermos a placa “b” como potencial de + E -
referência teremos Vb = 0 e, então, virá Va = 300V, isto é, o potencial + -
de “a” é de 300V em relação a “b” (o potencial de “a” está 300 V acima + -
em relação a “b”). Observamos que o potencial num ponto não tem um q F
valor único. Naturalmente, este valor depende do potencial de + + -
referência. Em geral considera-se a Terra (símbolo ao lado) + -
como elemento de referência, ao qual atribui-se o valor zero + -
(Vt= 0). + -

O potencial elétrico serve para avaliar o estado de desequilíbrio elétrico de um corpo.


Assim, um corpo pode se apresentar em três situações
distintas, ou seja, com potencial nulo, com potencial positivo ou C
com potencial negativo. Na esfera C ao lado, o número de cargas Vc=0
positivas é igual ao número de cargas negativas. Logo, esta esfera
não está eletrizada, de modo que é conveniente que ela seja utilizada
como elemento de referência, num possível estudo de fenômenos
elétricos. Seu potencial elétrico será considerado nulo.

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38 Diferença de Potencial

No esquema a seguir, além da esfera C, estão representadas mais duas esfera A e B,


eletrizadas, respectivamente, com carga positiva e negativa. Assim, em relação a esfera C podemos
dizer que Va é um potencial positivo (por exemplo, +100V) e que Vb é um potencial negativo
(-100V). Conclui-se que a ddp entre “a” e “b” vale 200V.

200
volts
A C
B
100 100
volts volts

Imaginemos, agora, se as esferas A e B fossem colocadas nas proximidades uma da outra.


Abandonando uma carga positiva entre as duas
r A B
esferas, sabe-se que a força elétrica F que atua
sobre ela estará dirigida de A para B. Portanto,
r
F
podemos observar que a carga positiva se
deslocou do ponto de “maior potencial” para o
ponto de “menor potencial”. Evidentemente, se
abandonássemos uma carga negativa entre as
esferas, ela iria se deslocar em sentido contrário.

“UMA CARGA POSITIVA ABANDONADA NUM CAMPO ELÉTRICO, TENDE A SE


DESLOCAR DE PONTOS ONDE O POTENCIAL É MAIOR PARA PONTOS ONDE
ELE É MENOR. UMA CARGA NEGATIVA TENDERÁ A SE
MOVER EM SENTIDO CONTRÁRIO”.

No esquema ao lado, tem-se uma esfera


carregada positivamente, a qual produz potenciais
elétricos nos pontos A, B, C e D, sendo que estes
potenciais nos informam o nível de influência elétrica
nos referidos pontos. Como a carga criadora desta
zona de perturbações elétricas é positiva, vamos
atribuir aos pontos potenciais elétricos também
positivos, sendo que, conforme o ponto considerado
estiver mais distante da esfera carregada, menor será o
valor do potencial elétrico no referido ponto.
Se uma carga elétrica positiva fosse abandonada entre os pontos A e B, ela tenderia a
deslocar-se para B, pois ela seria repelida pela esfera positiva. Logo, uma carga positiva tende a
deslocar-se de potenciais maiores para potenciais menores. Responda, o que aconteceria se
abandonássemos uma carga negativa entre C e D?

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Diferença de Potencial 39

O potencial elétrico é uma grandeza escalar, podendo ser positivo ou negativo, dependendo
da carga criadora ser positiva ou negativa. Na realidade, esse potencial é diretamente proporcional
ao valor da carga Q geradora do campo elétrico e da constante elétrica do meio K, sendo que,
quanto maior a distância d entre o ponto considerado e a carga geradora, menor é o valor do
potencial elétrico V.
K = 9x10 9 N.m 2 /C 2 (no vácuo e no ar)
K.Q 
V= Q = módulo da carga elétrica (C)
d d = distância (m)


4.5. MOVIMENTO DE CARGA ENTRE DOIS PONTOS


a) Fontes de ddp
Suponhamos que dois corpos metálicos, 1 e 2,
estejam eletrizados com cargas q1 e q2, conforme figura a 1
+
++
seguir, sendo V1 o potencial do corpo 1 e V2 o potencial +
do corpo 2. Estabelecendo-se contato elétrico entre estes + 2
+
corpos condutores, vamos analisar o que ocorrerá com o + + + ++
potencial e a carga de cada um deles. Lembrando-se que as + ++ +++ +
cargas elétricas tendem a se mover de um ponto para outro + +
quando existe uma ddp entre eles, concluímos que, se
V1 ≠ V2, haverá passagem de cargas de um condutor para
o outro.
Portanto, ao serem ligados os dois corpos por meio de um condutor, os elétrons livres
deslocar-se-ão do corpo de menor potencial para o de maior potencial.
Em virtude desta transferência de elétrons, as cargas q1 e q2 e os potenciais V1 e V2 alterar-
se-ão e haverá um instante em que os potenciais dos dois condutores tornar-se-ão iguais, isto é,
V1=V2. É claro que, a partir deste instante, não haverá mais passagem de cargas de um condutor
para o outro e eles terão atingido uma situação final de equilíbrio.
É importante salientar que, para manter o movimento de elétrons num fio condutor, a
quantidade de carga em cada extremo deve ser mantida constante, de tal maneira que a ddp
(voltagem ou tensão) permaneça também constante. Os dispositivos que criam esta ddp e
conseguem mantê-las são os geradores elétricos (fontes). Nos terminais de uma pilha, por exemplo,
produzem-se cargas opostas devido a reação química que ocorre no seu interior. Logo, o “desnível
elétrico (ddp)” é mantido constante por um longo tempo.

UMA BATERIA MANTÉM UMA DDP BARRAS CARREGADAS NÃO MANTÉM UMA DDP

DDP 6V DDP 6V DDP 6V

Pilha Pilha DDP mantida Barras Barras DDP não


descarregando carregadas descarregando é mantida

O cientista italiano Alessandro Volta, em 1800, conseguiu obter uma quantidade de energia
elétrica de duração apreciável, construindo uma pilha que era constituída por duas placas, uma de
zinco e outra de cobre, mergulhadas numa solução de ácido sulfúrico.

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40 Diferença de Potencial

Com isso, conclui-se que, para obtermos uma ddp, através de um V

gerador químico, é necessário que o mesmo seja constituído de duas placas


de metais diferentes, ou então, de carbono e um metal, introduzidos num zinco
cobre
líquido condutor. Como exemplo, podemos obter uma ddp introduzindo
uma placa de cobre e outra de zinco em um limão. As placas de cobre e
zinco são chamadas de “eletrodos”. O caldo do limão é considerado o
elemento líquido condutor chamado de “eletrólito”. Os valores das ddp
obtidas através de uma transformação química variam de acordo com o
seguinte:
- natureza das substâncias usadas como eletrodo:
Exemplo: zinco eletrólito cobre

0,8V _ 0,35V
- + +

_ 1,15V
+

- natureza e concentração do eletrólito: +-


-
V
No exemplo ilustrado ao lado, se tivéssemos como
eletrólito água de torneira, o voltímetro acusaria aproximadamente Placa de Placa de
zinco cobre
1V. Se o eletrólito fosse ácido sulfúrico diluído, o voltímetro
acusaria aproximadamente 2V e se o eletrólito fosse ácido
sulfúrico concentrado, o voltímetro indicaria um valor maior que Eletrólito
2V.
O método mais comum de produção de
eletricidade em larga escala é o uso do
eletromagnetismo. A fonte (gerador) de eletricidade S
deve ser capaz de gerar e manter uma tensão. Esta
máquina pode ser acionada, por exemplo, pela energia
proveniente de uma queda d’água (energia mecânica).
Quando o condutor da figura ao lado é movimentado
através do campo magnético produzido pelo ímã, surge
N
uma tensão, a qual continua a existir enquanto durar o
movimento do referido condutor.
Você já deve ter observado a indicação de tensão (tensão nominal) em lâmpadas elétricas,
motores, aparelhos elétricos em geral. A tensão varia de um aparelho para outro, mas, geralmente é
110V ou 220V. Esta tensão indicada numa lâmpada, no caso de 110V (desenho abaixo), significa
que a lâmpada terá uma acendimento normal quando ela for conectada numa rede elétrica de 110V,
sendo que esta tensão ocasionará um “movimento ordenado de cargas (corrente)”.

50VOLTS 110VOLTS 220VOLTS

A lâmpada não acende ou o faz


com pouco brilho. A corrente é A lâmpada acende normalmente A lâmpada queimou. O excesso
muito fraca para fazer com que A corrente possui um de corrente superaqueceu o
filamento apresente o brilho valor normal. filamento da lâmpada.
normal.

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Diferença de Potencial 41

b) Rede elétrica domiciliar


Numa rede elétrica domiciliar temos dois fios
F
condutores, sendo que um deles é chamado de fio fase e o TR
outro de fio neutro. O condutor neutro é aquele que, na saída N
do transformador (TR) existente num dos postes, tem
conexão com a Terra. Se o fio neutro está conectado com a
Terra, significa que ele possui o mesmo potencial da Terra,
de modo que ddp entre o neutro e a Terra é nula.
Se uma uma pessoa colocar uma das mãos no neutro ela levará um “choque”? Logicamente
que não, pois estando a mão no neutro e os pés no chão (Terra ⇔ neutro) teremos uma ddp nula
atuando sobre a pessoa. Consequentemente não haverá deslocamento de cargas elétricas através da
pessoa.
Se em vez de tocar no neutro ela tocasse no fio fase, ela levaria o “choque”? Com os pés
no chão (equivalente aos pés no neutro) e a mão no fase, a pessoa ficaria submetida a uma ddp de
220V, portanto sujeita a um movimento de cargas através de seu corpo, ou seja, receberia o
“choque elétrico”. Se a pessoa estiver isolada da Terra, por exemplo, sobre um banco de madeira, e
tocar com uma das mãos no fio fase, nada sofrerá, pois seu corpo não estará mais submetido a uma
ddp como no caso anterior.
A identificação dos fios fase e neutro pode ser feita através de uma lâmpada incandescente,
como mostram os esquemas abaixo.
No esquema (a) a lâmpada acende, pois um de seus terminais está no fase e o outro lado
ligado a Terra, ficando, portanto, submetido a uma ddp.
No esquema (b) a lâmpada não acende, pois um de seus terminais está no neutro e o outro
lado ligado a Terra, portanto a ddp sobre ela é zero volts.

(a) (b)

A identificação anterior pode ser feita também através de uma chave teste, onde existe uma
lâmpada de gás neon. Tocando-se com a ponta metálica da chave no fio fase, a lâmpada irá acender
desde que estejamos com os pés conectados com a terra, possibilitando que circule pelo nosso corpo
uma pequena quantidade de carga elétrica. Se tocássemos no neutro com a lâmpada da chave teste,
a mesma não iria acender.
O fio terra tem grande importância na prática, pois é graças a
ele que se evitam “choques” desnecessários. Alguns aparelhos
elétricos, como o chuveiro elétrico, podem apresentar, em sua Lore nze t

estrutura metálica, uma quantidade de carga em excesso. Ao


tocarmos nesses aparelhos, se não estivermos bem isolados da Terra, Fio terra
faremos o papel de fio terra, descarregando essa quantidade de carga
em excesso e neutralizando os corpos. Todavia, o transporte de
cargas através de nosso corpo provoca uma sensação desagradável,
quando não perigosa. Para evitar que isso ocorra, devemos fazer o “aterramento” do aparelho,
mantendo-o permanentemente ligado a Terra. Se um voltímetro for conectado entre o terra e o
neutro um pequeno valor de tensão será acusado pelo medidor (em torno de 3V ou 4V), justificando
inclusive que o terminal terra não é uma derivação que foi tirada do próprio neutro.

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42 Diferença de Potencial

4.6. RELAÇÃO ENTRE CAMPO ELÉTRICO UNIFORME E DDP


A figura ao lado, mostra duas placas paralelas, separadas por uma E
distância “d” e eletrizadas com cargas iguais e de sinais contrários. Como
r
sabemos, entre elas existe um campo elétrico uniforme E , dirigido da placa
positiva “a” para a negativa “b”.
Para calcularmos a ddp entre estas duas placas, abandonamos uma q+ E
carga de prova positiva q junto à placa “a” e procuramos determinar o trabalho
elétrico Wab que o campo realiza sobre esta carga, ao deslocá-la de “a” para
“b”. Já vimos que, então, a ddp procurada será obtida por Vab=Wab/q.
d
No caso em questão (campo uniforme), o cálculo do Wab pode ser
efetuado facilmente, pois a força elétrica F que atua em q permanece
constante enquanto esta carga se desloca. De fato, como F = q . E e E não varia, concluímos que F
também será constante. Nestas condições, como a força F tem a mesma direção e o mesmo sentido
do deslocamento, temos Wab=F.d. Logo , obtém-se:
Vab
Wab = q.E.d ⇒ Wab/q = E.d ⇒ Vab = E.d E=
d
E = intensidade de campo elétrico (V/m),

Vab = ddp entre " a" e " b" (V),
d = distância entre " a" e " b" (m).

u(E) = u(Vab) / u(d) ⇒ u(E) = Volt/metro

1V/m é a intensidade de um campo elétrico uniforme existente entre duas placas eletrizadas
com cargas de mesmo valor e de sinais contrários,
separadas por uma distância de 1m e submetidas a uma ddp de 1V.
A expressão Vab = E x d nos mostra, então, que a ddp entre dois pontos de um campo
elétrico uniforme será tanto maior, quanto maior for a intensidade deste campo. Esta expressão é de
grande utilidade, pois ela nos permite obter o valor do campo elétrico através da medida da ddp
Vab e da distância d. Esta utilidade decorre do fato de ser a ddp medida facilmente, no laboratório,
por meio de um voltímetro. Por outro lado, não é muito comum aparelhos que nos permitem medir
diretamente a intensidade do campo elétrico.
Vimos anteriormente que a unidade de campo elétrico é Newton/Coulomb. Entretanto pela
expressão E = Vab/d vemos que é possível medir o valor de E usando a unidade Volt/metro. Estas
unidades são equivalentes, isto é, 1N/C = 1V/m. Assim quando dizemos que a intensidade de um
certo campo elétrico é, por exemplo E = 500V/m, isto equivale a dizer que temos E = 500N/C.
Anteriormente, estudamos “rigidez dielétrica”, sendo que esta rigidez representa o maior
valor de campo elétrico que pode ser aplicado a um isolante sem que ele se torne condutor. A
seguir, existe uma tabela, onde estão indicados alguns materiais com o seu respectivo valor de
rigidez dielétrica (em kV/cm).

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Diferença de Potencial 43

MATERIAL RIGIDEZ DIELÉTRICA


Ar 30
Papel p/capacitor 350
Papel parafinado 500
Óleo p/transformador (impuro) 45
Óleo p/transformador (puro) 250
Vidro 300
Mica 1600

4.7. TENSÕES ELETROSTÁTICAS


Nos semicondutores (discretos ou integrados) as conexões dos componentes entre si ou
com os terminais de saída, acham-se isoladas da área ativa de silício por finas camadas de SiO2 e a
rigidez dielétrica varia de 400V/µm a 100V/µm.
Dependendo da espessura da camada (muito fina, em dispositivos MOS: METAL OXIDE
SEMICONDUCTOR, onde é tipicamente de 0,1µm e pode chegar a 0,07µm, devido à
imperfeições locais) tensões acima de 70V já podem provocar uma ruptura dielétrica, levando a
destruição do componente.
No caso de descargas eletrostáticas superior a 3.500V, nós sentimos; superior a 4.500V
(tela de TV ao ser ativada) nós ouvimos e superior a 5.000V (despir suéter de naylon) nós vemos.
Os componentes eletrônicos têm vários níveis de sensibilidade, conforme detalhes a seguir:
1º extremamente sensível (0 a 1kV)- Ex.: resistores de filme fino, componentes MOS
desprotegidos e alguns circuitos integrados ( CI LSI);
2º sensível (1kV a 4kV)- Ex.: redes resistivas de precisão, componentes MOS protegidos e
circuitos integrados lineares;
3º menos sensíveis (4kV a 15kV)- Ex.: resistores em geral e transistores.
Nota-se, pelas informações dadas, que pode ocorrer descargas eletrostáticas danosas aos
componentes eletrônicos e nem sequer elas foram percebidas pelo trabalhador que está na bancada
(descarga inferior a 3,5kV).
Sabe-se que um fator que influencia a concentração de eletricidade estática é a umidade
relativa do ar, sendo que, no caso dela ser elevada, ocorrerá um favorecimento à condução de cargas
elétricas, ou seja, o ar deixará de comportar-se como isolante e passará a comportar-se como
condutor. Podemos citar alguns exemplos de geração de voltagem eletrostática, de acordo com a
umidade relativa (UR) do ar existente.
Pessoas caminhando sobre carpete: UR - 10 a 20% 35.000V
UR - 70 a 90% 1.500V

Pessoas caminhando sobre piso de vinil: UR - 10 a 20% 12.000V


UR - 70 a 90% 150V
Existe um medidor denominado de sensor de estática, o qual é um instrumento de bolso de
fácil utilização, indicado para medir tensões eletrostáticas sobre objetos e superfícies não-
condutoras ou condutores não-aterrados. O mostrador digital é de simples
visualização e as mudanças de tensões são mostradas rapidamente. Este sensor
possui duas faixas de leitura, sendo a faixa menor até 1.990V e a mais alta até
19.900V. Estas faixas podem ser expandidas através da mudança da distância entre
o objeto a ser investigado e o sensor. A tensão eletrostática será igual ao valor do
mostrador multiplicado pela distância (em polegadas) entre o sensor e o objeto.

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44 Diferença de Potencial

QUESTÕES PROPOSTAS
1- Complete as lacunas a seguir:
a) Se uma carga elétrica sofreu a ação de uma força elétrica, de modo a deslocá-la entre dois
pontos, significa que foi realizado um .
b) As unidades de carga, ddp e trabalho são, respectivamente, __________, __________ e
__________. .

2- Escreva a expressão matemática (fórmula), que relaciona ddp (Vab), carga elétrica (q) e
trabalho elétrico (Wab), isolando cada uma das grandezas acima citadas.

3- Assinale, dentro dos parênteses, verdadeiro (V) ou (F) falso.


a) ( ) A ddp, tensão e força eletromotriz possuem a mesma unidade.
b) ( ) Para que exista movimento de elétrons numa lâmpada é necessário a aplicação de
uma ddp entre seus extremos.
c) ( ) A ddp entre um corpo eletrizado e a Terra é igual ao valor do potencial do próprio
corpo.
d) ( ) Se dois corpos estão eletrizados com cargas de mesmo sinal, podemos afirmar que a
ddp entre eles é nula.
e) ( ) O brilho de uma lâmpada independe do valor da ddp.
4- Identifique o valor da diferença de potencial (tensão elétrica) Vab existente entre os terminais de
cada componente de um circuito que está desenhado abaixo (1:bateria de carro; 2:pilha de
multímetro; 3:pilha comum de rádio; 4: pilha de calculadora).

1 3 4
2

5- No esquema abaixo, estão representados alguns níveis de potenciais. Determine o valor:


a) do potencial do ponto “a” em relação à Terra;
b) do potencial do ponto “a” em relação ao ponto “e”;
c) da diferença de potencial entre os pontos “d” e “b”;
d) da diferença de potencial entre os pontos “c” e “f”.

-15V -10V -5V +5V +10V +15V

a b c d e f

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Diferença de Potencial 45

6- Complete as lacunas a seguir:


a) Cargas elétricas positivas, abandonadas em repouso num campo elétrico e sujeitas apenas a
uma força elétrica, deslocam-se, espontaneamente, para pontos de
potencial.
b) Cargas elétricas negativas, abandonadas em repouso num campo elétrico e sujeitas apenas a
uma força elétrica, deslocam-se, espontaneamente, para pontos de
potencial.
c) Quando dizemos que uma pilha de lanterna apresenta uma ddp de 1,5V, significa que cada
carga de 1C que se deslocar através da lâmpada da lanterna receberá uma energia
(equivalente a trabalho) de valor igual a do campo elétrico existente.

7- Como exemplos de valores de rigidez dielétrica, podemos citar os seguintes materiais: papel
parafinado: 50kV/mm, vidro pirex: 14kV/mm e o ar: 3kV/mm. Entre os materiais citados, qual
deles comportar-se-á, em primeiro lugar, como condutor quando submetidos a um campo
elétrico de intensidade crescente? Se a distância entre dois pontos, onde existe ar, é 1km, qual
pode ser a tensão máxima existente entre eles de modo a não ocorrerem faíscas? E se a distância
caísse para 10mm? E se, agora, em vez do ar, tivéssemos papel parafinado?

8- Assinale a afirmativa errada.


a) Uma pilha gera uma ddp e a mantém devido a ocorrência de reações químicas internas.
b) Se duas barras com eletrizações diferentes forem colocadas em contato, a ddp entre elas
tenderá a anular-se.
c) Dois corpos idênticos, com a mesma eletrização, possuem o mesmo potencial, em relação a
um determinado referencial.
d) A ddp entre um corpo eletrizado positivamente e um corpo neutro é nula.
e) Multiplicando-se 1 volt por 1 coulomb, obtém-se 1 joule.

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46 Diferença de Potencial

PROBLEMAS PROPOSTOS
1- Uma carga elétrica de 12C deslocou-se entre dois pontos “a” e “b”, de modo que o trabalho
realizado pela força elétrica vale 960J. Determine o valor da diferença de potencial existente
entre “a” e “b”.

2- Considere uma lâmpada ligada numa tomada elétrica residencial. Verifica-se que um trabalho
elétrico de 44J é realizado sobre uma carga elétrica de 0,2C que passa através da lâmpada, de
um terminal a outro, desta tomada.
a) Qual é o valor da diferença de potencial entre os terminais da tomada?
b) Um aparelho é ligado a esta tomada durante um certo tempo, recebendo 1.100J de energia
elétrica (trabalho elétrico) das cargas elétricas que o percorrem. Qual é o valor desta carga?

3- Dois pontos “a” e “b” de um campo elétrico possuem potencial positivos de, respectivamente,
1.000V e 600V.
a) Uma carga elétrica negativa, abandonada entre estes pontos, tenderá a se deslocar,
espontaneamente, para “a” ou para “b”?
b) Qual será o valor da carga deslocada entre “a” e “b”, se a força elétrica, resultante do campo
elétrico, realizar um trabalho de 1,2kJ?

4- Uma carga elétrica negativa de 8µC é deslocada de “b” para “a” (Va e Vb são potenciais
positivos), dentro de um campo elétrico, o qual realiza um trabalho de 0,72mJ. Determine o
valor da ddp entre “a” e “b”.

5- Ao lado, temos uma esfera carregada positivamente, sendo


que no campo elétrico criado por ela existem vários níveis
de potenciais, ou seja, Va=80V, Vb=70V, Vc=60 V e
Vd=50 V.
a) Qual será o sentido de deslocamento de uma carga de
prova positiva abandonada entre “a” e “b”? +Q Va Vb Vc Vd
b) Qual será o sentido de deslocamento de uma carga de
prova negativa abandonada entre “c” e “d”?
c) Qual o trabalho realizado pelo campo para deslocar uma
carga positiva de 6µC de “a” para “d”?

6- No campo elétrico uniforme da figura esquematizada ao lado, a


distância entre as duas superfícies equipotenciais (superfícies que
têm o mesmo potencial) vale 25cm. Sabendo-se que o campo
elétrico tem intensidade igual 5kV/m, determine o valor da
diferença de potencial entre as duas superfícies.

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Corrente Elétrica 47

5. CORRENTE ELÉTRICA

5.1. CONCEITO
O fenômeno relativo ao movimento de cargas elétricas é de vital importância no estudo de
eletricidade, posto que, neste processo poderá haver transferência de energia de um lugar para
outro.
Como foi visto em Eletrostática, quando uma carga elétrica é colocada numa região onde
atua um campo elétrico, tenderá a se movimentar, pois estará sujeita à ação de uma força de origem
elétrica. Em materiais condutores metálicos (fios de cobre), os elétrons pertencentes à camada de
valência (última camada) são fracamente atraídos pelos respectivos núcleos, de forma que são
considerados “elétrons livres”. Na ausência de um campo elétrico, esses elétrons movem-se
desordenadamente descrevendo várias trajetórias com mudanças bruscas de direção ocasionadas por
colisões com a rede cristalina constituída pelos átomos do material. Logo, o deslocamento é
praticamente nulo.
A presença de um campo elétrico altera a trajetória desses elétrons, apresentando um
deslocamento maior em sentido oposto ao campo, devido à força exercida F = E.q .

elétrons em movimento desordenado elétrons em movimento ordenado

O conceito de corrente elétrica num condutor pode então ser entendido como sendo o
movimento ordenado de suas cargas elétricas, devido à ação de um campo elétrico estabelecido em
seu interior pela aplicação de uma ddp entre suas extremidades.
Quando acionamos a chave de luz do nosso quarto e vemos que a lâmpada se acende,
quase que instantaneamente, temos a impressão de que a velocidade com que os elétrons livres se
movem ao longo dos fios é elevadíssima, contudo na realidade, a velocidade desses elétrons é da
ordem de apenas alguns milímetros/segundo. O que ocorre é que os elétrons livres se encontram em
grande quantidade ao longo dos fios.

“CORRENTE ELÉTRICA É O MOVIMENTO ORDENADO DE CARGAS


ELÉTRICAS NO INTERIOR DE UM CONDUTOR.”
Assim, quando a chave é acionada, o primeiro elétron empurra o segundo que, por sua vez
empurra o terceiro, e assim por diante, até chegar ao último elétron localizado na extremidade do fio
junto à lâmpada. Portanto, podemos dizer que a rapidez com que os empurrões entre os elétrons se
propagam é muito grande, mas a velocidade dos elétrons, na verdade, é muito pequena.

5.2 INTENSIDADE DA CORRENTE ELÉTRICA (I)


a) Definição
Considerando o esquema ao lado, notamos que existe
um movimento ordenado de cargas elétricas através do
condutor. Suponhamos que uma pessoa observasse, durante um
intervalo de tempo (t), a quantidade de carga (q) que passou
através de uma seção transversal do condutor.

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48 Corrente Elétrica

Denomina-se intensidade da corrente elétrica (I) através do condutor, a relação entre a


quantidade de carga (q) e o intervalo de tempo (t).
q
I=
t
A intensidade da corrente elétrica nos informa sobre a quantidade de carga por segundo
que atravessa uma seção transversal de um condutor.
b) Unidade
No Sistema Internacional de Unidades a intensidade da corrente elétrica é medida em
Ampères (A).
u(I) = u(q) / u(t) = Coulomb (C) /Segundo(s) u(I) = Ampère (A)

1A é a intensidade de uma corrente elétrica que circula num condutor, quando em sua seção
transversal passa uma carga de 1C no tempo de 1s.

PROBLEMA RESOLVIDO
Uma carga de 360C atravessou uma seção transversal de um condutor num tempo de 20s.
Determine a intensidade da corrente que percorreu o condutor no espaço de tempo considerado.
q = 360C I = q/t = 360C/20s
t = 20s I = 18A
I=?

Tabela de dimensionamento de condutores


De um modo geral, os condutores se dividem em fios e cabos, conforme figuras a e b.
a) b)

A seguir, está indicada uma tabela com a capacidade de condução de corrente, de fios
condutores de cobre, em função da área de suas seções transversais. Este exemplo serve para cabos
com dois condutores isolados com PVC, à temperatura ambiente de 30ºC e espaçados
horizontalmente. Para outras situações deveria ser consultado um manual de instalações elétricas.
Normalmente, a seção transversal mínima admitida é de 1,5mm2.

Seção (mm2) 1,5 2,5 4 6 10 16 25 35 50 70


Corrente (A) 17,5 24 32 41 57 76 101 125 151 192
Observando a tabela dada e considerando o valor obtido (I=18A) no problema resolvido
acima, deveríamos escolher um fio cuja área fosse de 2,5mm2.

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Corrente Elétrica 49

5.3. SENTIDOS DA CORRENTE ELÉTRICA


a) Eletrônico
É considerado o sentido real da corrente elétrica, pois
corresponde ao sentido do movimento dos elétrons, ou seja, a corrente
circula do potencial menor (-) para o potencial maior (+).
b) Convencional

Por convenção, é o deslocamento das cargas positivas, ou


seja, a corrente circula do potencial maior (+) para o potencial menor
(-). Esse sentido da corrente elétrica foi adotado há mais de um século,
antes que o elétron fosse descoberto, e continua firmemente
estabelecido na literatura de Eletricidade. Na verdade, não faz
diferença alguma considerar cargas positivas hipotéticas movendo-se
em um sentido, ou cargas negativas reais movendo-se em sentido
oposto.

5.4. TIPOS DE CORRENTE ELÉTRICA E MEDIÇÕES


a) Corrente Contínua (CC ou DC)
Se uma lâmpada for alimentada por uma ddp contínua, ela será percorrida por uma
corrente contínua, a qual é unidirecional, tendo sempre o mesmo sentido e mesmo módulo em todos
os instantes de tempo, conforme gráfico abaixo.

b) Corrente Alternada (CA ou AC)


Se uma lâmpada for alimentada por uma ddp alternada, ela será percorrida por uma
corrente alternada, a qual muda, periodicamente, sua intensidade e seu sentido, conforme gráfico
abaixo.
t0 a t2 = ½ ciclo positivo; t2 a t4 = ½ ciclo negativo; t0 a t4 = 1ciclo

VAB
I

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50 Corrente Elétrica

c) Corrente Retificada (semicondutores)


Uma corrente alternada pode ser transformada em corrente contínua por meio de
dispositivos especiais, denominados retificadores. O componente eletrônico fundamental neste
processo é o diodo sendo que ele é fabricado a partir de materiais semicondutores, cujo assunto
vamos fazer alguns comentários.
V ou I V ou I
sinal de entrada sinal de saída

FONTE
t ELETRÔNICA t

Um material semicondutor possui um nível de condução de correntes elétricas em algum


ponto entre os extremos de um isolante (nível de condução muito baixo) e um condutor (nível de
condução muito elevado). Como exemplos de materiais semicondutores podemos citar o germânio e
o silício.
Tanto o germânio (Ge) como o silício (Si) são submetidos a um processo denominado de
dopagem, que significa a incorporação de impurezas (arsênio, alumínio, etc,), a qual deve ocasionar
uma alteração no nível de condução de corrente apresentada pelo material.
Os átomos de ambos os materiais (Ge e Si) formam um modelo muito definido, que se
repete por natureza. Um modelo completo é denominado de “cristal” e o arranjo repetitivo dos
átomos chama-se “estrutura”.
BARRATIPO N
Vamos analisar o caso de um cristal semicondutor de silício que é + - +
-
dopado com átomos de fósforo. Cada átomo doador (fósforo) fornece ao - - - - -
+ - - -
cristal um elétron livre, aumentando consideravelmente o número dos
- - - + -
mesmos no silício. Teremos, então, um “material semicondutor tipo N”.
BARRA TIPO P
No caso de um cristal semicondutor de silício dopado com átomos + + + +
de índio, teríamos a retirada de elétrons do silício. Assim sendo, o + + + - +
semicondutor ficaria com predomínio de cargas positivas. Teremos, então, + + + +
um “material semicondutor tipo P”. + + - + -

Quando juntamos dois cristais semicondutores, um tipo N


(CATODO) e outro tipo P (ANODO), teremos uma junção PN. Este
conjunto constitui um componente eletrônico denominado de diodo CATODO ANODO

(simbologia ao lado).
No esquema a seguir ( a ), temos uma bateria, uma lâmpada e um diodo. Dizemos que o
diodo está “polarizado diretamente”, pois o positivo e o negativo da bateria estão conectados,
respectivamente, ao anodo e ao catodo do diodo. Como a lâmpada acende, conclui-se que circula
uma corrente. Logo, ele pode ser considerado, idealmente, como se fosse uma chave fechada.
No outro esquema ( b ), temos o diodo “polarizado inversamente”, pois o positivo e o
negativo da bateria estão conectados, respectivamente, ao catodo e ao anodo do diodo. Como a
lâmpada não acende, deduz-se que o diodo está se comportando como elemento isolante, não
permitindo a passagem de corrente. Logo, ele pode ser considerado, idealmente, como se fosse uma
chave aberta.

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Corrente Elétrica 51

a) b)

chave fechada chave aberta

Num diodo, quando polarizado diretamente, uma grande quantidade de portadores de carga
atravessa a região da junção dos materiais N e P, na qual, alguns deles, recombinam-se com átomos
ionizados. Nesse processo, os elétrons perdem energia na forma de radiação. Nos diodos de silício
ou germânio, essa radiação é liberada principalmente na forma de calor, mas em compostos de
arseneto de gálio (GaAs) existe a liberação de energia na forma de luz.
Esses diodos são chamados de diodos emissores de luz ou, simplesmente, LED (Light
Emitting Diode) e podem emitir luz visível, infravermelho ou ultravioleta. Este fenômeno ocorre
em alguns casos, favorecendo a emissão de fótons (partículas de luz).

símbolo

Os principais LEDS de luz visível são feitos a partir de


GaAs acrescidos de fósforo que, dependendo da quantidade, podem
irradiar luzes vermelha, laranja, amarela, verde ou azul e são muito
utilizados como sinalizadores em instrumentos eletrônicos ou na
fabricação de displays (indicadores numéricos de sete segmentos
onde cada segmento é um LED).
Os LEDS têm as mesmas características dos diodos
comuns, ou seja, só conduzem quando polarizados diretamente com
um determinado valor de tensão. Comercialmente, eles trabalham
normalmente com correntes na faixa de 10mA a 50mA e tensões na
faixa de 1,5V a 2,5V. Assim, para se polarizar um LED, deve-se utilizar um resistor limitador de
corrente para que o LED não se danifique, conforme circuito ao lado.
d) Instrumento de medição
Qualquer aparelho que indique a presença de
corrente elétrica em um circuito é denominado
galvanômetro. Se a escala deste aparelho for graduada
AMPERÍMETRO
de maneira que seja possível medir a intensidade da
corrente elétrica, o aparelho receberá o nome de
amperímetro.
Quando o instrumento tem sua escala graduada em ampères, é comumente chamado de
amperímetro. Há amperímetros mais sensíveis que podem medir correntes de menor valor, sendo
suas escalas graduadas em miliampères (1mA = 1x10-3A) ou em microampères (1µA = 1x10-6A).
Esses aparelhos costumam ser, por isso, denominados, respectivamente, de miliamperímetros e
microamperímetros.

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52 Corrente Elétrica

Quando desejamos medir a corrente que passa, por exemplo,


numa certa lâmpada, devemos ligar o amperímetro no circuito,
conforme esquema ao lado. O amperímetro é ligado em série com a
lâmpada e toda corrente que passa nesta lâmpada passará através do
medidor. Nestas condições, o ponteiro se deslocará ao longo da
escala, indicando diretamente o valor desta corrente.
A lâmpada estando ligada diretamente na fonte se manterá
sempre acesa. Para que o amperímetro seja conectado, é necessário
que o circuito seja aberto, fazendo com que a lâmpada apague. Ela voltará a acender assim que o
amperímetro for corretamente ligado.

MULTÍMETRO DIGITAL
FUNÇÕES ESCALAS

Ω A- A V- V 200 2 20 200 2 20 LIGA


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

AMP COMUM V-Ω Ω KΩ MΩ MΩ

x y z mV V KV

µA mA A

Medição de corrente elétrica com um multímetro


Observando o desenho, verificamos que as teclas de função destinadas para medição de
corrente elétrica, são a de nº 2 (corrente contínua) ou de nº 3 (corrente alternada). As escalas de
corrente são: nº 6 (até 200µA), nº 7 (até 2mA), nº 8 (até 20mA), nº 9 (até 200mA) e nº 10 (até 2A).
Os bornes dos cabos devem ser usados o X (amp) e o Y (comum).
Exemplo 1: medição de uma corrente contínua de 15mA
1º) com o multímetro ligado, pressionamos as teclas nº 2 (corrente
contínua) e nº 8 (valor até 20mA), colocando as ponteiras nos 15.00

bornes X (amp) e Y (comum).


2º) colocamos as ponteiras do instrumento em “série” com o
circuito, para que a corrente que circula pela lâmpada, passe
também pelo medidor. Observe a polaridade das ponteiras no
desenho, que obedecem ao sentido eletrônico da corrente, ou
seja, negativo do instrumento onde a corrente entra e positivo do
mesmo, onde a corrente sai.
3º) no visor aparece o valor 15.00, indicando que a corrente medida é de 15mA.
Exemplo 2: medição de uma corrente alternada de 120mA
1º) com o multímetro ligado, pressionamos as teclas nº 3 (corrente
alternada) e o nº 9 (valor até 200mA), usando os bornes X 120.00
(amp) e Y (comum). - +

2º) ligamos o medidor em “série” com o circuito, porém não há


necessidade de nos preocuparmos com a polaridade, pois a ddp
que alimenta o circuito é alternada (muda de polaridade
periodicamente).
3º) no visor aparece o valor 120.00, indicando que a corrente
medida é de 120mA.

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Corrente Elétrica 53

5.5. EFEITOS DA CORRENTE ELÉTRICA


a) Efeito Magnético
Se colocarmos uma bússola próxima a um condutor
percorrido por corrente elétrica, notaremos que ocorre um desvio
na sua agulha, evidenciando que existe a presença de um campo
magnético em torno do condutor. Este é um dos efeitos mais
importantes da corrente, uma vez que se constitui na base do
princípio de funcionamento dos motores, instrumento de
medição, transformadores, etc.

Disjuntor
N S
O disjuntor é um elemento de proteção de circuitos elétricos,
que pode funcionar de acordo com o princípio magnético da corrente I
elétrica, ou seja, funcionando com base no “eletroímã”.
Os eletroímãs são constituídos por um núcleo de ferro doce, no qual é enrolado um
condutor que ao ser percorrido por corrente, produz um campo magnético bem forte. A presença
deste campo faz com que o núcleo se imante, comportando-se como um
poderoso ímã, que exercerá uma determinada força de atração. O núcleo só se
imantará enquanto houver a circulação de corrente. O disjuntor é um
dispositivo que se assemelha a um interruptor, ou seja, deixa fluir a corrente,
quando o circuito está em condições normais de serviço e a interrompe em
condições anormais como, por exemplo, as de curto-circuito. Possui duas
posições distintas: disjuntor fechado e disjuntor aberto.
Após ligarmos a carga em série com o disjuntor, teremos uma corrente de trabalho,
necessária para o seu bom funcionamento (figura abaixo à esquerda). Porém se tivermos uma
corrente maior do que aquela prevista para o circuito, os contatos do disjuntor, irão se abrir, devido
ao fato de que a corrente alta, quando passa pela bobina do disjuntor, faz com que apareça um
campo magnético maior do que aquele previsto em condições normais de funcionamento. E a força
de atração sobre a armadura vence a força da mola, na qual a armadura está presa. Sendo assim ela
desce, trava-se deixando o circuito em aberto (figura abaixo à direita), portanto não há circulação de
corrente maior do que o valor admissível para a carga (chuveiros, motores, etc.) protegendo assim o
sistema. Após sanado o problema que causou o desligamento do disjuntor, destrava-se manualmente
a armadura e fecham-se os contatos.

Eixo de 1= 0
rotação Contatos
Armadura

Mola que Mola


mantém os distendida
contatos
Trava

fechados

Bobina

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54 Corrente Elétrica

Amperímetro alicate
Como sabemos, o amperímetro é sempre ligado em série com a carga. Como exceção,
existe o amperímetro de alicate, que “vê” a corrente que está passando pelo condutor elétrico
através do campo magnético produzido pela mesma, o qual induz uma corrente num enrolamento
secundário que é a medida por um amperímetro que faz parte do aparelho.
Esse instrumento, o amperímetro de alicate, é muito útil e prático.
8
57
Com ele, podemos medir uma corrente sem a necessidade de abrir o circuito 34

para colocação do amperímetro comum, o que é impossível de realizar, na


maioria das vezes, porque não se pode cortar a alimentação da máquina ou
equipamento, ou porque isso pode causar danos à instalação.

b) Efeito Térmico (Efeito Joule)


Como conseqüência das colisões entre os elétrons
livres e os átomos dos condutores, a passagem de corrente
elétrica eleva a temperatura desses condutores.

Embora em alguns casos o Efeito Joule


seja indesejável porque, além de representar
perda de energia elétrica, causa também dano
nos geradores, motores, transformadores e linhas
de transmissão, às vezes ele é bastante útil, como
nos chuveiros, ferros de passar roupa, secadores
de cabelo, fornos elétricos, lâmpadas
incandescentes (onde a temperatura pode atingir
2800ºC), solda elétrica, etc.
Fusíveis
Quando um circuito é percorrido por corrente elétrica, provoca aquecimento dos
condutores. Quando esse aquecimento se torna exagerado, precisamos proteger as ligações elétricas,
bem como os aparelhos ligados nelas. Recorremos então aos “fusíveis”, dispositivos de baixa
temperatura de fusão (chumbo→327ºC; estanho→323º), os quais podem “queimar”, interrompendo
a passagem da corrente elétrica. No corpo dos fusíveis está escrito o valor de corrente que ele
suporta.
No desenho abaixo, à direita, temos um fusível usado em redes de distribuição de energia.
Quando ele queima, o circuito é interrompido e um dispositivo aciona o cartucho (onde existe o elo
fusível) de modo que ele se desprenda dos contatos. Um técnico, através do uso de uma vara de
manobra, retira o cartucho e coloca um novo elo fusível, recolocando o componente na sua posição
original.
I

I Suporte de
porcelana

Rosca
Metálica

Terminais
Metálicos
Terminal Elemento
Elemento Metálico Fusível
Fusível

Fusível de rosca

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Corrente Elétrica 55

c) Efeito Químico (eletrólise)


Esse efeito ocorre quando se faz a corrente elétrica atravessar soluções eletrolíticas,
provocando transformações químicas. É usado industrialmente nos processos de galvanização, que
consistem em revestir um metal com outro (cobre, níquel, prata, etc.).
Nos condutores líquidos (soluções aquosas de ácidos,
bases ou sais), temos movimento de íons positivos e negativos
(cátions e ânions), os quais se deslocam de uma forma ordenada
sob a ação de um campo elétrico. Os ânions deslocar-se-ão no
sentido contrário ao do campo e os cátions, no mesmo sentido
do campo.
Quando colocamos em um recipiente com água um
pouco de sal de cozinha (NaCl), temos uma solução com íons
positivos (Na+) e íons negativos (Cl). Se colocarmos dentro
desta solução duas placas condutoras ligadas a uma pilha,
estabelecendo uma ddp, ocorrerá um movimento de cargas
elétricas onde os cátions (NA+) se dirigirão para a placa em que
está ligado o pólo negativo da pilha e os ânions (Cl-) ao contrário,
dirigir-se-ão a outra placa que está ligada ao pólo positivo da pilha. + -
Exemplo de aplicação da Eletrólise
De acordo com o esquema ao lado, iremos verificar como
se processa um banho de cobre sobre a chave (cobrear a chave).
+
+
Dentro do recipiente, temos uma solução aquosa de sulfato de +
+
cobre (CuSO4), uma placa de cobre e o objeto a ser recoberto
(chave) que no caso, deve estar desengordurada e bem limpa.
Solução de CuSO4
Associamos duas ou três pilhas e ligamos o pólo positivo da
associação à placa de cobre, e o pólo negativo ao objeto (chave).
Como o sulfato de cobre, na solução, encontra-se dissociado em íons Cu++ e SO4--, esses
íons se movimentam nos sentidos indicados no desenho anterior; os íons Cu++ dirigem-se para o
objeto (chave) e depositam-se sobre ele, enquanto os íons SO4-- deslocam-se para a placa de cobre e,
reagindo com ela, regeneram o CuSO4. Assim, o cobre da placa passa para a solução e, portanto,
através deste processo, ele vai sendo transferido para o objeto. Depois de um certo tempo, em que o
circuito ficou ligado, verificaremos que se depositou uma camada de cobre sobre a chave.
d) Efeito Luminoso
Este efeito baseia-se no fato de gases ionizados emitirem luz quando atravessados por uma
corrente elétrica. Como exemplo, temos as lâmpadas fluorescentes, as lâmpadas de vapor de
mercúrio (usadas na iluminação de quadras esportivas), as lâmpadas de vapor de sódio (para
iluminação de túneis e estradas), etc.
Nos condutores gasosos, campos elétricos intensos (3MV/m ⇒ ar) poderão provocar o
deslocamento ordenado de íons positivos e negativos e elétrons (corrente elétrica), sendo que os
ânions e elétrons tenderiam a deslocar-se no sentido contrário ao do campo e os cátions tenderiam a
deslocar-se no mesmo sentido do campo elétrico.
Esses cátions e ânions provêm da ionização das moléculas do gás. Essas moléculas, porém,
não se ionizam sozinhas, como no caso dos condutores líquidos. A ionização começa, em geral,
com o movimento de elétrons livres que se chocam com as moléculas do gás e, arrancam elétrons
delas, ionizando-as. Os íons formados, por sua vez encontram novas moléculas, que são ionizadas
pelo choque entre elas. Esses novos íons participam do movimento de cargas, e assim por diante.

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56 Corrente Elétrica

Lâmpada Fluorescente
Uma lâmpada fluorescente constitui-se de
Filamento
um tubo de vidro cujo comprimento é determinado dePinos
contato
Interior do tubo revestido
de pó fluorescente
pela potência da mesma e, em cada extremidade,
possui um filamento de tungstênio, em forma de
espiral e recobertos com uma camada de óxidos
Tubo de
emissores de elétrons. O interior do tubo de vidro é vidro Espaço dentro do tubo cheio
revestido com uma camada de pó fluorescente, cuja de gás argônio
e vapor de mercúrio
natureza influencia o espectro do fluxo luminoso
produzido. Também no interior da lâmpada existe um gás raro (argônio) e certa quantidade de
mercúrio que, no momento da partida, será vaporizado.
Uma das principais vantagens que a lâmpada fluorescente apresenta é, além de poder ser
fabricada em várias tonalidades de cor, a de possuir um alto rendimento luminoso pelos watts
consumidos para o seu funcionamento.
e) Efeito Fisiológico
Quando uma corrente elétrica atravessa um organismo vivo, além dos
efeitos térmico e químico, ocorrem também efeitos sobre nervos e músculos.
Uma corrente da ordem de 10mA, atravessando o organismo de uma pessoa,
provoca uma sensação de desconforto, sendo que, acima desse valor, a
corrente ocasiona uma perda do controle sobre os músculos, provocando
contrações conhecidas como “choques”.
O socorro a uma vítima de choque começa pelo corte da ddp
causadora do mesmo. Isto deve ser feito interrompendo-se o circuito. Na
impossibilidade dessa interrupção, sugere-se puxar ou empurrar a pessoa com um material isolante
como, por exemplo, uma corda, um pedaço de madeira seca, etc. Este primeiro socorro deve ser
feito o mais rápido possível, pois a resistência da pele na região do contato elétrico diminui, o que
provoca elevação da intensidade de corrente.
Entretanto, deve-se tomar o cuidado de não provocar contatos indevidos com a pessoa
afetada pelo choque, pois a reação instintiva de puxá-la manualmente pode provocar mais uma
vítima.
Se, após livrar-se da corrente elétrica, a pessoa estiver inconsciente e sem respirar,
devemos proceder da seguinte maneira:
1º) verificar se a língua da pessoa não está dobrada;
2º) realizar a respiração boca-a-boca ou boca-nariz;
3º) se a pessoa estiver sem batimento cardíaco (coração pára de bater), é realizado,
intercalado com a respiração artificial, uma massagem cardíaca. A respiração e a
massagem devem ser feitas por pessoas diferentes.

“LEMBRE-SE QUE OS PRIMEIROS SOCORROS PARA UMA VÍTIMA DE CHOQUE


ELÉTRICO, QUANDO PRESTADOS CORRETAMENTE,PODEM SALVAR
A VIDA DELA”.
Todas as funções do corpo humano são controladas eletricamente. Através de sinais
elétricos que viajam pelo sistema nervoso, o cérebro (computador central) recebe estas impressões e
envia instruções para o resto do corpo. Neste processo todo, o fundamental são os neurônios.

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Corrente Elétrica 57

A tensão elétrica dos impulsos nervosos é da ordem de 100mV e os sinais transmitidos


(cérebro ao sistema acionado) levam em torno de 0,04s. Inclusive, utilizam-se exames clínicos de
natureza elétrica, como eletrocardiograma e eletroencefalograma, para se efetuar investigações
médicas. As correntes elétricas que acompanham, por exemplo, a atividade cerebral, podem ser
registradas por aparelhos especiais.
Verifica-se que a nossa sensibilidade à corrente elétrica é muito acentuada, isto é, correntes
relativamente pequenas podem causar dor e, até mesmo, a morte. De fato, para a maioria das
pessoas observa-se que:
− uma corrente de 1mA já é perceptível, causando um certo “formigamento”;
− uma corrente de 10mA pode causar dores e espasmos musculares, não sendo, porém, fatal;
− uma corrente de 100mA pode levar à morte, porque faz o coração bater de maneira irregular e
sem coordenação (fibrilação cardíaca);
− correntes mais elevadas provocam a parada completa do coração, danos irreversíveis ao sistema
nervoso e queimaduras intensas em virtude do efeito térmico (joule) da corrente.,

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58 Corrente Elétrica

QUESTÕES PROPOSTAS
1- Conceitue corrente elétrica.

2- Escreva a equação que define intensidade da corrente elétrica e diga sua unidade.

3- O instrumento utilizado para medir corrente elétrica num circuito é o e deve ser
ligado em com o mesmo.

4- O sentido real (eletrônico) da corrente elétrica coincide com o sentido de deslocamento das
cargas elétricas , portanto, este deslocamento se dá do ponto de
potencial __________ para o ponto de potencial __________. O sentido contrário ao citado
acima é denominado de sentido da corrente elétrica.

5- Assinale, dentro dos parênteses, verdadeiro ou falso.


a) ( ) Numa lâmpada de lanterna circula uma corrente contínua.
b) ( ) Num chuveiro elétrico circula uma corrente alternada.
c) ( ) O fusível é um dispositivo que fornece corrente elétrica.
d) ( ) O fusível e o disjuntor têm a mesma função num circuito elétrico.
e) ( ) A vantagem que o amperímetro alicate apresenta sobre o amperímetro comum é que
não há a necessidade de se abrir o circuito para se efetuar a medição.

6- Associe o fenômeno (coluna da esquerda) com o principal efeito que a corrente elétrica
envolvida provoca (coluna da direita).
1. ferro elétrico ( ) efeito magnético
2. lâmpada fluorescente acesa ( ) efeito fisiológico
3. pessoa “tomando um choque” ( ) efeito térmico
4. peça metálica sendo niquelada ( ) efeito químico
5. eletroímã sendo acionado ( ) efeito luminoso

7- Um campo elétrico E , apontando para a esquerda, é


aplicado em um fio condutor, como mostra a figura E
deste exercício.
a) Qual será o sentido de movimento dos elétrons no
fio? Qual é a denominação deste sentido da corrente?
b) Qual é o sentido convencional da corrente neste fio?

8- Cite dois exemplos de materiais semicondutores.

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Corrente Elétrica 59

9- Imagine que um diodo foi introduzido entre os pontos X e Y


do circuito ao lado. Assim sendo, preencha as lacunas a
seguir: X Y
L
a) Se o catodo estiver no ponto X e o anodo no ponto Y, a
lâmpada acenderá ou não? __________. Logo, teremos 12V
uma polarização _______________, ou seja, o diodo está
se comportando como material _______________.
Considera-se como o diodo fosse uma chave _______________.
b) Se o catodo estiver no ponto Y e o anodo no ponto X, a lâmpada acenderá ou não?
__________. Logo, teremos uma polarização _______________, ou seja, o diodo está se
comportando como material _______________. Considera-se como o diodo fosse uma
chave _______________.

10- Nos vários circuitos elétricos existentes, podemos ter tipos diferentes de corrente, ou seja:
corrente contínua pura fornecida por uma pilha; circulação de uma corrente alternada fornecida
pelos alternadores das grandes usinas geradoras e também corrente retificada (circuito
retificador ⇒ CA é transformada em CC). Imagine, por exemplo, três circuitos diferentes:
circuito de alimentação das lâmpadas de uma instalação elétrica residencial, circuito de
fornecimento de energia elétrica para um rádio portátil e circuito de um carregador de bateria.
Identifique qual a corrente (tipo) associada a cada circuito consumidor citado acima.

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60 Corrente Elétrica

PROBLEMAS PROPOSTOS
1- Uma carga de 1200mC deslocou-se através de um condutor durante 5 minutos. Determine o
valor da intensidade da corrente elétrica.

2- Um fio condutor de cobre é percorrido por uma corrente elétrica devido a uma ddp de 220V
existente entre seus extremos. A corrente circula durante 10s e o trabalho realizado vale 5,5J.
Determine o valor da corrente que percorre o condutor.

3- Vamos supor que se utilize um fusível de 3mA para proteger o circuito citado no exercício
anterior. Diga se ele irá queimar ou não, justificando sua resposta.

4- Entre as extremidades de um fio condutor aplica-se uma ddp de 110V, durante 30s.
Considerando-se que o trabalho realizado vale 6600J, diga (e justifique) se um fusível de 1,5A
colocado nesse circuito, queimará ou não.

5- Certo condutor é percorrido por uma corrente de 10mA durante 10 minutos, quando ligado entre
dois potenciais. Sabendo-se que é realizado um trabalho elétrico igual a 600J, determine o valor
da diferença de potencial existente entre as extremidades do condutor.

6- Suponha que fosse possível contar o número de elétrons que passam através de uma seção de
um condutor, no qual se estabeleceu uma corrente elétrica. Se durante um intervalo de tempo
t=l0s passam 2 x 1020 elétrons nesta seção, determine:
a) a quantidade de carga q, em coulombs, que corresponde a este número de elétrons (carga do
elétron = 1,6 x 10-19 C).
b) a intensidade da corrente (em ampère) que passa na seção transversal do condutor.

7- A intensidade da corrente que foi estabelecida em um fio metálico vale 400mA. Supondo que
esta corrente foi mantida, no fio, durante 1 minuto, calcule:
a) a quantidade total de carga que passou através de uma seção do fio.
b) o número de elétrons que passou através desta seção.

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Resistência Elétrica 61

6. RESISTÊNCIA ELÉTRICA

6.1. CONCEITO
A energia elétrica que chega nas residências é
transportada por fios constituído de materiais bons
condutores e mesmo assim, ocorre uma certa perda de
energia. Esta perda ocorre devido à resistência dos fios,
onde existe um aquecimento e por isto nem toda a energia
gerada é utilizada pelos consumidores.
Quando as cargas móveis (elétrons) que constituem a
corrente são acelerada pela tensão elas acabam realizando
“colisões” com os átomos ou moléculas do condutor. Isto
ocasionará uma oposição oferecida pelo fio à passagem de
corrente. Evidentemente a corrente no condutor será maior ou
menor, dependendo desta oposição (oposição maior no desenho
ao lado na parte de baixo). A oposição que um condutor oferece à
passagem de corrente através dele, representa a grandeza
denominada de “resistência elétrica (R)”.

“RESISTÊNCIA ELÉTRICA É A MEDIDA DA OPOSIÇÃO À PASSAGEM DA CORRENTE


ELÉTRICA, OU SEJA, REPRESENTA A DIFICULDADE DOS ELÉTRONS EM SE
MOVIMENTAREM NO INTERIOR DE UM CONDUTOR”.
O fato da temperatura sobre um condutor sofrer uma elevação quando uma corrente
elétrica circula por ele é a evidência da oposição enfrentada pelo movimento dos elétrons. Nos
metais, onde existem vários elétrons livres, estes entram em movimento quando se lhes aplica uma
tensão. Dizemos que os metais, de um modo geral, são bons condutores, pois oferecem pequena
resistência. Enquanto isso, o carbono por exemplo, possui menos elétrons livres, portanto a
passagem de corrente se torna mais difícil, logo a resistência é maior.

6.2. CÁLCULO DE RESISTÊNCIA ELÉTRICA (R)


a) Definição
A resistência elétrica de um material é definida pela relação entre a tensão (Vab) aplicada
entre as extremidades do referido condutor e a intensidade de corrente (I) que o percorre.

Vab
R=
I
b) Unidade
No sistema Internacional de Unidades a resistência elétrica é medida em OHM (Ω).
u(R) = u(Vab)/u(I) = Volt(V)/Ampère(A) u = (R) = Ohm(Ω )

1Ω é a resistência elétrica de um condutor que permite a passagem de uma corrente de 1A


quando ele é submetido a uma tensão de 1V.

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62 Resistência Elétrica

c) Instrumentos de medição
A resistência elétrica é medida com o ohmímetro (simbologia
ao lado). Existem aparelhos denominados multímetros que podem Ω
funcionar como voltímetros, amperímetros e também como
ohmímetros.
Quando o multímetro está selecionado para ser usado
como ohmímetro, para saber-se o valor da resistência de um
componente qualquer, basta ligar-se o mesmo às ponteiras do
instrumento. A leitura da posição do ponteiro (instrumento
analógico) sobre a escala nos fornecerá o valor da resistência
medida. Esta medição pode ser feita através de um ohmímetro
digital, onde a leitura é fita diretamente no display do medidor. Ohmímetro
Medição de resistência elétrica com o multímetro

MULTÍMETRO DIGITAL
FUNÇÕES ESCALAS

Ω A- A V- V 200 2 20 200 2 20 LIGA


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

AMP COMUM V-Ω Ω KΩ MΩ MΩ

x y z mV V KV

µA mA A

Observando o desenho do multímetro, verificamos que a tecla da função que deve ser
acionada é a nº 1 (medição de resistência elétrica). As escalas do medidor são: nº 6 (até 200Ω), nº 7
(até 2kΩ), nº 8 (até 20kΩ), nº 9 (até 200kΩ), nº 10 (até 2MΩ) e nº 1l (até 20MΩ). Os terminais
utilizados para a medição são o Y (comum) e o Z (V - Ω).
Exemplo 1: medição de continuidade de um condutor
O teste de continuidade de um condutor consiste em verificar se um condutor está inteiro
ou interrompido.
1º) Com o multímetro ligado, pressionamos as teclas 1 (Ω) e 6 (até 200Ω), colocando as ponteiras
nos bornes Y (comum) e Z (V - Ω).
2º) Colocamos as ponteiras do medidor, em paralelo com o condutor

(esquema ao lado).
3º) No visor poderá aparecer um valor baixo, por exemplo zero,
00.00, indicando que o condutor está inteiro, ou por exemplo 00.00 1 .

1, indicando que o condutor está interrompido (resistência


infinita).
O mesmo teste pode ser feito para verificarmos se uma chave está em condições perfeitas
de funcionamento. Se ela estiver fechada, a resistência medida é aproximadamente zero, e se estiver
aberta, a resistência medida será infinita, ou seja, aparecerá no visor a medida 1.

Ω Ω
00.00 1 .

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Resistência Elétrica 63

Exemplo 2: medição da resistência de um resistor de l5kΩ (Método direto)


1º) Primeiramente, selecionamos as teclas nº 1 (Ω) e nº 8 (resistência até 20 kΩ)
colocando as ponteiras nos bornes Y (comum) e Z (V - Ω).
2º) Após, coloca-se as ponteiras no medidor, em
15kΩ -10W
paralelo, com os terminais do resistor.
3º) No visor deverá aparecer a indicação 15.00,
indicando que o resistor é de 15kΩ. Ω
4º) Se, ao medirmos um resistor, aparece no visor a 15.00
indicação 1. (infinito), devemos pressionar
outra(s) tecla(s) com valor(es) de resistência(s)
maior(es), pois o resistor pode ter um valor maior de resistência, impedindo a leitura
feita na escala anterior.

Método indireto
A medida de uma resistência poderá também ser feita usando-se
um voltímetro (ideal) e um amperímetro (ideal). Neste caso, estes
aparelhos devem ser ligados da maneira mostrada ao lado. O voltímetro
nos fornece o valor da tensão (VAB) entre os extremos do resistor (R) e o
amperímetro indica o valor da corrente (I) que passa neste resistor.
Conhecendo-se a tensão aplicada ao resistor e a corrente que o
Vab
percorre, podemos calcular o valor da resistência pela relação: R =
I

6.3. FATORES INFLUENTES NA RESISTÊNCIA


A experiência mostra que a resistência elétrica de um condutor depende, basicamente, de
quatro fatores: o seu comprimento, a área de sua seção transversal, o material de que ele é feito e da
temperatura.
a) Comprimento de um condutor (ℓ)
Em condutores feitos do mesmo material e com mesma área de seção transversal, mantidos
a mesma temperatura, a resistência elétrica é diretamente proporcional ao comprimento ( l ), ou
seja, será verificada maior resistência no condutor de maior comprimento.
R α l , sendo α símbolo de proporcionalidade.
COBRE comprimento menor menor resistência
Rαℓ
COBRE comprimento maior maior resistência

b) Área de Seção Transversal (A)


Em condutores feitos do mesmo material e com o mesmo comprimento, mantidos a uma
mesma temperatura, a resistência elétrica é inversamente proporcional à área da seção transversal,
ou seja, será verificada maior resistência no condutor de menor área de seção transversal.
PRATA área da seção menor maior resistência.
R α 1/A
área da seção maior menor resistência.

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64 Resistência Elétrica

CONSIDERAÇÕES
1º) Conversões
Algumas vezes se faz necessário que se realize algumas conversões nas unidades de
comprimento e de área, portanto, iremos demonstrar como isso é feito.
Km hm dam m dm cm mm
0. 0 0 1 1mm = 0,001m = 1x10-3 m
0. 0 1 1cm = 0,01m = 1x10-2 m
0. 1 1dm = 0,1 m = 1x10-1 m
Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
0. 00 00 01 1mm2 = 0,000001m2 = 1x10-6 m2
0. 00 01 1 cm2 = 0,0001m2 = 1x 10-4 m2
0. 01 1dm2 = 0,01 m2 = 1x10-2 m2
2º) Área dos condutores
Como nos rolos de fios condutores vem especificado o raio ou diâmetro dos mesmos,
necessitamos calcular as suas áreas. Para tal, utilizamos uma das fórmulas abaixo:-
π .d 2
A = π.r2 r = d/2 A = π . (d/2)2 A=
4
A=área da seção do condutor π = 3,14
r=raio do condutor d = diâmetro do condutor

ρ)
c) Coeficiente de resistividade (ρ
Podemos afirmar que, para um fio condutor de um dado material e a uma determinada
temperatura, sua resistência elétrica será proporcional ao seu comprimento e inversamente
proporcional à área de sua seção transversal. Chama-se resistividade essa constante de
proporcionalidade, que depende exclusivamente do material que é constituído o condutor e da
temperatura em que ele se encontra. Essa constante é normalmente indicada pela letra grega ρ (Rô).
Pelo exposto, concluímos que R α ℓ / Α, portanto, podemos escrever que:
ρ. l
R=
A
No Sistema Internacional de Unidades (SI), ρ é medido em Ω. m.

1Ω.m é a resistividade de um material que tem 1Ω de resistência elétrica, comprimento de 1m e


área da seção transversal de 1m2.

Pela relação R = ρ. ℓ /A podemos ver que, tomando-se vários fios de mesmo comprimento
e de mesma área, porém feitos de materiais diferentes, haverá menor resistência naquele que possuir
menor resistividade. Concluímos, então, que, quanto menor for a resistividade de um material,
menor será a oposição que este material oferecerá a passagem de corrente através dele.

“UMA SUBSTÂNCIA SERÁ TANTO MELHOR CONDUTORA DE ELETRICIDADE


QUANTO MENOR FOR O VALOR DE SUA RESISTIVIDADE”.

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Resistência Elétrica 65

PROBLEMA RESOLVIDO
Calcule o valor da resistência elétrica de um fio de cobre de 40cm de comprimento e
0,25mm2 de área de seção transversal. (ρ = 1,7x10-8Ω.m)
R=?
ρ .l 1,7x10 -8 x0,4
ℓ=40cm R= =
A 0,25 x10 −6
A=0,25mm2=0,25x10-6m2
R=2,72 Ω
ρ=1,7x10-8Ω.m

Na tabela abaixo, estão indicados os valores de resistividade de algumas substâncias, para


temperaturas em torno de 20ºC.

Material Ω.m)
Resistividade (Ω
Prata .......................................... 1,6 x l0-8
Cobre......................................... 1,7 x l0-8
Ouro .......................................... 2,4 x l0-8
Alumínio ................................... 2,6 x 10-8
Tungstênio................................. 5,5 x 10-8
Zinco ......................................... 6 x 10-8
Ferro.......................................... 10 x 10-8
Estanho...................................... 12 x 10-8
Chumbo..................................... 22 x 10-8
Mercúrio.................................... 94 x 10-8
Niquelina................................... 40 x 10-8 a 44 x 10-8
Manganina................................. 42 x 10-8
Constantan................................. 50 x 10-8
Nicromo .................................... 100 x 10-8
Grafite ....................................... 40 x 10-8 a 75 x 10-8
Soluções Eletrolíticas .............. 10-2 a 10

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66 Resistência Elétrica

d) Temperatura
A resistividade de um material está intimamente ligada com as variações de temperatura
que o mesmo pode sofrer. Podem-se admitir como lineares (diretamente proporcionais) as variações
de resistividade com a temperatura, para valores até cerca de 100ºC, porém nem todos os materiais
se comportam de mesma maneira frente às variações de temperatura.
1º Caso: metais
Analisando a estrutura interna dos sólidos, é possível entender por que a resistência elétrica
destes corpos varia com a temperatura. Sob o ponto de vista da Física Moderna, a resistência
elétrica de um sólido depende basicamente de dois fatores: do número de elétrons livres existentes
em sua estrutura e da mobilidade destes elétrons ao se deslocarem através de sua rede cristalina.
No desenho ao lado, temos elétrons deslocando-
se no interior de um sólido cristalino, os quais colidem
com os íons da rede Evidentemente quanto maior for o elétron + + + + + + +
número de elétrons livres (por unidade de volume) + + + + + + +
existentes no sólido, menor será sua resistência elétrica.
Do mesmo modo, esta resistência será tanto menor quanto + + + + + + +
mais facilmente os elétrons se deslocarem através da rede
cristalina, isto é, quanto maior for a mobilidade dos + + + + + + +
elétrons. No desenho ao lado, por exemplo, temos cinco + + + + + + +
elétron livres, que possuem uma determinada mobilidade.
Os cientistas, através de recursos experimentais de grande precisão, conseguiram medir o
número de elétrons existentes (livres) em diversas substâncias. Os resultados destas medidas
mostram que, nos metais, o número de elétrons livres praticamente não varia quando fazemos variar
a temperatura destas substâncias. Entretanto, como sabemos, o aumento da temperatura, provoca
um aumento na agitação térmica dos elétrons livres e dos íons da rede cristalina. Em virtude disto,
ao se deslocarem, os elétrons sofrerão um maior número de colisões contra os íons da rede, isto é,
terão sua mobilidade reduzida. Então, nos metais não havendo um aumento do número de elétrons
livres e ocorrendo uma redução na mobilidade destes elétrons, uma elevação de temperatura
acarretará, necessariamente, um aumento na resistividade e na resistência elétrica.

METAIS
⇒ aumentando a temperatura
⇒ aumenta a agitação térmica dos elétrons e íons
⇒ maior número de colisões
⇒ mobilidade dos elétrons é reduzida
⇒ resistividade aumenta, aumentando também a resistência elétrica.

A seguir, apresentamos o exemplo de um condutor de aço, quando mantido à temperatura


ambiente e quando aquecido. O gráfico da resistência x temperatura, mostra claramente que a
resistência do condutor de aço aumenta com o aumento da temperatura.

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Resistência Elétrica 67

R (Ω)

Ω Ω
5

R = 5Ω
0 t1 t2 t(ºC)

R > 5Ω

2º Caso: grafite
Em alguns materiais, o fenômeno ocorrido é diferente do citado no primeiro caso, ou seja,
quando aquecidos, estes materiais sofrem um acréscimo do nº de elétrons livres. Quanto maior a
temperatura, maior é o nº de elétrons que ficam fracamente ligados ao núcleo, isto é se estes
elétrons forem submetidos a campos elétricos de baixa intensidade, eles passarão a ter um
movimento ordenado (corrente). Considerando-se também que a mobilidade dos elétrons neste
material não sofre alteração significativa, temos condições de estabelecer uma corrente de maior
intensidade (maior quantidade de carga), fruto da diminuição da resistividade e da resistência.

GRAFITE
⇒ aumentando a temperatura
⇒ aumenta o no de elétrons livres
⇒ resistividade e resistência elétrica, necessariamente diminuem de valor.
Abaixo, mostramos o que acontece, quando um pedaço de grafite é aquecido. Através do
gráfico, podemos verificar o seu comportamento.

R (Ω)

Ω Ω
3

R = 3Ω
0 t1 t2 t(ºC)

R < 3Ω

3º Caso: constantan (54% Cu. 45% Ni, 1% Mn)


O terceiro caso citado agora é a fusão dos 1º e 2º casos, isto é, os dois fenômenos citados
anteriormente ocorrem ao mesmo tempo. Se o número de elétrons livres de um material aumentar
em função do aumento de temperatura e aumentar também o número de colisões destes elétrons,
qual seria o resultado final?
Podemos dizer que os dois fenômenos se equilibram, pois se o fato de aumentar o número
de elétrons livres ocasiona a diminuição da resistividade, temos o aumento do número de colisões
que, por sua vez, faz aumentar o valor da resistividade. Logo, conclui-se que, nos materiais onde
estes dois fenômenos ocorrem simultaneamente, a resistividade possui um valor constante,
independente do valor de temperatura sobre o material. Se a resistividade não varia a resistência
elétrica também não varia. Observe o gráfico a seguir.

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68 Resistência Elétrica

CONSTANTAN
⇒ aumentando a temperatura
⇒ aumenta o número de elétrons livres e aumenta o número de colisões
⇒ resistividade e resistência elétrica praticamente não variam.

R (Ω)

Ω Ω 4Ω

R = 4Ω
0 t1 t2 t(ºC)

R = 4Ω

Anteriormente foi mostrada uma tabela de resistividades de alguns materiais, sendo que a
mesma é válida para ambientes à temperatura de 20ºC. Isso significa que a resistividade pode
assumir valores diferentes para outras temperaturas. Uma outra característica dos materiais é o
coeficiente de temperatura, que mostra de que forma a resistividade e, consequentemente a
resistência, variam com a temperatura. O coeficiente de temperatura é representado pela letra grega
α, cuja unidade de medida é o ºC-1. A expressão para calcular a resistividade em função da
ρ = ρ o .(1 + α .∆t )
temperatura está indicada a seguir.

ρ = resistividade do material, em (Ω.m), à temperatura t;


ρo = resistividade do material, em (Ω.m), à uma temperatura de referência to;
∆ t = t - to = variação da temperatura, em (ºC);
α = coeficiente de temperatura do material, em (ºC-1).
R Ro
A relação entre as resistências e resistividades é a seguinte: =
ρ ρo
6.4. SUPERCONDUTIVIDADE
A supercondutividade é uma propriedade apresentada por um número limitado de
materiais, que apresentam resistência elétrica nula quando submetidos a temperaturas muito baixas.
Isto significa que os elétrons livres destas substâncias conseguem se deslocar livremente através de
sua rede cristalina, ou seja, passando uma corrente elétrica por um fio feito com este material,
abaixo de uma certa temperatura crítica (característica do material), a tensão que aparece nos
terminais do fio é exatamente zero (V=R.I). Assim, o calor gerado no fio, ou então a potência
necessária para fazer passar a corrente no fio, é nula.
A primeira idéia para a utilização do fenômeno descoberto foi produzir campos
magnéticos. Fazendo passar uma corrente por uma bobina supercondutora, a corrente se mantém,
indefinidamente, sem o auxílio de nenhuma bateria, produzindo assim, permanentemente, um
campo magnético. Aumentando a corrente e consequentemente o campo magnético, descobriram-
se, entretanto, dois fatores desanimadores. O primeiro fator é que, acima de um determinado valor
de campo magnético, o material deixa de ser supercondutor, voltando a ter resistência elétrica
normal. O segundo fator é que a corrente elétrica também pode destruir a supercondutividade, ou
seja, independente do efeito de campo magnético, um material deixa de ser supercondutor quando
transporta uma corrente elétrica muito grande, superior a certo valor crítico.

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Resistência Elétrica 69

Os primeiros supercondutores descobertos precisavam ser resfriados a menos de 4 graus


absolutos (4 graus absolutos = 4K (4 kelvin); 0K = -273°C) e não podiam suportar campos
magnéticos de mais de algumas dezenas ou algumas centenas de gauss (unidade de campo
magnético). Um ímã comum de ferro produz facilmente alguns milhares de gauss e, assim, os
supercondutores não eram competitivos na produção de campos magnéticos, embora pudessem
fazê-lo sem nenhum consumo de energia.
A outra aplicação óbvia era fazê-lo funcionar como transportador de corrente elétrica sem
consumo de energia (sem efeito Joule). Esta aplicação, durante muito tempo, esbarrou com as
dificuldades praticamente intransponíveis de como manter constantemente o material a uma
temperatura tão baixa, coisa que requeria técnicas possíveis somente em um laboratório de
pesquisas, e em escalas muito pequenas.
Por volta de 1960, começaram a aparecer as chamadas ligas supercondutoras com
temperaturas críticas pouco mais altas (l0 e 20 graus absolutos), mas capazes de suportar campos
magnéticos externos muito altos (até 500 mil gauss) e transportar correntes elétricas enormes. Hoje
em dia são construídos fios supercondutores muito semelhantes aos fios de cobre usados em
instalações elétricas domésticas, capazes de transportar mais de 50.000 ampères, sem nenhum
aquecimento.
Motores elétricos e geradores de eletricidade, por exemplo, nada mais são do que bobinas
que produzem um campo magnético que roda ou é forçado a rodar (rotor) no campo de outras
bobinas fixas (estator). Essas bobinas em geral são feitas de fio de cobre e têm um núcleo de ferro
para reforçar o campo magnético. Esse campo, em máquinas reais, nunca ultrapassa 10.000 gauss.
Sua produção envolve núcleos de ferro volumosos, pesados e caros, além da potência dissipada pela
resistência dos fios de cobre, o que em máquinas grandes requer um complicado e dispendioso
sistema de refrigeração. Essas bobinas usam apenas uma fonte de corrente que não é maior do que
um amplificador estéreo doméstico, e todo o sistema pode ser instalado em um ou dois metros
quadrados do laboratório. Para produzir o mesmo campo com uma bobina de cobre refrigerada a
água, é necessário alimentá-la com um gerador de 5 megawatts, cuja instalação requer quase todo
um edifício. Modernamente já se tem testado grandes máquinas, usando rotores de fio
supercondutor, onde se produzem campos magnéticos de até 60.000 gauss, ocupando um volume
cem vezes menor do que o gerador convencional equivalente. O problema de manter o fio
supercondutor em temperaturas muito baixas (as ligas supercondutoras mais modernas ainda
precisam trabalhar perto de 4 graus absolutos) revelou-se muito mais simples e econômico do que
se esperava. Através de pesquisas mais recentes, chegou-se à obtenção de uma pastilha composta de
Ytrio, Bário, Cobre e Oxigênio, que na temperatura de 38ºC possui as características de um
supercondutor, porém apresenta o problema de ser muito instável. Em termos práticos (produção
em grande escala), a obtenção deste supercondutor não é tão fácil, uma vez que o ideal seria que tal
fenômeno pudesse ocorrer na temperatura ambiente mais comum, em torno de 20ºC. Algumas
aplicações estão hoje sendo aperfeiçoadas e muitas delas certamente constituirão uma revolução
tecnológica em futuro não muito distante. Dentre elas destacamos: o cabo supercondutor para
transporte de energia elétrica em grande escala; a suspensão por levitação magnética, que já está
sendo aplicada em sistemas de transportes chamados trens supercondutores, atualmente sendo
construído no Japão e na Alemanha; os aparelhos
supersensíveis para medidas de tensão, corrente elétrica e R( )
campo magnético. R 2

O gráfico ao lado, mostra que, diminuindo-se a R1


temperatura sobre uma substância metálica sua resistência
diminui de valor. Nota-se que a resistência tende a zero
quando obtivermos uma temperatura negativa igual ao zero
(-) 0 t1 t2 t(ºC)
absoluto (zero kelvin), ou seja, de -273,15ºC.

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70 Resistência Elétrica

6.5. ATERRAMENTO
sistema entrada de
Aterrar um equipamento qualquer significa levá-lo ao mesmo bifásico energia
potencial da terra, tomado como padrão ou referência. As expressões fases a e b 220v/127v
de cálculo da resistência do sistema de terra levam sempre como neutro

parâmetro a resistividade do terreno. A resistividade depende da


natureza do terreno, umidade e temperatura, sendo de difícil obtenção,
em função de ser extremamente variável durante o ano.
Um sistema de aterramento pode ser definido como um
conjunto de componentes que permite obter um contato de baixa
resistência, servindo de dispersor de correntes elétricas. O sistema de
aterramento pode ser construído para uso do terreno como condutor em fases a e b
transmissão de energia elétrica, para igualar os potenciais de um neutro
eletrodo terra
circuito ao potencial da terra ou para evitar que defeitos de uma de terra
instalação gerem tensões perigosas em equipamentos ou locais.
A resistência de terra depende de três fatores que são a resistência do
terminal de conexão do eletrodo de terra com o condutor de aterramento, a resistência
de contato entre o eletrodo e a terra e da resistência do terreno. Experiências
realizadas sob diversas condições mostraram que os dois primeiros fatores podem ser
levados praticamente a zero.
Este eletrodo, desenho do lado, pode ser uma haste de cobre (15mm de
diâmetro e 2,4m de comprimento) com enterramento total vertical. A resistência de
terra não deve ser superior a 10Ω nas verificações anuais obrigatórias. O ideal é que a
ddp entre o fio neutro e qualquer ponto da terra fosse nula, mas as companhias
concessionárias de energia elétrica admitem um pequeno desequilíbrio elétrico, em
torno de 5% da tensão da rede.
Nem sempre aprofundar os eletrodos diminui a resistência de aterramento, pois se pode,
não atingindo o lençol freático, ter camadas de maior resistividade. Equipamentos elétricos, em
geral, devem estar com as carcaças aterradas, como por exemplo, fogões, chuveiros elétricos,
aquecedores, motores, equipamentos de raios X, condicionadores de ar, etc. Daí, a necessidade do
condutor terra.
No desenho ao lado, temos uma chave de fenda que serve para
identificar os fios fase e neutro (terra) de uma rede de baixa tensão. Tem-se,
internamente, uma lâmpada de neon de baixa potência, ligada em série com um
resistor de 250kΩ. Ao conectarmos a ponta desta chave com o fio fase (fio não
aterrado), basta encostarmos o dedo no outro lado da chave para fecharmos o
circuito, possibilitando a circulação de uma corrente, que tem intensidade
suficiente para acender a lâmpada. Como a resistência do circuito é muito alta, a
corrente circulante é muito baixa, não causando “choque elétrico”. Se a ponta da
chave for encostada no fio neutro, a lâmpada não acenderá, pois teremos o mesmo
potencial (ddp igual a zero) nas duas extremidades da lâmpada, não circulando
corrente.

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Resistência Elétrica 71

6.6. RESISTORES
Resistor é um componente físico que possui a propriedade denominada de resistência
elétrica e que se destina especificamente a introduzir uma quantidade desejada dessa propriedade
num circuito elétrico.
Considera-se um componente
como resistor (simbologia ao lado)
quando ele transforma a energia elétrica
consumida, integralmente, em calor.
a) Especificações dos resistores
Os resistores têm três importantes especificações: resistência (Ω), tolerância (porcentagem)
e potência (watts - W). Pelo simples exame visual do resistor é possível descobrir estas
especificações.
− Resistência: nos resistores de fio os valores estão normalmente inscritos no corpo do
componente; nos de carvão, o valor é identificado por um código de cores.
− Tolerância: A resistência raramente é um valor exato indicado no resistor. Seria
extremamente difícil e caro fabricar resistores praticamente com o valor marcado. Por essa
razão, os resistores possuem uma especificação de tolerância. Por exemplo, um resistor de l00Ω
pode ter uma tolerância de l0%. Dez por cento de l00 é l0. Portanto, o valor real do resistor pode
ser qualquer um entre 90Ω (l00 – 10) e 110Ω (100 + l0). Tolerâncias de 5% l0% e 20% são
comums para resistores de carvão. Resistores de precisão têm tolerância de 2%, 1% ou ainda
menor. Geralmente, quanto menor a tolerância, maior o custo do resistor.
- Potência: A especificação de potência se refere ao 1/8W
valor máximo de potência (medida em watt) ou calor que o
resistor pode dissipar sem queimar-se ou alterar seu valor. 1/4W
Quanto maior o tamanho físico do resistor, maior potência ele
1/2W
pode dissipar. Os resistores de carvão, em geral, possuem baixas
especificações de potência; são comuns especificações de 2,5W,
1W
2W, 1W, l/2W, l/4W e l/8W.
Os resistores de fio podem suportar potências muito
2,5W
maiores, como por exemplo, 5W, 7W, 10W, 25W, 50W, etc.
Resistor de carvão
b) Código de cores para resistores de carvão
No corpo dos resistores de carvão são pintados anéis coloridos que obedecem a uma
codificação (tabela a seguir). O código de cores é
constituído, normalmente, de quatro anéis coloridos,
sendo que os três primeiros indicam o valor da
resistência do resistor, enquanto que o quarto anel
indica a tolerância do resistor. 1º anel
(1º algarismo) 4º anel
A ordem dos anéis, tem como referência o 2º anel
anel 1, o mais próximo de um dos terminais do (tolerância)
(2º algarismo) 3º anel
resistor, sendo este anel o primeiro, conforme
(multiplicador)
ilustração acima. Cada cor tem um valor que depende
do anel em que está, segundo a tabela a seguir. Na
ausência do quarto anel, a tolerância será de 20%.

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72 Resistência Elétrica

COR 1ª faixa 2ª faixa 3ª faixa 4ª faixa


PRETO -- 0 x1 --
MARROM 1 1 x101 1%
VERMELHO 2 2 x102 2%
LARANJA 3 3 x103 --
AMARELO 4 4 x104 --
5
VERDE 5 5 x10 --
6
AZUL 6 6 x10 --
7
VIOLETA 7 7 x10 --
CINZA 8 8 -- --
BRANCO 9 9 --- --
PRATA -- -- x10-2 10%
OURO -- -- x10-1 5%
Como usar esse código? Vamos supor que temos um resistor cujas cores, na ordem sejam
amarelo, violeta, vermelho e ouro. Os dois primeiros anéis fornecem os dois primeiros algarismos
que formam a resistência do componente.
No nosso caso, temos:
AMARELO = 4 ; VIOLETA = 7 ⇒ FORMANDO = 47
O terceiro anel nos dá o fator de multiplicação ou numero de zeros.
No caso, o vermelho indica que devemos acrescentar dois zeros (00) ou multiplicar por
100 .
Juntando, temos : 4700 = 4700Ω ou 4K7 que é o valor do resistor.
Como o quarto anel é o ouro, a tolerância do resistor será de 5%.
Isto significa que o resistor pode ter um valor entre 4465 (4700 – 235 ) e 4935 (4700+235),
pois 5% de 4700 é igual a 235.
Existem resistores com cinco anéis coloridos, sendo
que a única diferença do código citado anteriormente é que, o
terceiro anel representa o 3º algarismo. O quarto e o último
representam, respectivamente, o multiplicador e a tolerância. 1º anel 5º anel
(1º algarismo) (tolerância)
Estes resistores são de maior precisão (2% e 1 %). 2º anel 4º anel
(2º algarismo) (multiplicador)
Supondo que temos um resistor cujas cores, na ordem 3º anel
sejam laranja, amarelo, cinza, preto e marrom, teríamos, (3º algarismo)
então, um resistor de 348Ω (1%).
Série comercial de resistores
Os resistores são fabricados de acordo com a porcentagem de tolerância, de tal modo que
seus valores cubram todos os valores previstos pela porcentagem, sem necessidade de se fazerem
valores individuais. Como exemplo, citamos a tabela abaixo, onde mostramos os valores existentes
na série E24.

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Resistência Elétrica 73

SÉRIE E24 - 5% - UNIDADE EM OHMS


1.0 10 100 1.0K 10K 100K 1.0M 10M
1.1 11 110 1.1K 11K 110K 1.1M 11M
1.2 12 120 1.2K 12K 120K 1.2M 12M
1.3 13 130 1.3K 13K 130K 1.3M 13M
1.5 15 150 1.5K 15K 150K 1.5M 15M
1.6 16 160 1.6K 16K 160K 1.6M 16M
1.8 18 180 1.8K 18K 180K 1.8M 18M
2.0 20 200 2.0K 20K 200K 2.0M 20M
2.2 22 220 2.2K 22K 220K 2.2M 22M
2.4 24 240 2.4K 24K 240K 2.4M
2.7 27 270 2.7K 27K 270K 2.7M
3.0 30 300 3.0K 30K 300K 3.0M
3.3 33 330 3.3K 33K 330K 3.3M
3.6 36 360 3.6K 36K 360K 3.6M
3.9 39 390 3.9K 39K 390K 3.9M
4.3 43 430 4.3K 43K 430K 4.3M
4.7 47 470 4.7K 47K 470K 4.7M
5.1 51 510 5.1K 51K 510K 5.1M
5.6 56 560 5.6K 56K 560K 5.6M
6.2 62 620 6.2K 62K 620K 6.2M
6.8 68 680 6.8K 68K 680K 6.8M
7.5 75 750 7.5K 75K 750K 7.5M
8.2 82 820 8.2K 82K 820K 8.2M
9.1 91 910 9.1K 91K 910K 9.1M

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74 Resistência Elétrica

c) Alguns tipos de resistores


Camada protetora
c.l. Quanto ao material isolante

1º) carvão
Os resistores de carvão, carbono ou grafite como também
são conhecidos, são facilmente identificados, pois em seu corpo Carbono
são pintadas faixas coloridas que obedecem a um código de cores.
Num tubo de porcelana é depositada uma fina camada de grafite Terminais
cuja espessura e largura (ela forma um espiral) determina a
resistência que o resistor terá.
A grafite apresenta uma resistividade considerável, de modo que podemos obter com certa
facilidade resistências numa faixa muito grande de valores. Podemos encontrar resistores com
valores que podem variar de l0Ω, ou menos, a mais de 20MΩ. Sobre a capa de grafite existe uma
tinta protetora que impede que elementos externos possam influir na resistência.
2º) fio
Como sabemos o cobre apresenta uma resistividade
(como qualquer outro material). Se enrolarmos uma pedaço de
fio de cobre num corpo não condutor (figura ao lado) teremos
um componente com uma resistência determinada. O processo
utilizado para produzir os resistores de fio é um pouco mais
sofisticado, mas a idéia básica é a mesma.
O fio geralmente usado é uma liga de níquel e cromo chamada nicromo, que tem a
resistividade muito maior do que a do cobre. O corpo que serve de suporte é normalmente um tubo
de cerâmica. Depois, são acrescentados terminais condutores e todo resistor é coberto com uma
camada protetora. A faixa de valores de resistência pode variar de menos de lΩ a vários milhares de
ohms. A técnica de fio é também utilizada para produzir resistores de valor preciso. Tais resistores
de precisão são muito requisitados em circuitos medidores.

c.2. Quanto ao funcionamento


1º) fixos
Como o próprio nome está dizendo, são resistores que apresentam um valor fixo de
resistência.
2º) ajustáveis
São resistores cuja resistência elétrica pode ser cursor
ajustada dentro da faixa nominal do mesmo. Uma vez
ajustado, sua resistência deverá permanecer fixa.
- De fio: Esse resistor possui um contato cuja
posição pode ser alterada, pois é fixado com um parafuso
permitindo o ajuste do valor da resistência desejada.
A dependência da resistência de um fio com seu
comprimento resulta numa aplicação importante em um resistor de resistência ajustável,
denominado reostato. Com o reostato é possível variar a resistência de um circuito e, assim, torna-
se possível aumentar ou diminuir a corrente neste circuito.

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Resistência Elétrica 75

Observe, agora, o circuito ao lado, onde + -


apresentamos um tipo muito comum de reostato, constituído
por um comprido fio AC, de resistência apreciável e um I
cursor B, que pode ser deslocado ao longo deste fio, I
estabelecendo contato em qualquer ponto entre A e C.
B
Observe que a corrente que sai de um dos pólos da bateria
A C
percorre o trecho AB do reostato, prosseguindo através do
cursor até o outro pólo da bateria. Não há corrente passando no trecho BC, pois estando o circuito
interrompido em C, a corrente não poderá prosseguir através deste trecho.

PROBLEMA RESOLVIDO
A bateria do circuito anterior estabelece entre os pontos A e B uma tensão constante de
l2V. Suponha que o resistor AC do reostato seja constituído por um fio uniforme, cuja resistência
total é RAC = 100Ω. Determine a corrente no circuito para as seguintes posições do cursor:
a) no ponto médio do fio AC;
No ponto médio, teremos RAC/2, então R = l00Ω /2 = 50Ω.
VAB 12V
Como se sabe I = ; então I = I = 0,24A
R 50Ω
b) na extremidade C do resistor.
Neste caso R = RAC = l00Ω.
VAB 12V
Como I = , então, I = I = 0, 12A
R 100 Ω

Uma outra aplicação do reostato é a sua utilização como


um divisor de tensão. Ao lado, podemos controlar qualquer fração
da tensão total da bateria até zero, movimentando o contato Ap

deslizante para baixo, ou seja, dessa forma podemos alterar o


funcionamento do aparelho representado no desenho.

- De carvão (trim-pot): São resistores que possuem um


cursor, e este pode ser movido por meio de um botão plástico, ou
ainda por meio de uma chave de fenda introduzida numa abertura que
tem a finalidade de ajustar a resistência desejada. Nos trim-pot o
terminal central corresponde ao cursor. Esse cursor se movimenta
sobre uma trilha de grafite. Conforme a posição dele podemos ter
uma resistência diferente entre ele e um dos extremos.
A trilha de grafite apresenta uma certa resistência fixa de ponta a ponta,
que da o valor nominal do trim-pot e que também possui as suas séries comerciais.
São resistores cuja resistência pode ser ajustada dentro da faixa nominal do mesmo.
Geralmente, uma vez ajustado, sua resistência deverá permanecer fixa.
símbolo

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76 Resistência Elétrica

3º) variáveis (potenciômetros)


São resistores com três terminais, cuja resistência depende
da ação externa. Na figura ao lado vemos o aspecto de um
potenciômetro comum e seu símbolo. Tem-se um elemento de grafite
(ou enrolamento de fio) que, apresenta certa resistência Terminal do cursor
de extremo a extremo, e que dá o valor do componente, Terminais
sobre o qual corre um cursor acionado por um eixo. extremos
Girando este cursor, podemos variar a resistência entre
zero e um valor máximo. Os potenciômetros são usados Película resistiva ou
Cursor enrolamento de fio
quando precisamos alterar o valor da resistência
móvel Eixo
oferecida a passagem da corrente num circuito. No caso
de desejarmos alterar a resistência à qualquer momento,
de uma maneira acessível, usamos um potenciômetro. No caso da alteração da resistência, mas algo
eventual, um possível ajuste num multímetro por exemplo, é mais recomendável um trimpot.
Existem potenciômetros miniatura, que são usados em aparelhos de pequeno porte (rádios
transistorizados, gravadores, etc.) e também potenciômetros de fio que em lugar da trilha de grafite
possuem uma trilha de nicromo enrolado em espiral, permitindo assim trabalhar com correntes
maiores (potenciômetros maiores).
Potenciômetros lineares e logarítmicos
Suponhamos que um potenciômetro tenha uma trilha que R
permita um movimento de 270 graus. A cada grau do movimento Máx

corresponderá uma parcela da resistência total do componente. Se


colocarmos esta variação num gráfico podemos obter dois tipos de POT.
LIN
curvas diferentes, mostradas a seguir. No primeiro caso, a variação da
resistência se faz numa proporção direta ao giro, ou seja, temos uma Ângulo

variação “linear” da resistência. Este é um potenciômetro linear ou Máx

abreviadamente lin. Estes potenciômetros são muito empregados em


circuitos de controle de brilho, de contraste e de cor em TV. R
Máx
No segundo caso, temos um potenciômetro em que no inicio
do movimento, ou seja, no começo da trilha a variação da resistência POT.
é mais suave do que no meio. Este potenciômetro segue uma curva LOG
logarítmica (log) e tem aplicação principalmente nos controles de Ângulo
volume. Isso ocorre porque a sensibilidade do ouvido é maior nos Máx
sons mais fracos, exigindo, assim uma variação mais suave.
d) Resistores não lineares
d.1. LUMISTOR: LDR (light dependent resistors) - Resistor que depende da luz
Os resistores LDR (também chamados de
fotoresistores) possuem um comportamento condicionado
pela luz incidente sobre eles. Apresentam uma resistência
elevada no escuro e, quando expostos à luz, tem sua
condutividade aumentada, isto é, oferecem baixa
resistência elétrica sob iluminação. Ao lado, temos o
símbolo e o aspecto fisico de um LDR. Neste componente
identificamos uma superfície sensível formada por dois elementos condutores separados por uma
substância foto-sensível. Os elementos condutores são conectados a dois terminais por meio dos
quais se faz a ligação do componente a um circuito externo.

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Resistência Elétrica 77

O material básico na fabricação do LDR é o sulfato de cádmio. Convenientemente tratado,


esse material possui poucos elétrons livres, se submetidos à completa escuridão. Mas, se permitido
que ele absorva luz, há liberação de alguns elétrons, o que faz aumentar sua condutividade. Isso
acontece apenas no limite de tempo em que há incidência de luz; se esta deixa de existir, os elétrons
são recapturados e o material volta a apresentar a alta resistência que tem originalmente, próxima a
de um isolante.
Alguns LDR encontrados no mercado têm resistência elétrica da ordem de 1MΩ no escuro,
que pode cair a algumas centenas de ohms ou menos, sob a luz. Os LDR podem ser utilizados em
diversos dispositivos práticos como fotômetros, alarmes, controle automático de brilho em TV, etc.
No circuito dado, temos um pequeno resistor cuja função é
comandar os contatos da chave ch, os quais ficam abertos somente
R Ch
quando o resistor aquece consideravelmente, ou seja o calor
proveniente do resistor provoca uma dilatação num dos terminais, 220 V
deslocando-o e abrindo o circuito da lâmpada. Enquanto houver
incidência de luz (durante o dia) o LDR possui uma resistência
baixa.
Assim, circula pelo resistor uma corrente de valor tal que
origine no resistor uma certa dissipação de potência. Este calor no resistor é o suficiente para dilatar
um dos contatos da chave, de modo que o circuito da lâmpada fique aberto. Quando diminuir a luz
(entrada da noite) o LDR terá sua resistência aumentada e, consequentemente, teremos uma
corrente de menor intensidade, a qual não terá condições de produzir no resistor a dissipação de
potência suficiente para abrir os contatos da chave. Assim sendo, o circuito lâmpada ficará fechado,
ocasionando o acendimento da referida lâmpada.
d.2. TERMISTOR
Os termistores são resistores não lineares, cujas propriedades elétricas são tais que a
temperatura ambiente influi no seu comportamento, ou seja, sua resistência varia com a variarão da
temperatura. Em muitos circuitos eletrônicos de funcionamento crítico é exigido um controle
apurado de parâmetros como a temperatura. Para isso, é necessário detectar as variações térmicas e
compensá-las, ou proteger o circuito de alguma forma. Os termistores constituem a solução para
muitos desses casos.
Esses resistores são classificados conforme o comportamento que apresentam, como
termistores NTC (Negative Temperature Coefficient) ou PTC (Positive Temperature Coefficient).
* NTC - Os termistores NTC são resistores de coeficiente térmico
altamente negativo, o que significa que sua resistência diminui quando
aumenta a temperatura . São feitos a partir de óxidos metálicos de elementos
-tº
como o ferro, cromo, manganês, cobalto e níquel.
De alta resistividade no estado puro, essas substâncias são transformadas em
semicondutores pela mistura de impurezas que possuem valência diferente da valência do material
básico. Dessa maneira, ficam apenas fracamente ligadas e podem libertar íons com facilidade, se a
temperatura for elevada, aumentando a condutividade (eqüivale a diminuir a resistividade) do
material
Dentre as aplicações práticas dos NTC citamos sua utilização como elemento básico dos
termômetros eletrônicos; na estabilização do funcionamento de determinados circuitos sensíveis a
temperatura, etc.

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78 Resistência Elétrica

No desenho dado, temos um NTC que está ligado em


série com um motor de ventilador. Admita que o NTC esteja
posicionado bem próximo de um dissipador de calor, o qual
está fora da corrente de ar direta do ventilador. Este sistema de
refrigeração de circuitos eletrônicos através da circulação
-tº M

forçada de uma corrente de ar pode ser efetivamente controlada


e regulada através da inserção de um NTC em série (no mesmo
percurso elétrico) com o ventilador. O alto valor ôhmico destes
componentes a baixas temperaturas limita a corrente através do conjunto e, consequentemente, a
velocidade do ventilador.
Qualquer elevação de temperatura resultará numa redução no valor da resistência,
aumentando o valor da intensidade da corrente elétrica, que por sua vez provocará um aumento na
velocidade do ventilador, ocasionando um maior efeito na refrigeração. Sendo assim, podemos
considerar o sistema como auto-regulável.
* PTC - São termistores que possuem um coeficiente térmico de Símbolo
resistência altamente positivo, o que significa que sua resistência aumenta
quando aumenta a temperatura. Eles diferem dos NTC em dois aspectos
fundamentais: o coeficiente de temperatura de um PTC é positivo apenas
dentro de certas faixa de temperatura, fora dessa limitação o coeficiente é +tº
negativo ou nulo e o valor absoluto do coeficiente térmico dos PTC normalmente é bem maior que
o dos NTC.
É notável, ainda que dentro de sua faixa de operação térmica eles podem apresentar
variação na resistência ao nível de varias potências de dez. Essa acentuada mudança resulta de sua
construção característica, que se vale da semicondutividade e da ferroeletricidade do titanato
cerâmico.
Na fabricação dos PTC são utilizadas soluções sólidas desse material, dopadas com outros
óxidos de titânio, estrôncio e outros materiais cuja composição produz as características elétricas
desejadas.
Os PTC são empregados como limitadores de corrente, sensores de temperatura e
protetores contra sobreaquecimento em equipamentos tais como motores elétricos. Também
encontram aplicação como termostatos, desmagnetização de tubos de TV em cores, etc..
No circuito ao lado, temos um termistor com coeficiente de
temperatura positivo (PTC) ligado em série com uma fonte de CA e
uma bobina. Esta bobina tem a função de desmagnetizar um
determinado circuito de uma televisão, circuito este que em função de +t0
uma magnetização sofrida, provocou a alteração das cores da TV. Esta
magnetização pode ocorrer se, por exemplo, colocarmos ímãs
poderosos de alto-falantes nas proximidades do televisor. Consegue-se
compensar esta interferência magnética com a aplicação de uma corrente alternada decrescente na
bobina, decrescimento este que deve ocorrer num certo tempo específico (120ms). Quando o
aparelho é ligado, o PTC está frio e, portanto, com baixa resistência, provocando uma corrente de
elevada intensidade através da bobina desmagnetizadora. À medida que a temperatura e, portanto, a
resistência do termistor aumentam, a corrente e o campo magnético diminuem. A temperatura do
PTC estabiliza-se após alguns minutos, deixando fluir apenas uma pequena corrente através da
bobina.

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Resistência Elétrica 79

QUESTÕES PROPOSTAS
1- Conceitue resistência elétrica.
2- Escreva a equação que define a resistência elétrica (resistência em função de tensão e corrente)
de um condutor explicando o significado dos símbolos que aparecem nesta equação, indicando
também a sua unidade de medida.
3- Escreva a equação que relaciona R com ρ, l e A, isolando cada uma das grandezas da fórmula
e identifique a unidade (SI) de cada grandeza.
4- A resistência elétrica de um fio condutor de comprimento l e área de seção transversal A é:
a) diretamente proporcional a A e l .
b) independe de A e l .
c) diretamente proporcional a l e inversamente proporcional a A.
d) diretamente proporcional a A e inversamente proporcional a l .

5- Complete as igualdades abaixo:


a)1mAx1kΩ=_____ b)1µAx1kΩ=_____ c)1kV/1MΩ=_____ d)1mV/1µA=_____

6- Num chuveiro elétrico, tem-se uma chave que indica as posições verão e inverno. Sabendo-se
que a tensão aplicada ao chuveiro é constante, responda:
a) a corrente no resistor do chuveiro terá uma intensidade maior quando a chave está na
posição verão ou na posição inverno?
b) com a chave na posição inverno, a resistência do chuveiro deve ser maior ou menor? e o
comprimento do fio que constitui este resistor deverá aumentar ou diminuir?

7- A figura ao lado, mostra um cabo telefônico


formado por dois fios, sendo que esse cabo tem
comprimento de 5km. Constatou-se que, em algum
ponto ao longo do comprimento desse cabo, os fios
fizeram contato elétrico entre si, ocasionando um
curto-circuito. Para descobrir o ponto que causa o curto-circuito, um técnico mede as
resistências entre as extremidades P e Q, encontrando 20Ω, e entre as extremidades R e S,
encontrando 80Ω. Com base nesses dados, é correto afirmar que a distância das extremidades
PQ até o ponto que causa o curto-circuito é de:
a)1,25km b)4km c)1km d)3,75km e)2,5km

8- Ao lado, temos um circuito denominado de


fusível
“lâmpada série”, que serve para identificar a
continuidade de um componente. Qual a diferença
no funcionamento da lâmpada, quando fizermos a
conexão na tomada, considerando que o fusível do
circuito esteja inteiro ou interrompido?

9- Um valor elevado de resistividade de um material indica que este material é bom ou mau
condutor de eletricidade? Que valor de resistividade teria um condutor perfeito? E um isolante
perfeito?

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80 Resistência Elétrica

10- Consultando a tabela de resistividades do livro, responda:


a) Considerando o cobre e o tungstênio, qual deles é melhor condutor de eletricidade? Por quê?
b) Suponha que o único critério para a escolha do material a ser usado na confecção dos fios de
ligação fosse o fato de ele ser bom condutor. Nesse caso, qual seria o material da fiação
elétrica em nossas residências?

11- Uma fonte mantém uma tensão num fio de cobre no qual é estabelecida uma corrente de 2A.
Este fio é substituído por outro, também de cobre, de mesmo comprimento, mas de diâmetro
duas vezes maior que o primeiro. Pergunta-se:
a) a resistência do segundo fio é maior ou menor do que do primeiro? quantas vezes?
b) qual a intensidade de corrente que passará pelo segundo fio?

12- No circuito mostrado na figura dada, estando ligado entre + A -


os pontos M e N um fio de níquel-cromo, a leitura do
amperímetro é de 1,5A. Diga se a indicação desse
amperímetro será maior, menor ou igual a 1,5A se o fio de
níquel-cromo for substituído por outro de: M N
a) mesmo material, de mesma área da seção transversal e
de maior comprimento;
b) mesmo material, de mesmo comprimento e mais grosso que o primeiro;
c) mesmo comprimento e de mesmo diâmetro que o primeiro, mas feito de alumínio.

13- Nos desenhos abaixo, temos um potenciômetro linear de resistência nominal (total) igual a
1MΩ. Analise as afirmativas a seguir e identifque as verdadeiras (V) e as falsas (F).
a) ( ) Se o ohmímetro 2 está indicando 750kΩ, significa que o ohmímetro 1 indicará uma
resistência de 250kΩ.
b) ( ) Se o cursor do potenciômetro for deslocado para baixo, as indicações nos ohmímetros 1
e 2 irão, respectivamente, aumentar e diminuir..
c) ( ) Deslocando-se o eixo do potenciômetro de modo que os terminais a e b entrem em
contato direto, os ohmímetros 1 e 2 irão indicar, respectivamente, 1MΩ e zero.
d) ( ) Se o cursor for posicionado bem no meio entre a e c, os dois ohmímetros terão a mesma
indicação
e) ( ) A resistência não poderá ter seu valor ajustado através do movimento do eixo do
potenciômetro se utilizarmos na montagem do circuito os terminais a e c.


750kΩ

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Resistência Elétrica 81

PROBLEMAS PROPOSTOS
1- Determine a intensidade de corrente que circula por uma torradeira elétrica que tem 16Ω de
resistência elétrica e que funciona com uma tensão de 220V.

2- Utiliza-se o método do voltímetro e do amperímetro para medir


uma resistência desconhecida R. Liga-se o amperímetro (A) em
série com o resistor e lê-se 0,3A; o voltímetro (V), ligado em
paralelo com o resistor R, indica 1,5V. Calcule o valor da
resistência R.

3- Para um receptor de rádio, é necessário construir um resistor de 30Ω, utilizando-se um fio de


constantan de 2,45mm2 de área de seção. Determine o comprimento do fio necessário
(ρ =49xl0-8Ω.m.).

4- Um fio de cobre de resistência igual a 4Ω, tem comprimento de l20m e resistividade de


1,7xl0-8Ω m. Calcule a área do condutor.

5- Considerando a resistividade do ferro igual a l0x10-8Ω.m, determine a resistência de um fio de


ferro que tem raio de 2mm e comprimento de 62,8m.

6- Um condutor de prata (ρ = 1,6xl0-8Ω.m) tem diâmetro de 2mm e comprimento de 3l4m. Calcule


a resistência elétrica do condutor.

7- Uma tensão de 20V é aplicada aos terminais de um fio de alumínio de 500m de comprimento e
2,6mm2 de área de seção transversal. Sabendo-se que a resistividade do alumínio é igual a
2,6xl0-8Ω.m, determine a corrente elétrica que percorre este fio.

8- Aplica-se uma tensão de 100V nas extremidades de um fio de 20m de comprimento, cuja área
de seção transversal é igual a 2mm2. Sabendo-se que a corrente elétrica que percorre o fio é de
10A, calcule a resistividade do material que constitui o condutor.

9- O gráfico ao lado representa o


comportamento da resistência de um fio
condutor em relação à temperatura em K
(kelvin). Pretende-se usar o fio na construção
de uma linha de transmissão de energia
elétrica em corrente contínua. À temperatura
ambiente de 300K, a linha seria percorrida
por uma corrente de 1000A. Qual seria o
valor da corrente na linha, com a mesma
tensão de alimentação, se reduzíssemos a
temperatura do fio para 100K?

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82 Lei de Ohm

7. LEI DE OHM

7.1. ENUNCIADO
Considere que, no condutor ao lado, está sendo
aplicada uma tensão (Vab), estabelecendo no mesmo uma
corrente elétrica (I ). Variando o valor da tensão aplicada ao
condutor, verificamos que a corrente que passa por ele também
se modifica. Por exemplo:
- uma tensão VABl provoca uma corrente I1;
- uma tensão VAB2 provoca uma corrente I2;
- uma tensão VAB3 provoca uma corrente I3, etc.
O cientista alemão Georg Simon Ohm, no século passado, realizou várias experiências,
medindo estas tensões e as correntes correspondentes em diversos condutores feitos de substâncias
diferentes. Verificou então que, para muitos materiais, principalmente os metais, a relação entre a
tensão e a corrente mantinha-se constante.
VAB1 VAB 2 VAB 3 VAB
= = ⇒ = constante
I1 I2 I3 I
Como VAB/I representa o valor da resistência R do condutor, Ohm concluiu que, naqueles
condutores, tinha-se R = constante.
Daí podemos dizer que:
R = VAB/I VAB = I . R I = VAB/R
A “Lei de Ohm” pode ser sistematizada da seguinte maneira:
“PARA UM GRANDE NÚMERO DE CONDUTORES, MANTIDOS A UMA MESMA
TEMPERATURA, O VALOR DA RESISTÊNCIA ELÉTRICA PERMANECE
CONSTANTE, NÃO DEPENDENDO DO VALOR DA TENSÃO APLICADA.”

7.2. CONDUTORES ÔHMICOS (RESISTÊNCIA LINEAR)


São os condutores que obedecem à Lei de Ohm, ou seja, o valor de suas resistências serão
sempre os mesmos, independentemente do valor de tensão aplicado.
Uma resistência linear (resistência ôhmica) é aquela que
V
apresenta uma característica volt/ampère representada por uma linha
reta, como exemplificado pelas linhas a e b da figura ao lado. Em a
uma resistência linear, cada unidade de variação de tensão provoca
uma unidade de variação de corrente. Isto significa que dobrando a b
tensão dobraríamos, por exemplo, a corrente; triplicando a tensão
triplicaríamos a corrente; dividindo a tensão por dois dividiríamos a
corrente por dois. Por definição, sabemos que a razão entre a tensão e 0 I
a corrente é igual a resistência e que essa é constante para toda faixa
de valores, suficiente para as aplicações práticas, de maneira que podemos considerá-los como
sendo lineares.

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Lei de Ohm 83

Exemplo:
Um fio condutor foi submetido a diversas V (V) 5 10 15 20
AB
tensões. Medindo-se os valores destas tensões e das
correntes estabelecidas no condutor, obteve-se a I(A) 0,2 0,4 0,6 0,8
tabela ao lado. Utilizando os dados desta tabela, obtemos o gráfico mostrado abaixo, onde se
percebe que o condutor possui uma resistência constante de 25Ω (R=VAB/I).

7.3. CONDUTORES NÃO ÔHMICOS (RESISTÊNCIA NÃO-LINEAR)


São aqueles que não obedecem à Lei de Ohm, ou seja, o valor de
suas resistências varia conforme a tensão aplicada. Apresentamos, ao lado,
um gráfico que nos mostra duas formas possíveis de condutores não
ôhmicos.
Uma resistência não linear (resistência não-ôhmica) é aquela que
apresenta uma característica volt/ampère curvada, como mostrado pelas
curvas 1 e 2 na figura dada. Em uma resistência não linear uma mesma
variação na tensão produz diferentes variações na corrente. Em outras
palavras, a razão tensão/corrente não é constante, ou seja, essa resistência pode ter vários valores
diferentes.
Os resistores não lineares, então, são dispositivos que apresentam uma mudança notável
em sua característica de resistência elétrica, quando submetidos à ação de variáveis como a luz,
temperatura ou tensão. Esse comportamento pode ocorrer de maneira brusca e a resposta oferecida
pode acontecer em sentido inverso ao da variável aplicada para mudar as características do resistor.
Exemplo:
Para um determinaado resistor, obtivemos o gráfico
(VAB x I) mostrado ao lado. O gráfico representa o
comportamento de um condutor não ôhmico, pois se obtém
uma linha curva. A expressão R=VAB/I é válida também para
este tipo de condutor, porém, para cada valor de tensão,
teremos um novo valor para R. Podemos comprovar o descrito
acima, através do cálculo de R, para os valores de tensão igual
a 10V e l5V.
VAB1 l0V
R= = R = 100Ω
I1 0,1A
VAB 2 l5V
R= = R = 75Ω
I2 0,2A

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84 Lei de Ohm

VARISTOR (Resistor dependente da tensão)


O varistor é um resistor não ôhmico, pois a sua resistência elétrica varia em função da
variação da tensão sobre ele. Esse resistor é também conhecido como VDR, abreviatura do termo
Voltage Dependent Resistors. Quanto a construção, são feitos de materiais tais como carboneto de
silício, óxido de zinco ou óxido de titânio.
A necessidade de proteção de equipamentos e
dispositivos contra variações de tensão determina um grande
campo de aplicação para os varistores. Esses resistores têm
como principal característica a “redução no valor de sua
resistência elétrica, quando submetidos a uma tensão elétrica
crescente”, conforme gráfico ao lado.

Tal comportamento é interessante principalmente como recurso para proteger circuitos


com elementos semicondutores, que são muito sensíveis a sobrecargas de
tensão. Como a tendência dos aparelhos eletroeletrônicos é para a Símbolo

miniaturização e uso cada vez maior desses componentes (hoje praticamente


qualquer equipamento contém semicondutores) a demanda de varistores amplia-
se cada vez mais.
A especificação de potência máxima do VDR é muito importante. A tensão aplicada ao
VDR não pode ultrapassar um determinado valor, a fim de que não ultrapasse o valor máximo de
potência. A implicação disso é ainda maior porque, como o varistor tem coeficiente térmico
negativo, com maior dissipação (se a temperatura for elevada) a resistência irá diminuir e a potência
dissipada aumentará ainda mais. Podemos citar como exemplo de dispositivos que podem ser
protegidos pelos VDR as pontes retificadoras, impressoras, termostatos, microcomputadores,
motores e projetores.

No circuito ao lado, temos uma fonte de CC de 200V e 1K


resistência interna de 1kΩ que fornece uma tensão V1 a uma V1
carga consumidora. A tensão nos terminais da carga é calculada 200 V

fazendo-se V1=200-1k.I . Agora, se ocorrer uma variação de


tensão de 800V, o resultado seria uma tensão nominal de 1000V.
Uma carga de alta resistência colocada na saída registrará quase que totalmente o aumento
de 800V, o que pode danificar o dispositivo ligado. Se, entretanto, um varistor fosse conectado para
proteger o circuito, a variação de tensão seria bem menor. Quando ocorrer essa sobrecarga, a
resistência do VDR irá diminuir, ocasionando um aumento substancial da corrente no circuito.
Conseqüentemente, também teremos um aumento substancial da queda de tensão sobre a resistência
interna da fonte.
Portanto, a sobrecarga sofre o desconto dessa queda, reduzindo-se a tensão que aparece nos
terminais de saída. Como o VDR é conectado em série (no mesmo caminho elétrico), a relação do
divisor de tensão que se forma com a resistência interna da fonte muda com a variação da tensão de
entrada. Utilizando-se um VDR podemos, por exemplo, reter a tensão de saída em torno de 300V.

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Lei de Ohm 85

QUESTÕES PROPOSTAS
1- Se um resistor ôhmico for substituído por outro resistor, também ôhmico, de resistência três
vezes maior, e que esteja submetido a mesma diferença de potencial, obteremos, em
correspondência uma corrente elétrica de intensidade:
a) três vezes maior.
b) seis vezes menor.
c) três vezes menor.
d) nove vezes menor.

2- De acordo com os esquemas abaixo, identifique os instrumentos 1, 2 e 3.

R
3
1
R

3- Enuncie, com suas palavras, a Lei de Ohm.

4- A relação VAB = I . R pode ser usada para um material que não obedece à Lei de Ohm?
Justifique.

5- O valor da resistência elétrica de um condutor ôhmico não varia se mudamos somente:


a) o material de que ele é feito.
b) a área de sua seção transversal.
c) a tensão a que ele é submetido.
d) o seu diâmetro.
e) o seu comprimento.

6- Para um certo condutor, mantido a temperatura constante, obtivemos o gráfico abaixo (VAB x I).
Considere, agora, as três afirmativas abaixo, cada uma das quais pode estar certa ou errada.
Leia-as com atenção e assinale a alternativa correta:
I) A resistência desse condutor é constante e independente da tensão.
II) A resistência desse condutor aumenta com o aumento da tensão.
III) A resistência desse condutor diminui com o aumento da tensão.

a) só a afirmativa I está correta.


b) só a afirmativa II está correta.
c) as afirmativas I e II estão corretas.
d) só a afirmativa III está correta.
e) nenhuma das afirmativas está correta.

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86 Lei de Ohm

7- De acordo com o gráfico de Rl e R2 ao lado, diga qual o VAB


resistor que tem maior resistência? Justifique.
R1
R2

0 I

8- No gráfico ao lado, temos a representação do VAB(V)


comportamento de dois condutores. Eles são 1
ôhmicos ou não-ôhmicos? Existe alguma diferença 2
entre eles? Justifique. (forneça valores arbitrários
para a tensão e corrente de modo a realizar a referida
análise)
0 I(A)

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Lei de Ohm 87

PROBLEMAS PROPOSTOS
1- Quando um dado resistor ôhmico é ligado a uma bateria que lhe aplique uma tensão de 6V,
verifica-se que ele é percorrido por uma corrente de 2A.
a) Qual a resistência elétrica deste resistor?
b) Se este resistor for ligado a uma pilha, que lhe aplica uma tensão de 1,5V, qual será a
corrente que o percorre?
c) Quando este resistor é ligado a uma certa bateria, uma corrente de 1,5A passa por ele. Qual
é a tensão que esta bateria aplica sobre o resistor?

2- Entre os pontos A e B da tomada mostrada no esquema ao lado A B

é mantida uma tensão de 120V. Calcule a corrente que passa na


lâmpada para as seguintes posições do cursor do reostato: I

a) cursor em C.
b) cursor no meio de CD.
c) cursor em D. 200Ω
C 200Ω D

3- O gráfico ao lado, mostra como varia a corrente


elétrica que passa por um resistor, em função da
tensão aplicada a ele. Determine o valor da
resistência elétrica desse resistor.

4- Observando a tabela abaixo, determine quais são os resistores ôhmicos e quais são os não
ôhmicos e construa os gráficos (VAB x I) para cada resistor.

Resistor l Resistor 2 Resistor 3


VAB (V) I (A) VAB (V) I (A) VAB (V) I (A)
0 0 0 0 0 0
10 2 3 5 30 10
20 4 6 10 70 20
30 6 9 l5 120 30
40 8 l2 20 200 40

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88 Potência Elétrica

8. POTÊNCIA ELÉTRICA

8.1. NOÇÕES DE POTÊNCIA ELÉTRICA


No estudo da diferença de potencial, na eletrostática, vimos que a energia está associada a
trabalho, ou seja, energia é a capacidade que um sistema possui em realizar trabalho. Quando uma
força de qualquer tipo produz movimento diz-se que está sendo feito um determinado trabalho.
Muitas vezes, a grandeza mais
importante não é o trabalho realizado que
Quanto maior é a velocidade de rotação das
eqüivale a energia dispendida, mas sim a facas de um mesmo liquidificador, menor é o
rapidez com o sistema realiza suas atribuições. intervalo de tempo que ele leva para triturar uma
quantidade de um certo tipo de alimento. Assim,
Esta rapidez em realizar um determinado aumentando a velocidade de rotação das facas,
estamos aumentando a potência do sistema.
trabalho é o que chamamos de
“POTÊNCIA”. Um sistema é tanto mais
potente quanto menor é o intervalo de tempo
que utiliza na execução de uma mesma tarefa.
Dependendo do sistema em estudo, a potência recebe denominações diferentes. Falamos, por
exemplo, de potência elétrica nos geradores, de potência térmica nos aquecedores e de potência
mecânica nas máquinas que envolvem forças mecânicas.
Quando existe uma ddp entre dois pontos quaisquer de um circuito elétrico e, os dois
pontos são interligados através de um fio condutor, aparece um campo elétrico no interior do fio.
Nesse campo os elétrons ficam sujeitos à forças que tendem a deslocá-los de uma forma ordenada
(corrente). Ao se deslocar, os elétrons livres chocam-se com os átomos do fio, sendo que estas
colisões representam perda de energia. Logo, estes choques provocam a liberação de uma certa
quantidade de calor, dando lugar a uma elevação de temperatura. Diz-se, então, que está ocorrendo
uma dissipação de potência.
Quando se fala em corrente elétrica, é evidente que existe força produzindo movimento e,
assim, produzindo trabalho. Deduz-se que este “trabalho elétrico” é realizado porque existe “energia
elétrica” no circuito. A quantidade de energia elétrica consumida por um resistor é sempre igual ao
valor do trabalho realizado na obtenção desta energia.
Citando-se como exemplo, a energia luminosa de uma lâmpada incandescente, existe uma
série de transformações de energia. represa

A energia potencial de uma certa tubulação


quantidade de água numa elevação foi transformada
em energia cinética ao descer da elevação. Essa
energia, por vez, foi transferida para as turbinas gerador

(hélices) de um gerador que, ao girarem através de


campos magnéticos provocam o aparecimento de
uma corrente elétrica. Levada por fios condutores,
essa corrente percorre a lâmpada, sendo que uma
energia elétrica é transformada em energia térmica e
finalmente em energia luminosa.

turbina

ITAIPU – 14GIGAWATTS

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Potência Elétrica 89

A turbina é um tipo de máquina que funciona segundo o


princípio da roda e do eixo. Um conjunto de pás que atua como uma
roda é montado num eixo central; as pás são guiadas por um jato de
líquido ou gás, ou por vapor sob alta pressão. O eixo gira com uma
força maior que a aplicada às pás. As turbinas conectadas a
geradores elétricos transformam essa força em eletricidade usada em
nossas casas.

"POTÊNCIA ELÉTRICA É A GRANDEZA QUE EXPRESSA A RAPIDEZ COM QUE A


ENERGIA ELÉTRICA É CONVERTIDA NUMA OUTRA FORMA DE ENERGIA".
Hoje em dia dependemos de várias formas de energia, mas especialmente da obtida na
queima de combustíveis fósseis: carvão, petróleo e gás natural. As reservas desses combustíveis
ainda são suficientes para nossas necessidades, mas estão sendo utilizadas rapidamente e não podem
ser renovadas. Espera-se que a futura demanda (consumo) seja muito maior, pois os países em
desenvolvimento vêm consumindo cada vez mais energia. Essa situação leva ao temor de uma
futura crise energética. Para satisfazer as necessidades futuras de energia é vital desenvolvermos
fontes alternativas, idealmente não-poluentes e renováveis.
As formas alternativas que vêm sendo
estudadas abrangem a energia das marés, a dos
ventos (eólica), a geotérmica (do interior da Terra) e
a de origem vegetal (da madeira e outras materiais
orgânicos). No caso de aproveitamento da energia
eólica (figura ao lado) a turbina gira num suporte
controlado por computador, para garantir que as pás
estejam sempre de frente para o vento. Para ter
máxima eficiência, o gerador deve girar em alta
velocidade, por isso usa-se uma caixa de câmbio
para acelerar o eixo motriz.
A descoberta e o desenvolvimento de novas fontes constituem apenas uma parte da solução
para a crise de energia. Para ampliar a vida das fontes existentes também precisamos economizar e
reutilizar a energia. Fornecedores americanos de eletricidade, por exemplo, começaram a gratificar
os consumidores para que reduzam o consumo; isso lhes custa menos do que comprar novos
geradores elétricos para aumentar a produção de energia.
Uma outra forma de geração de energia é através da
célula solar, que transforma a luz em eletricidade. Os satélites
possuem muitas células que fornecem energia em órbita;
minicalculadoras usam apenas uma ou duas. Essas células solares
têm camadas de diferentes tipos de semicondutores e são eles que
produzem a eletricidade, quando a luz atinge as junções entre as
duas camadas.

8.2. DEFINIÇÃO DE POTÊNCIA ELÉTRICA


A seguir, temos a representação de duas lâmpadas Ll e L2. Nota-se que L1 transforma 100
Joules de energia elétrica numa outra forma de energia, no tempo de 1 segundo. De modo que L2
consiga a mesma transformação, esta lâmpada precisaria ficar ligada durante um tempo de 2
segundos. Em qual das duas lâmpadas existe maior rapidez na transformação de energia?

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90 Potência Elétrica

100J
= 100W = 50 W
1s 2s

Obviamente, na lâmpada 1. Por isto, a ela é atribuída uma potência elétrica maior, ou seja,
L1 possui uma potência elétrica P1=100 watts e L2 possui uma potência P2=50 watts.
Em função do exposto, podemos também afirmar que POTÊNCIA ELÉTRICA é definida
pelo quociente entre a ENERGIA ELÉTRICA consumida e o intervalo de TEMPO em que o
aparelho elétrico permaneceu ligado.
E
P=
t
Como energia é equivalente a trabalho, usa-se o Joule(J) com unidade de energia, sendo que
o segundo(s) é a unidade relativa ao tempo. Dividindo-se 1J por 1s obtém-se, 1 Watt (W).

1 W é a quantidade de potência elétrica que um elemento de um circuito possui, quando, por


exemplo, ele consome 1J de energia elétrica no tempo de 1s.

Outra unidade de potência, também muito usada na prática, é 1 cavalo-vapor (CV). Esta
unidade foi proposta por James Watt e eqüivale, aproximadamente, a 735W. James Watt comparou
a potência da máquina a vapor, inventada por ele, com a dos cavalos, usados na época para retirar
água das minas de carvão. Verificou que um cavalo forte era capaz de suspender um peso de 75kgf
a 1m de altura em 1 segundo. Nos países de língua inglesa usa-se uma unidade, praticamente igual a
1CV, denominada 1HP (horse power). Nos motores importados a potência vem em HP.

1 CV=735W 1 HP=745W
A potência também pode ser medida em BTU/h (BTU: british thermal units), sendo que
para fazer a conversão para watts, basta multiplicar a potência dada em BTU/h por 0,2931 e obtém-
se a potência desejada (em watts).
Para fins de cálculos de custos de energias elétricas, usa-se, normalmente, uma outra
unidade no lugar do Joule, ou seja, usa-se o Quilowatt.hora (kWh). Esta unidade (kWh) é obtida,
multiplicando-se a potência em Quilowatts (kW) pelo tempo em horas (h). Portanto, observe
atentamente, os esquemas a seguir:
 u (P) = watt
Joule 
E = P. t  u ( t ) = segundo
u(E) 
u(E) = u(P).u(t)  u (P) = quilowatt
 Kwh 
 u ( t ) = hora
As residências, geralmente, recebem energia elétrica da rede urbana. Entretanto, antes
dessa energia ser distribuída pela casa, ela deve passar por um sistema de segurança (caixa de luz),
composto de fusíveis ou disjuntores e do medidor de energia (relógio de consumo), o qual registra o
valor da quantidade de energia elétrica consumida pela instalação.

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Potência Elétrica 91

A CEEE cobra a energia elétrica fornecida, com base na unidade Quilowatt.hora (kWh).
Como a energia elétrica total consumida num dado intervalo de tempo é obtida através da
multiplicação da potência pelo tempo (E=P.t), poderíamos desenvolver o seguinte exemplo
numérico.
Considere que P=1kW e que t=1h.
Logo: l kW. l h = l kWh
Assim sendo, deduziremos que existe uma relação entre o kWh e o joule:
1 kWh = 1kW.1h = 1000W. 3600s = 3,6 x 106J

Ao lado, temos um relógio medidor, o qual é denominado de WATT-HORÂMETRO.


Neste instrumento de medição de energia elétrica existe
um disco que gira num plano horizontal. A freqüência de rotação
deste disco está associada à energia consumida pelo usuário, 2
1 0 9
8
9 0 1
2 1
0 9
8
9 0 1
2

medida em kWh. A “conta de luz” é cobrada mensalmente em 3


4 6
7
6 4
3
4 5
7
6 6 4
3
5 5 5
função do consumo, que é a diferença entre as duas leituras, feitas
com um intervalo de tempo de trinta dias.
Medidor Tipo XY AMP 50 Volts 220

Fios 2 f 60 Kd 1,2 Fases 1

Nº 8182845902
Ind. Brasil.

A seguir temos alguns exemplos do que se pode obter com 1kWh em diversos aparelhos.

lavagem
de 3kg 5h de cerca de 20 min de preparação
de roupas funcionamento 1.000 barbas funcionamento de 20 sucos 20 h de uso

Não faça confusão entre potência e energia, ou seja, a potência de uma lâmpada (40W,
60W, 100W, etc) é algo característico dela. Agora, a energia elétrica consumida pela lâmpada vai
depender do intervalo de tempo em que ela permanecer acesa. No caso de uma energia elétrica igual
a 1kWh, poderíamos afirmar que este nível de consumo ocorrerá necessariamente no tempo de 1
hora? Claro que não, pois irá depender da potência elétrica do aparelho analisado.

Se for um aparelho elétrico de 1000W (1kW), consumindo uma energia de 1kWh,


certamente, ele precisaria ficar ligado durante 1 hora. Mas, se fosse um aparelho de 2kW,
consumindo a mesma quantidade de energia, bastaria que ele permanecesse ligado durante 0,5 hora.
No caso de um aparelho elétrico consumindo também 1kWh no tempo de 4 horas, qual deveria ser o
valor de sua potência elétrica? Logicamente, a potência deveria ser igual a 250W (0,25kW).

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92 Potência Elétrica

PROBLEMA RESOLVIDO
Um aquecedor elétrico foi ligado numa certa rede, de modo que ele desenvolve uma
potência elétrica de 5000W. Sabendo-se que ele permaneceu ligado durante 30 minutos, determine
o valor da energia elétrica em joules; da energia elétrica em kWh; do custo dessa energia,
considerando que 1kWh custe R$0,20.
P= 5000W = 5kW E = P. t = 5000 W . 1800 s E = 9000x103J
t = l800s = 0,5h E = 5 KW . 0,5 h E= 2,5 kWh
E= ? l kWh ---------- R$ 0,20
Custo= ? 2,5 kWh -------- Custo CUSTO=R$0,50

Como o calor é uma forma de energia, é evidente que, no SI, ele é medido em Joules. Na
prática, usa-se com freqüência uma outra unidade, muito antiga, denominada caloria. Uma
quantidade de calor de 1 caloria, cujo símbolo é 1cal, representa a quantidade de calor que se deve
fornecer a 1g de água para elevar sua temperatura de 1°C
A relação entre joule e caloria é a seguinte: 1 caloria = 4,2 J
Imagine materiais diferentes (por exemplo, água e ferro) recebendo a mesma quantidade de
calor. Experimentalmente, verificaríamos elevações de temperaturas diferentes em cada um dos
materiais. Em função disso, atribui-se a cada material uma constante c denominada de calor
específico do material. O calor específico c de uma substância representa a quantidade de calor
necessária para elevar de 1ºC a temperatura de 1g dessa substância.
Como exemplos, citamos o calor específico da água e do ferro.
água ⇒ c=1cal/g.ºC (1 cal. por grama, por grau Celsius)
ferro ⇒ c=0,11 cal/g.ºC
Para elevar de uma temperatura inicial t1, a uma temperatura final t2, a massa m de uma
substância cujo calor específico é c, devemos fornecer a ela uma quantidade de calor Q dada por:
Q = quantidade de calor (em calorias)
m = massa da substância (em gramas)

Q = m.c.( t 2 − t 1 ) 
c = calor específico (em cal/g.º C)
t = temperatura (em º C)

Existe uma unidade de medida de energia que é


definida a partir de uma ddp. É o elétron-volt (eV), que é A
usado para medir a energia das partículas subatômicas
(elétrons, prótons, etc.), embora não faça parte do Sistema
Internacional. Ele é definido como a quantidade de energia
adquirida por uma carga elétrica igual á de um elétron B
quando acelerada por uma diferença de potencial de 1V.
V=1V
Imaginemos, por exemplo, que um elétron é colocado no
campo elétrico de uma carga positiva. Inicialmente, o
elétron se encontra num ponto A, mas as forças do campo o +Q
atraem para a carga positiva, fazendo-o subir o desnível de
potencial. Quando passar pelo ponto B, cujo potencial é lV
maior que o de A, o elétron terá adquirido uma energia cinética de 1eV.

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Potência Elétrica 93

8.3. VALORES NOMINAIS


Na maioria dos equipamentos elétricos existe
a indicação de valores de tensão e potência (VOLTS A potência nominal de
E WATTS) Equipamentos elétricos especificados em um equipamento é a razão
segundo a qual ela transforma
220V, significa que foram projetados para trabalhar energia elétrica em...

em redes de 220V, ou seja, a sua “tensão nominal” é


220V. O valor nominal em WATTS, significa a razão CALOR
segundo a qual, a energia elétrica é transformada
75 WATTS 150WATTS
noutra forma de energia, tal como calor e luz.
Quanto mais rápida uma lâmpada transforma Maior número
de watts significa
energia elétrica em luz, maior será o brilho. Assim, mais calor e
uma lâmpada incandescente de 100W fornecerá mais mais luz.
luz que uma outra lâmpada incandescente de 75W.
Ferros elétricos de soldar são feitos com várias potências, sendo que os de potência maior
transformam energia elétrica em calor mais rapidamente que os de menor potência.
No caso de lâmpadas, os valores nominais são a sua potência e tensão adequada. Mas se
você for comprar um resistor, quais seriam os valores que devem ser fornecidos ao vendedor?
Os resistores são especificados em WATTS e TAMANHO COMPARATIVO DE RESISTORES
em OHMS. Resistores de mesmo valor de resistência DE CARVÃO DE DIFERENTES POTÊNCIAS
NOMINAIS
são disponíveis em diferentes valores de potência. ¼ WATT ½ WATT 1 WATT 2 WATT
Resistores de carvão, por exemplo, são normalmente
feitos para 1/8, 1/4, 1/2, l e 2 watts.
Quanto maior for o tamanho do resistor de
Quando são necessários resistores de dissipação
carvão, maior será a sua potência nominal, uma vez que maior que 2 watts, são usados resistores de fio.
Estes resistores são feitos para potências entre
uma grande quantidade de material absorverá e 5 e 20 watts, acima do que são usados tipos especiais.
dissipará calor mais facilmente. RESISTORES DE FIOS DIFERENTES
E SUAS POTÊNCIAS NOMINAIS
Quando se usa energia elétrica em um material
10 WATTS
com resistência, ela é transformada em calor. Quando
há maior potência no material, a razão segundo a qual a
energia elétrica é transformada em calor aumenta e a
temperatura do material cresce. Se a temperatura
crescer muito, o material poderá queimar devido ao 60 WATTS 100 WATTS

calor. Por esta razão, todos os tipos de equipamentos 5 WATTS

elétricos são especificados para uma potência máxima.


Essa especificação pode ser em WATTS ou muitas
vezes em TENSÃO E CORRENTE máximas, o que efetivamente dá a especificação em watts.

8.4. FÓRMULAS DE POTÊNCIA ELÉTRICA


Considere um resistor de resistência elétrica R,
submetido a uma diferença de potencial V e percorrido
por uma corrente elétrica I. Da eletrostática, sabemos que
o trabalho elétrico W para deslocar uma carga elétrica q
do ponto A para o ponto B é dado pala seguinte equação:

W=V.q

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94 Potência Elétrica

Sabendo-se que o trabalho é equivalente a energia e, considerando que


E= P . t tem-se: P. t = V. q
Considerando q = I . t tem-se: P . t = V. I . t

Simplificando-se temos: P=V.I

“A POTÊNCIA DISSIPADA NUM CIRCUITO ELÉTRICO É DADA PELO PRODUTO DA


TENSÃO PELA INTENSIDADE DA CORRENTE.”
No Sistema Internacional de Unidades a potência é medida em WATT (W), sendo que o
WATT é obtido pelo produto entre o VOLT e o AMPÈRE.

1W é a potência de um elemento quando ele é submetido à uma tensão de 1V e é percorrido


por uma corrente de 1A.

Utilizando-se a relação P = V . I e, sabendo-se que V = R . I podemos deduzir mais duas


expressões, conforme esquema a seguir.

A energia elétrica pode ser medida através da utilização de um WATT-HORÂMETRO, o


qual mede a energia em kWh. Mas, em alguns casos, o que interessa é a energia por segundo, ou
seja, o valor da potência elétrica e, nestes casos recorre-se ao medidor de potência denominado
WATTÍMETRO. A seguir, temos a sua representação. Percebe-se que ele possui quatro terminais,
sendo dois terminais de corrente e os outros dois, terminais de tensão. Para se medir a potência
dissipada por um aquecedor elétrico comum, podemos utilizar o WATTÍMETRO (método direto)
ou então, um VOLTÍMETRO e um AMPERÍMETRO (método indireto).
A

220V 220V
Método Direto Método Indireto

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Potência Elétrica 95

8.5. EFEITO JOULE


Num circuito composto apenas de fios condutores e resistores (circuito resistivo), a
energia elétrica absorvida é transformada em energia térmica (calor). Se, por outro lado, o circuito
contém capacitares ou indutores, ou, ainda, motores, geradores, transformadores, parte da energia
da corrente elétrica é transformada em energia de campo eletromagnético e o circuito diz-se
reativo.
Vamos considerar, aqui, somente circuitos que possam ser
considerados, com boa aproximação, resistivos. Neste caso, a energia
potencial elétrica da fonte de tensão é transformada em energia térmica
(calor). Quando a corrente elétrica produz calor, diz-se que estamos na
presença do EFEITO JOULE.
- “Aparelho de Aquecimento”: Como exemplos de aplicação do
efeito Joule, podemos citar os aparelhos eletrodomésticos de aquecimento,
ou sejam, a torradeira, o chuveiro, o secador de cabelos, o ferro de passar
roupas e a estufa. Alguns deles podem ser constituídos de uma liga
metálica nicromo, a qual não se oxida (e não se torna quebradiça) quando
a passagem de corrente elétrica a aquece ao rubro.
Um tipo muito comum de chuveiro elétrico apresenta um
esquema semelhante ao mostrado na figura dada. Entre os pontos “a” e
“b” é mantida uma diferença de potencial constante e, através da chave, Y
é possível estabelecer contato nos pontos X, Y ou Z. Com a chave em
X, o circuito estará aberto, portanto não circulará corrente, não havendo X
aquecimento da água. a b
Se o contato for efetuado no terminal Y, teremos um pequeno
valor de resistência inserida no circuito, de modo que circulará uma
corrente elevada, provocando um aquecimento muito grande da água (inverno). No entanto, se
fizermos o contato em Z, teremos um outro resistor em série com o primeiro, aumentando a
resistência total do circuito, ocasionando a diminuição da corrente circulante e, consequentemente,
teremos uma menor dissipação de potência (verão).
O esquema analisado mostra que a potência depende da corrente (P = R . I2), pois o fato
desta última ser elevada ao quadrado, mesmo que a resistência dobre de valor, o outro fator ( I2 )
diminuirá quatro vezes, fazendo com que a potência acompanhe o sentido dessa variação, ou seja,
também diminuindo.
-“Lâmpada de Incandescência”: Consta de um fio (filamento) de tungstênio espiralado que
se aquece quando percorrido por uma corrente elétrica, até tornar-se incandescente. Quanto maior a
temperatura do filamento, maior a quantidade de energia elétrica transformada em energia
luminosa.
Por essa razão, utiliza-se o tungstênio como
filamento, já que é um metal com alto ponto de fusão filamentos
(3400ºC). O gás inerte que é colocado no interior da
gás inerte
lâmpada evita o enegrecimento do bulbo de vidro, que
ocorreria devido a condensação, pois teríamos também uma suporte de vidro
elevada evaporação do tungstênio.

contatos

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96 Potência Elétrica

Na lâmpada vem gravada a sua potência nominal e a sua tensão nominal. Por exemplo,
podemos citar: 60W - 220V. A luminosidade da lâmpada está relacionada com a tensão a qual ela
está submetida, sendo que uma lâmpada de filamento transforma, no máximo, l0% da energia
elétrica consumida em energia luminosa; os restantes 90% transformam-se em energia térmica.
l
A expressão R = ρ . nos permite calcular a resistência elétrica de um fio. Para o
A
filamento de uma lâmpada que tem resistor de tungstênio, com resistividade de 5,6 x 10-8 Ω.m a
20°C, comprimento de 0,4m e área da seção transversal de 1x10-9m2, temos:
l
R = ρ. = 5,6 X 10-8 Ω. m x 0,4 m/1x10-9m2 = 22,4Ω
A
Uma outra expressão para calcular a resistência elétrica de um resistor pode ser obtida da
V2
seguinte forma: R =
P
No caso dessa lâmpada, sua potência é 40W quando ligada à tensão de l10V. Logo:
110 2
R= = 302,5Ω
40
Por que não encontramos o mesmo valor para a resistência elétrica do filamento da
lâmpada?
O valor 22,4Ω representa a resistência elétrica do resistor da lâmpada quando está
desligada, isto é, o filamento a aproximadamcnte 20°C. Já o valor 302,5Ω representa a resistência
elétrica do resistor quando a lâmpada está ligada, isto é, muito aquecida (≅ 2200°).
Este resultado nos mostra que a resistência elétrica do filamento de tungstênio aumenta
com sua temperatura. Aliás, a maioria dos materiais tem este comportamento. Este fato pode ser
utilizado na construção de termômetros. Por exemplo: medindo-se a resistência elétrica de um fio
de platina colocado num forno, pode-se determinar a temperatura deste local.
As lâmpadas fluorescentes podem durar cerca de 10.000 horas, enquanto as lâmpadas
incandescentes duram apenas 1.000 horas em média. Convém salientar que duas lâmpadas, uma
incandescente e outra fluorescente, de mesmos valores nominais, têm o mesmo consumo da energia
elétrica. O que difere entre elas é o rendimento, ou seja, a quantidade de energia que é convertida
em luz.
Existe uma grandeza, denominada de fluxo luminoso (aptidão em produzir sensação
luminosa), a qual é medida em lúmen. Por exemplo, duas lâmpadas de 40W, uma fluorescente e
outra incandescente, possuem eficiência diferente, ou seja, a primeira teria 65 lúmens por watt e a
segunda teria 12 lúmens por watt.

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Potência Elétrica 97

A tabela abaixo indica a potência média de alguns aparelhos elétricos.

APARELHO POTÊNCIA (Watt)


Ar condicionado..........................................................900 a 3600
Aspirador de pó...........................................................500 a 1000
Barbeador ...................................................................8 a 12
Cafeteira......................................................................1000
Chuveiro................. ....................................................4000 a 6500
Computador pessoal.............. .....................................100
Cortador de grama .............. .......................................800 a 1500
Ferro de passar roupa.............. ...................................800 a 1650
Impressora HP 710C...................................................30
Liqüidificador .............................................................270
Máquina de secar roupa................. .............................2500 a 6000
Monitor LG.............. ..................................................1585
Projetor de slides.............. ..........................................250
Retroprojetor...............................................................1200
Scanner Genius ............. .............................................38
Secadora de cabelos .............. .....................................500 a 1200
Televisor................. ....................................................75 a 300
Torneira.............. ........................................................2800 a 4500
Torradeira................. ..................................................500 a 1200
Ventilador de pé.............. ...........................................300

8.5. TRANSMISSÃO DE ENERGIA EM ALTA TENSÃO


Um dos problemas relacionado à
transmissão e distribuição de energia elétrica, I
refere-se à as perdas por efeito Joule na rede. Para
analisar este fato, consideremos a figura ao lado, na
S Pu
qual temos um gerador produzindo energia, a qual
é transportada pelos fios, para ser utilizada nas
residências. Sendo VAB a tensão entre os pólos do R
gerador e I a corrente nos fios, a potência V
fornecida pelo gerador é PF =VAB.I. Mas, sendo R
N
a resistência total dos fios transportadores, a potência dissipada nestes fios sob a forma de calor
será Pd=R.I2 . Assim, a potência utilizada na residência, que estaria conectada no final da rede será:
Pu = PF- Pd ou Pu=VAB.I - R.I2.
É evidente que a perda por efeito Joule nos fios deve ser a menor possível. Para isto,
deveríamos procurar diminuir os valores de R e I. O valor de R só pode ser diminuído se for
aumentada a área da seção transversal dos fios, isto é, usando-se fios mais grossos. Entretanto,
existe um limite para este procedimento, pois cabos muito grossos, além de terem custo elevado,
tornariam a rede de transmissão extremamente pesada. Assim, a solução mais adequada é procurar
reduzir o valor da corrente I que circula pelos condutores. Como a potência PF = VAB.I, fornecida
pelo gerador, não pode sofrer alteração, se o valor de I for reduzido, teremos que aumentar o valor
de VAB, de modo a manter inalterado o valor desta potência. Concluímos que, para reduzir as perdas
por aquecimento nos fios transportadores, a energia elétrica deve ser transmitida com baixa
corrente e alta tensão. Assim, são usadas tensões de 69kV, 138kV, 230kV, etc. e, atualmente, já
são projetadas transmissões com até 500kV.

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98 Potência Elétrica

Não é possível, entretanto, elevar indefinidamente o valor destas altas tensões porque,
acima de certos valores, o ar em volta do fio torna-se condutor, pois seria ultrapassado o valor da
rigidez dielétrica do ar. Isto acabaria permitindo o escoamento da eletricidade, o que constituiria
uma outra forma de perda de potência.
As altas tensões necessárias para a transmissão de energia elétrica não podem ser
fornecidas diretamente por um gerador. De fato, os maiores geradores existentes nas grandes usinas
fornecem tensões situadas apenas em torno de 20kV (Itaipu→18kV cada gerador). Então, torna-se
necessário para a transmissão, elevar consideravelmente os valores das tensões fornecidas pelos
geradores. Além disso, devemos lembrar-nos que, ao chegar nos centros de consumo, a alta tensão
deverá ser reduzida antes de ser distribuída. Estes problemas são resolvidos com a utilização de
transformadores, os quais serão analisados dentro do capítulo eletromagnetismo.

GERAÇÃO TRANSMISSÃO

ELEVAÇÃO
REDUÇÃO
DISTRIBUIÇÃO

No desenho anterior, temos uma linha de transmissão de energia de um sistema trifásico


(três cabos condutores) com a inclusão de transformadores elevadores e rebaixadores. Logo após a
tensão alternada ser produzida em um gerador (por exemplo, 18.000V), o seu valor é elevado (por
exemplo, para 500kV) por meio de transformadores existentes na subestação próxima à usina. Com
esta alta tensão (AT), a energia elétrica é transportada a longas distâncias até chegar ao centro
consumidor, nas proximidades do qual se localiza uma outra subestação. Neste local, os
transformadores reduzem a tensão para valores (por exemplo, 13,8kV ou 23kV) com os quais ela é
distribuída aos consumidores industriais, e pelas ruas da cidade. Finalmente, nas proximidades das
residências existem transformadores que reduzem ainda mais a tensão (para l10V ou 220V – BT),
de modo que ela possa ser utilizada, sem riscos, pelo consumidor residencial.

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Potência Elétrica 99

QUESTÕES PROPOSTAS
1- Nas lâmpadas incandescentes, a energia elétrica é transformada, uma parte em energia
_______________ e outra parte em energia _________________.

2- Cite os fatores que influenciam diretamente no custo de energia elétrica.

3- Numere a coluna da direita de acordo com a da esquerda.


1. rapidez de dissipação de energia ( ) cálculo de potência
2. joule ou kWh ( ) conceito de potência
3. volt x ampère ( ) ohm
4. divisão da energia pelo tempo ( ) watt
( ) unidade de energia

4- Uma pessoa verifica que o chuveiro elétrico de sua residência não está aquecendo
suficientemente a água. Sabendo-se que a tensão aplicada ao chuveiro é constante, responda:
a) Para aumentar a potência do chuveiro, a corrente que passa através dele deve ser aumentada
ou diminuída?
b) Então para que haja maior aquecimento da água, a pessoa deverá aumentar ou diminuir a
resistência do chuveiro?
c) Assim, quando a chave de um chuveiro é deslocada da posição “inverno” para “verão”,
estamos aumentando ou diminuindo sua resistência?

5- Um jovem mudou-se da cidade de Rio Grande (110V) para Pelotas (220V), trazendo consigo
um aquecedor elétrico, cuja ddp nominal é 110V. Sabendo-se que a tensão da rede de Pelotas é
o dobro da tensão da rede de Rio Grande, ele pensou em substituir o resistor do aquecedor por
outro. Qual deve ser a relação entre os dois resistores de modo que a potência não se altere?

6- Duas lâmpadas L1 e L2 possuem valores nominais de respectivamente, 100W-110V e 100W -


220V. Considerando-se o exposto, assinale com ‘”V” as afirmativas verdadeiras e com “F” as
afirmativas falsas:
a) ( ) se L1 for ligada na rede de Pelotas (220V), ela irá queimar.
b) ( ) se L2 for ligada na rede de Porto Alegre (110V) ela irá queimar.
c) ( ) se L1 for ligada em Porto Alegre e L2 em Pelotas, sabe-se que elas terão a mesma
potência.
d) ( ) ligando-se L2 na rede de Porto Alegre, sua potência será inferior a 100W.
7- O proprietário de uma cantina verificou que os alimentos colocados no interior de uma estufa
elétrica eram aquecidos em demasia. Para diminuir a temperatura dessa estufa, ele poderá fazer
várias modificações na resistência de seu resistor. Entre as opções seguintes assinale aquela que
o levará a obter o resultado desejado:
a) cortar um pedaço que fio que constitui o resistor.
b) substituir o resistor por outro de menor resistência.
c) substituir o resistor por outro de maior resistência.
d) substituir o fio do resistor por um de mesmo comprimento e mesma seção transversal, mas
de menor resistividade.
e) substituir o fio do resistor por outro de mesmo material e mesmo comprimento, mas de
maior seção transversal.

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100 Potência Elétrica

8- A seguir temos o esquema que mostra o sistema de aquecimento de um chuveiro elétrico, onde a
chave S permite selecionar o modo de operação (frio, morno ou quente) do chuveiro. Para tal, o
posicionamento correto da chave será dado por:
frio morno quente
a) I II III 220V
I
b) III I II
c) II III I S
II
d) I III II
e) III II I III

9- Zezinho querendo colaborar com o governo no sentido de economizar energia elétrica, trocou
seu chuveiro de valores nominais 110V - 3000W por outro de 220V - 3000W. Sabendo-se que
em sua casa existe uma única rede de 110V, podemos dizer que ele terá um consumo de energia
elétrica:
a)idêntico ao anterior b)duas vezes maior c)duas vezes menor
d)quatro vezes maior e)quatro vezes menor
10- Um jovem casal instalou em sua casa uma ducha elétrica moderna de 7700W / 220V. No
entanto, os jovens verificaram, desiludidos, que toda vez que ligavam a ducha na potência
máxima, desarmava-se o disjuntor (o que equivale a queimar o fusível de antigamente) e a
fantástica ducha deixava de aquecer. Pretendiam até recolocar no lugar o velho chuveiro de
3300W / 220V, que nunca falhou. Felizmente, um amigo, formado no CEFET-RS,
naturalmente os socorreu. Substituiu o velho disjuntor por outro, de maneira que a ducha
funcionasse normalmente. A partir desses dados, assinale a única alternativa que descreve
corretamente a possível troca efetuada pelo amigo.
a) Substituiu o velho disjuntor de 30A por um novo, de 20A.
b) Substituiu o velho disjuntor de 20 A por um novo, de 40A.
c) Substituiu o velho disjuntor de 10A por um novo, de 40A.
d) Substituiu o velho disjuntor de 20A por um novo, de 30A.
e) Substituiu o velho disjuntor de 40A por um novo, de 20A.
11- Para determinar a potência de um aparelho eletrodoméstico, um estudante seguiu estes
procedimentos:
- desligou todos os aparelhos elétricos de sua casa, exceto uma lâmpada de 100W e outra de
60W; observou, então, que o disco de alumínio do medidor de consumo de energia elétrica, na
caixa de entrada de eletricidade de sua casa, levou um tempo de 8s para efetuar 10 voltas;
- apagou as duas lâmpadas e ligou apenas o aparelho de potência desconhecida. Com isso
verificou que o disco do medidor levou 4s para realizar 10 voltas.
O estudante calculou corretamente a potência do aparelho, encontrando:
a)80 W b)160W c)240 W d)320 W e)480 W
12- A potência P de um chuveiro elétrico, ligado a uma rede doméstica de tensão V = 220V, é dada
por P = V2/R, onde a resistência elétrica R do chuveiro é proporcional ao comprimento do
resistor. A tensão V e a corrente elétrica I no chuveiro estão relacionados pela relação V=R.I .
Deseja-se aumentar a potência do chuveiro mudando apenas o comprimento do resistor.
a) Ao aumentar a potência, a água ficará mais quente ou mais fria?
b) Para aumentar a potência do chuveiro, o que deve ser feito com o comprimento do resistor?
c) O que acontece com a intensidade da corrente elétrica I quando a potência do chuveiro
aumenta?
d) O que acontece com o valor da tensão V quando a potência do chuveiro aumenta?

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Potência Elétrica 101

PROBLEMAS PROPOSTOS
1- Uma lâmpada é percorrida por uma corrente de 2A, quando entre seus extremos existe uma
tensão de 110V. Determine o valor de sua potência elétrica nesta situação.

2- Um estudante em cuja casa a tensão é 110V, comprou uma lâmpada com os seguintes valores
nominais: 60W–110V. Determine o valor da:
a) resistência elétrica da lâmpada.
b) corrente que irá circular, quando a lâmpada for conectada a rede elétrica.

3- Nas instalações residenciais de chuveiros elétricos, costumam-se usar fusíveis ou interruptores


de proteção (disjuntores) que desligam automaticamente quando a corrente excede um certo
valor pré-escolhido. Qual o valor do disjuntor que você escolheria para instalar um chuveiro de
3500W-220V?
a)10A b)15A c)30A d)70A e)20A

4- Um fusível de 30A foi instalado numa residência alimentada por uma tensão de 220V. Quantas
lâmpadas de 100W-220V poderão ser ligadas simultaneamente, de uma forma adequada, sem
perigo de queimar o fusível?

5- Uma lâmpada possui os seguintes valores nominais: 100W-220V. Admitindo que sua resistência
seja constante, determine o valor desta resistência, da potência elétrica e da corrente que circula,
supondo que a lâmpada está conectada a uma rede de:
a) 220V
b) 200V

6- Um fio de resistência elétrica igual a 500Ω é submetido a uma tensão de 20V. Qual a energia
dissipada no fio em um minuto?

7- Um forno elétrico (resistência constante) é vendido com a seguinte indicação:


4kW-110 V.
a) Determine a energia (em joules e em kWh) consumida pelo forno, quando ele for ligado,
durante 30 minutos, numa rede de 110V.
b) Refaça o problema, admitindo que a tensão caiu para 80V.

8- Um chuveiro elétrico ligado a uma rede de 220V tem resistência de 22Ω. Sabendo que ele é
utilizado durante 1h por dia, todos os dias, determine o consumo mensal (30 dias) desse
chuveiro, em reais ( lkWh equivale a R$0,20).

9- Por um chuveiro elétrico circula uma corrente de l5A quando ele está ligado em 220V.
Considerando que o kWh custa R$0,20 , determine o custo de um banho de 0,5h.

10- Um chuveiro elétrico, ligado em média 0,5h por dia gasta R$18,00 de energia elétrica por mês
(30 dias). Sabendo-se que a tarifa cobrada é de R$0,20 por kWh, determine o valor da
potência elétrica do aparelho.

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102 Potência Elétrica

11- Os valores nominais de um resistor são: 10Ω e 5W. Determine os valores da tensão máxima e
da corrente máxima que poderão existir sobre o resistor, de modo que ele não queime.

12- Os valores nominais de um resistor são 270Ω e l/4W. Este resistor pode ser ligado numa
bateria de 12V, sem risco de queimar? Justifique.

13- Um chuveiro elétrico projetado para 220V possui um resistor cuja resistência elétrica pode
assumir dois valores extremos:11Ω e 22Ω. Sabe-se que o chuveiro está ligado em uma rede
de 220V e que funciona durante 20 minutos por dia. Considerando que 1kWh custa R$0,20 ,
determine o custo mensal (30 dias) relativo a cada uma das posições do resistor e identifique a
posição onde o banho é morno (verão) e a posição onde o banho é quente (inverno).

14- Uma lâmpada incandescente (100 W - 120 V) tem um filamento de tungstênio de comprimento
igual a 31,4 cm e diâmetro 4 x 10-2 mm. A resistividade do tungstênio à temperatura ambiente
é de 5,5 x 10-8 Ω.m. Qual é a resistência do filamento:
a) quando ele está à temperatura ambiente?
b) com a lâmpada acesa (100W)?

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Circuitos Elétricos 103

9. CIRCUITOS ELÉTRICOS DE CC

9.1. CIRCUITO ELÉTRICO SIMPLES


Um circuito elétrico é formado de, no mínimo, 3 componentes, ou seja, um componente
que cria e mantém uma tensão (fonte); um outro que irá consumir a energia fornecida pela fonte
(resistor ou lâmpada) e um componente que irá interligar a fonte e a lâmpada (condutores).

Condutor

Lâmpada
G
E +
R
A - V L
D
O
I I
R

No circuito acima, verificamos que a lâmpada irá permanecer sempre acesa, consumindo
energia elétrica permanentemente. Para evitarmos que ocorra o referido consumo, podemos
introduzir no circuito (desenho abaixo) um elemento que serve para abrir ou fechar (chave
interruptora) o mesmo.

-
V L
+
t aNt aNt aNt aN

Ch
circuito aberto
chave aberta

Podemos acrescentar ainda um outro elemento ao circuito, que terá


como objetivo, efetuar a proteção contra aumentos indesejáveis de corrente. -
Este elemento é o “fusível” (F), que deve ser ligado em série com o + L
I
circuito. Dessa forma, o nosso circuito já se apresenta em condições muito
boas, pois temos uma fonte, uma chave, um fusível, uma lâmpada e fios
condutores. F

Curto-circuito

Ao lado, percebemos que a corrente sai por um dos


terminais da fonte, percorre o fio condutor de resistência elétrica
desprezível e penetra pelo outro terminal. Ela percorre o circuito sem ~
R=0
passar por nenhum aparelho ou instrumento que tenha alguma
resistência considerável. Quando isto ocorre, dizemos que há um
Icc
curto-circuito. O mesmo acontece, por exemplo, quando os pólos de
uma bateria são unidos por uma chave de fenda, ou quando dois fios
desencapados se tocam, conforme desenhos a seguir.

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104 Circuitos Elétricos

Quando ocorre um curto-circuito, a resistência elétrica do trecho percorrido pela corrente é


muito pequena (lembre-se de que a resistência elétrica dos fios de ligação é, praticamente,
desprezível). Assim, pela relação I=V/R, se V é constante (ddp da pilha ou bateria) e R tende a zero,
então, necessariamente, I assume valores relativamente elevados e é chamada de corrente de curto-
circuito.
Em resumo: curto-circuito

V=I.R

tende a zero
valores elevados
constante

Com o aumento da intensidade da corrente, ocorre também o aumento da temperatura


(efeito Joule). Assim, o circuito em “curto” pode-se aquecer exageradamente e dar início a um
incêndio. Para evitar que isto aconteça, os fusíveis do circuito devem estar em boas condições para
que, tão logo a temperatura do trecho “em curto” se eleve, o fusível se funda e interrompa a
passagem da corrente.
Na primeira montagem ao lado, a lâmpada tem um
determinado brilho. Mas, ao conectarmos com o resistor um fio de
resistência desprezível, como se verifica no segundo desenho, a
corrente elétrica se desvia por ele. Nesse caso, o resistor está em
curto-circuito (c/c) e, consequentemente, a resistência do circuito
diminui e a corrente atinge valores elevados, fazendo com que o
brilho da lâmpada seja exagerado.

Nas últimas décadas, as dimensões de alguns circuitos e componentes,


chegaram a reduzir-se um milhão de vezes. O pequeno chip abaixo, contém
mais de dois milhões de componentes (resistores, diodos, capacitores, etc.), os
quais são construídos simultaneamente num único processo, sobre uma fina
camada de silício. A placa passa por um tratamento químico onde é eliminada
de sua superfície as áreas que não fazem parte do circuito. O primeiro
computador, feito em 1946, ocupava 100m3 e absorvia mais de 100kW de
potência. Hoje, além de caber numa mesa pequena, absorve quase a mesma
potência que uma lâmpada comum (100W).

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Circuitos Elétricos 105

9.2. CIRCUITO ELÉTRICO SÉRIE


Numa associação série, os resistores ficam posicionados um após o outro, sendo
percorridos pela mesma corrente, conforme exemplos a seguir.

A C A C A C D
R1 R1 R1 R2
I I I

VAB VAB R2 VAB


R2

D R3
R3 R3
B D B B

Um circuito série de resistores apresenta as seguintes características:


lª) No circuito série, os componentes são dependentes
C D B
entre si, ou seja, para que o circuito funcione A
perfeitamente, todos os elementos devem estar em L1 L2 L3
boas condições de funcionamento. No caso de
lâmpadas, se uma queima (o filamento rompe) as
outras irão apagar, pois o circuito ficará aberto.
I
220V

2ª) Num circuito série, a resistência total (Rt) é determinada através da soma das resistências do
circuito. No circuito abaixo, temos:
Rt = Rl + R2 Rt = 4 + 5 Rt = 9Ω

3ª) Quando tivermos um ponto onde se encontram três ou mais condutores, chamaremos este
ponto de nó elétrico, sendo que neste ponto haverá divisão de corrente. Como no circuito série
não existem nós elétricos, podemos concluir que a intensidade da corrente é a mesma em todos
os pontos do circuito. Nota-se que no circuito série existe uma única trajetória elétrica, ou seja,
um único caminho eletricamente fechado. Este caminho é denominado de malha elétrica.
Conclui-se que, no circuito série existe apenas 1 (uma) malha. Pela relação que define
resistência elétrica, verificamos que o valor da intensidade da corrente que percorre o circuito
dependerá da tensão aplicada ao mesmo e da resistência total que o circuito oferece.
V 9V
I = AB = = 1A A
Rt 9Ω
4ª) No circuito série, a tensão aplicada ao circuito divide-se,
proporcionalmente, sobre os resistores associados, em função de suas
resistências, ou seja, o resistor de maior resistência fica submetido à R1 4Ω
uma maior tensão. Como vimos, os dois resistores do circuito são
9V C
percorridos pela mesma corrente. Como os resistores têm resistências I
diferentes, aparecerão sobre eles tensões diferentes. R2 5Ω

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106 Circuitos Elétricos

Isto pode ser comprovado através da equação V = I . R.

VAC = I x Rl = 1A x 4Ω VAC = 4V

VCB = I x R2 = 1A x 5Ω VCB = 5V

VAB= VAC + VCB= 4V + 5V VAB = 9V

Assim sendo, a tensão aplicada ao circuito divide-se sobre os resistores associados, ficando a
maior tensão sobre o resistor de maior valor.

5ª) Como a intensidade da corrente é a mesma em todos


os resistores e, sabendo-se que P= R x. I2, nota-se
que a dissipação de potência será maior no resistor
de maior resistência. Isto é facilmente observado
através da fórmula citada, pois a corrente é a mesma
nos resistores, bastando então, observar os valores
das resistências para se concluir sobre a dissipação
de potência. Nota-se também que, somando-se as
potências individuais de cada resistor, obtém-se o
valor da potência total dissipada pela associação.

Pl = Rl x I2 = 4 x 12 P1 = 4W
P2 = R2 x I2 = 5 x 12 P2 = 5W
Pt = Pl + P2 = 4 + 5 = 9W

Pt = VAB x I=9x1 Pt = 9W
PROBLEMA RESOLVIDO
Dois resistores são ligados em série. Sabendo-se
que Rl = 47Ω, R2 = 33Ω e que a associação é alimentada
por uma fonte de 8V, determine as quedas de tensão (ddp)
sobre os resistores e a potência dissipada em cada um.
Como conhecemos os valores dos resistores do
circuito, podemos calcular a resistência total (Rt).
Rt = Rl + R2 = 47 + 33 Rt = 80Ω
Pela relação I = V/R calculamos a corrente do circuito.
I = VAB/Rt I=8V/80Ω I =0,1A I=100mA
De posse da corrente, podemos calcular as quedas de tensão.

V = I x R ⇒ VAC = I x Rl = 0,1A x 47 Ω VAC = 4,7 V

VCB = I x R2 = 0,1A x 33 Ω VCB = 3,3 V

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Circuitos Elétricos 107

Sabendo-se as tensões e as correntes, podemos calcular o valor da potência dissipada em


cada resistor.
P = V . I ⇒ Pl = VAC x I = 4,7V x 0,1A P1 = 0,47 W

P2 = VCB x I = 3,3V x 0,1A P2 = 0,33 W


Resumo das características do circuito série

− Um componente depende do outro para que funcione o circuito.


− A resistência total do circuito é obtida através da soma das resistências do circuito.
− Os componentes são percorridos pela mesma corrente.
− A tensão aplicada ao circuito divide-se proporcionalmente sobre os resistores associados.
− A potência total dissipada pelo circuito é igual a soma das potências dissipadas em cada resistor.
Comprovação Prática
FONTE
Materiais utilizados: LABO
- Fonte LABO (0-20V);
- Multiteste;
47Ω 33Ω
- Resistores (47Ω; 33Ω).
R1 R2
Montagem
Executa-se a montagem conforme figura acima e aplica-
se, através da fonte, uma tensão de 8V. Comprovaremos primeiro
o valor da corrente através do circuito que é a mesma ao longo
do mesmo.
Para medirmos a corrente, utilizaremos o multiteste
como miliamperímetro, selecionando na escala de 250mA. Em
qualquer ponto que se introduza o medidor de corrente (em
série), o mesmo deverá indicar o valor de 100mA calculado,
No interior de um amperímetro existem fios condutores que devem ser percorridos pela
corrente elétrica, para que o aparelho indique o valor desta corrente. Estes fios apresentam uma
certa resistência elétrica, que é denominada resistência interna do amperímetro. Assim, ao
introduzirmos um amperímetro em um circuito (figura ao lado), sua resistência interna será
acrescentada à resistência do circuito. Para que a perturbação causada por esta introdução seja
desprezível, o amperímetro deve ser construído de tal modo que sua resistência interna seja a menor
possível. Portanto, um amperímetro ideal teria resistência interna nula.
Logo após, verificaremos os valores das quedas de
V1 V2
tensão, utilizando o multiteste como voltímetro (em
paralelo), na escala de 10V. O voltímetro V1 deverá indicar
4,7V e o V2 indicar 3,3V. Observe a polaridade correta dos A R1 R2 B
47Ω 33Ω
instrumentos. Compare a medição de V1 com V2 e justifique.

0,1A

8V

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108 Circuitos Elétricos

GALVANÔMETRO - VOLTÍMETRO
O instrumento básico, medidor de corrente, é denominado de galvanômetro. Ele é
constituído de um ímã permanente e de uma bobina (fios enrolados) acoplada a um ponteiro.
Quando circula corrente pela bobina, surge um campo magnético (efeito magnético da corrente
elétrica) que interage com o campo do ímã e, consequentemente, a bobina se movimenta,
deslocando pois, o ponteiro do medidor. Esta bobina é extremamente sensível, ou seja, o fio que a
constitui suporta apenas corrente e tensão, extremamente, baixas.
Vamos admitir, por exemplo, que a resistência interna de um galvanômetro seja de 2Ω e
que a corrente máxima que sua bobina suporta seja de 500µA. Conseqüentemente, deduz-se que a
tensão máxima que pode ser aplicada no instrumento vale 1mV (2Ωx500µA=1000µV=0,001V).
Este instrumento, de ponteiras A e B, pode ser utilizado para medir tensões (voltímetro⇒escala
graduada em microvolts) de até 1000 µV (1mV).

Vamos supor que desejássemos transformar o nosso galvanômetro num voltímetro de 5V


(5000 mV), ou seja, seu fundo de escala, em vez de 1mV (1000µV), seria de 5V. Isto seria possível
através da introdução de um resistor conectado em série (circuito divisor de tensão). Esse resistor
teria que originar uma queda de tensão de 4999mV, pois a bobina do instrumento admite, no
máximo 1mV. Assim, teríamos na bobina uma corrente de 0,5mA (mesma corrente no resistor em
série). Logo, podemos determinar o valor da resistência que deverá ter este resistor:
R = 4999mV / 0,5mA
R = 9998Ω
Se for acrescentado, então, um resistor de 9998Ω em série com a bobina do galvanômetro,
cada vez que o ponteiro do medidor se deslocar até o fundo da escala (limite máximo), significa que
estamos efetuando a medição de uma tensão de 5V.

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Circuitos Elétricos 109

QUESTÕES PROPOSTAS
1- Um circuito é constituído de 3 resistores e os mesmos estão ligados em série. O que deverá
ocorrer com a corrente e a resistência total do circuito, se provocarmos um curto-circuito sobre
um dos resistores?

2- Um conjunto de oito lâmpadas ligadas em série ilumina uma


árvore de Natal. O que ocorrerá com o circuito se alguma das
lâmpadas queimar? Explique uma maneira simples de se
identificar qual é a lâmpada queimada.

3- Duas lâmpadas de resistências iguais, fabricadas para funcionar em 110V, poderão ser ligadas
em série, formando um circuito alimentado por 220V? Justifique.

4- Duas lâmpadas foram fabricadas para funcionarem, individualmente, numa rede de 220V, sendo
que a primeira teria uma potência maior do que a segunda. Considerando que elas foram ligadas
em série e que existe uma tensão de 220V entre as extremidades da associação, explique o que
irá ocorrer com cada uma das lâmpadas.

5- Um resistor de resistência Rl que está conectado a uma fonte de tensão constante dissipa uma
potência Pl. Associando em série um outro resistor de resistência R2, o que acontecerá com o
valor da:
a) resistência total do circuito?
b) corrente que circula no circuito?
c) potência dissipada por Rl ?

6- Um circuito série é formado por uma fonte de tensão constante (12V) e duas lâmpadas iguais
(L1=L2).
a) considerando que em L1 passa 40mA, qual o valor da corrente em L2?
b) qual o valor da tensão em cada uma das lâmpadas?
c) considerando que uma terceira lâmpada L3 foi acrescentada em série com as demais, a
corrente em L1 será igual, maior ou menor do que 40mA?

7- Analise as afirmativas a seguir e coloque “V” se verdadeiras ou “F” se falsas.


a) ( ) Para diminuirmos a corrente que percorre um circuito podemos ligar em série com ele
um resistor.
b) ( ) Num chuveiro com a chave no inverno, poderíamos considerar como se fossem dois
resistores ligados em série e no verão seria apenas um único resistor percorrido por corrente.
c) ( ) Sempre ligamos o fusível em série com o circuito, de modo que, se ele queimar, o
circuito ficará aberto.
d) ( ) No circuito série, o resistor de maior resistência aquece mais.

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110 Circuitos Elétricos

PROBLEMAS PROPOSTOS
1- Um resistor de 4Ω e um de 2,5Ω são associados em série e, à associação, aplica-se uma tensão
de 19,5V. Qual é o valor da:
a) resistência total da associação ?
b) corrente que percorre o circuito ?
c) queda de tensão existente sobre cada resistor ?
d) potência dissipada em cada resistor ?

2- Um circuito série é constituído de 3 resistores Rl, R2 e R3, que valem, respectivamente, 2Ω, 4Ω
e 6Ω. Sabe-se que a queda de tensão sobre R2 vale 10V. Determine a corrente que percorre o
circuito, as quedas de tensão sobre os resistores e as potências em cada resistor.

3- Ligam-se em série, três resistores com resistências elétricas, respectivamente, de 200Ω, 500Ω e
300Ω. Sendo a corrente no circuito 100mA, calcule a tensão aplicada à associação e a potência
total dissipada pela associação.

4- Três resistores são associados em série e o circuito é alimentado por 30V. Sabendo-se que a
potência total dissipada pelo circuito é 60W, e que Rl= 5Ω e R2 = 7Ω, determine as tensões nos
resistores o valor de R3.

5- No circuito elétrico ilustrado ao lado, a tensão da fonte vale C


25V, enquanto que as resistências elétricas valem Rl=7Ω, A R1 R2 D

R2=8Ω e R3= 5Ω. Determine: I


R3
a) a corrente que atravessa o circuito e a potência dissipada
em Rl;
b) a corrente que circula no circuito, se for provocado um B
curto-circuito sobre R3 e a nova potência em Rl.

6- No circuito ao lado, os voltímetros V1 e V2, medem, V1


V2
respectivamente, 5V e 3V. Determine:
a) a corrente no circuito ; A R1 R2 R3 B
C 2,5Ω D 4Ω
b) o valor da resistência Rl.

7- São associados três resistores em série. Sendo R1=10Ω, R2=15Ω e R3= 5Ω e a potência dissipada
em R2 igual a 33,75W, determine a:
a) corrente do circuito;
b) queda de tensão sobre cada resistor;
c) tensão aplicada ao circuito.
d) potência total do circuito.

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Circuitos Elétricos 111

8- Temos um circuito série formado por dois resistores R1=22Ω e R2=68Ω, sendo que na associação
é aplicada uma tensão de 9V. Sabendo-se que as potências máximas que podem ser dissipadas
pelos resistores são, respectivamente, 1/8W e 1W, determine se os resistores irão queimar ou
não, justificando sua resposta com cálculos.

9- Uma fonte de alimentação de 10V / 2W deve alimentar 5 lâmpadas pequenas e coloridas de 1V /


200mW para enfeitar uma árvore de Natal. Sabendo que as lâmpadas queimam, caso a tensão
sobre elas seja maior do que a especificada, resolver este problema usando um resistor em série
com o conjunto de lâmpadas. Qual o valor do resistor e de sua potência dissipada?

10- Para uma fileira de lâmpadas de Natal foram escolhidas lâmpadas de 20Ω. Tal fileira está
dimensionada para uma intensidade de corrente igual a 300mA. Quantas lâmpadas deste tipo
devem ser ligadas em série para que seja possível fazer a conexão à uma rede de 220V?

11- Um jovem comprou um aparelho elétrico com os seguintes valores nominais: 55W - 220V.
Como a rede elétrica em sua casa era 380V, pensou em utilizar um resistor em série com o
aparelho para limitar a corrente e provocar uma queda dc tensão. Calcule o valor da resistência
que deverá ter o resistor e da potência que ele dissipará de modo que o aparelho funcione
corretamente.

12- A resistência de um galvanômetro é de 1Ω e a


corrente máxima que ele pode medir é 1mA. Em
que condições ele poderia ser utilizado como
voltímetro num circuito submetido a uma tensão
de 500V?

13- Admita que um galvanômetro tem resistência elétrica 10Ω e a intensidade da corrente de fundo
de escala vale 20mA. Que modificação deve ser introduzida no galvanômetro para que possa
medir uma tensão de até 60V, ou seja, que ele se transforme num voltímetro de fundo de escala
60V? (Obs.: para transformar o galvanômetro num voltímetro, teremos que associá-lo em série a
um resistor)

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112 Circuitos Elétricos

9.3. CIRCUITO ELÉTRICO PARALELO


Temos uma associação em paralelo de resistores quando todos os resistores associados
ficam ligados aos mesmos pontos, portanto, submetidos a uma mesma tensão elétrica, conforme
exemplos a seguir.

Um circuito paralelo apresenta as seguintes características:


1ª) No circuito paralelo, os componentes não dependem uns dos outros para funcionar, ou seja,
queimando a lâmpada L3 no circuito abaixo, apenas ela se apaga, sendo que L1 e L2
permanecem acesas, pois estão em bom estado de funcionamento e continuam recebendo a
tensão da rede (220V). O exemplo desse tipo de ligação é verificado em nossa instalação
elétrica residencial. Em casa verificamos que, se uma lâmpada queima, as outras permanecem
acesas e também os eletrodomésticos ficam funcionando normalmente.

2V (re étrica)

Lâmpada
Interruptor It
Rádio
220V
It I2
I1 I3
Aquecedor
elétrico

Fuvs

Numa casa, os aparelhos eletrodomésticos


e as lâmpadas são associações em paralelo.

2ª) No circuito paralelo, como os resistores estão ligados nos


mesmos pontos, recebem a mesma tensão. Pela relação V = I
x R, podemos calcular VAB no circuito dado de 4 maneiras, ou
seja:
VAB = Il x Rl VAB = I2 x R2
VAB = I3 x R3 VAB = It x Rt

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Circuitos Elétricos 113

3ª) Porque o circuito paralelo apresenta nó elétrico, a corrente total do circuito se divide
proporcionalmente através dos resistores, em função de suas resistências, pois os mesmos
recebem a mesma tensão.
Pela relação I=V/R, comprovamos que, se a tensão é a
mesma, a corrente será inversamente proporcional à
resistência, portanto a resistência de maior valor será
atravessada por menor valor de corrente, e vice-versa.
Como R1 < R2 , temos I1 > I2.
No circuito paralelo, a corrente total do circuito é igual a
soma das correntes que percorrem os
resistores, portanto, no exemplo acima, It = I1 + I2.
I t = 3A + 2A ==> It = 5A
4ª) Vamos agora obter as relações que nos dão condições de calcularmos o valor da resistência
total de um circuito paralelo.
I1 = VAB /R 1  VAB  1 1 
 VAB VAB VAB = VAB .  + 
I 2 = VAB /R 2  = + Rt R
 1 R 2 
Rt R1 R2
It = VAB /Rt 

It = I1 + I 2 }
= + + + ..... +
Rt R1 R2 R3 Rn

No caso de apenas dois resistores, teremos o seguinte:

Rt =
R 1 .R 2
Rt =
2x3 6
= Rt = 1,2Ω
R1 + R 2 2+3 5

R R : resistência de um dos resistores


Rt = (resistores iguais ) 
n n : número de resistores
5ª) Como no circuito paralelo a tensão é a mesma sobre todos os 18W
resistores e, sabendo-se que P = V2/R, podemos concluir que o
2Ω
resistor de maior resistência irá dissipar menor potência. Isto é R1
A B
facilmente observado na fórmula citada, pois sendo a tensão a
mesma nos resistores, basta observarmos qual o resistor de maior R2
3
resistência, para concluirmos onde ocorrerá menor dissipação de
potência. 12W

6V
Como P = V2/R, sendo: R1 < R2, portanto, P1 > P2.

VAB2 62
VAB2 62
P2 = = P1 = = P2=12W
R2 2 P1=18W R1 3

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114 Circuitos Elétricos

PROBLEMA RESOLVIDO
Um circuito paralelo é constituído de dois A A
resistores, sendo Rl=150Ω, R2=100Ω e é alimentado por It
12V. Determine o valor de cada corrente existente e da 150Ω R1 R2 100Ω
12V I1 I2
potência dissipada em cada resistor.
A A
Como conhecemos os valores dos resistores,
B
podemos calcular Rt.

Rt =
R 1 .R 2
→ Rt =
150.100 15000
= Rt = 60Ω
R1 + R 2 150 + 100 250
Pela relação I = V/R, determinamos as correntes.
VAB 12
It = → It = It = 0,2A = 200 mA
Rt 60Ω
VAB 12V
I1 = → I1 = I1 = 0,08 A = 80 mA
R1 150 Ω
VAB 12V
I2 = → I2 = I 2 = 0,12 A = 120 mA
R2 100 Ω
No circuito paralelo It se divide, então:
It = I1 + I2 It = 0,08 + 0,12A It = 0,2A

Para se obter as potências, faz-se o seguinte:


2 2 2
VAB 12 2 VAB 12 2 VAB 12 2
P1 = = P2 = = Pt = =
R1 150 R2 100 Rt 60

P1 = 0,96 W P2 = 1,44 W Pt = 2,4 W

Podemos comprovar a potência total através da soma das potências em cada um dos
resistores
Pt = P1 + P2 = 0,96 + 1,44 Pt = 2,4 W

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Circuitos Elétricos 115

Resumo das Características do Circuito Paralelo


− Os componentes são eletricamente independentes entre si.
− A tensão é a mesma sobre todos os resistores, pois os mesmos estão ligados nos extremos da
fonte.
− A corrente divide-se na razão inversa das resistências.
− A resistência total do circuito é menor do que a menor resistência associada.
− A potência total dissipada pelo circuito é igual a soma das potências dissipadas em cada resistor.

Comprovação Prática
FONTE
Materiais Utilizados: LABO

- Fonte LABO (0 - 20V)


- Multiteste 150Ω

- Resistores (150Ω; 100Ω) 100Ω

Montagem
Executa-se a montagem conforme figura
dada e aplica-se, através da fonte, uma tensão de
12V. Comprovaremos primeiro o valor da ddp
sobre o circuito que, como sabemos, tem o mesmo
valor sobre os resistores.
Para medirmos a ddp, utilizaremos o
multiteste como voltímetro (em paralelo),
selecionado para a escala de 50V. Sobre qualquer
resistor que se coloque o instrumento, conforme
esquema ao lado, o mesmo sempre indicará os 12V da fonte.
O voltímetro também possui um resistência interna. Essa deve ser a maior possível, pois
desta forma a corrente que desvia para o voltímetro será desprezível, não acusando perturbação no
circuito. Como sabemos, a corrente será tanto menor quanto maior for a resistência interna do
voltímetro. Um voltímetro ideal teria resistência interna infinita.
Ao lado, verificaremos os valores das
correntes que percorrem o circuito (It, I1 e I2)
utilizando o multiteste como amperímetro (em
série), na escala de 250mA. O medidor 1 deve
indicar 200mA, que é a corrente total do
circuito. Os medidores 2 e 3 indicarão 80mA e
120mA que correspondem a I1 e I2,
respectivamente.
Compare a medição de I1 com I 2 e diga porque I1 < I2

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116 Circuitos Elétricos

GALVANÔMETRO - AMPERÍMETRO
No galvanômetro analisado no circuito série, tínhamos admitido que sua resistência interna
fosse de 2Ω, que a corrente máxima que sua bobina suportava era de 500µA e que a tensão máxima
que podia ser aplicada no instrumento valia 1mV . Este instrumento, de ponteiras A e B, pode ser
utilizado para medir correntes (amperímetro⇒escala graduada em microampéres) de até 500µA, ou
seja, o seu fundo de escala (valor máximo) é de 500µA (0,5mA).

Vamos supor que desejássemos transformar o nosso galvanômetro num amperímetro de


10mA, ou seja, seu fundo de escala, em vez de 500µA, seria de 10mA. Isto seria possível através
da introdução de um resistor (resistor shunt Rs) conectado em paralelo (circuito divisor de
corrente). Este resistor teria que possibilitar o desvio de uma corrente de 9,5mA, pois a bobina do
instrumento admite, no máximo, 0,5mA. Se a tensão máxima na bobina é de 1mV (mesma tensão
no resistor em paralelo), podemos determinar o valor da resistência que deverá ter este resistor
(Rs=1mV/9,5mA=0,105Ω). Se for acrescentado, então, um resistor de 0,105Ω em paralelo com a
bobina do galvanômetro, cada vez que o ponteiro do medidor se deslocar até o fundo da escala
(limite máximo), significa que está circulando pelo circuito externo uma corrente de 10mA.

amperímetro

Rs

G
mA

A B

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Circuitos Elétricos 117

QUESTÕES PROPOSTAS
1- Duas lâmpadas e uma estufa estão todas ligadas em paralelo e recebem uma tensão de 220V.
Considerando que a primeira lâmpada queimou, diga o que ocorrerá com a segunda lâmpada? E
com a estufa? Justifique.
2- Um circuito paralelo é composto de um ferro elétrico, A A1
um forno elétrico e uma lâmpada. Para medirmos as
correntes It, I1, I2 e I3, introduzimos amperímetros no It L
circuito, conforme figura dada. Fe IFe Fo IFo
IL
Se queimar a lâmpada L, o que deverá acontecer:
− com a medição do amperímetro 1? A3 A4
A2
− com a medição dos amperímetros 2 e 3?
− com a medição do amperímetro 4? B
− com a resistência total do circuito?
3- Dispõe-se de duas lâmpadas Ll e L2 sendo Ll: 100W - 220V e L2: 40W - 220V. Desejando-se o
máximo de potência e dispondo-se também de uma fonte de 220V, devemos montar um circuito
série, paralelo ou o resultado é o mesmo nos dois circuitos ? Justifique.
4- Assinale verdadeiro (V) ou falso (F).
a) ( ) No circuito paralelo, teremos uma maior dissipação de potência no resistor de menor
resistência.
b) ( ) Num circuito com dois resistores, sempre teremos uma maior dissipação de potência
no resistor de maior resistência, independentemente, se o circuito é série ou paralelo.
c) ( ) Os circuitos série e paralelo, constituem-se, respectivamente, em circuito divisor de
tensão e circuito divisor de corrente.
d) ( ) No circuito paralelo a resistência total é sempre menor do que o menor valor de
resistência associada.
e) ( ) Num circuito paralelo de resistores iguais, basta dividirmos o valor da resistência de
um deles pelo nº de resistores, para obtermos o valor de Rt .
3 L1
5- Dispondo-se dos cinco terminais existentes no bloco ao lado,
faça as ligações necessárias de modo que as lâmpadas 1
+ 4
funcionem corretamente. Considere que as lâmpadas são - 5
iguais, cujos valores nominais são 12V - 5W e que a tensão 2
entre o positivo e o negativo da fonte vale: L2
a)24V b)12V

6- Tendo somente dois resistores, usando-os um por vez, ou em série, ou em paralelo, podemos
obter resistências de 3, 4, 12 e 16Ω. As resistências dos resistores são:
a)3 e 4 b)4 e 8 c)12 e 3 d)12 e 4 e)8 e 16
7- Analise as afirmativas a seguir e coloque “V” se verdadeiras ou “F” se falsas.
a) ( ) Conforme aumentamos o número de aparelhos ligados numa residência, aumenta o valor
da potência elétrica total instalada no circuito.
b) ( ) Nós são pontos de um circuito onde se unem 3 ou mais condutores havendo neles uma
divisão de corrente.
c) ( ) Sempre ligamos o fusível em paralelo com o circuito, de modo que, se ele queimar, o
circuito ficará aberto.
d) ( ) Um circuito paralelo formado por um resistor de 55Ω e uma lâmpada de 440W - 220V,
poderia ser protegido por um fusível de 5A quando a associação receber uma tensão de 220V.

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118 Circuitos Elétricos

8- O ohmímetro do circuito ao lado indica 9Ω e R1 vale 12Ω.


Logo, podemos afirmar que o valor de R2.é:
a) 3Ω b) 21Ω c) 36Ω d) 5Ω e)NDR Ω R1 R2

9- Ao lado, temos uma rede


elétrica de 220V que alimenta 8
lâmpadas em paralelo. Assim
sendo, responda as perguntas a
seguir:
a) O que irá ocorrer com o
valor da intensidade da corrente total se forem acrescentadas mais lâmpadas em paralelo?
Justifique, através de fórmulas.
b) Responda novamente a pergunta acima admitindo que em vez de acrescentarmos lâmpadas,
algumas delas foram retiradas.
c) Qual seria a consequência de se efetuar um curto-circuito (c/c) numa das lâmpadas?

10- No circuito paralelo ao lado,


temos alguns aparelhos
elétricos projetados para
tensão nominal de 120V,
cujas potências nominais
estão indicadas no desenho.
Considerando que o fusível
suporta uma corrente
máxima de 20A, analise as proposições a seguir e responda o que se pede..
1a: a quantidade de potência que ainda pode ser acrescentada em paralelo com o circuito de
modo que o fusível não queime é de 1580W;
2a: a quantidade de potência total que o circuito suporta é de 2400W;
3a: se ligarmos (em paralelo) um ferro de passar roupa de 2000W – 120V o fusível irá queimar;
4a: funcionando apenas os aparelhos indicados no desenho a corrente solicitada é de 6,83A.
As afirmativas corretas são apenas as:
a) 1a e 2a b) 1a, 2a e 4a c) 1a, 2a e 3a d) 3a e 4a e) todas

11- Um aquecedor elétrico é formado por dois resistores de resistências


iguais a R, conforme desenho ao lado.. Nesse aparelho, é possível
escolher entre operar em redes de 110V (chaves B fechadas e chave
A aberta) ou redes de 220V (chave A fechada e chaves B abertas).
Chamando as potências dissipadas por esse aquecedor de P220 e
P110, quando operando, respectivamente, em 220V e 110V, verifica-
se que as potências dissipadas, são tais que
a) P220 = 1/2 P110 b) P220 = P110 c) P220 = 3/2 P110
d) P220 = 2 P110 e) P220 = 4 P110

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Circuitos Elétricos 119

PROBLEMAS PROPOSTOS
1- Um circuito paralelo é constituído de Rl =12Ω e R2=8Ω sendo alimentado por uma tensão de
24V. Calcule a corrente total do circuito, as correntes que circulam através de Rl e R2 e a
potência em cada resistor.
2- Três resistores (Rl= 9Ω, R2= 6Ω, R3 =18 Ω) são associados em paralelo, sendo que, através de
R2, circula uma corrente de l,5A. Determine a tensão da fonte, as correntes através de Rl e R3 e
as potências dissipadas nos resistores.
3- Três resistores de resistências elétricas iguais a Rl=10Ω, R2=15Ω e R3=30Ω, estão associados em
paralelo e ligados a uma fonte que fornece uma corrente total de 900mA. Determine o valor da:
a) corrente que percorre cada um dos resistores;
b) potência dissipada em cada resistor;
c) potência total dissipada pelo circuito;
d) potência total dissipada pelo circuito, se Rl queimar (abrir).
4- Três aparelhos iguais, com resistência de 480Ω cada um, estão ligados em paralelo numa rede de
110V. Determine:
1º) a corrente total do circuito;
2º) o valor de It, se introduzirmos em paralelo com os aparelhos duas lâmpadas iguais, com
resistência de 220Ω cada uma.
5- Três aparelhos com resistência de 18Ω, 100Ω e 32Ω estão ligados em paralelo a uma rede de
220V.
a) Para o funcionamento deste circuito, é mais indicado utilizar-se um fusível de 5A, 15A ou
30A? Justifique.
b) Se, no lugar da resistência de 18Ω, introduzirmos uma lâmpada de 100Ω, deveremos utilizar
no circuito um fusível de 10A, 15A ou 30A? Justifique.
6- Numa indústria onde a rede é 220V, é utilizado um fusível de 50A para controlar a entrada de
corrente. Nesta indústria existem 100 máquinas, todas ligadas em paralelo. Se a resistência
elétrica de cada máquina é de 330Ω, qual é o número máximo de máquinas que podem
funcionar simultaneamente?
7- Temos um circuito paralelo formado por dois resistores R1=1kΩ e R2=330Ω, onde se aplica 15V.
Sabendo-se que as potências máximas que podem ser dissipadas pelos resistores são,
respectivamente, 1/2W e 1/4W, determine se os resistores irão queimar ou não, justificando sua
resposta com cálculos.
8- Em uma residência (circuito paralelo) são usados eventualmente diversos aparelhos elétricos,
nos quais encontra-se especificada a potência nominal de cada um. São eles: televisor (220W),
lâmpadas (100W cada uma), aquecedor (lkW), liqüidificador (300W) e chuveiro (5.000W). A
ddp nominal de todos os aparelhos é 220V e a ddp da rede elétrica da casa é 220V, sendo que
existe um fusível geral de 25A. Diga e justifique com cálculos se o fusível queimará ou não
quando forem ligados simultaneamente:
a) o televisor, o aquecedor, o liqüidificador e vinte lâmpadas;
b) o chuveiro e o aquecedor;
c) o chuveiro, cinco lâmpadas e o aquecedor.

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120 Circuitos Elétricos

A
9- No circuito dado, considerando que It
It=250mA, determine as correntes R1 100Ω R2 150Ω R3
que indicam os amperímetros 1, 2 e 10V
3, e o valor de R3. It I1 I2 I3
A A A
1 2 3
B A
It = 0,25A

10- No circuito abaixo determine Rt e It, nas A


seguintes condições: It I1 I2 I3
a)Ch1, Ch2 e Ch3 fechadas.
b)Chl e Ch2 fechadas; Ch3 aberta. 110V 100Ω 220Ω 55Ω
c)Chl e Ch3 fechadas; Ch2 aberta.
d)Ch2 e Ch3 fechadas; Chl aberta. Ch1 Ch 2 Ch3
It
B

11- A resistência de um galvanômetro


é de 1Ω e a corrente máxima que
ele pode medir é 1mA. Em que
condições ele poderia ser
utilizado como amperímetro num
circuito em que passe uma
corrente de 11mA?

12- Admita que um galvanômetro tem resistência elétrica l0Ω e a intensidade da corrente de fundo
de escala vale 20mA. Que modificação deve ser introduzida no galvanômetro para que possa
medir uma intensidade de corrente elétrica de até 1020mA, ou seja, para que ele se transforme
num amperímetro de fundo de escala 1020mA?

R1
13- Ao lado, temos um circuito paralelo, sendo
R1=150Ω, R2=100Ω e R4=120Ω. Sabendo-se x R2
também que a intensidade da corrente total
R3
vale 1,5A e que a corrente no ponto X vale
500 mA, determine o valor da: R4
a) tensão da fonte; It
a) resistência R3. VAB
b) potência total dissipada pela associação

3,5mA
14- Analise o circuito ao lado e identifique se
A
o circuito está funcionando normalmente.
Em caso negativo, qual seria o possível
motivo da leitura incorreta do 6V 6kΩ R1 4kΩ R3 6V
3kΩ R2 V
amperímetro?

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Circuitos Elétricos 121

9.4. CIRCUITO ELÉTRICO MISTO


Circuitos compostos de três ou mais resistores podem ser ligados num arranjo complexo,
com partes em série e partes em paralelo. Tal arranjo é denominado de circuito misto ou circuito
série-paralelo.
Nenhuma fórmula nova é necessária para determinar a resistência total de uma associação
mista de resistores. Você divide o circuito complexo em partes compostas de elementos em série e
em paralelo. Os dois tipos básicos de circuitos mistos estão indicados abaixo.
Nesse tipo de associação se verificam características do circuito série (corrente é a mesma)
e do paralelo (tensão é a mesma).
Exemplos:

R2 R1
A I2 B A I1 B
R1 C
It I23
I3 R2 R3
R3 C
It

VAB VAB

PROBLEMAS RESOLVIDOS
1º) Nos circuito a seguir, calcule o valor da resistência total (Rt).
a) Primeiramente iremos determinar a resistência 6Ω
equivalente do paralelo de Rl e R2, que poderemos R1
chamar de R4, pois não existe R4 no circuito.
4Ω B
R .R 6Ω . 3Ω A
R4 = 1 2 = R 4 = 2Ω R3
R 1 + R 2 6Ω + 3Ω 3Ω
R2
Ficamos com o circuito equivalente desenhado ao
lado.
A 2Ω 4Ω B
Basta agora somar R4 com R3, e encontrar
R4 R3
Rt, pois temos agora um circuito série.
Rt = R4 + R3 Rt = 2Ω + 4Ω Rt=6Ω
8Ω
b) Neste circuito, vamos primeiro resolver o série de R2 com R1
R3, que podemos chamar de R4.
A B
R4 = R2 + R3 = 8Ω + 4Ω
R4=12 Ω R2 R3
8Ω 4Ω

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122 Circuitos Elétricos

Ficamos com um circuito equivalente 8Ω


ao desenhado ao lado. Para finalizar, R1
utilizamos a fórmula para calcular Rt, A B
quando temos resistores em paralelo.
R1 . R 4 8Ω . 12Ω R4
Rt = Rt =
R1 + R 4 8Ω + 12Ω 12Ω
Rt = 4,8Ω

2º) No circuito dado, calcule It, I2, I3 e VAC. 150Ω


R2
Como conhecemos todas as resistências do circuito, 10Ω
podemos calcular Rt. Antes, porém, calculamos R4. A C I2 B
R1
It I3
R .R 150Ω . 100Ω R3
R4 = 2 3 R4 =
R2 + R3 150Ω . 100Ω 100Ω
7V
R 4 = 60Ω

Assim: Rt = R1 + R4 ⇒ Rt = 10Ω + 60Ω Rt = 70Ω


Pela relação I = V/R, podemos calcular as incógnitas.
V V 7V
I= ⇒ It = AB = It = 0,1 = 100mA
R Rt 70Ω

V = I . R ⇒ VAC = It . R1 = 0,1A .10Ω VAC = 1V


Para calcularmos I2 e I3, primeiro devemos determinar VCB, pois é a tensão existente sobre
R2 e R3.
VAB = VAC + VCB ⇒ VCB = VAB – VAC = 7V-1V ou

VAB = It . R4 = 0,1A . 60Ω VCB = 6V

Sabendo que I=V/R, teremos então, para I2 e I3, os seguintes valores:


VCB 6V
I2 = = = 0,04A = 40mA
R 2 150Ω
VCB 6V
I3 = = = 0,06A = 60mA
R 3 100Ω

Observamos, então, que a soma de I2 com I3 deu exatamente o valor de It. Isso prova que a
corrente elétrica, ao chegar a um nó, divide-se pelos resistores associados em paralelo.

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Circuitos Elétricos 123

Comprovação Prática
Materais Utilizados:
Fonte LABO (0 - 20V)
- Multiteste
- Resistores (10Ω; 100Ω;
150Ω)

Primeiramente, vamos
esquematizar o circuito,
introduzindo o multiteste utilizado
como miliamperímetro (em série),
para comprovarmos a corrente total
do circuito.

Comprovaremos agora, as correntes I2


e I3, introduzindo o multiteste, utilizado como
miliamperímetro (em série), na escala de
250mA.

Comprovaremos a seguir, as
quedas de tensão e, para tal, utilizaremos o
multiteste como voltímetro (em paralelo),
na escala de 10V.

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124 Circuitos Elétricos

QUESTÕES PROPOSTAS L1 L2
1- De acordo com o circuito ao lado, onde temos três
lâmpadas iguais, diga: L3
a) qual das lâmpadas tem o brilho maior.
b) o que acontecerá com o brilho de cada uma das
lâmpadas se queimar L3.

2- No circuito ao lado, quando se fecha a chave Ch, provoca-se:


a) aumento da corrente em R2 Ch
b) diminuição do valor de R3
c) aumento da corrente em R3 R1 R2 R3
d) aumento de tensão em R2
e) aumento da resistência total do circuito

3- No circuito dado, existem três lâmpadas iguais, três chaves, um fusível e uma fonte. Sabendo-se
que existem vários tipos de circuitos (simples, série, paralelo e misto), responda as seguintes
perguntas: L2
a) Com as três chaves abertas, qual o tipo de ch1 ch2
circuito obtido? ______________________.
ch3
b) Fechando-se apenas ch2, o circuito se
transforma? _______________. Em caso L1
afirmativo, qual o novo circuito?
_______________________. L3
c) Se apenas ch1 e ch2 estiverem fechadas, qual F
o circuito obtido? __________________.
d) Quais as chaves que devem ser fechadas de
modo que o fusível queime? _______________.

R B
4- Cada resistor da figura ao lado possui uma resistência R. O resistor
equivalente entre os pontos A e B é igual a:
R R
a) R/4 b) R/2 c) R d) 4R e) 2R
A R

5- A figura mostra um trecho de circuito com três


lâmpadas funcionando de acordo com as
características especificadas. Os pontos A e B estão
ligados numa rede elétrica. A potência dissipada por
L3 é: a)75W b)50W c)150W d)300W e)200W

6- No circuito desenhado, tem-se duas pilhas de 1,5V


cada, de resistências internas despreziveis, ligadas em
série, fornecendo corrente para três resistores com os
valores indicados. Ao circuito estão ligados ainda um
voltímetro e um amperímetro de resistências internas,
respectivamente, muito alta e muito baixa. As leituras
desses instrumentos são, respectivamente:
a) 1,5V e 0,75A. b) 1,5V e 1,5A. c) 3V e 0A. d) 2,4V e 1,2A. e) NDR

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Circuitos Elétricos 125

7- De que maneira três lâmpadas idênticas,


R, podem ser ligadas entre os pontos a e
b de uma linha de 220V, para fornecer
uma melhor iluminação?

8- Observe o circuito ao lado, em que A, B, C e D


representam lâmpadas idênticas. Se retirarmos a
lâmpada C, sem nada colocarmos em seu lugar, é
correto afirmar:
a) o brilho da lâmpada A diminui.
b) a queda de tensão na lâmpada D aumenta.
c) a lâmpada B continuará com o mesmo brilho.
d) a potência dissipada na lâmpada B diminuirá.
e) a resistência do circuito diminui.

9- Analise o circuito deste exercício, onde o voltímetro


V
do desenho está indicando 27V e identifique se o
circuito está funcionando normalmente. Em caso 12kΩ
negativo, qual seria o possível motivo da leitura R3
incorreta do voltímetro? 6kΩ
R1
R4
45V 36kΩ R2 6kΩ

10- No circuito ao lado temos três resistores de


resistências R, R e 4R. Analise as afirmativas abaixo C
sobre o circuito dado: R R
A B
I: a tensão será a mesma sobre cada um dos
resistores;
II: a corrente em cada um dos resistores terá o 4R
mesmo valor;
III: a potência dissipada em cada um dos resistores é
a mesma;
V
IV: a resistência total do circuito valerá 4R/3.
As afirmativas corretas são apenas a (as):
a)III b)I e II c)II e III d)III e IV e)IV

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126 Circuitos Elétricos

PROBLEMAS PROPOSTOS
1- Determine a resistência total ou equivalente das associações seguintes.

2- Determine o valor da intensidade da corrente total fornecida a cada um dos circuitos abaixo por
uma fonte de 32V que está conectada aos pontos A e B de cada circuito.

10 ) 6Ω 6Ω 20 )
R1 R2
A B 10Ω R1 R2 20Ω
30Ω 5Ω
R7 3Ω R3 R4 1Ω R4 R6
4Ω A B
4Ω 3Ω 15Ω R3 60Ω R5 R7
R6 R5
30Ω

3- O fio A de um circuito telefônico se rompeu


ESTAÇÃO 2
e caiu sobre um outro fio B, fazendo contato
com ele, conforme figura ao lado. Os dois
fios A e B são iguais e cada um tem uma
resistência de 340Ω. Sabe-se também que a
resistência do fio A, desde a estação 1 até o
ponto x vale 260Ω e que a resistência do fio
B desde a mesma estação até o mesmo ponto X
ESTAÇÃO 1
tem, praticamente, o mesmo valor.
Admitindo-se que os fios estão em contato A
entre si na estação 1, determine o valor da
resistência total entre as estações 1 e 2. B

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Circuitos Elétricos 127

4- Sabendo que VAB=45V, determine: 5- Calcule o que se pede.


Pl =? I1 = ?
I2 = ? P2 = ?
I3 = ? It = ?
VAC= ? VCB = ?
P4=?

20Ω 40Ω
R2 8Ω R1
A 3Ω C I2 D B I1
R1 R4 60Ω C 13Ω
I3 A R2 R4 B
It R3 I2 It
5Ω It R3 I3
24Ω

VAB
10V

6- Determine: 7- Calcule:
I34 = ?
VAB = ?
VCD = ?
Pt = ?
Ix = ? P1 = ?
R4 = ?
R3 = ?
P4=?

5Ω 100Ω
R1 R2
I1=0,6A 10Ω I2= 0,4A
7Ω C 10Ω
A R2 R3 B A R1 C B
Ix I34
I4 R3
R4
20Ω 20Ω D
It=1A It
60V

VAB

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128 Circuitos Elétricos

8- Calcule: 9- Determine:
I1 = ? Iy = ?
P1 = ? Ix = ?
R3 = ? R1 = ?
P4 = ? P4 = ?
Pt = ? VCB= ?

30Ω
R2
C 25Ω
I2
3Ω R1 R2
3Ω C
R1 C Ix
A B
I1 I3
A R3 B Iy
A
R3 R4
I4 15Ω
R4 25Ω D
It=1A
10Ω
It= 0,5A
24V

3V

10- Calcule It e Pt, se: L2 L3


1º) todas as lâmpadas estiverem em bom L1
estado; C I23
I4
2º) queimar apenas L2; A I1 B
3º) queimar apenas L5. I5 L4
Dados:
It L5
RLl =8Ω; RL2=2Ω; RL3=4Ω;
12V
RL4=3Ω; RL5=15Ω

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Circuitos Elétricos 129

11- No circuito abaixo, dispõe-se dos seguintes elementos: dois resistores idênticos (100Ω cada
um), uma fonte de tensão (28V), um amperímetro, uma lâmpada (3V – 1,5W) e fios de ligação.
Pretende-se montar um circuito em que a lâmpada funcione de acordo com as suas
especificações, e o amperímetro acuse a corrente que passa por ela.
Qual é a corrente que o amperímetro indicará?
Monte o circuito, incluindo os elementos necessários.

R1

R2

A
- +

12- Para o circuito misto dado, temos:V=34V, R1


R1=4Ω, R2=4Ω, R3=3,2Ω, R4=2Ω, R5=6Ω e
R6=2Ω. Determine o valor da queda de R2
tensão indicada pelo voltímetro V4. R4 V4
V R6
R5

R3

13- Na figura ao lado, temos um potenciômetro linear de 20kΩ, 3 1


um resistor de 10kΩ e uma fonte de CC. Quando o cursor do
potenciômetro está bem no meio, a fonte fornece uma corrente 2
de 2mA. Determine o valor da:
a)tensão da fonte. 10kΩ
b)corrente fornecida quando o cursor for deslocado para a
posição 3. VAB
c)corrente fornecida quando o cursor for deslocado para a
posição 1.

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130 Circuitos Elétricos

14- Determine o valor da tensão, corrente e potência em cada resistor dos circuitos a seguir.

a) 1,5kΩ b) 1,5kΩ 1kΩ


R1 1KΩ R2 R3
R1
10KΩ
R4
R2 15kΩ R3 10kΩ
6V

6V

2Ω
15- O circuito ilustra uma associação mista de resistores
alimentada por uma bateria de 9V. Determine a leitura 4Ω
no amperímetro A e no voltímetro V.
A 4Ω
V 2Ω

9V

16- Sabendo-se que R1=2Ω, R2=1Ω, R3=3Ω e


R3
R4=6Ω, determine qual é o valor da tensâo sobre o
resistor de 6Ω. R1 R2
R4
10V

17- No circuito ao lado, determine o valor A


da tensão entre os pontos A e B. 1Ω

2Ω 2Ω 2Ω 2Ω
4,8V

18- Calcule o valor da tensão em R7 e das correntes em R5 e IT da fonte no circuito abaixo.

4kΩ 12kΩ
R2 R6

8kΩ R 1 R3 24kΩ R7 9kΩ R9 3kΩ


72V

R4 R5 R8
12kΩ 12kΩ 6kΩ

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Circuitos Elétricos 131

19- Determine a leitura do ohmímetro para as configurações abaixo.


18Ω 18Ω 18Ω
R1 R2 R3

12Ω R 1 R 1 12Ω

12Ω
R2 Ω

20- Determine o valor da potência


dissipada pelo resistor de 10Ω do circuito 7Ω 2Ω 2Ω
desenhado ao lado. R1 R2 R3

4Ω R 4 24Ω R 5
24V
10Ω R 8
R6 R7
12Ω 12Ω

21- Calcule o valor das correntes em R3, 5Ω 6Ω


R8 , R9 e a corrente total fornecida R2 R6
pela fonte.
8Ω R 3
6Ω
10Ω R 1 R7 R9 4Ω
80V
4Ω R 4 R 5 8Ω 2Ω R8

22- No circuito ao lado, determine o


valor da tensão e da corrente no 5Ω 4Ω 1Ω
resistor de 2Ω e também o valor R5
da corrente total fornecida pela
R1 R3
fonte.
6Ω R2 6Ω R4 2Ω R 6
240V

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132 Geradores Elétricos

10. GERADORES ELÉTRICOS

0.1. TIPOS DE GERADORES


Como vimos anteriormente, uma corrente elétrica só
atravessa um condutor se, entre suas extremidades, for estabelecida
uma diferença de potencial.
Vimos também, que esta tensão Vab é mantida por
uma fonte elétrica ligada aos terminais do condutor. Esta
fonte elétrica nada mais é do que o gerador elétrico que
possibilita a transformação de uma energia qualquer, em
energia elétrica.
A função do gerador num circuito elétrico é
Fonte Elétrica
fornecer energia suficiente aos portadores de carga
(elétrons), de modo que a corrente elétrica formada por eles
faça funcionar satisfatoriamente os aparelhos que ela percorre.

Gerador

Energia

Energia

Assim, a energia que os elétrons recebem do gerador é transferida na forma de energia


elétrica. Estes, por sua vez, transformam a energia elétrica recebida em outras formas de energia,
como, por exemplo, energia térmica, energia luminosa, energia mecânica, etc.

in osa
ia lum
Energ
Aparelho ica
Energia Energia térm
Gerador ou
elétrica instrumento Energia
cinética
Outr
as fo
rmas
de energ
ia

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Geradores Elétricos 133

Chamamos de pólos do gerador os pontos por onde o gerador é


ligado ao circuito externo. O pólo negativo de uma bateria tem excesso
de elétrons e o pólo positivo tem falta de elétrons. Os elétrons que saem
do pólo negativo, ao encontrarem um percurso externo (circuito
fechado), dirigem-se ao pólo positivo, que tem falta desses mesmos
elétrons. Assim, haverá fornecimento de energia a um dispositivo que
esteja intercalado em seu caminho (no nosso exemplo, a lâmpada).
Como energia não se cria nem se destrói, mas apenas se
transforma (1º Princípio da Termodinâmica), podemos obter fontes de
tensão através de transformações de outras formas de energia em
energia elétrica. Como a maioria dos geradores construídos são os
geradores eletroquímicos e eletromecânicos, abordaremos alguns
aspectos de suas construções.
a) Eletroquímicos
São aqueles que transformam energia química em
energia elétrica. Tubo de Zinco
(Polo negativo)

Pilha Seca (Pilha de Leclanché) Bastão de carvão


(Polo positivo)
O nome desta pilha é um pouco impróprio, pois, para o
seu perfeito funcionamento, é necessário que se verifique um Bióxido de manganês
(Despolarizante)
certo grau de umidade em seu interior. Em virtude de que átomos
Eletrólito contido em
de hidrogênio se agrupam em torno do pólo positivo, impedindo matéria gelatinosa
(cloreto de amônia)
que os elétrons se movimentem livremente, e provocando uma
queda de tensão e aumento na resistência interna da pilha, faz-se
necessário introduzir uma substância despolarizante que, no caso,
é o bióxido de manganês (MnO2).
Atualmente, já temos pilhas com várias características e composições como: pilha de
mercúrio (relógio de pulso), pilhas alcalinas (fornecem correntes elevadas) e pilhas de níquel-
cádmio (calculadoras), etc.
Acumuladores (baterias)
Servem para armazenamento e fornecimento de energia.
Durante o processo de carga, a energia elétrica é transformada em energia química, e, no
processo de descarga, a energia química é transformada em energia elétrica.
Uma bateria de automóvel é constituída de uma série de pilhas. Entretanto, as pilhas usadas
nesta associação têm constituição diferente da pilha seca: seus pólos são placas de chumbo
mergulhada em uma solução de ácido sulfúrico. A d.d.p. entre estes pólos é aproximadamente igual
a 2V.
No desenho dado, mostramos A B

uma bateria constituída por 3 pilhas,


obtendo-se, então, uma d.d.p. de 6V.
2V 2V 2V
Na t

Bateria

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134 Geradores Elétricos

A resistência interna de uma pilha ou bateria é dada pela soma das resistências dos
eletrodos mais a eletroquímica. Pode-se diminuir o valor dessa resistência interna, aumentando as
dimensões dos eletrodos, fazendo-se com que a seção transversal do trajeto da corrente seja tão
grande quanto possível. Isto significa uma grande área para o eletrodo, a fim de que o contato deste
com o eletrólito seja o maior possível.
Na prática, notamos que as baterias têm resistência interna muito pequena, da ordem de
milésimos de ohms, enquanto que, nas pilhas secas, já é da ordem de centésimos. Com o uso, altera-
se a resistência interna das baterias, ou seja, sua resistência interna vai aumentando, podendo
alcançar valores bastante elevados, o que é prejudicial para a utilização do gerador.
b)Eletromecânicos
São aqueles que transformam energia mecânica em energia elétrica, sendo desse tipo os
maiores geradores já construídos. Quando são de corrente contínua, são chamados de dínamos e
quando de corrente alternada, são chamados de alternadores.
Sabemos que a energia elétrica utilizada em nossa casa, nas indústrias, etc., chega até nós
por meio de uma corrente alternada. Esta corrente é produzida nas grandes centrais elétricas por
geradores.
Em uma usina hidroelétrica, por exemplo, a energia mecânica da queda d’água é usada
para colocar o gerador em rotação, portanto, nestas usinas, temos a transformação de energia
mecânica em energia elétrica.

Energia Potencial Energia Energia


Gravitacional Cinética Elétrica
(Mecânica)

O princípio de funcionamento de um gerador Im ã


eletromecânico está demostrado na figura ao lado. Pólo norte
Temos, basicamente, uma ou mais espiras (fios Pólo sul

enrolados) que giram dentro de um campo magnético


fornecido pelos ímãs.
E spiras
Para que seja indicada uma corrente pelo
microamperímetro é necessário que se movimentem as
espiras num determinado sentido. Em outras palavras, a
M icroam perím etro
espira girando dentro de um campo magnético gera uma
corrente. Desta forma temos uma energia mecânica
transformada em energia elétrica.

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Geradores Elétricos 135

A seguir, temos outros exemplos.


Usina Termelétrica

Energia Energia Energia


Térmica Cinética Elétrica
(Mecânica)

Usina Nuclear

Energia Energia Energia


Nuclear Cinética Elétrica
(Mecânica)

O estudo do núcleo do átomo refere-se à Física Nuclear.


Como resultado desse estudo, os cientistas descobriram maneiras
de dividir o núcleo do átomo para liberar quantidades de energia.
Ao se partir um núcleo (fissão nuclear), ele faz com que muitos
outros se dividam, numa reação nuclear em cadeia. Nas usinas
nucleares (Angra dos Reis), as reações são controladas e
produzem calor e luz para nossos lares. O sol é a maior fonte de
energia nuclear.

10.2. GRANDEZAS CARACTERÍSTICAS DE UM GERADOR


a) Força Eletromotriz (εε)
É uma característica própria do gerador,
dependendo apenas dos elementos que constituem o
mesmo. É representada pela letra épsilon (ε). A força
eletromotriz (f.e.m.) de um gerador é a razão
constante entre o “trabalho realizado (W)” e a “carga
elétrica (q)”, quando essa carga é transportada entre
seus terminais. Podemos representar o que foi dito,
matematicamente, da seguinte maneira:

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136 Geradores Elétricos

ε =
W
u (εε) = u(w) / u(q) = joule / coulomb= Volt
q
Uma pilha possui uma f.e.m. cujo valor é ε= 1,5 V, quer ela esteja nova ou usada, o que
significa que ela realiza um trabalho de 1,5 J sobre cada coulomb que se desloca entre seus pólos.
b) Resistência Interna (r)
Todo gerador (gerador real) tem uma resistência interna que ideal
tende a reduzir a intensidade de corrente e também a tensão nos pólos,
quando se liga, a estes, um circuito externo. Essa resistência que está - +
em série com o gerador é proveniente das placas e do eletrólito, r=0
quando se trata de geradores eletroquímicos.
real r
Quando falarmos em dínamos e alternadores, esta resistência
- +
interna é conseqüência da existência de enrolamentos internos que são
constituídos de fios que possuem uma certa resistividade. r=0

c) Tensão (Vab) e Intensidade da Corrente (I)


Estas duas grandezas representam, a tensão entregue ao circuito externo e a corrente que
este circuito solicita do gerador.
“A TENSÃO (VAB) E A INTENSIDADE DE CORRENTE (I) SÃO VARIÁVEIS, PORÉM A
F.E.M.(εε) E A RESISTÊNCIA INTERNA (r) SÃO CARACTERÍSTICAS CONSTANTES
DO GERADOR, INDEPENDENTE DO CIRCUITO EXTERNO.”

d)Equação do Gerador
− tensão total gerada = ε = tensão em vazio I

(gerador sem carga consumidora). G


E ddp
− tensão fornecida = Vab = tensão entregue à gerada
R
lâmpada. ddp
A fornecida
− tensão perdida (queda de tensão) = Vr = tensão D
ddp
perdida
perdida (efeito joule), quando o gerador é O
percorrido por corrente elétrica (Vr= I.r).
R I
Teremos, então, de acordo com o esquema
anterior:

tensão gerada = tensão perdida + tensão fornecida

ε= Vr + Vab
Normalmente, é de interesse saber o valor da tensão fornecida ao circuito externo. Sendo
assim, podemos escrever:

VAB = ε − I . r ⇒ Equação geral dos geradores

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Geradores Elétricos 137

As tensões referentes a
um gerador podem ser analisadas
de uma forma gráfica, conforme
desenho ao lado. Podemos dizer
que as cargas elétricas (corrente)
ao passarem do negativo para o
positivo do gerador sofrem um
acréscimo de potencial (energia
potencial), potencial este que
sofrerá um decréscimo ao ser
“gasto” para vencer a resistência
interna da fonte. Ainda assim,
será disponibilizado um
determinado potencial para produzir algum trabalho útil no circuito externo. A subida de potencial
e a perda de potencial no gerador estão associadas respectivamente a f.e.m. ( ε) e a queda de tensão
interna (Vr ), sendo que o potencial útil no circuito externo está associado, consequentemente, à
tensão fornecida pela fonte ao circuito consumidor.
Num gerador real, temos uma potência total gerada (Pg = ε . I), sendo que uma parte desta
potência é perdida, ou seja, será dissipada internamente (Pd = r . I2) e a outra parte será utilizada
no circuito consumidor (Pu = VAB . I).
Sabe-se que:. Pg=Pu+Pd .
Substituindo-se, temos: ε . I = VAB . I + r . I2
Logo, obtém-se: ε . I = I (VAB + r . I)
Assim sendo, podemos afirmar que: ε = VAB + r . I ou VAB = ε - I . r .
Esta equação característica de um gerador, já foi deduzida anteriormente.
Quando toda a potência gerada é utilizada no circuito consumidor, podemos afirmar que o
rendimento (η) do gerador é de 100% (ou 1). O rendimento é obtido pela relação η=Pu/Pg. Se uma
máquina geradora produz 1000W e por exemplo, um motor elétrico, consegue transformar em
potência mecânica apenas 500W, teríamos um rendimento η=0,5 (ou 50%).
No desenho abaixo, temos um gerador elétrico constituído de imãs permanentes no estator
(onde é originado o campo magnético), condutores devidamente alojados no rotor e um par de
escovas de onde será retirada a energia elétrica. Quando estudarmos eletromagnetismo, mais
adiante, veremos, com detalhes, que surge uma tensão induzida em condutores que se deslocam de
modo a “cortar” um campo magnético. Girando-se a manivela à uma certa velocidade e mantendo-
se o gerador sem carga, obtém-se, por exemplo, uma tensão de 6V.

0 v

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138 Geradores Elétricos

Se ligarmos um elemento consumidor (lâmpada) e mantendo-se, aproximadamente, a


mesma velocidade esta tensão medida pelo voltímetro cai para 5V. A primeira tensão (6V - tensão
total ou máxima) representa o valor da força eletromotriz do gerador e a outra chamaremos,
simplesmente, de diferença de potencial (Vab) existente entre as extremidades do gerador elétrico.
Nota-se que, neste caso, ocorre uma queda de tensão interna de 1V (Vr).
Admitindo-se que a resistência interna do gerador vale 10Ω, poderíamos afirmar que a
intensidade da corrente valeria 100mA (Vr = I x r = 0,1A x10Ω=1V).

10.3. ASSOCIAÇÃO DE GERADORES


A ligação de fontes (geradores) de
energia elétrica em série é muito comum,
sendo usada este tipo de associação no caso
de lanternas e rádios. Esta montagem
proporciona uma tensão maior do que se
utilizarmos somente uma fonte e é obtido se
o terminal negativo de uma fonte é
conectado ao terminal positivo da seguinte.
Os vários conjuntos de placas de uma bateria de automóvel também estão ligados em série.
Geralmente, cada um tem tensão de 2V e a tensão total fornecida pela bateria é de,
aproximadamente, 12V.
Duas baterias de f.e.m. igual a 12V e resistência interna de 1Ω, associadas em série, seria
eqüivalente a uma única bateria de 24V de f.e.m. e 2Ω de resistência interna.
Podemos também associar pilhas ou baterias em
paralelo. Neste caso, costuma-se ligar qualquer número de
pilhas iguais (mesma f.e.m. e mesma resistência interna)
em paralelo para obter maior duração de funcionamento
normal da fonte, mas a tensão total será a mesma que a
fornecida por uma só pilha. Duas baterias de f.e.m. igual a
12V e resistência interna de 1Ω, associadas em paralelo,
seria equivalente a uma única bateria de 12V de f.e.m. e
0,5Ω de resistência interna.

10.4. GRÁFICO TENSÃO X CORRENTE


Ao lado, temos a representação gráfica da relação
Vab
Vab = ε - I . r , num diagrama tensão por corrente. Sendo esta
relação linear, o correspondente gráfico é uma reta,
denominado curva característica do gerador.
Vamos, então, analisar o significado físico onde a
reta corta os eixos cartesianos.
1º Ponto:onde a reta corta o eixo das tensões (Vab). 0
Neste ponto, temos I = 0 (zero), ou seja, o circuito externo
Icc I
está aberto, de modo que a queda de tensão interna é nula. Como Vab= ε - I . r temos:
Vab = ε - 0 . r . Logo, aVab = ε

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Geradores Elétricos 139

t
t N a t N a t Na
O ponto onde a reta corta o eixo das tensões corresponde a

Na
força eletromotriz do gerador. Fisicamente, isso significa que o
circuito elétrico está aberto, portanto não haverá tensão perdida.

2º Ponto: onde a reta corta o eixo das correntes. Neste ponto, Vab=0 (zero).
Fisicamente, isso significa que os terminais do
gerador são unidos por um fio de resistência elétrica

t
t Na t Na t N a
desprezível, provocando um curto circuito e

Na
determinando um aquecimento exagerado do gerador.
Icc
Teremos, então, a máxima corrente atravessando o
gerador.
Vab = ε - I . r

ε
0 = ε - Icc . r ⇒ Icc =
r
“A corrente elétrica correspondente a esta situação é denominada corrente de curto-circuito
(Icc)”.
Exemplo: Numa pilha onde ε =1,5V e r = 0,3Ω a corrente de curto circuito tem
intensidade:
ε 1,5V
Icc = = Icc= 5Aa
r 0,3Ω
3º Ponto: ponto intermediário situado entre os dois pontos anteriores.
Neste caso haverá corrente circulando no gerador, pois
teremos um circuito fechado. O valor desta corrente dependerá do
valor da resistência do circuito externo que estará ligado ao gerador.
Consequentemente, o valor da tensão entregue ao circuito dependerá
do valor da corrente que percorre o gerador. Então, teremos:
R menor ⇒ I maior ⇒ Vr maior ⇒ Vab menor
R maior ⇒ I menor ⇒ Vr menor ⇒ Vab maior
Vab = ε - I . r (1) Vab = I . R (2)

Igualando (1) e (2), teremos:


ε - I . r = I .R ε = (I . R) + (I . r)
ε
ε = I .(R + r) logo: I=
r+R

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140 Geradores Elétricos

PROBLEMA RESOLVIDO
Uma pilha possui uma fem igual a 1,5V e sua resistência interna vale 0,1Ω.
a) Qual a tensão entre os pólos da pilha quando ela se encontra em circuito aberto?
Quando uma pilha se encontra em circuito aberto, significa que a mesma não está sendo
percorrida por corrente elétrica, portanto, não há queda de tensão interna na pilha. Então, teremos:
Vab= ε - I . r
Vab= ε - 0 . r Vab= ε Vab = 1,5V
b) Qual a tensão entre os pólos da pilha, se ela estiver fornecendo uma corrente elétrica de 2A a
uma lâmpada?
Vab = ε - I . r =1,5 - 2 . 0,1 Vab= 1,3V
c) Ligando-se à pilha uma lâmpada de menor resistência, ela passa a fornecer uma corrente de 4A
a esta lâmpada Qual é, neste caso, a tensão entre os pólos da pilha?
Vab=ε-I . r Vab=1,5 - 4 . 0,1 Vab = 1,1 V
d) Qual a corrente de curto-circuito do gerador?
Como sabemos, a corrente de curto-circuito é a máxima corrente que pode atravessar um
gerador. Isto ocorre quando o polo positivo do gerador é conectado, por um fio de resistência
desprezível, ao polo negativo. Então, teremos:
Icc = ε/r = 1,5 / 0,1 Icc =15A
e) Utilizando os valores obtidos no exercício, construa o gráfico Vab x I.
Como sabemos, o gráfico Vab x I de um gerador VAB(V)
é uma linha reta. O ponto onde a reta corta o eixo das
1,5
tensões nos dá o valor da fem (1,5V) e o ponto onde a reta 1,3
corta o eixo da corrente nos dá o valor da corrente de 1,1
curto-circuito (15A). Observe, no gráfico, que a medida
que a corrente I vai aumentando, a tensão Vab vai
diminuindo. Para I=2A, temos Vab=1,3V e para I=4A,
temos Vab=1,1V. 0 2 4 15 I(A)

10.5. RECEPTORES ATIVOS


Os receptores ativos são aqueles dispositivos que transformam energia elétrica em outra
modalidade que não seja exclusivamente térmica. Eles podem ser modelados, a partir de uma força-
contraeletromotriz (fcem) que se indica por ε’, a qual representa um descréscimo de potencial
elétrico das cargas da corrente ao atravessarem o receptor. Portanto o sentido da corrente é contrário
em relação ao gerador.
A fcem é a responsável pela energia elétrica cedida pelas cargas da corrente para ser
transformada em outra modalidade, exceto em calor. A definição de fcem é dada pela mesma
expressão da fem (ε’=W/q). Convém salientar que W representa a energia retirada da carga q.
Um caso típico de receptor é o motor elétrico, que retira energia das cargas elétricas e a
transforma em energia mecânica. Então, um motor elétrico é considerado um receptor ou um
gerador de fcem. Um outro exemplo, seria uma bateria sendo carregada, onde a energia elétrica das
cargas é transformada em energia química que fica armazenada na bateria.

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Geradores Elétricos 141

Observe que na prática, tal como nos geradores, é


impossível conseguir-se transformar uma forma de energia em outra
sem também produzir calor. Motivo pelo qual, para obtermos um
modelo real do receptor ativo, devemos acrescentar, em série com a
fcem, um resistor de resistência r’ que representa a sua resistência
interna. Portanto, o modelo real de um receptor ativo será de acordo
com o desenho ao lado.
Nestas condições, o rendimento, considerando-se somente as perdas por efeito Joule em
um receptor ativo, será o inverso do rendimento de um gerador elétrico, ou seja: η=ε’/VAB. A
tensão entre os terminais de um motor, por exemplo, será: VAB=ε’+ I . r’. Nesta equação, temos:
VAB: tensão fornecida pela fonte
ε’: tensão utilizada para transformar energia elétrica em mecânica
I.r’: queda de tensão interna no motor
Nos circuitos que se associam fontes, receptores e resistores em série, teríamos:
Σε − Σε'
I= (o símbolo Σ ,letra grega sigma, significa somatória)
Σr + Σr '+ ΣR
Ao lado, temos uma maneira simples de se
carregar uma bateria de um automóvel numa
emergência. Este procedimento pode ser necessário se
você ficar sem partida em sua casa num fim de semana
ou em outras condições desfavoráveis.
Um carregador é extremamente simples pois
usa apenas dois componentes: uma lâmpada (60W ou
75W) e um diodo (1N4007 ou BY127). A carga é lenta, mas com algumas horas de aplicação já se
pode ter energia suficiente para a partida.
A lâmpada atua como limitador de corrente de modo a se obter de 400 a 800mA de
corrente de carga na bateria. A potência da lâmpada determina a velocidade da carga, sendo que o
máximo recomendado em 220V é de 200W.
Veja que este carregador não é econômico, pois a lâmpada deverá ficar acesa com
aproximadamente metade da potência durante a carga, devendo ser usado apenas nas situações de
emergência.
Para usar este esquema, todos os dispositivos do carro devem ser desligados e as garras são
conectadas aos pólos conforme mostra a própria figura. O pólo positivo do aparelho vai ao positivo
da bateria e o negativo do carregador ao negativo da bateria. Para se obter partida no carro,
deveríamos ter uma carga de 3 a 5 horas.

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142 Geradores Elétricos

QUESTÕES PROPOSTAS
1- Na equação característica de um gerador Vab = ε - I . r , quais as grandezas são consideradas
constantes e quais são consideradas variáveis?

2- Quando você compra uma pilha, vem nela gravado o valor 1,5V. Esse valor representa a tensão
entre seus terminais (VAB) ou a sua fem (ε)?

3- Num gerador elétrico, em que situações teremos VAB = ε?

VAB
4- De acordo com as curvas características dos geradores
apresentadas ao lado, diga qual o gerador que apresenta
maior resistência interna. É o gerador 1 ou 2? Justifique.
2
1

I(A)

5- Se fôssemos escolher, entre dois geradores de mesma fem aquele que deveria ser utilizado para
nossas experiências, escolheríamos o que tivesse menor resistência interna, de modo a se obter
menor queda de tensão interna (Vr = I .r). De acordo com os esquemas abaixo, demonstre qual o
mais recomendável.

6- O rendimento elétrico (η) de um gerador representa um número que é a razão entre a ddp (VAB)
entregue pelo gerador a um circuito consumidor e a sua fem (ε). Portanto, η=VAB / ε . De acordo
com o que afirmamos, podemos dizer que uma fonte ideal e uma fonte real tem um rendimento,
respectivamente:
a) igual a 1 e maior do que 1.
b) menor do que 1 e igual a 1.
c) igual a 1 e menor do que 1.
d) maior do que 1 e menor do que 1.
e) maior do que 1 e igual a 1.

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Geradores Elétricos 143

PROBLEMAS PROPOSTOS
1- Um gerador de f.e.m. igual a 200V e resistência interna de 5Ω está ligado a um resistor de 35Ω.
Determine:
a) a corrente no circuito.
b) a queda de tensão na resistência interna.
c) a tensão fornecida pelo gerador.
d) a corrente de curto-circuito do gerador.
e) a tensão entre seus terminais, estando o circuito externo aberto.

2- Um gerador possui ε=30V e Icc=10A. Determine sua resistência interna e desenhe sua curva
característica.

3- No circuito ao lado, verifica-se que, estando a chave ch


aberta, a leitura do voltímetro é 4,5V. Ligando-se a chave ch,
o amperímetro indica 1,5 A e o voltímetro passa a indicar
4,2V. A partir destes dados, determine a f.e.m. da bateria e
sua resistência interna da bateria.

4- Um gerador elétrico, em circuito aberto, tem uma tensão de 120V entre seus terminais. Ligado a
uma carga consumidora que solicita 20A, a tensão cai para 115V. Determine:
a) sua resistência interna.
b) a tensão entre seus terminais, supondo-o ligado a uma carga que solicita 40A.

5- Sabendo-se que a queda de tensão interna numa pilha é de 60mV quando ela fornece uma
corrente de 0,1A e que sua corrente de curto-circuito vale 2,6A, determine a tensão entre seus
pólos.

6- Ao lado, temos um gerador de f.e.m. igual a 12V e resistência


interna de 1Ω.
Determine:
a) a corrente que percorre o gerador e a tensão entregue ao
resistor Rl, se o mesmo tiver 11Ω.
b) a corrente de curto-circuito do gerador.
c) o valor da tensão entregue a Rl, se o mesmo tivesse 39Ω.
d) o valor de Rl e a tensão entregue a ele, se o mesmo fosse percorrido por 3A.

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144 Geradores Elétricos

7- De acordo com o gráfico dado, determine o que se


pede: VAB(V)
Determine:
6
a) f.e.m. do gerador
b) resistência interna gerador.
c) corrente que atravessa o gerador quando ele está
ligado a um resistor de 2,5Ω
d) valor do resistor que deve ser ligado ao gerador 0 12 I(A)
para que circule 4A.
e) tensão entre os terminais do gerador quando ele é percorrido por 6A.

8- De acordo com o gráfico dado, calcule o que se pede. VAB(V)


a) f.e.m. do gerador.
b) resistência interna do gerador. 12
c) corrente de curto-circuito do gerador. 8
d) corrente que percorre o gerador, quando ele é ligado a
um resistor de 3,5Ω.
e) valor do resistor que deve ser ligado ao gerador para 0 8 I(A)
que o mesmo entregue uma tensão de 8,25V.
9- Calcule a f.e.m., a resistência interna e a corrente de curto-circuito de cada gerador, cujo gráfico
está representado abaixo.

VAB(V) VAB(V)

50 GERADOR 1 GERADOR 2
37,5
12

0 5 I(A) 0 4 10 I(A)

10- Ao lado, temos as curvas características de um gerador e de um


VAB(V)
resistor. Pergunta-se:
a) Qual é a resistência do resistor? 30
20
b) Quais os valores de f.e.m. e resistência interna do gerador?
c) Ligando-se o resistor aos terminais do gerador, qual a
corrente que percorrerá o gerador e qual a tensão que será 0 5 15 I(A)
entregue ao resistor?

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Capacitores 145

11. CAPACITORES

11.1. CAPACITÂNCIA DE UM CAPACITOR


a) Constituição de um capacitor
Todo capacitor é, basicamente, constituído de
duas placas condutoras (armaduras), isoladas entre si por Armaduras
uma fina camada de isolante (dielétrico).
Classifica-se um capacitor pela forma de suas
armaduras e pela natureza de seu dielétrico. Existem Dielétrico Símbolo
capacitores planos, cilíndricos e esféricos assim como
também capacitores de papel, de ar e eletrolíticos.
Antes de ser aplicada ao capacitor uma tensão, ambas as placas apresentam uma mesma
quantidade de elétrons. Ao aplicar-se uma tensão contínua, uma das placas do capacitor estará
ligada ao pólo positivo e a outra ao pólo negativo da bateria. Como diferença de potencial tem a ver
com quantidades desiguais de elétrons, no instante da ligação os elétrons devem fluir do pólo
negativo da bateria para a armadura ligada ao mesmo e esta irá eletrizar-se negativamente; a outra
armadura, ligada ao polo positivo da bateria, irá eletrizar-se positivamente, devido aos elétrons que
se deslocarão da referida armadura para o pólo positivo da fonte.
Assim sendo, sempre que uma das armaduras de um capacitor +q -q
eletrizar-se com uma carga +q, a outra irá eletrizar-se com uma carga -q. C
No entanto, quando se fala em carga armazenada por um capacitor,
estamos nos referindo a carga existente em apenas uma das armaduras,
pois a carga total poderia ser considerada nula.
A tensão aplicável às armaduras de um capacitor é limitada pelo
seu dielétrico. Se essa tensão for elevada demais, de modo a ultrapassar o
valor da rigidez dielétrica, o material isolante será perfurado com uma descarga elétrica, curto-
circuitando-o. Se o dielétrico é constituído de uma substância sólida, o curto-circuito permanece,
porém, quando o dielétrico é o ar, logo que cesse o arco elétrico, o capacitor torna a ficar em
condições de funcionamento.
Chama-se tensão de trabalho, a tensão máxima aplicada a um capacitor de modo que este
possa suportá-la por um longo período de tempo.
No caso de um resistor, sabe-se que toda a energia elétrica consumida por ele é dissipada
sob forma de calor, mas quando se tratar de um capacitor, a energia elétrica é simplesmente
acumulada no mesmo. Assim, um capacitor tem a finalidade de armazenar cargas elétricas.
b) Capacitância
q
Aumentando-se gradualmente a tensão sobre um capacitor, percebe-
se conforme gráfico ao lado, que a quantidade de carga armazenada também
aumenta proporcionalmente. Esta relação constante entre a carga armazenada
pelo capacitor e a tensão existente entre suas armaduras é definida como
“capacitância”, a qual representa “a capacidade que um capacitor possui
V
em armazenar carga elétrica”.

“CAPACITÂNCIA É A MEDIDA DA CAPACIDADE QUE UM CAPACITOR POSSUI EM


ARMAZENAR CARGA ELÉTRICA”.

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146 Capacitores

0 instrumento que mede a capacitância de um capacitor é o capacímetro.

C C C
q 2q 3q

V 2V 3V

q
q/V = 2q/2V = 3q/3V = cte C=
V
A unidade utilizada para a medida de capacitância no sistema internacional de unidades é o
farad, conforme relação a seguir.
u(q) Coulomb 1C
u (c) = = = Farad (F) 1F =
u(V) Volt 1V

1F é a capacitância de um capacitor que adquire uma carga de 1C


quando submetido a uma tensão de 1V.
Não se utiliza a capacitância na unidade Farad porque esta é muito grande.
Exemplificando, poderíamos dizer o seguinte: para que um capacitor esférico tenha capacitância de
1F deveria ter um raio de 9 x 109m.
Na prática, utilizam-se apenas unidades derivadas menores, ou seja:
1 microfarad = 1µF = 1x10-6F
1 nanofarad = 1nF =1xl0-9 F
1 picofarad = 1pF = 1x10-12F
A tolerância indica a faixa na qual pode estar o valor real da capacitância. Por exemplo,
um capacitor de 100µF com tolerância de 5 %, a capacitância estará compreendida entre 95µF e
105µF. É conveniente observar a tolerância ao se substituir um capacitor, para evitar que o seu
funcionamento fique alterado.
A tolerância pode ser apresentada pelo fabricante sendo escrita F 1%
diretamente no corpo do capacitor, representada através de um código de H 2,5%
cores ou através de letras (tabela ao lado). J 5%
K 10%
M 20%
PROBLEMA RESOLVIDO
Qual é a carga recebida por um capacitor com uma capacitância de 10µF, estando
submetido a uma tensão de 300V?
C = 10µF = 10.10-6F q = C.V
V = 300V q = 10.10-6 .300
q=? q = 3000.10-6= 3.10-3 C
q = 3mC

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Capacitores 147

11.2. FATORES INFLUENTES NA CAPACITÂNCIA


a) Influência do dielétrico, da área e da distância
Consideremos um capacitor plano tal que o dielétrico existente
Eo
entre as armaduras seja o ar. Carregando-se o capacitor com uma carga q, +q -q
uma tensão Vab será estabelecida entre elas. Nestas condições, temos no
espaço entre as armaduras um campo elétrico uniforme Eo, criado pelas
cargas +q e -q existentes nas placas, como mostra a figura ao lado. ar
Agora, vamos analisar as conseqüências da introdução de um dielétrico entre as armaduras
de um capacitor.
Sabe-se que dielétricos são substâncias que não conduzem corrente elétrica, pois seus
elétrons estão firmemente ligados aos respectivos átomos, isto é, estas substâncias não possuem
elétrons livres (ou o número deles é relativamente pequeno).
Os materiais dielétricos são constituídos de moléculas polares, as quais são alinhadas
quando submetidas a ação de um campo elétrico externo (processo de indução eletrostática). Este
alinhamento, ou polarização, significa que um lado do dielétrico eletrizar-se-á negativamente e o
outro positivamente.
Portanto, esta polarização ocorrerá quando um dielétrico for introduzido entre as
armaduras de um capacitor. Convém salientar que, no caso estudado, o capacitor não está conectado
a nenhum gerador, de modo que sua carga permanecerá a mesma.
Uma vez polarizado o dielétrico, o mesmo +
produzirá um campo elétrico Ed de mesma direção e de +
sentido contrário ao do campo externo Eo (figura ao +
lado). Nessas condições, podemos afirmar que surgirá um +
campo elétrico resultante E = Eo – Ed, ou seja, ao +
introduzirmos o dielétrico, a intensidade do campo
elétrico entre as placas do capacitor diminuirá. Como Ed
V=E.d, conclui-se que a tensão também irá decrescer, aumentando, pois, a capacitância (C = q / V).

Utilizando-se um voltímetro, na prática, essa diminuição de tensão seria facilmente


percebida. Considerando o capacitor eletrizado com uma carga q, bastaria medir a tensão sobre o
capacitor com e sem dielétrico.
Se q não varia e o valor da tensão cai,
“a capacitância aumenta”, isto é, a capacitância C
se torna K vezes maior. Atribui-se, então, a q C0 q
V0 V
cada dielétrico uma constante K, chamada
constante dielétrica, sendo a mesma
característica de cada material
Essa constante mede o número de vezes que aumenta a capacitância de um capacitor
quando um dielétrico for introduzido entre suas armaduras. Pode se também dizer que esta
constante traduz o grau de polarização do dielétrico. Em outras palavras, um capacitor com
dielétrico entre as armaduras é melhor armazenador de carga do que sem ele.
C : capacitância do capacitor com dielétrico C
 C = K .Co K=
Co : capacitância do capacitor sem dielétrico Co

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148 Capacitores

A tabela abaixo fornece os valores aproximados da constante dielétrica de alguns


materiais.
MATERIAL CONSTANTE DIELÉTRICA
ar 1,0
mica 2,5 - 6,6
óxido de alumínio 7
óxido de tântalo 11
papel parafinado 2,3
Poliester 3,2
vidro 5,4 - 9,9

Ao lado, temos um capacitor que, numa situação a área


frontal das placas é total e na outra, a área frontal é um pouco
menor. No segundo caso, existe uma redução no espaço para o
acúmulo de elétrons, ou seja, a indução eletrostática ocorre em
menor intensidade. Podemos deduzir, então que a capacitância é
diretamente proporcional a área frontal das armaduras.
Vamos supor agora, que variássemos a distância entre as
armaduras. A ação mútua entre dois corpos com cargas elétricas
depende da distância entre eles. Como a capacitância reflete a
capacidade que um capacitor tem em acumular cargas elétricas,
deduz-se que a capacitância dependerá da distância entre as
armaduras. Quanto mais próximas estiverem as armaduras maior será o efeito da carga de uma das
placas sobre a carga da outra placa. Podemos afirmar que a capacitância de um capacitor é
inversamente proporcional a distância entre as armaduras.
Após esta série de deduções, concluímos que a capacitância de um capacitor depende,
basicamente, de três fatores, ou seja, depende do dielétrico, da área frontal das armaduras e da
distância entre as armaduras. Para um capacitor de placas paralelas, podemos calcular o valor de sua
capacitância utilizando a seguinte expressão:

k.ε o .A
C= onde: εo = permissividade do vácuo (8,85 . 10-12 F/m)
d
A permissividade elétrica de um material é uma grandeza que nos informa o grau de
facilidade que o referido material oferece ao estabelecimento de um campo elétrico através de si.
A expressão anterior pode ser escrita de uma forma mais resumida, ou seja:

ε.A onde: ε = permissividade do meio dielétrico (ε=k . ε0)


C=
d K=εr = permissividade relativa do dielétrico
0 raciocínio anterior pode ser comparado ao estudo da resistência de um resistor, a qual é um
valor característico de cada resistor. Mudando o valor da tensão aplicada a um resistor, muda
também o valor da corrente que o percorre, as sua resistência continua a mesma, pois ela depende
unicamente das características do material de que é feito o resistor (R = ρ . l / A).

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Capacitores 149

PROBLEMA RESOLVIDO
Num capacitor plano sem dielétrico foi aplicada uma tensão de 500V. Devido a esta
tensão, o capacitor adquiriu uma carga de 200µC e surgiu no seu interior um campo elétrico de
20kV/m. Logo em seguida, desligou-se o gerador que o carregou e introduziu-se um dielétrico de
constante K, de modo que a capacitância do capacitor passou a ser 2,6µF. Determine:
a) a capacitância do capacitor antes da introdução do dielétrico;
b) a distância entre as armaduras;
c) o valor da constante K;
d) a tensão depois da introdução do dielétrico;
e) o campo elétrico após a introdução do dielétrico.
q q
Vo = 500V Co = V=
Vo C
q = 200µC = 200 x 10-6C
200x10 −6 200x10 −6
Co = V=
2,6x10 − 6
Eo = 20.000V/m
500
-6
C = 2,6µF = 2,6 x 10 F V = 76,9V
Co = 0,4x10 -6 F
Co = ?
Vo V
d=? d= E=
Eo d
k=? 500 76,9
d= E=
V=? 20.000 0,025
d = 25mm E = 3076V/m
E=?

C
K=
Co
2,6 x10 −6
K= K = 6,5
0,4 x10 − 6

PROBLEMA RESOLVIDO
Para um capacitor de placas paralelas, cada uma com área de 0,09m2 e distantes de 0,1mm,
sem dielétrico (vácuo), calcule:
a) a capacitância do capacitor.
b) a carga armazenada quando o capacitor for submetido a 220V.
c) a capacitância do capacitor quando for usado um dielétrico de K=7,65.

A = 0,09m2
d = 0,1mm K.ε o .A 1.8,85.10 −12.0,09
Co = = ⇒ Co = 7,97nF
a) Co = ? d 0,1.10 − 3
b) q = ?
V =220V q = Co . V = 7,97 . 10-9 . 220 ⇒ q=1,75 µC
c) C = ?
K=7,65
C = K . Co= 7,65 . 7,97 . 10-9 ⇒ C = 60,97 nF

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150 Capacitores

11.3. CARGA DE UM CAPACITOR


C R
No circuito ao lado, temos uma fonte de tensão contínua,
um capacitor inicialmente descarregado, um resistor e uma
q
chave. Com a chave aberta, não há movimento de cargas e a
ch
tensão sobre o capacitor é nula. Quando a chave é fechada, começa
a existir um movimento intenso de elétrons, ou seja, a fonte
fornece elétrons para armadura que está ligada ao seu terminal Vab
negativo e retira elétrons da outra armadura, ligada ao seu terminal
positivo. À medida que a eletrização das placas vai aumentando, diminui o desequilíbrio elétrico
entre o capacitor e a fonte e, consequentemente, a corrente começa a decrescer até se anular
completamente.
I
Pelo exposto anteriormente, conclui-se, então, que a corrente Imáx
circula no resistor apenas o tempo suficiente ( t1 ) para o capacitor
carregar-se. Por isso ela é denominada “corrente de carga”. Assim
sendo, pode-se afirmar que um capacitor, após carregado, comporta-
se como “circuito aberto para CC”. t1
Sabe-se que q = C . V. Para cada variação de V, há uma 0 t
variação proporcional na carga acumulada q, logo:
Vc
∆q = C . ∆V, mas ∆q = i . ∆t ou
Vab
∆V
i . ∆t = C . ∆V i = C.
∆t
A equação acima mostra que a corrente num circuito,
contendo capacitor, é diretamente proporcional à capacitância e à t1
taxa de variação da tensão no tempo (velocidade de variação da 0 t
tensão). Paralelamente à diminuição da corrente (durante um tempo
t1) no resistor, ocorre, no capacitor, um aumento de tensão. De acordo com os gráficos dados,
nota-se que a tensão sobre o capacitor cresce, gradativamente, a partir de um valor nulo (capacitor
descarregado), até atingir o mesmo valor da tensão da fonte (capacitor totalmente carregado).
Analisando o regime permanente podemos
deduzir que o amperímetro e o voltímetro do circuito ao 1µF
1kΩ
lado indicam, respectivamente, zero e 6V. Como o
capacitor (circuito aberto para CC) está ligado em série A V
com a fonte, não está circulando corrente pelo circuito.
Como a queda de tensão no resistor é VR=I.R, teremos 6V
VR=0. E sabendo que VT=VR+VC, teremos toda a tensão
da fonte aplicada ao capacitor.
Quando uma carga elétrica q (medida em coulomb) é transportada entre dois pontos cuja
diferença de potencial V (medida em volt) é mantida constante, o trabalho realizado no transporte é
dado por W = q.V. Na descarga do capacitor, porém, a diferença de potencial entre as armaduras
não se mantém constante. Á medida que a carga é transportada de uma placa para outra, a diferença
de potencial vai diminuindo, passando de um valor inicial V para um valor final nulo. Neste caso,
não podemos usar a expressão citada para calcular o trabalho no processo da descarga. Pode-se
mostrar (realizando cálculos matemáticos que não vamos desenvolver) que este trabalho é dado por
W=½.q.V. Evidentemente, o trabalho realizado pela bateria ao carregar o capacitor será dado pela
mesma expressão e a energia potencial (medida em joule) armazenada no capacitor será obtida
então pelo seguinte cálculo: E=½.q.V. Como já sabemos que C = q/V, podemos expressar esta
energia em função de C e V: E=½.C.V2 . E em função de C e q, teríamos: E=½.q2/C.

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Capacitores 151

Podemos então destacar que um capacitor carregado com carga q, apresentando entre as
armaduras uma tensão V armazena energia que é liberada na sua descarga. Esta energia é igual ao
trabalho realizado pela bateria no processo de carga do capacitor.

11.4 TESTES EM CAPACITORES


Os capacitores são ligados nos circuitos para muitos fins, sempre que suas propriedades
específicas podem ser usadas. Por exemplo, quando é necessário estabelecer uma ligação entre dois
pontos de um circuito, de modo que uma corrente alternada possa circular entre os referidos pontos,
mas não uma corrente contínua, a instalação de um capacitor proporcionará o efeito desejado. Para
testar um capacitor, podemos usar um ohmímetro analógico, não esquecendo que este instrumento
possui uma escala de medição em ohms. Sabe-se que o ponteiro do ohmímetro fica em repouso na
posição correspondente a uma resistência de valor infinito (circuito aberto), que eqüivale a uma
corrente nula numa escala em miliampères.
Quando se aplica a tensão contínua da pilha do ohmímetro a um elemento de resistência
finita, temos a circulação de uma corrente, fazendo com que o ponteiro do medidor se deflexione.
No uso do ohmímetro em testes de capacitores é importante escolher uma escala adequada, pois do
contrário o teste pode não funcionar. Para capacitâncias muito baixas utilizam-se escalas de alta
resistência interna e para capacitâncias muito altas utilizam-se escalas de baixa resistência interna.
Isto é feito para ajustar o tempo de carga do capacitor, afetando, então, o tempo de movimento do
ponteiro do medidor. Vamos, a seguir, analisar os diversos estados de funcionamento em que um
capacitor pode se encontrar.
a) Capacitor inteiro
Conectando-se as pontas de prova de um ohmímetro a um capacitor sem defeito, ele irá
carregar-se num certo intervalo de tempo, conseqüência da circulação de uma corrente contínua no
referido tempo, corrente esta que em seguida desaparecerá. Assim sendo, o ponteiro do ohmímetro
irá se deslocar do infinito (zero mA) até alguns ohms (alguns mA), retornando à posição infinito.
b) Capacitor aberto
Se as pontas de prova de um ohmímetro forem conectadas a um capacitor comum e o
ponteiro do medidor não se deflexionar, é sinal de que não houve circulação de corrente. Isto seria
conseqüência do circuito estar aberto, ou seja, um dos terminais do capacitor poderia estar rompido.
Este tipo de teste é válido somente para capacitores de capacitâncias elevadas, pois no caso de
capacitância muito baixa, teríamos corrente de carga também muito reduzida e, dependendo do
ohmímetro utilizado, esta corrente talvez não fosse detectada pelo instrumento medidor. Neste caso,
deveríamos usar um capacímetro para comprovar o valor nominal da capacitância.
c) Capacitor em curto
Os curtos nos capacitores podem ser causados, por exemplo, pela ruptura do dielétrico,
fruto de superaquecimento ou por aplicação de tensão de trabalho muito alta. Utilizando-se um
ohmímetro, teríamos a deflexão total do ponteiro, sendo que o mesmo estacionaria no valor relativo
a uma resistência nula (ou corrente máxima).
d) Capacitor com fuga
Neste caso, teríamos a deflexão do ponteiro do ohmímetro, saindo do infinito, mas
estacionando num valor muito elevado de resistência, ou seja, estaria circulando uma corrente muito
baixa. Isto pode representar o início do processo de curto do capacitor, ou seja, as características do
dielétrico já sofreram alguma alteração, influindo na sua capacidade de isolação.

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152 Capacitores

QUESTÕES PROPOSTAS
1- Qual é a constituição de um capacitor e qual o conceito de capacitância?

2- Dobrando-se o valor da tensão sobre um capacitor, dizer o que ocorre com a sua capacitância e a
carga nas placas.

3- Classifique os capacitores quanto a sua forma e seu dielétrico.

4- Faça as conversões solicitadas a seguir.


a) 1mF=__________F b) 0,00022F=__________µF
c) 68nF=__________µF d) 22nF=__________pF
e) 0,82µF=__________nF f) 1200pF=__________nF

5- Ao adquirir-se um resistor no comércio, deve-se fornecer ao balconista os valores nominais do


resistor, ou seja, o valor de sua resistência e da potência máxima que ele pode dissipar. Se em
vez de um resistor, o componente solicitado fosse um capacitor, quais os valores que deveriam
ser fornecidos?
6- No circuito ao lado, supondo que existe uma fonte de C.C. conectada entre
C
os pontos A e B, pode-se afirmar que L está apagada. Se a fonte fosse de
C.A. o capacitor estaria permanentemente carregando-se e descarregando-se L
e, consequentemente existirá sempre corrente na lâmpada, de modo que a
mesma permaneceria acesa. Complete as frases abaixo com as palavras
A B
aberto ou fechado.
Então, um capacitor comporta-se como circuito ___________ para correntes contínuas e como
circuito ___________ para correntes alternadas.

7- Cite três grandezas que influenciam no valor da capacitância de um capacitor e diga se a


influência é na razão direta ou na razão inversa.

8- Um determinado capacitor variável possui uma capacitância de 1 pF quando a área frontal das
armaduras é A e a distância entre elas é d.
Qual será o valor da capacitância se alterarmos apenas a:
a) distância para d/3?
b) área para 2A?

9- Coloque, dentro dos parênteses, verdadeiro (V) ou falso (F).


a) ( ) A capacitância de um capacitor independe da tensão aplicada sobre ele.
b) ( ) Toda a energia elétrica fornecida a um capacitor, dissipa-se da mesma forma que num
resistor.
c) ( ) Antes de você agarrar os terminais de um capacitor é conveniente que eles sejam
curto-circuitados.
d) ( ) Todo meio isolante jamais comportar-se-á como elemento condutor, mesmo que seja
ultrapassada sua rigidez dielétrica.

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Capacitores 153

10- Assinale a afirmativa errada.


a) dielétricos são elementos que possuem carência de elétrons livres.
b) condutores são elementos que possuem abundância de elétrons livres.
c) todo dielétrico é constituído de moléculas polares
d) a polarização do dielétrico consiste no alinhamento de suas moléculas polares.
e) o campo elétrico entre as armaduras de um capacitor independe do fato de existir ou não um
dielétrico.

11- Um capacitor plano que tem o ar como dielétrico e está desligado de qualquer gerador armazena
uma determinada carga elétrica,. Introduzindo-se entre suas armaduras um isolante cuja
constante é K, dizer o que irá ocorrer com o valor de sua capacitância, da carga que ele
armazena, da tensão entre suas as armaduras e do campo elétrico entre estas armaduras.

12- Entre os casos citados abaixo, diga quais podem ser considerados como se fossem um capacitor.
a) dois fios paralelos, isolados um do outro.
b) um fio condutor e um plano, isolados um do outro.
c) um fio condutor ligado a um plano (terra).
d) uma nuvem e a terra.
e) dois cabos cilíndricos concêntricos, isolados entre si.

13- Um capacitor plano está carregado e suas armaduras estão desligadas da bateria. Suponha que
reduzíssemos a distância entre as armaduras. Nestas condições assinale, entre as afirmativas
seguintes, aquela que está errada:
a) A tensão entre as armaduras diminui.
b) A capacitância do capacitor aumenta.
c) A carga nas armaduras não varia.
d) A energia armazenada no capacitor aumenta.

14- Um capacitor plano, com ar entre as amaduras, está desligado da bateria. Supondo que tenha
sido introduzido um dielétrico, cujo K = 80, assinale, entre as afirmativas seguintes, aquelas que
estão corretas:
a) A carga nas armaduras não se altera.
b) O campo elétrico entre as armaduras diminui.
c) A tensão entre as armaduras diminui.
d) A capacitância do capacitor aumenta.
e) A energia armazenada no capacitor diminui.

15- No problema anterior, suponha que as armaduras do capacitor tenham permanecido ligadas á
bateria quando o dielétrico foi introduzido. Nestas condições, quais são as afirmativas
apresentadas naquele problema que estão corretas?

16- No circuito da figura ao lado, temos um gerador de f.e.m.


constante ε e resistência interna r, sendo que R é uma resistência VA ε r VB
de um resistor exterior, C é a capacitância de um capacitor e K
é uma chave inicialmente aberta. Se fecharmos a chave K:
a) o capacitor se carrega; R
K
b) o capacitor se descarrega totalmente;
c) a carga do capacitor aumenta; C
d) a carga do capacitor não se modifica;
e) nenhuma das proposições acima satisfaz.
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154 Capacitores

PROBLEMAS PROPOSTOS
1- Um determinado capacitor quando submetido a uma tensão de 80V adquire uma carga de
400µC. Determine o valor de sua capacitância.
2- Se o capacitor do exercício anterior fosse submetido ao dobro de tensão, qual seria o novo valor
da carga armazenada e da capacitância do capacitor?
3- Um capacitor plano tem capacitância 2µF quando reina vácuo entre suas armaduras.
Introduzindo-se dióxido de titânio (K=100) entre as armaduras do capacitor, qual passa a ser o
valor de sua capacitância?
4- As placas paralelas de um capacitor imerso no ar estão separadas pala distância de 1mm. Qual
deve ser a área das mesmas para que sua capacitância seja igual a 1F?
5- Um capacitor plano de placas paralelas possui área A=20cm2 e a distância entre as placas vale
d=1,5mm. O capacitor é ligado a uma bateria, cuja tensão é igual a 12V e entre as placas do
capacitor existe ar seco. Determine:
a) a capacitância do capacitor.
b) a quantidade de carga elétrica armazenada no capacitor.
c) a capacitância e a carga, admitindo-se que foi introduzido papel parafinado como dielétrico
(K=2,3).
6- Determine a capacitância de um capacitor de placas paralelas se as dimensões de cada placa
forem 1cmx0,5cm, e se a distância entre as placas for 0,1mm, tendo o ar como dielétrico.
Calcule também a capacitância se o dielétrico for mica (k=5) ao invés do ar.
7- Um capacitor de 10µF, com ar entre as placas, é ligado a uma fonte de 50V e depois, desligado.
a) Qual é a carga no capacitor?
b) A região entre as placas é preenchida com um isolante de constante dielétrica igual a 2,1.
Qual é a carga no capacitor, a ddp entre suas armaduras e sua capacitância?
8- Num capacitor plano de capacitância C=4µF, a distância entre as armaduras é d=1,5mm e o
campo elétrico entre elas vale E = 2x105V/m. Determine os valores da ddp e da carga no
capacitor.
9- Uma nuvem eletrizada está situada a 200m de altura, paralelamente a superfície da terra,
formando com esta superfície um capacitor plano de 0,5µF. Quando o campo elétrico entre a
nuvem e a terra atinge o valor 3 x106V/m (valor da rigidez dielétrica do ar), observa-se a
ocorrência de um relâmpago. Calcule a quantidade de carga elétrica que se encontrava
acumulada na nuvem naquele instante.
10- Um capacitor plano com ar entre as placas, possui uma capacitância Co=2,5µF. Quando a carga
nas placas é q=4x10-4C, existe uma ddp Vo=160V e um campo elétrico Eo = 40 kV/m. Supondo
que o capacitor não esteja ligado a nenhuma bateria e introduzindo-se entre as armaduras um
dielétrico de constante dielétrica K=5, determine quais serão os novos valores:
a) da capacitância do capacitor;
b) da carga em suas armaduras;
c) da tensão entre as placas;
d) do campo elétrico no interior do capacitor.

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Capacitores 155

11- Um capacitor de placas planas e paralelas é ligado a uma pilha de 1,5V. Um aparelho capaz de
medir a carga elétrica acumulada nessas placas fornece um valor Q. Depois, o mesmo capacitor
é ligado a três pilhas de 1,5V, numa associação em série e o mesmo aparelho mede um aumento
de 10µC de carga acumulada. Determine o valor da capacitância do capacitor.

12- No circuito mostrado na figura deste problema a f.e.m. da


R
bateria vale l0V e sua resistência interna é 1Ω. Sendo R=4Ω e
C=2µF e sabendo que o capacitor já se encontra totalmente
carregado, responda: A
C
a) Qual é a indicação do amperímetro A?
b) Qual é a carga armazenada no capacitor? ε r

13- O gerador do circuito tem resistência interna de 1Ω, e o


capacitor de capacitância igual a 15µF está carregado com
VA ε r VB
90µC. Calcule a f.e.m. do gerador.
R=20Ω

14- No circuito ao lado, um gerador de f.e.m. de 12V e resistência


interna de 2Ω alimenta um resistor externo de 4Ω e um capacitor R A
de 5µF. Determine:
a) a leitura no amperímetro; ε r
b) a carga armazenada no capacitor.
C

15- Calcule o que se pede para os circuitos esquematizados a seguir:

1K 1K5
a) b)
It=? It=? C D
4K7
VC=? 0,47µF VAC=?
1K5 3K3 47µF
IC=? VDB=?

5V A 10V B

D 470nF
c) 1K2
d) 1kΩ

It=? It=?
C D C
470Ω 3k3
VAC=? VAC=?
1nF
VCD=? 3k3 VCB=? 2k2

VDB=? VDB=?
A B
A 18V B 22V

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156 Capacitores

11.5. ASSOCIAÇÕES DE CAPACITORES


É sempre possível substituir um sistema de capacitores, ligados de um modo qualquer, por
um único capacitor cuja capacitância seja equivalente a do sistema. podemos também fazer o
inverso, isto é, substituir um único capacitor por um sistema de vários capacitores ligados de modo
que a capacitância do sistema seja equivalente a do capacitor isolado.
A necessidade de associarmos capacitores advém do fato de nem sempre encontrarmos, no
comércio especializado, capacitores com as capacitâncias que desejamos. quando isto acorre,
associamos os capacitores disponíveis a fim de obter a capacitância desejada. As associações de
capacitores mais utilizadas na prática são as associações em série e em paralelo.
a) Circuito Série
C1 C2 C3
A característica desta associação é o fato de cada A + - C + - D+ - B
capacitor associado eletrizar-se com a mesma carga, +q - + q - + q-
quando uma ddp é mantida entre os terminais da
associação.
Na figura ao lado, com a pilha ligada desta
maneira, a primeira armadura da direita eletriza-se com
uma carga -q. Isto fará com que cargas de mesmo sinal
(negativas) sejam repelidas na segunda armadura da direita e a mesma eletrizar-se-á positivamente.
Se, dessa armadura sair uma carga negativa, a outra armadura subsequente (terceira da direita)
acabará eletrizando-se com esta carga. Através deste processo de eletrização, chamado indução
eletrostática, todas as armaduras ficarão eletrizadas com carga de mesmo valor absoluto, embora
apenas as armaduras extremas estejam ligadas aos terminais da pilha.
Vamos agora estabelecer a capacitância Ct equivalente ao circuito apresentado na página
anterior. Sejam C1, C2 e C3 as capacitâncias dos capacitores da associação. Pela definição de
capacitância, temos:
VAC = q/C1 ; VCD= q/C2 ; VDB = q/C3
Sabe-se que: VAB= VAC+VCD+VDB
De onde obtemos: VAB = q/C1 + q/C2 + q/C3 = q.(1/C1+1/C2+1/C3)
Observando que: VAB = q/Ct ficamos com: 1 1 1 1
= + +
Ct C1 C2 C3

Também podem ser usadas as relações a seguir:

C1 . C 2
Ct = Apenas para dois capacitores Ct =
C Apenas para capacitores iguais
C1 + C 2 n

Agrupam-se capacitores em série quando se deseja uma capacitância menor do que aquela
que possui cada capacitor. Neste tipo de agrupamento a capacitância total é sempre menor do que a
menor capacitância parcial e quanto mais capacitores forem associados, menor será o valor da
capacitância total. Também se recorre ao circuito série quando o capacitor não suporta uma tensão
muito elevada, pois assim haverá quedas de tensão nos vários capacitores.

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Capacitores 157

PROBLEMA RESOLVIDO C1 C2
A C B
Dois capacitores de capacitância C1=3pF e C2=6pF estão
ligados em série e a associação é conectada a uma fonte de tensão
de 1000V. Determinar:
a) a capacitância total.
b) a carga em cada capacitor.
c) a tensão em cada capacitor. Vab

C1=3pF = 3. 10-12F C1. C 2 3x6 q 2 x 10-9


Ct = = VAC = =
C 2 =6pF = 6 . 10 -12F C1 + C 2 3 + 6 C1 3 x 10-12
Ct t = 2pF VAC = 667V
VAB = 1000V
Ct =?
q 2 x 10-9
q=? q = VAB . Ct = 1000 x 2 x 10- 6 VCB == =
C 2 6 x 10-12
VAC =? q = 2nC VCB = 333V
VCB =?

b) Circuito Paralelo
C1
Esta associação caracteriza-se pelo fato da tensão entre as + -
armaduras de cada capacitor associado ser a mesma e esta tensão q1
também será igual a tensão aplicada aos terminais da associação. A figura C2
+ -
ao lado, mostra uma associação em paralelo de três capacitores. Observe -
q2+
que, ao fazermos a ligação indicada na figura, todas as armaduras da + - C3
+ -
esquerda estarão ligadas ao terminal positivo da pilha e todas as da direita q3 + -
ligadas ao negativo. Assim, a tensão entre as placas de cada capacitor
será igual a tensão da fonte e, consequentemente, cada capacitor
armazenará uma carga, cujo valor dependerá de sua capacitância.
Sejam q1, q2 e q3 as cargas armazenadas pelos capacitores com capacitâncias
respectivamente iguais a C1, C2 e C3 .
Podemos escrever que: q1 = VAB . C1 ; q2 = VAB. C2 ; q3 = VAB. C3;
Sabe-se que: qt =q1 +q2 +q3 ,
De onde obtemos: qt =VAB.C1 +VAB. C2 +VAB. C3 = VAB. (C1 +C2 +C3)
Observando que: qt =VAB. Ct,
Ficamos com: Ct = C1 + C 2 + C 3

Quando tivermos apenas um capacitor e este não possuir capacitância suficiente, recorrer-
se-á ao circuito paralelo, pois o mesmo nos oferecerá uma elevada capacitância.

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158 Capacitores

C1
PROBLEMA RESOLVIDO
Dois capacitores de capacitância Cl = 200pF e C2 = 600pF são
associados em paralelo e carregados através de uma tensão de 120V.
Determinar:
C2
a) a capacitância total da associação.
b) a carga que adquire cada um deles.
c) a carga total da associado. Vab

Ct=C1+C2 q1=V.C1
C = 200pF = 200 . 10-12 F
Ct=200+600 q2=120.200.10-12
C = 600pF = 600 . 10-12 F
VAB = 120V Ct=800pF q1=24nC
Ct =?
qC2 qt=q1+q2
q1 =?
q2 =? q2=120.600.10-12 qt=24+72

qt =? q2=72nC qt=96nC

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Capacitores 159

QUESTÕES PROPOSTAS
1- Cite uma vantagem de um agrupamento série de capacitores e outra de um agrupamento
paralelo.

2- Assinale a afirmativa errada.


a) quanto mais capacitores forem associados em série, menor será a capacitância total do
circuito.
b) quanto mais capacitores forem associados em paralelo, maior será a capacitância total do
circuito.
c) a carga armazenada nos capacitores em série é a mesma.
d) a tensão existente sobre capacitores em paralelo é a mesma.
e) num circuito misto de capacitores, obtém-se a capacitância total através da soma das
capacitâncias parciais.

3- Um circuito é formado por um capacitor, condutores e uma fonte. Associando-se um segundo


capacitor em série, podemos afirmar que a carga armazenada pelo primeiro capacitor irá:
( ) aumentar; ( ) diminuir; ( ) permanecer a mesma.
Faça um X na resposta certa e justifique-a.

4- Nos circuitos abaixo existe uma tensão constante entre os pontos A e B. Sabendo-se que
C1 > C2 , determinar qual é o circuito que armazena maior quantidade de carga elétrica.
C1
a) C1 b) C2 c) C1 C2 d)

A B A B A B A B

C2

5- Um capacitor carregado A é ligado em paralelo a um capacitor descarregado B. Sobre a


associação resultante, é verdadeira a afirmação:
a) Depois de associados, os capacitores têm cargas iguais.
b) A energia da associação é igual á energia inicial de A.
c) A capacitância total é menor do que a soma das capacitâncias de A e B.
d) A energia da associação é menor que a energia inicial de A.
e) Depois de associados, o capacitor de menor capacitância terá maior carga.

6- No circuito a seguir, existem três capacitores iguais e


Ch1
duas chaves fechadas. Desejando-se em certo instante
reduzir ao mínimo a capacitância do trecho AB
A B
devemos:
a) conservar ch1 e ch2 como estão.
b) conservar fechada chl e abrir ch2.
c) abrir ch1 e conservar fechada ch2. Ch2
d) abrir ch1 e ch2.
e) nenhuma das operações mencionadas satisfaz.

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160 Capacitores

7- Os capacitores representados na figura são planos e diferem apenas


quanto ao dielétrico (C1: possui dielétrico ; C2: possui vácuo). C1 C2
Pede-se comparar:
a) suas capacitâncias.
b) as tensões entre seus terminais.
c) suas cargas.

8- Um ohmímetro contém no seu interior, basicamente, uma pilha em série com um


miliamperímetro, cujo circuito fechar-se-a através de ligações externas. Ao testar-se um
capacitor, obteve-se os seguintes resultados abaixo.
Diga qual é o estado do capacitor em cada caso.
a) ponteiro se deflexiona e retorna lentamente ao inicio da escala.
b) ponteiro vai ao fundo da escala e assim permanece.
c) ponteiro não se mexe.

9- Verifica-se que um capacitor adquire uma carga de 3µC quando é ligado a uma certa bateria.
Suponha que dois capacitores, idênticos a ele, sejam ligados a esta mesma bateria. Dizer qual
será a carga armazenada na associação destes dois capacitores nos seguintes casos:
a) eles foram associados em paralelo.
b) eles foram associados em série.

10- Dois capacitores, de capacitâncias C1 e C2, estão ligados a C1


uma bateria da maneira mostrada na figura deste problema.
Sejam V1 e V2 as tensões entre as placas destes capacitores e
Q1 e Q2 as cargas adquiridas par eles. Sabendo-se que C1 > C2
assinale, entre as alternativas seguintes, aquela que está
correta:
a) V1 > V2 e Q1 = Q2 C2
b) V1 < V2 e Q1 = Q2 _
c) V1 = V2 e Q1 > Q2 +
d) V1 = V2 e Q1 < Q2
e) V1 > V2 e Q1 < Q2 BAT

2µF
11- Três capacitores são ligados como mostra a figura ao lado. O capacitor
equivalente vale:
a) 0,92µF b)1,2µF c)5,2µF d)9µF e)12µF 4µF

3µF

C1 C2
12- Na figura ao lado, a bateria fornece 12V. Determine a
capacitância equivalente desta associação, onde: C1=1µF;
C2=2µF; C3=3µF e C4 = µF
a) l0 µF b) 2,4 µF c) 2,1 µF d) 0,5 µF e) 0,42 µF C3 C4

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Capacitores 161

13- Com relação ao problema anterior, qual é a carga total do circuito?


a)2,9 x10-5C b)3,5 x 10-5C c)1,2 x 10-4C d)6 x 10-6C e)5 x l0–6C

14- Sabendo-se que no circuito ao lado, cada capacitor possui uma


capacitância igual a C, qual é o valor da capacitância equivalente da A C1 C2 C4 B
associação? C3
a) 5C b) 4C c) 5C/2 d) 2C/5 e) C/3

15- Se carregarmos a associação do exercício anterior até que a tensão entre os extremos do circuito
atinja um valor V, podemos afirmar com certeza:
a) A carga elétrica armazenada em cada capacitor é a mesma.
b) A carga elétrica armazenada no capacitor 1 é igual á carga armazenada no capacitor 2.
c) A carga elétrica armazenada no capacitor 1 é diferente da carga armazenada no capacitor 4.
d) A carga elétrica armazenada no capacitor 1 é menor que a carga armazenada no capacitor 2.
e) A carga elétrica armazenada no capacitor 3 é menor que a carga armazenada no capacitor 4.

16- Dois capacitores, C1=2µF e C2 =3µF, são ligados em paralelo. Ligamos uma bateria de 100V na
associação. É errado afirmar que:
a) A capacitância da associação vale 5µF.
b) A carga na associação vale 5 x 10-4C.
c) A tensão em C1 é 100V e em C2 é também 100V.
d) As cargas em C1 e C2 são iguais e valem 2,5 x l0-4C.
e) A energia na associação vale 2,5 x l0-2 J.

17- Calcule a energia armazenada na associação de capacitores


indicada na figura ao lado, sabendo-se que: VAB=100V ; C1=2,5µF; C1 C2
C2=7µF e C3=3µF
a) 2,0 x 10-4 J b) 4,6 x 10-4 J c) 1,0 x 10-2 J A
C3
B
d) 2,3 x l0 -2J e) 6,3 x 10-2 J

18- Dois capacitores idênticos, com ar entre as armaduras, estão ligados em paralelo, apresentando o
circuito uma capacitância total Co. Se estes capacitores forem ligados em série e mergulhados
em um líquido isolante, de constante dielétrica K=4, qual será a capacitância final da
associação?
a) Co b)4.Co c)Co/4 d)2.Co e)Co/2

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162 Capacitores

PROBLEMAS PROPOSTOS

1- Determine, nos circuitos abaixo, o valor da capacitância total.

1µF b) 3,75µF
a)
4µF
5µF
3µF
1,6µF 5µF 2,5µF
2µF

4µF 4µF
4µF 12µF
c) d)
2µF

6µF 6µF 6µF

3µF 6µF 2µF 3 µF

2- Dois capacitores com capacitância C1=32µF e C2 de valor desconhecido são associados em série
e ligados a uma fonte de 15V . Sabendo-se que o segundo capacitor armazena uma carga de
160µC, determine o valor de C2 e da queda de tensão sobre cada capacitor.

3- Três capacitores de capacitância C1=6µF, C2=3µF e C3=2µF são associados em série. Sabendo-
se que a tensão sobre o primeiro capacitor é 2V, determine a tensão sobre os outros capacitores
e a capacitância total do circuito.

4- Dois capacitores com capacitância C1=0,3µF e C2=0,5µF são associados em paralelo e


posteriormente a associação recebe uma carga total de 200µC. Determine a carga armazenada
em cada capacitor.

5- Três capacitores de capacitâncias C1=2µF, C2=3µF e C3=5µF estão associados em paralelo.


Sabendo-se que o primeiro capacitor armazena uma carga de 100µC, determine a tensão do
circuito, a capacitância total e a carga armazenada nos outros capacitores.

6- Três capacitores, C1=1µF, C2=1,5µF C3=3µF, foram fabricados para suportar uma tensão de até
200V sem “dar fuga”, isto é, sem que o dielétrico se torne condutor, permitindo que o capacitor
se descarregue através dele. Eles foram associados e esta associação foi ligada a uma bateria de
300V. Dizer quais os capacitores que “darão fuga” supondo-se que eles tenham sido associados:
a)em paralelo; b)em série.

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Capacitores 163

7- Um capacitor de capacitância C1=6µF foi carregado à


200V. Após este carregamento elétrico ele foi desligado C1 C1
da fonte de 200V e cada uma de suas armaduras foi
conectada às armaduras de um outro capacitor de
C2=3µF, o qual estava inicialmente descarregado. 200V C2
Calcule o valor da:
a) carga inicialmente armazenada no primeiro capacitor.
b) carga armazenada no primeiro capacitor após a associação com o segundo capacitor.
c) carga armazenada no segundo capacitor em virtude da ligação com o primeiro capacitor.

8- Considerando que uma tensão de


2µF 2µF
200V foi aplicada entre os pontos A e
B do circuito ao lado, determine a: 3µF
a) capacitância equivalente da
associação. A
B
b) carga total armazenada na
associação.
1µF 1µF

9- Quatro capacitores iguais são associados em série e o conjunto é ligado aos terminais de uma
fonte de 1,5V, sendo que o valor da carga do capacitor equivalente à associação é 7,5 x 10-6C.
Calcule, em µF, a capacitância de cada capacitor.

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164 Capacitores

11.6. TRANSITÓRIOS EM CIRCUITOS CAPACITIVOS


Quando um circuito é comutado de uma condição para outra, seja por mudança da tensão
aplicada, seja por uma variação em um dos elementos do circuito, ocorre um período de transição,
durante o qual as correntes e as quedas de tensão variam de seus valores iniciais para novos valores.
Depois desse intervalo de transição, chamado de transitório, diz-se que o circuito atinge o estado
permanente ou estacionário.
Da mesma forma que uma massa (sistema mecânico) apresenta uma inércia à variação
instantânea de posição, um circuito (sistema elétrico) com capacitância se opõe à variação
instantânea da tensão. A capacitância comporta-se num circuito com a característica de impedir a
variação instantânea da tensão nas placas. Diz-se que a capacitância opõe-se à variação brusca da
tensão nas placas, porque isso significaria valores muito altos de correntes, que não ocorrem, pois a
resistência sempre está presente.
a) Capacitor carregando em circuito RC
No circuito dado, quando se fecha a chave
ch na posição 1, a tensão no capacitor (Vc), que é
nula no primeiro momento, não atinge
instantaneamente seu valor máximo, como já foi
visto no início desta unidade.
elétrons

A tensão no capacitor crescerá, gradativamente, conforme gráfico a seguir.

V C (V)
V

Instante em que t (s)


fecha Ch em 1

Pode-se demostrar matematicamente que a expressão da tensão no capacitor (VC) é dada


por:
VC = V. ( 1 - e-t / R.C ) e ⇒ base do log neperiano
e ⇒ 2,71828
No gráfico, observa-se que o crescimento da tensão (Vc) é exponencial e que seu valor
máximo será o valor da fonte (V).

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Capacitores 165

b) Constante de tempo RC
Define-se constante de tempo ( τ ) de um circuito resistivo-capacitivo, como sendo o
produto entre R e C.

τ = R.C Vc = V.(1 − e − t / τ )
Esta constante de tempo constitui uma espécie de medida de lentidão com que a tensão no
capacitor responde a uma variação de f.e.m. aplicada no circuito.
A constante de tempo ( τ ) tem dimensão de tempo, como se mostra a seguir:
V C
R.C ⇒ Ω.F = . = S(segundo)
A V
Se após o fechamento da chave na posição 1, decorrer um intervalo de tempo igual a
constante de tempo do circuito (τ= t), tem-se:
VC =V. (1 – e-t/ τ ) = V. (1 – e-1) = V. (1 - 0,368) Vc = 0,632.V

Também se define a constante de tempo (τ) de um circuito, como sendo o tempo


necessário para que a tensão no capacitor atinja 63,2 % de seu valor máximo, ou seja, do valor da
f.e.m. aplicada ao circuito (V). Este tempo será numericamente igual ao produto
entre R e C.
É comum representar a curva anterior Vc (V) x t (s) pela curva
Vc (V) x t (τ).
Agora, se decorrer um intervalo de tempo igual a 5 vezes a constante de tempo do circuito
(t = 5. τ), tem-se praticamente terminado o período transitório, ou seja:
Vc = V. ( 1 – e-t/ τ ) = V. ( 1 – e-5 )= V. ( 1 - 0,007) = 0,993 . V Vc ≅ V

Observa-se que a partir de 5τ, o circuito praticamente entra em regime permanente, ou


seja, a tensão no capacitor (Vc) será igual a tensão da fonte. Neste instante, deixa de existir corrente
no circuito, obtendo-se, então, Vcmáx= V.
Deve-se associar o crescimento gradual da tensão à energia armazenada no campo elétrico.
Quando o circuito entra no estado permanente não haverá mais acréscimo de energia no campo
elétrico.
É interessante abordar a variação de tensão no resistor e a variação de corrente no circuito.
Logo depois de ligada a ch na posição 1, como a corrente (i) era máxima, a tensão no resistor (VR)
também atingia o seu valor máximo. Levando em conta que a soma das quedas de tensão em R e C
devem ser iguais à tensão aplicada (V), no instante t=0, tem-se que a queda de tensão no resistor
(VR) é igual a tensão aplicada a (V).
V = VR + VC=VR + 0 VR = V
V - t/τ
A expressão para a corrente fica: i = i máx .e -t/τ i= .e
R

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166 Capacitores

A corrente no circuito decrescerá,


i (A) V
gradativamente, conforme gráfico dado. A i máx
expressão para a queda de tensão no resistor imáx R
fica:
VR = R. i VR = V.e -t/τ 0,368
Á medida que a tensão no resistor (VR)
vai diminuindo, irá aumentando a tensão no
capacitor (VC), até que a tensão no capacitor se t (τ )
iguale com a tensão da fonte (V). Neste instante,
a corrente se anula, ou seja, a tensão no resistor também se anula.
t = 5 .τ ⇒ VC ≅ V ⇒ VR =0 ⇒ i=0
c) Capacitor descarregando em circuito RC
Quando o circuito estiver no
estado permanente e a chave for
comutada de 1 para 2, a tensão no
capacitor (Vc) não irá decrescer
instantaneamente de VCmáx = V para
zero. O processo de liberação da energia
do campo elétrico ao resistor (efeito
joule), será de forma lenta, ou seja, a
tensão no capacitor decrescerá
exponencialmente.
A expressão para a tensão
decrescente no capacitor fica:

− t/τ
V C(V)
VC = V.e V

Nos gráficos ao lado, observa-se que após


comutada a chave para a posição 2, e passado um 0,368
intervalo de tempo correspondente á constante de
τ
tempo do circuito (t= ), a tensão cai a 36,8% do
valor máximo que possuía. Após 5 vezes o tempo t (τ)
correspondente à τ τ
(t =5. ), a tensão cai a um
valor praticamente igual a zero e o circuito entra I(A)
em regime permanente. O gráfico da corrente está
τ
representado ao lado.
Para a corrente, tem-se: 0,368.IMÁX

i = - imáx . e-t/ τ i = − .e − t/τ


V
R -I =V
MÁX

A expressão para a tensão no resistor fica:


V R
R
VR = R.i VR = −V.e− t/τ

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Capacitores 167

Da análise das curvas e das equações tem-se, para o intervalo de tempo em que não existe a
tensão (V) aplicada ao circuito, que a queda de tensão no resistor (VR) deve ser igual a no capacitor
(VC ), porém de polaridade oposta, ou seja: VR + VC = 0 VR = ( − ) VC

Quando o circuito estiver saindo do regime transitório, isto é, (t= 5.τ), praticamente toda a
energia que estava armazenada no campo elétrico terá sido liberada em efeito joule no resistor R.
O processo de descarga de um capacitor é particularmente interessante na abordagem de
filtro capacitivos. Estes filtros capacitivos são usados para melhorar a forma de onda de saída de
retificadores a semicondutores (transformam C.A. em C.C.). A melhora se dá pela diminuição da
ondulação da forma de onda e é necessária que a constante de tempo do circuito seja a maior
possível. Desta forma, maior será o tempo de descarga do capacitor e menor será a ondulação. Em
outras palavras, pode-se ter uma tensão contínua e quase constante.
A figura ao lado, mostra como os gráficos
para VC e VR são apresentados na tela de um V R +V C
osciloscópio, quando a chave do circuito analisado
anteriormente é comutada, alternadamente, para a
posição de carga e descarga do capacitor, 0 1 2 3 4 t(s)
permanecendo em cada uma destas posições
durante um tempo igual a várias constantes de
tempo RC do circuito.
VC
Esta comutação é feita eletronicamente,
ou seja, é aplicada ao circuito uma onda quadrada,
a qual eqüivale a ficarmos alternando a chave 0 1 2 3 4 t(s)
numa posição e em outra posição. Quando o
capacitor entra em processo de carga, temos a
tensão (V) total da fonte aplicada ao circuito, VR
sendo V=VC+VR e no processo de descarga temos
VR+VC=0.

0 1 2 3 4 t(s)

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168 Capacitores

PROBLEMA RESOLVIDO
No circuito ao lado, temos uma fonte CC de 24V, R C
um capacitor de 1mF e um resistor de 1kΩ. Determine o
valor:
2
a)da constante de tempo do circuito 1

τ=R.C=1kΩ.1mF=1s
τ=1s V

b)da tensão sobre o capacitor, decorrido 1 segundo após a chave ser colocada na posição 1.

Vc = V. ( 1 – e-t/ τ ) = 24. ( 1 – e-1 )= 24. ( 1 - 0,3678)


Vc = 15,17V

c)do tempo necessário, após a chave ser conectada em 1, para que tenhamos no capacitor
uma tensão de 20V.

Vc = V. ( 1 – e-t/ τ ) 20 = 24. ( 1 – e-t/1 )


20 / 24 = 1 - e-t/1 0,833 = 1 - e-t
e-t = 0,166 ln 0,166 = -t
t = 1,79s

d)da tensão no capacitor e da corrente no resistor, decorridos 3s após a chave ser comutada
de 1 para 2 (admita que a chave tenha ficado na posição 1 o tempo suficiente para carregar
totalmente o capacitor).

Vc = V. e-t/ τ = 24 . e-3/1 Vc = 1,19V

i=VR/R=1,19/1k i = 1,19mA

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Capacitores 169

11.7. TIPOS DE CAPACITORES


Os capacitores podem ser classificados, quanto ao funcionamento, em três categorias:
capacitores fixos, ajustáveis e variáveis. Os capacitores fixos apresentam uma capacitância de valor
bem determinado, nos ajustáveis, a capacitância possui um valor que pode ser regulado uma vez,
mas que permanece constante durante o funcionamento normal do circuito no qual é empregado.
nos capacitores variáveis, ao contrário, a capacitância pode ser variada entre um valor mínimo e um
valor máximo. Os capacitores podem também ser classificados quanto ao seu dielétrico.
a) Capacitor variável e ajustável
O capacitor variável que possui o ar como
dielétrico é constituído de dois conjuntos de placas
planas, semicirculares e paralelas, sendo um dos
conjuntos fixo e o outro móvel.
Os capacitores de cada conjunto estão ligados
entre si por um condutor, formando uma associação de
capacitores em paralelo. Quando giramos o eixo, as placas móveis se deslocam ao longo do espaço
entre as fixas, variando a área (A) frontal entre cada par de armaduras, mas mantendo a distância (d)
entre elas.
Como a capacitância é diretamente proporcional a área frontal, conclui- se que a
capacitância também sofrerá variação. Se as armaduras móveis estiverem totalmente entre as
armaduras fixas, a área de indução mútua será máxima e o capacitor terá o seu maior valor de
capacitância; na posição inversa, a capacitância será praticamente nula.
Esta variação permite que este capacitor seja utilizado no circuito de sintonia de estações
de rádio, sendo que sua capacitância máxima é da ordem de 500pF.
Os capacitores ajustáveis, geralmente de mica, são aqueles em que pode-
se variar a capacitância através de um parafuso que controla a distância entre as
armaduras. Geralmente são internos ao equipamento, de forma que o valor
ajustado permanece por longos períodos. As capacitâncias são da ordem de
picofarads e os tipos mais comuns são o padder e o trimmer (figura ao lado).
b) Capacitor de papel
O capacitor fixo de papel é um componente de largo emprego, pois pode cobrir uma
grande escala de valores de capacitância. Ele é constituído de duas finas fitas de alumínio
(armaduras) enroladas e isoladas entre si por uma folha de papel muito fina (dielétrico) impregnada
de substâncias especiais. Estas substâncias, como por exemplo, o óleo ou a parafina, são utilizadas
para melhorar as características dielétricas.
Papel parafinado
Para o capacitor possuir capacitância elevada com pequeno (dielétrico)
volume, as fitas devem ser bastante longas (vários metros) de modo a
existir uma área frontal considerável. O papel parafinado possui uma
tensão de perfuração variável de 1200V a 1800V para uma espessura
de 0,24mm. Quando as tensões de funcionamento são elevadas,
aumenta-se o número de folhas isolantes interpostas entre as Alumínio
armaduras. É importante ainda, que não exista umidade no papel para (armadura)

não comprometer o isolamento.


O capacitor de papel metalizado possui como dielétrico um papel isolante, no qual é feita,
em apenas uma das faces, a vaporização do alumínio. Isto evita a formação de bolhas de ar entre o
papel e a armadura.

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170 Capacitores

Caracterizam-se com a vantagem de pequenas dimensões e a possibilidade de auto-


regeneração (se o papel for perfurado, o alumínio depositado se aquece, criando óxido de alumínio
que volta a isolar, evitando o prosseguimento do curto-circuito). A tensão de prova (máxima tensão
em que ocorre curto-circuito com auto-regeneração) é de 1,5 vezes a tensão nominal e não deve ser
aplicada por mais de 1 minuto de cada vez. A tensão de centelha (máxima tensão aplicada
instantaneamente sem destruir o capacitor) é de 1,75 vezes a tensão nominal e não deve ser aplicada
durante mais do que alguns poucos segundos.
Seu formato é cilíndrico, onde fitas de papel isolante aluminizado são enroladas. Sua faixa
de capacitância é entre 50.000pF a 15µF e sua faixa de tensão de trabalho é de até 5kV.

c) Capacitores cerâmicos
Os capacitores cerâmicos utilizam algum tipo de material
cerâmico como dielétrico. As armaduras podem ser placas metálicas
ou uma tinta condutora que é aplicada na cerâmica. O conjunto recebe
um revestimento isolante.
São capacitores apolares, isto é, podem trabalhar tanto em tensões contínuas como em
alternadas. As tensões nominais podem atingir altos valores (poucas unidades de kV). Devido a
permissividade relativamente baixa, são fabricados para baixas capacitâncias (até poucas unidades
de µF). A variação da capacitância com a temperatura é grande, sendo que o coeficiente de
temperatura pode ser positivo ou negativo.

Na figura ao lado, temos, à esquerda, um


capacitor cerâmico de disco de 100.000pF
(algarismos um e zero⇒ par 10; algarismo 4⇒
acrescentar quatro zeros) e, à direita, um capacitor 104 K n18
PLATE (leia-se pleiti) de 0,18nF. É projetado
para baixas tensões de trabalho (inferior a 50V) e
particularmente utilizado em micro circuitos.
d) Capacitor de filme plástico
Nos capacitores com dielétrico de plástico, o isolante é constituído por
um fino filme de material polímero sintético. Podem ser fabricados com o filme
plástico não metalizado (lâminas de alumínio isoladas por tiras de plástico) ou
metalizado.
Os capacitores metalizados são constituídos por um filme plástico em cuja superfície é
depositada, por um processo de vaporização, uma finísssima camada de alumínio. Eles têm a grande
vantagem de serem auto-regenerativos e possuirem maior capacitância em relação aos não-
metalizados de mesmas dimensões. Eles são apolares e possuem baixíssima corrente de fuga, alta
estabilidade da capacitância e baixa sensibilidade a umidade. São fabricados com capacitâncias na
faixa de 1nF a 8µF com tensões nominais que podem chegar a 1600V.
Estes materiais possuem propriedades dielétricas superior a do papel, altamente
homogêneas (sem as indesejáveis bolhas de ar), com uma tensão de ruptura de 200kV/mm.
Os principais capacitores de filmes plástico são os de poliéster, de polipropileno, de
poliestireno (STYROFLEX) e de polistirol. São aplicados em qualquer circuito elétrico e
e1etrônico, em especial em circuitos de atraso, acoplamento entre estágios de baixa freqüência,
timmers, by-pass de baixa freqüência e filtros RC para freqüências até 1MHz. São capacitores de
tamanho reduzido.

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Capacitores 171

e) Capacitores de poliéster metalizado


Os capacitores de poliéster metalizado são construídos com dielétrico de poliéster. Em sua
execução são utilizadas finíssimas fitas de poliéster sob as quais é depositada sob vácuo, uma
camada metálica de 0,2 a 0,05µm de espessura. Construindo-os neste sistema obtém-se a
propriedade de auto-regeneração.
No caso de uma sobretensão perfurar o dielétrico, a camada de alumínio existente ao redor
de um furo interno é submetida a uma elevada temperatura, transformando-se em óxido de alumínio
(material isolante), desfazendo, então, o curto circuito. O tempo necessário para a auto-regeneração
é inferior a 10µs. A variação da capacitância é menor do que 1 % após 1000 fenômenos ocorridos.
Os capacitores de poliéster metalizado são identificados por cinco faixas coloridas, que
identificam não somente o valor da capacitância do capacitor, mas também a tensão de trabalho e a
tolerância. Na tabela a seguir, o valor da capacitância é obtido em picofarads (pF).

Cores 1º Dígito 2º Dígito Múltiplo Tolerância Tensão


preto -- 0 -- 20% --
marrom 1 1 x101 -- --
2
vermelho 2 2 x10 -- 250V
laranja 3 3 x103 -- --
4
amarelo 4 4 x10 -- 400V
verde 5 5 x105 -- 100V
azul 6 6 -- -- 630V
violeta 7 7 -- -- --
-2
cinza 8 8 x10 -- --
branco 9 9 x10-1 10% --

f) Capacitor eletrolítico
Os capacitores eletrolíticos podem possuir o dielétrico de óxido de alumínio (polarizado ou
apolar) ou óxido de tântalo (polarizado). Tanto o óxido de alumínio como o de tântalo são materiais
isolantes.
f.1. Óxido de alumínio
Estes capacitores fixos possuem uma
particularidade que os diferencia dos outros
tipos: eles são polarizados e são ligados Símbolo
apenas onde as tensões são contínuas. Sobre
os terminais destes capacitores estão sempre indicadas as polaridades.

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172 Capacitores

Quando se aplica uma tensão contínua entre as placas de alumínio desse capacitor, forma-
se, após certo tempo, uma oxidação superficial de chapa positiva, oxidação esta que constitui o
dielétrico do capacitor. Esta oxidação impede a passagem da corrente, de modo que as placas
permanecem isoladas.
A capacitância desse tipo de capacitor é grande, porque o dielétrico é muito fino
(capacitância inversamente proporcional à distância) sendo constituído de pequenas películas de
óxido. Com os capacitores eletrolíticos consegue-se obter elevados valores de capacitâncias com
pequenos volumes.
Teoricamente, um capacitor deveria apresentar uma oposição infinita à corrente contínua,
mas já que não existe um dielétrico perfeitamente isolante, a resistência à corrente contínua é finita,
ou seja, possui um valor alto, mas não desprezível. Um bom capacitor eletrolítico possui uma
resistência à corrente contínua levemente superior a 1MΩ, muito baixa, portanto, em comparação
com a mínima de 200MΩ de um bom capacitor de papel.
O capacitor eletrolítico de alumínio só funciona se polarizado corretamente (polo positivo
no anodo e polo negativo no catodo). Os capacitores de papel e de filmes plásticos são do tipo
apolares, ou seja, funcionam tanto em C.C. coma C.A. Se a polaridade de um capacitor eletrolítico
for invertida, violenta reação eletrolítica que provoca o depósito de uma camada de óxido sobre a
folha de alumínio (não oxidada – catodo), desfazendo-se o óxido da folha de alumínio oxidada
(anodo).
Isto significa uma corrente de grande intensidade que libera uma elevada quantidade de
calor, o que levará o capacitor à destruição. Antigamente, havia a possibilidade até de explosão,
mas atualmente com o controle de qualidade e a aplicação de normas de fabricação, apenas ocorre
um inchamento do invólucro.
Os capacitores eletrolíticos ainda apresentam a característica de que sua capacitância
depende da tensão aplicada nas armaduras. A polarização correta é que aumenta a oxidação no
anodo. A capacitância nominal só será estabelecida se houver aplicação de, no mínimo, uma tensão
de, aproximadamente, 2/3 da tensão nominal do capacitor.
Os capacitores eletrolíticos de alumínio são fabricados para tensões de até,
aproximadamente, 700V e o maior valor de capacitância é de 390.000µF.
Nos capacitores eletrolíticos de alumínio apolares, as duas armaduras são oxidadas, de
forma que eles suportam correntes alternadas por alguns segundos. São bastante utilizados para
auxiliar a partida de motores de indução monofásicos.
f.2. Capacitores eletrolíticos de óxido de tântalo
São mais caros do que os de óxido de alumínio e têm grande
estabilidade de capacitância com o tempo e com a temperatura. O anodo
neste tipo de capacitor é uma peça porosa de tântalo, coberta por uma fina
camada de óxido do manganês, carbono e ferro, que forma o catodo.
Enquanto os eletrolíticos de alumínio podem trabalhar em tensões de até 700V, os de óxido
de tântalo suportam apenas 125V. O valor máximo de capacitância é na ordem de 100µF. São
usados em circuitos digitais e timmers.
Sua construção é de tântalo sólido (não vazam). A temperatura de operação está na faixa de
–55ºC à + 85°C.
Devido ao fato da constante dielétrica ser de valor 11, enquanto que o de óxido de
alumínio ser de valor 7, os primeiros apresentam menor volume para a mesma capacitância e
mesma tensão.

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Capacitores 173

QUESTÕES PROPOSTAS
1- Denomina-se “constante de tempo” de um circuito elétrico o produto RC, onde R é a resistência
total do circuito e C é sua capacitância total. Nos circuitos abaixo, indique aqueles que possuem
a mesma constante de tempo.
C
C C C
R
R C
R R R

2- Ao lado, considerando o capacitor totalmente R C


descarregado no instante em que a chave ch é
comutada para a posição 1 (t = 0 ), responda:
a) Compare o nível da tensão no capacitor com a 2
tensào da fonte, após um intervalo de tempo igual a
constante de tempo do circuito ( t = τ ) ? 1
b) Idem após um intervalo de tempo igual a cinco
vezes a constante de tempo do circuito ( t = 5 . τ )? VAB

3- Assinale, dentro do parêntese, verdadeiro ( V ) ou falso ( F ).


a) ( ) Um capacitor em regime transitório sofre um acréscimo de energia quando está no
processo de carga.
b) ( ) Num circuito RC alimentado por CC, só existirá circulação de corrente enquanto
houver variação de tensão no capacitor.
c) ( ) Quanto maior a capacitância, maior será a solicitação de carga de um capacitor e
portanto, menor será o tempo que ele levará para se carregar.
d) ( ) Quanto menor a resistência do resistor que faz parte do circuito RC, maior é o tempo
que o capacitor levará para se carregar.

4- No circuito ao lado, explique o que acontecerá com a carga


no capacitor e com a luminosidade da lâmpada L quando a C
2 3
chave passar da posição: 1 L
a) 1 para a 2.
b) 2 para a 3.

5- No circuito ao lado, temos duas lâmpadas iguais (5W–6V),


L1 L2
uma fonte de 6V e um capacitor de 65mF. Explique, com
detalhes, o que irá ocorrer (período transitório) com a
luminosidade de cada lâmpada quando a chave interruptora
for inicialmente fechada e depois de muito tempo novamente
aberta.

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174 Capacitores

PROBLEMAS PROPOSTOS
1- Se um circuito tiver valores de R=7,5Ω e C=2065µF , qual será o valor de τ ? Se a constante
de tempo tivesse que ser aumentada 5 vezes, qual seria a nova capacitância se fosse mantida a
mesma resistência ?

2- Para o circuito dado, com tensão da bateria igual a R C


50,5V, sendo R=10Ω e C=38,99mF, calcule:
a) a constante de tempo. 2
b) corrente máxima do circuito.
c) tensão no capacitor, decorridos 389,9ms do 1
instante em que a chave é comutada para a posição
1.
d) tensão no capacitor (Vc), decorridos 7,8ms, após VAB
comutar a chave da posição 1 para a 2.

3- Um capacitor de 0,1µF e um resistor de 1MΩ são ligados em série e conectados a uma bateria
de 200V. Calcular a intensidade da corrente em 0,2s após a ligação e o tempo que leva para que
a tensão no capacitor seja de 150V.

4- Uma bateria de 6V é utilizada para carregar um capacitor de 2µF através de um resistor de


100Ω. Determine:
a) a corrente inicial no circuito;
b) a carga final no capacitor;
c) a tensão no capacitor decorridos 250µs;
d) o tempo necessário para que no capacitor tenhamos 90 % da carga final.

5- Um capacitor de 6µF que tinha sido conectado numa fonte CC de 100V, foi ligado (após ser
desconectado da fonte) a um resistor de 500Ω. Qual é a:
a) carga inicial no capacitor?
b) corrente inicial, logo depois do capacitor ser ligado ao resistor?
c) constante de tempo deste circuito?
d) carga no capacitor depois de 6ms?

6- Quantas vezes maior do que a constante de tempo é o tempo que devemos esperar, após ser
ligado um circuito RC, para que a carga no capacitor atinja 99 % do valor de equilíbrio?

7- Um resistor de 20kΩ e um capacitor estão ligados em série, sendo-lhes, subitamente, aplicada


uma tensão de 12V. Sabendo-se que a tensão no capacitor sobe 5V em 1µs, qual é o valor da
capacitância do capacitor?

8- Um capacitor é descarregado através de um circuito RC, sendo que a chave é fechada no


instante t=0. Sabendo-se que a tensão inicial sobre o capacitor vale 50V e que a tensão caiu para
1V após 8s, determine o valor da constante de tempo do circuito e o valor da tensão no instante
igual a 25s.

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Capacitores 175

9- Considere o circuito RC desenhado ao lado, no qual o


capacitor encontra-se totalmente descarregado, onde
R=100kΩ; C=10µF; V=10V
a) Determine a constante de tempo τ.
b) A partir do fechamento da chave em a, determine
VC (V), VR (V) e i (µA), para os seguintes
instantes (em seg): 0 – 0,4 – 0,6 – 1 – 1,5 – 2 – 3 –
4 – 5 – 6 – 8 . Com estes dados monte uma tabela.
c) Determine matematicamente o instante em que a tensão no capacitor atinge metade do seu
valor máximo.

10- Considere o circuito RC do exercício anterior, mas com a chave em b e admitindo que o
capacitor encontra-se totalmente carregado com tensão de 5V.
DADOS: R=10kΩ; C=47nF; V=5V
a) Determine a constante de tempo τ do circuito.
b) A partir do fechamento da chave em b, determine VC (V), VR (V) e i(µA), para os seguintes
instantes (em miliseg): 0 – 0,2 – 0,3 – 0,5 – 0,8 – 1 – 1,4 – 1,8 – 2 – 2,5 – 3 . Com estes
dados monte uma tabela.
c) Determine o instante em que a tensão no capacitor atinge metade do seu valor máximo.

11- No circuito ao lado, considere que a chave ch foi fechada e que


após um determinado tempo t o amperímetro indica uma A
C
corrente de 200mA. Determine o valor da carga armazenada no
R
capacitor neste instante de tempo e calcule também o valor de t
em milisegundos, considerando que : V=12V, R=l0Ω e C=2mF V ch

12- O circuito mostrado ao lado é


utilizado para fechar a chave entre a
e b por um intervalo de tempo
predeterminado. O relé do circuito
mantém seu contato b deslocado para
a esquerda enqunto a tensão na
bobina do relé estiver acima de 5V.
Esta tensão de 5V origina uma
corrente na bobina do relé que o
magnetiza o suficiente para manter
atraído o botão de acionamento, o
qual é feito de material
ferromagnético (ferro). Quando essa tensão na bobina for igual a 5V, o contato b voltará à sua
posição inicial (igual ao desenho), pela ação de uma mola mecânica. A chave entre a e b está
inicialmente fechada porque o botão de acionamento foi momentaneamente pressionado.
Considerando que o capacitor esteja totalmente carregado quando o botão for acionado pela
primeira vez e sabendo que a resistência da bobina do relé vale 25kΩ, responda:
a)Por quanto tempo o relé permanecerá operado, de modo que a chave ab se mantenha fechada?
b)Qual o módulo da tensão inicial sobre o resistor de 4kΩ assim que a chave ab for aberta?
c)Quantos milisegundos (depois que o circuito entre a e b é interrompido) serão necessários
para que a tensão no capacitor alcance 85% do seu valor final (valor máximo)?

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176 Magnetismo

12. MAGNETISMO

Você já deve ter tido oportunidade de lidar com uma agulha de bússola (ímã), e isto
provavelmente o tenha fascinado e, também, talvez lhe tenha despertado curiosidade. Uma agulha
de bússola sofre a ação do “campo magnético terrestre”, assim como também ela sofrerá ações
magnéticas, quando for aproximada de um fio condutor percorrido por corrente elétrica.
Este efeito magnético originado por uma corrente elétrica e outros, serão estudados
oportunamente, tendo como objetivo seu aprendizado e a conseqüente aplicação na compreensão
dos princípios básicos de algumas máquinas elétricas como o motor, o gerador e o transformador.

12.1. ÍMÃS
Existem corpos encontrados na natureza que apresentam efeitos magnéticos, ou seja, eles
interagem entre si e também atraem pedaços de ferro. Esta propriedade que estes corpos possuem é
denominada de magnetismo: ele é um agente invisível que se pode avaliar pelo seus efeitos. Você
sabe, por exemplo, que o vento exerce uma força tremenda sem, contudo, ser visto. Igualmente a
força magnética pode ser sentida, mas não vista.
Os corpos referidos acima correspondem a Fe304 (óxido de ferro) e são conhecidos por
magnetita, constituindo assim um ímã natural.
Esta propriedade de atrair pedaços de ferro pode ser adquirida por alguns
materiais, quando submetidos a processos de imantação. Estes materiais são
classificados como ímãs artificiais Tais ímãs substituem, na prática, os ímãs
naturais, pois, nos artificiais, o poder magnético é distribuído mais regularmente,
além de poderem ser fabricados em formas apropriadas às exigências de sua
utilização (por exemplo, em forma de barra ou em forma de ferradura)
Os ímãs artificiais, por sua vez, podem ser classificados em ímãs permanentes e
temporários dependendo que retenham ou percam facilmente a característica de atrair outros corpos
magnéticos após cessado o processo de imantação.
Um ímã sempre exerce uma maior atração ou repulsão nas suas extremidades denominadas
de pólos, sendo que um irmã sempre possui dois pólos.
Através de um experimento simples, vamos identificar os pólos de
um ímã. Tomemos uma agulha imantada, presa numa rodela de cortiça e
coloquemos o conjunto em uma vasilha com água, cuja finalidade é a de
permitir o livre movimento da agulha. Notaremos que ela apontará,
aproximadamente, para a direção Norte-Sul geográfica do lugar. O lado da
agulha que ficar voltado para o Norte da Terra será denominado de pólo
norte do ímã. Consequentemente, o outro lado será o pólo sul do ímã. Para
determinar-se os pólos, poderíamos realizar uma outra experiência semelhante, através da simples
suspensão da agulha magnética pelo seu centro de gravidade, de modo que ela pudesse girar
livremente. Nas duas experiências referidas acima, notar-se-ia o efeito do campo magnético
terrestre atuando sobre a agulha.
Se você colocar o pólo norte de um ímã nas proximidades de pólo norte de outro ímã, irá
notar uma repulsão. Se fossem aproximados pólos diferentes, a tendência seria de atração. Daí você
pode concluir que “pólos de mesmo nome se repelem e de nomes contrários se atraem”.

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Magnetismo 177

Sul magnético Norte geográfico


Você poderia talvez questionar por que o pólo (nordeste do Canadá)

Norte da Terra atrai o pólo norte do ímã. Mas isto é


perfeitamente explicável, pois os pólos atribuídos ao ímã Equador magnético
são conseqüência de uma simples convenção e a mesma Equador geográfico
não contradiz a teoria da repulsão e atração entre os
pólos. Convém salientar que os pólos da Terra são
denominados Norte e Sul em função da geografia e não
do magnetismo. Como o Norte da Terra atrai o norte do Norte magnético
(costa do continente geográfico)
Sul geográfico
ímã, pode-se afirmar que o pólo Norte geográfico da
Terra é, na realidade, um sul magnético.

A terra pode ser considerada um ímã onde o pólo norte magnético está próximo do pólo sul
geográfico e o pólo sul magnético está próximo do pólo norte geográfico.

Outra característica importante é a inseparabilidade dos pólos, isto é, os pólos de um ímã


são inseparáveis. Cortando-se um ímã ao meio, teremos dois ímãs, e, se fizemos mais cortes
sucessivos, continuaremos obtendo mais ímãs, sempre com um pólo sul e um pólo norte.

Vejamos agora o caso em que uma barra de ferro (material magnético ou magnetizável) é
aproximada de um ímã muito forte. Devido a influência deste ímã, a barra adquirirá propriedades
magnéticas, ou seja, a mesma se magnetizará por
indução sendo que o ímã é o elemento indutor e a
barra é o corpo induzido, conforme esquema ao Indutor Induzido Corpo Neutro
lado.
Se você atraísse um parafuso com um ímã e o colocasse em contato com um outro
parafuso, o que iria acontecer com este último? Inicialmente,
analisemos o parafuso que foi atraído pelo ímã. Ele se tornou um ímã
artificial, pois adquiriu imantação devido à presença do ímã, o
segundo parafuso irá imantar-se também e, consequentemente, será
atraído. Mas assim que o ímã for afastado do primeiro parafuso, este
perderá suas propriedades magnéticas, fazendo com que o segundo
parafuso não seja mais atraído.
Percebe-se que os parafusos que se imantaram eram, na realidade, ímãs artificiais
temporários, isto é, possuíam propriedades magnéticas apenas quando o elemento indutor estava nas
proximidades.

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178 Magnetismo

12.2. TEORIA DE WEBER


Como se sabe, se um ímã for dividido em pedaços
infinitamente pequenos, mesmo assim, estes pedaços um elétron girando em torno do
continuam com características de um ímã, Conclui-se que o núcleo produz um domínio
material de que é feito o ímã é formado de pequenos ímãs magnético que eqüivale a um
elementares (ou domínios magnéticos). Esta teoria sobre os pequeno ímã elementar
ímãs é denominada de teoria molecular do magnetismo ou
teoria de Weber. S N

“TODO O MATERIAL MAGNETIZÁVEL É CONSTITUÍDO DE PEQUENOS ÍMÃS


ELEMENTARES, QUE SE ORDENAM AO ACASO.”

Na figura abaixo, temos a representação esquemática de uma parte de um material que tem
cinco domínios magnéticos (parte superior da figura). Na parte inferior da figura, temos as setas que
representam as orientações destes domínios, que podem ser chamados de pequenos ímãs
elementares.

N N N
S
S S
N
S N
S
Para entender isto, é necessário um estudo mais profundo da matéria.
Pela teoria atômica, toda a matéria é constituída de neutrons, prótons e elétrons.
Os elétrons giram em torno do núcleo, originando pequenas correntes que
circularão indefinidamente. Logo, existe um determinado magnetismo nos
átomos, pois um dos efeitos da corrente é o efeito magnético.
O fato de um material possuir átomos magnéticos não significa que ele será atraído ou
repelido por um ímã, pois os átomos poderão estar totalmente desalinhados, não havendo nenhum
efeito magnético considerável.
Em materiais magnéticos, ou seja, materiais que sofrem influências de campos magnéticos,
existe concordância entre os efeitos magnéticos dos átomos numa certa região do material. Esta
região constitui-se num pequeno ímã elementar. A orientação dos mesmos não é necessariamente
igual ao longo de todo o material e, quando todos os ímãs elementares tiverem a mesma orientação,
o magnetismo será máximo. Logo, o corpo atingiu a saturação magnética.

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Magnetismo 179

Substância não imantada Substância imantada

O que diferencia uma substância magnética de uma não-magnética é a existência ou não


dos ímãs elementares. Quanto mais ímãs elementares estiverem alinhados numa mesma direção,
maior será o magnetismo da substância. Se um material magnético for aproximado de um ímã, seus
ímãs elementares tenderão a um alinhamento numa mesma direção e o material passará a constituir-
se num ímã artificial.
Uma barra de ferro se imanta quando aproximada de
um ímã muito forte, sendo que em frente ao pólo sul do ímã
(indutor) é induzido um pólo norte na barra (induzido). Isto N S
ocorre devido à ordenação dos pequenos ímãs elementares,
pois, como se sabe, pólos de nomes contrários se atraem. Este N S
tipo de polarização também ocorre no caso de um parafuso,
sendo que originado nele, um pólo norte, na parte frontal ao
pólo sul do ímã e, conseqüentemente, ocorrerá a atração.
Assim como se pode favorecer a magnetização de um material, também se consegue
diminuir parcial ou totalmente sua magnetização. Isto pode ser conseguido através de vibrações
mecânicas ou com elevações de temperatura. Nos dois casos acontece uma agitação interna que
provoca o desalinhamento dos pequenos ímãs elementares.
MATERIAL PONTO CURIE
Existe uma temperatura para cada material,
Níquel-cromo 300ºC
na qual o material perde todas as suas propriedades
níquel 358ºC
magnéticas, devido às agitações térmicas das
moléculas. Esta temperatura é denominada de ponto Magnetita 585ºC
Curie (tabela ao lado. ferro 770ºC
cobalto l140°C
12.3. CAMPO MAGNÉTICO
Se você soltar um objeto no espaço, ele deverá cair até o chão, pois sobre ele existe a ação
de uma força, a qual é conseqüência do campo gravitacional terrestre Além do campo gavitacional
terrestre, existe também o campo magnético terrestre. Este campo faz com que uma agulha
magnética se movimente. Se uma agulha de bússola for aproximada de um fio condutor percorrido
por uma corrente elétrica, perceber-se-á que a agulha sofrerá uma certa deflexão, conseqüência do
aparecimento do campo magnético originado pela corrente. Assim que se efetuar o corte da
passagem da corrente, o efeito magnético também desaparecerá. A respeito do campo magnético
terrestre, existem teorias que creditam este magnetismo à existência de correntes elétricas na parte
central da Terra. O estudo do magnetismo é um problema ainda em aberto, estando relacionado com
as propriedades magnéticas dos materiais, com a hidrodinâmica, com a ionosfera, com o Sol e com
os outros campos de conhecimento . Como acabamos de ver, para detectarmos a existência de um
campo magnético basta utilizarmos uma agulha de bússola. Assim sendo, podemos afirmar que:

“DIZ-SE QUE EXISTE UM CAMPO MAGNÉTICO NUMA CERTA REGIÃO DO ESPAÇO,


QUANDO UMA AGULHA IMANTADA ALI COLOCADA SOFRE A AÇÃO DE UMA FORÇA
DE ORIGEM MAGNÉTICA.”

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180 Magnetismo

Existem experimentos que nos dão condições de se ter uma idéia da configuração do
campo magnético, onde se utiliza uma folha de papel colocada em cima de um ímã, havendo
limalhas de ferro esparramadas em cima da folha
Na figura a seguir (à esquerda), a orientação das limalhas mostra a configuração do campo
magnético, que será representado por linhas, as quais são denominadas de linhas de indução ou
linhas de força, sendo que as mesmas serão sempre fechadas. O circuito magnético é sempre
fechado, isto é, começa num ponto e termina naquele ponto, existindo, pois, campo magnético
também no interior do ímã. Convenciona-se que o sentido do campo é sempre do pólo norte para o
pólo sul, externamente, sendo que sua direção, em cada ponto, é dada pela tangente à linha de força
no referido ponto.

Nos esquemas representados a seguir, temos dois pólos opostos em confronto e percebe,
através da disposição das limalhas (figura à esquerda), a formação de um campo magnético
uniforme. Este campo tem a mesma intensidade, direção e sentido em todos os pontos e as linhas de
força são representadas por retas paralelas e eqüidistantes entre si. Se um pedaço de ferro for
introduzido neste campo, ele sofrerá o mesmo efeito, independentemente do ponto onde for
colocado.

Nos desenhos observados a seguir, os pólos aproximados são iguais e nota-se que existe
uma tendência dos campos se repelirem, de modo que, no ponto bem central, praticamente não haja
efeito magnético. Uma observação importante é que duas linhas de força nunca se cruzam, pois a
coexistência de dois campos numa mesma região faz com que, na realidade, exista apenas um único
campo resultante.

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Magnetismo 181

12.4. VETOR INDUÇÃO MAGNÉTICA( B ):


Como a indução magnética existe e pode ser medida, é necessária uma grandeza física que
caracterize sua intensidade, sua direção e seu sentido em cada ponto. Esta grandeza é vetorial e seu
módulo representa a intensidade do efeito magnético no ponto considerado. Sua direção e seu
sentido são os mesmos das linhas de força. A direção deste vetor em cada ponto do campo
magnético será obtida pela reta tangente à linha do campo no ponto considerado.
Chamaremos esta grandeza de “VETOR INDUÇÃO MAGNÉTICA” ou simplesmente
“densidade de campo magnético” e a representaremos pelo símbolo “B”, cuja unidade no Sistema
internacional (SI) é o TESLA (T) ou WEBER POR METRO QUADRADO (Wb/m2).
A indução magnética pode ser medida diretamente por um instrumento denominado de
teslímetro ou por um gaussímetro.
No sistema CGS a unidade de indução é o Gauss, sendo que 1 Tesla = 104 Gauss.
Com se pode ver no desenho ao lado, uma área unitária (1m2) colocada próxima ao pólo de
um ímã será atravessada por uma quantidade maior de linhas
de força do que a área colocada mais afastada, significando
que no primeiro caso, a indução magnética B é mais intensa.
A indução magnética ou densidade magnética
mede, então, o grau de concentração das linhas de força num
dado ponto do campo magnético.
Quando, mais adiante, definimos uma outra grandeza denominada de fluxo magnético
(quantidade de linhas de força), voltaremos a discutir a grandeza indução magnética. Convém
salientar, no momento, que o fluxo magnético é uma grandeza associada a uma quantidade de área e
a indução magnética é associada a determinados pontos de um campo magnético.
Se numa região do espaço existem linhas de força horizontais para
esquerda, basta você representar um vetor para a esquerda com a direção
horizontal. Mas, se as linhas estiverem penetrando ou saindo
perpendicularmente a um plano, é necessário que você adote uma
convenção para representá-las, a qual está indicada ao lado. Saindo é um saindo entrando
ponto e entrando qualquer uma das duas simbologias representadas.

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182 Magnetismo

QUESTÕES PROPOSTAS
1- Classifique os ímãs quanto à origem e quanto à durabilidade.

2- Que direção assumiria a agulha de uma bússola se ela estivesse submetida somente à ação do
magnetismo terrestre?

3- Sabendo que o Sol mostrado na figura deste


exercício, está nascendo, responda:
a) Dos pontos M, P, Q e R, qual deles indica
P
o Norte geográfico?
b) Observe os pontos A e B indicados na
bússola e diga qual deles é o pólo norte A B
M R
magnético.
Q

4- A extremidade da agulha de uma bússola que aponta para o Sul geográfico da Terra atrai uma
das extremidades de um ímã. A referida extremidade atraída é o pólo _____________ do ímã.

5- Aproximam-se de uma bússola os objetos relacionados abaixo. Indique os que podem provocar
um desvio da agulha da bússola.
a)um pedaço de madeira b)outra bússola c)um pedaço de plástico
d)um ímã e)um parafuso

6- Qual o símbolo da grandeza indução magnética e quais as unidades empregadas para medi-la,
no sistema internacional?

7- Qual a diferença entre fluxo magnético e indução magnética?

8- Dois parafusos são alinhados com um ímã, conforme figura


ao lado. Indique os pólos magnéticos que aparecem nas
extremidades de cada parafuso.

9- Suponha que você possua alguns ímãs nos quais assinalou quatro pólos com as
letras A, B, C e D. Você verifica que:
- o pólo A repele o pólo B;
- o pólo A atrai o pólo C;
- o pólo C repele o pólo D;
- e sabe que o pólo D é um pólo norte.
Nestas condições você pode concluir que B é um pólo norte ou um pólo sul?

10- Enuncie a teoria de Weber

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Magnetismo 183

11- Assinale, dentro dos parênteses , verdadeiro (V) ou falso (F).


a) ( ) os pólos de um ímã são inseparáveis.
b) ( ) aproximando-se um ímã de uma barra de ferro, esta poderá imantar-se
c) ( ) o ponto de saturação magnética de um material é quando todos os ímãs elementares
estão desordenados.
d) ( ) uma barra de magnetita deverá desmagnetizar-se se ela foi submetida a 400°C.

12- Assinale a afirmativa errada.


a) um campo magnético pode ser originado por um ímã ou por uma corrente elétrica.
b) as linhas de força servem para representar a formação do campo magnético.
c) dentro ou fora de um ímã, convenciona-se que as linhas de força são do pólo norte para o
pólo sul.
d) o campo magnético é uniforme quando as linhas de força são paralelas e eqüidistantes entre
si.
e) duas linhas de força nunca se cruzam.

13- No desenho abaixo, à esquerda, temos um ímã em forma de U. Entre os ímãs desenhados
abaixo, à direita, qual deles permanecerá em repouso, caso seja posicionado no centro do campo
magnético uniforme do ímã do desenho à esquerda?

N S a) N S b) S N

c) N d) S

S N

14 - Uma bússola orienta-se na posição norte-sul, devido ao campo:


a) elétrico terrestre ser na direção norte-sul.
b) magnético terrestre ser na direção norte-sul.
c) gravitacional terrestre ser na direção norte-sul.
d) magnético terrestre ser na direção leste-oeste.
e) gravitacional terrestre ser na direção leste-oeste.

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184 Magnetismo

15 - A figura mostra um ímã próximo a um prego. Analise as


afirmações abaixo e classifique-as em verdadeiras ou falsas.
a) ( ) O prego é atraído pelo ímã.
b) ( ) O campo magnético do ímã magnetiza o prego.
c) ( ) Na magnetização do prego, forma-se um pólo norte
na extremidade do prego próximo ao ímã.
d) ( )A magnetização do prego permanecerá para sempre.
e) ( ) Se aproximarmos o ímã do prego pelo seu pólo sul,
haverá repulsão entre eles.

16 - No diagrama deste exercício, estão representadas a Terra e algumas linhas de indução do


campo magnético terrestre (exterior da Terra). Considerando as informações dadas, todas as
afirmativas estão corretas, exceto:
a) A Terra se comporta como se fosse um grande ímã, com pólos próximos ao pólos
geográficos terrestres.
b) O campo magnético da Terra, no pólo sul magnético, é vertical e aponta para o interior do
planeta.
c) Os navios ou aviões podem se orientar usando uma agulha magnética direcionada pelo
campo magnético terrestre.
d) O pólo magnético que se localiza na região sul da Terra é o pólo sul magnético.
e) O módulo do campo magnético terrestre diminui à medida que se afasta da superfície da
Terra.

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Forças Magnéticas 185

13. FORÇAS MAGNÉTICAS

13.1. FORÇA SOBRE CARGA MÓVEL F


v
Cargas elétricas em movimento, como você já sabe, dão B
origem a um campo magnético. Se uma carga elétrica se movimenta θ
através de um campo magnético já existente na região, estes campos q
interagirão de modo que a carga sofrerá a ação de uma força.
Experimentalmente chega-se à conclusão de que o valor desta força é diretamente
proporcional ao valor da indução magnética, ao da carga elétrica e ao da velocidade da carga.
Considerando que o ângulo ( θ ) entre o sentido do movimento da carga elétrica e o sentido
do campo também influencia no cálculo da força, teremos a seguinte expressão final:

Fα B F = força magnética (Newton)


 B = indução magnética (Tesla)
Fα q  Fα B. q.v F = B . q . v . sen θ 

Fα v  q = carga elétrica (Coulomb)
v = velocidade da carga (Metro/segundo)

A direção da força magnética, conforme desenho no início da página, é sempre


perpendicular, simultaneamente, às direções da indução e da velocidade.
Nos casos em que a partícula carregada está em repouso ou em que a direção de seu
movimento coincide com a direção das linhas de indução, a força magnética será nula. No caso do
repouso, não surge força, porque não existe campo criado pela carga, não havendo, portanto,
interação entre campos magnéticos. No caso do movimento paralelo às linhas de indução, a força
também será nula, pois a direção de B e v coincidem; conseqüentemente, o ângulo entre os
referidos vetores é 0° ou 180º cujos senos valem zero.

F=0
N S
carga em repouso carga em movimento na
direção do campo

Utiliza-se a “regra da mão esquerda” para determinar a r


direção e o sentido da força que atua sobre uma carga positiva. Usam- F
se os dedos polegar, indicador e médio dispostos ortogonalmente entre
si. O indicador representa a indução magnética; o médio, a velocidade
e o polegar indica a força. No caso de carga negativa bastaria inverter
o sentido da força ou então, utilizar a mão direita.

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186 Forças Magnéticas

PROBLEMA RESOLVIDO
Uma partícula com uma carga de 60µC desloca-se com uma velocidade de l00 m/s através
de uma região onde existe uma indução magnética de 0,5 T. Determine o módulo, direção e sentido
da força magnética que atuará sobre a partícula, considerando que a mesma está eletrizada
negativamente e que o movimento é perpendicular ao campo.
q = 60µC = 60 x l0-6C F = B. q . v . sen θ
v = 100m/s F = 0,5 x 60.l0-6 x100x1
B = 0,5T F = 3000 x l0-6N
θ = 90° F = 3 x 10-3N
F=? F = 3mN

13.2. FORÇA SOBRE CONDUTOR RETILÍNEO


No esquema ao lado, existe um condutor
percorrido por corrente que está imerso numa região
onde temos uma certa indução magnética. Conforme já
foi comentado, cargas em movimento (corrente elétrica)
através de um campo magnético sofrem a ação de uma
força. Logo, este condutor percorrido por corrente ficará
submetido a uma força mecânica, a qual tenderá a
movimentá-lo através deste campo.
Deduz-se o módulo da força pelo seguinte processo:
F=B q v.sen θ (q = I . t) F=B . I . t . v sem θ ( l = t . v)

F = força magnética (Newton)


B = indução magnética (Tesla)
F = B.I.l.sen θ 

I = corrente elétrica (Ampère)
l = comprimento do condutor (Metro)

A direção da força será sempre perpendicular, simultaneamente às direções do condutor e


da indução, sendo que essa direção e o sentido podem ser determinados através da “regra da mão
esquerda". A única alteração em relação à regra anterior será a substituição do vetor velocidade,
pela corrente. Convém destacar que θ é o ângulo entre o campo magnético e o condutor.
r
Esta regra é válida para o sentido convencional da corrente F
elétrica, ou seja, o sentido de deslocamento das cargas positivas, sendo
que este será o sentido adotado durante todo o nosso estudo. No caso de
sentido eletrônico da corrente, bastará usar a mão direita.

“SEMPRE QUE UM CONDUTOR PERCORRIDO POR CORRENTE ESTIVER IMERSO


PERPENDICULARMENTE À UM CAMPO MAGNÉTICO, PODEMOS AFIRMAR QUE
SURGIRÁ SOBRE ELE UMA FORÇA.”

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Forças Magnéticas 187

PROBLEMA RESOLVIDO F
B
O fio condutor do esquema ao lado possui uma resistência de
5Ω e um comprimento de 8cm. Sabendo-se que a indução magnética
existente na região onde está imerso o fio vale 1,2T, determine o valor
da força que atuará sobre o condutor e indique sua direção e sentido.
10V

R=5Ω Vab
I= F = B . I . ℓ. sen θ
l = 8cm = 0,08m R
10
B = 1,2T I= F = 1,2 x 2 x 0,08 x 1
Vab = 10V 5
θ = 90º I =2 A F = 0,192 N
F=?

13.3. APLICAÇÕES PRÁTICAS DE FORÇAS MAGNÉTICAS


- Motor elétrico de CC
O enunciado citado na página anterior, nada mais é que o
princípio de funcionamento de um “motor elétrico” de corrente
contínua, o qual é uma máquina que aproveita as referidas forças para
produzir trabalho, Assim sendo, um motor elétrico sempre recebe
energia elétrica e fornece energia mecânica.
As duas partes principais de um motor elétrico são as
seguintes:
N
estator (indutor): é a parte que é fixada na carcaça, formada
por ímãs permanentes ou eletroímãs.
rotor (induzido): é a parte móvel que é constituída de
condutores de cobre colocados em ranhuras existentes no núcleo
cilíndrico e também de um conjunto denominado de comutador ou S
coletor. Podemos destacar também as escovas, as quais são feitas de
carvão e transmitem a corrente, através de anéis coletores, ao rotor.
Na figura a seguir, temos representado um motor elétrico. Para que funcione, é necessário
que seja alimentado por um gerador elétrico, de modo que circule uma corrente elétrica pelo rotor.
Os condutores do rotor que estão imersos no campo do estator, quando percorridos pela corrente,
ficam submetidos a forças, sendo que o par de forças que surge em qualquer espira (uma volta de
fio) tenderá a provocar um movimento de rotação do rotor. Suponha, por exemplo, que a espira
central seja percorrida por uma corrente que saia na parte superior da espira e penetre na parte
inferior. Aplicando-se a regra da mão esquerda, determina-se o sentido da força em cada lado da
espira, concluindo-se, pois, que ela ficará submetida a um binário ou conjugado, isto é, um par de
forças que provocará o movimento do rotor. No eixo do rotor ligam-se os dispositivos que se deseja
movimentar (lâminas cortantes), aproveitando-se assim a energia mecânica fornecida. Os motores
elétricos de corrente contínua são geralmente alimentados por pilhas ou acumuladores.
Como exemplo, podemos citar o motor de partida e o motor do limpador de pára-brisas de
um automóvel. Convém salientar, que nos motores elétricos podemos utilizar eletroímãs em vez de
ímãs. Neste caso, além da alimentação do rotor, também deve existir corrente no estator, pois os
eletroímãs só apresentam magnetismo quando seu enrolamento for percorrido por corrente.

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188 Forças Magnéticas

- Galvanômetro

Uma outra aplicação importante das forças sobre


condutores percorridos por correntes e imersos num campo I
magnético é nos instrumentos de medida. Podemos citar, mola
como exemplo, os “galvanômetros". F
Quando a bobina (conjunto de espiras) móvel do
instrumento é percorrida por corrente, surge um par de forças N F
(binário) que provoca o giro desta bobina, sendo que o
ponteiro que está acoplado ao conjunto se desloca ao longo da I
escala. Como o ponteiro estava numa posição de repouso
devido a ação de forças originadas pelas molas, as mesmas 5
5 3 4
serão comprimidas quando o ponteiro se movimentar e 4 3 2 1 0 1 2

reagirão com um binário contrário. Este binário equilibrará o


das forças magnéticas, fazendo com que o ponteiro pare na
graduação correspondente ao valor da corrente (ou da tensão, ou da temperatura, etc).
No caso citado (amperímetro), quando trabalharmos com correntes muito intensas,
devemos associar um resistor (shunt) em paralelo (divisor de corrente) com o galvanômetro e no
caso de voltímetros, devemos associar resistores em série (divisor de tensão), constituindo-se assim
várias escalas em volts.
- Imagem no tubo de tv
A imagem que se obtém no tubo de TV depende da ação da força magnética
(F=B.q.v.senθ) sobre elétrons em movimento. Esta imagem resulta da transformação da energia
elétrica em energia cinética e desta em energia luminosa.
O tubo da TV é de vidro e em seu interior foi feito vácuo. No lado interno da tela, a parte
frontal do tubo é revestida com um material fluorescente. Da extremidade oposta, que se assemelha
a um gargalo de garrafa, um canhão eletrônico dispara elétrons na tela.
Ao colidirem com ela, são produzidos pontos luminosos
(efeito de fotoluminescência). Portanto, a imagem que se obtém
no tubo de TV é resultado da transformação da energia cinética
dos elétrons em energia luminosa.
Os elétrons
livres lançados na tela
são liberados de um
filamento
superaquecido. Para
se fazer algum
controle sobre este
movimento é necessária a influência de um campo magnético externo, como mostra a figura, onde
temos um eletroímã colocado em torno do “pescoço” do tubo. Para iluminar todos os pontos da tela,
o feixe eletrônico varre toda sua superfície, desviado pela ação de um campo magnético.
A iluminação distinta dos diferentes pontos da tela produz o efeito da imagem integral de
uma cena. O campo magnético que desvia o feixe eletrônico é criado por uma corrente elétrica que
circula numa bobina. Devemos ter cuidado de não colocar objetos ou aparelhos elétricos que
possam sofrer influência devido ao campo magnético emitido pelo televisor, assim como também se
deve evitar colocar um ímã próximo ao tubo do televisor.

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Forças Magnéticas 189

QUESTÕES PROPOSTAS
1- Entre as relações apresentadas abaixo, assinale a que estiver correta.
a)1T=1N.1C. 1m/s b)1C=1T.1N. (1m/s) c)1T=1N/(1C. 1m/s) d)1N=(1m/s. 1C)/1T

2- Se um condutor percorrido por corrente estiver colocado numa região onde existirem linhas de
força, podemos afirmar que:
a) surgirá uma força sobre o condutor, independente de sua posição.
b) a força sobre o condutor será máxima se ele estiver colocado paralelamente às linhas de
força.
c) a força sobre o condutor será nula se ele estiver colocado perpendicularmente ás linhas.
d) não surgirá força alguma, independentemente de sua posição.
e) o condutor ficará submetido a uma força, se ele não estiver colocado paralelamente às
linhas.

3- Coloque verdadeiro (V) ou falso (F) dentro dos parênteses.


a) ( ) num motor elétrico de CC sempre existe necessidade de fornecer-se corrente
somente ao rotor.
b) ( ) o princípio de funcionamento de um motor elétrico de CC é o mesmo de um
amperímetro.
c) ( ) aumentando-se a intensidade da corrente através do rotor de um motor elétrico,
também aumentará o valor da força que atua sobre os condutores do rotor.
d) ( ) um motor elétrico recebe energia elétrica e fornece energia mecânica.
e) ( ) o sentido de rotação de um motor elétrico de CC depende do sentido da corrente
fornecida ao mesmo.

4- Um feixe de partículas beta (β), as quais são constituídas de


elétrons emitidos por radiação (desintegração de núcleos), incide
horizontalmente no centro de um anteparo vertical, como mostra a
figura deste problema.
a) Se for aplicado ao feixe apenas um campo elétrico E , como
aquele mostrado na figura (campo criado pelas barras positiva
e negativa), para onde seriam desviado os elétrons?
b) E se fosse aplicado ao feixe apenas um campo B como aquele
mostrado na figura?
c) Qual a região do anteparo que seria atingida pelos elétrons se os campos E e B fossem
aplicados simultaneamente?
d) Responda os itens acima novamente, considerando que o feixe era constituído de partículas
alfa (núcleos de átomos de hélio – cargas positivas).
5- Uma partícula eletricamente neutra, quando solta
do ponto P, cairá verticalmente atingindo o ponto
0. Se do mesmo ponto P cair uma partícula
eletricamente negativa, o ponto a ser atingido
será:
a)0 b)1 c)2 d)3 e)4

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190 Forças Magnéticas

6- Um feixe de elétrons é lançado com velocidade v,


paralelamente ao plano da página, no interior de um campo B
magnético uniforme de intensidade B, como mostra a figura.
Nestas condições, verifica-se que:
a) os elétrons sofrem um desvio para dentro da página, no
v
interior do campo magnético.
b) o módulo da velocidade dos elétrons no interior do campo
diminui.
c) os elétrons sofrem um desvio para a direita no plano da
página, sendo que o módulo da sua velocidade não varia.
d) os elétrons não mudam a direção de seu movimento, e o módulo da sua velocidade aumenta.
e) a força magnética sobre os elétrons tem a mesma direção que a sua velocidade.

7- A figura dada ilustra um feixe de


partículas, com velocidade v, desviadas por X
um campo magnético uniforme B entre duas
placas. As partículas, então, atingem a v
Y
segunda placa nos pontos X, Y, e Z. As
cargas das partículas que atingem os pontos feixe de Z
X, Y, e Z são, respectivamente: particulas
B
a) positiva, negativa e neutra a
b) negativa, neutra e positiva c) positiva, neutra e negativa
d) neutra, positiva e negativa e) neutra, negativa e positiva

8 - Uma partícula com carga negativa se desloca no segundo


Y
quadrante paralelamente ao eixo dos x, para a direita, com
velocidade constante, até atingir o eixo dos y (conforme a
figura). A partir daí a sua trajetória se encurva. Com base
nisso, é possível que no primeiro quadrante haja:
I - somente um campo elétrico paralelo ao eixo dos y no
sentido dos y negativos.
II - somente um campo magnético perpendicular ao plano xy, entrando no plano xy.
III - um campo elétrico paralelo ao eixo dos x e um campo magnético perpendicular ao plano xy.
Quais afirmativas estão corretas?
a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas III
d) Apenas II e III e) I, II e III

9 - Um feixe de elétrons passa, inicialmente, entre


os pólos de um ímã e, a seguir, entre duas
placas paralelas, carregadas com cargas de
sinais contrários, dispostos conforme a figura.
Na ausência do ímã e das placas, o feixe de
elétrons atinge o ponto O do anteparo. Em
virtude das ações dos campos magnético e
elétrico, pode-se concluir que o feixe:
a) passará a atingir a região I do anteparo.
b) passará a atingir a região II do anteparo.
c) passará a atingir a região III do anteparo.
d) passará a atingir a região IV do anteparo.
e) continuará a atingir o ponto O do anteparo.

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Forças Magnéticas 191

PROBLEMAS PROPOSTOS
1- Uma partícula com carga elétrica igual a 2mC desloca-se através de uma região com velocidade
igual a 360Km/h. Sabendo-se que nesta região existe uma indução magnética de 0,4T e que o
movimento é perpendicular às linhas de indução, determine o valor da força magnética que
atuará sobre a partícula.
2- Um corpo com carga igual a 20µC entra numa região onde temos uma indução magnética de
0,3T com velocidade igual a 7km/s.
1º) Calcule a força magnética que atuará sobre o corpo supondo que o ângulo entre B e v .
seja:
a) 0° b) 30º c) 90° d) 180º
2º) Qual deve ser o ângulo entre os vetores para que a força magnética seja máxima?
3- Um fio de 10cm de comprimento e percorrido por 15A está colocado perpendicularmente às
linhas de indução, sendo B =3mT. Determine o valor da força que atuará sobre o condutor.
4- Um fio condutor cilíndrico de 700cm de comprimento, cuja seção transversal possui 2,lmm2 de
área e de coeficiente de resistividade igual a 1,2 x 10-8Ω.m é submetido a uma ddp de 1,5V.
Considerando-se ainda que o fio está imerso perpendicularmente às linhas de indução, onde
B=1,3T, determine o valor da força que atuará sobre o condutor e represente no esquema dado.

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192 Campos Magnéticos das Correntes

14. CAMPOS MAGNÉTICOS DAS CORRENTES

14.1. CAMPO MAGNÉTICO DE UM CONDUTOR RETILÍNEO


Todo o fenômeno magnético é criado por movimentos de cargas elétricas, seja devido a
correntes elétricas ou pela rotação dos elétrons em torno dos núcleos. Um fio percorrido por
corrente produz um magnetismo ao seu redor que é capaz de magnetizar limalhas de ferro e
deflexionar bússolas na sua vizinhança. Este fenômeno resulta distribuído ao longo de seu
comprimento e perpendicularmente ao mesmo.
Na figura ao lado, tem-se um fio retilíneo comprido em que a B
corrente está saindo do plano deste papel. Sabe-se que, neste caso, as
linhas de força são circulares e concêntricas com o condutor. O sentido I
da indução magnética B é sempre tangente à circunferência e pode ser d
descoberto pela regra da mão direita para condutores. Convém
salientar que será usado o sentido convencional da corrente.

A regra do polegar da mão direita é aplicada da seguinte maneira:


coloca-se o polegar da mão direita no sentido da corrente e os demais
dedos como se fossem agarrar o condutor; os demais dedos indicarão o
sentido das linhas de força ao redor do condutor.

Através de certas experiências, percebe-se que uma agulha de


bússola se movimenta (ou limalhas de ferro se orientam) quando colocada
nas proximidades de um fio condutor percorrido por corrente elétrica. Se,
por exemplo, uma agulha fosse colocada numa posição fixa, próxima a
um condutor percorrido por uma corrente variável, notar-se-ia que o efeito
magnético sobre a agulha também seria variável, ou seja, quanto maior a
corrente, maior o valor da indução magnética. Supondo, porém, que num
condutor circulasse uma corrente constante e que a agulha fosse colocada em vários pontos, notar-
se-ia um efeito magnético maior no ponto que ficasse situado mais próximo do condutor.

“UMA CORRENTE ELÉTRICA DÁ ORIGEM A CAMPOS MAGNÉTICOS QUE VARIAM


DE ACORDO COM A CORRENTE E COM A DISTÂNCIA DO CONDUTOR AO PONTO
CONSIDERADO.”
De acordo com as observações vistas, pode-se afirmar que o valor da indução magnética B
é diretamente proporcional à intensidade da corrente I e inversamente proporcional á distância d.
Mas não são apenas estes dois fatores que influenciam no campo, pois este depende também do
meio onde o condutor está situado e do sistema de unidades empregado. Como trabalharemos, na
maioria dos casos, com condutores imersos no vácuo e com o Sistema Internacional de Unidades,
será usada, a constante 2xl0-7 T.m/A, a qual caracteriza os fatores mencionados. Para acabar a
indução magnética, no caso do vácuo, utilizaremos a relação abaixo.

I
B = 2.10−7.
d

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Campos Magnéticos das Correntes 193

Considerando um condutor num plano, como o do esquema abaixo, à esquerda, o campo


magnético seria representado por linhas que envolvem o condutor, as quais penetram na parte
superior e saem na parte inferior do condutor. Se, no entanto, o condutor estivesse colocado
perpendicular a esta folha e a corrente estivesse saindo do condutor, conforme esquema abaixo
(figura central), teríamos o campo formado por linhas de indução circulares e concêntricas.

Materialização das linhas de indução em torno


de um condutor, usando limalhas de ferro

PROBLEMA RESOLVIDO
Um fio condutor reto é percorrido por uma corrente elétrica de 100mA. Considerando que
o condutor está imerso no vácuo, determine o valor da indução magnética originada por esta
corrente num ponto situado a 2cm do condutor.
2 x l0 -7 x I 2 x l0- 7 x 0,1
I = l00mA = 0,lA B = B =
d 0,02
d = 2cm = 0,02m
B = 1 x 10-6T
B=?
B=1µT

14.2. CAMPO MAGNÉTICO DE UM SOLENÓIDE


Chama-se de solenóide uma bobina constituída de espiras
circulares, enroladas uniformemente uma ao lado da outra, como mostra a
figura ao lado.
Ligando-se um gerador a este solenóide, nele circulará uma corrente elétrica, que por sua
vez, dará origem a um campo magnético. O campo magnético de um solenóide apresenta uma
configuração muito semelhante à de um ímã em forma de barra. Portanto, um solenóide possui,
praticamente, as mesmas propriedades magnéticas de um ímã.
Por exemplo, um solenóide percorrido por uma
corrente, suspenso de maneira que possa girar livremente,
se orienta na direção norte-sul, sendo que suas
extremidades se comportam como os pólos de um ímã. No
solenóide ao lado, a corrente penetra na parte superior e sai
na parte inferior do enrolamento. A extremidade da qual as
linhas de indução estão emergindo se comporta como um
pólo norte e a extremidade na qual elas penetram no
solenóide se comporta como um pólo sul.

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194 Campos Magnéticos das Correntes

Um solenóide quando percorrido por uma


corrente, comporta-se como se fosse um pequeno ímã,
possuindo, pois, pólos magnéticos. Se forem
esparramadas limalhas de ferro num solenóide
percorrido por uma corrente elétrica poderíamos
vizualizar os efeitos do campo magnético existente no Materialização das linhas de indução no interior
interior do solenóide, conforme ilustração ao lado. de um solenóide, usando limalhas de ferro

A regra da mão direita também pode ser usada para determinar o sentido do campo
magnético. Ao lado, analisando o enrolamento, temos a corrente (sentido convencional) subindo
pela frente e descendo por trás do solenóide.
Colocando os quatro dedos da mão direita no sentido
da corrente, como se fossem agarrar o solenóide,
teremos a extremidade do dedo polegar apontando
sempre para o pólo norte do solenóide. Na realidade o
dedo polegar está fornecendo o sentido das linhas de
indução, as quais sempre vão do sul para o norte
dentro de um ímã (ou de um eletroímã). No interior do
eletroímã tem-se um campo magnético praticamente
uniforme.
Para calcular a indução magnética, no caso do vácuo, temos a expressão abaixo.
N .I
B= 4π . 10 - 7 ⋅
l
Nota-se que os fatores que influenciam o valor da indução magnética são: a corrente
elétrica I, o número de espiras N e o comprimento l do solenóide, sendo a indução diretamente
proporcional aos dois primeiros.
Quanto maior a corrente, maior será o efeito magnético percebido e, se forem colocadas
mais espiras, os efeitos magnéticos somar-se-ão, resultando uma indução maior. Se as espiras forem
colocadas mais juntas (comprimento menor) haverá maior concentração de corrente e espiras por
unidade de comprimento, de modo que a indução é, então, inversamente proporcional ao
comprimento da bobina.

14.3. ELETROÍMÃ
Na prática, a indução magnética no interior de um solenóide
possui um valor muito pequeno. Por isto, para que existam efeitos
magnéticos consideráveis, é necessário que seja introduzido um núcleo
de material magnetizável no interior do solenóide. Este núcleo imantar-
se-á, criando um campo próprio que, somado com o campo do
solenóide, constituirá um campo resultante único, cujos efeitos serão
bem mais acentuados que os do campo inicial. Este fenômeno ocorrerá
quando for introduzido um núcleo de ferro doce, o qual terá a
característica de ordenar seus pequenos imãs elementares, ao ser
submetidos à ação de um campo externo. Porém, assim que for
eliminado este campo indutor, os imãs elementares novamente se desordenarão, desaparecendo,
pois, os efeitos magnéticos deste núcleo.

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Campos Magnéticos das Correntes 195

Se o material introduzido no interior do solenóide fosse o aço temperado, o campo


resultante também aumentaria consideravelmente, mas após o corte da passagem da corrente, o aço
continuaria imantado. Ele tem a característica de reter uma certa magnetização, mesmo cessada a
causa da imantação.
O solenóide percorrido por corrente e envolvido num núcleo de
material magnético é chamado de “eletroímã” que, nas máquinas
elétricas, tem a função de um ímã. No caso de um guindaste
eletromagnético, usa-se um núcleo de magnetização temporária, ou seja,
após o corte da corrente, o eletroímã perde o seu magnetismo, liberando
as peças magnéticas que estavam presas.

Uma outra vantagem do eletroímã é a inversão de polaridade, que se pode conseguir pela
inversão da corrente ou pela inversão do modo de enrolar as espiras, de acordo com os esquemas a
seguir.

N S S N N S

Uma maneira prática de você construir um eletroímã seria através da utilização de um


prego grande, e de ferro, envolvido por mais ou menos 50 espiras de
fio fino. Bastaria você ligar as extremidades do fio aos terminais de
uma pilha e teríamos, então, um eletroímã. Esta experiência poderia
ser repetida, mas com a substituição do prego de ferro (núcleo do
eletroímã) por um objeto de aço (chave de fenda). Em qual dos casos,
o eletroímã continuaria atuando, mesmo abrindo-se circuito? Revise
os conteúdos abordados e procure chegar a uma conclusão.

14.4. APLICAÇÕES PRÁTICAS DE CAMPOS DAS CORRENTES


- Campainha
Uma das aplicações do eletroímã é a
campainha elétrica de corrente contínua, conforme
desenho ao lado. Ao apertar-se o botão da
campainha, a corrente elétrica faz com que o
eletroímã funcione atraindo uma barra de ferro, na
qual está preso um martelo que faz soar o gongo.
Um interruptor de contato junto a barra de ferro
acaba abrindo o circuito, em função do magnetismo
que existia no eletroímã. Com o circuito abrindo, a
barra de ferro deixa de ser atraída e o martelo
retorna a posição original. Enquanto o botão da
campainha estiver sendo acionado, este interruptor
de contato acabará fechando e abrindo o circuito
elétrico, de modo que o ruído do gongo será
produzido por sucessivas batidas.

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196 Campos Magnéticos das Correntes
Contatos comandados
pela armadura
Relés magnéticos
Uma outra aplicação do
eletroímã é o relé, dispositivo muito
empregado em centrais telefônicas e Armadura
quadros de comandos. Ele é constituído
de um núcleo magnético, uma bobina,
armadura e uma série de contatos que Núcleo Magnético
abrem e fecham circuitos. Terminais
Bobina
de bobina

No circuito ao lado, quando o botão K é pressionado, a


bobina do relé ficará submetida a uma tensão, pois o caminho estará
fechado para o positivo da fonte e, do outro lado da bobina temos K
um negativo fixo. Consequentemente a armadura será atraída pelo
núcleo, acionando, pois, o contato superior, através do qual o
positivo da fonte ficará conectado à lâmpada. Como temos um
negativo fixo do outro lado da lâmpada, a mesma irá acender.
Portanto, este tipo de circuito pode ser usado para sinalizações.

Ao lado, temos um relé, cuja bobina está em série fixação da


com um lumistor (LDR). Durante o dia, o LDR oferece fio armadura
uma baixa resistência, ocasionando a passagem de corrente flexível
de intensidade suficiente para operar o relé. Assim, a força mola
magnética é superior a força da mola, mantendo abertos os
contatos comandados pelo relé. A mola fica, então,
distendida (alongada). Ao chegar a noite, a resistência do
LDR aumenta de valor, fazendo com que a intensidade da
corrente diminua. Logo, a força magnética do relé será
inferior a força da mola, a qual volta a sua posição de
repouso, fechando os contatos do circuito da lâmpada. Esta
montagem provoca o consumo de energia elétrica também
durante o dia, mas é um consumo extremamente reduzido, 220V
apenas o suficiente para manter o relé operado. O circuito
de potência significativa é o circuito de funcionamento da lâmpada. É comum o uso de relés que
operam em baixa tensão e trabalham com correntes da ordem de miliampères, para controlar
circuitos de elevada potência com correntes de 10A, 20A ou mais.

PROBLEMA RESOLVIDO
Um solenóide possui 500 espiras, 4Ω de resistência e 20cm de comprimento. Este
enrolamento está ligado a um gerador de f.e.m. igual a 20V e resistência interna de 1Ω. Determine o
valor da indução magnética no seu interior.
N=500 esp ε B = 4π x 10 -7 .
N.I
R=4Ω I =
r+R l
ε=20V 20 500. 4
I = B = 4π x 10 -7 .
r=1Ω 1+ 4 0,2
ℓ =0,2m I = 4A B = 12,56 x 10 T
-3
B=?

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Campos Magnéticos das Correntes 197

QUESTÕES PROPOSTAS

1 - Colocando-se um Teslímetro (medidor de indução magnética B) nas proximidades de um


condutor reto percorrido por corrente, nota-se que a escala do instrumento indica a existência de
um campo de indução B1. Se a corrente for triplicada e a distância entre o Teslímetro e o
condutor cair á metade, a indução magnética indicada será B2.
Qual a relação entre B1 e B2 ?
a) B1 = B2 b) B1 = 6B2 c) B1 = (2/3)B2 d) B1 = B2/6
2 - A figura deste exercício representa quatro bússolas apontando, inicialmente, para o pólo Norte
terrestre. Pelo ponto O, perpendicularmente ao plano de papel, coloca-se um fio condutor
retilíneo e longo. Ao se fazer passar pelo condutor uma corrente elétrica contínua (sentido
convencional) e intensa no sentido da vista do leitor para o plano do papel, permanece(m)
praticamente inalterado(s) somente a(s) posição(ões):
B
a) das bússolas A e C
b) das bússolas A, C e D A
C
c) das bússolas B e D X
O
d) da bússola A
e) da bússola D
D
3 - A figura ao lado, mostra um fio condutor retilíneo
por onde passa uma corrente elétrica I convencional.
Uma carga elétrica negativa -q move-se com
I
velocidade v , paralelamente ao fio e no mesmo -q
sentido da corrente. A direção e o sentido da força v
F sobre a carga, conseqüência da presença do fio,
pode ser representada pelo vetor:
a) b) c) d) e)

4 - O que é um eletroímã? Quais suas vantagens em relação a um ímã? Cite duas aplicações de um
eletroímã.

5 - Um solenóide FG, percorrido por uma corrente, foi suspenso de modo poder girar livremente
Observou-se que ele se orienta na direção norte-sul, com sua extremidade F voltada para o
Norte geográfico da Terra.
a) A extremidade F deste solenóide está se comportando como um pólo norte ou como um pólo
sul?
b) Logo, o campo magnético no interior do solenóide está dirigido de G para F ou de F para G?

6 - A figura representa um fio retilíneo e muito longo percorrido 2


por uma corrente elétrica convencional I de A para B. Qual o A
sentido do campo magnético criado pela corrente em P?
a)1 b)2 c)3 1 3
d)para fora da página e)para dentro da página P
B

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198 Campos Magnéticos das Correntes

(1)
7 - Duas bobinas (1) e (2), de mesmo comprimento, são feitas com
mesmo tipo de fio e estão ligadas a uma bateria. O número de
l
espiras na bobina (1) é o dobro do número de espiras na bobina (2).
Analise as alternativas seguintes e assinale aquelas que são corretas. (2)
a) as duas bobinas estão submetidas á mesma tensão;
b) a resistência da bobina (1) é duas vezes menor do que a da
bobina(2);
c) a corrente na bobina (1) é duas vezes menor do que a bobina(2);
d) a indução magnética no interior da bobina (1) é igual ao da bobina (2).

8 - Como vimos, podemos obter um eletroímã se enrolarmos um fio condutor em torno de uma
barra de ferro e fizermos passar uma corrente contínua no fio. Supondo que a barra do referido
eletroimã seja retirada do interior do solenóide e, aproximada de um prego comum, diga se a
barra atrairá ou não o prego nos seguintes casos:
a) a barra é de aço temperado; b) a barra é de ferro doce.
9 - No esquema ao lado, ocorrerá atração ou repulsão
entre os solenóides? Justifique.

10 - Na figura estão representados uma bobina enrolada em torno de


um núcleo de ferro, ligada em série com um resistor de N S
resistência R e uma bateria. Próximo à bobina, está um ímã, com
os pólos norte (N) e sul (S) na posição indicada. O ímã e a bobina
estão fixos nas posições mostradas na figura. Com base nessas
informações, é correto afirmar que:
a) a bobina não exerce força sobre o ímã.
b) a força exercida pela bobina sobre o ímã diminui quando se aumenta a resistência R.
c) a força exercida pela bobina sobre o ímã é diferente da força exercida pelo ímã sobre a
bobina.
d) o ímã é repelido pela bobina.

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Campos Magnéticos das Correntes 199

PROBLEMAS PROPOSTOS
1 - Um fio condutor de 5Ω de resistência, quando submetido a uma tensão de 25V, é percorrido por
uma certa corrente. Sabendo-se que a referida corrente elétrica dá origem a uma indução
magnética 5 x l0-5T a uma distância d do condutor, determine o valor de d.

2 - A figura ao lado, mostra um condutor retilíneo, longo e horizontal


percorrido por uma corrente de 5A. Sabendo-se que a distância do condutor
ao ponto M é 20cm e que do condutor ao ponto N é l0cm, calcule o valor da
M N
indução magnética originada pela corrente em cada um dos referidos pontos
e indique seu sentido. I

3 - Os fios 1 e 2 mostrados na figura, são retilíneos e Fio 2


muito compridos, estando ambos no ar e situados no
plano desta folha. Há, no fio 1, uma corrente I1=10A e
no fio 2, uma corrente I2. Deseja-se que a indução Fio 1
magnética resultante, devido as correntes, seja nula no
I1 20cm
ponto P. Para que isto aconteça:
a) determine qual deve ser o sentido da corrente I2 no 45cm P
fio 2;
b) calcule qual deve ser o valor de I2.

4 - Os fios 1 e 2 mostrados na figura, são retilíneos e I2


muito compridos, estando ambos no ar e situados no
plano desta folha. Há, no fio 1, uma corrente I1= 2A e
no fio 2, uma corrente I2=5A. Determine o valor (em I1 10cm
µT) e o sentido da indução magnética B resultante no
ponto P. 40cm P

5 - Um solenóide de 20cm de comprimento possui 250 espiras. Calcule o valor da indução


magnética originada na região central pela passagem de uma corrente elétrica de 4A.

6 - Um gerador de f.e.m. igual a l00V e resistência interna de valor desconhecido mantém uma
determinada corrente num solenóide de 200 espiras e l0cm de comprimento. Sabendo-se
também que o solenóide possui uma resistência elétrica de 195Ω e que a indução magnética no
seu interior vale 12,56 x 10-4T, determine o valor da resistência interna do gerador.

7 - Um solenóide de l0cm de comprimento, com núcleo de ar, tem l000 espiras enroladas bem
juntas. Calcule a corrente que deve circular no solenóide, de modo a obter uma indução
magnética de 0,1T.

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200 Indução Eletromagnética

15. INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA

Nos capítulos anteriores, você já trabalhou bastante com campos magnéticos e já viu que
eles podem ser produzidos por correntes elétricas. 0 fato de o campo magnético poder ser criado por
uma corrente levou os físicos a especularem sobre a possibilidade de um campo magnético provocar
o aparecimento de uma corrente num condutor. Esta corrente poderá aparecer num circuito quando
através dele houver, por exemplo, uma variação de campo magnético, sendo que este fenômeno é
denominado de “indução eletromagnética”.

15.1. FORÇA ELETROMOTRIZ INDUZIDA


No esquema a seguir, temos um solenóide ligado a um miliamperímetro de zero no centro
da escala e que, portanto, pode indicar o sentido da corrente. Se o ímã for movimentado, o ponteiro
do instrumento será deflexionado, indicando o
aparecimento de uma corrente. Nota-se que no
circuito não existe nenhum gerador e, no entanto,
consegue-se uma corrente através da indução
eletromagnética.
Se o movimento do ímã fosse mais rápido, a
N
intensidade da corrente no circuito seria maior e ela
inverteria o sentido se fosse invertido o sentido do
S
movimento. Aumentando-se o número de espiras ou
trabalhando-se com um ímã mais forte, o valor desta
corrente também aumentaria proporcionalmente.
Você sabe que todo o material condutor possui
elétrons livres, sujeitos a uma força, quando estão em B +
movimento através de um campo magnético. Admitindo que
o fio condutor da figura ao lado desloca-se (para a direita)
através de um campo magnético, os elétrons deste fio que v ε
acompanham o movimento ficarão submetidos a uma força Ι
(F=B.q.v.sen θ). De acordo com a regra da mão direita, os
elétrons tenderão a se acumular na parte de baixo do
condutor e, consequentemente, a parte superior do condutor -
ficará eletrizada positivamente.
Se na parte inferior do condutor existir um potencial negativo e, na parte superior, um
potencial positivo, pode-se afirmar que entre as extremidades do condutor existe uma diferença de
potencial chamada de “f.e.m. induzida”.
Experimentalmente chega-se à conclusão que o valor desta f.e.m.induzida (εε em volt) é
diretamente proporcional ao valor da indução magnética (B em tesla), ao valor do comprimento do
condutor ( l em metro), ao valor da velocidade do condutor (v em m/s) e depende também do
ângulo α formado entre o sentido do movimento do condutor e o sentido das linhas de indução.

ε = B . ℓ . v. sen α

Os fatos expostos permitem, em qualquer caso, determinar o sentido das correntes e das
f.e.ms. induzidas em qualquer sistema que se queira considerar.

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Indução Eletromagnética 201

Ao lado, está indicada uma regra prática que fornece r


diretamente o sentido da f.e.m. induzida (ou corrente ⇒ sentido
v
convencional) no condutor, a qual é denominada “regra dos três
dedos da mão direita” (regra de Fleming). Esta regra funciona
da seguinte maneira: dispõe-se o indicador, o polegar e o médio r
da mão direita a 90º entre si, colocando-se o primeiro na ε
direção do campo, o segundo na direção do movimento e o
terceiro, isto é, o médio, fornece a direção da f.e.m. induzida
(ou corrente induzida). Como você deve ter percebido, é
necessário que algum agente externo empregue uma energia
mecânica para deslocar o condutor e originar energia elétrica. A
máquina que faz este tipo de transformação de energia é o gerador elétrico, cujo princípio de
funcionamento é o seguinte:
“TODA A VEZ QUE UM CONDUTOR SE DESLOCAR DE MODO A CORTAR AS LINHAS
DE INDUÇÃO DE UM CAMPO MAGNÉTICO, SURGIRÁ ENTRE SUAS
EXTREMIDADES UMA F.E.M. INDUZIDA.”

A constituição de um gerador elétrico é


semelhante a de um motor elétrico. Por exemplo, no
desenho ao lado, as partes principais da máquina são o
estator (indutor) e o rotor (induzido). Basicamente, um
gerador consiste num quadro de fios condutores que pode
girar no interior de um campo magnético, movimento este
que é acionado através de um dispositivo externo.
Enquanto o quadro gira, os condutores “cortam” as linhas
de indução, surgindo, então, uma f.e.m. induzida no
circuito, que ocasionará o aparecimento de uma corrente
elétrica induzida. É importante destacar que, para surgir
f.e.m. induzida, basta haver movimento relativo entre os condutores e o ímã, ou seja, surgirá
também f.e.m. se os condutores ficarem estáticos e o ímã se movimentar.

PROBLEMA RESOLVIDO
Um condutor de 30cm de comprimento, 10mm2 de área da seção transversal e coeficiente
de resistividade igual a 16x10-5Ω.m é movimentado com uma velocidade de 40m/s através de uma
região onde existe uma indução magnética de 0,2T. Sabe-se que o circuito está fechado através de
um resistor de 5,2Ω de resistência e que o sentido do movimento é perpendicular as linhas de
indução. Determine o valor da f.e.m. induzida entre as extremidades do condutor, da resistência
elétrica do condutor (resistência interna do gerador) e da corrente que aparece no circuito
ℓ = 30cm = 0,3m ε =B. ℓ.v.sen α = 0,2 x 0,3 x40 ε =2,4V
2 -6 2
A = 10mm = 10x10 m ρ.l 16 x10 −5 x0,3
r= = r = 4,8Ω
ρ = 16x10-5Ω.m A 10 x10 − 6
v = 40m/s ε 2,4
I= = I = 0,24A
B = 0,2T r + R 4,8 + 5,2
R = 5,2Ω
ε = ? r= ? I = ?

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202 Indução Eletromagnética

Vamos agora analisar o caso em que uma espira faz


um movimento rotativo através de um campo magnético, que
é o caso que mais se aproxima da realidade. Nesta situação,
teríamos que considerar o dobro de comprimento, pois tanto a
parte inferior como a parte superior cortariam o campo
S
magnético. Quando um dos condutores (um lado da espira "N" espiras
retangular) estiver passando sob o pólo sul, o outro estará
passando em frente ao pólo norte em sentido contrário, de
modo que devemos somar as f.e.ms. induzidas nos dois
condutores, ou seja, teremos o dobro de f.e.m. induzida.
N
No caso de uma bobina rotativa com N espiras
(desenho anterior), que é o caso que se tem na realidade, teríamos que multiplicar pelo número de
espiras. ε = 2.N. B. l. v. sen α
No caso de movimento rotativo, a velocidade do movimento é geralmente expressa em
rotações por segundo ou por minuto. No entanto, para a utilização na equação deve-se ter a
velocidade v em metros por segundo. Como a trajetória do condutor é uma circunferência de raio r,
em cada rotação completa, o condutor percorre uma distância igual ao comprimento da
circunferência, ou seja, 2.π.r (metros). Multiplicando-se esta distância pelo número de rotações por
segundo (n) ter-se-á o número de metros percorridos por segundo, que é a velocidade procurada (v).
v (m/s) = 2.π.r (m).n (rps)

15.2. FLUXO MAGNÉTICO (φ)


Ao lado, temos um campo que varia de um ponto
para outro. Observa-se em cada posição, uma certa
quantidade de linhas de indução atravessando a área
(uma mesma espira) considerada, sendo que esta
quantidade é denominada de “fluxo magnético”, sendo
que temos um fluxo maior na posição 2.
Vamos analisar, agora, o fluxo
magnético (φ) através de uma espira circular B B B
de área A, imersa numa região de indução n n
magnética B. Inicialmente, cabe lembrar que
n
todo o plano possui uma reta perpendicular a
si próprio, a qual é denominada de sua reta
normal. Portanto, vamos considerar a
 = 0º  = 90º 0º < < 90º
existência de um ângulo γ entre a reta   
normal ao plano que contém a espira e as  máx  nulo  médio
linhas do campo. Ao lado, temos uma espira
colocada de três maneiras distintas na mesma região. No caso da esquerda, está posicionada
perpendicularmente as linhas; no caso do meio, paralelamente às linhas e, no último caso, numa
posição oblíqua em relação as linhas de indução. Nota-se que os fatores que influenciam o valor do
fluxo magnético através da espira não são apenas a indução magnética e a área da espira, mas
também a posição. Esta posição é identificada pelo cosseno do ângulo.
φ α B
 φ = B . A . cos γ
φ α A

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Indução Eletromagnética 203

No nosso estudo, em geral, vamos trabalhar com a espira colocada perpendicularmente às


linhas de indução, ou seja, no desenho anterior é o caso bem da esquerda. Nesta situação, teremos o
ângulo γ (ângulo entre a normal ao plano que contém a espira e as linhas de indução) igual a 0º.
Logo, teremos cos γ igual a 1. Percebe-se que podemos desprezar o cos γ. Assim sendo, a equação
que nos interessa pode ficar resumida da seguinte forma:
φ = B. A
No sistema internacional de unidades, a unidade de fluxo é o Weber (Wb). Um Weber é
uma unidade bastante grande e representa uma quantidade de 108 linhas de indução. Por isto, são
usadas, geralmente, subunidades (1 mWb = 10-3 Wb, 1 µWb = 10-6Wb ).
u (φ) = u(B). u(A) = Wb/m2 . m2 u (φ) = Wb
No sistema CGS o fluxo tem como unidade uma linha de indução ou um Maxwell e as
relações entre elas são: 1 Weber = 108 Maxwell = 108 linhas

PROBLEMA RESOLVIDO
Uma espira circular de 10cm de raio está imersa perpendicularmente a uma indução
magnética de 1,5Wb/m2. Considerando-se que a indução magnética aumentou para 2Wb/m2,
determine a variação de fluxo que ocorreu através da espira.r =10cm= 0,lcm
γ = 0° A = π . r2 φ1 =B1 . A . cos γ
B1 =1,5Wb/m2 A = 3,14 x 0,01 φ1 = 1,5 x 314 x 10-4
B2 = 2Wb/m2 A = 0,0314m2 ∆φ = 471 x 10-4Wb
∆φ = ? A = 314 x10-4m2
∆φ = φ2 - φ1
φ1 = B2 . A . cos γ
∆φ = (628 –472) x 10-4
φ2 = 2x314x10-4
∆φ = 156 x 10-4Wb
φ2 = 628 x 10-4Wb

15.3. LEIS DE FARADAY E DE LENZ


a) Lei de Faraday
Consideremos a espira ao lado, que está mergulhada no
campo magnético gerado pelo ímã. Movimentando-se o ímã em
relação à espira, haverá uma variação de fluxo através dela. Quando
o fluxo magnético varia no decorrer do tempo, surge, nesse circuito,
uma f.e.m. induzida e, consequentemente uma corrente elétrica
induzida.
Analisemos, agora, o caso ao lado, onde um
condutor reto AC está imerso num campo magnético de
indução B. Este condutor é apoiado num fio condutor de
modo a constituir uma espira retangular. Se o condutor AC
for movimentado para a direita com uma certa velocidade,o
fluxo através da espira irá variar (∆φ= B . ∆A), ou seja,
aumentará, pois a área contida na espira também aumentou.

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204 Indução Eletromagnética

Sabe-se que ε = B . ℓ. v e que v = d /∆t.


Logo: ε =(∆φ /∆A). ℓ. d / ∆t. Como ℓ. d = ∆A, teremos: ε = φ∆/∆t.
No caso de N espiras, teremos: ε
= N . ∆φ / ∆t
Esta equação é chamada de LEI DE FARADAY ou Lei da Indução Eletromagnética, a
qual pode ser enunciada da seguinte forma:
“SEMPRE QUE HOUVER VARIAÇÃO DE FLUXO MAGNÉTICO ATRAVÉS DE UM
CIRCUITO INDUZIR-SE-Á, NO MESMO, UMA F.E.M.”.

b) Lei de Lenz
O princípio da conservação da energia diz que a energia não pode ser criada, nem destruída,
mas apenas transformada de uma forma para outra. Quando o fluxo varia dentro de um circuito
elétrico, gera-se f.e.m. e corrente induzida o que significa a presença de energia elétrica. Para surgir
esta forma de energia, uma outra forma de energia deve ser obrigatoriamente consumida. O fluxo
criado pela corrente induzida deve, então, tentar impedir a variação do fluxo indutor, que é a causa
de f.e.m. induzida. Assim sendo, para manter a geração de energia elétrica, fica necessário o
consumo de outra forma de energia para vencer esta oposição.
Se o fluxo criado pela corrente induzida viesse a acelerar a variação do fluxo original,
haveria uma espécie de reação em cadeia onde seria gerada energia elétrica gratuitamente, ferindo o
principio da conservação da energia.
Nos circuitos reais, o fluxo induzido apenas tenta impedir a variação do fluxo sem, no
entanto, consegui-lo integralmente. Num circuito ideal, sem resistência nenhuma, o fluxo induzido
teria intensidade tal que impediria totalmente a variação do fluxo.
Existe uma lei que regulamenta estes princípios, lei esta que nos dá condições de
determinar o sentido (polaridade) da f.e.m. induzida. Esta lei é denominada de LEI DE LENZ e diz
o seguinte:
“O SENTIDO DA FORÇA ELETROMOTRIZ INDUZIDA É TAL QUE ELA SE OPÕE,
PELOS SEUS EFEITOS, A CAUSA QUE LHE DEU ORIGEM”.
A Lei de Lenz é traduzida, matematicamente, através do sinal negativo que aparece na
equação relativa a Lei de Faraday, ou seja:
ε = - N . ∆ φ /∆t
No caso do desenho ao lado, a f.e.m. induzida originará na
bobina uma corrente que, por sua vez, polarizará o solenóide de forma a
se opor ao movimento do ímã. Se o movimento for de afastamento,
teremos a indução de um pólo sul na esquerda do solenóide. No caso de
i
um movimento contrário, a corrente induzida também inverte de G

sentido, de modo a induzir no solenóide uma polarização oposta.


Ao lado, no caso a, temos o
pólo norte do ímã se aproximando do
espira. Sabendo-se que este
movimento sofrerá uma reação
contrária, podemos deduzir que será
induzido um pólo sul na parte superior
da espira (sul da espira e norte do ímã
tenderão a atraírem-se). Tente
explicar os outros casos.

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Indução Eletromagnética 205

Este movimento de afastamento faz com que o fluxo através da espira esteja diminuindo.
Então, a f.e.m. induzida terá um sentido tal que, a corrente induzida produzirá um fluxo induzido
cujo sentido será coincidente com o fluxo original, tentando manter o fluxo constante, ou seja,
tentando impedir o decrescimento do fluxo na espira.
Tanto pela explicação da polaridade contrária surgida na espira como no sentido de
variação de fluxo, chegaríamos a conclusão de que o sentido da corrente induzida é o indicado na
figura. No caso do fluxo criado pela corrente induzida na espira teríamos que usar a regra do
polegar da mão esquerda (campo criado por corrente que circula num fio condutor).
No circuito ao lado, temos uma fonte de C.C. alimentando uma bobina.
Enquanto houver variações de corrente, também teremos variações de fluxo,
ocasionando, então, f.e.m. auto-induzida. Nota-se que o próprio circuito induz
f.e.m. nele mesmo. Daí, a denominação f.e.m. auto-induzida.
Vamos analisar os fenômenos que
ocorrem quando o interruptor é fechado e
quando o interruptor é aberto.
Fechando-se a chave, teremos a
corrente crescendo. Logo, a f.e.m. auto -
induzida terá uma polaridade tal que tenderá a
se opor a esse crescimento, ou seja, ela será
subtraída da tensão da fonte. Contudo, a
f.e.m. não pode impedir indefinidamente o
crescimento da corrente, porque não teremos
mais indução de f.e.m. quando a corrente
cessar de variar.
Abrindo-se o circuito, a polaridade da
f.e.m. auto-induzida bobina será tal que
tentará evitar o decréscimo da corrente, ou
seja, ela se somará à tensão da fonte. Da
mesma forma, a f.e.m. não pode impedir indefinidamente que a corrente diminua, pois a f.e.m. será
nula quando terminar a variação da corrente no circuito.

PROBLEMA RESOLVIDO
Um conjunto da 100 espiras, de dimensões 10cm por 20cm está colocado
perpendicularmente a uma indução magnética de 1,8T. Decorridos 5s a indução magnética variou
atingindo o valor de 2,1T. Determinar o módulo da f.e.m. induzida no conjunto de espiras, devido a
esta variação de indução magnética.
N = 100 espiras ∆B = B2 – B1 ∆φ=AB. A
ε = − N∆.∆t φ
A = 0,10m x 0,20m
A = 0,02m2 ∆B = 2,1- 1,8 ∆φ= 0,3 x 0,02 ε =−
100.6.10 −3
5
B1 = 1,8T
∆t = 5s ∆B = 0,3T ∆φ= 6 x 10-3Wb ε = - 120. 10–3V
B2 = 2,1T
ε=?

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206 Indução Eletromagnética

c) Perdas por correntes parasitas (correntes de Foucault)


No eletromagnetismo, estudamos as diversas relações entre campos magnéticos, campos
elétricos, correntes elétricas, etc. Em especial a Lei de Faraday nos diz sobre a criação de uma
corrente elétrica quando houver um campo magnético variável. Ao estudar a Lei de Faraday,
geralmente consideramos o problema clássico de um campo magnético variável que geralmente é
um eletroímã produzido por uma corrente elétrica alternada induzindo uma corrente elétrica em um
fio.
Vamos imaginar agora que um campo magnético variável
atravessa um cubo de material condutor, que no caso pode ser o
cobre (figura ao lado). Dentro do nosso cubo de cobre, podem ser
imaginados muitos caminhos, nos quais são induzidas correntes
(correntes de Foucault). As correntes de Foucault podem atingir
intensidades muito elevadas devido à baixa resistência de
condutores maciços, causando então um aquecimento elevado do
condutor através do efeito joule.
Existem casos onde estas correntes são indesejáveis, como por exemplo no caso de um
transformador. Neste caso, um esmalte isolante especial é utilizado no lado exterior das lâminas
condutoras do transformador, aumentando portanto sua resistência elétrica e dificultando a indução
das correntes de Foucault. Pode-se reduzir as perdas por correntes parasitas usando chapas isoladas
de pequena espessura, aumentando a resistividade do material pelo acréscimo de pequenos
percentuais de silício ao aço, trabalhando com indução relativamente baixa ou usando freqüência
baixa (quando for possível).

15.4. APLICAÇÕES PRÁTICAS DE INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA


- Freio eletromagnético
Podemos notar a existência das
potência
correntes de Foucault utilizando para isto um
ímã permanente mecânica
condutor maciço preso por um cabo isolante.
Utilizando este sistema então como um disco
pêndulo e fazendo-o oscilar entre os pólos de metálico
um ímã em forma de ferradura perceberemos
que correntes de Foucault serão induzidas
devido ao forte amortecimento que o sólido
sofrerá, pois segundo a Lei de Lenz, estas
correntes induzirão uma força contrária à
força magnética do ímã. Isto eqüivale a uma
ação de frenagem eletromagnética. correntes de Foucault que ocasionarão
ação de frenagem
Este sistema tem uma ação uniforme
(não há trepidação), ausência de atritos
mecânicos e os conseqüentes desgastes e
força de frenagem proporcional à velocidade.
Este princípio é aproveitado em instrumentos medidores, para que o seu ponteiro (ou
mecanismo de medição) tenha um movimento amortecido (lento). Como exemplos podemos citar o
disco e o ímã dos medidores de energia elétrica residencial ou industrial.

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Indução Eletromagnética 207

- Forno de indução
As perdas por correntes de Foucault podem ser desejáveis. É o que
acontece, por exemplo, nos fornos de indução, os quais são utilizados para
aquecer metais muito puros, que não devem ser tocados enquanto são
aquecidos para que não adquiram impurezas. A bobina da foto é parte de
um destes fornos. Ela é percorrida por uma corrente alternada muito intensa
que produz um campo magnético variável no seu interior. Como se desejam
grandes potências dissipadas recorre-se freqüentemente a freqüências
elevadas (até 1khz). Este campo variável induz correntes no metal ali
colocado, aquecendo-o. O aquecimento por indução é muito usado para tratamento térmico dos
aços, pois este processo permite um aquecimento mais uniforme da peça a ser tratada. Como o
sistema não requer combustível químico, pode-se manter melhor controle na composição química
do aço.
- Microfone e fone
O microfone é um dispositivo eletromecânico que
transforma som (vibração mecânica) em corrente elétrica. Um
diafragma, protegido por uma cobertura perfurada que permite a
passagem do som, recebe as vibrações sonoras. Quando algum
tipo de vibração do ar atinge esse diafragma, ele a transmite
para um sistema elétrico, que pode ser, por exemplo, uma
bobina móvel ou um capacitor, dependendo do tipo de
microfone utilizado.

No microfone de bobina móvel, por exemplo, ela é fixada á parte interna do diafragma e
encontra-se próxima a um imã permanente, cuja
função é produzir um campo magnético na região
onde está a bobina. A vibração do diafragma move
a bobina, de acordo com a intensidade das ondas
sonoras. Devido ao campo do imã e a este
movimento da bobina, uma corrente elétrica é saídas
induzida nela, seguindo o padrão das ondas sonoras
que atingiram o diafragma. Por essa razão, as
oscilações da corrente na bobina correspondem às
vibrações do som que produziu seu movimento: o
som foi convertido em corrente elétrica.
diafragma de pilha resistor
No microfone de capacitor, uma das placas
metal (-)
(móvel) é conectada ao diafragma, de modo que as
_ + -
vibrações sonoras possam ser transmitidas a ela. O +
_
capacitor é mantido carregado através de uma +
_
bateria. Vibrando solidária ao diafragma, a placa bobina +
_
responde aos impulsos sonoros, varia sua distância fixa (+) +
_
com a outra placa e, com isso, altera a capacitância +
do capacitor. A mudança da capacitância produz
uma corrente elétrica no circuito, que novamente capacitor
fios de
varia seguindo o padrão das vibrações sonoras saída
originais.

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208 Indução Eletromagnética

Num fone (desenho a seguir), tem-se um pequeno núcleo de material ferromagnético, em


torno do qual se enrola uma bobina, diante de uma fina placa de aço (diafragma). Passa-se pela
bobina uma corrente I que é comandada pela pessoa que fala no outro extremo. Esta corrente
aumenta ou diminui a força de atração sobre o diafragma que, desta forma, entra em vibração. A
vibração da lâmina ocasiona a vibração do ar em torno, ou seja, gera um som que é uma reprodução
mais ou menos fiel daquele que foi introduzido no microfone, no outro extremo da linha.

- Lâmpadas fluorescentes
São lâmpadas de descarga de baixa pressão, onde a luz é produzida por pós fluorescentes
que são ativados pela radiação ultravioleta (UV) da descarga. A lâmpada tem normalmente o
formato do bulbo tubular longo com um eletrodo em cada extremidade, contendo vapor de mercúrio
em baixa pressão com uma pequena quantidade de gás inerte para facilitar a partida. O bulbo é
recoberto internamente com um pó fluorescente ou fósforo que compostos, determinam a
quantidade e a cor da luz emitida.

1.tubo
2.camada fluorescente
3.meio interno
4.filamento
1 4 3 2 5 5.terminais externos

Alguns tipos de lâmpadas fluorescentes precisam de um reator e de um starter. O starter é


um dispositivo que consiste num pequeno bulbo de vidro que contém em seu interior gás argônio ou
neônio e dois eletrodos, um fixo e o outro uma lâmina bimetálica em forma de curva. O bulbo é
protegido por uma capa cilíndrica.

1.capa protetora
2.bulbo
GE EL 3.eletrodo fixo
4.lâmina bimetálica
5.terminais
6.capacitor

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Indução Eletromagnética 209

O reator é constituído por uma bobina de fio de cobre esmaltado e por


um núcleo de lâminas de material ferromagnético prensadas. Existem, hoje,
reatores eletrônicos mais modernos que proporcionam maior economia de
energia e menor manutenção, além de serem mais leves e de pequenas dimensões.
No circuito ao lado, ao fechar-se o
interruptor, a corrente irá circular pelo circuito
s
interno do starter onde existe um gás especial, o
qual aquece seus eletrodos (filamentos), fazendo
com que estes se fechem (pela deformação da lâmpada
lâmina bimetálica). Teremos, então, toda a tensão
da rede aplicada no reator. Pouco depois de
fechados os contatos, a lâmina bimetálica se esfria,
provocando novamente sua abertura (variação
reator
brusca de corrente origina elevada variação de
fluxo magnético no reator), o que faz gerar uma sobretensão entre as extremidades do reator. Esta
tensão elevada, somada com a tensão da rede, provoca a formação de um arco elétrico entre os
eletrodos, fazendo com que a corrente circule agora pelo interior da lâmpada. A corrente elétrica
mantém-se através deste caminho devido à baixa resistência existente no interior da lâmpada, já que
o outro percurso através do starter (caminho aberto), possui uma elevada resistência, sendo que o
reator passa a atuar como limitador de corrente. Os elétrons que constituem a corrente elétrica,
chocar-se-ão com os átomos do vapor de mercúrio, provocando liberação de energia luminosa não
visível (radiação UV) em todas as direções e, em contato com a camada fluorescente do bulbo,
transforma-se em energia luminosa visível. O capacitor colocado dentro do starter tem como função
diminuir a interferência da lâmpada em aparelhos eletrônicos.
- Gravação e reprodução magnética de som
Um gravador é um equipamento capaz de gravar sinais elétricos para que possam ser
reproduzidos posteriormente. A gravação é feita sob fitas especiais que são compostas por uma
película plástica recoberta com material magnético pulverizado. Cada centímetro de fita contém
milhões de partículas magnéticas tão pequenas, que só podem ser vistas por um microscópio.
Durante a gravação, os sinais elétricos de
N
entrada (oriundos de um microfone, por exemplo) são =
amplificados e conduzidos á cabeça de gravação, que S
nada mais é do que uma bobina com núcleo de ferrite.
A corrente elétrica, durante o processo, cria um campo magnético que orienta as partículas
magnéticas contidas na fita, sendo que os sinais elétricos podem ser interpretados na forma
representada ao lado. A fita magnética passa diante do entreferro (espaço de ar) e o campo
magnético agora se concentra nas partículas
de ferro da fita. O campo magnético no
entreferro acompanha as variações do sinal a sinal alternado
ser gravado, sendo que as partículas da fita, aplicado à bobina
que estão em movimento, ao passar por este
campo se magnetizam. Esta magnetização fita gravada
constitui o registro do som. Para ser fita virgem movimento
reproduzida, a fita magnética deve passar por da fita
uma cabeça semelhante a de gravação, só que
ocorre o processo inverso. Os campos magnéticos originados pelas partículas magnetizadas contidas
na fita ocasionam no núcleo da cabeça, variações de fluxo magnético, induzindo correntes elétricas
na bobina. Tais correntes são então amplificadas e acabam reproduzindo o sinal original.

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210 Indução Eletromagnética

- Transformador
Como aplicação prática de indução eletromagnética, temos um transformador (desenho a
seguir), que é constituído por um núcleo de ferro silício, tendo dois enrolamentos eletricamente
independentes. Aplicando-se uma tensão alternada no primário, este será percorrido por uma
corrente alternada (variável), que originará um campo magnético variável.
Se o campo varia, o fluxo também irá variar,
sendo que esta variação de fluxo originada no
enrolamento primário irá atingir também o
enrolamento secundário. Esta variação de fluxo Vs
através do circuito magnético induz f.e.m. nos dois Vp

enrolamentos. Tais f.e.ms. são diretamente


proporcionais ao número de espiras de cada Secundário
Primário
enrolamento, ou seja, um transformador pode elevar
ou rebaixar tensões alternadas. Conclui-se daí que a Núcleo

corrente alternada do primário deu origem a outra


corrente alternada no secundário do transformador.
Sabe-se que o núcleo magnético tem justamente a função de evitar a dispersão do fluxo, ou
seja, ele canaliza o fluxo originado num circuito de modo a atingir o outro circuito e, além disso, ele
contribui com o fluxo próprio, devido à ordenação dos pequenos ímãs elementares.
A equação a seguir, é denominada de relação de transformação, onde:

VP: tensão aplicada ao primário


VS: tensão induzida no secundário
Vs Vp
NP: número de espiras do primário =
NS: número de espiras do secundário
Ns Np

Ns Ip
Esta relação também pode ser da forma ao lado.
=
Ip: corrente do primário Np Is
IS: corrente do secundário

Pode-se, mesmo mantendo constante a tensão alternada aplicada ao primário, variar-se a


tensão alternada induzida no secundário. Consegue-se isto através da variação do número de espiras
do enrolamento secundário. Normalmente, considera-se que a potência elétrica fornecida ao
primário é igual a potência fornecida pelo secundário. Isto não reflete bem a realidade pois existem
uma série de perdas.

Normalmente, a energia elétrica é transmitida em corrente alternada (CA) pelo fato de


podermos utilizar transformadores, pois em corrente contínua (CC) isto não seria possível. Quando
esta transmissão ocorre em distâncias muito elevadas (acima de 500km), recorre-se a CC, a qual
torna-se mais vantajosa (menor número de fios e fios mais finos).

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Indução Eletromagnética 211

- Ignição de veículo
Ao lado, temos a
4
representação do sistema de 6 5
funcionamento de um motor a 3
explosão. Nestes motores, o 1 2
próprio movimento do seu eixo
comanda a abertura do platinado. vela
Quando o platinado fecha, há uma
corrente através do primário da
capacitor platinados
bobina de ignição, formando um
determinado fluxo. Quando o
platinado abre, há uma redução
bobina
brusca da corrente e do fluxo,
gerando f.e.m. na bobina.

Como o enrolamento bateria


movimento de rotação
secundário tem milhares de espiras, comandada pelo motor
gera-se no mesmo uma f.e.m. da
ordem de 15kV e o distribuidor entrega este pico de tensão para as velas, numa seqüência
conveniente. Nestas é que salta a faísca que dá início a combustão nos cilindros, gerando a pressão
do gás que impulsiona o pistão e move o virabrequim, que está ligado mecanicamente às rodas do
veículo.

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212 Indução Eletromagnética

QUESTÕES PROPOSTAS
1 - A figura dada mostra uma espira condutora e um ímã. Baseado na lei
da indução eletromagnética podemos afirmar que:
a) a presença do ímã provoca na espira uma corrente induzida.
b) se o ímã for aproximado da espira, aparece na mesma uma
corrente induzida.
c) se o ímã é fixado no interior da espira, a corrente induzida será máxima.
d) se o ímã for afastado da espira, nenhuma corrente é induzida.
e) tanto com o ímã parado, ímã se aproximando ou se afastando, é impossível o aparecimento
de corrente na espira.

2 - Qual o princípio de funcionamento de um gerador elétrico e quais os fatores que influenciam o


valor da f.e.m. gerada?

3 - Assinale a afirmativa errada:


a) dispondo-se de um ímã e uma espira, consegue-se uma corrente induzida se existir
movimento relativo entre eles.
b) se, num gerador elétrico, deixarmos as bobinas de condutores paradas e movimentarmos os
ímãs, também ocorrerá a geração de f.e.m. .
c) um gerador elétrico jamais necessita de qualquer tipo de alimentação elétrica, mesmo
quando existirem eletroímãs em vez de ímãs.
d) um motor a óleo pode ser utilizado para acionar um gerador elétrico.
e) gerador elétrico é uma máquina que transforma certos tipos de energia em energia elétrica.

4 - Baseado na relação a seguir, φ = B . A . cos γ , podemos afirmar que a variação de fluxo


através de uma espira pode ser obtida por uma ____________________________, por uma
____________________________ ou por uma ____________________________. Na prática,
o que se faz, quase sempre, é ____________________________, pois para isso basta girar a
espira no campo magnético.

5 - Para que ocorra o fenômeno da indução eletromagnética, é suficiente que:


a) exista um campo magnético.
b) uma corrente contínua produza um campo magnético.
c) ocorra a variação de fluxo magnético através de uma bobina.
d) cargas elétricas atravessem um circuito.
e) valor da indução magnética seja constante.

6 - Enuncie as Leis de Faraday e de Lenz.

7 - Você dispõe de um ímã e de uma espira em curto (anel). Indique duas maneiras de se originar
uma corrente na espira.

8 - Represente, através de esquemas, o sentido da corrente


induzida num solenóide quando dele se aproxima ou se afasta
um ímã. Considere, primeiramente, o pólo sul se aproximando
e depois o pólo sul se afastando.

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Indução Eletromagnética 213

9 - Usando a regra de Fleming


da mão direita, descubra o
sentido da f.e.m. induzida N
nos desenhos ao lado.
v
N S

10 - Um ímã, preso a um carrinho, desloca-se com


velocidade constante ao longo de um trilho ímã
horizontal. Envolvendo o trilho há uma espira
metálica, como mostra a figura. Pode-se afirmar S N v
que a corrente na espira:
a) é sempre nula
b) existe somente quando o ímã se aproxima da
espira.
c) existe somente quando o ímã está dentro da espira.
d) existe somente quando o ímã se afasta da espira.
e) existe quando o ímã se aproxima ou se afasta da espira.

11 - A figura representa uma espira


que é ligada a um galvanômetro
G (medidor de correntes baixas, Q P
com zero central). Quando o ímã G
está parado com a extremidade
esquerda no ponto P, o ponteiro
do galvanômetro está na posição
indicada.
Sabendo-se que o ímã pode ser movimentado apenas ao longo da reta que liga P e Q,
considere agora as seguintes etapas:
I - O ímã sendo aproximado da espira até a posição Q.
II - O ímã parado na posição Q.
III - O ímã sendo afastado da espira até sua posição original P.
Quais as indicações possíveis do ponteiro do galvanômetro nas etapas I, II e III,
respectivamente?

d)
a)
e)
b)

c)

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214 Indução Eletromagnética

12 - À respeito do um transformador, podemos afirmar que:


a) ele é uma máquina que transforma certos tipos de energia em energia elétrica.
b) no caso dele ser elevador, o número de espiras do primário é menor do que o número de
espiras do secundário.
c) quanto maior o número de espiras do secundário, maior será o valor da corrente neste
circuito.
d) seus enrolamentos são, magneticamente, independentes.
e) funciona sempre, da mesma maneira, tanto em corrente alternada como em corrente
contínua.
13 - Na figura ao lado, temos uma bobina de 300
espiras ligada a uma fonte, sendo que existe uma
outra bobina de 1200 espiras ligada a um
miliamperímetro de zero central (galvanômetro). mA
a) Ligando e desligando a fonte, o que acontece
com o miliamperímetro? Qual a sua
explicação para este fenômeno?
b) Mantendo a fonte ligada e movimentando uma das bobinas, o que iria acontecer?
c) Se introduzirmos um núcleo de ferro em forma de U no interior das bobinas, enlaçando-
as, qual a mudança percebida em relação ao item a? Se colocássemos uma barra de ferro
sobre o núcleo, de modo a completar o circuito magnétíco, ocorreria alguma mudança?
14 - Um transformador (figura ao lado) é constituído por um
núcleo de ferro sobre o qual estão enroladas duas bobinas
eletricamente independentes (b1 e b2), respectivamente,
com 300 espiras e 600 espiras cada uma. Vamos admitir
que a potência elétrica do primário seja igual a potência
elétrica do secundário. Utilizando-se este dispositivo
foram feitas as experiências descritas a seguir,
acompanhadas de algumas afirmações relativas. Classificar as afirmativas em verdadeiro (V)
ou falso (F).
Experiência 1: Liga-se em b1 uma bateria de 6V.
1.1. Obtém-se 12V na bobina b2 independentemente da carga consumidora.( )
1.2. Teríamos alguma tensão induzida em b2 apenas no instante de conexão da fonte de 6V.( )
Experiência 2: Aos terminais de b1 liga-se uma fonte de tensão alternada de 110V e em b2
liga-se uma lâmpada cuja condição normal de funcionamento é sob tensão de 220V.
2.1. A lâmpada irá funcionar corretamente.( )
2.2. Após um determinado tempo de funcionamento o núcleo estará aquecido.( )
Experiência 3: Repete-se a experiência 2 ligando-se a mesma lâmpada entre os extremos de
b1 e ligando-se a fonte de 110V entre os extremos de b2.
3.1. A potência que se dissipa na lâmpada é a mesma da experiência 2.( )
3.2. Se a lâmpada queimar não haverá uma f.e.m. em b1.( )

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Indução Eletromagnética 215

15 - Um ímã se desloca com uma velocidade v ao encontro com a bobina X e depois, com a mesma
velocidade v , ao encontro com a bobina Y, conforme representam as figuras 1 e 2,
respectivamente. Os diâmetros das espiras condutoras das bobinas são iguais, mas Y tem um
número de espiras maior do que X.

X Y

figura 1 A A
figura 2

Nesta condições, a força eletromotriz induzida na bobina X é ____________________ força


eletromotriz induzida na bobina Y, e os sentidos das correntes elétricas são
____________________. .
Selecione a afirmativa que apresenta os termos que preenchem de forma correta as duas
lacunas, respectivamente, no texto acima.
a) menor do que a – iguais b) menor do que a – contrários
c) maior do que a – iguais d) igual à – contrários e) igual à – iguais

16 - Um ímã é deslocado na direção do eixo de uma


bobina como indica a figura. Leia atentamente as
afirmativas abaixo:
I) Se o movimento for de aproximação, o sentido da
corrente em R será de A para B.
II) Se o ímã estiver se afastando da bobina, a
extremidade D da bobina se comportará como um pólo sul.
III) Se o ímã se aproximar e parar a uma distância d da bobina, a corrente induzida será
constante, enquanto o ímã estiver em repouso.
Assinale: a) se apenas I for correta. b) se apenas II for correta.
c) se apenas I e III forem corretas. d) se apenas I e II forem corretas.
e) se todas as afirmativas forem corretas.

17 - A figura representa uma das experiências de Faraday


que ilustram a indução eletromagnética, em que E é
uma bateria de tensão constante, K é uma chave, B1 e
B2 são duas bobinas enroladas num núcleo de ferro
doce e G é um galvanômetro ligado aos terminais de
B2 que, com o ponteiro na posição central, indica
corrente elétrica de intensidade nula. Quando a chave
K é ligada, o ponteiro do galvanômetro se desloca para a direita e:
a) assim se mantém até a chave ser desligada, quando o ponteiro se desloca para a esquerda
por alguns instantes e volta à posição central.
b) logo em seguida volta à posição central e assim se mantém até a chave ser desligada,
quando o ponteiro se desloca para a esquerda por alguns instantes e volta à posição central.
c) logo em seguida volta à posição central e assim se mantém até a chave ser desligada,
quando o ponteiro volta a se deslocar para a direita por alguns instantes e volta à posição
central.
d) para a esquerda com uma oscilação de freqüência e amplitude constantes e assim se
mantém até a chave ser desligada, quando o ponteiro volta à posição central.
e) para a esquerda com uma oscilação cuja freqüência e amplitude se reduzem continuamente
até a chave ser desligada, quando o ponteiro volta à posição central.

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216 Indução Eletromagnética

PROBLEMAS PROPOSTOS
B
1- Uma barra AC de resistência igual a 0,2Ω A
(resistência interna do gerador) está em contato
com duas guias metálicas de resistências nulas.
Sabe-se que o circuito encontra-se fechado através R 40cm
V
de um resistor de 1Ω e que a barra se desloca para
a direita com velocidade de 20m/s, de modo a
cortar perpendicularmente as linhas de indução, C
onde temos B= 15mT.Determine o valor da:
a) f.e.m. induzida entre as extremidades da barra.
b) corrente que circula no circuito e indique seu sentido.

2- Um fio condutor cilíndrico de 20cm de comprimento e 314mm2 de área da seção transversal


desloca-se com uma velocidade de 54km/h de modo a cortar perpendicularmente as linhas de
indução, sendo B=0,3T. Sabe-se que o circuito externo possui uma resistência elétrica igual a
0,5Ω e que surge uma corrente induzida de 600mA. Determine o valor do coeficiente de
resistividade do material de que é feito o condutor.

3- Um condutor de cobre AC, cujo coeficiente de


resistividade é igual a 1,6x10–8Ω.m e de área da A
seção transversal igual a 0,5cm2 pode mover-se
apoiado sobre dois condutores paralelos de
resistências nulas. O condutor AC está imerso A V
20cm
num campo magnético de indução igual a 10µT e
se desloca com uma velocidade de 32m/s.
Determine o valor da intensidade da corrente
elétrica indicada pelo amperímetro e represente B C
seu sentido.

4- Uma espira circular de 30cm2 está colocada paralelamente a um campo magnético de indução
igual a 0,1T. Determine o valor da variação de fluxo através da espira, considerando que ela foi
movimentada de modo a ficar perpendicular às linhas de indução.

5- Calcule o módulo da f.e.m. induzida numa bobina de 1.000 espiras quando o fluxo no seu
interior varia na razão de 1mWb por segundo.

6- Uma espira retangular de dimensões 6cm x 10cm é colocada perpendicularmente a um campo


magnético de indução igual a 1mT. A indução magnética é reduzida a 0,2mT em 3 segundos.
Determine o valor da f.e.m. induzida na espira.

7- Uma bobina de ignição de automóvel tinha suas 5.000 espiras enlaçando um determinado fluxo
magnético. Quando o platinado abria, esse fluxo inicial era extinto no tempo de 1,2µs, gerando
uma f.e.m. média de 18.000V. Qual era o valor do fluxo inicial?

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Indução Eletromagnética 217

8- A espira indicada a seguir, desloca-se ao redor do eixo


x - x' com 20rps, dentro de um campo de indução
magnética igual a 1,2T. Pede- se:
a) Calcule os valores das f.e.m.i. de 30º em 30º de x x'
deslocamento no intervalo 0º - 360º. 0,25m
b) Representar graficamente os valores obtidos, num
sistema de eixos coordenados.

1,25m

9- Para determinarmos o módulo do vetor indução magnética B de um ímã realizou-se a seguinte


experiência: tomou-se uma bobina de 100 espiras e um ímã com área de seção transversal de
2cm2, igual a área da bobina. Retirou-se o ímã do interior da bobina num intervalo de tempo de
0,1s e observou-se na bobina uma f.e.m. induzida (valor médio) de 0,3V. Qual o módulo do
vetor indução magnética?

10- Uma bobina circular de raio r=1cm e 100 espiras de fio de cobre, colocada num campo
magnético constante e uniforme de modo que B=1,2T, está inicialmente numa posição tal que o
fluxo magnético através dela é máximo. Em seguida, num intervalo de tempo ∆t = 1,5 x10-2s ela
é girada para uma posição em que o fluxo através dela é nulo. Determine o valor da f.em. média
induzida na bobina.

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Indutância 218

16. INDUTÂNCIA
r
16.1. CAMPO INDUTOR (H) e PERMEABILIDADE MAGNÉTICA (µ)
Nas duas bobinas abaixo, o número de espiras e a corrente que as atravessa é a mesma, mas
no entanto, o comprimento das linhas de indução em cada caso é diferente, ou seja, o comprimento
do circuito magnético é diferente. No solenóide mais curto obtém-se maior intensidade de campo
indutor porque há maior concentração de corrente e espiras por unidade de comprimento do circuito
magnético. Sabe-se que o campo magnético é oriundo da corrente, no entanto, a geometria do
condutor vai determinar se o poder de magnetização que esta corrente produz será intenso ou não.

A fim de levar em conta o grau de concentração da corrente, para efeitos de magnetização,


r
foi criada a grandeza INTENSIDADE DE CAMPO MAGNÉTICO (H ) . Esta grandeza também é
chamada de intensidade de campo indutor, campo indutor ou campo magnetizante. O campo indutor
é uma grandeza vetorial, cujo sentido é o mesmo das linhas de indução. O módulo do campo
indutor é a razão entre as ampère-espiras magnetizantes e o comprimento do circuito magnético em
questão. A unidade da intensidade de campo indutor no Sistema Internacional é Ampère-
espira/metro ou Ampère/metro, já que espira é uma grandeza adimensional (número puro).
Sejam três solenóides (espiras acomodadas numa forma tubular) de mesmas dimensões,
mesmo número de espiras e mesma corrente, porém com núcleos de materiais diferentes. Como se
pode observar no desenho, a ação de um mesmo campo indutor H produz diferentes induções e
fluxos em função do material onde se estabelece o campo magnético.

H B
µ1 H
B
µ2 H
B
µ3

N,I N,I N,I


Ar Ferro Liga especial

A grandeza que caracteriza a qualidade magnética do material é a permeabilidade


magnética (µ), sendo portanto, análoga à condutividade (inverso da resistividade) para os materiais
elétricos. Permeabilidade magnética absoluta ou simplesmente permeabilidade é a constante de
proporcionalidade que relaciona campo indutor H com a indução produzida B. Pode ser considerada
como sendo a facilidade com que o material do meio é atravessado pelas linhas de indução ou a
facilidade com que um material magnetiza-se.
B = µ. H

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Indutância 219

A unidade de permeabilidade
magnética está indicada ao lado. Pode-se u (B) T T .m T .m
u( µ ) = = = =
provar que T.m/A eqüivale a Henry/metro u(H) Ae / m Ae A
(H/m).

No caso da eletricidade tem-se condutividade nula nos materiais isolantes. No entanto, no


magnetismo, não existe o isolante magnético. Um dos piores meios de propagação do campo
magnético é o vácuo e tem permeabilidade magnética absoluta (µo) com um valor bem definido.
µ o = 4π.10 −7 T.m/A
Este meio é tomado como referência na comparação entre os materiais magnéticos. Em
função disto, define-se como permeabilidade relativa ( µr ), a razão entre a permeabilidade
absoluta de um dado material e a permeabilidade do vácuo.
µ
µr = u (µr ) = adimensional
µ
o
Dai, tem-se que: µ = µr . µ0
N.I
e que: B = µ . H . Logo, deduz-se que: H=
Sabe-se que: µ0 . N . I l
B=
l
A permeabilidade relativa, simplesmente, diz quantas vezes o material é mais permeável do
que o vácuo. Os materiais podem ser classificados de acordo com a sua permeabilidade, sendo que
eles podem ser denominados de materiais diamagnéticos, paramagnéticos e ferromagnéticos.
Os materiais diamagnéticos possuem permeabilidade constante e pouco menor que a do
vácuo, ou seja, estes materiais imantam-se muito pouco e em sentido contrário ao do campo indutor.
Em função disto são fracamente repelidos pelos ímãs. Como exemplos, podemos citar o bismuto,
cobre, água, prata, e ouro.
Os materiais paramagnéticos possuem permeabilidade constante e pouco maior que a do
vácuo, ou seja, estes materiais imantam-se muito pouco e no mesmo sentido do campo indutor. Em
função disto são fracamente atraídos pelos ímãs. Como exemplos, podemos citar o manganês,
estanho, cromo, oxigênio líquido, ar (à temperatura de 0ºC e pressão de 1 atm).
Os materiais que possuem mais importância e têm mais utilização são os materiais
denominados ferromagnéticos. Eles possuem permeabilidade relativa muito maior do que 1, ou
seja, sua permeabilidade absoluta é, notadamente, muito maior que a do vácuo. O valor da
permeabilidade destes materiais é muito alta, porém é variável com a variação do campo indutor H.
Como exemplos, podemos citar: ferro, níquel, cobalto e aços especiais. O pó magnético da fita K-7
é, geralmente, constituída de óxido de ferro (ou dióxido de cromo).

16.2. HISTERESES MAGNÉTICA


A fim de se observar todos os estágios de magnetização e
desmagnetização de um material magnético, podemos introduzir este
material num solenóide percorrido por uma corrente elétrica
contínua variável. Anotando-se valores do campo indutor H e da
indução magnética B, poderíamos montar um gráfico (veja o gráfico
a seguir).

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Indutância 220

Observando-se o gráfico, vamos,


inicialmente, aumentar o campo indutor, de modo B(T)
que a indução magnética vai crescendo (de 0 até BM 1
1), chegando-se ao ponto de saturação magnética.
Reduzindo-se o campo indutor, a indução Br 2
decresce, mas com um certo atraso (linha 1 - 2),
ou seja, o material mantém, para cada valor de -HM -HC 0 6
campo indutor, uma indução magnética superior 3 HC HM H(Ae/m)
ao que ele tinha na fase inicial de magnetização. 5
Quando o campo indutor anula-se (H=0), ainda -Br
resta um pequeno magnetismo, ou seja, mesmo 4 -BM
sem o campo indutor externo os imãs elementares
mantêm-se parcialmente orientados.

Este magnetismo retido no material é denominado de magnetismo (indução) residual. De


modo a anular este magnetismo (desmagnetizar o material) deveríamos inverter o sentido da
corrente no solenóide (campo indutor contrário ao anterior) e ir aumentando, gradativamente, até
que a indução seja anulada (B=0). Aplicando-se um campo indutor -HC, a indução magnética B se
anularia. O campo indutor necessário para causar este efeito é denominado de campo coercitivo.
Nota-se na seqüência da análise gráfica que teremos um outro ponto de saturação magnética (ponto
4), porém com polaridade contrária ao ponto de saturação anterior.
Reduzindo-se a excitação na bobina magnetizadora, a indução magnética diminui até chegar
ao ponto 5 (H = 0), sobrando uma indução residual negativa. Para anular esta indução residual deve-
se inverter o campo e aumentá-lo até alcançar HC. Continuando-se a aumentar o campo indutor
chega-se novamente à saturação no sentido positivo. Como percebeu-se, o valor da indução
magnética segue o valor do campo indutor H com um certo atraso, ou seja, quando H chega a zero,
B ainda não foi anulado. Histeresis, em grego, significa atraso.
B

Na construção de ímãs permanentes é mais Eletroímã


aconselhável materiais que se caracterizassem por
possuírem indução residual elevada e campo coercitivo
Ímã
também elevado. Assim sendo, teríamos uma boa permanente
indução de trabalho e os ímãs seriam difíceis de serem H
desmagnetizados. Como exemplos de materiais
utilizados podemos citar o aço com alto teor de carbono
e o ferrite. Após o corte do campo indutor, alguns
átomos voltam a sua posição original, mas muitos deles
não conseguem este retorno, devido aos átomos de
carbono, os quais não sentem a ação do campo, dificultando, então, os movimentos dos átomos. No
caso de núcleos de eletroímãs o importante é que a indução magnética seja alta para pequenos
valores de H (alta permeabilidade) e que a indução residual e o campo coercitivo sejam baixos, de
modo que, ao se extinguir a corrente, a indução residual seja anulada rapidamente.
Como exemplos de materiais utilizados para núcleos de eletroímãs podemos citar o aço-doce
e o aço-silício. Estes materiais têm alta permeabilidade e pequeno campo coercitivo, porém têm alta
indução residual, o que não chega a ser problema, pois é facilmente anulada, já que o campo
coercitivo é muito baixo.

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Indutância 221

No gráfico ao lado, existem duas curvas que


representam o comportamento magnético de dois B
materiais diferentes. Percebe-se que aplicando um
X
mesmo campo indutor H(Ae/m), as induções
magnéticas B(T) serão diferentes. Isto ocorre
porque os materiais não possuem a mesma
permeabilidade magnética, ou seja, a Y
permeabilidade do material X é superior a do
material Y.
Não obtém-se uma linha reta, pois o
crescimento de B não é linear em relação a H. No H
caso de uma curva relativa ao ar, teríamos uma
linha reta quase paralela ao eixo do H, com uma
pequena inclinação.

Os fenômenos de histerese são em função do atrito e da inércia a que os pequenos ímãs


elementares ficam submetidos e isto representa perda de energia. A área contida no ciclo de
histerese resulta proporcional a energia perdida durante as operações. Os núcleos ferro-magnéticos,
de um modo geral, apresentam perdas quando submetidos a campos magnéticos variáveis no tempo.
Quando um material magnético é submetido a um campo magnetizante, seus ímãs
elementares orientam-se com certa dificuldade, devido ao atrito interno que existe entre os mesmos.
Tal atrito também existe quando o material é submetido a um campo desmagnetizante. Quanto
maior for a dificuldade de magnetizar e desmagnetizar um material, maior será esse atrito e maior a
energia dissipada em forma de calor, ou seja, maior será a perda por histerese magnética.
Uma medida dessas dificuldades de magnetização e desmagnetização é o campo coercitivo.
Os materiais duros, que têm campo coercitivo elevado, apresentam muitas perdas por histerese. Para
redução dessas perdas deve-se usar material de baixo campo coercitivo, indução magnética baixa
(material não saturado) e reduzir a freqüência de variação do fluxo, quando for possível. Assim,
para trabalhos envolvendo correntes alternadas é conveniente que esta área seja a menor possível,
pois o material está permanentemente magnetizando-se e desmagnetizando-se e isto implica em
muita perda de energia.

16.3. CIRCUITO MAGNÉTICO


Num circuito elétrico existe uma grandeza denominada de resistência elétrica, a qual
depende do comprimento do fio condutor, do material de que ele é feito e da área de sua seção
transversal. Esta grandeza constitui a oposição oferecida à corrente. No caso de um circuito
magnético também existe uma oposição oferecida ao estabelecimento de um fluxo magnético, a
qual é denominada de relutância magnética (ℜ). Quanto maior o comprimento deste circuito
magnético maior será a oposição oferecida ao fluxo e quanto maior a área da seção transversal do
núcleo magnético menor será a relutância.
Obviamente, a relutância depende também da permeabilidade magnética do núcleo.
Portanto, para o cálculo de relutância temos a relação a seguir.

ℜ= l
µ .A

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Indutância 222

Sendo o comprimento em m , a área em m2 e a permeabilidade em T.m/A e sabendo-se que


T=Weber/m2, a unidade de ℜ será A.e/Wb, conforme quadro abaixo.: A unidade de relutância
pode ser, tanto Ampère por Weber como Ampère.espira por Weber, sendo que é mais comum esta
última.
m A
u (ℜ ) = = 2
= A / Wb ou A.e/Wb
m 2 T .m
T. .m
A

Com estas definições, podemos expressar a LEI DE HOPKINSON, que também é


conhecida como a Lei de Ohm do eletromagnetismo. Esta lei diz que, num circuito magnético o
fluxo é diretamente proporcional à força magnetomotriz aplicada (N . I ⇒ causa dos fenômenos
magnéticos) e inversamente proporcional á relutância magnética do circuito.

ou N . I = φ . ℜ
N .I
Logo, temos: φ =

A Lei de Hopkinson poderia ser comparada a Lei de Ohm, sendo a primeira aplicada a um
circuito magnético e a segunda aplicada a um circuito elétrico.
No circuito magnético, temos uma
força magnetomotriz (f.m.m. ⇒ N.I)
aplicada a bobina, um fluxo magnético (φ)
que é constante ao longo do circuito e uma
relutância total (ℜt), a qual poderá ser
dividida em duas parcelas, relutância do
núcleo magnético(ℜn) e relutância do
entreferro (espaço de ar ; ℜef). No caso do
circuito elétrico acima, temos uma força
eletromotriz (ε) aplicada ao circuito, uma
corrente (I) que é a mesma no circuito e uma resistência total (Rt).
Na prática, é geralmente impossível fazer a distribuição das espiras ao longo de todo o
núcleo magnético, ou seja, normalmente a bobina é colocada num ou dois locais de forma a ser
possível a sua construção de maneira simples. Este procedimento traz como resultado um fenômeno
indesejável, que é a dispersão magnética, a qual será desprezada no nosso estudo. Na realidade,
sempre existe uma certa quantidade de linhas de indução saindo do caminho limitado pelo núcleo.

16.4. DEFINIÇÃO DE INDUTÂNCIA


Considere um circuito formado por um
solenóide alimentado por um gerador que fornece
corrente contínua, a qual origina um campo magnético,
cujas linhas de indução são linhas fechadas que se
concatenam (atravessam) com o solenóide. Seja φ o
i
fluxo magnético concatenado com o circuito, podemos
dizer que ele é diretamente proporcional a intensidade
da corrente. Duplicando i, teremos uma duplicação de B, duplicando, pois, φ.
A constante de proporcionalidade L é denominada de INDUTÂNCIA ou ∆φ
L = N.
coeficiente de auto-indução. No caso de uma bobina com N espiras teríamos a
relação ao lado.
∆i

Tem uma indutância de 1 henry (1H), a espira onde, por exemplo, a corrente sofre uma
variação de 1A, de modo que a variação de fluxo seja de 1Wb.

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Indutância 223

Assim como existe o componente denominado de resistor que tem a


propriedade caracterizada como resistência, também existe o componente
denominado de indutor (símbolos ao lado), o qual possui a propriedade
conhecida como indutância. Esta grandeza pode ser medida através de um
indutímetro.

No caso de circuitos que contém bobinas, teremos uma elevada indutância, a qual será ainda
maior quando introduzirmos um núcleo magnético no seu interior. Em função disto, denomina-se
uma bobina de indutor. No caso da introdução de um núcleo magnético no interior de uma bobina,
tem-se um campo magnético indutor H que não muda para uma determinada corrente i, mas
aumenta consideravelmente a indução magnética B, pois B=µ . H, refletindo num aumento
substancial na variação de fluxo.
No caso, então, de solenóides com muitas espiras enroladas em núcleos magnéticos teremos
indutância de valor elevado. Comparando a indutância de um circuito onde temos um condutor
retilíneo com a indutância de um circuito constituído por um condutor enrolado no formato de
espiral (bobina), conclui-se que a indutância no primeiro caso é muito menor do que no segundo.

No circuito ao lado, onde temos um solenóide, uma chave


e uma fonte de tensão contínua, quando fecharmos a chave, a
corrente começa a crescer rapidamente. Enquanto a corrente está
crescendo, as linhas de indução começam a se expandir através
do circuito e esta indução magnética “corta” a bobina.
Consequentemente teremos o surgimento de uma f.e.m. auto-
induzida, conforme foi visto quando estudamos a Lei de Faraday.
Esta f.e.m. de auto-induçäo atua de modo a se opor ao
crescimento da corrente, de acordo com o que vimos no estudo da
Lei de Lenz.

“A INDUTÂNCIA DE UM CIRCUITO REPRESENTA A CAPACIDADE


QUE O CIRCUITO POSSUI EM GERAR UMA F.E.M. DE AUTO-INDUÇÃO QUE SE
OPONHA AS VARIAÇÕES DE CORRENTE.”

Sabe-se que L= N. ∆φ / ∆i e que ε = -N.∆φ/∆t. Logo, a f.e.m. induzida é obtida através da


expressão a seguir.

ε = − L . ∆i / ∆t
Um circuito tem uma indutância de 1H quando, por exemplo, ele se deixa induzir por 1V,
sempre que a corrente variar na razão de 1A por segundo.

No circuito ao lado, temos uma fonte CC, um resistor, um


indutor e uma chave aberta. Vamos analisar a diferença na produção
de uma f.e.m. considerando o circuito sem o resistor e com o resistor.
R L

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Indutância 224

Sabe-se que o valor da f.e.m. auto-induzida


depende da rapidez da variação da corrente, ou seja,
quando mais rápida a variação da corrente, maior
I1 SEM
será o valor desta f.e.m. e o seu valor é função RESISTOR
também do valor da corrente, pois correntes maiores
produzem campos magnéticos mais intensos. O t
aumento deste campo equivale a um número maior
de linhas de indução “cortando” a bobina, ou seja, a COM
f.e.m. auto-induzida será elevada. O tempo de
I2
energização de um indutor, quando ele passa a ser RESISTOR
alimentado diretamente por uma fonte CC não é t
instantâneo, embora seja muito pequeno (gráfico de
retardo
I1). Ligando-se um resistor em série com o indutor
pode-se retardar este tempo, fazendo com a corrente cresça mais lentamente
(gráfico de I2).
L
Assim como no circuito RC temos uma constante de tempo, no circuito RL τ =
também existe uma constante de tempo τ dada pela relação ao lado. R
A f.e.m. induzida é sempre de sentido tal que se opõe à variação imposta (Lei de Lenz). Este
efeito é particularmente notável quando da abertura de chaves que interrompem repentinamente a
corrente do circuito. A corrente não pode cair instantaneamente a zero, pois isto implicaria numa
f.e.m. induzida infinita tendendo a manter a corrente. Esta f.e.m. aparece como uma tensão entre os
terminais da chave interruptora e causa o aparecimento de uma faísca.
Em resumo, a corrente não se reduz a zero
instantaneamente, mas mantém-se pela faísca. i
Também, quando se liga a chave, a corrente não
assume seu valor contínuo repentinamente, mas leva
um determinado tempo, função da indutância do aísca
circuito. Nos gráficos ao lado, nota-se que a variação t
da corrente é mais lenta no fechamento (t0) do que ε
na abertura (t2) do circuito. Portanto, o pico de
tensão (f.e.m. ε) neste último caso é mais intenso. Isto
é comprovado através da observação da constante de
tempo τ =L/R, pois na abertura da chave temos o t
surgimento de ar entre seus contatos, ou seja, uma
resistência de valor elevadíssimo.
Observe no gráfico que a polaridade da tensão no fechamento do circuito, ao se estabelecer
uma corrente, é contrária a polaridade da tensão na abertura do circuito. A faísca que salta na
abertura da chave pode asssumir dimensões grandes, quando o circuito for de alta indutância e a
corrente normal for muito intensa (motores de grande potência). Freqüentemente se quer evitar as
faíscas, porque ela vai oxidando os contatos da chave.
No circuito analisado anteriormente, quando a corrente atinge o seu valor máximo,
determinado pela tensão e resistência do circuito, ela não varia mais. Assim sendo, não teremos
mais variação de fluxo, desaparecendo a f.e.m. de auto-induçäo. No caso de corrente contínua, a
indutância só afeta a corrente no circuito quando o mesmo é ligado ou desligado, ou quando
alguma condição do circuito for alterada, pois só nestas ocasiões teremos fluxo magnético variável.
Se, no entanto, uma bobina for alimentada por uma tensão alternada, o efeito da indutância estará
sempre presente no circuito, pois a corrente sofre uma variação permanente e uma f.e.m. estará
sendo induzida durante todo o período da corrente alternada.

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Indutância 225

16.5. APLICAÇÕES PRÁTICAS DE INDUTÂNCIA


- Resistor de fio
Ao lado, temos um resistor de fio enrolado em dupla espiral.
Assim, os efeitos magnéticos se anulam, pois a corrente passa em
sentido contrário nas espiras que estão lado a lado. Desta forma,
temos uma indutância nula, fazendo com que o resistor tenha
apenas o efeito resistivo (apenas resistência).

- Circuitos com capacitor ou resistor


No caso de circuitos com elevada indutância, poderíamos
utilizar a montagem ao lado. O circuito RC em paralelo com a chave
tenderia a evitar o aparecimento de faíscas no instante de abertura da
chave. O capacitor iria atuar no sentido de armazenar as cargas que
circulariam no referido instante.
Uma outra forma de eliminar as faíscas seria através da K
utilização de um resistor, conforme esquema ao lado. Convém
salientar que devemos fechar a chave K antes de abrir ch, pois assim
a f.e.m. auto-induzida na bobina, provocaria a circulação de uma ch
corrente na malha superior do circuito, onde está o resistor.

- Circuito com lâmpada neon


ch
Ao lado, temos uma fonte de CC, uma chave, um
indutor e uma lâmpada neon. A diferença entre a lâmpada neon
e a lâmpada comum é que a primeira exige uma determinada 5H neon
tensão (tensão de ignição) para acender (70V). Quando 6V
fecharmos a chave, observaremos que a lâmpada não acende.
Conclui-se que a f.e.m. auto-induzida no indutor não é muito
elevada. Quando abrirmos a chave, a lâmpada acenderá momentaneamente, indicando que a f.e.m.
induzida entre os terminais do indutor e da lâmpada que está em paralelo, é maior do que a tensão
de ignição. Isto se justifica, pois as variações de corrente e fluxo no instante de abertura ocorrem de
uma forma extremamente rápida, rapidez esta que não ocorreu no fechamento do circuito.
- Relé com diodo
+Vcc
Ao lado, temos um circuito digital que controla o
funcionamento de um motor elétrico, sendo que o
transistor atuará como chave para operar o relé. A
colocação de um diodo em paralelo com a bobina do relé Rede
tem a função de evitar a queima do transistor no momento 110V
em que o relé é desligado, pois quando este chaveamento 60hz
ocorre teremos uma variação brusca do fluxo magnético M
Circuito
na bobina, gerando nesta, a indução de uma tensão, de Digital 110V/60hz
acordo com as Leis de Faraday e de Lenz. O diodo, então,
devidamente conectado, atua como curto-circuito no
processo de desernegização da bobina. O diodo inclusive
é denominado de elemento “supressor” neste caso.

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Indutância 226

16.6. FATORES INFLUENTES NA INDUTÂNCIA µ. N . ∆I


∆B =
Sabe-se que a variação de B no interior de um solenóide é igual a: l
∆φ µ . N . ∆I
Sabendo-se também que ∆φ = ∆B . A e que L = N . , teremos: ∆φ= .A
∆I l

∆I ∆I µ . N . ∆I µ . A . N2
Como: L. = ∆φ , teremos: L.. = . A . Logo, obtém-se: L=
N N l l

A indutância de uma bobina


sem núcleo magnético é constante,
pois a permeabilidade magnética
possui um valor fixo (relutância
constante) e a indutância de uma
bobina com núcleo magnético é
variável, em função da variação da
permeabilidade. Como é comum os
indutores serem usados numa faixa
onde a permeabilidade não sofre
variação significativa, podemos
admitir que a indutância dos
circuitos magnéticos com núcleos
também é uma constante do circuito
(exceto quando estes núcleos
magnéticos estiverem próximos do
ponto de saturação).

Comparando a indutância de uma bobina sem núcleo magnético com a indutância de uma
bobina com núcleo magnético, deduziríamos que no primeiro caso (sem núcleo) a indutância seria
muito menor, pois a relutância é muito maior.

Exemplo: Numa bobina houve uma redução de corrente de 100A para 90A num intervalo de tempo
de 1ms e, com isto, gerou-se uma f.e.m. auto-induzida de 20V. Qual é a indutância da bobina?

ε=20V ∆i=I2 – I1 = 90 - 100 ∆i=-10A


− 10
I1 = 100A ε = −L. ∆i 20 = − L.
0,001
∆t
I2 = 90A
20V . 0,001s
∆t = 0,001s L= L = 0,002H = 2mH
10A
L=?

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Indutância 227

a) Noções de Indutância-mútua
NA NB
Considerando o desenho ao lado, onde existem duas bobinas
próximas, uma da outra, teremos o fluxo magnético de uma bobina
enlaçando as espiras da outra. Se na bobina A circular uma corrente A B
variável, surgirá um fluxo variável, o qual dará origem a uma f.e.m. (f.e.m.
auto-induzida) na própria bobina e também uma f.e.m. na bobina B (f.e.m.
de mútua-indução), a qual tem um sentido tal que tenta impedir a variação
do fluxo na primeira bobina (segundo Lenz).
Existe um coeficiente, denominado de indutância-mútua que
mede o acoplamento magnético existente entre as duas bobinas. Este
coeficiente depende do número de espiras das duas bobinas e da posição
relativa das bobinas.
Ao lado, temos três casos de acoplamentos magnéticos. No
primeiro, temos duas espiras colocadas perpendicularmente entre si, de
modo que o acoplamento magnético é nulo. No segundo, temos um
acoplamento magnético médio, ou seja, uma determinada quantidade de
fluxo produzido numa espira consegue atingir a outra espira. E no terceiro
caso, temos um acoplamento magnético máximo, pois uma espira está
colocada dentro da outra.

No circuito ao lado, temos duas bobinas, sendo


uma delas alimentada por uma fonte de C.C. e a outra
tem, entre seus terminais, um miliamperímetro.
Considerando-se que as bobinas estão próximas, de
modo que o fluxo produzido por uma atinge a outra,
podemos afirmar que existirá corrente induzida na
bobina da direita, desde que o fluxo através dela varie.
Isto será obtido nos instantes de abertura ou de
fechamento da chave, sendo que no instante de abertura
a variação de fluxo é mais rápida, obtendo-se, então, uma tensão induzida muito elevada. Também
apareceria corrente induzida na segunda bobina se uma das bobinas fosse movimentada, pois assim
também ocorreria uma variação de fluxo magnético. Quando se deseja a indução permanente de
f.e.m. se utiliza corrente alternada.

b) Aplicação prática da mútua-indução


Normalmente, a energia elétrica é transmitida
em corrente alternada (CA) pelo fato de podermos
utilizar transformadores, pois em corrente contínua Alta tensão (CA)
(CC) isto não seria possível. Quando esta transmissão 13,8kV ou 22kV
ocorre em distâncias muito elevadas (acima de
500km), recorre-se a CC, a qual torna-se mais Baixa tensão (CA)
vantajosa (menor número de fios e fios mais finos).
380/220V
-Transposição de condutores
d=0,6m
As linhas telefônicas podem ser influenciadas
por f.e.m. das linhas de distribuição em baixa tensão.
Por este motivo, deve existir uma distância segura Linha telefônica
entre as duas.

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Indutância 228

Normalmente para tensões de baixa tensão em 380/220V, a distância mínima é de 0,6m.


Como influência da f.e.m. de mútua-indução podemos citar também o caso da transposição das
linhas de distribuição. Nas linhas de distribuição ou de transmissão trifásicas, pode ocorrer a mútua-
indução entre os três condutores, pois as distâncias entre eles são pequenas. Em transmissão é mais
comum a transposição, devido às linhas serem de grandes distâncias (geralmente centenas de
quilômetros).
Pode-se equilibrar o fenômeno da mútua-indução por meio da transposição das fases. Se os
condutores estiverem eqüidistantes, a f.e.m. de mútua-indução equilibrar-se-á e a tensão entre eles
no final do trecho será igual. Caso o sistema não seja equilibrado, ocorrerá uma desigualdade de
tensão entre os três condutores, o que não é desejável que aconteça.
a c b a
usina b a c b carga
geradora c b a c

16.7. ASSOCIAÇÕES DE INDUTORES


A associação de indutores deve ser considerada sob dois aspectos: sem indutância mútua e
com indutância mútua. Em qualquer dos dois casos, podemos associar os indutores em série e em
paralelo, sendo que será analisado, no nosso caso, somente situações sem indutância mútua.

10: Associação em série


Na associação em série sem indutância mútua, as bobinas
deverão estar dispostas de tal modo que o campo magnético de uma
não possa induzir uma f.e.m. nas outras. Como estarão em série, a
mesma corrente fluirá em todas, e elas estarão sujeitas a mesma variação de corrente. As f.e.ms. são
calculadas por:
Lt .∆i L1.∆i1 L2 .∆i2
ε t= ε 1= ε 2=
∆t ∆t ∆t
Mas, no circuito série, tem-se: ε t = ε1 + ε 2
∆i = ∆i1 = ∆i 2 Lt .∆i L .∆i L2 .∆i
Sabe-se que: Logo: = 1 +
∆t ∆t ∆t
Portanto: L t = L1 + L 2 + ...

20: Associação em paralelo


Na associação em paralelo sem indutância mútua não haverá
acoplamento magnético entre as bobinas e a f.e.m. induzida será a mesma
em todos os indutores. Cada ramo do circuito apresentará, geralmente,
uma razão de variação de corrente diferente. No circuito paralelo tem-se:

i t = i1 + i 2 ∆i t = ∆i1 + ∆i 2

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Indutância 229

E ainda: ε =ε =ε
t 1 2

Lt .∆i L1.∆i1 L2 .∆i2


ε t= ε 1= ε 2=
∆t ∆t ∆t

ε .∆t ε . ∆t ε . ∆t
Logo, teremos: ∆i = ∆i1 = ∆i 2 =
Lt L1 L2
ε .∆t =
ε . ∆t +
ε . ∆t
Lt L1 L2
Portanto:
1 1 1
= + + ...
Lt L1 L2

Observa-se assim, que o cálculo de indutância total das associações de indutores é


semelhante ao cálculo da resistência total das associação de resistores, diferentemente das
associações de capacitores.
Um exemplo de aplicação de indutores em série e em paralelo seria no caso do
transformador dos equipamentos elétricos que funcionam tanto em 110V como em 220V. Quando a
chave seletora do equipamento é colocada em 110V as duas bobinas do primário do transformador
são conectadas em paralelo, sendo que a tensão em cada bobina é a mesma (110V). Quando a
tensão da rede é 220V, através da chave seletora as bobinas ficam associadas em série, podendo
assim o primário receber a tensão de 220V. Neste caso então, a tensão dobrou em relação ao
primeiro caso, mas o número de espiras também dobrou, de modo que a tensão induzida no
secundário não muda de valor, fazendo com que o equipamento continue funcionando dentro das
suas características nominais. Atualmente todo este processo é feito através de um circuito
eletrônico, o qual efetua esta seleção de uma forma automática.

VS 220V VS
110V

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Indutância 230

QUESTÕES PROPOSTAS
1- Complete as lacunas a seguir, com as expressões aumentar, diminuir ou permanecer:
Considerando um solenóide de ar (núcleo) percorrido por uma corrente de baixa intensidade,
podemos afirmar que:
a)Considerando que um núcleo de ferro de mesmo comprimento do solenóide foi introduzido no
mesmo, a indução magnética B no seu interior irá _______________, sendo que o valor do
campo indutor H irá _______________.
b)Aumentando-se a corrente no solenóide, o valor do campo indutor H irá _______________,
sendo que o valor do fluxo magnético φ no seu interior irá _______________.

2- Conceitue permeabilidade magnética e indutância.

3- Assinale dentro dos parênteses verdadeiro (V) ou falso (F)


a)( ) A permeabilidade relativa dos materiais magnéticos varia de acordo com a variação do
campo indutor.
b)( ) Quando um material magnético está próximo do ponto de saturação, mesmo variando o
campo indutor, a indução num material magnético crescerá muito lentamente.
c)( ) Se a corrente através de um solenóide cair a zero, o núcleo que está no seu interior poderá
ficar magnetizado.
d)( ) Um mesmo campo indutor (H) sempre produzirá uma indução magnética (B) maior no
ferro do que no ar.

4- Considerando-se o ciclo de histerese dos materiais, quais devem ser as características magnéticas
(magnetismo residual e campo indutor coercitivo) do material usado na construção de:
a)ímãs permanentes: MR:_______________; HC: _______________.
b)núcleos de eletroímãs: MR:_______________; HC: _______________.

5- Compare a indutância de um fio reto com a de um fio enrolado. Compare também a indutância
de uma bobina sem núcleo magnético com a indutância de uma bobina com núcleo magnético. E
diga como um resistor de fio possui apenas efeito resistivo (L=0).

6- Explique com detalhes, no desenho ao lado, como se


consegue produzir uma faísca no enrolamento
secundário.

7- Um circuito RL (resistor e indutor) é


alimentado por uma fonte CC. Explique a I
diferença entre os valores (e polaridade) de
f.e.m. auto-induzida na bobina nos instantes de
fechamento e de abertura do circuito, sabendo-
se que a corrente varia de acordo com o gráfico
ao lado.

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Indutância 231

PROBLEMAS PROPOSTOS
1- Um solenóide com núcleo de ar possui uma indutância de 8mH, seção transversal de 10cm2 e
500 espiras. Considerando-se que circula por ele uma corrente de 10A, determine o valor da
indução magnética existente no interior do solenóide.

2- Um toróide (figura ao lado) com núcleo de ferrite de


permeabilidade relativa igual a 100 é enrolado com 470 espiras,
sendo que sua seção transversal vale 4cm2 e seu comprimento
médio vale 10cm. Quanto vale sua indutância?

3- Calcule a indutância de um toróide com seção transversal de 12,56cm2, comprimento médio de


75,36cm e de 1000 espiras, considerando que a permeabilidade magnética do núcleo vale
32x10-4H/m.

4- Um indutor de 0,15H é percorrido por uma corrente constante de 0,4A. De modo que apareça
nos terminais da bobina uma f.e.m. auto-induzida de 3V, a corrente citada deveria ser anulada
(zerada), em qual intervalo de tempo?

5- A auto-indutância (ou simplesmente indutância) de uma bobina formada por 400 espiras muito
unidas é igual a 8mH. Qual é o valor do fluxo magnético através da bobina quando esta é
percorrida por uma corrente de 5mA?

6- Num enrolamento circula uma corrente de 15A, a qual produz um fluxo magnético de 400µWb.
Sabendo-se que a corrente decresce a zero em 5ms, de modo a induzir uma f.e.m. de 70V,
determine o número de espiras e a indutância da bobina.

7- Uma bobina cilíndrica de 100mm de


comprimento, 100 espiras e seção
transversal de 4mm de diâmetro possui
ar no seu interior. Determine o valor da
indutância da bobina.

8- Calcule novamente a indutância no exercício acima, considerando que o núcleo é de ferrite,


sendo a suja permeabilidade magnética relativa µr=2000.
9- O gráfico ao lado mostra a
variação da corrente num
indutor de 4mH em função
do tempo. Determine o
valor da tensão média no
indutor entre:
a) 0 e 2miliseg;
b) 2 e 4miliseg;
c) 4 e 9miliseg.

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Respostas dos problemas

RESPOSTAS DOS PROBLEMAS


CARGA ELÉTRICA

1) (+) q = 48 x 10-19C 2) (-) q = 960C


3) (-) q = 11,2 x 10-19C 4) (+) q = 19,2 x l0-19C
5) n = 400 elétrons 6) Perdeu elétrons (n = 562,5 x 1013)
7) (+)q=18µC ; n=20 x 1013 elétrons 8) perdeu 1,875 x 1010 elétrons

LEI DE COULOMB

1) F=9N 2) d=94,87mm 3) d=0,232m


4) q=9,86µC 5) F=0,86N 6) F=12µN; F=15µN
7) F=9kN (atração)

CAMPO ELÉTRICO

1) E = 0,4x106N/C 2) E = 2,5 x 105N/C;


-2
3) Fl = 7,5 x 10 N = 0,075N sentido: da esquerda para a direita (mesmo sentido do campo)
4) a) Negativa; q = 4µC 5) (-)q=16µC

DIFERENÇA DE POTENCIAL ELÉTRICO

1) Vab = 80V 2) a)Vab = 220V; b)q = 5C 3) a) Para a; b)q=3C


4) Vab = 90V 5) a)a para b; b)d para c; c)Wab=180µJ 6)VAB=1250V

CORRENTE ELÉTRICA

1) I = 4mA 2) I = 2,5mA 3) Não, porque I < I do fusível.


4) I = 2A. Queima, porque I > I do fusível 5) Vab = 100V
6) q=32C ; I=3,2A 7) q=24C ; n=15 x 1019

RESISTÊNCIA ELÉTRICA

1) I = 13,75A 2) R=5Ω 3) ℓ = 150m


4) A = 51 x 10-8m2 5) R = 0,5Ω 6) R = 1,6Ω
7) I = 4A 8) ρ = 1 x 10-6Ω.m 9) I=4000A

LEI DE OHM

1) a) R = 3Ω; b) I= 0,5A; c)Vab = 4,5V 2) a)I = 0,6A; b) I = 0,4A; c)I = 0,3A


3) R = 400Ω 4) Ôhmicos: 1 e 2; Não ôhmico: 3

V AB(V) VAB(V) VAB(V)

40 12
200
30 9
120
20 6
70
10 3
30

0 2 4 6 8 I(A) 0 5 10 15 20 I (A) 0 10 20 30 40 I(A)

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Respostas dos problemas

POTÊNCIA ELÉTRICA

1) P = 220W 2)a) R = 201,67Ω; b) I = 0,545A


3) I=20A 4) n=66 lâmpadas
5) a) R = 484Ω; P = 100W; I = 0,455A; b) R = 484Ω ; P= 82,64W; I = 0,413A
6) E=48J 7) a) E = 2kWh; 7,2MJ; b) E = 1,06kWh; 3,808MJ
8) Custo = R$13,20 9) Custo = R$0,33
10) P = 6kW 11) Vmáx = 7,07V; Imáx = 0,707A
12) Não, do contrário ele dissiparia uma potência de 0,53W. Assim sendo, ele queimaria, pois a
potência máxima que ele suporta é 0,25W (l/4W)
13) a) custo = R$ 8,80 (inverno); b) custo = R$ 4,40 (verão) 14) a) R=13,75Ω; b) R=144Ω

CIRCUITO SÉRIE

1) a) Rt = 6,5Ω; b) I = 3A; c) VAC = 12V; VCB = 7,5V; d) Pl =36W; P2 = 22,5W


2) a)I=2,5A; b)VAC=5V; VCD=10V; VDB = l5V; c)Pl= l2,5W; P2=25W; P3=37,5W
3) VAB = 100V; Pt = 10W 4) a) VAC = l0V; VCD = l4V; VDB = 6V; b)R3=3Ω
5) a) I = 1,25A; P=10,93W;b) I = 1,67A; P=19,52W
6) a) I = 0,5A; b) Rl = 3,5Ω
7) a) I=1,5A; b) VAC=15V; VCD=22,5V; VDB=7,5V; c) VAB=45V;d) Pt=67,5W
8) P1=0,22W (queima); P2=0,68W (não queima); 9) R=25Ω; P=1W
10) n=37 lâmpadas 11) R=640Ω; P=40W
12) R=499.999Ω em série com o galvanômetro
13) R=2990Ω em série com o galvanômetro

CIRCUITO PARALELO

1) a) It = 5A; b) I1 = 2A; I2= 3A; c) Pl = 48W; P2 = 72W


2) a) VAB = 9V; b) I1 = lA; I3 = 0,5A; c) Pl = 9W; P2 = 13,5W; P3 = 4,5W
3) a) I1 = 0,45A; I2 = 0,3A; I3 = 0,15A; b) Pl = 2,025W; P2 = 1,35W; P3 = 0,675W
c) Pt = 4,05W; d) Pt = 2,025W
4) 1º) I = 0,6875A; 2º) I = 1,6875A
5) a) Fus ==> 30A, pois a corrente que circula vale, aproximadamente, 21,3A .
b) Fus ==> 15A, pois a corrente que circula vale, aproximadamente, 11,3 A .
6) n=75 máquinas 7) P1=0,225W (não queima); P2=0,682W (queima);
8) a) Não; I = 16A;b) Sim; I = 27A; c) Sim; I = 29,5A
9) I1 = 0,1A; I2 = 0,067A; I3 = 0,083A; R3 = 120Ω
10) lº) Rt = 30,56Ω; It = 3,6A; 2º) Rt = 68,75Ω; It = 1,6A
3º) Rt = 35,48Ω; It = 3,1A; 4º) Rt = 44Ω; It = 2,5A
11) R=0,1Ω em paralelo com o galvanômetro 12) R=0,2Ω em paralelo com o galvanômetro
13) VAB=30V; R3=40Ω; PT=45W 14) o resistor de 6Ω está aberto

CIRCUITO MISTO

1) a) Rt = 2,4Ω; b) Rt = 17Ω; c) Rt = 9Ω; d) Rt = 15Ω 2) IT1=6,4A; IT2=2A

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Respostas dos problemas

3) Rt=210Ω 4) Pl = 27W; I2 = 0,6A; I3 = 2,4A; VAC= 9V; P4 = 72W


5) I1 = 0,12A; P2 = 0,384W; It = 0,4A; VCB= 5,2V
6) VAB= 3V; Pt = 3W; Ix = 0,25A; R3 = 5Ω
7) Ix = 1,6A; VCD = 32V; Pl = 40W; R4 = 5Ω; P4 = 12,8W
8) I1 = 0,2A; Pl = 0,12W; R3 = 20Ω; P4 = 0,9W; Pt = 1,5W
9) Iy = 0,6A; Ix = 0,4A; Rl = 35Ω; P4 = 5,4W; VCB= 10V
10) 1º) It = 2A; Pt = 24W 2º) It = 1,89A; Pt = 22,68W 3º) It = 1,2A; Pt = 14,4W
11) I=0,5A
R1

R2

A
- +

12) V4=2V 13) VAB=30V; IT3=1,5mA; IT1=4,5mA


14) a) V1=1,2V; I1=0,8mA; P1=0,96mW - V2=4,8V; I2=0,32mA; P2=1,536mW - V3=4,8V
I3=0,48mA; P3=2,304mW b) V1=2V; I1=2mA; P1=4mW - V2=2,4V; I2=1,6mA;
P2=3,84mW - V3=1,6V I3=1,6mA; P3=2,56mW - V4=4V I4=0,4mA; P4=1,6mW
15) I=0,75A; V=6V 16) V4=4V 17) VAB=2,4V
18) I5=3mA; IS=7,35mA; V7=19,6V 19) RT1=4Ω; RT2=6Ω
20) P=4,44W 21) I3=4A; I8=1A, I9=4A It=16A 22)IS=30A, I6=10A; V6=20V

GERADORES ELÉTRICOS

1) a)I=5A; b)Vr=25V; c)VAB=175V; d)ICC=40A; e)VAB=200V


2) r=3Ω 3) ε=4,5V; r=0,2Ω 4) r=0,25Ω; VAB=110V
5)VAB=1,5V
6) a)I=1A;VAB=11V; b)ICC=12A; c) VAB=11,7V; d)R1=3Ω; VAB=9V
7) a) ε=6V; b)r=0,5Ω; c)I=2A; d)R=1Ω; e)VAB=3V
8) a) ε=12V; b)r=0,5Ω; c)I=24A; d)I=3A; e) R=1,1Ω
9) 1: ε=50V; r=2,5Ω; ICC=20A 2: ε=20V; r=2Ω; ICC=10A
10) a)R=4Ω; b)ε=30V; r=2Ω; c)I=5A; VAB=20V

CAPACITORES (1ª PARTE)

1) C=5µF 2) q=800µC; C=5µF 3) C=200µF


4) A=113km2 5) a)C=11,8pF; b)q=141,6pC; c)C=27,14pF; q=325,48pC
6) C=4,425pF;C=22pf 7) a)q=500µC; b) q=500µC; V=23,81V; C=21µF
8) V=300V; q=1,2mC 9) q=300C 10) C=12,5µF; q=4x10-4C; V=32V; E=8kV/m
11) C=10/3µF 12) I=0; q=16µC 13) ε=6,3V 14) I=2A; q=40µC
15) a)It=2mA, VC=2V; IC=0; b)It=0, VAC=0, VDB=10V; c)It=4mA, VAC=13,2V, VCD=0; VDB=4,8V;
d)It=0, VAC=0, VCB=22V; VDB=22V

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Respostas dos problemas

CAPACITORES (2ª PARTE)

1) a)Ct=4µF; b)Ct=5µF; c)Ct=1,2µF; d)Ct=8µF


2) C2=16µF;V1=5V;V2=10V 3) a) V2=4V;V3=6V;Ct=1µF
4) q1=75µC; q2=125µC 5) a)V=50V; b)Ct=10µF; c)q2=150µC; q3=250µC
6) a)todos; b)nenhum 7) q1=1,2mC; q1’=800µC; q2=400µC
8) Ct=1µF; qt=200µC 9) C=20µF

CAPACITORES (3ª PARTE)

1) τ=15,5ms; C=10,33mF 2) a)τ=390ms; b)Imáx=5,05A; c)VC=31,92V; d) VC=49,5V


3) I=27µA; t=139ms 4) a)I=60mA; b)q=12µC; c)Vc=4,28V; d)t=460µs
5) a)q=600µC; b)I=0,2A; c) τ=3ms; d) q=81,2µC
6) t=4,6τ 7) C=92pF 8) τ=2,05s; V=252µV
9) τ=1s
t(s) VC VR i(µA)
0 0 10,0 100
0,4 3,3 6,7 67
0,6 4,5 5,5 55
1,0 6,32 3,68 36,8
1,5 7,77 2,23 22,3
2,0 8,65 1,35 13,5
3,0 9,5 0,5 5
4,0 9,81 0,19 1,9
5,0 9,93 0,06 0,6
6,0 9,98 0,02 0,2
8,0 9,99 0,01 0,1
t=0,6931s

10) τ=0,47ms
t(ms) VC VR i(µA)
0 5,0 -5,0 -500
0,2 3,27 -3,27 -326
0,3 2,64 -2,64 -264
0,5 1,73 -1,73 -172
0,8 0,91 -0,91 -91
1,0 0,59 -0,59 -59
1,4 0,29 -0,29 -29
1,8 0,11 -0,11 -11
2,0 0,07 -0,07 -7
2,5 0,02 -0,02 -2,4
3,0 0,008 -0,008 -0,85
t=0,3257ms
11) q=20mC; t=35,84ms 12)t=138,63ms; VR=75V; t=14,66ms

INSTITUTO FEDERAL SUL-RIO-GRANDENSE


Respostas dos problemas

FORÇAS MAGNÉTICAS

1) F=0,08N 2) 1º: a) F=0; b) F=21mN; c) F=42mN; d) F=0 2º: θ=90°


3) F=4,5mN 4) F=341,25N

CAMPOS MAGNÉTICOS DAS CORRENTES

1) d=2cm 2) BM=5µT BN=10µT 3) I2=22,5 A (para baixo) 4) BR=6,5µT


5) B=6,28mT 6) r =5Ω 7) I=7,96A

INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA

1) a)ε=0,12V (C para A);b)I=100mA 2) ρ=1,57x10-3Ω.m 3) I=1A (A para C)


4) ∆φ=3x10-4Wb 5) ε=1V 6) ε=1,6µV 7) φ=4,32µWb
8) εmáx=47,1V 9) B=1,5T 10) ε=2,512V

INDUTÂNCIA

1) B=0,16T 2) L=111mH 3)L=5,33H


4) t=20mseg 5) φ= 0,1µWb 6)L=23,35mH ; N=875esp
7) L=1,58µH 8) L= 3,16mH
9) 0; -20mV; 8mV

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LETRICIDADE
BÁSICA

PROF. MARIO LUIZ FALKENBERG LAMAS


PROF. JOSÉ LUIZ LOPES ITTURRIET
BIBLIOGRAFIA

MARTIGNONI, Alfonso - Eletrotécnica. Porto Alegre: Globo, 1971.

VAN VALKENBURG, Nooger & Neville - Eletricidade Básica. Rio de Janeiro: Editora ao Livro
Técnico, 1982.

RESNICK, Robert e HALLIDAY David- Física 3. Rio de Janeiro: LTC, 1985.

CAVALCANTI, P. J. Mendes - Fundamentos de Eletrotécnica para Técnicos em Eletrônica (15ª


edicão). Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1984.

CIPELLI, Marco e MARKUS Otávio- Circuitos em Corrente Contínua. São Paulo: Érica, 1999.

MÁXIMO, Antônio e ALVARENGA Beatriz - Curso de Física 3. São Paulo: Scipione, 1997.

GONÇALVES, Aurélio Filho e TOSCANO, Carlos - Física e Realidade (volume 3). São Paulo:
Scipione, 1997.

CHAVES, Roberto - Manual de Instalações Elétricas. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1981.

GUERRINI, Délio Pereira - Eletrotécnica. São Paulo: Érica, 1990.

GUERRINI, Délio Pereira - Instalações Elétricas Prediais. São Paulo: Érica, 1990.

GOZZI, Giusepe Giovanni Massimo - Circuitos Magnéticos. São Paulo: Érica, 1996.

ARCIPRETI, Nicolangelo Dell’ e GRANADO, Nelson Vilhena - Física 3. São Paulo: Ática, 1981.

CENAFOR, Programa de Educação Técnica - Ensino Industrial - Habilitação de Eletrotécnica. São


Paulo: Cenafor, 1985.

ALBUQUERQUE, Rômulo Oliveira – Circuitos em Corrente Alternada. São Paulo: Érica, 1997.

BOYLESTAD, Robert L.- Introdução á Análise de Circuitos. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2004.
CARO ESTUDANTE DO IF SUL
Este trabalho foi elaborado com a finalidade de orientar o seu estudo na disciplina de
Eletricidade Básica. Ao começar a resolver os exercícios do livro, é natural que, alguns deles,
apresentem um certo grau de complexidade mas, com o desenrolar dos trabalhos, esta complexidade
poderá diminuir de intensidade. É importante que você procure sempre compreender e não,
simplesmente, decorar. A eletricidade não é difícil, apenas requer um pouco mais de estudo.
Portanto, se você deseja êxito no seu trabalho, participe ativamente das aulas.
Às vezes, tornar-se-á necessário que vários exercícios semelhantes sejam resolvidos, para
você tornar-se independente em seus estudos. É fundamental que você reuna conhecimentos básicos
e motivação pelo ensino.
Para que ocorra um efetivo aprendizado, porém é importante a realização de aulas práticas-
demonstrativas no laboratório de eletricidade, pois ouvindo, lendo, presenciando e comprovando a
ocorrência de determinados fenômenos, dificilmente os esquecerá. Você contará, então, com esse
material e um professor interessado em atendê-lo.

A seguir, são dadas algumas instruções que visam a orientar o seu estudo para que você
consiga alcançar um bom rendimento:
l°) Faça uma leitura geral dos textos indicados pelo professor e assinale as passagens que
julgar importantes;
2°) Elabore um resumo, a fim de personalizar sua compreensão;
3°) Procure formar o hábito de estudar periodicamente em casa ou na escola, de modo que
a matéria não se acumule;
4°) Tente resolver os exercícios, utilizando, como recursos, seus próprios conhecimentos,
suas anotações de aula, os textos e exemplos do livro;
5°) Consulte os colegas e não se esqueça do professor como seu orientador.

No caso de resolução de problemas, considere a seguinte seqüência:


1°) Identifique o assunto a que se refere o problema;
2°) Anote os dados fornecidos ( S.I. de unidades) e as incógnitas existentes;
3°) Desenhe, se possível, o circuito relativo ao problema;
4°) Escreva as fórmulas referentes à situação;
5°) Selecione as fórmulas úteis e substitua os valores conhecidos;
6°) Faça um retângulo em torno da resposta, ao encontrá-la;
7º) Organize-se, pois assim será mais fácil você detectar um possível erro, mesmo porque a
organização é um passo para a solução.
BOM TRABALHO

Mario Luiz Falkenberg Lamas e José Luiz Lopes Itturriet


Dezembro de 2009
INTRODUÇÃO

É comum iniciar-se um curso, a partir de uma abordagem extremamente teórica. No caso de


um estudo voltado para a eletricidade básica, no início, faz-se uma apresentação do modelo atômico
da matéria, modelo este que não admite comprovação experimental direta na sala de aula. Isto
ocorre porque, normalmente, utiliza-se um texto pronto, de forma que você só precisa ler e aceitar o
que está escrito. Essa não será a linha adotada ao longo de todo o nosso estudo, pois estará a sua
disposição um caderno complementar com uma série de atividades prático-experimentais. Nele,
você deverá completar alguns textos, registrando as respostas às questões e resultados de
experiências desenvolvidas, podendo tirar as suas conclusões.
Você deverá se familiarizar com esse modelo, cuja utilidade só se tornará mais evidente à
medida que você avançar no processo ensino-aprendizagem. Dessa maneira, a parte experimental
das primeiras unidades é muito reduzida, mas seu conteúdo é extremamente importante para a
compreensão dos assuntos abordados nas unidades seguintes.
A partir da unidade Diferença de Potencial (tensão elétrica), a quantidade de informações
passa a se tornar pequena em comparação com o número de experiências que serão desenvolvidas
no laboratório de Eletricidade.
O nosso estudo de Eletricidade será desenvolvido em três etapas. Analisaremos situações
onde encontraremos as cargas elétricas geralmente em repouso. Por este motivo, essa etapa é
habitualmente denominada de ELETROSTÁTICA (unidades 1, 2, 3 e 4).
Nas unidades 5, 6, 7, 8, 9, 10 e 11, estudaremos as cargas elétricas em movimento, isto é, as
correntes elétricas e as propriedades dos circuitos elétricos que são percorridos por estas correntes.
Essa etapa é denominada de ELETRODINÂMICA.
Nas últimas unidades (12, 13, 14, 15 e 16) faremos uma análise dos fenômenos magnéticos,
os quais são causados por cargas elétricas em movimento. Essa parte da Eletricidade, envolvendo
relações entre as cargas elétricas e os fenômenos magnéticos, é denominada de
ELETROMAGNETISMO.
No final de cada unidade existem grupos de questões e problemas para serem resolvidos,
sendo que as respostas dos problemas estão disponíveis no final do livro.
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
INSTITUTO FEDERAL SUL-RIO-GRANDENSE
COORDENADORIA DO CURSO DE ELETRÔNICA

Elaboração:
Prof. José Luiz Lopes Itturriet
Prof. Mario Luiz Falkenberg Lamas

Editoração Eletrônica:
Maria Cecília Carvalho Amaral

Correção de Português:
Profª Suzana Grala Tust

Capa:
Fickel, Garcez e Tejada

Impressão:
Gráfica do IF SUL

O ANALFABETO POLÍTICO
“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala,,
não participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de
vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do
remédio depende das decisões políticas. O analfabeto é tão burro que se
orgulha e estufa o peito, dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil
que, de sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado,
o assaltante e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista,
pilantra, o corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”
Bertold Brecht
ÍNDICE
1. Carga Elétrica - pg. 1
1.1. Cargas positivas e negativas, 1
1.2. Teoria eletrônica da matéria, 2
1.3. Eletrização e ionização, 3
1.4. Condutores e isolantes, 4
1.5. Processos de eletrização, 6
1.6. Eletricidade estática, 8
1.7. Cálculo e determinação da carga elétrica, 9
2. Lei de Coulomb - pg. 16
3. Campo Elétrico (Noções) - pg. 20
3.1. Campos gravitacional e magnético, 20
3.2. Intensidade de Campo Elétrico, 20
3.3. Rigidez dielétrica, 25
3.4. Poder das pontas, 26
3.5. Blindagem eletrostática, 26
4. Diferença de Potencial - pg. 32
4.1. Noções de energia e trabalho, 32
4.2. Diferença de potencial entre dois pontos, 33
4.3. Tipos de tensão e medições, 34
4.4. Potencial elétrico de um ponto, 37
4.5. Movimento de cargas entre dois pontos, 39
4.6. Relação entre campo elétrico uniforme e tensão, 42
4.7. Tensões eletrostáticas, 43
5. Corrente Elétrica - pg. 47
5.1. Conceito, 47
5.2. Intensidade da corrente, 47
5.3. Sentidos da corrente elétrica, 49
5.4. Tipos de corrente elétrica e medições, 49
5.5. Efeitos da corrente elétrica, 53
6. Resistência Elétrica - pg. 61
6.1. Conceito, 61
6.2. Cálculo de resistência elétrica, 61
6.3. Fatores influentes na resistência, 63
6.4. Supercondutividade, 68
6.5. Aterramento, 70
6.6. Resistores, 71
7. Lei de Ohm - pg. 82
7.1. Enunciado, 82
7.2. Condutores ôhmicos, 82
7.3. Condutores não-ôhmicos, 83
8. Potência Elétrica - pg. 88
8.1. Noções de potência elétrica, 88
8.2. Definição de potência elétrica, 89
8.3. Valores nominais, 93
8.4. Fórmulas de potência elétrica, 93
8.5. Efeito Joule, 95
8.6. Transmissão de energia em alta tensão, 97
9. Circuitos Elétricos de CC - pg. 103
9.1. Circuito elétrico simples, 103
9.2. Circuito elétrico série, 105
9.3. Circuito elétrico paralelo, 112
9.4. Circuito elétrico misto, 121
10. Geradores Elétricos - pg. 132
10.1. Tipos de geradores, 132
10.2. Grandezas características de um gerador, 135
10.3. Associação de geradores, 137
10.4. Gráfico tensão x corrente, 138
10.5. Receptores ativos, 140
11. Capacitores - pg. 145
11.1. Capacitância de um capacitor, 145
11.2. Fatores influentes na capacitância, 147
11.3. Carga de um capacitor, 150
11.4. Testes em capacitores, 151
11.5. Associações de capacitores, 156
11.6. Transitórios em circuitos capacitivos, 164
11.7. Tipos de capacitores, 169
12. Magnetismo - pg. 176
12.1. Ímãs, 176
12.2. Teoria de Weber, 178
12.3. Campo magnético, 179
12.4. Vetor indução magnética, 181
13. Forças Magnéticas - pg. 185
13.1. Força sobre carga móvel, 185
13.2. Força sobre condutor retilíneo, 186
13.3. Aplicações práticas de forças magnéticas, 187
14. Campos Magnéticos das Correntes - pg. 192
14.1. Campo magnético de um condutor retilíneo, 192
14.2. Campo magnético de um solenóide, 193
14.3. Eletroímãs, 194
14.4. Aplicações práticas de campos das correntes, 195
15. Indução Eletromagnética - pg. 200
15.1. Força eletromotriz induzida, 200
15.2. Fluxo magnético, 202
15.3. Leis de Faraday e de Lenz, 203
15.4. Aplicações práticas de indução eletromagnética, 206
16. Indutância - pg. 218
16.1. Campo Indutor e Permeabilidade Magnética, 218
16.2. Histerese Magnética, 219
16.3. Circuito Magnético, 221
16.4. Definição de Indutância, 222
16.5. Aplicações práticas de indutância, 225
16.6. Fatores influentes na indutância, 226
16.7. Associações de indutores, 228

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