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Responsabilidade Civil Da Administração Pública 2grupo
Responsabilidade Civil Da Administração Pública 2grupo
DELEGAÇÃO DE CHIMOIO
LICENCIATURA EM DIREITO
Chimoio, 2023
INSTITUTO SUPERIOR MUTASA
DELEGAÇÃO DE CHIMOIO
Discentes:
Acaina Aizeque
Madalena da Piedade
Michaela Agostinho
Docente:
LICENCIATURA EM DIREITO
Chimoio, 2023
Índice
Capítulo I. Introdução................................................................................................................5
1. Objectivos e metodologia................................................................................................6
1.3. Metodologia.............................................................................................................6
2. Conceitos básicos............................................................................................................7
5.1. Conduta..................................................................................................................11
5.2. Dano.......................................................................................................................12
5.4. Culpa......................................................................................................................13
9. Responsabilidade Objectiva..........................................................................................16
10. Princípio da responsabilidade da Administração Pública.........................................18
Conclusão.................................................................................................................................19
Bibliografia..............................................................................................................................20
Capítulo I. Introdução
Bem sabe-se que nos tempos remotos o Estado não respondia pelos actos danosos que
seus funcionários causassem as vítimas, no entanto, através da Revolução Francesa houve
uma queda do autoritarismo monárquico e o povo começou uma forma de repressão aos
desmandos do rei. Diante disto surgem diplomas que instituíam responsabilidade ao Estado
devido aos prejuízos causados, mediante o pagamento de indemnização a vítima. A partir daí
o Estado sai da posição de completamente irresponsável civilmente e avança para a fase da
Responsabilidade Subjectiva até chegar à fase da Responsabilidade Objectiva.
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1. Objectivos e metodologia
1.1. Objectivo geral
Compreender de forma sólida a Responsabilidade civil da Administração
Pública.
1.3. Metodologia
Quanto a técnica foi usada a documentação indireta que é constituída pelas técnicas
documental e bibliográfica:
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Capítulo II. Responsabilidade Civil da Administração Pública
2. Conceitos básicos
De acordo com Rui Stoco a ideia de responsabilidade civil está relacionada à noção de
não prejudicar outro.
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“A responsabilidade Civil do Estado como define com
acurácia Celso António Bandeira de Melo entende-se por
responsabilidade Civil do Estado como a obrigação do Estado
que lhe incumbe de reparar economicamente os danos lesivos à
esfera juridicamente garantida de outrem e que sejam
imputáveis em decorrência de comportamentos unilaterais
lícitos ou ilícitos, comissivos ou omissivos, materiais ou
jurídicos”.
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Esta legislação destacou-se por trazer a substituição da multa fixa por uma pena
proporcional ao dano causado.
Denomina-se responsabilidade civil subjectiva aquela causada por conduta culposa lato
sensu, que envolve a culpa stricto sensu e o dolo. A culpa (stricto sensu) caracteriza-se
quando o agente causador do dano praticar o acto com negligência ou imprudência. Já o dolo
é a vontade conscientemente dirigida à produção do resultado ilícito.
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“A necessidade de maior proteção a vítima fez nascer a culpa
presumida, de sorte a inverter o ónus da prova e solucionar a
grande dificuldade daquele que sofreu um dano demonstrar a
culpa do responsável pela acção ou omissão, o próximo passo
foi desconsiderar a culpa como elemento indispensável, nos
casos expressos em lei, surgindo a responsabilidade objectiva,
quando então não se indaga se o acto é culpável.
Os actos ilícitos são aqueles que contrariam o ordenamento jurídico lesando o direito
subjectivo de alguém. É ele que faz nascer à obrigação de reparar o dano e que é imposto
pelo ordenamento jurídico.
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O Código Civil Moçambicano estabelece a definição de factos ilícito em seu artigo
483: “Aquele que, com dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem ou
qualquer disposição legal destinada a proteger interesses alheios fica obrigado a indemnizar o
lesado pelos danos resultantes da violação”.
1. Que haja um facto (uma acção ou omissão humana, ou um facto humano, mas
independente da vontade, ou ainda um facto da natureza), que seja antijurídico, isto é, que
não seja permitido pelo Direito, em si mesmo ou nas suas consequências;
2. Que o facto possa ser imputado a alguém, seja por dever a actuação culposa da
pessoa, seja por simplesmente ter acontecido no decurso de uma actividade realizada no
interesse dela;
4. Que tais danos possam ser juridicamente considerados como causados pelo acto ou
facto praticado, embora em casos excepcionais seja suficiente que o dano constitua risco
próprio da actividade do responsável, sem propriamente ter sido causado por esta.
5.1. Conduta
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terceiro, ou o fato de animal ou coisa inanimada, que cause
dano a outrem, gerando o dever de satisfazer os direitos do
lesado.”
5.2. Dano
“O acto ilícito nunca será aquilo que os penalistas chamam de crime de mera conduta;
será sempre um delito material, com resultado de dano. Sem danos pode haver
responsabilidade penal, mas não há responsabilidade civil. Indemnização sem danos
importaria enriquecimento ilícito; enriquecimento sem causa para quem a recebesse e pena
para quem a pagasse, porquanto o objectivo da indemnização, sabemos todos, é reparar o
prejuízo sofrido pela vítima, reintegrá-la ao estado em que se encontrava antes da prática do
acto ilícito. E, se a vítima não sofreu nenhum prejuízo, a toda evidência, não haverá o que
ressarcir. Daí a afirmação, comum a praticamente todos os autores, de que o dano é não
somente o facto constitutivo mas, também, determinante do dever de indemnizar”.
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O Código Civil Moçambicano estabelece no seu n° 1 do art. 564: “O dever de
indemnizar compreende não só o prejuízo causado, como os benefícios que o lesado deixou
de obter em consequência da lesão”.
Cabe citar Agostinho Alvim: “pode-se dizer que o dano ora produz o efeito de diminuir
o património do credor, ora o de impedir-lhe o aumento, ou acrescentamento, pela cessação
de lucros, que poderia esperar”.
O dano emergente consiste no efectivo prejuízo suportado pela vítima, ou seja, o que
ela efectivamente perdeu em razão da lesão. É o dano que vem à tona de imediato, em razão
de um desfalque concreto do património da pessoa lesada, e, por esse motivo, não há grandes
dificuldades para a mensuração da indemnização.
5.4. Culpa
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administradores contra o funcionário público causador do dano não cabendo ao Estado
responsabilidade alguma pela acção de seus funcionários.
É neste século que começou a existir por parte da população uma repressão contra os
desmandos dos absolutistas, prova disso é que as comunas passaram a responder pelas
atitudes das forças policiais e essa manifestação da população teve repercussão nos demais
países.
Esta fase se desenvolve durante o período em que a forma de governo adoptada pelos
Estados era a monarquia absolutista, ocasião em que o monarca reunia nele próprio o
comando de todos os poderes estatais e que toda conduta desempenhada pelo monarca tinha
necessariamente inspiração divina, deste modo ficava claro que o rei jamais cometia faltas, se
Deus é perfeito a conduta real também o era, com base na inspiração divina dos actos do
monarca, é que surge a máxima de “The King can do no wrong”, “ Le roi ne peut mal faire”
fazer com que o Estado simplesmente imputasse a própria vítima a responsabilidade pelos
actos danosos que cominava com a impossibilidade de ressarcimento ou indemnização.
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8. Responsabilidade Subjectiva: Culpa Civilista e Culpa Administrativa
1) Culpa Civilista: baseada nas teorias do Direito Civil tomando por base o código civil
Francês, chamado código napoleónico, percebe-se uma evolução, pois o Estado sai de uma
condição irresponsável civilmente, para a condição de possível responsável a depender da
comprovação da culpabilidade do agente público, tarefa esta atribuída por lei ao
administrado, que tinha contra si a estrutura estatal e o imenso ónus de contra ela pelejar.
Deste modo, percebe-se que a lei feita usando a produção da justiça muitas vezes não
alcançava o seu escopo por mera inadequação a realidade fáctica no âmbito da Administração
Pública. Tal situação movimentou no século XIX os publicistas franceses, no sentido de
resguardar os interesses de vítimas de danos administrativos retirando-lhes, a incumbência da
prova da culpa do agente público, para a prova da culpa da própria administração pública
manifesta em uma das seguintes hipóteses:
(2.1) Inexistência de serviço público que por lei devesse ser prestado pelo Estado: neste
caso a omissão do poder público em não realizar um serviço previsto em lei gerava ao
destinatário dos serviços inexistentes um direito subjectivo de pleitear um dano causado pelo
Estado decorrente na inércia do poder público, cabendo à vítima a prova do dano e ao Estado
provar a existência do serviço, conforme entendimento do doutrinador Celso Bandeira de
Melo, de acordo com a citação abaixo:
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A responsabilidade estatal por acto omissivo é sempre
responsabilidade por acto ilícito. E, sendo responsabilidade
por ilícito, é necessariamente responsabilidade subjectiva, pois
não há conduta ilícita do Estado (embora do particular possa
haver) que não seja proveniente de negligência, imprudência
ou imperícia (culpa) ou, então, deliberado propósito de violar
a norma que o constitua em dada obrigação (dolo).
(2.2) Serviço público existente, mas prestado com defeito pelo Estado: nesta hipótese,
tem-se que, o Estado actuou mediante a prestação de serviço que lhe fora atribuído por lei,
todavia, o fez sem zelo, de modo defeituoso tendo por isto, causado dano ao administrado.
É importante lembrar que há casos que além de não poder individualizar o agente
causador do dano, fica também dificultoso para a vítima provar que sofreu o dano em
decorrência de uma má prestação do serviço, cabendo nesse caso a presunção de
responsabilidade, transferindo para o Estado o ónus de provar que o serviço foi prestado de
forma esperada.
(2.3) Serviço público prestado em atraso: neste caso tem-se o perfeito cumprimento das
duas hipóteses supracitadas, ou seja, tem-se que o serviço público existe e é prestado com
qualidade, todavia, o momento de sua prestação é inoportuna por ser tardia, não atendendo
assim, as necessidades do administrado que acabou por ser prejudicado em virtude da não
celeridade do aparato estatal.
A culpa administrativa, diferente das demais espécies de culpa, não está pautada em
atribuir responsabilidade a um agente público nominado, basta à presença de um agenciador
geral inominado que preste um mau serviço e que cause dano capaz de ser imputado.
9. Responsabilidade Objectiva
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A teoria objectiva surge na França em resposta à teoria subjectiva, por tornar
sobremodo dificultosa a comprovação por parte da vítima da culpa do agente público na
ocorrência do dano.
“Art. 501° do CC” O Estado e demais pessoas colectivas públicas, quando haja danos
causados a terceiro pelos seus órgãos, agentes ou representantes no exercício de actividade de
Gestão Privada, respondem civilmente por esses danos nos termos em que os comitentes
respondem pelos danos causados pelos seus comissários’’.
Na acção regressiva sempre cabe ao Estado provar a culpabilidade de seu agente e isto
não condiciona a hipótese indemnizatória referente à vítima, o contrário é o que se dá após a
constatação efectiva da responsabilidade estatal tendo por resultado a satisfação
indemnizatória da vítima é que se tem lugar à acção regressiva, ocasião em que o Estado
tentará recobrar de seu agente o que gastara com a indemnização.
Essa teoria determina a inversão do ónus probandi, ou seja, cabe agora ao Estado
provar a sua não responsabilidade, tendo facilitado o direito de reparação da vítima.
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com base na lei pelos danos decorrentes do comportamento de seus agentes quando da
prestação dos serviços públicos cujo destinatário é a população de modo geral.
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Conclusão
Portanto, não seria possível falar deste magnífico tema sem abordar sobre a
responsabilidade civil e os seus pressupostos gerais.
Tal Teoria adoptada não podia ser diferente, tendo em vista, o grande poder lesivo que
o Estado concentra, além de ser notória a dificuldade da vítima demonstrar o dolo ou a culpa
da Administração Pública, entretanto, na acção regressiva do Estado contra o seu funcionário
(causador do dano) tem-se presente a perquirição da culpa ou dolo, configurando assim a
culpa subjectiva.
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Bibliografia
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Direito Administrativo. Ed 10ª. Rio de Janeiro, 2003.
CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 9ª. Ed, Atlas Editora, São
Paulo, 2010.
TELLES, Inocêncio Galvão, Direito das Obrigações, 7.ª Edição, Coimbra Editora, Coimbra,
2014.
Legislações
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