You are on page 1of 9
2610612029, 22:37 PDFs viewer Trebaltos er Linglistica Aoliceda Nirero 7, 1865 Paginas $ - 12 A PROPOSITO TE LINGUESTICA APLICADA Merilde C. Cavalcanti (UNCP) A Linguistica Aplicada, ura drea de investigagio que aireh no. completoucin- quent2 aros, foi vista por mito terpo como ura tentativa de aplicacéo da Linguistica (Tadeiced a prétice de ensino de Linguas. Tal visso enviesada distorcia a trajetoria de pesquisa € 0 foco de aGa0 de Linguistica Aplicada (LA dequi por diante). No caso ce trajetiria ce pesquisa, esta visio ewcionava a LA con @ aplicacacio de teories Linguistices, e no caso do foco de ago, equacionava @ Ut con o ensinn de linguas es- ‘Trameira @ materra, ou seje, cor a elaboragao e utilizagio de téenices de ensim., S30 estes 05 chis pontos de enfaque deste artign para furdarentar ura visio de LA ax ve coro dajetivo desta a identificeydo, 2 andilise de questies de uso! de linqueger dentro ou fora do contexto escolar € 2 sugestio de encarinharentos para estas aues- ties. A TRAJETORLA DE PESQUISA EM LA 0 falso equacionarento?da LA con a aplicagao de teorias linguisticas foi ali-~ nentado er cis periodos da historia ca Linguistica, isto é, m estruturalisro € no gerativisro. No prineiso caso, so 0s préprios lirauistas epliceds ue alirenten es- te equccicnarento axardo romper con 0 subjetivisto da cranética tradicional © abracar © estruturalisto € sua netodologia para 2 eleboragdo de material didético. No seguro eso s20 0s linavistas, que ceslurbratos cor as possibi lidates ao modelo gerativista, tragizer as reqras T en regras de ensiro, por exemplo, Tharas (1955), apesor das re- futacdes de possi licttes de eplicacdo do mocelo, por exenpto o artign de Crursy (1966). Passada a fase de deslumbrarento com ura e outra teoria, a0 se encontrar mais defensores hoje para @ aplicagéo Girete des teorias ao ensino de Linguas, contu- do, apesar de evidencia en contrario, alguns Leigos na grea continuar @ eqiaciorar Linguistica Aplicada com aplicacéo de tenrias linauisticas. Nao é esse o caso de Lin- quistas aplicads tais cov Spolsky, Strevens e Widdowson Spolsky 1198067) afirma que a LA é mais ample co cue a aplicacdo de teories ingufsticas. Cor efeito, para pesauisar questoes de uso de Linguager, a Lt busce hntps:fperodicos sbu.unicamp briojslindex ohpilalatte!view/863902016815 19 2610612029, 22:37 PDFs viewer parte de seus subsidios teiricos na Linguistica © parte em autres éreas de investige- GH tais covo a Poicolocia, a Sociolinguistica, a Antropologia, a Educacao, a Filoso- fia, a Etnogrefia de Fala, Para Strevens (1980:18), @ LA procura intravisies de "toda e aualger forte” & exbora a L? seja essencialnente multidisciplinar devido a natureca veriada de sues Preocupagées, sua teoria e metodblogia no so ronopolizadas por nenfura area de in- ‘vestigacao nar esto pela Linguistica. € importante frisar neste ponto que os subsi~ ios Lirguisticos io so necessariamente os mais relevantes para 2 pesauiss en LA. Widdowscr (1960:87) sugere que a Linguistica ten por objetivo representar_ a lingua formal enaliticarente, A Linguistica Aolicede interessa, porn, a realizacéo ooruni- cetiva ca lingua naturel. Nesse sentido, os resultados de pesquisa da Etnogratia ca fla (vide Gumperz ¢ Hes, 1972) sio neis releventes para a LA, Cobe, portanto, 20 Linguista eplicade decidir qual a relevéncia dos subsidios provenientes da Lirguisti- ca para a questao on estuco. Deve-se ressaltar, ro entanto, que no Torento atual 2s tencéncias da Linguistica centradas no discurso so de interesse para as pesauisas ‘ve var serdo desenvolvidas er LA, ea. interacio professor-aluno en sala de aula, corpreenséo er leitura, discurso essinetrico do tipo dentista-paciente. ALA trabalba er recortes Tultidisciplirares, isto €, cor 0 axilio de resulta- dos de pesquisa er outras areas de investigacdo. Er seu percurso, a pesquisa en LA reforga procedimentos sisteréticos que veo consolicanch sua area de atuaro e seus wmétodos especificos de trabalho. © percurso de pestuisa er LA tem seu inicio re deteccdo de ure questo especifi~ ca de uso de linguagar, passa para 2 busca de subsidios tedricos er areas de investi- ago relevantes 8s questies am estu, contima com a anélise ca auestao na prética, € completa o ciclo car sigesties de encamimarento. Essa. trajetiria, iagrarada. ne Fig. 1, difere do caminho da pesquisa ar Linguistica que ten como ponto de partide ura teoria Linguistica, recorre ou néo a ure questao de pratica, ¢ volte @ teoria ob- Jetivando sua confirmagéo ou refutacdo através ca descricio e anélise oe dacs. Iuentificagao de| | Busca de subsidios| caestio de |. | teiricos er areas), | aestio ns r uso de Linganer T™ |ce imestigao |") prética |” lencaninnanento relevantes Fig. 1 - A trajetdria de pesquisa en LA. Para explicitar a diferenca ro percurso de pesquisa ar LA © am Linuistica, con sidereres 05 exenplos a sequir. Ur linguista interessado er cléusulas relatives tora wee hntps:fperodicos sbu.unicamp briojslindex ohpilalatte!view/863902016815 29 2610612028, 22:37 PDFs viewer ‘cove ponto de partida une teoria gerativa, coleta ur corpus (por exemplo redagies ¢s- rites no vestibular) e depois de descrever e arnliser esse cous, wolta teoria ‘ere confimmé-la ou pera propor modificagies. Un Linguista eplicado interessado en inferéncias lexicais, detacta un problera de inferéneia lexical a nivel de forga ilo- cucionéria na leitura de texto exositivo por criancas de Se. série de 1° gray. Busca subsidios tedricos na Andlise do Discurso e Pragnitica, er Psicologia Comitiva, er Inteligéncia Artificial e en Sociolinauistica. Elabora testagens, aplice-as, procura lura_solucao para a questo e prope encarirharentes na fom de sugesties para prep rao de raterial diditico. En sia trajetiria de pesquisa, a LA pode contribuir pera 0. desewolvinento de teorias linguisticas ou de teorias en outras dreas de investigacdo. Necessariarente, ord, a LA ter por finalidade aperfeiguar seus proprios modelos tedricos e sua meto- doloaia. Er LA se faz tanto pesquise qalitative quanto amntitativa, send axe 2 corbi- aco dos dois tipos parece deve vel. A decisdo sobre o tipo de pesquisa depende re cessarisrente db problera er estén. Pare exeplificar pesquisa de natureza qualitativa, cito Covalcenti (1985) que estuxbu a pramratica da interacio leitor-texto en Ling estrangeire enfocando itens Jexicais-chave coro fonte de problaras potenciais en leitura. Para verificar 0 ponto e vista do leitor sobre probleras ercontradns durante a leitura de un texto acadini- co, a pesmuisadora urilizou a técnica introspectiva de protocolo verbal axeptada a5 exigéncias do preblere er estudo 0 que resultau er protocolos de pausa. Ne técnica® de protocolo verbal, © infonmente verbaliza seu pensarento durante a solugdo de ur reblera. No caso cb protocol de pausa, a verbalizacao si ccorre quando © inforrante nota que esté fazenco ure pausa durante sua leitura, isto é, quando ten ura surpresa: ‘ou porcur ercontrou um preblera ou pornue se ceparou oar algo interessante. Esses protecolas aravads, réo tratados estatisticarente, <0 anelisados e interpretados qalitativaente através da cotificacao de categorias. Por exenplificer pesquisa de natureza quantitative, cito Alneide Filbo (39@) que estuctu es menifestagies de coesio e coeréncia na escrita de textos acadéricas aranrentativos. 0: dados foran trotados estatisticanente enquenta se buscaran varié- veis miltiplas covo tipos e sub-tipos de coesdo, distancia entre pares coesivos, @ diresdo dos Lagos (para dentro do texto au pare fore ro contexto de situaao) eur ‘indice construido de coeréncia global. Essas veriéveis miltiplas foram tratadas etra- vvés de correlagdes estatisticas e regressies miltiplas ande se buscerar vinculos en- tre elas. Alen do mais, buscou-se ainda a comparagao des configuragies des varidveis ro desenperto escrito de suleitos axe escreviar re Ly € en ure Ly na qual era profi~ cientes. Crbireny os dois tipas de pesquisa, to estudo desenvolvid> por Allwright (1980) que iewestiga 2 interacao professor-aluno er sala de aula. Nessa pesquisa fo- ray feites vinte boras de aravagies en audio de alunos ce inglés cow senate Lingua ‘a Universidade da California an Los Awgeles. Tendo cova focs cz pesquisa @ natureze “T hntps:fperodicos sbu.unicamp briojslindex ohpilalatte!view/863902016815 39 2610612029, 22:37 PDFs viewer a participagzo de qualquer eprendiz en particular en qmisquer eventos na sala de aula, © primeiro estégio da pesquisa, que realiza ura mecro-andlise da tareda de tur- 0s, de tUpicns e de tarefas, foi tratad quentitativarente. 0 seand estigio, que & uma nicro-analise, isto é, un estuco de caso extraido dos cexdos do prireiro estagio, foi trataco qualitativarente. A conclusao principal do estucb é que € possivel siste- rretizar en ure veriedkxte de niveis de refinarento a interaco professor-aluno de ingwas. 0 Foco De agi DA LA 0 tradicional equacionarento da LA con 0 ensino ce Lingas ter origan muito pro- ‘vavelrente no incentivo & pesquisa sobre procedinentos de ensira/aprendizager de Lin- guas na Europa € Terceiro Mundo (vide Strevens, 1980:29) prorovido por agércie de di- fusio cultural € de pesquisa tal caro o Cnselto Briténico, a USIS e 0 Casula Francés. Dada a derenda ro ensino de Linguas, foram criadbs varios prograres ue trei- ‘narento, re-treinarento e pos-graduacao de especialistas que se preocupever risa ape- nas COW 0 ensino as tenbén con a aprendizagen ce Lingues. Conseqenterente, 0 ensi~ nofeprendizagen de Lingues, principalrente Lingia estranvetra, tomerse a drea da LA ‘que mais atenclo recebeu até o morento. Essa atengao, que se trafuz mais nas técnicas usadas er sala de aula (do que na reflexao sobre abordagens de ensing de Linguas), distorce 0 foco de ago da LA. Ura ver We a LA se interessi por preblenes de uso de Linguwen (er Ly. La au LE dentro ou fora do contexte escolar, vejo seu foco ce o¢20 como send & interago face-a-face (corversegao) ou cuvide-e-cuvido (conversaco telefonica) e a interagio a isténcia tediada pelo texto. Estes dois tipos de interaco en sua ebrangéncia in ccluer 0 ensino de Lingues. ‘Na relacao dialéaica face-e-face, seje ela sinétrica ou assinétricaS , pode-se ‘enfocar, por exenplo, interagoes er covunicacio social que erwolvan interapdes dentro: de relagbes de amizade caracterizadas por equilibrio de poder, © interaroes dentro de relagdes de trabalho caracterizadas por desequilibrio de poder, por exerplo, 0 indi~ viduo, de un lado, € @ maquina burocrética, 0 sistera académico, a escola, de outro lac. ‘a interagSo & distancia nediads pelo texto (escrita-texto-leitura e fale-arave- @o-adicZo),, pode-se enfocar situapies-problera en que o indivicuo 16 ou prod um ‘texto orél au escrito. Esses textns-problera er potercial ara 0 profissional ro exercicio de sua profisséo poderian ser de qualqer dorinio6 de eweriéncia de Lin guegen: textos académicos, jornalisticos, literarios, publicitarios, propencendisti- cos, conercieis (correspondéncia), buracraticas. Poderian ser tanben textos produzi~ sos pera programas ce rédio ou televiséo, textos de plenelarento de cursos, de mate rial diditico, de testes de avaliagao de rendirento e proficiéneia, de tradugoes, de interagéo er sala de aula, -8- hntps:fperodicos sbu.unicamp briojslindex ohpilalatte!view/863902016815 2610612028, 22:37 PDFs viewer | Listager acina, entora 10 excustive, no € sinplesrente exploratdria ura. vez ue existe pesauisa reelizada au en ancarento na meior parte desses dorinios da LA. Consulte-se, por exerplo, 2 bra Linwistics ad the Professions, orgenizade por Di Pietro (1982). Ressalvando-se que 0 autor ainda ve @ LA coro aplicacao de teorias Tinguisticas, a oreenizacan da apresentarzo des pesquisas em LA é muito proxiva

You might also like