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PROJUDI - Processo: 0002456-73.2023.8.16.0137 - Ref. mov. 1.

1 - Assinado digitalmente por Renato de Lima Castro:81130872904


29/09/2023: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJ5EE WZQWE 6FLE9 TKQHA
GEPATRIA – GRUPO ESPECIALIZADO NA PROTEÇÃO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO
E NO COMBATE À IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
REGIÃO DE LONDRINA

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUÍZ(A) DE DIREITO DA _


VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE PORECATU-PR

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por meio


de seus Promotores de Justiça infrafirmados 1, no exercício de suas atribuições
legais perante o Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no
Combate à Improbidade Administrativa da Região de Londrina e da 1 a
Promotoria de Justiça de Porecatu, com fundamento nas disposições contidas
nos art. 129, inciso III da Constituição da República; art. 120, inciso III, da
Constituição do Estado do Paraná; art. 25, IV, da Lei 8.625/93; art. 1°, IV e VIII,
da Lei 7.347/85; arts. 1° e 19, § 4° da Lei n° 12.846/2013 e arts. 16 e 17 da Lei
n° 8.429/92, vem perante Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO CIVIL
PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA C/C MEDIDA
CAUTELAR PARA INDISPONIBILIDADE DOS BENS, em face de:

1. FÁBIO LUIZ ANDRADE, brasileiro, casado, Prefeito do


Município de Porecatu/PR, nascido em 15/05/1961, filho de Maria Aparecida
Macedo Andrade e Carlos Andrade, portador da cédula de identidade RG n.º
6.605.256-7 SESP/PR e inscrito no CPF sob n. 004.411.199-13, com endereço
profissional à Rua Barão do Rio Branco, 344, Centro, Porecatu/PR, 86160-000
e domiciliar à Travessa Vereador Henrique B. Vidal, nº 48, Vila Olga Atalla,
CEP 86160-000, Porecatu/PR;

1 Em cumprimento ao inc. II, art. 319 do CPC, informa-se o endereço eletrônico


rlcastro@mppr.mp.br como sendo do Autor.
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2. GERSON APARECIDO CAVALLARI, brasileiro, casado, ex-


Secretário Municipal de Saúde, nascido em 09/12/1972, filho de Delmira
Gomes Cavallari e Luiza Cavallari, portador da cédula de identidade RG nº
5.192.628-5 SESP/PR e inscrito no CPF sob o nº 843.159.469-15, com
endereço profissional à Rua Barão do Rio Branco, 344, Centro, Porecatu/PR,
86160-000 e domiciliar à Rua Paulo Bavia, nº 515, Centro, CEP 86150-000,
Porecatu/PR;
3. HUGO CEZAR RIEGO JÚNIOR, brasileiro, casado,
empresário, nascido em 15/05/1990, filho de Paula Luize Riego e Hugo Cezar
Riego, portador da cédula de identidade RG nº 1.086.573-0 SESP/PR e inscrito
no CPF sob n° 061.276.089-88, residente e domiciliado na Rua Sargento, nº
1050, Bloco 05, apto. 03, Parque Industrial II, Arapongas/PR;
4. ISAAC JOSÉ ESPANHOL, brasileiro, casado, empresário,
nascido em 29/05/1981, filho de Maria Julia Espanhol e Jose Espanhol,
portador da Cédula de Identidade RG nº 726.699-7 SESP/PR e inscrito no CPF
sob n° 028.487.039-03, residente e domiciliado na Rua Carlos Roberto de
França, nº 57, QD 05, LT 17, São Paulo 02, Londrina/PR;
5. MARCELO GOMES, brasileiro, solteiro, assessor de
planejamento do Município de Porecatu/PR, nascido em 26/08/1976, filho de
Jandira Maria Aparecida Cabrera Gomes e Jose Manoel Gomes, portador da
Cédula de Identidade RG nº 529.646-2 SESP/PR e inscrito no CPF sob n°
005.332.169-31, residente e domiciliado na Rua Governador Paulo Pimentel, n.
786, Centro, Porecatu/PR – CEP 86160-000, com endereço profissional à Rua
Barão do Rio Branco, 344, Centro, Porecatu/PR, 86160-000;
6. SIDNEY EDUARDO MAGNONE VIEIRA, brasileiro, casado,
empresário, nascido em 10/04/1979, filho de Vania Maria Magnone e Sidnei
Vieira, portador da Cédula de Identidade RG nº 7.631.696-1 SESP/PR e
inscrito no CPF sob n° 028.566.329-12, residente e domiciliado na Rua Epitácio
Pessoa, n.º 1045, Hedy, CEP 86062-640, Londrina/PR; e
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7. RODRAUDE PÚBLICA EIRELI ME, pessoa jurídica de


direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º 18.988.748/0001-00, com sede na
Avenida Tiradentes, nº 501, Sala 1101, Jardim Shangri-Lá A, Londrina/PR,
CEP 86070-545.

1. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

1.1. DO OBJETO DA AÇÃO

A presente ação civil pública por ato de improbidade


administrativa é um desdobramento cível das investigações promovidas pelo
GEPATRIA – Núcleo Regional de Londrina em conjunto com a 1ª Promotoria
de Justiça de Porecatu2 e com a Promotoria de Justiça de Faxinal 3, as quais
constataram a existência de um grupamento ímprobo com âmbito de atuação
em diversos municípios do Estado do Paraná, constituído com o objetivo único
e comum de obter, direta ou indiretamente, vantagem econômica, mediante a
prática de fraudes em licitações, contratações diretas e desvios de recursos
públicos, incluindo o Município de Porecatu/PR, objeto da presente ação.
Nesse viés, por meio das diligências adotadas por este Grupo
Especializado, observou-se inúmeros elementos probatórios que indicam a
existência de conluio entre empresas para a concretização dos atos ímprobos
em face de, ao menos, 29 municípios do Estado do Paraná, seja por
intermédio da participação reiterada de pessoas jurídicas conluiadas, seja por
seus sócios e representantes legais, para composição ilícita de preços ou de
termos de referência, não se restringindo somente nos Municípios de Porecatu/
PR e Faxinal/PR, onde as investigações foram mais pormenorizadas.
Nesse sentido, constatou-se que, para a consecução dos atos
ilícitos engendrados pelo grupo, independentemente da municipalidade, os
requeridos adotavam semelhante modus operandi, consistente na montagem e
2 DOC. 01 – cópia integral do Inquérito Civil nº MPPR-0114.20.000780-4.
3 DOC. 02 – cópia integral do Inquérito Civil nº MPPR-0078.22.000635-3.
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direcionamento de processos licitatórios e contratações diretas, destinadas à


prestação de objetos desnecessários, fictícios e onerosos à administração
pública, mediante comunhão de esforços entre agentes públicos e
particulares.
Além disso, denota-se que os ilícitos são praticados de forma
consecutiva e reiterada, sendo possível vislumbrar, em uma análise
perfunctória, 48 (quarenta e oito) contratos pactuados sob veementes
indícios de fraude envolvendo diversos Municípios do Estado do Paraná e a
empresa RODRAUDE PÚBLICA EIRELI, entre os anos de 2015 e 2023, no
montante total de R$ 23.464.370,66 (vinte e três milhões e quatrocentos e
sessenta e quatro mil e trezentos e setenta reais e sessenta e seis
centavos), conforme dados disponibilizados pelo SIAP.
Desse modo, considerando a modus operandi dos investigados
nos Municípios de Porecatu/PR e Faxinal/PR, os elementos angariados
indicam que empresários, agentes públicos e políticos, em convergência de
vontades e identidade de propósitos, dividiram tarefas para obtenção de
vantagens patrimoniais indevidas, em detrimento da Administração Pública.
Assim, sem desconsiderar os fatos apurados no Município de
4
Faxinal/PR , a qual contribuí em grande medida para a compreensão e
sistematização da organização ímproba, a presente Ação Civil Pública por Ato
de Improbidade Administrativa circunscreve-se aos fatos apurados no âmbito
da Inexigibilidade n° 04/2020 realizada pelo Município de Porecatu/PR, por
meio do Inquérito Civil nº MPPR-0114.20.000780-45, com a propósito de
requerer:

4 Destaca-se que tais fatos também serão objeto de ação perante a comarca do Município de
Faxinal/PR, haja vista que a mesma empresa RODRAUDE PÚBLICA EIRELI fora contratada
para “desenvolvimento, implementação, manutenção e comercialização de ferramentas da
gestão pública, framework proprietário, bem como serviços técnicos em arrecadação e
planejamento urbano”, ensejando o dispêndio total de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais)
pelo erário do Município de Faxinal/PR, considerando os atos ímprobos e ilícitos praticados
pela organização ímproba (DOC. 02 – cópia integral do Inquérito Civil nº MPPR-
0078.22.000635-3).
5 DOC. 01 – cópia integral do Inquérito Civil nº MPPR-0114.20.000780-4.
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a) liminarmente, a decretação de indisponibilidade dos bens


dos requeridos, agentes públicos e particulares, bem como da pessoa jurídica,
suficientes para assegurar a recomposição dos danos causados ao erário do
Município de Porecatu/PR, conforme dispõe o art. 16 da Lei n° 8.429/92 e art.
19, § 4° da Lei n° 12.846/2013;
b) a condenação e responsabilização dos agentes públicos e
particulares, ao ressarcimento dos danos causados ao erário do Município de
Porecatu/PR, decorrente da prática de ato de improbidade administrativa,
previsto no artigo 10, inciso VIII, da Lei n° 8.429/92; e
c) a condenação e responsabilização da pessoa jurídica, em
decorrência dos atos lesivos causados a administração pública, conforme
previsto no art. 5°, inciso III, da Lei n° 12.846/2013, com observância ao
disposto ao disposto no §7° do art. 12 da Lei n° 8.429/92.

Enfatiza-se, outrossim que, idêntica ação está sendo proposta


em separado perante esta comarca, tendo por objeto a fraude sistematizada no
âmbito do Pregão no 44/2018 também realizado pelo Executivo do Município
de Porecatu/PR, em que a mesma empresa RODRAUDE PÚBLICA EIRELI
sagrou-se vencedora, contratação esta que ensejou o dispêndio de dinheiro
público no montante de R$ 245.860,00 (duzentos e quarenta e cinco mil e
oitocentos e sessenta reais).

1.2. CONTEXTUALIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ÍMPROBA.


MODO DE ATUAÇÃO DOS REQUERIDOS

Os elementos colhidos no curso das investigações


demonstraram a existência de uma organização ímproba constituída com o
especial fim de obter, direta ou indiretamente, vantagem econômica indevida
por meio da prática de atos de improbidade administrativa composta por
SIDNEY EDUARDO MAGNONE VIEIRA, MARCELO GOMES, HUGO CEZAR
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RIEGO JÚNIOR, ISAAC JOSÉ ESPANHOL, FERNANDA LIMA FARIAS


ESPANHOL, ARNALDO DOS SANTOS FARIAS FILHO, MARILZA
APARECIDA LIMA FARIAS, FILIPE LIMA DE FARIAS, JANDER PEREIRA
TAVARES e DAMASO BENTO MATOS.
Para tanto, o requerido SIDNEY EDUARDO MAGNONE
VIEIRA constituiu e se utilizou da pessoa jurídica RODRAUDE PÚBLICA
EIRELI, a qual deu o nome fantasia de SEMV – Soluções em Tecnologia,
para a concretização e operacionalização de múltiplos atos ímprobos nos
Municípios do Estado do Paraná, incluindo o Município de Porecatu/PR, objeto
da presente ação.
Enquanto representante da empresa, SIDNEY EDUARDO
MAGNONE VIEIRA, líder da organização ímproba, valendo-se de sua ampla
rede de contatos com agentes públicos e políticos, dos vínculos estabelecidos
entre o requerido e diversos chefes do Poder Executivo Municipal, bem como
de outros servidores que ocupam cargos estratégicos nas municipalidades
(Secretários, integrantes do Departamento de Licitação, entre outros),
responsáveis pela deflagração dos procedimentos de licitação e contratação
direta, viabilizaram a concretização dos esquemas fraudulentos idealizados
pelo grupo.
Como exemplo, tem-se os fatos ocorridos nos Municípios de
Faxinal/PR e Porecatu/PR, localidades na qual se verificou a atuação ímproba
dos respectivos Chefes do Executivo municipal, YLSON ÁLVARO
CANTAGALLO e FÁBIO LUIZ ANDRADE, os quais aderindo integralmente
aos propósitos da organização, foram responsáveis por solicitarem a abertura
dos procedimentos licitatórios e de inexigibilidade 6 destinados a favorecer,
indevidamente, a empresa RODRAUDE PÚBLICA EIRELI.
Destaca-se que, para o fim de dar efetividade aos
estratagemas ímprobos almejados pelo grupo, SIDNEY contava ainda, com a
atuação determinante dos investigados HUGO CEZAR RIEGO JÚNIOR,
6 DOC. 03- Procedimento de Tomada de Preços nº 02/2021 – Faxinal; DOC. 04- Pregão nº
44/2018 – Porecatu e DOC. 05 – Inexigibilidade nº 04/2020 – Porecatu.
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ISAAC JOSÉ ESPANHOL e MARCELO GOMES, então funcionários da


empresa RODRAUDE, os quais dividiam tarefas e propósitos com todos os
integrantes, de modo a garantir o enriquecimento ilícito da organização
ímproba.
A atuação do requerido HUGO CEZAR RIEGO JÚNIOR na
organização ímproba deu-se de duas maneiras: direta, enquanto funcionário da
empresa RODRAUDE, local em que é responsável pelo setor operacional 7; e
indireta, ao utilizar-se da empresa HCRJ- HUGO CEZAR RIEGO JUNIOR
CONSULTORIA para a formação de preços nos procedimentos licitatórios em
que a empresa RODRAUDE PÚBLICA EIRELI figurava como licitante (na
forma indireta, todavia, é inaplicável ao caso vertente).
Por sua vez, ISAAC JOSÉ ESPANHOL, casado com Fernanda
Lima Farias Espanhol, atua tanto de forma direta enquanto funcionário na
equipe técnica da empresa RODRAUDE desde 30/09/20168, quanto de forma
indireta, ao figurar como ex-sócio das empresas GARNET SOLUÇÕES EM
CONSULTORIA (de 21/02/2014 a 08/09/2015)9 em que seu cunhado FILIPE
LIMA DE FARIAS atualmente é sócio e da ONIXSEVEN – TECNOLOGIA E
DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE LTDA (de 07/01/2011 a 05/09/2017)10
em que seus sogros ARNALDO DOS SANTOS FARIAS FILHO e MARILZA
APARECIDA LIMA FARIAS são sócios, empresas estas que também
participavam dos procedimentos licitatórios, tendo atuação direta no
desenvolvimento das atividades das contratações fraudadas (frise-se; na
modalidade indireta, não se aplica à presente imputação).

7 DOC. 06- Degravação de trecho da oitiva realizada pela Promotora Silvia Luiza Dariva e
Pereira, da 1ª Promotoria de Justiça de Porecatu, com os investigados SIDNEY EDUARDO
MAGNONE VIEIRA e HUGO CEZAR RIEGO JÚNIOR - IC n° 0114.20.000780-4:
[14min:44seg] – SIDNEY: Essa parte operacional, eu gostaria que o HUGO falasse agora
Dra., porque é ele que faz essa parte de operação do negócio.
8 DOC. 07- Contrato de Prestação de Serviço – ISAAC JOSÉ ESPANHOL e DOC. 07.1-
Prestação de Serviço- ISAAC JOSE ESPANHOL.
9 DOC. 08- Contrato Social e alterações GARNET SOLUÇÕES EM CONSULTORIA LTDA.
10 DOC. 09- Contrato Social e alterações ONIXSEVEN - TECNOLOGIA E
DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE LTDA.
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Nota-se que, tanto a GARNET como a ONIXSEVEN participam


das fraudes engendradas pelo grupo; assim, esta participação se dá por meio
da apresentação de orçamentos destinados à formação de preço médio em
certames licitatórios, na cotação de valores para manutenção de contratos
administrativos.
Por fim, um dos estratagemas do grupo, especificamente
quanto ao município de Porecatu/PR, verifica-se a atuação determinante de
MARCELO GOMES ou MARCELO CABRERA11 (sobrenome da mãe), que
exercia, concomitantemente, duplo papel: público, como assessor de
Planejamento do Município de Porecatu/PR, desde o ano de 2017; e privado,
como funcionário da empresa RODRAUDE, desde 30/09/201612.
Assim, embora exercesse função pública de mero servidor da
Secretaria de Administração do Município de Porecatu/PR, auxiliava na
elaboração de editais ilícitos (dirigidos; genéricos e indefinido), assim como na
condução de todo o procedimento licitatório e de contratação direta, ora
realizando a pesquisa de preço ora elaborando o parecer jurídico e
submetendo-o, de pronto, para simples assinatura pelo procurador jurídico
responsável para assinatura13.
Ao mesmo tempo, MARCELO GOMES era funcionário da
empresa RODRAUDE, razão pela qual realizava referidos expedientes
fraudulentos para beneficiar ilicitamente seu empregador.
Desse modo, tem-se que MARCELO GOMES, além de
reiteradamente ter atuado na suposta prestação de serviços, atuou de forma
determinante nas fraudes envolvendo a contratação da empresa e o Município

11 Alguns servidores durante suas declarações se referem a MARCELO GOMES como


MARCELO CABREIRA. O sobrenome CABREIRA está relacionado à genitora do requerido –
Maria Aparecida CABREIRA Gomes.
12 DOC. 10- Termo de Prestação de Serviço – MARCELO GOMES e DOC. 11- Contrato de
Prestação de Serviço – MARCELO GOMES.
13 Em oitiva do Procurador Jurídico Hercules Muniz Gimenez, responsável pelo parecer
jurídico emitido no Pregão de nº 44/2018 no Município de Porecatu, este relatou que o parecer
jurídico favorável a abertura do processo licitatório já havia sido entregue pronto para
assinatura por MARCELO GOMES, então servidor público do município e funcionário vinculado
a RODRAUDE (DOC. 01 – Vol. IV, parte IV – fl. 12).
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de Porecatu/PR14, local este em que cumula cargo público de Assessor de


Planejamento, tendo evidenciado a sua atuação ímproba enquanto agente
público, o que será devidamente detalhado oportunamente.
Com relação às empresas utilizadas pelo grupamento ímprobo,
constatou-se que somente as pessoas jurídicas HCRJ CONSULTORIA,
GARNET SOLUÇÕES EM CONSULTORIA LTDA e ONIXSEVEN –
TECNOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE LTDA possuem sede
de funcionamento no Estado do Paraná.
Quanto a pessoa jurídica HCRJ CONSULTORIA, pertence ao
então funcionário da RODRAUDE, HUGO CEZAR RIEGO JÚNIOR, trata-se de
empresa individual voltada ao varejo de equipamentos de informática e
serviços de apoio administrativo15, constituída em janeiro de 2017, período a
partir do qual há uma intensificação da atuação da organização ímproba.
A HCRJ CONSULTORIA16, embora não compreenda no seu
âmbito de atuação serviços de desenvolvimento de software, “participa” em
diversos procedimentos licitatórios por intermédio da apresentação de cotação
de valores, seja na fase de formação de preço do termo de referência, seja na
fase de cotação de avaliação para renovação de contrato administrativo
preexistente celebrado com a RODRAUDE PÚBLICA EIRELI ME.
Por sua vez, as empresas dos sogros e do cunhado de ISAAC,
a ONIXSEVEM e a GARNET, participam de diversos procedimentos licitatórios
dos quais sagrou-se vencedora a empresa RODRAUDE PÚBLICA, atuando
precipuamente nas fases de apresentação de orçamento para formação de
preço médio de editais e de cotação de valores para manutenção de contratos
administrativos.

14 Pregão nº 44/2018 (DOC. 04) e Inexigibilidade nº 02/2020 (DOC. 05).


15 DOC. 12- Comprovante de Inscrição e de Situação Cadastral Receita Federal – HCRJ –
HUGO CEZAR RIEGO JÚNIOR CONSULTORIA.
16 DOC. 13- Contrato Social- HCRJ: Ao analisar o objeto social da empresa não se vislumbra
entre as atividades econômicas o desenvolvimento de software ou atividade compatível com o
objeto dos procedimentos licitatórios. Há precedente do TCU (Acórdão 1.203/2011) segundo o
qual, o CNAE não deve, sozinho, constituir motivo para a inabilitação de empresa em processo
licitatório, havendo outros meios de comprovação da compatibilidade do ramo de atuação da
empresa com o objeto da licitação, a exemplo o contrato social.
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A empresa ONIXSEVEN, além de ter sido apontada pelo


Relatório de Inteligência Financeira17 como uma das principais clientes do
âmbito privado da RODRAUDE PÚBLICA EIRELI, também foi responsável por
uma série de certificados de conclusão de cursos18 na área de tecnologia de
informações emitidos em favor de SIDNEY.
Por fim, a organização ímproba também contava com apoio
das empresas SONNER SISTEMAS DE INFORMÁTICA e RDM SISTEMA DE
GESTAO EIRELI – EPP que, embora sequer sejam empresas constituídas no
estado do Paraná, apresentam recorrentemente orçamentos para composição
do custo de termo de referência ou em processos de aditivos contratuais com
ao menos, mais uma empresa relacionada aos requeridos, a exemplo do
Município de Faxinal/PR19.
Assim, as atuações destas pessoas jurídicas (RDM SISTEMA e
SONNER SISTEMAS DE INFORMÁTICA) consistem na apresentação de
orçamentos em conjunto com as outras empresas pertencentes ao grupo para
a composição do termo de referência, com o objetivo de elevar o preço médio
do objeto das licitações e, assim, aumentar a margem de lucro do grupamento
ímprobo ou ainda, apresentar orçamento na fase de avaliação para aditivo
contratual, orçando valor superior ao ofertado pela RODRAUDE, de modo que
permaneça vantajosa a contratação preexistente entre a Administração Pública
e a empresa.
Tratam-se, em verdade, de empresas de cobertura destinadas
a aparentar concorrência à licitação fraudada e destinada à empresa
RODAUDE PÚBLICA EIRELI, a qual figurava como a única e “verdadeira”
proponente dos procedimentos licitatórios em que participa, já que as demais
empresas integrantes do grupamento ímprobo, limitam-se a empregar
expedientes fraudulentos, a fim de obter vantagem econômica indevida por
meio de fraudes em procedimentos licitatórios.

17 DOC. 14- Relatório de Inteligência Financeira.


18 DOC. 03 – fls. 308 e 310- Tomada de Preços nº 02/2021 do Município de Faxinal.
19 DOC. 03- Procedimento de Tomada de Preços nº 02/2021 – Faxinal.
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Nesse sentido, constatou-se entre os expedientes diversos


atos que, entre si conjugados, evidenciam a concretização das fraudes em
procedimentos licitatórios e contratações diretas:

1. Descrição de objetos genéricos e indefinidos, constituídos de


cláusulas gerais de difícil ou quase impossível compreensão, salvo para as
pessoas jurídicas e respectivos sócios adredemente conluiados com agentes
públicos e políticos das respectivas administrações públicas;
2. Utilização de termo de referência padrão para subsidiar
licitações e contratações diretas ocorridas em municípios distintos;
3. Uso de cotação de preço padrão tanto na fase de formação
de preço do termo de referência como na fase de avaliação para contratação
de termo aditivo, utilizando-se de valores fornecidos por empresas que atuaram
em conluio a fim de garantir ares de legalidade aos certames;
4. A aglutinação de objetos diversos que, dado sua natureza,
exigiria licitações distintas;
5. A inserção de cláusulas restritivas no mesmo padrão ao
longo dos editais, geralmente atreladas à necessidade de apresentação de
equipe técnica sem relação direta com a execução do contrato; e
6. A ausência de justificativa para prorrogação contratual, bem
como de previsão de recursos orçamentários e avaliação da manutenção das
condições da habilitação da empresa contratada.

Destaca-se que, a descrição do objeto genérico e indefinido (a


ser a seguir tratado), em grande maioria das licitações era de realizar a
“contratação de empresa especializada em desenvolvimento, implementação,
manutenção e comercialização de ferramenta de Gestão Pública, Framework
Proprietário, bem como serviços técnicos em arrecadação e planejamento
urbano”, sendo certo que a decisão pelo agrupamento destes objetos, se não
fossem genéricos e imprestáveis para os fins a que se destinam, poderiam e
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deveriam ser prestados por empresas distintas sem qualquer prejuízo, levou ao
claro impedimento da participação de licitantes, assim como o emprego de
expressões genéricas e vagas na descrição do termo de referência e nas
cláusulas do edital.
Nesse sentido, os requeridos, em divisão de tarefas e unidade
de desígnios, adotavam duas formas de concretização das fraudes, segundo
as características ou peculiaridades de cada ente público: ora se criava
procedimentos licitatórios fraudulentos o ra o instrumento era a
contratação direta, por dispensa ou inexigibilidade de licitação.
Note-se, todavia, que em quaisquer dos modus operandi, há
um fator comum: a criação de um objeto genérico que inviabilizava a
concorrência ou mesmo a contratação direta de eventuais interessados.
Assim, tais circunstâncias conjugadas demonstram a atuação
conjunta entre os empresários e agentes públicos, os quais agem
uniformemente para o aperfeiçoamento das ilicitudes em face da Administração
Pública, assim como de fato ocorreu no Município de Porecatu/PR, conforme
fatos em seguida descrito, objeto da presente ação.

2. DOS FATOS

2.1. DA FRAUDE E DIRECIONAMENTO DE CONTRATAÇÃO


DA EMPRESA RODRAUDE PÚBLICA EIRELI

A 1ª Promotoria de Justiça de Porecatu instaurou em conjunto


com o GEPATRIA – Região de Londrina, o Inquérito Civil nº MPPR-
0114.20.000780-420, com a finalidade de apurar eventuais ilicitudes
relacionadas ao procedimento de Inexigibilidade nº 04/2020 realizado pelo
Município de Porecatu/PR, do qual resultou a contratação da empresa
RODRAUDE PÚBLICA EIRELI.

20 DOC. 01 – cópia integral do Inquérito Civil nº MPPR-0114.20.000780-4.


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Em que pese o objeto investigado inicialmente ter abarcado


somente a contratação direta por meio de inexigibilidade de licitação da
empresa RODRAUDE, constatou-se ao longo da investigação, a ocorrência do
Pregão n° 44/2018, também promovido pelo Município de Porecatu/PR, em
que a mesma empresa sagrou-se vencedora.
Nessa perspectiva, quanto a Inexigibilidade n° 04/2020, os
elementos colhidos demonstram que os agentes públicos FÁBIO LUIZ
ANDRADE, Prefeito do Município de Porecatu; MARCELO GOMES21,
Assessor de Planejamento; e GERSON APARECIDO CAVALLARI, então
Secretário de Saúde, em divisão de tarefas e unidade de desígnios com os
particulares SIDNEY EDUARDO MAGNONE VIEIRA, HUGO CEZAR RIEGO
JUNIOR e ISAAC JOSÉ ESPANHOL dolosamente com fins ilícitos, praticaram
ato de improbidade administrativa que causou efetivo prejuízo ao erário no
valor de R$ 90.000,00 (noventa mil reais), considerando os diversos atos
fraudulentos e ilícitos praticados na contratação da empresa RODRAUDE
PÚBLICA EIRELI.
Para tal finalidade, foram adotados inúmeros estratagemas
pelo grupamento ímprobo com o fim de direcionar a contratação específica da
empresa RODRAUDE, os quais indicam diversos sinais de alerta ou
verdadeiros indicativos de fraude (red flags ou bandeiras vermelhas) 22
,

destacando-se os seguintes expedientes utilizados para promover


indevidamente a Inexigibilidade n° 04/2020, realizado pelo Município de
Porecatu/PR:

1. Utilização de objeto genérico e indefinido;

21 Conforme já descrito, MARCELO possui atuação dupla, já que além de agente público,
possui contrato de prestação de serviço com a empresa RODRAUDE, tendo atuado de
maneira determinante para enriquecimento ilícito da empresa em detrimento do poder público.
22 Red flags são tipologias, em contratações públicas, que auxiliam de maneira eficaz na
prevenção e repressão de ilícitos contra o erário. As citadas tipologias, servem como alertas
que otimizam o trabalho de repressão a ilícitos contra o patrimônio público, por meio de rotinas
automatizadas e que se subsidiam da inteligência analítica (SILVA, Luiz Felipe Carvalho. O
Uso de Red Flags no Enfrentamento à Corrupção: Data analytics e tutela do patrimônio
público. São Paulo: Editora JusPodivm, 2022, p. 27).
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2. Empregado da empresa licitante figurando como agente


público do ente contratante;
3. Descrição de objeto com o fim de direcionar a contratação
direta;
4. Ausência de justificativa do preço adotado na
inexigibilidade; e
5. Uso de “carta de exclusividade” para justificar e facilitar a
contratação por inexigibilidade.

Assim, considerando os elementos indicativos de fraude à


licitações e/ou contratações diretas apurados por este Grupo Especializado
(GEPATRIA-Núcleo Regional de Londrina), passa-se a descrever,
individualmente, os fatos praticados pelo grupamento ímprobo no ano de 2020
no Município de Porecatu/PR que se consubstanciou na contratação direta
indevida, e consequentemente, ato de improbidade administrativa que
acarretou efetivo e comprovado prejuízo ao erário, envolvendo a
Inexigibilidade nº 04/2020.

2.1.1 DA INEXIGIBILIDADE Nº 04/2020 REALIZADA


INDEVIDAMENTE PELO MUNICÍPIO DE PORECATU/PR

No período compreendido entre 31 julho de 2020 e 28 de


agosto de 2020, os agentes públicos FÁBIO LUIZ ANDRADE, no exercício da
função de Prefeito do Município de Porecatu/PR; GERSON APARECIDO
CAVALLARI, no exercício da função de Secretário de Saúde; e MARCELO
GOMES, no exercício do cargo de assessor de planejamento, em divisão de
tarefas e unidade de desígnios com os particulares SIDNEY EDUARDO
MAGNONE VIEIRA, HUGO CEZAR RIEGO JUNIOR e ISAAC JOSÉ
ESPANHOL, dolosamente com fins ilícitos, praticaram ato de improbidade
administrativa na medida em que promoveram indevidamente a
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Inexigibilidade nº 04/2020 realizada pelo Município de Porecatu/PR, mediante


direcionamento, simulação e montagem de atos da contratação direta.
Na data de 31 de julho de 2020, incumbiu-se ao servidor
GERSON APARECIDO CAVALLARI23, então Secretário de Saúde Município
de Porecatu/PR, a prática dos atos iniciais, ficando o agente público
responsável pela demanda que tinha como objeto a ‘’contratação de empresa
especializada em apoio, implantação, qualificação e manutenção de software
proprietário denominado ‘’Mapa Epidemiológico Georreferenciado’’ usando
FRAMEWORK, bem como apoio necessário em combate à pandemia de
COVID-19’’ (Red Flag nº 1- Utilização de objeto genérico e indefinido).
Claro que um objeto desta generalidade é incapaz de admitir a
formatação de um preço. Seu propósito e falta de delimitação objetiva-se a
favorecer indevidamente a pessoa jurídica contratada, já que a demanda
formulada carece de qualquer embasamento, tendo em vista que não foi
abordado pelo termo de referência as especificidades técnicas abarcadas pelo
software que justificassem a imprescindibilidade da contratação da empresa
por inexigibilidade.
Ademais, assim como ocorreu no Pregão n° 44/2018, embora
GERSON APARECIDO CAVALLARI conste como requerente oficial da
contratação, as investigações explicitaram que a demanda surgiu depois que a
própria empresa RODRAUDE PÚBLICA EIRELI procurou o Prefeito FÁBIO
LUIZ ANDRADE para apresentar o programa 24, tendo o Chefe do Executivo
municipal solicitado ao Secretário de Saúde a contratação 25:
23 DOC. 05- Inexigibilidade n° 04/2020- Pg. 3.
24 DOC. 01 – Volume IV, parte IV – fl. 26: Trecho de Termo de Declaração de GERSON
APARECIDO CAVALLARI- ‘’que o declarante exerce cargo comissionado na Prefeitura de
Porecatu desde a primeira gestão do Prefeito Luiz Andrade (2017/2020) e assim permanece;
que exerce o cargo de Secretário Municipal de Saúde desde outubro de 2018; que em tal
condição, no ano de 2020, fez realizar o procedimento de Inexigibilidade de Licitação nº
04/2020, para contratação de ‘’software de prevenção e alerta da COVID-19’’; que uma
empresa procurou o Prefeito Fábio Luiz Andrade e apresentou o programa de aplicativo
e o Prefeito procurou o declarante e sua equipe técnica propondo aquela contratação”.
25 DOC. 01 – Volume IV, parte IV – fl. 48: Trecho de Termo de Declaração de MARCELO
GOMES: “a respeito do procedimento de Inexigibilidade nº 04/2020 tendo como objeto a
contratação de um software para a área da saúde, a solicitação também veio do Prefeito
Municipal’’.
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Dessa forma, o requerido FÁBIO LUIZ ANDRADE, Prefeito do


Município de Porecatu, em divisão de tarefas e unidade de desígnios com os
demais requeridos, dolosamente com fins ilícitos, invocou justificativa
completamente genérica para solicitar a abertura de procedimento
administrativo26, além de ter autorizado a abertura do processo de contratação
direta de empresa para o fornecimento de software denominado ‘’Mapa
Epidemiológico’’, nos termos do objeto da Inexigibilidade nº 04/2020.
Solicitada a contratação, em análise ao Requerimento de
Compras, Obras e Serviços verifica-se que, em que pese a demanda tenha
partido da Secretaria de Saúde, foi o agente público MARCELO GOMES27
quem ficou responsável pela descrição do objeto e pela pesquisa de preço da
Inexigibilidade (Red Flag nº 2- Empregado da empresa licitante figurando
como agente público do ente contratante):

26 DOC. 05 – Inexigibilidade n° 04-2020- Porecatu – fl. 3: Consta no Requerimento de


Compras, Obras e Serviços a justificativa: ‘’processo de inexigibilidade por ser a única’’.
27 DOC. 05- Inexigibilidade n° 04-2020 – Porecatu- fl. 3.
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Assim, tem-se que foi designado o servidor público e também


integrante do grupamento ímprobo, MARCELO GOMES, como responsável por
pontos centrais do processo de contratação, sendo que ao redigir o objeto da
inexigibilidade, este restringiu, amoldando peculiaridades para direcionamento
e justificação da contratação direta da empresa RODRAUDE PÚBLICA
EIRELI, criando o pretexto de que o software por ela apresentado seria o único
capaz de atender integralmente ao interesse público (Red Flag n° 3-
Descrição de objeto com o fim de direcionar a contratação direta).
Além do direcionamento do objeto, MARCELO GOMES
viabilizou ainda a fixação do valor do procedimento de contratação em preço
favorável à entidade privada, não constando no processo quaisquer
mensurações as quais levaram ao valor final apresentado (Red Flag n° 4-
Ausência de justificativa do preço adotado na inexigibilidade).
Assim, verifica-se que os atos da fase interna do processo de
contratação direta foram praticados pelo servidor MARCELO GOMES, o qual
foi responsável, dentre outras coisas, pela descrição do objeto e pela pesquisa
de preço.
Destaca-se que o agente público MARCELO GOMES além de
exercer cargo público no Município de Porecatu/PR como assessor de
planejamento, também mantém desde 30 de setembro de 2016 28, contrato de
prestação de serviços com a empresa RODRAUDE PÚBLICA EIRELI,
conforme certidão juntada no procedimento de Tomada de Preços n° 02/2021
realizado pelo Município de Faxinal:

28 DOC. 03 – fl. 183: Certidão datada de 03 de maio de 2021, retirada da Tomada de Preços nº
02/2021 do Município de Faxinal na qual o próprio MARCELO declara integrar o quadro
funcional da empresa RODRAUDE PÚBLICA EIRELI desde setembro de 2016.
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Dessa forma, MARCELO GOMES, enquanto agente público e


componente da equipe técnica da empresa RODRAUDE, por si só, é fator que
inviabilizava sua atuação perante a contratação direta, tendo em vista que o
nítido interesse de favorecer a contratação da empresa em que figura(va) como
funcionário, ensejando clara ofensa à vedação disposta no art. 9º, inc. III da Lei
8.666/93.
Ademais, necessário ressaltar que, com relação à proposta
comercial remetida pela RODRAUDE PÚBLICA EIRELI e anexada ao
procedimento de contratação29, a qual fixou o preço da inexigibilidade ora em
análise, foi possível ainda vislumbrar a atuação de HUGO CEZAR RIEGO
JÚNIOR, funcionário da empresa, então responsável pelo encaminhamento do
orçamento em questão:

29 DOC. 05- Inexigibilidade n° 04-2020 – Porecatu- fl. 5: Consta na folha da proposta comercial
e-mail e demais informações de contato do funcionário HUGO CEZAR RIEGO JÚNIOR, o que
permite concluir que o funcionário foi o responsável pela proposta apresentada.
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Estabelecidos os pontos centrais, foi então emitido parecer


jurídico favorável à inexigibilidade da contratação, pautado precisamente em
‘’carta de exclusividade’’ apresentada pela empresa 30, que se colocou como
única detentora de aplicativo capaz de atender as demandas do município
quanto ao contingente da COVID-19 e demais epidemias (Red Flag nº 5- Uso
de “carta de exclusividade” para justificar e facilitar a contratação por
inexigibilidade):

30 DOC. 01 – Volume I parte III – fls. 44 – 49.


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Não obstante a existência de parecer favorável à contratação,


o próprio Assessor Jurídico do Município de Porecatu/PR, Bruno Henrique
Garcia, então responsável pelo documento, afirmou que como havia a "carta
de exclusividade’’, sequer chegou a conferir se a contratação na modalidade de
inexigibilidade estava de acordo com o que preconiza a lei de licitações 31.
Dessa forma, é possível observar pelo contexto delineado, que
a "carta de exclusividade’’ revelou-se como artifício fraudulento utilizado para

31 DOC. 01 – Vol. IV, parte IV, fl. 29: Trecho de Termo de Declaração de Bruno Henrique
Garcia- ‘’(…) reafirma que todos esses pormenores ocorreram após a emissão do Parecer
Jurídico; que como havia ‘’Carta de Exclusividade’’ pela empresa RODRAUDE o
declarante não se atentou em conferir se tal modalidade estava em conformidade com o
que preconiza a Lei de Licitações”.
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justificar e facilitar a contratação por inexigibilidade da empresa, tendo em vista


a ausência de fundamentação ou determinações técnicas no termo de
referência que demandassem o uso exclusivo do software apresentado pela
empresa RODRAUDE PÚBLICA EIRELI.
Converge nesse sentido a pesquisa realizada pela Comissão
de Licitação, que em busca online, identificou programas de funcionamento
similar32 e capazes de realizar o monitoramento epidemiológico de forma
gratuita33, fator esse que levou o Presidente da Comissão de Licitação a
requisitar que o Secretário da Saúde justificasse a contratação do programa,
bem como as funcionalidades as quais o tornavam imprescindível e único 34:

32 DOC. 15- Oitiva - Leonardo Henrique dos Santos: Degravação de trecho da oitiva
realizada pela Promotora Silvia Luiza Dariva e Pereira, da 1ª Promotoria de Justiça de
Porecatu, com o Ex-Presidente da Comissão de Licitações do Município de Porecatu,
Leonardo Henrique dos Santos - IC 0114.20.000780-4:
[3min43seg] Leonardo Henrique dos Santos: ‘’Na licitação nós recebíamos requerimentos
prontos, me chamou a atenção, porque pela leitura do objeto, dava-se a atender que era pra
ser contratado um software que monitorasse os casos de COVID, só que isso a gente já tem,
então eu formulei esse documento, e o valor também é significativo, R$ 90.000,00 (noventa mil
reais), né?’’ -
[04min40seg] PROMOTORA - ‘’Então já havia esse software? O município já tinha?’’
[4min10seg] Leonardo Henrique dos Santos - ‘’Não, não é que já tinha. Pelo objeto que veio
dava a se intender que era similar a esses que a gente já tem, que eu mencionei no
documento, que são de graça; então não teria justificativa para o Município contratar um novo
software sendo que a gente já tem outros que, hipoteticamente, fazem o mesmo serviço e são
de graça’’.
33 DOC. 01 – Vol. IV, parte IV, fl. 9: Trecho de Termo de Declaração de Salete Suzana
Cavalcanti e Silva Refosco - ‘’ (…) que faziam parte da Comissão de Licitação a declarante e
o servidor Leonardo Henrique dos Santos, que trabalhavam diretamente nos procedimentos;
que embora a escolha tenha sido pela Inexigibilidade, a Comissão de Licitação estranhou e
discutiu internamente, porque embora a empresa tenha apresentado um ‘’’Termo de
Exclusividade’’, concretamente ‘’nada havia de exclusividade, seja por inviabilidade de
competição, seja por notória especialização, que justificasse a contratação sem concorrência,
até porque haviam ‘’aplicativos gratuitos’’ com a mesma função’’; que em consulta foram
apurados três aplicativos com a mesma funcionalidade de alerta e prevenção sem custo algum;
(…) que as cotações de preços não é feita pela Comissão de Licitação e, sim, pelo
Departamento ou Secretaria solicitante da contratação; que neste caso específico, da
contratação de software, a declarante acredita que não houve cotação, pois o valor de R$
90.000,00 (noventa mil reais) foi apresentado aleatoriamente”.
34 DOC. 05- Inexigibilidade n° 04-2020 – Porecatu – fls. 23 a 28.
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Ante a problemática ressaltada, foi apresentado parecer pelo


Presidente de Controle Interno do Município, Lielto Valério Padovan, que
visando um parecer técnico e imparcial, formulou quesitos a serem respondidos
pelo Secretário da Saúde quanto a possibilidade da utilização de um software
gratuito em detrimento da contratação ofertada 35.
Em resposta, o Secretário de Saúde se limitou a argumentar
que o sistema seria destinado para que os próprios servidores alimentassem os
dados atinentes a situação epidemiológica do Município por meio de um
simples celular, e se diferenciaria dos demais tendo em vista que os aplicativos

35 DOC. 05- Inexigibilidade n° 04-2020 – Porecatu – fls. 31 e 32.


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existentes necessitariam da voluntariedade de cadastro dos cidadãos para o


monitoramento das endemias36, não fazendo apontamentos quanto
especifidades técnicas do software em questão ou apresentando dados quanto
inefetividade dos demais programas disponíveis gratuitamente 37.
Ciente das inconsistências apontadas pelo setor de licitações e
pelo controle interno do município, o requerido e Prefeito FÁBIO LUIZ
ANDRADE optou por desconsiderar o alerta de ambas as repartições, tendo
dolosamente com fins ilícitos, ratificado a contratação por meio da
Inexigibilidade no 04/2020, em 27/08/202038, assinando o Contrato
Administrativo nº 97/2020 em 28/08/2020 no valor de R$ 90.000 (noventa mil
reais)39:

36 DOC. 05- Inexigibilidade n° 04-2020 – Porecatu – fl. 33.


37 DOC. 01 – Volume IV, parte IV – fl. 26: Ressalta-se que durante a oitiva do Secretário de
Saúde perante a 1ª Promotoria de Porecatu, esse afirmou ter conhecimento sobre a existência
de outros aplicativos gratuitos com finalidade similar sendo utilizados por municípios vizinhos,
mas que em sua visão nenhum atendia às especificidades do Município de Porecatu, sem
contudo, ter apresentado embasamento para tal afirmativa - Trecho de Termo de Declaração
de Gerson Aparecido Cavallari - ‘’ (…) que mesmo diante da informação da Comissão
Permanente de Licitação de que foram apurados ao menos ‘’três programas gratuitos’’ com a
mesma funcionalidade, o declarante entendeu que nenhum deles entendia as especificidades
do Município de Porecatu; que no entendimento do declarante nem mesmo o aplicativo
desenvolvido pelo Ministério da Saúde ‘’não é para nossa realidade’’, muito embora tem
conhecimento de que este aplicativo, gratuito, é usado em municípios como Londrina,
Ponta Grossa e outros”.
38 DOC. 05- Inexigibilidade n° 04-2020 – Porecatu – fl. 34.
39 DOC. 05- Inexigibilidade n° 04-2020 – Porecatu – fls. 91 a 95.
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Nesse sentido, verifica-se que, ainda que alguns setores da


administração tenham indicado problemáticas envolvendo o procedimento de
contratação direta, os quais foram permeados por diversos atos fraudulentos,
referido Prefeito optou por realizar a chancela do contrato entre a empresa e a
municipalidade, demonstrando dessa forma, a clara intenção de praticar o ato
ilícito e ímprobo em detrimento da Administração Pública, de forma dolosa.
Por sua vez, SIDNEY EDUARDO MAGNONE VIEIRA, em
divisão de tarefas e unidade de desígnios com os demais requeridos,
dolosamente com fins ilícitos, atuou como representante da empresa
RODRAUDE PÚBLICA EIRELI, contratada no procedimento de
Inexigibilidade de nº 04/2020, tendo assinado o Contrato Administrativo de nº
97/202040.
Assim, tem-se que para a materialização da empreitada
ímproba, o requerido SIDNEY EDUARDO MAGONE VIEIRA, por intermédio de
sua rede de contatos com diversos agentes públicos, arquitetava as formas de
contratação da RODRAUDE PÚBLICA EIRELI ME junto às Administrações
Públicas Municipais, a partir de um objeto despiciendo e direcionado à
empresa, empregando, fraudes consistentes na ‘’montagem’’ dos
procedimentos.

40 DOC. 05- Inexigibilidade n° 04-2020 – Porecatu – fls. 91 a 95.


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Não obstante a celebração do contrato, a Comissão de


Controle Interno voltou a apresentar novo parecer junto ao procedimento,
recomendando ao Chefe do Poder Executivo a anulação do procedimento
administrativo de nº 73/2020 ante as justificativas evasivas apresentadas pela
Secretaria Municipal de Saúde, a qual sequer foi respondida 41:

Assim, ante a inércia dos responsáveis, em 23 de setembro de


2020, o Presidente da Comissão Permanente de Controle Interno voltou a

41 DOC. 05- Inexigibilidade n° 04-2020 – Porecatu – fls. 97 e 98.


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apresentar questionamentos quanto a implementação e utilização do software,


as quais mais uma vez foram desconsideradas, ocorrendo a manutenção da
contração42:

Por meio das oitivas dos servidores perante a 1ª Promotoria de


Porecatu, vislumbrou-se que a maioria deles sequer chegaram a baixar o
aplicativo, sendo que a própria Secretária de Saúde não operacionalizou o
sistema, alegando sete meses depois da contratação, a ausência de adesão
dos munícipes ao aplicativo, bem como a falta de tempo hábil para sua

42 DOC. 05- Inexigibilidade n° 04-2020 – Porecatu – fls. 100 e 101.


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implementação43 e a necessidade de aquisição de equipamentos para uso dos


servidores, tendo em vista que o software estava apenas disponível para
sistema Android44.
Ressalta-se que um dos argumentos para a inexigibilidade foi
que o sistema poderia ser alimentado diretamente pelos servidores, não
ficando dependente dos cidadãos, além de ser realizado de qualquer aparelho
celular, não se vislumbrando à época a necessidade de contratação de outros
aparelhos de tecnologia para implementação e utilização do software 45.
Assim, verifica-se que além da criação de um objeto que foi
inutilizado pela própria secretaria solicitante, revelando-se como verdadeiro
dispêndio de dinheiro público, foi ainda criada nova demanda para adquirir
produtos de tecnologia e consequentemente contrair novos gastos.
Por derradeiro, ressalte-se a atuação do requerido ISAAC
JOSÉ ESPANHOL, que embora não tenha participado ativamente dos atos do
procedimento de contratação por Inexigibilidade nº 04/2020, agiu amplamente
na fase pós contratual, tanto em relação a suposta prestação de serviço, como
na articulação direta com o Município de Porecatu/PR, sendo referenciado em
diversos documentos como o responsável pelo andamento do software.
De igual maneira, convém destacar a atuação de HUGO
CEZAR RIEGO JÚNIOR, que além de responsável pela apresentação de

43 DOC. 01 – Vol. IV, parte IV, fl. 43: Trecho de Termo de Declaração de Alessandra Santos
- “(…) que o software contratado pelo Município somente permite acesso aos portadores de
aparelho celular no sistema Android; que a empresa já fez solicitação para disponibilização do
aplicativo aos usuários do sistema IOS, mas ainda não foi implementado; que o sistema está
disponível, mas ainda ‘’não houve tempo hábil’’ para intensificar o uso e quais os
serviços disponibilizados; quer dizer com isso que o sistema está disponível mas os
munícipes não fazem uso; que os servidores ainda estavam sendo treinados e em
análise a aquisição de equipamentos para uso dos próprios servidores; que até o
presente momento o aplicativo não vem sendo alimentado, pois aguarda-se a aquisição
de equipamentos para os servidores”.
44 DOC. 01 – Volume IV, parte IV – fl. 48: Trecho do Termo de Declaração de MARCELO
GOMES - “(…) que a empresa fez uma capacitação e na prática os servidores não estão se
utilizando do aplicativo porque aguarda-se a compra dos dispositivos; que não houve adesão
dos servidores que deviam fazer alimentação dos dados; que o aplicativo está disponível e em
funcionamento, ainda que sem adesão”.
45 DOC. 05- Inexigibilidade n° 04-2020 – Porecatu – fl. 33: Conforme trecho de justificativa
apresentado pelo Secretário de Saúde.
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orçamento em nome da empresa RODRAUDE PÚBLICA EIRELI, foi quem


ficou incumbido da parte operacional atinente ao sistema 46, que, frisa-se, não
teve funcionamento perante o Município de Porecatu/PR.
Assim, as condutas acima delineadas evidenciam que a
contratação direta da empresa RODRAUDE PÚBLICA EIRELI resultou dos
ajustes ilegais estabelecidos entre os agentes públicos MARCELO GOMES,
GERSON APARECIDO CAVALLARI e FÁBIO LUIZ ANDRADE e os
particulares SIDNEY EDUARDO MAGNONE VIEIRA, HUGO CEZAR RIEGO
JÚNIOR e ISAAC JOSÉ ESPANHOL, consistentes em promover e fraudar a
Inexigibilidade de nº 04/2020 indevidamente, desde o seu início, resultando
assim, na prática de ato de improbidade administrativa que acarretou efetivo e
comprovado prejuízo ao erário.
Registra-se que tais fatos, referente a contratação da empresa
RODRAUDE PÚBLICA EIRELI por meio da Inexigibilidade n° 04/2020
realizado pelo Município de Porecatu/PR também foram objeto de
47
representação perante o Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE/PR) .
A Corte de Contas ao apurar os ilícitos noticiados, reconheceu
por meio Acórdão nº 1053/2022 48 que a contratação foi regida por escolha de
marca e direcionamento, não repercutindo favoravelmente aos munícipes,
considerando que após o início de vigência da contratação se percebeu a
necessidade de aquisição de tablets para a adequada implantação do sistema.
Nesse sentido, destacou que houve efetivo e comprovado dano
ao erário do Município de Porecatu/PR, determinando a necessidade de
restituição do valor da contratação pelo então Chefe do Poder Executivo e
requerido FÁBIO LUIZ ANDRADE. In verbis:

46 DOC. 06- Oitiva Sidney Eduardo Magnone Vieira e Hugo Riego- Degravação de trecho
da oitiva realizada pela Promotora Silvia Luiza Dariva e Pereira, da 1ª Promotoria de Justiça de
Porecatu, com os investigados SIDNEY EDUARDO MAGNONE VIEIRA e HUGO CEZAR
RIEGO JÚNIOR – IC 0114.20.000780-4:
[14min:44seg] – SIDNEY: “Essa parte operacional, eu gostaria que o HUGO falasse agora
Dra., porque é ele que faz essa parte de operação do negócio”.
47 Processo nº 178305/21- Tribunal de Contas do Estado do Paraná.
48 DOC. 16- Cópia do acórdão n° 1053/2022 do TCE/PR.
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“em razão da ausência de demonstração de que serviço


irregularmente contratado por inexigibilidade de licitação tenha
sido “minimante’ prestado, compreendo ter restado
suficientemente comprovado o dano ao erário, com
necessidade de restituição do valor da contratação pelo Sr.
Fábio Luiz Andrade” (DOC. 19, fl. 8).

Por fim, o Tribunal de Contas ainda, além da aplicação de


restituição e multa, determinou a expedição de recomendação ao Município de
Porecatu/PR para que os Pareceres Jurídicos em procedimentos licitatórios
e/ou contratações diretas sejam elaborados pelos Procuradores Jurídicos
concursados, titulares de cargos efetivos, haja vista que o parecer jurídico foi
subscrito por servidor comissionado, ocupante do cargo de Assessor Jurídico,
em ofensa aos Prejulgados no 06 e no 25 do TCE/PR.

3. DO DIREITO

A responsabilidade de agentes públicos e agentes particulares


que prestam serviços públicos ou que entram em contato com a res publica é
uma das fundamentais consequências normativas dos princípios democrático e
republicano, das quais derivam esferas independentes de responsabilidade,
sendo inadmissível a impunidade por atos de má gestão pública.
Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988 dispõe em seu
artigo 37, § 4° que:

“Os atos de improbidade administrativa importarão a


suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na
forma e gradação prevista em lei, sem prejuízo da ação penal
cabível”.

Por sua vez, a Lei n° 8.429/92, alterada significativamente pela


Lei ° 14.230/2021, dispõe sobre as sanções aplicáveis em virtude da prática de
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atos de improbidade administrativa, notadamente, que importam


enriquecimento ilícito (art. 9°), causam prejuízo ao erário (art. 10) e atentam
contra os princípios que regem a Administração Pública (art. 11).
Consigna-se que entre as principais alterações, circunscreve-
se na exigência da presença do dolo específico na prática de atos ímprobos, ou
então, do dolo (intenção de praticar) acrescido do elemento subjetivo diverso
do dolo (com o fim ilícito) por parte de agentes públicos e, eventualmente,
terceiros que induzam ou concorram para a prática dos atos de improbidade
administrativa (art. 3°, caput, da Lei n° 8.429/92).
Nesse cenário, Fábio Medida Osório afirma que a valoração
dos fins do agente é um processo necessário, sendo certo que:

“Quando os fins do agente não se encaixam nas leis ou


regulamentos pertinentes, tem-se um ato ilícito. Porém,
relevante, na formatação dos pressupostos de
responsabilidade do agente, é a valoração profunda dos fins
que ele perseguiu, em consonância com os fins que deveria
haver perseguido, em sintonia com o tipo legal violado. Os fins
integram o chamado dolo específico” (OSÓRIO, Fábio Medida.
Teoria da improbidade administrativa [livro eletrônico]: Má
gestão pública, corrupção, ineficiência. 3. ed. São Paulo:
Thomson Reuters Brasil, 2022, p. RB-3.3).

Assim, considerando tal premissa bem como a descrição fática


das condutas dolosas com fins ilícitos praticados pelos agentes públicos e
particulares no Município de Porecatu/PR, passa-se a exposição dos
fundamentos que legitimam a responsabilização e condenação dos requeridos,
agentes públicos e particulares, pelo cometimento de ato de improbidade
administrativa que ensejou efetivo e comprovado prejuízo ao erário, nos termos
do art. 10, inciso VIII, da Lei n° 8.429/92.
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3.1. DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE


CAUSARAM EFETIVO E COMPROVADO PREJUÍZO AO ERÁRIO (ART. 10,
INCISO VIII, DA LEI N° 8.429/92)

Os agentes públicos FÁBIO LUIZ ANDRADE, MARCELO


GOMES e GERSON APARECIDO CAVALLARI, cada qual no exercício de
suas funções públicas, em divisão de tarefas e unidade de desígnios com os
particulares SIDNEY EDUARDO MAGNONE VIEIRA, HUGO CEZAR RIEGO
JUNIOR e ISAAC JOSÉ ESPANHOL praticaram ato de improbidade
administrativa que acarretou efetivo e comprovado prejuízo ao erário no
montante de R$ 90.000,00 (noventa mil reais) na medida em que, cada qual,
dolosamente, induziu e concorreu para a prática dos atos ímprobos
perpetrados na montagem e direcionamento do processo de contratação da
empresa RODRAUDE PÚBLICA EIRELI por meio da Inexigibilidade n°
04/2020, realizado pelo Município de Porecatu/PR.
Nesse sentido, as condutas dos requeridos causaram efetiva e
comprovada perda patrimonial ao dispensá-lo indevidamente (Inexigibilidade
n° 04/2020), adequando-se as condutas ao art. 10, inciso VIII, da Lei n°
8.429/92:
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa
lesão ao erário qualquer ação ou omissão dolosa, que enseje,
efetiva e comprovadamente, perda patrimonial, desvio,
apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou
haveres das entidades referidas no art. 1º desta Lei, e
notadamente:

(…)

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo


seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins
lucrativos, ou dispensá-los indevidamente, acarretando perda
patrimonial efetiva;

Dessa maneira, consoante a Lei de Improbidade


Administrativa, as disposições desta lei, são aplicáveis àquele que, mesmo não
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sendo agente público, induza ou concorra dolosamente para a prática do ato de


improbidade (art. 3°, caput, da Lei n° 8.429/92), sendo certo que os referidos
agentes públicos em acordo de vontades com os particulares SIDNEY
EDUARDO MAGNONE VIEIRA, HUGO CEZAR RIEGO JUNIOR e ISAAC
JOSÉ ESPANHOL praticaram, dolosamente, atos de improbidade
administrativa que causaram efetivo e comprovado prejuízo ao erário.
É consenso que a inexigibilidade tem como razão de ser, evitar
a infrutífera e dispendiosa realização de um procedimento licitatório, nos casos
em que seja inviável sua realização e competição com outros licitantes, assim
como previsto nas hipóteses (exemplificativas) do art. 25, da Lei 8.666/93 e no
art. 74, da Lei 14.133/2021.
Contudo, a inexigibilidade não terá amparo na lei quando for
sustentada por existência de fornecedor exclusivo (art. 25, I) e, como na
hipótese, tal circunstância não corresponda à realidade, como de fato ocorreu
na Inexigibilidade n° 04/202049 realizado pelo Município de Porecatu/PR.
No referido procedimento, ficou evidenciado pela análise do
próprio setor de licitações do Município de Porecatu/PR, a existência de outros
softwares com especificidades técnicas similares disponibilizados de maneira
gratuita por companhias de tecnologia diversas, de forma que a contratação
pautada em “carta de exclusividade” e “notória especialização da empresa” não
ficou devidamente demonstrada, ainda que a contratação tenha se efetivado
com base nesses fundamentos.
Conforme afirma Emerson Garcia, ao contratar sem a prévia
realização de licitação, deve a administração pública declinar os motivos que
justificaram a contratação direta, demonstrar seu enquadramento nas normas
de exceção e consoante o art. 26 da Lei 8.666/93, justificar a escolha de
determinado contratante e as razões de acolhimento da proposta por ele
apresentada. Não foi, todavia, o que ocorreu na realidade.

49 DOC. 05- Procedimento de Inexigibilidade nº 04/2020 do Município de Porecatu.


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Nesse sentido:

“Não basta, assim, a mera invocação do disposto nos arts. 24 e


25 da Lei de Licitações: é imprescindível seja devidamente
documentado e motivado todo o iter percorrido pela
administração até concluir pela possibilidade de contratação
direta” (GARCIA, Emerson. Improbidade Administrativa. 9.
ed. Sao Paulo: Saraiva, 2017, p. 524).

Além disso, tanto no Pregão n° 44/2018 e na Inexigibilidade


n° 04/2020 (objeto da presente ação) realizado pelo Município de Porecatu/PR,
verifica-se a atuação determinante do requerido MARCELO GOMES, assessor
de planejamento do Município e funcionário da empresa RODRAUDE, haja
vista que em conjunto com os demais agentes públicos e particulares,
montaram e direcionaram o processo de contratação da empresa RODRAUDE
PÚBLICA EIRELI.
Verifica-se que na Inexigibilidade n° 04/2020, o então prefeito
FÁBIO LUIZ ANDRADE foi o responsável pela solicitação de abertura de
contratação após a empresa RODRAUDE ter procurado o requerido, embora o
então Secretário de Saúde GERSON conste como solicitante oficial, sendo o
agente público e funcionário da empresa, MARCELO GOMES responsável
pela descrição do objeto e pela pesquisa de preço da inexigibilidade.
Não bastasse, há vedação expressa em lei, de participação de
empresa que tenha em seu quadro societário, agente público pertencente ao
ente contratante, conforme dispõe o art. 9°, III, da Lei n° 8.666/93 o art. 9°, § 1°
da Lei n° 14.133/2021:

Lei n° 8.666/93.
“Art. 9° Não poderá participar, direta ou indiretamente, da
licitação ou da execução de obra ou serviço e do fornecimento
de bens a eles necessários:

(…)
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29/09/2023: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
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III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade contratante ou


responsável pela licitação”.

Lei n° 14.133/2021.
“Art. 9º É vedado ao agente público designado para atuar na
área de licitações e contratos, ressalvados os casos previstos
em lei:

(…)

§ 1º Não poderá participar, direta ou indiretamente, da licitação


ou da execução do contrato agente público de órgão ou
entidade licitante ou contratante, devendo ser observadas as
situações que possam configurar conflito de interesses no
exercício ou após o exercício do cargo ou emprego, nos termos
da legislação que disciplina a matéria”.

Ainda que inexistisse norma expressa, tal vedação, segundo


Emerson Garcia:

“é um imperativo de justiça e de moralidade, pois seria no


mínimo insensato que o cão que zela pelo galinheiro tenha
íntimos laços com a raposa que pretende nele se fartar”
(GARCIA, Emerson. Improbidade Administrativa. 9. ed.- São
Paulo: Saraiva, 2017, p. 516).

Assim, tem-se que em decorrência dos diversos expedientes


empregados pelos requeridos, agentes públicos e particulares, consistente na
montagem e direcionamento da contratação direta indevida, foi celebrado o
Contrato n° 97/2020 por meio da Inexigibilidade n° 04/2020 realizado pelo
Município de Porecatu/PR, expediente este que ensejou efetivo e comprovado
prejuízo ao erário no montante de R$ 90.000,00 (noventa mil reais).
Enfatiza-se que o dano ao erário decorre da ausência total da
prestação do serviço pela empresa RODRAUDE PÚBLICA EIRELI, haja vista
que o objeto criado e utilizado para a contração direta não se efetivou perante o
Município de Porecatu/PR.
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Conforme apurado pelo Tribunal de Contas do Estado do


Paraná no âmbito do Processo n° 178305/21 50, o Ministério Público de Contas
afirmou que em pesquisa ao site do Município de Porecatu/PR, não foi possível
encontrar informação ou notícia quanto a disponibilização do software,
concluindo pela impossibilidade de se confirmar que a contratação tenha
revertido em qualquer benefício à população. Nesse sentido:

“A contratação dos serviços, tal como ocorreu, não poderia


prescindir de elementos básicos que garantissem a certeza da
adequação dos valores contratados, a salvaguarda da ampla
concorrência mediante a utilização da modalidade de
contratação adequada, bem como a avaliação do impacto
(positivo/negativo) que a contratação traria aos munícipes com
o detalhamento do sistema de monitoramento, circunstâncias
que não restaram suficientemente demonstradas, corroborando
uma contratação perceptivelmente dirigida e marcada pela falta
de planejamento”.

Ainda, o Tribunal de Contas concluiu que a contratação por


meio da Inexigibilidade n° 04/2020 foi regida por escolha de marca e
direcionamento, situação vedada pela Lei n° 8.666/93, bem como não
repercutiu favoravelmente aos Munícipes, na medida que após o início da
vigência do contrato percebeu-se a necessidade de aquisição de tablets para a
adequada implantação do sistema, o que teria ocorrido apenas no mês de
novembro de 2021, ou seja, posteriormente ao término da contratação do
serviço, ocorrido em fevereiro de 2021.
À vista disso, a 7a Procuradoria de Contas se manifestou
destacando que:

“(…) Não há como, diante desse cenário, atestar que a


empresa Contratada haja, efetivamente, prestado os serviços
para os quais foi contratada, eis que a implantação,
qualificação e manutenção do software por ela comercializado
dependiam da aquisição de material (tablets) que somente veio
a ocorrer após o término do prazo de vigência da avença e até
50 DOC. 16- Cópia do acórdão n° 1053/2022 do TCE/PR.
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o momento, pelo que se verifica, o investimento não reverteu


em qualquer benefício à população”.

Portanto, os fatos descritos nesta ação, evidenciam que a


contratação da empresa requerida RODRAUDE PÚBLICA EIRELI, decorrente
da Inexigibilidade n° 04/2020, foi permeada por uma série de ajustes dolosos
com fins ilícitos, nos quais resultaram na prática de ato de improbidade
administrativa previsto no art. 10, inciso VIII, da Lei n° 8.429/92 que ensejou
efetiva e comprovada perda patrimonial.
Desse modo, os agentes públicos FÁBIO LUIZ ANDRADE,
MARCELO GOMES e GERSON APARECIDO CAVALLARI, cada qual no
exercício de suas funções públicas (art. 2°, caput, da Lei n° 8.429/92), e os
terceiros requeridos SIDNEY EDUARDO MAGNONE VIEIRA, HUGO CEZAR
RIEGO JUNIOR, ISAAC JOSÉ ESPANHOL (art. 3º, caput, da Lei nº 8.429/92)
devem ser condenados e responsabilizados nas sanções previstas no art. 12,
inciso II, da Lei n° 8.429/92.

4. DA INCIDÊNCIA DA LEI ANTICORRUPÇÃO (ART. 5°,


INCISO III, DA LEI Nº 12.846/13)

A Lei Anticorrupção estabelece a responsabilidade


administrativa e civil das pessoas jurídicas pela prática de atos lesivos contra a
administração pública, nacional ou estrangeira, independentemente da
responsabilização individual das pessoas naturais.
Nesse sentido, a Lei n° 12.846/13 tem como objetivo impor
perdas econômicas as pessoas jurídicas bem como minimizar os prejuízos
causados ao Poder Público, como de fato ocorreu no Município de
Porecatu/PR.
Conforme fatos apurados no respectivo Município, verifica-se
que a pessoa jurídica RODRAUDE PÚBLICA EIRELI beneficiou-se dos atos
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ímprobos praticados pelos agentes públicos FÁBIO LUIZ ANDRADE,


MARCELO GOMES, GERSON APARECIDO CAVALLARI e dos terceiros
SIDNEY EDUARDO MAGNONE VIEIRA, HUGO CEZAR RIEGO JUNIOR e
ISAAC JOSÉ ESPANHOL que, dolosamente com fins ilícitos, praticaram
diversos atos ímprobos, promovendo a Inexigibilidade n° 04/2020
indevidamente.
Veja-se que a pessoa jurídica RODRAUDE PÚBLICA EIRELI
representada pelo requerido SIDNEY EDUARDO MAGNONE VIEIRA, atuou e
contribuiu objetivamente na fraude da contratação direta, haja vista que a
empresa se utilizou de interpostas pessoas para: dissimulação de seus reais
interesses; e ocultação da identidade dos beneficiários dos atos ímprobos e
ilícitos praticados em detrimento da Administração Pública.
Portanto, tem-se que a conduta da pessoa jurídica
RODRAUDE PÚBLICA EIRELI adequa-se aos atos lesivos contra a
administração pública previsto no art. 5°, inciso III, no qual dispõe que:

Art. 5º Constituem atos lesivos à administração pública,


nacional ou estrangeira, para os fins da Lei, todos aqueles
praticados pelas pessoas jurídicas mencionadas no parágrafo
único do art. 1º, que atentem contra o patrimônio público
nacional ou estrangeiro, contra princípios da administração
pública ou contra os compromissos internacionais assumidos
pelo Brasil, assim definidos:

(…)

III - comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física


ou jurídica para ocultar ou dissimular seus reais interesses ou a
identidade dos beneficiários dos atos praticados;

Segundo Aloísio Zimmer, quanto à pessoa jurídica que se


utiliza de interposta pessoa, será responsabilizada pelo fato típico previsto no
art. 5o, III, da Lei Anticorrupção, quando essa utilização for direcionada a
ocultar ou dissimular seus interesses reais ou a identidade dos beneficiários
dos atos praticados, destacando que:
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O verbo “ocultar” equivale a esconder algo de alguém. Já o


verbo “dissimular” significa agir de forma a não demonstrar as
verdadeiras intenções por meio de ato que sugira outro
propósito, ou, ainda, agir de maneira a produzir engano sobre a
existência de determinada situação, fato ou coisa, verdadeira.
“Utilizar-se de interposta pessoa” deve ser compreendido como
o ato de agir por meio de terceiro (ZIMMER, Aloísio. Lei
anticorrupção: Lei 12.846/2013 [livro eletrônico]. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2020, RL-1.3).

Nesse cenário, verifica-se que a empresa requerida


RODRAUDE PÚBLICA EIRELI no caso em comento, notadamente, na
Inexigibilidade n° 04/2020 realizada pelo Município de Porecatu/PR valeu-se,
principalmente, do agente público e também funcionário da empresa,
MARCELO GOMES, para promover a contratação direta indevida,
demonstrando os fins ilícitos ocultos e pretendidos pelos integrantes do
grupamento ímprobo.
Ressalta-se que a menciona lei, que dispõe sobre a
responsabilização das pessoas jurídicas, prevê a responsabilidade objetiva das
pessoas jurídicas, independentemente da comprovação de dolo ou culpa
(elemento subjetivo), tendo em vista que tem como fundamento a prática de
comportamentos ilícitos previstos no art. 5°, da Lei n° 12.846/13, pelos seus
representantes legais.
Portanto, circunscrito ao exposto, requer-se a condenação e
responsabilização da empresa requerida RODRAUDE PÚBLICA EIRELI
(CNPJ nº 18.988.748/0001-00), nas sanções estabelecidas nos arts. 6 e 19, em
razão da prática do injusto previsto no art. 5º, inciso III, da Lei nº 12.846/13, em
atendimento ao disposto no art. 3°, § 2° e art. 12, § 8°, da Lei n° 8.429/92.
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5. PROVIDÊNCIAS CAUTELARES

5.1. DA INDISPONIBILIDADE DOS BENS

Os fatos narrados nesta ação civil pública evidenciam a


concretização de atos de improbidade administrativa em desfavor do Município
de Porecatu/PR, que causaram efetivo e comprovado prejuízo ao erário.
A Lei nº 8.429/92, com a sua nova redação trazida pela Lei nº
14.230/2021, prevê em seu art. 1º, caput, que o sistema de responsabilização
por atos de improbidade administrativa tutelará a probidade na organização do
Estado e no exercício de suas funções, como forma de assegurar a integridade
do patrimônio público e social.
Com efeito, estabelece o art. 16 da Lei nº 8.429/92 que na ação
por improbidade administrativa poderá ser formulado pedido de
indisponibilidade de bens dos réus, com a finalidade de garantir a integral
recomposição do erário:

Art. 16. Na ação por improbidade administrativa poderá ser


formulado, em caráter antecedente ou incidente, pedido de
indisponibilidade de bens dos réus, a fim de garantir a integral
recomposição do erário ou do acréscimo patrimonial resultante
de enriquecimento ilícito.

Essa disposição atende à previsão do art. 37, § 4º da


Constituição Federal que dispõe:

Art. 37. § 4° Os atos de improbidade administrativa importarão


a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na
forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal
cabível.

Por sua vez, a Lei no 12.846/2013 prevê que o Ministério


Público poderá requerer a indisponibilidade dos bens, direitos ou valores
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necessários à garantia do pagamento da multa ou da reparação integral do


dano causado pelas pessoas jurídicas em detrimento dos atos lesivos
praticados contra a Administração Pública:

Art. 19. Em razão da prática de atos previstos no art. 5º desta


Lei, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por
meio das respectivas Advocacias Públicas ou órgãos de
representação judicial, ou equivalentes, e o Ministério Público,
poderão ajuizar ação com vistas à aplicação das seguintes
sanções às pessoas jurídicas infratoras:

(...)

§ 4º O Ministério Público ou a Advocacia Pública ou órgão de


representação judicial, ou equivalente, do ente público poderá
requerer a indisponibilidade de bens, direitos ou valores
necessários à garantia do pagamento da multa ou da
reparação integral do dano causado, conforme previsto no art.
7º, ressalvado o direito do terceiro de boa-fé.

Observa-se, portanto, que a medida de indisponibilidade de


bens se constitui como importante instrumento destinado a impedir que os
agentes públicos e particulares envolvidos com atos dolosos de improbidade
administrativa, disponham de seu patrimônio, impossibilitando a execução de
eventual sentença condenatória decorrente da prática de atos ímprobos
definidos na Lei de Improbidade Administrativa.
No presente pleito, demonstrou-se que os agentes públicos
FÁBIO LUIZ ANDRADE, MARCELO GOMES, GERSON APARECIDO
CAVALLARI e os particulares SIDNEY EDUARDO MAGNONE VIEIRA, HUGO
CEZAR RIEGO JUNIOR e ISAAC JOSÉ ESPANHOL em divisão de tarefas e
unidade de desígnios, dolosamente e com fins ilícitos, praticaram ato de
improbidade administrativa que acarretou em efetivo e comprovado dano ao
erário, já que cada um concorreu para a viabilizar a consecução da
Inexigibilidade n° 04/2020 realizado pelo Município de Porecatu/PR de forma
indevida, beneficiando a empresa requerida RODRAUDE PÚBLICA EIRELI e
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integrantes do grupamento ímprobo, nos termos do art. 10, VIII, da Lei n°


8.429/92.
Por tais razões, com vistas à responsabilização dos requeridos,
há necessidade de promover a indisponibilidade dos bens dos requeridos com
a finalidade de proteger e assegurar bens que serão objeto de recomposição
dos danos causados ao erário do Município de Porecatu/PR.
Veja-se que os requeridos praticaram atos dolosos de
improbidade administrativa com finalidade ilícita, cuja responsabilização
pretende-se ver satisfeita por meio da dedução desta pretensão civil.
Contudo, com vistas a assegurar o resultado útil do processo, é
necessário que seja assegurada a perda dos valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio dos agentes públicos e dos particulares que dolosamente
concorreram para a prática dos atos ímprobos, bem como o pagamento da
multa civil aplicável a espécie.
Quanto à multa, embora a Lei nº 8.429/92, preveja em seu art.
16, § 10º, que a indisponibilidade de bens não recairá sobre valores a serem
aplicados a título de multa civil, ao mesmo tempo dispõe o art. 17, § 6º-A, que o
Ministério Público poderá requerer as tutelas provisórias necessárias e
adequadas na ação por ato doloso de improbidade administrativa.
Nesse sentido, considerando o poder geral de cautela do juiz,
deve-se empreender providências aptas e eficazes para que o processo seja
assegurado quanto à eventual condenação futura, no que engloba a
reprimenda pecuniária.
É neste contexto que a aplicação da multa civil se faz
necessária e plenamente possível, já que satisfeitos os requisitos para a sua
concessão: probabilidade da incidência da multa e risco de
inexequibilidade ao final.
Interpretação diversa da aplicação da multa na ordem de
indisponibilidade de bens esbarra no entendimento do STF na ADI 4.296, no
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sentido de que a lei não pode criar óbices ou vedações absolutas quanto ao
exercício do poder geral de cautela do magistrado:

EMENTA: (…) POSSIBILIDADE DE O JUIZ EXIGIR


CONTRACAUTELA PARA A CONCESSÃO DE MEDIDA
LIMINAR. MERA FACULDADE INERENTE AO PODER
GERAL DE CAUTELA DO MAGISTRADO. INOCORRÊNCIA,
QUANTO A ESSE ASPECTO, DE LIMITAÇÃO AO JUÍZO DE
COGNIÇÃO SUMÁRIA. (…) 2. No exercício do poder geral
de cautela, tem o juiz a faculdade de exigir contracautela
para o deferimento de medida liminar, quando verificada a
real necessidade da garantia em juízo, de acordo com as
circunstâncias do caso concreto. Razoabilidade da medida
que não obsta o juízo de cognição sumária do magistrado.
(…) (ADI 4296, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/
Acórdão: ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado
em 09/06/2021, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-202 DIVULG
08-10-2021 PUBLIC 11-10-2021).

Assim, antes da final responsabilização dos requeridos pelos


atos dolosos de improbidade administrativa, necessário que seja decretada a
indisponibilidade dos seus bens, suficientes e proporcionais, na exata forma do
art. 16, caput, da Lei nº 8.429/92.
O § 3° do art. 16 da Lei n° 8.429/92 dispõe que:

“O pedido de indisponibilidade de bens será deferido mediante


a demonstração no caso concreto de perigo de dano
irreparável ou de risco ao resultado útil do processo, desde que
o juiz se convença da probabilidade da ocorrência dos atos
descritos na petição inicial com fundamento nos respectivos
elementos de instrução”.

Ainda, o § 4° prevê que a indisponibilidade dos bens poderá


ser decretada sem a oitiva do réu, sempre que o contraditório prévio puder
comprovadamente frustrar a efetividade da medida ou houver outras
circunstâncias que recomendem a proteção liminar.
Constata-se também, conforme expressa previsão legal (art.
16, § 8º e 17, § 6º-A, da Lei nº 8.429/92) que se aplica às ações de
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improbidade administrativa, por atos dolosos, a integralidade do regime das


tutelas provisórias, no que for cabível.
Nesse sentido, conforme fatos descritos nesta ação em cotejo
com a probidade tutelada pela Constituição Federal de 1988 (art. 37, caput, e §
4°) e pela legislação infraconstitucional (art. 10, VIII, da Lei n° 8.429/92),
verifica-se a presença do fumus boni iuris, principalmente pelos diversos
elementos angariados no curso das investigações que demonstram a um só
tempo, a prática dos ilícitos ímprobos em detrimento da Administração Pública
e a efetiva e comprovada lesão ao erário.
Em relação ao periculum in mora, em casos desta natureza,
em que se constata a odiosa prática de atos dolosos de improbidade
administrativa, estaria atrelado a elementos indicadores de que os requeridos
intencionam desfazer-se do seu patrimônio a fim de frustrar o cumprimento de
eventual condenação.
Contudo, a própria natureza da medida constritiva de bens
(tutela cautelar) - tendo em vista redação imperativa da Constituição Federal
(art. 37. § 4º) - permite concluir que o periculum in mora não é oriundo, única e
exclusivamente, da intenção do agente em dilapidar seu patrimônio, mas sim
da gravidade dos fatos e do montante do prejuízo causado ao erário, o que
atinge toda a coletividade.
Assim, o risco ao resultado útil do processo, neste caso,
materializa-se por uma circunstância concreta, consiste no risco de que a
própria sociedade possa ficar sem reparação em razão da prática dos atos
dolosos de improbidade administrativa praticados pelos agentes públicos em
desfavor do erário.
Em outras palavras, autoriza-se inferir que o periculum in mora
não decorre exclusivamente de fundados indícios de que o agente esteja
praticando atos intentados à dissipação de seu patrimônio, mas sim de
preambular necessidade de recuperação do patrimônio público em favor da
coletividade, bem assim do acréscimo patrimonial ilicitamente auferido.
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Inclusive, não é razoável que o agente público que não se


mostre zeloso quanto à gerência e a conservação do patrimônio público não
tenha seus bens pessoais preservados pela indisponibilidade, que é a única
garantia que a sociedade dispõe para ver efetivado o devido ressarcimento.
Aliás, a observação do que comumente acontece e das regras
de experiência comum, autorizadas pelo art. 375 do Código de Processo Civil,
permite prever que os requeridos venham a praticar atos prejudiciais à futura
satisfação do débito.
Verifica-se, portanto, que o periculum in mora não decorre
exclusivamente de fundados indícios de que o agente esteja praticando atos
intentados à dissipação de seu patrimônio, mas também das hipóteses em que
o julgador, a seu critério, avaliar as circunstâncias e os elementos constantes
dos autos, e convencer-se da existência do receio de que os bens sejam
desviados, dificultando a preambular necessidade de recuperação do
patrimônio público em favor da coletividade.
Neste sentido, conforme apurado no curso das investigações,
verifica-se a partir do Relatório de Inteligência Financeira 51 que os requeridos
transferiram quantidade considerável de valores em curto espaço de tempo,
seja pelas contas bancárias pessoa física seja por meio das contas das
pessoas jurídicas vinculadas aos requeridos.
Conforme se depreende do relatório 52, no período de
01/10/2020 a 30/10/2020 (um mês), a empresa RODRAUDE PÚBLICA EIRELI
movimentou valor equivalente a R$ 4.950.719,00 4.950.719,00 (quatro
milhões e novecentos e cinquenta mil e setecentos e dezenove reais),
sendo registrado nesse período movimentação incompatível com o perfil da
empresa que, de acordo com os dados informados junto a Receita Federal,
possui um faturamento anual de R$ 4.018.032,26 (quatro milhões dezoito e
mil e trinta e dois reais e vinte e seis centavos).

51 DOC. 14- Relatório de Inteligência Financeira.


52 DOC. 14- Relatório de Inteligência Financeira.
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29/09/2023: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

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Tal incompatibilidade foi novamente ressaltada no período


entre 03/03/2021 e 21/08/2021, quando a empresa movimentou a exorbitante
quantia de R$ 12.116.353,00 (doze milhões cento e dezesseis mil e
trezentos e cinquenta três reais), tornando evidente a divergência de fluxo de
capital, considerando que em cinco meses, a empresa movimentou um valor 3
(três) vezes superior ao seu faturamento declarado anualmente.
Assim, dentre as diversas transações descritas pelo Relatório
de Inteligência Financeira, oportuno mencionar que o requerido SIDNEY
EDUARDO MAGNONE VIEIRA se utiliza amplamente da pessoa jurídica
RODRAUDE PÚBLICA EIRELI para remeter valores a sua conta particular,
tendo em vista que em um curto espaço de tempo, entre 03/03/2021 e
31/08/2021 (cinco meses), movimentou da conta empresarial para conta
privada o equivalente a R$ 1.009.080,00 (um milhão e nove mil e oitenta
reais) por intermédio de diversas transferências bancárias (na modalidade
“pix”) de forma fragmentada, a fim de não despertar a atenção das autoridades
fiscalizadoras.
Ademais, constatou-se provável confusão patrimonial entre a
pessoa física e jurídica, circunstância nitidamente evidente no momento em
que se identificou que Andreia Pereira da Silva Vieira, esposa do requerido
SIDNEY EDUARDO MAGNONE VIEIRA, assim como a pessoa jurídica a ela
vinculada, Andreia Pereira da Silva Vieira – Informática, são destinatárias e
remetentes recorrentes de valores envolvendo a empresa.
Nesse sentido, verificou-se que entre 01/10/2020 a 30/10/2020,
Andreia transferiu de sua conta particular para a da empresa RODRAUDE
PÚBLICA EIRELI um total de R$ 563.696,00 (quinhentos e sessenta e três
mil e seiscentos e noventa e seis reais). Ainda, no mesmo período, a
empresa RODRAUDE PÚBLICA EIRELI remeteu à Andreia Pereira da Silva
Vieira – Informática o montante de R$ 30.200,00 (trinta mil e duzentos reais).
Além do mais, entre os períodos de 03/03/2021 e 31/08/2021
vislumbrou-se o repasse de R$ 141.000,00 (cento e quarenta e um mil reais)
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por meio de transferências eletrônicas fracionadas para Andreia Pereira da


Silva Vieira – Informática.
Quanto ao requerido ISAAC JOSÉ ESPANHOL, evidenciou-se
que entre os períodos 01/10/2020 a 30/10/2020, recebeu da empresa
RODRAUDE PÚBLICA EIRELI via transferências bancárias o valor de R$
80.000,00 (oitenta mil reais).
Com relação ao HUGO CEZAR RIEGO JÚNIOR, agente
atuante de forma efetiva no grupamento ímprobo, percebe-se que a empresa
RODRAUDE PUBLICA EIRELI, entre os períodos 01/10/2020 a 30/10/2020, ou
seja, no espaço de apenas 1 (um) mês, realizou 45 (quarenta e cinco)
transferências ao funcionário por meio das quais remeteu o montante de R$
280.596,90 (duzentos e oitenta mil quinhentos e noventa e seis reais e
noventa centavos).
O movimento se repete no período 03/03/2021 a 31/08/2021,
quando HUGO CEZAR RIEGO JÚNIOR recebeu da empresa o montante de
R$ 211.850,00 (duzentos e onze mil e oitocentos e cinquenta reais) por
intermédio de diversas transferências (via pix) fragmentadas.
Dessa forma, é possível observar que durante os seis meses
dos quais constam registro junto ao COAF, HUGO CEZAR RIEGO JÚNIOR
recebeu a quantia de quase meio milhão de reais de maneira fragmentada da
empresa, suscitando relevante atuação do requerido no âmbito da associação
ímproba, dada a expressividade dos valores percebidos.
Por fim, identificou-se que o requerido SIDNEY EDUARDO
MAGNONE VIEIRA, no período de 01/08/2021 a 31/08/2021 (um mês) adquiriu
um alto número de veículos por intermédio de financiamentos, entre eles um
Jeep Grand Cherokee Limited e um Porsche 718 Boxster, veículos estes
adquiridos por valores substancialmente divergentes aos praticados no
mercado, totalizando um valor de R$ 476.196,00 (quatrocentos e setenta e
seis mil e cento e noventa e seis reais).
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Referidas operações sucessivas e contínuas indicam, por sua


habitualidade, valor e forma, possível simulação para tentar burlar a
identificação da origem e destinação final dos recursos utilizados pelo
grupamento ímprobo, consubstanciando assim, a presença do periculum in
mora, necessário para o provimento da medida cautelar de indisponibilidade de
bens à luz do que dispõe a Lei n° 8.429/92.
Neste cenário, fica claro que a organização ímproba, liderada
pelo requerido SIDNEY EDUARDO MAGNONE VIEIRA, por intermédio da
empresa RODRAUDE PÚBLICA EIRELI, utiliza-se da empresa Andreia
Pereira Da Silva – Informática bem como da conta bancária de ISAAC JOSÉ
ESPANHOL e de HUGO CEZAR RIEGO JUNIOR para desvio de recursos
públicos e obtenção de vantagens patrimoniais indevidas.
Portanto, a medida ora pleiteada é indispensável uma vez que,
prevenirá o possível perecimento ou dissipação dos bens dos requeridos,
assegurando o integral cumprimento da sentença que, na hipótese de
procedência, determinará a perda dos valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio dos requeridos e a correspondente à multa civil (art. 300 do Código
de Processo civil c/c art. 12 e 16, caput, e § 8º da Lei nº 8.429/92).
De qualquer forma, atendendo ao disposto no art. 37, § 4º, da
Constituição Federal e no art. 1º da Lei de nº 8.429/92, bem como
considerando que os atos dolosos de improbidade administrativa com fins
ilícitos narrados nesta inicial causaram efetivo e comprovado dano ao erário, a
indisponibilidade de bens é medida que se faz justa e necessária à espécie.
Assim sendo, com fundamento no art. 300, do Código de
Processo Civil c/c arts. 16, § 8º e 17, § 6º- A da Lei n o 8.429/92 e art. 19, § 4º
da Lei no 12.846/2013, requer o Ministério Público que seja, liminarmente,
decretada a indisponibilidade dos requeridos nos seguintes termos 53:

53 Para fins de cálculo da indisponibilidade, somou-se o valor do dano causado ao erário e o


pagamento de multa civil equivalente ao valor do acréscimo patrimonial.
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1. FÁBIO LUIZ ANDRADE: R$ 90.000,00 (noventa mil reais) +


R$ 90.000,00 (noventa mil reais), nos termos do art. 12, inciso II, da Lei
8.429/92, totalizando, assim, R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais);
2. GERSON APARECIDO CAVALLARI: R$ 90.000,00
(noventa mil reais) + R$ 90.000,00 (noventa mil reais), nos termos do art. 12,
inciso II, da Lei 8.429/92, totalizando, assim, R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil
reais);
3. HUGO CEZAR RIEGO JÚNIOR: R$ 90.000,00 (noventa mil
reais) + R$ 90.000,00 (noventa mil reais), nos termos do art. 12, inciso II, da Lei
8.429/92, totalizando, assim, R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais);
4. ISAAC JOSÉ ESPANHOL: R$ 90.000,00 (noventa mil reais)
+ R$ 90.000,00 (noventa mil reais), nos termos do art. 12, inciso II, da Lei
8.429/92, totalizando, assim, R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais);
5. MARCELO GOMES: R$ 90.000,00 (noventa mil reais) + R$
90.000,00 (noventa mil reais), nos termos do art. 12, inciso II, da Lei 8.429/92,
totalizando, assim, R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais);
6. SIDNEY EDUARDO MAGNONE VIEIRA: R$ 90.000,00
(noventa mil reais) + R$ 90.000,00 (noventa mil reais), nos termos do art. 12,
inciso II, da Lei 8.429/92, totalizando, assim, R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil
reais); e
7. RODRAUDE PÚBLICA EIRELI: R$ 90.000,00 (noventa mil
reais) + R$ 90.000,00 (noventa mil reais), nos termos do art. 12, inciso II, da Lei
8.429/92, totalizando, assim, R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais);

5.2. DO AFASTAMENTO CAUTELAR DA FUNÇÃO PÚBLICA

A medida cautelar de afastamento dos requeridos MARCELO


GOMES54 e FÁBIO LUIZ ANDRADE55, faz-se necessária para se resguardar e
regular a efetiva instrução processual, já que, conforme descrito nesta ação, os

54 Atualmente Assessor de Planejamento do Município de Porecatu/PR (cargo em comissão).


55 Atualmente Chefe do Poder Executivo do Município de Porecatu/PR.
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agentes públicos em questão utilizaram-se das suas funções, bem como do


metus publicae potestatis inerente às suas atividades, como verdadeiros
instrumentos para praticar inúmeras ilegalidades, ao integrar, organizar e
desenvolver efetivo esquema ilícito incrustado no âmbito do Município de
Porecatu/PR.
Dessa forma, o deferimento da tutela cautelar pressupõe a
concorrência do fumus bonis iuris e do periculum in mora, nos termos do artigo
300 e ss., do Código de Processo Civil. Por sua vez, a Lei de Improbidade
Administrativa (Lei nº 8.429/92) expressamente consigna a possibilidade de
afastamento do agente público supostamente ímprobo de suas funções, na
hipótese da medida ser necessária à instrução processual:

Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos


políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença
condenatória.

§ 1º A autoridade judicial competente poderá determinar o


afastamento do agente público do exercício do cargo, do
emprego ou da função, sem prejuízo da remuneração, quando
a medida for necessária à instrução processual ou para evitar a
iminente prática de novos ilícitos.

Com efeito, a lei prevê que se efetue o afastamento quando


este for necessário para a instrução do processo ou para se evitar a iminente
prática de novos atos ilícitos.
Da simples leitura do artigo citado se infere que o Juiz ou a
Autoridade Administrativa deve fazer um juízo sobre a necessidade do
afastamento, levando em consideração a possibilidade de o agente influenciar
na produção das provas.
Assim, é preciso ter em mente a gravidade do caso
apresentado a Juízo, bem como a gravidade dos fatos ímprobos cometidos
pelos requeridos MARCELO GOMES e FÁBIO LUIZ ANDRADE.
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No curso das investigações promovidas, constatou-se a


existência de uma organização ímproba estruturalmente ordenada e
caracterizada pela divisão de tarefas, que tinha o objetivo único e comum de
obter, direta ou indiretamente, vantagem econômica, mediante a prática de
fraudes à licitação e contratação direta em benefício da requerida empresa
RODRAUDE PÚBLICA EIRELI.
Para atender os interesses espúrios do grupamento ímprobo,
os requeridos agentes públicos do Município de Porecatu/PR, MARCELO
GOMES, FABIO LUIZ ANDRADE e GERSON APARECIDO CAVALLARI56,
em divisão de tarefas e unidade de desígnios com agentes particulares
estruturaram uma série de atos ilícitos, provendo a Inexigibilidade n° 04/2020
indevidamente, essencialmente assentada na montagem e direcionamento da
contratação da empresa RODRAUDE PÚBLICA EIRELI, em que o agente
público MARCELO GOMES figura(va) como empregado.
A partir desta estrutura ímproba, a requerida empresa
RODRAUDE PÚBLICA EIRELI, sagrou-se vencedora da contratação direta em
que participou no Município de Porecatu/PR, no ano de 2020, celebrando
contrato administrativo no montante de R$ 90.000,00 (noventa mil reais).
Nesse cenário, o fumus boni iuris manifesta-se de forma clara,
sendo que os fatos concretos detalhadamente já expostos evidenciam as
condutas ímprobas dos requeridos.
Por sua vez, o periculum in mora revela-se evidente, visto que,
ao continuarem em seus cargos públicos os requeridos terão ao seu dispor
todos os meios para efetivar atos destinados a dificultar a realização de provas,
como a coação das testemunhas, principalmente os servidores públicos do
Município de Porecatu/PR (que poderão se calar ou mentir por medo de
represálias).
A prática jurídica tem demonstrado que em casos desta
natureza há grande dificuldade na colheita de provas, já que os envolvidos,

56 Ex-Secretário de Saúde do Município de Porecatu/PR.


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exercendo cargos de influência dentro da Administração Pública, acabam por


apagar todas as marcas dos ato ímprobos cometidos, mediante subornos,
coação de testemunhas e peritos, dentre outras condutas ilegais.
Ademais, no curso das investigações evidenciou-se que o
requerido MARCELO GOMES foi o responsável pela descrição do objeto e da
pesquisa de preço da Inexigibilidade n° 04/2020, utilizando-se de sua função
pública para aparelhar a máquina pública do Município de Porecatu/PR e
favorecer ilicitamente a empresa em que figura(va) como empregado.
Além disso, é nítido das oitivas realizadas com os agentes
públicos do Município de Porecatu/PR que as demandas surgiram do então
Prefeito FÁBIO LUIZ ANDRADE após a própria RODRAUDE procurá-lo para
apresentar os serviços prestados pela empresa.
Assim, verifica-se que a ação do então prefeito do Município de
Porecatu/PR está inserido em um contexto de fraudes sistematizadas em
diversos Municípios do Estado do Paraná.
Ademais, o requerido prefeito FÁBIO LUIZ ANDRADE
aproveitou-se de um momento extremamente frágil da Saúde Pública Nacional,
envidando esforços com um grupamento ímprobo para desvio de dinheiro dos
cofres públicos do Município de Porecatu/PR, por meio de um objeto fajuto,
desnecessário e não prestado de fato, mas simplesmente criado pela
organização ímproba para fraudar procedimentos licitatórios e contratações
diretas.
Neste sentido, constata-se que os requeridos FABIO LUIZ
ANDRADE e MARCELO GOMES foram agentes públicos centrais da
organização ímproba os quais formalizaram a contratação ilicitamente.
Menciona-se também o poder geral de cautela que possui o
Juiz, com a ampla possibilidade de adoção de medidas para se acautelarem os
fins do processo, assim como previsto no art. 297 do Código de Processo Civil:

“Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar


adequadas para efetivação da tutela provisória.
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Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as


normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no
que couber”.

Desta forma, os elementos carreados durante a investigação


permitem afirmar que os requeridos, agentes públicos, caso sejam mantidos no
cargo público para os quais exercem função, certamente obstruirão o
andamento da instrução processual, uma vez que, dentro da estrutura
municipal, possuem a plena capacidade de coagir vítimas e testemunhas, além
de destruir provas e adulterar documentos.
Ante o exposto, a concessão da cautelar de afastamento dos
requeridos MARCELO GOMES e FÁBIO LUIZ ANDRADE é indispensável
para que a instrução processual ocorra de forma satisfatória, sendo mister sua
concessão.

6. DOS PEDIDOS

Circunscrito ao exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO DO


ESTADO DO PARANÁ requer a Vossa Excelência:
Em cumprimento ao inciso VII, do artigo 319, do CPC, o
Ministério Público do Estado do Paraná manifesta-se no sentido da não
realização de audiência de conciliação ou mediação.
Não há possibilidade de qualquer composição ou até mesmo
de celebração de Acordo de Não Persecução Civel, especialmente diante da
magnitude do injusto ímprobo.
Registra-se que, em se tratando o Acordo de Não Persecução
Civel um ato administrativo discricionário, este órgão ministerial (legitimado
ativo), ao emitir um juízo de valoração e ponderação acerca da conveniência e
oportunidade para sua concretização, avaliou que as espécies de sanções a
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serem propostas em eventual acordo não seriam suficientes e proporcionais


para salvaguardar e reparar o bem jurídico ora lesado.
Outrossim, sopesou-se que, segundo o desvalor do
comportamento e do resultado e o grau de afetação do bem jurídico,
transacionar por meio de acordo os atos ímprobos sob análise inviabilizaria o
caráter repressivo e preventivo das sanções cominadas à prática dos atos de
improbidade administrativa previstos no art. 12, inciso II, da Lei nº 8.429/92.
Assim, eventual designação de audiência terá como único
escopo atrasar o trâmite processual.

Requer, outrossim:

A) O recebimento da presente ação e a citação dos requeridos,


para oferecerem contestação no prazo de 30 (trinta) dias, nos termos do art.
17, § 7º da Lei n° 8.429/92;
B) A intimação do Município de Porecatu/PR para, querendo,
intervir no processo, conforme art. 17, § 14 da Lei nº 8.429/92;
C) As prerrogativas previstas do art. 212, § 2º, do Código de
Processo Civil, para cumprimento das medidas judiciais de citação e/ou
intimação;
D) A produção de prova por todos os meios possíveis,
principalmente documental, depoimentos pessoal dos requeridos, oitiva de
testemunhas a serem oportunamente indicadas, prova emprestada, juntada de
novos documentos e exames periciais que se fizerem necessários à instrução
da causa;
E) Com base no art. 300, do Código de Processo Civil c/c arts.
16, § 8º e 17, § 6º-A da Lei n o 8.429/92, art. 12 da Lei nº 7.347/85 e art. 19, § 4º
da Lei no 12.846/2013, a concessão de medida liminar, sem audiência prévia
dos requeridos, decretando-se a indisponibilidade dos bens imóveis e móveis
(inclusive aplicações financeiras) dos requeridos, nos seguintes termos:
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E.1) FÁBIO LUIZ ANDRADE: até o valor de R$ 180.000,00


(cento e oitenta mil reais);
E.2) GERSON APARECIDO CAVALLARI: até o valor de R$
180.000,00 (cento e oitenta mil reais);
E.3) HUGO CEZAR RIEGO JÚNIOR: até o valor de R$
180.000,00 (cento e oitenta mil reais);
E.4) ISAAC JOSÉ ESPANHOL: até o valor de R$ 180.000,00
(cento e oitenta mil reais);
E.5) MARCELO GOMES: até o valor de R$ 180.000,00 (cento
e oitenta mil reais);
E.6) SIDNEY EDUARDO MAGNONE VIEIRA: até o valor de
R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais); e
E.7) RODRAUDE PÚBLICA EIRELI: até o valor de R$
180.000,00 (cento e oitenta mil reais).

A fim de assegurar o integral cumprimento da sentença que,


certamente, determinará a perda dos valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio dos requeridos, ressarcimento dos danos causados ao erário e o
correspondente à multa civil (art. 12, da Lei nº 8.429/92);

Para eficácia da indisponibilidade de bens, sejam


determinadas, ainda, as seguintes medidas:

F) seja expedida ordem de indisponibilidade de todos os bens


imóveis localizados em nome dos requeridos FÁBIO LUIZ ANDRADE (CPF nº
004.411.199-13), GERSON APARECIDO CAVALLARI (CPF nº 843.159.469-
15), HUGO CEZAR RIEGO JÚNIOR (CPF nº 061.276.089-88), ISAAC JOSÉ
ESPANHOL (CPF nº 028.487.039-03), MARCELO GOMES (CPF nº
005.332.169-31), SIDNEY EDUARDO MAGNONE VIEIRA (CPF n°
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028.566.329-12), bem como da empresa requerida RODRAUDE PÚBLICA


EIRELI (CNPJ n° 18.988.748/0001-00) cadastrando-se a indisponibilidade na
Central Nacional de Indisponibilidade de Bens – CNIB, por meio do endereço
eletrônico: http://www.indisponibilidade.org.br, consoante Provimento n.º
39/2014 da Corregedoria Nacional de Justiça e Ordem de Serviço n.º 39/2015,
da Corregedoria de Justiça do Paraná, sem prejuízo da expedição de
comunicação, diretamente, aos respectivos cartórios de registro de imóveis
para a averbação da indisponibilidade de imóveis de propriedade dos
requeridos, determinando-se que se dê cumprimento à ordem, no âmbito de
suas atribuições (art. 167, II, alínea 11 da Lei n.º 6.015/1973);

G) Seja determinado o bloqueio, pelo Sistema SISBAJUD, de


todos e quaisquer ativos financeiros existentes em nome dos requeridos, nos
seguintes termos:

G.1) FÁBIO LUIZ ANDRADE: até o valor de R$ 180.000,00


(cento e oitenta mil reais);
G.2) GERSON APARECIDO CAVALLARI: até o valor de R$
180.000,00 (cento e oitenta mil reais);
G.3) HUGO CEZAR RIEGO JÚNIOR: até o valor de R$
180.000,00 (cento e oitenta mil reais);
G.4) ISAAC JOSÉ ESPANHOL: até o valor de R$ 180.000,00
(cento e oitenta mil reais);
G.5) MARCELO GOMES: até o valor de R$ 180.000,00 (cento
e oitenta mil reais);
G.6) SIDNEY EDUARDO MAGNONE VIEIRA: até o valor de
R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais); e
G.7) RODRAUDE PÚBLICA EIRELI: até o valor de R$
180.000,00 (cento e oitenta mil reais).
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H) seja oficiado ao Banco Central do Brasil, solicitando


informações a respeito da existência de valores aplicados pelos requeridos
FÁBIO LUIZ ANDRADE (CPF nº 004.411.199-13), GERSON APARECIDO
CAVALLARI (CPF nº 843.159.469-15), HUGO CEZAR RIEGO JÚNIOR (CPF
nº 061.276.089-88), ISAAC JOSÉ ESPANHOL (CPF nº 028.487.039-03),
MARCELO GOMES (CPF nº 005.332.169-31), SIDNEY EDUARDO
MAGNONE VIEIRA (CPF n° 028.566.329-12), bem como da empresa
requerida RODRAUDE PÚBLICA EIRELI (CNPJ n° 18.988.748/0001-00), em
Fundos de Investimento (não abrangidos pelo Sistema SISBAJUD), para
bloqueio de numerários aplicados, bem como valores dos requeridos em
cooperativas de crédito;
I) seja oficiado à Comissão de Valores Mobiliários90 e à Junta
Comercial do Estado do Paraná91, informando-as sobre a decretação da
medida solicitada e determinando que comuniquem este Juízo sobre a
existência de ações ou cotas sociais em nome dos requeridos, bloqueando-as;
J) seja oficiado à Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC,
situada à Avenida Presidente Vargas, 850, 14.º andar, Centro, Rio de
Janeiro/RJ, CEP: 20.071.001, determinando o bloqueio de eventuais aeronaves
existentes em nome dos requeridos FÁBIO LUIZ ANDRADE (CPF nº
004.411.199-13), GERSON APARECIDO CAVALLARI (CPF nº 843.159.469-
15), HUGO CEZAR RIEGO JÚNIOR (CPF nº 061.276.089-88), ISAAC JOSÉ
ESPANHOL (CPF nº 028.487.039-03), MARCELO GOMES (CPF nº
005.332.169-31), SIDNEY EDUARDO MAGNONE VIEIRA (CPF n°
028.566.329-12), bem como da empresa requerida RODRAUDE PÚBLICA
EIRELI (CNPJ n° 18.988.748/0001-00), conforme art. 2.º, XVIII, da Resolução
n.º 293/2013 da ANAC, de tudo informando esse juízo;
K) seja oficiado à Capitania dos Portos do Paraná, situada à
Rua Benjamin Constant, 707, Centro Histórico, Paranaguá/PR, CEP: 83203-
190, determinando o bloqueio de eventuais embarcações registradas em nome
dos requeridos FÁBIO LUIZ ANDRADE (CPF nº 004.411.199-13), GERSON
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APARECIDO CAVALLARI (CPF nº 843.159.469-15), HUGO CEZAR RIEGO


JÚNIOR (CPF nº 061.276.089-88), ISAAC JOSÉ ESPANHOL (CPF nº
028.487.039-03), MARCELO GOMES (CPF nº 005.332.169-31), SIDNEY
EDUARDO MAGNONE VIEIRA (CPF n° 028.566.329-12), bem como da
empresa requerida RODRAUDE PÚBLICA EIRELI (CNPJ n° 18.988.748/0001-
00), de tudo informando esse juízo;
L) seja oficiado à Agência de Defesa Agropecuária do Paraná –
ADAPAR, situada à Rua dos Funcionários, 1559, Bairro Cabral, Curitiba/PR,
CEP: 80035-050, determinando o bloqueio de eventuais animais registrados
em nome dos requeridos FÁBIO LUIZ ANDRADE (CPF nº 004.411.199-13),
GERSON APARECIDO CAVALLARI (CPF nº 843.159.469-15), HUGO CEZAR
RIEGO JÚNIOR (CPF nº 061.276.089-88), ISAAC JOSÉ ESPANHOL (CPF nº
028.487.039-03), MARCELO GOMES (CPF nº 005.332.169-31), SIDNEY
EDUARDO MAGNONE VIEIRA (CPF n° 028.566.329-12), bem como da
empresa requerida RODRAUDE PÚBLICA EIRELI (CNPJ n° 18.988.748/0001-
00);
M) seja oficiado à Secretaria de Defesa Agropecuária do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, situada na Esplanada dos
Ministérios, Bloco D, Brasília/DF, CEP: 70.043-900, na pessoa do Exmo.
Secretário de Defesa Agropecuária, determinando o bloqueio de eventuais
animais registrados em nome dos requeridos FÁBIO LUIZ ANDRADE (CPF nº
004.411.199-13), GERSON APARECIDO CAVALLARI (CPF nº 843.159.469-
15), HUGO CEZAR RIEGO JÚNIOR (CPF nº 061.276.089-88), ISAAC JOSÉ
ESPANHOL (CPF nº 028.487.039-03), MARCELO GOMES (CPF nº
005.332.169-31), SIDNEY EDUARDO MAGNONE VIEIRA (CPF n°
028.566.329-12), bem como da empresa requerida RODRAUDE PÚBLICA
EIRELI (CNPJ n° 18.988.748/0001-00);
N) sejam bloqueados eventuais créditos decorrentes de ações
judiciais existentes em nome dos requeridos FÁBIO LUIZ ANDRADE (CPF nº
004.411.199-13), GERSON APARECIDO CAVALLARI (CPF nº 843.159.469-
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15), HUGO CEZAR RIEGO JÚNIOR (CPF nº 061.276.089-88), ISAAC JOSÉ


ESPANHOL (CPF nº 028.487.039-03), MARCELO GOMES (CPF nº
005.332.169-31), SIDNEY EDUARDO MAGNONE VIEIRA (CPF n°
028.566.329-12), bem como da empresa requerida RODRAUDE PÚBLICA
EIRELI (CNPJ n° 18.988.748/0001-00);
O) seja realizada consulta à última declaração do imposto de
renda dos requeridos FÁBIO LUIZ ANDRADE (CPF nº 004.411.199-13),
GERSON APARECIDO CAVALLARI (CPF nº 843.159.469-15), HUGO CEZAR
RIEGO JÚNIOR (CPF nº 061.276.089-88), ISAAC JOSÉ ESPANHOL (CPF nº
028.487.039-03), MARCELO GOMES (CPF nº 005.332.169-31), SIDNEY
EDUARDO MAGNONE VIEIRA (CPF n° 028.566.329-12), bem como da
empresa requerida RODRAUDE PÚBLICA EIRELI (CNPJ n° 18.988.748/0001-
00), pelo Sistema INFOJUD, a fim de se identificar outros bens que possam
estar sujeitos à indisponibilidade;
P) havendo constrição de bens imóveis, móveis ou
semoventes, seja determinada a avaliação deles para análise acerca da
necessidade (ou não) de se buscar outros bens ou liberar o(s) que
eventualmente exceder(em) ao dano até então apurado;
Q) expedição de ofício às plataformas COINEXT – COINEXT
SERVICOS DIGITAIS S/A57; FOXBIT – FOXBIT SERVICOS DIGITAIS S.A58;
NOVA DAX – NOVADAX BRASIL PAGAMENTOS LTDA 59; BINANCE - B
FINTECH SERVICOS DE TECNOLOGIA LTDA60; BITCOINTRADE -
61
PEERTRADE DIGITAL LTDA ; MERCADO BITCOIN – MERCADO
57 CNPJ: 29.242.868/0001-80; Endereço: Av Joao Pinheiro, n. 146, Sala 403, Lourdes – Belo
Horizonte/MG, CEP 30.130-927; EMAIL: JURIDICO@COINEXT.COM.BR; TELEFONE: (31)
3225-2507;
58 CNPJ: 21.246.584/0001-50; Endereço: R Gomes de Carvalho, n 1629, CONJ 31, Vila
Olimpia, São Paulo/SP, CEP 04.547-006; EMAIL: ATENDIMENTO@FOXBIT.COM.BR;
TELEFONE: (11) 3197-3215;
59 CNPJ: 31.745.082/0001-27; Endereço: Av. Paulista, n. 1842, Conj 155, Sala 10, Bela Vista,
São Paulo/SP, CEP 01.310.945; EMAIL: LIUBEIBEI@WECASH.NET; TELEFONE: (11) 3080-
3080;
60 CNPJ: 37.512.394/0001-77; Endereço: Rua Americo Brasiliense, n. 1765, Sala 22, Chacara
Santo Antonio (Zona Sul), São Paulo/SP; EMAIL: AA@AA.COM.BR;
61 CNPJ: 28.640.024/0001-24; Endereço: Av. das Américas, n. 2480, BLC 2 - Sala 313, Barra
da Tijuca, Rio de Janeiro/RJ, CEP: 22.640.101; TELEFONE: (21) 3849-4500;
PROJUDI - Processo: 0002456-73.2023.8.16.0137 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Renato de Lima Castro:81130872904
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BITCOINSERVICOS DIGITAIS LTDA62; NOX BITCOIN – NOX TRADING


LTDA63; BITCAMBIO - CITAR TECH EIRELI64; WALLTIME – WALLTIME
SERVICOS DIGITAIS LTDA65; BRAZILIEX – BRAZILIEX INTERMEDIACAO
DE NEGOCIOS LTDA66 determinando a indisponibilidade de créditos
existentes relacionados a negociações de criptomoedas ou quaisquer outros
ativos registrados em nome dos requeridos FÁBIO LUIZ ANDRADE (CPF nº
004.411.199-13), GERSON APARECIDO CAVALLARI (CPF nº 843.159.469-
15), HUGO CEZAR RIEGO JÚNIOR (CPF nº 061.276.089-88), ISAAC JOSÉ
ESPANHOL (CPF nº 028.487.039-03), MARCELO GOMES (CPF nº
005.332.169-31), SIDNEY EDUARDO MAGNONE VIEIRA (CPF n°
028.566.329-12), bem como da empresa requerida RODRAUDE PÚBLICA
EIRELI (CNPJ n° 18.988.748/0001-00). Em seguida, tendo em vista a alta
volatilidade destas espécies de ativos digitais, requer-se a respectiva
conversão dos créditos em moeda corrente (reais) e a realização de
depósito em conta judicial a ser indicada por este juízo;
R) expedição de ofício às cooperativas agroindustriais
AGRO100, BELAGRÍCOLA COM. REPRES. DE PROD. AGRÍCOLAS LTDA,
HARA & ESTIMA LTDA, NUTRI 100 AGRO LTDA, PONTO RURAL,
PRODUZA, SEMEGRÃO COMERCIAL AGRÍCOLA LTDA, COAMO,
COCAMAR, C VALE, COPERATIVA INTEGRADA e SEARA determinando a
indisponibilidade de créditos existentes (valores/estoques de atividade rural)
registrado em nome dos requeridos FÁBIO LUIZ ANDRADE (CPF nº

62 CNPJ: 18.213.434/0001-35; Endereço: Alameda Mamoré, 687, conj. 303, sala 03, Alphaville
Industrial, Barueri/SP, CEP 06454-040; EMAIL: FINANCEIRO@MERCADOBITCOIN.COM.BR;
TELEFONE: (11) 3135-7695;
63 CNPJ: 30.259.965/0001-64; Endereço: Rua Coronel Joaquem Ferreira Lobo, n. 357, Sala
01, Vila Nova Conceição, São Paulo/SP; EMAIL: PARALEGAL@CONUBE.COM.BR;
TELEFONE: (11) 2309-6753;
64 CNPJ: 19.004.882/0001–91; Endereço: Rua Doutor Celestino, 122 Sl 611, Centro, Niterói/RJ
– CEP: 24020-091; EMAIL: JURIDICO@GRUPOCITAR.COM.BR; TELEFONE: (22) 9696-0165/
(21) 3179-0808;
65 CNPJ: 19.865.285/0001-51; Endereço: Rua Giusepe Verdi, n. 50, sala 05, Cambui,
Campinas/SP, CEP 13.024-540; EMAIL: BR-GOV-FAZENDA-RECEITA@WALLTIME.INFO;
TELEFONE: (19) 3295- 5731;
66 CNPJ: 27.433.963/0001-35; Endereço: Rua Vergueiro, n. 2279, Conj. 1313 Trend Paulista
Office, CEP 04.101-100, São Paulo/SP; TELEFONE: (11) 2615-3122.
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Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
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004.411.199-13), GERSON APARECIDO CAVALLARI (CPF nº 843.159.469-


15), HUGO CEZAR RIEGO JÚNIOR (CPF nº 061.276.089-88), ISAAC JOSÉ
ESPANHOL (CPF nº 028.487.039-03), MARCELO GOMES (CPF nº
005.332.169-31), SIDNEY EDUARDO MAGNONE VIEIRA (CPF n°
028.566.329-12), bem como da empresa requerida RODRAUDE PÚBLICA
EIRELI (CNPJ n° 18.988.748/0001-00);
S) o afastamento cautelar dos requeridos MARCELO GOMES
e FÁBIO LUIZ ANDRADE de seus atuais cargos públicos no Município de
Porecatu/PR, a fim de afastar o perigo concreto dos requeridos usarem suas
respectivas funções públicas para influenciar a futura instrução processual
deste e dos demais feitos envolvendo atos de improbidade nos quais figuram
ou figurarão no polo passivo, nos termos do art. 20, §1º da Lei 8.429/92;
T) o trâmite do processo em segredo de justiça em decorrência
da natureza das provas acostadas aos autos, especialmente os elementos
relacionados ao Relatório de Inteligência Financeira, conforme o artigo 189,
inciso III, do Código de Processo Civil;
U) a procedência dos pedidos, para condenar os requeridos
FÁBIO LUIZ ANDRADE (CPF nº 004.411.199-13), GERSON APARECIDO
CAVALLARI (CPF nº 843.159.469-15), HUGO CEZAR RIEGO JÚNIOR (CPF
nº 061.276.089-88), ISAAC JOSÉ ESPANHOL (CPF nº 028.487.039-03),
MARCELO GOMES (CPF nº 005.332.169-31), SIDNEY EDUARDO
MAGNONE VIEIRA (CPF n° 028.566.329-12), bem como da empresa
requerida RODRAUDE PÚBLICA EIRELI (CNPJ n° 18.988.748/0001-00), às
sanções previstas no art. 12, inciso II, da Lei nº 8.429/92, em razão da prática
de ato de improbidade administrativa previsto no art. 10, VIII, da Lei n°
8.429/92; e
V) a procedência dos pedidos, para condenar a empresa
requerida RODRAUDE PÚBLICA EIRELI (CNPJ n° 18.988.748/0001-00), às
sanções previstas nos arts. 6 e 19, em razão da prática do injusto previsto no
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29/09/2023: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
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E NO COMBATE À IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
REGIÃO DE LONDRINA

art. 5º, inciso III, da Lei nº 12.846/13, com atendimento ao disposto no art. 3°, §
2° e art. 12, § 8°, da Lei n° 8.429/92.

Atribui-se à presente causa o valor de R$ 180.000,00 (cento e


oitenta mil reais) para fins do art. 291 do Código de Processo Civil.

Termos em que,
Pede deferimento.

Londrina, 28 de setembro de 2023.

Assinado de forma
SILVIA LUIZA
RENATO DE
Assinado de forma
digital por RENATO DE digital por SILVIA
DARIVA E LUIZA DARIVA E
LIMA CASTRO PEREIRA:5905 PEREIRA:59054301953
LIMA CASTRO Dados: 2023.09.28 4301953
Dados: 2023.09.28
15:01:44 -03'00'
11:17:02 -03'00'
Renato de Lima Castro Silvia Luiza Dariva e Pereira
Promotor de Justiça Promotora de Justiça
GEPATRIA- Região de Londrina 1a Promotoria de Justiça de Porecatu
a
26 Promotoria de Justiça de Londrina

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