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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DELEGAÇÃO DE CHIMOIO

RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Realizado por:

Ileine Minoca Binze

Jéssica da Luz

Rosa da Felicidade

Helena José Simango

Docente:

MS’c. Abias Armando

LICENCIATURA EM DIREITO

2ºANO – LABORAL - 3° GRUPO

CADEIRA: DIREITO ADMINISTRATIVO II

Chimoio, 2023
INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DELEGAÇÃO DE CHIMOIO

RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Realizado por:

Ileine Minoca Binze

Jéssica da Luz

Rosa da Felicidade

Helena José Simango

Docente:

MS’c. Abias Armando

LICENCIATURA EM DIREITO

2ºANO – LABORAL - 3° GRUPO

CADEIRA: DIREITO ADMINISTRATIVO II

Chimoio, 2023
ÍNDICE

I. Introdução...........................................................................................................................4

a) objectivo geral.................................................................................................................5

b) objectivo específico.........................................................................................................5

c) metodologia.....................................................................................................................6

II. Responsabilidade civil da administração pública...........................................................7

1. Conceito..........................................................................................................................7

2. Evolução histórica...........................................................................................................7

3. A irresponsabilidade do estado.......................................................................................8

4. Concepção civilista.........................................................................................................8

5. A teoria do órgão.............................................................................................................9

6. A culpa anônima.............................................................................................................9

7. A responsabilidade objectiva........................................................................................10

8. Teoria do risco administrativo e o dever de segurança.................................................10

9. Teoria do risco integral.................................................................................................12

10. A responsabilidade do estado no direito moçambicano............................................12

III. Conclusão......................................................................................................................14

IV. Referências bibliográficas.............................................................................................15


I. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem em vista tratar e abordar em torno da Responsabilidade Civil da


Administração Pública, atendendo e considerando que o art. 13 do Decreto 30/2001 de 15 de
Outubro prevê que a Administraçao Pública responde pela conduta dos seus órgãos e
instituições de que resultem danos a terceiros, nos mesmos termos da responsabilidade civil
do Estado, conforme previsto no art. 58 da CRM, sem prejuizo do seu direito de regresso,
conforme as disposições do Código Civil.

Desta feita, visa-se fazer uma abordagem exaustiva em todas as possibilidades em torno do
tema em causa.

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a) Objectivo geral

O trabalho tem como o objectivo geral analisar a responsabilidade civil da Administração


Pública em Moçambique.

b) Objectivo específico
 Definir a responsabilidade civil;
 Explicar o processo de evoluçã histórica da responsabilidade civil
administrativa;
 Explicar a responsabilidade civil do Estado no Direito moçambicano.

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c) Metodologia

O trabalhou sustentou-se através do método de pesquisa documental e bibliográfico e com o


apoio da internet.

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II. RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1. Conceito

A responsabilidade civil consubstancia-se na obrigação de indemnizar um dano patrimonial


ou moral decorrente de um facto humano.

No direito moçambicano a responsabilidade civil é orientada pelo princípio de causalidade


adequada, também denominado princípio do dano directo e imediato, segundo o qual
ninguém pode ser responsabilizado por aquilo a que não tiver dado causa, e somente se
considera causa o evento que produzir directa e concretamente o resultado danoso. Só origina
responsabilidade civil, portanto, o nexo causal directo e imediato.

No âmbito do Direito Público, temos que a responsabilidade civil da Administração Pública


evidencia-se na obrigação que tem o Estado de indemnizar os danos patrimoniais ou morais
que seus agentes, atuando em seu nome, ou seja, na qualidade de agentes públicos, causem à
esfera juridicamente tutelada dos particulares (art. 58 da CRM).

Não se confunde a responsabilidade civil com as responsabilidades administrativa e penal,


sendo essas três esferas de responsabilização, em regra, independentes entre si, podendo as
sanções correspondentes ser aplicadas separada ou cumulativamente conforme as
circunstâncias de cada caso.

2. Evolução histórica

A responsabilidade do Estado é também chamada de responsabilidade da Administração


Pública. Maria Sylvia Zanella Di Pietro critica, com razão, está última expressão, já́ que a
Administração Pública não tem personalidade jurídica, não é titular de direitos e obrigações
na ordem civil. A capacidade é do Estado e das pessoas jurídicas públicas ou privadas que o
representam no exercício de parcela de atribuições estatais.

A expressão, todavia, passou a ser usual para indicar não só́ a responsabilidade do Estado
propriamente dita (pessoa jurídica de direito público), mas também da Administração
Indireta. Isso porque a Constituição de 2004 estendeu aos prestadores de serviços públicos
(pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da chamada Administração Indireta),
responsabilidade objectiva tal qual a do Estado. A designação, portanto, não tem um sentido

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técnico, apenas prático. Quem responde é sempre a pessoa jurídica pública ou privada que
integra a Administração Pública.

A responsabilidade do Estado encontra-se, como já vimos, entre os casos de responsabilidade


objectiva previstos em nossa legislação. Nem sempre, entretanto, foi assim. Houve uma longa
e lenta evolução até chegar-se ao estágio actual. E o grande responsável por essa evolução foi
o Direito Francês, através da construção pretoriana do Conselho de Estado.

3. A irresponsabilidade do Estado

No Estado despótico e absolutista vigorou o princípio da irresponsabilidade. A ideia de uma


responsabilidade pecuniária da Administração era considerada como um entrave perigoso à
execução de seus serviços. Retratam muito bem essa época as tão conhecidas expressões: “O
rei não erra”, “O Estado sou eu”, “O que agrada ao príncipe tem força de lei” entre
outros. Os administrados tinham apenas acção contra o próprio funcionário causador do dano,
jamais contra o Estado, que se mantinha distante do problema.

Sustentava-se que o Estado e o funcionário são sujeitos diferentes, pelo que este último,
mesmo agindo fora dos limites de seus poderes, ou abusando deles, não obrigava, com seu
facto, a Administração.

4. Concepção civilista

Como sujeito dotado de personalidade, o Estado é capaz de direitos e obrigações como os


demais entes, inexistindo motivos que possam justificar a sua irresponsabilidade. Pois se o
Estado é o guardião do Direito, não há como deixar ao desamparo o cidadão que sofreu
prejuízos por acto próprio do Estado.

A doutrina da irresponsabilidade do Estado, apesar da resistência dos conservadores, aos


poucos foi sendo vencida pela própria lógica e repelida pela doutrina e pelos tribunais.

Foi assim que se passou, numa segunda fase, para uma concepção civilista da
responsabilidade estatal, fundada na culpa do funcionário e nos princípios da
responsabilidade por facto de outrem (patrão, preponente, mandante, representante).

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5. A teoria do órgão

Constatou-se que o Estado não é representado por seus agentes, mas age através deles e dos
órgãos em que actuam. Como pessoa jurídica que é, o Estado não tem vontade nem acção, no
sentido de manifestação psicológica e vida anímica própria, sua vontade e sua acção são
manifestadas pelos seus agentes, na medida em que se apresentem revestidos desta qualidade
e atuem em seus órgãos. Pela teoria do órgão, idealizada por Otto Gierke, o Estado é
concebido como um organismo vivo, integrado por um conjunto de órgãos que realizam as
suas funções.

Organismo traduz-se num conjunto de partes, as quais correspondem outras tantas funções
que, combinadas, servem a manter o todo; mas cada uma das partes, separadamente, não tem
função alguma, não desempenha nenhum fim fora do organismo em que se integra.

Tal como o ser humano, o Estado é dotado de órgãos de comando (políticos) que manifestam
a vontade estatal e órgãos de execução (administrativos) que cumprem as ordens dos
primeiros. A vontade e as acções desses órgãos, todavia, não são dos agentes humanos que
neles atuam, mas sim do próprio Estado.

A relação entre a vontade e a acção do Estado e de seus agentes é uma relação de imputação
directa dos actos dos agentes ao Estado.

Em suma: não se bipartem Estado e agente (como se fossem representado e representante,


mandante e mandatário), mas, pelo contrário, são considerados como unidade”.

O órgão supõe a existência de uma só́ pessoa, a própria pessoa do Estado, razão pela qual o
dano causado ao particular imputa-se directamente à pessoa jurídica de cuja organização faz
parte o funcionário causador do dano.

A actividade do funcionário configura-se como actividade da própria pessoa jurídica, e, por


conseguinte, devem ser atribuídas a esta todas as consequências danosas ou não dessa
actividade.

6. A culpa anônima

Com base nesses princípios publicísticos evoluiu-se da culpa individual para a culpa anônima
ou impessoal. A noção civilista da culpa ficou ultrapassada, passando-se a falar em culpa do

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serviço ou falta do serviço, que ocorre quando o serviço não funciona, funciona mal ou
funciona atrasado. Em outras palavras, o dever de indemnizar do Estado decorre da falta do
serviço, não já́ da falta do servidor. Bastará a falha ou o mau funcionamento do serviço
público para configurar a responsabilidade do Estado pelos danos daí́ decorrentes aos
administrados.

De acordo com essa nova concepção, a culpa anônima ou falta do serviço público, geradora
de responsabilidade do Estado, não está necessariamente ligada à ideia de falta de algum
agente determinado, sendo dispensável a prova de que funcionários especificados tenham
incorrido em culpa. Basta que fique constatado um mau agenciador geral, anônimo,
impessoal, na defeituosa condução do serviço, à qual o dano possa ser imputado.\

7. A responsabilidade objectiva

Na última fase dessa evolução proclamou-se a responsabilidade objectiva do Estado, isto é,
independentemente de qualquer falta ou culpa do serviço, desenvolvida no terreno próprio do
Direito Público. Chegou-se a essa posição com base nos princípios da equidade e da
igualdade de ônus e encargos sociais. Se a actividade administrativa do Estado é exercida em
prol da colectividade, se traz benefícios para todos, justo é, também, que todos respondam
pelos seus ônus, a serem custeados pelos impostos.

Em suma, “o fundamento da responsabilidade estatal é garantir uma justa repartição dos ônus
provenientes de actos ou efeitos lesivos, evitando que alguns suportem prejuízos ocorridos
por ocasião ou por causa de actividades desempenhadas no interesse de todos. De
consequente, seu fundamento é o princípio da igualdade, noção básica do Estado deDireito”.

Nesta fase, descarta-se qualquer indagação em torno da culpa do funcionário causador do


dano, ou, mesmo, sobre a falta do serviço ou culpa anônima da Administração. Responde o
Estado porque causou danos ao seu administrado, simplesmente porque há́ relação de
causalidade entre a actividade administrativa e o dano sofrido pelo particular.

8. Teoria do risco administrativo e o dever de segurança

Em busca de um fundamento para a responsabilidade objectiva do Estado, valeram-se os


juristas da teoria do risco. Resultou, daí, a teoria do risco administrativo, teoria, essa, que
pode ser assim formulada: a Administração Pública gera risco para os administrados,

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entendendo-se como tal a possibilidade de dano que os membros da comunidade podem
sofrer em decorrência da normal ou anormal actividade do Estado. Tendo em vista que essa
actividade é exercida em favor de todos, seus ônus devem ser também suportados por todos, e
não apenas por alguns. Consequentemente, deve o Estado, que a todos representa, suportar os
ônus da sua actividade, independentemente de culpa dos seus agentes.

Em apertada síntese, a teoria do risco administrativo importa atribuir ao Estado a


responsabilidade pelo risco criado pela sua actividade administrativa. Esta teoria, como se vê,
surge como expressão concretado princípio da igualdade dos indivíduos diante dos encargos
públicos. E a forma democrática de repartir os ônus e encargos sociais por todos aqueles que
são beneficiados pela actividade da Administração Pública.

Convém registrar que a teoria do risco administrativo não se confunde com a do risco
integral.

Com efeito, a teoria do risco administrativo, embora dispense a prova da culpa da


Administração, permite ao Estado afastar a sua responsabilidade nos casos de exclusão do
nexo causal – facto exclusivo da vítima, caso fortuito, força maior e facto exclusivo de
terceiro. O risco administrativo torna o Estado responsável pelos riscos da sua actividade
administrativa, e não pela actividade de terceiros ou da própria vítima, e nem, ainda, por
fenômenos da Natureza, estranhos à sua actividade.

Se o Estado, por seus agentes, não deu causa a esse dano, se inexiste relação de causa e efeito
entre a actividade administrativa e a lesão, não terá́ lugar a aplicação da teoria do risco
administrativo e, por via de consequência, o Poder Público não poderá́ ser responsabilizado.

E nesta altura cabe a seguinte indagação: se não há responsabilidade sem violação de dever
jurídico e o risco, por si só́ , não configura nenhuma violação, qual seria o dever jurídico da
Administração cujo descumprimento caberá o dever de indemnizar? E o dever de segurança a
incolumidade (isenção de perigo) de todos os administrados. O Estado tem o dever de exercer
a sua actividade administrativa, mesmo quando perigosa ou arriscada, com absoluta
segurança, de modo a não causar dano a ninguém.

Está vinculado, portanto, a um dever de incolumidade, cuja violação enseja o dever de


indemnizar independentemente de culpa.

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9. Teoria do risco integral

A teoria do risco integral é modalidade extremada da doutrina do risco para justificar o dever
de indemnizar mesmo nos casos de culpa exclusiva da vítima, facto de terceiro, caso fortuito
ou de força maior. É o que ocorre, por exemplo, no caso de acidente de trabalho, em que a
indemnização é devida mesmo que o acidente tenha decorrido de culpa exclusiva da vítima
ou caso fortuito. Se fosse admitida a teoria do risco integral em relação à Administração
Pública, ficaria o Estado obrigado a indemnizar sempre e em qualquer caso o dano suportado
pelo particular, ainda que não decorrente de sua actividade, posto que estaria impedido de
invocar as causas de exclusão do nexo causal, o que, a toda evidência, conduziria ao abuso e
à iniquidade.

De qualquer forma, fica registrado que alguns autores, embora falem em teoria do risco
integral, estão, na realidade, se referindo àquilo que para outros é a teoria do risco
administrativo.

10. A responsabilidade do Estado no Direito Moçambicano

Em Moçambique, não passamos pela fase da irresponsabilidade do Estado. Mesmo à falta de


disposição legal específica, a tese da responsabilidade do Poder Público sempre foi aceita
como princípio geral e fundamental de Direito.

Entendia-se haver solidariedade do Estado em relação aos actos de seus agentes. Cuidava-se,
todavia, de responsabilidade fundada na culpa civil, para cuja caracterização era
indispensável a prova da culpa do funcionário. O Estado só́ respondia pelos danos
decorrentes de actos praticados por seu funcionário se provado restasse ter este agido com
negligência, imprudência ou imperícia.

 O Art. 13 do Decreto n.º 30/2001 de 15 de Outubro (Normas de Funcionamento dos


Serviços da Administração Pública) prevê que a Administração Pública responde pela
conduta dos seus agentes dos seus órgãos e instituições de que resulte danos a
terceiros, nos mesmos termos da responsabilidade civil do Estado, sem prejuízo do
seu direito de regresso, conforme as disposições do Código Civilʺ

 Ademais, o art. 501 do CC – O Estado e demais pessoas colectivas públicas, quando


haja danos causados a terceiro pelos seus órgãos, agentes ou representantes no

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exercício de actividade de Gestão Privada, respondem civilmente por esses danos nos
termos em que os comitentes respondem pelos danos causados pelos seus comissários.

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III. CONCLUSÃO

Conforme foi analisado no contexto desta pesquisa viu-se que a responsabilidade civil da
administração pública, consiste estritamente em a administração pública responder e ressarcir
os danos cometidos pelos seus agentes em pleno gozo de suas funçoes e pelas instituiçoes que
resultem danos a terceiros, desta forma, isso significa que a Administração Pública tem a
obrigação de prosseguir as suas actividade de modo a não causar danos aos indivíduos, tendo
assim a prerogativa de ser responsabilizada pelo acto practicado, no termos legais.

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IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Cònstituição da República de Moçambique (Lei n° 1/2018 de 12 de Junho)

Código Civil de Moçambique (Decreto-Lei n° 47 344, de 25 de Novembro de 1966)

Normas de Funcionamento dos Serviços da Administração Pública (Decreto 30/2001 de 15


de Outubro)

CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 9ª. Ed, Atlas Editora, São
Paulo, 2010.

MACIE, Albano, Lições de Direito Administrativo vol 1, Editora escolar, Maputo,


Moçambique, 2012.

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