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Livro - Texto - Unidade III
Livro - Texto - Unidade III
Unidade III
7 O RELATÓRIO (PARECER) DE AUDITORIA: REDAÇÃO, MODALIDADES E
DESTINATÁRIOS
A Resolução CFC nº 1.231/2009 aprovou a NBC‑TA 700 que trata da formação da opinião e emissão
do relatório do auditor independente sobre as demonstrações financeiras. Essa norma aborda a
responsabilidade do auditor em formar a sua opinião sobre as demonstrações financeiras e a forma e o
conteúdo do relatório final emitido como fruto do trabalho de auditoria.
Esse é o motivo pelo qual a norma NBC‑TA 700 apresenta o texto Formação de Opinião e
Relatório do Auditor Independente. Contudo, esse relatório é aquele que chamamos de Parecer
dos Auditores Independentes, no qual o auditor expressa a sua opinião sobre as demonstrações
financeiras examinadas.
Como foi dito, os resultados dos trabalhos de auditoria podem ser apresentados sob a forma de
parecer de auditoria, quando da realização de auditorias sobre as demonstrações financeiras, ou sob a
forma de relatórios amplos, que são mais adequados para a auditoria operacional, como demonstrado
na figura anterior.
Cabe ao auditor revisar e avaliar todas as conclusões obtidas como forma de suporte à emissão de
seu parecer, o que implica a elaboração de uma opinião cabível e conveniente sobre as demonstrações.
• Relatório com opinião não modificada ou sem modificações (anterior parecer limpo ou
sem ressalva).
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Unidade III
É a opinião expressa pelo auditor quando ele conclui que as demonstrações contábeis são
elaboradas, em todos os aspectos relevantes, de acordo com a estrutura de relatório financeiro
aplicável (os itens 35 e 36 da NBC‑TA 700 – Resolução CFC 1231/09 tratam das frases usadas
para expressar essa opinião no caso da estrutura de apresentação adequada e da estrutura de
conformidade, respectivamente).
Relatórios de auditoria
Já vimos situação em que, durante a fase de apuração dos fatos, o auditor era exímio
conhecedor das técnicas e procedimentos da área onde atuava e, no entanto, na apresentação
do relatório, conseguiu desmerecer todos os seus atributos técnicos, levando ao fracasso
um excelente trabalho de campo.
Não temos objetivo de aqui ensinar como fazer relatórios. Buscamos, através de
conceitos já consagrados e pela própria experiência, trazer aos profissionais de auditoria,
subsídios, que, em nosso entender, são abrangentes e podem ser enquadrados e observados
na elaboração dos relatórios de auditoria, qualquer que seja a empresa.
É através do relatório que o auditor vai mostrar o que foi examinado. É nesse momento
que a direção da empresa e os envolvidos na execução das tarefas vão ser informados sobre
o que pode ser melhorado.
Se o auditor conseguir fazer com que seu relatório seja facilmente compreendido por
quem quer que leia, com toda certeza poderá assegurar‑se de que o seu “produto” vai ser
aceito e que a alta direção da empresa saberá valorizar e apreciar o seu trabalho.
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AUDITORIA
Finalidade
Deve ser:
• cuidadosamente imaginado;
• adequadamente planejado;
• bem‑escrito.
Deve conter:
• comentários do auditado.
• uma imposição à gerência para que corrija a situação ou explique por que não a
corrige;
Observação
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Unidade III
Saiba mais
Nesse documento, o objetivo do auditor é expressar claramente uma opinião modificada de forma
apropriada sobre as demonstrações contábeis, que é necessária quando:
— o auditor conclui, com base em evidência de auditoria obtida, que as demonstrações contábeis,
como um todo, apresentam distorções relevantes; ou
— o auditor não consegue obter evidência de auditoria apropriada e suficiente para concluir que
as demonstrações contábeis como um todo não apresentam distorções relevantes.
Cidade − Estado
O parecer sem ressalva é emitido quando o auditor conclui, sobre todo aspectos relevantes, que:
O parecer sem ressalva implica afirmação de que tenha havido alterações em procedimentos
contábeis, e os efeitos delas foram adequadamente determinados e revelados nas demonstrações
contábeis. Nesses casos, não é requerida nenhuma referência no parecer.
O parecer com ressalva deve obedecer ao modelo do parecer sem ressalva modificado no parágrafo de
opinião, com a utilização das expressões “exceto por”, “exceto quanto” ou “com exceção se”, referindo‑se
aos efeitos do assunto objeto da ressalva. Não é aceitável nenhuma outra expressão na redação desse
tipo de parecer. No caso de limitação na extensão do trabalho, o parágrafo referente à extensão também
será modificado para refletir tal circunstância.
O auditor deve expressar uma opinião adversa quando, tendo obtido evidência de auditoria apropriada
e suficiente, conclui que as distorções, individualmente ou em conjunto, são relevantes e generalizadas
para as demonstrações contábeis.
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Unidade III
Quando o auditor expressa uma opinião adversa, ele deve especificar no parágrafo da opinião que, em
sua opinião, devido à relevância do(s) assunto(s) descrito(s) no parágrafo sobre a base para opinião adversa:
— as demonstrações contábeis não estão apresentadas adequadamente (ou não apresentam uma
visão verdadeira e justa), de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável quando
o relatório é emitido de acordo com uma estrutura que tem como objetivo a apresentação
adequada; ou
O auditor deve abster‑se de expressar uma opinião quando não consegue sustentá‑la por evidência
apropriada e suficiente de auditoria, assim como conclui que os possíveis efeitos de distorções não detectadas
sobre as demonstrações contábeis, se houver, podem ser relevantes e generalizados. Deve abster‑se de
expressar uma opinião quando, em circunstâncias extremamente raras envolvendo diversas incertezas,
conclui que, independentemente de ter obtido evidência de auditoria apropriada e suficiente sobre cada uma
das incertezas, não é possível expressar uma opinião sobre as demonstrações contábeis, devido à possível
interação das incertezas e seu possível efeito cumulativo sobre essas demonstrações contábeis.
Quando o auditor se abstém de expressar uma opinião devido à impossibilidade de obter evidência de
auditoria apropriada e suficiente, ele deve especificar no parágrafo da opinião que: devido à relevância
do(s) assunto(s) descrito(s) no parágrafo sobre a base para abstenção de opinião, não conseguiu
obter evidência de auditoria apropriada e suficiente para fundamentar sua opinião de auditoria e,
consequentemente, não expressa opinião sobre as demonstrações contábeis.
Observação
Saiba mais
Para saber mais, consulte toda a série das NBC‑TA 700 – Formação
da opinião e emissão do relatório do auditor independente sobre as
demonstrações contábeis:
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AUDITORIA
Os ciclos dos processos visam estabelecer metas, para que o controle externo possa delinear os fatos,
realizando o julgamento das contas.
O julgamento das contas pelo controle externo visa dar uma opinião que estabelece se tais contas
estão ou não contabilizadas de acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade e os Princípios de
Contabilidade.
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Unidade III
aos semestres findos naquelas datas, de acordo com as práticas contábeis adotadas no
Brasil aplicáveis às instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil. São
Paulo, 12 de agosto de 2010, Deloitte Touche Tohmatsu Auditores Independentes, CRC nº 2
SP 011609/O‑8, José Barbosa da Silva Júnior, Contador CRC nº 1 SP 128132/O‑0.
Como se deduz dos textos acima, a enorme falha do Banco se estende mais amplamente
à toda diretoria do banco, ao seu conselho, ccionistas controladores, ao Comitê de Controles
Internos e atinge também em cheio a Caixa, os seus trabalhos de due diligence, à empresa
de auditoria, e até ao próprio Banco Central, que possivelmente foi quem descobriu os furos.
Poderia ter descoberto antes da CEF entrar no negócio? Possivelmente.
Somos nós, brasileiros, que vamos pagar esse furo, infelizmente. Onde estão os sistemas
de controles internos, Basiléia I, Basiléia II, Sarbanes Oxley? Montados “para inglês ver”?
Lastimável!
Resumo
Alguns autores, como Lopez (apud SÁ, 1998), entendem que a auditoria
tem objetos básicos e secundários. Os primeiros seriam os da opinião da
fidedignidade das demonstrações contábeis e até extracontábeis, e o segundo,
relativo a matérias como os das descobertas de erros e fraudes, informações
sobre o controle interno, assistência econômico‑financeira e outras.
Exercícios
Questão 1. (Enade, 2006) A diretoria da Cia. Itacolomy, empresa do comércio varejista, com filiais
em todo o Brasil, preocupada com a guarda e segurança de seus arquivos de dados, das informações
que envolvem o processamento eletrônico e da perfeita reconstituição de relatórios e demonstrações
contábeis, reúne‑se com a área responsável para estabelecer as normas e os procedimentos de segurança
que deverão ser adotados em relação ao assunto. Qual é o procedimento que a empresa deve adotar
para assegurar a recuperação de seus dados?
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AUDITORIA
C) Criar um setor de armazenamento, de modo que todos os arquivos de dados estejam na sede da
empresa.
D) Permitir que os funcionários tenham acesso ilimitado aos sistemas de dados da empresa.
A) Alternativa correta.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: a medida mencionada na alternativa, embora possa contribuir para uma maior
confidencialidade, poderia ocasionar riscos significativos de segurança para os dados e as informações
da empresa.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: essa medida coloca todas as condições de segurança em um único local, impedindo a
reconstituição dos dados e das informações por centros de contingência de processamento de dados.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: trata‑se de uma medida que pode comprometer o sigilo e a segurança dos dados da
empresa.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: essa medida costuma ser cara e ineficiente. Certamente, muitos documentos devem
permanecer arquivados a partir de seus próprios originais, mas com o intuito de cobrir aspectos legais e
fiscais, havendo, para isso, legislação emanada de vários órgãos públicos.
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Unidade III
Questão 2. (Enade, 2006) Um auditor externo, em procedimento para confirmação dos passivos
tributários e trabalhistas, solicita à empresa auditada que envie carta aos escritórios de advocacia
contratados para confirmar a existência de processos, classificando‑os de acordo com o risco e a
probabilidade de êxito em “possíveis, prováveis e remotos”. Qual a denominação desse procedimento?
A) Constituição.
B) Certificação.
C) Constatação.
D) Conciliação.
E) Circularização.
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SECRETARIA DO ESTADO DA FAZENDA − SEFA. Instrução Normativa SLT nº 001, de 02 de maio de 2001
(MG de 03/05/2001). Revogada pela Instrução Normativa SUTRI nº 02/2013. Trata do conceito de
produto intermediário, para efeito de direito ao crédito do ICMS, pelas empresas mineradoras. Minas
Gerais − Brasil, 2001.
Sites
<www.cfc.org.br>
<http://www.iiabrasil.org.br/new/>
<https://na.theiia.org/Pages/IIAHome.aspx>
Exercícios
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68
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000