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AUDITORIA

Unidade III
7 O RELATÓRIO (PARECER) DE AUDITORIA: REDAÇÃO, MODALIDADES E
DESTINATÁRIOS

A Resolução CFC nº 1.231/2009 aprovou a NBC‑TA 700 que trata da formação da opinião e emissão
do relatório do auditor independente sobre as demonstrações financeiras. Essa norma aborda a
responsabilidade do auditor em formar a sua opinião sobre as demonstrações financeiras e a forma e o
conteúdo do relatório final emitido como fruto do trabalho de auditoria.

Devido ao processo de convergência das normas brasileiras de contabilidade com as normas


internacionais de contabilidade, a auditoria também está sendo convergida com os moldes das normas
internacionais equivalentes, de modo que temos a nossa nomenclatura conforme essa adequação.

Esse é o motivo pelo qual a norma NBC‑TA 700 apresenta o texto Formação de Opinião e
Relatório do Auditor Independente. Contudo, esse relatório é aquele que chamamos de Parecer
dos Auditores Independentes, no qual o auditor expressa a sua opinião sobre as demonstrações
financeiras examinadas.

Como foi dito, os resultados dos trabalhos de auditoria podem ser apresentados sob a forma de
parecer de auditoria, quando da realização de auditorias sobre as demonstrações financeiras, ou sob a
forma de relatórios amplos, que são mais adequados para a auditoria operacional, como demonstrado
na figura anterior.

Objetivamente, o relatório de auditoria deve expressar, de forma clara, se, na opinião do


auditor, as demonstrações financeiras auditadas em todos os aspectos relevantes representam,
adequadamente ou não, as posições – patrimonial e financeira, o resultado e as variações das
operações ali expressas, consoante às disposições normativas na data do levantamento e ao período
a que correspondem.

Cabe ao auditor revisar e avaliar todas as conclusões obtidas como forma de suporte à emissão de
seu parecer, o que implica a elaboração de uma opinião cabível e conveniente sobre as demonstrações.

7.1 Tipos de relatórios (pareceres)

De acordo com a natureza de opinião, os relatórios classificam‑se em:

• Relatório com opinião não modificada ou sem modificações (anterior parecer limpo ou
sem ressalva).

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Unidade III

É a opinião expressa pelo auditor quando ele conclui que as demonstrações contábeis são
elaboradas, em todos os aspectos relevantes, de acordo com a estrutura de relatório financeiro
aplicável (os itens 35 e 36 da NBC‑TA 700 – Resolução CFC 1231/09 tratam das frases usadas
para expressar essa opinião no caso da estrutura de apresentação adequada e da estrutura de
conformidade, respectivamente).

Relatórios de auditoria

O relatório do auditor é a peça mais importante da auditoria realizada. Ele representa


fase principal do trabalho do auditor, que é a comunicação dos resultados.

Um relatório mal apresentado e que permita a contestação do auditado ou


possibilita à direção da empresa fazer uma má avaliação de todo um trabalho efetuado,
significa a desmoralização do valor da auditoria e, por fim, a desmoralização do
próprio profissional.

Já vimos situação em que, durante a fase de apuração dos fatos, o auditor era exímio
conhecedor das técnicas e procedimentos da área onde atuava e, no entanto, na apresentação
do relatório, conseguiu desmerecer todos os seus atributos técnicos, levando ao fracasso
um excelente trabalho de campo.

Não temos objetivo de aqui ensinar como fazer relatórios. Buscamos, através de
conceitos já consagrados e pela própria experiência, trazer aos profissionais de auditoria,
subsídios, que, em nosso entender, são abrangentes e podem ser enquadrados e observados
na elaboração dos relatórios de auditoria, qualquer que seja a empresa.

É através do relatório que o auditor vai mostrar o que foi examinado. É nesse momento
que a direção da empresa e os envolvidos na execução das tarefas vão ser informados sobre
o que pode ser melhorado.

É fundamental, portanto, que todo o trabalho de auditoria seja previamente


planejado e estruturado, com conclusões lógicas e eficientes. Essa responsabilidade
cabe única e exclusivamente ao auditor, que deve ter a prudência de dizer as coisas
certas, no momento certo.

Muitas vezes, porém, o auditor desperdiça relatórios, apresentando os fatos de maneira


desordenada e apresentando sugestões incompatíveis às soluções esperadas.

Se o auditor conseguir fazer com que seu relatório seja facilmente compreendido por
quem quer que leia, com toda certeza poderá assegurar‑se de que o seu “produto” vai ser
aceito e que a alta direção da empresa saberá valorizar e apreciar o seu trabalho.

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Finalidade

• meio de informar o resultado de nossos trabalhos;

• “produto” fornecido pelo auditor.

Deve ser:

• cuidadosamente imaginado;

• adequadamente planejado;

• bem‑escrito.

Deve conter:

• fatos constatados e de relevância;

• sugestões e recomendações para melhoras efetivas;

• procedimentos não observados;

• comentários do auditado.

Para o auditor será:

• o atestado de que notou a anormalidade e a comunicou;

• uma imposição à gerência para que corrija a situação ou explique por que não a
corrige;

• o relatório bem‑escrito reduz o tempo de estudo, entendimento e discussão pela


gerência;

• o contato do auditor com a alta administração deve causar boa impressão.

Fonte: Portal... (s.d.).

Observação

Fique atento aos tipos de relatórios: relatórios finais sintéticos; relatórios


finais analíticos; relatórios especiais; relatórios parciais; relatórios verbais.

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Unidade III

Saiba mais

Para inteirar‑se mais acerca desse tipo de relatório, consulte a citada


Resolução CFC em:

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC‑TA 700 – Formação


da opinião e emissão do relatório do auditor independente sobre as
demonstrações contábeis. Brasília − DF, 2009. Disponível em: <http://www.
cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2009/001231>. Acesso
em: 27 jan. 2015.

• Relatório com opinião modificada (anterior parecer com ressalva).

Nesse documento, o objetivo do auditor é expressar claramente uma opinião modificada de forma
apropriada sobre as demonstrações contábeis, que é necessária quando:

— o auditor conclui, com base em evidência de auditoria obtida, que as demonstrações contábeis,
como um todo, apresentam distorções relevantes; ou

— o auditor não consegue obter evidência de auditoria apropriada e suficiente para concluir que
as demonstrações contábeis como um todo não apresentam distorções relevantes.

Parecer dos auditores independentes

Aos Acionistas, Conselheiros e Diretores da Entidade X

Cidade − Estado

1. Examinamos os balanços patrimoniais (controladora e consolidado – quando aplicável)


da Entidade X em 31 de dezembro de 2008 e de 2007, e as respectivas demonstrações
do resultado. das mutações do patrimônio líquido. dos fluxos de caixa e do valor
adicionado (quando aplicável). correspondentes aos exercícios findos naquelas datas.
elaborados sob a responsabilidade de sua Administração. Nossa responsabilidade é a de
expressar uma opinião sobre essas demonstrações contábeis.

2. Nossos exames foram conduzidos de acordo com as normas de auditoria aplicáveis no


Brasil e compreenderam: (a) o planejamento dos trabalhos. considerando a relevância dos
saldos. o volume de transações e os sistemas contábil e de controles internos da Entidade;
(b) a constatação, com base em testes. das evidências e dos registros que suportam
os valores e as informações contábeis divulgados; e (c) a avaliação das práticas e das
estimativas contábeis mais representativas adotadas pela Administração da Entidade.
bem como da apresentação das demonstrações contábeis tomadas em conjunto.
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3. Em nossa opinião. as demonstrações contábeis acima referidas representam


adequadamente. em todos os aspectos relevantes. a posição patrimonial e financeira
da Entidade X em 31 de dezembro de 2008 e de 2007. o resultado de suas operações, as
mutações de seu patrimônio líquido. os seus fluxos de caixa e os valores adicionados
(quando aplicável) nas operações referentes aos exercícios findos nessas datas. de
acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil.

LOCAL E DATA ASSINATURA

Nome do auditor – Silvio Aparecido Crepaldi Contador − CRC‑MG 29.313

Nome da empresa de auditoria

Registro cadastral no CRC

Fonte: Crepaldi (2006).

Parecer sem ressalva

O parecer sem ressalva é emitido quando o auditor conclui, sobre todo aspectos relevantes, que:

• as demonstrações contábeis foram preparadas de acordo com os princípios Fundamentais de


Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade; e

• há apropriada divulgação de todos os assuntos relevantes das demonstrações contábeis.

O parecer sem ressalva implica afirmação de que tenha havido alterações ­em procedimentos
contábeis, e os efeitos delas foram adequadamente determinados e revelados nas demonstrações
contábeis. Nesses casos, não é requerida nenhuma referência no parecer.

Parecer com ressalva

O parecer com ressalva deve obedecer ao modelo do parecer sem ressalva modificado no parágrafo de
opinião, com a utilização das expressões “exceto por”, “exceto quanto” ou “com exceção se”, referindo‑se
aos efeitos do assunto objeto da res­salva. Não é aceitável nenhuma outra expressão na redação desse
tipo de parecer. No caso de limitação na extensão do trabalho, o parágrafo referente à extensão também
será modificado para refletir tal circunstância.

• Relatório com opinião modificada na condição de adverso.

O auditor deve expressar uma opinião adversa quando, tendo obtido evidência de auditoria apropriada
e suficiente, conclui que as distorções, individualmente ou em conjunto, são relevantes e generalizadas
para as demonstrações contábeis.

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Quando o auditor expressa uma opinião adversa, ele deve especificar no parágrafo da opinião que, em
sua opinião, devido à relevância do(s) assunto(s) descrito(s) no parágrafo sobre a base para opinião adversa:

— as demonstrações contábeis não estão apresentadas adequadamente (ou não apresentam uma
visão verdadeira e justa), de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável quando
o relatório é emitido de acordo com uma estrutura que tem como objetivo a apresentação
adequada; ou

— as demonstrações contábeis não foram elaboradas adequadamente, em todos os aspectos


relevantes, de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável quando o relatório é
emitido de acordo com a estrutura de conformidade.

• Relatório com opinião modificada na condição de abstenção de opinião.

O auditor deve abster‑se de expressar uma opinião quando não consegue sustentá‑la por evidência
apropriada e suficiente de auditoria, assim como conclui que os possíveis efeitos de distorções não detectadas
sobre as demonstrações contábeis, se houver, podem ser relevantes e generalizados. Deve abster‑se de
expressar uma opinião quando, em circunstâncias extremamente raras envolvendo diversas incertezas,
conclui que, independentemente de ter obtido evidência de auditoria apropriada e suficiente sobre cada uma
das incertezas, não é possível expressar uma opinião sobre as demonstrações contábeis, devido à possível
interação das incertezas e seu possível efeito cumulativo sobre essas demonstrações contábeis.

Quando o auditor se abstém de expressar uma opinião devido à impossibilidade de obter evidência de
auditoria apropriada e suficiente, ele deve especificar no parágrafo da opinião que: devido à relevância
do(s) assunto(s) descrito(s) no parágrafo sobre a base para abstenção de opinião, não conseguiu
obter evidência de auditoria apropriada e suficiente para fundamentar sua opinião de auditoria e,
consequentemente, não expressa opinião sobre as demonstrações contábeis.

Observação

A abstenção de opinião em relação às demonstrações contábeis não


elimina a responsabilidade de o auditor mencionar, no parecer, qualquer
desvio relevante que possa influenciar a decisão do usuário dessas
demonstrações.

Saiba mais

Para saber mais, consulte toda a série das NBC‑TA 700 – Formação
da opinião e emissão do relatório do auditor independente sobre as
demonstrações contábeis:

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AUDITORIA

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resoluções, ementas e normas


do CFC. [s.d.]. Disponível em: <http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/Default.aspx>.
Acesso em: 11 fev. 2015. Quais sejam:

Resolução CFC 1231/09 à NBC‑TA 700 – Formação da opinião e emissão


do relatório do auditor independente;

Resolução CFC 1232/09 à NBC‑TA 705 – Modificação na opinião do auditor


independente;

Resolução CFC 1233/09 à NBC‑TA 706 – Parágrafos de ênfase e parágrafos


de outros assuntos;

Resolução CFC 1234/09 à NBC‑TA 710 – Informações comparativas –


valores correspondentes e demonstrações contábeis comparativas;

Resolução CFC 1235/09 à NBC‑TA 720 – Responsabilidade do Auditor


em Relação a outras informações incluídas em documentos que contenham
demonstrações contábeis auditadas.

8 AS TOMADAS E PRESTAÇÕES DE CONTAS

8.1 Aspectos conceituais

As tomadas e prestação de contas têm a função de verificar as informações prestadas pelos


administradores das empresas públicas e privadas e analisar os atos e fatos da gestão.

8.2 Ciclos dos processos

Os ciclos dos processos visam estabelecer metas, para que o controle externo possa delinear os fatos,
realizando o julgamento das contas.

8.3 Julgamento das contas pelo controle externo

O julgamento das contas pelo controle externo visa dar uma opinião que estabelece se tais contas
estão ou não contabilizadas de acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade e os Princípios de
Contabilidade.

Julgamento profissional por parte do auditor é a aplicação do treinamento, conhecimento e


experiência relevantes, dentro do contexto fornecido pelas normas de auditoria, contábeis e éticas,
na tomada de decisões informadas a respeito dos cursos de ação apropriados nas circunstâncias do
trabalho de auditoria.

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Edição Extra de 10/Novembro/2010

Editorial: Fraude no Banco Panamericano

A manchete do jornal O Estado de São Paulo de 10/11/2010, em sua primeira página,


diz: “Banco Panamericano recebe R$ 2,5 bi para cobrir fraude”; “Rombo leva a Instituição de
Silvio Santos, que tem a CEF como sócia, a buscar ajuda de fundo garantidor”.

Explicamos melhor: o fundo garantidor mencionado é o FGC, Fundo Garantidor de


Crédito, uma associação sem fins lucrativos, de direito privado, criada em 1995, para montar
um sistema de garantias dos depósitos bancários no Brasil. Seu objetivo, segundo seu site é o
de prestar garantia de créditos contra instituições associadas, nas hipóteses de: 1) decretação
da intervenção, liquidação extrajudicial ou falência da associada; e 2) reconhecimento, pelo
Banco Central do Brasil, do estado de insolvência da associada. Portanto, deve ter sido
necessário o reconhecimento, pelo FGC, do estado de insolvência do Banco Panamericano,
evidentemente através de um parecer formal do BCB, o Banco Central do Brasil.

Curiosamente, A CEF – Caixa Econômica Federal – que é 100% da União e, portanto,


dos brasileiros, adquiriu a aquisição de 49% das ações do Panamericano no final de 2009.
De fato, diz o relatório do Panamericano referente às Demonstrações Financeiras de 30/
Junho/2010:

“Em dezembro de 2009, a Silvio Santos Participações Ltda. Celebrou ou o contrato de


compra e venda de ações com a Caixa Participações S.A. – Caixapar, subsidiária da Caixa
Econômica Federal, pelo qual a Caixa passou a deter, indiretamente, participação equivalente
a 35% do capital total (49% do capital votante) do Banco Panamericano S.A. A operação
foi objeto de avaliação por parte do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica),
o qual aprovou a operação sem restrições em 02/07/10. Em 19 de julho de 2010, o Banco
Central do Brasil também autorizou a operação de associação sem restrições. A aprovação
do Banco Central, que ocorreu dentro dos prazos e expectativas previstos, permitirá ao
Panamericano expandir projetos já em andamento como o financiamento imobiliário, o
crédito consignado em conjunto com a Caixa e o credenciamento da rede do Panamericano
como correspondente da Caixa. Novas iniciativas como o financiamento de carros novos,
leasing, lançamento do seguro habitacional e de cartões pré‑pagos e híbridos também estão
nos planos.”

O parecer da Auditoria Deloitte é bastante claro e está transcrito a partir da mesma


fonte da nota 2 abaixo:

Nota 3. Em nossa opinião, as demonstrações financeiras referidas no parágrafo 1


representam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e
financeira, individual e consolidada, do Banco Panamericano S.A. em 30 de junho de 2010
e de 2009, o resultado de suas operações, os seus fluxos de caixa, as mutações de seu
patrimônio líquido (controlador) e os valores adicionados nas operações correspondentes
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aos semestres findos naquelas datas, de acordo com as práticas contábeis adotadas no
Brasil aplicáveis às instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil. São
Paulo, 12 de agosto de 2010, Deloitte Touche Tohmatsu Auditores Independentes, CRC nº 2
SP 011609/O‑8, José Barbosa da Silva Júnior, Contador CRC nº 1 SP 128132/O‑0.

Como se deduz dos textos acima, a enorme falha do Banco se estende mais amplamente
à toda diretoria do banco, ao seu conselho, ccionistas controladores, ao Comitê de Controles
Internos e atinge também em cheio a Caixa, os seus trabalhos de due diligence, à empresa
de auditoria, e até ao próprio Banco Central, que possivelmente foi quem descobriu os furos.
Poderia ter descoberto antes da CEF entrar no negócio? Possivelmente.

Somos nós, brasileiros, que vamos pagar esse furo, infelizmente. Onde estão os sistemas
de controles internos, Basiléia I, Basiléia II, Sarbanes Oxley? Montados “para inglês ver”?
Lastimável!

Fonte: EFC (2010).

Resumo

Alguns autores, como Lopez (apud SÁ, 1998), entendem que a auditoria
tem objetos básicos e secundários. Os primeiros seriam os da opinião da
fidedignidade das demonstrações contábeis e até extracontábeis, e o segundo,
relativo a matérias como os das descobertas de erros e fraudes, informações
sobre o controle interno, assistência econômico‑financeira e outras.

Geralmente, nas auditorias, que têm também a finalidade da apuração


de erros e fraudes, ocorrem as revisões integrais dos documentos relativos
à conta examinada e dos registros contábeis, confundindo‑se com a perícia
contábil, que consiste num exame localizado de menor extensão.

Quanto à relação da entidade auditada com o auditor, podemos


classificar a auditoria da seguinte maneira: auditoria interna, externa e
governamental.

Muitas empresas entendem que o objeto principal de uma auditoria


é apenas descobrir e proteger a empresa contra fraudes e evitar multas
fiscais, esquecendo‑se da importância dos objetos básicos como da eficácia
e eficiência.

Assim, as alterações ocorridas nas contas e nas demonstrações financeiras


são conhecimento e controle direto da empresa, e o conhecimento do
auditor dessas transações é limitado àquele adquirido mediante seu exame.
Consequentemente, a forma e a qualidade de apresentação dos dados nas
demonstrações financeiras é responsabilidade da empresa.
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Unidade III

O auditor deve fazer sugestões quanto à forma e ao conteúdo das


demonstrações financeiras. Contudo, sua responsabilidade limita‑se à
emissão do parecer sobre as demonstrações executadas.

A auditoria governamental diverge da auditoria contábil quanto aos


objetivos, mas se assemelham quanto aos procedimentos e às fontes de
informações. De forma genérica, poderíamos atribuir a sua responsabilidade
ao auditor fiscal e auditor interno das três esferas governamentais, federal,
estadual e municipal.

O auditor fiscal tem o objetivo de observar o cumprimento das


obrigações tributárias, trabalhistas e sociais, ao examinar a situação de um
contribuinte.

Infelizmente, em diversas vezes, identifica um fato gerador do imposto,


que é mantido oculto e de forma ilícita, com a finalidade do não pagamento
do tributo.

O auditor interno, ao realizar a auditoria das contas públicas ou a


auditoria financeira e orçamentária, tem como finalidade principal o exame
e o julgamento da legalidade das contas e das gestões administrativas.

Ultimamente, devido a uma maior regulamentação das gestões e


contas públicas, as irregularidades originadas por fraudes vêm aparecendo
em maior grau em nossa mídia, o que requer cada vez mais uma maior
especialização desses profissionais.

Como podemos verificar, para não encontrarem dificuldades no


exercício de suas funções, o auditor interno, o auditor independente, bem
como o auditor fiscal, devem conhecer como se praticam as fraudes e os
casos mais frequentes, ou seja, conforme Sá (1982, p. 16), “é necessário um
auditor saber como analisar as possibilidades de ocorrência de fraudes, para
identificar os seus indícios, sendo esse conhecimento, condição essencial
para sua formação profissional”.

Exercícios

Questão 1. (Enade, 2006) A diretoria da Cia. Itacolomy, empresa do comércio varejista, com filiais
em todo o Brasil, preocupada com a guarda e segurança de seus arquivos de dados, das informações
que envolvem o processamento eletrônico e da perfeita reconstituição de relatórios e demonstrações
contábeis, reúne‑se com a área responsável para estabelecer as normas e os procedimentos de segurança
que deverão ser adotados em relação ao assunto. Qual é o procedimento que a empresa deve adotar
para assegurar a recuperação de seus dados?
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AUDITORIA

A) Cuidar para que existam cópias de segurança e centros de contingências de processamento de


dados.

B) Determinar que os procedimentos sistêmicos e os controles do sistema sejam de conhecimento


restrito do departamento de informática da empresa.

C) Criar um setor de armazenamento, de modo que todos os arquivos de dados estejam na sede da
empresa.

D) Permitir que os funcionários tenham acesso ilimitado aos sistemas de dados da empresa.

E) Exigir que todos os documentos sejam guardados durante a existência da empresa.

Resposta correta: alternativa A.

Análise das alternativas

A) Alternativa correta.

Justificativa: providências relacionadas com a manutenção de cópias de segurança e a possibilidade


de utilização de centros/locais alternativos em casos de contingências são providências bem adequadas
para o tratamento da questão mencionada.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: a medida mencionada na alternativa, embora possa contribuir para uma maior
confidencialidade, poderia ocasionar riscos significativos de segurança para os dados e as informações
da empresa.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: essa medida coloca todas as condições de segurança em um único local, impedindo a
reconstituição dos dados e das informações por centros de contingência de processamento de dados.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: trata‑se de uma medida que pode comprometer o sigilo e a segurança dos dados da
empresa.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: essa medida costuma ser cara e ineficiente. Certamente, muitos documentos devem
permanecer arquivados a partir de seus próprios originais, mas com o intuito de cobrir aspectos legais e
fiscais, havendo, para isso, legislação emanada de vários órgãos públicos.
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Unidade III

Questão 2. (Enade, 2006) Um auditor externo, em procedimento para confirmação dos passivos
tributários e trabalhistas, solicita à empresa auditada que envie carta aos escritórios de advocacia
contratados para confirmar a existência de processos, classificando‑os de acordo com o risco e a
probabilidade de êxito em “possíveis, prováveis e remotos”. Qual a denominação desse procedimento?

A) Constituição.

B) Certificação.

C) Constatação.

D) Conciliação.

E) Circularização.

Resolução desta questão na plataforma.

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RELATÓRIOS de auditoria. Portal de Auditoria, [s.d.]. Disponível em: <http://www.portaldeauditoria.
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SECRETARIA DO ESTADO DA FAZENDA − SEFA. Instrução Normativa SLT nº 001, de 02 de maio de 2001
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produto intermediário, para efeito de direito ao crédito do ICMS, pelas empresas mineradoras. Minas
Gerais − Brasil, 2001.

Sites

<www.cfc.org.br>

<http://www.iiabrasil.org.br/new/>

<https://na.theiia.org/Pages/IIAHome.aspx>

Exercícios

Unidade I – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) 2009: Ciências Contábeis.
Questão 12. Disponível em: <http://public.inep.gov.br/enade2009/CIENCIAS_CONTABEIS.pdf>. Acesso
em: 12 fev. 2015.

Unidade I – Questão 2: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) 2009: Ciências Contábeis.
Questão 11. Disponível em: <http://public.inep.gov.br/enade2009/CIENCIAS_CONTABEIS.pdf>. Acesso
em: 12 fev. 2015.

Unidade II – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) 2009: Ciências Contábeis.
Questão 32. Disponível em: <http://public.inep.gov.br/enade2009/CIENCIAS_CONTABEIS.pdf>. Acesso
em: 12 fev. 2015.

Unidade II – Questão 2: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) 2009: Ciências Contábeis.
Questão 14. Disponível em: <http://public.inep.gov.br/enade2009/CIENCIAS_CONTABEIS.pdf>. Acesso
em: 12 fev. 2015.
65
Unidade III – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO
TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) 2006: Ciências Contábeis.
Questão 23. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/download/enade/2006/Provas/PROVA_DE_
CIENCIAS_CONTABEIS.pdf>. Acesso em: 12 fev. 2015.

Unidade III – Questão 2: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) 2006: Ciências Contábeis.
Questão 20. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/download/enade/2006/Provas/PROVA_DE_
CIENCIAS_CONTABEIS.pdf>. Acesso em: 12 fev. 2015.

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68
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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