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500 QUESTÕES – CESPE/UNB

Língua Portuguesa
Maria Augusta

ISOLADA 500 QUESTÕES CESPE - inflação passa de 50% ao ano — igual à da


CERS - 2015 Síria, país devastado pela guerra.
AULA 8
David Juhnow. Duas Américas Latinas bem
1 Atualmente, há duas Américas Latinas. A diferentes. The Wall Street Journal. In: Internet:
primeira conta com um bloco de países — <http://online.wsj.com> (com adaptações).
incluindo Brasil, Argentina e Venezuela —
com acesso ao Oceano Atlântico, que confere Julgue os itens a seguir, no que se refere à
ao Estado grande papel na economia. A tipologia e às ideias do texto acima.
segunda — composta por países de frente
para o Pacífico, como México, Peru, Chile e 1- A ideia defendida no texto, que se
Colômbia — adota o livre comércio e o classifica como dissertativo, é construída
mercado livre. por meio de contrastes.
7 Os dois grupos de países compartilham
de uma geografia, de culturas e de histórias 2- Infere-se do texto que o Brasil
semelhantes, entretanto, por quase dez anos, apresentará o menor índice de
a economia dos países do Atlântico cresceu crescimento econômico entre os países
mais rapidamente, em grande parte graças ao latino-americanos em 2014, a despeito de
aumento dos preços das commodities no ser a maior economia da região.
mercado global. Atualmente, parece que os
anos vindouros são mais promissores para os 3-Infere-se do texto que países não
países do Pacífico. Assim, a região enfrenta, banhados pelo Atlântico ou pelo Pacífico,
de certa forma, um dilema sobre qual modelo como Paraguai e Equador, não estão
adotar: o do Atlântico ou o do Pacífico? inseridos em nenhuma das duas Américas
14 Há razões para pensar que os países Latinas citadas pelo autor.
com acesso ao Pacífico estão em vantagem,
como, por exemplo, o fato de que, em 2014, o 4- O texto diferencia aspectos econômicos
bloco comercial Aliança do Pacífico (formado de países da América Latina que
por México, Colômbia, Peru e Chile) convergem em outros aspectos, como os
provavelmente crescerá a uma média de geográficos, culturais e históricos.
4,25%, ao passo que o grupo do Atlântico,
formado por Venezuela, Brasil e Argentina — Julgue os próximos itens, a respeito de
unidos pelo MERCOSUL —, crescerá 2,5%. aspectos linguísticos do texto de David
O Brasil, a maior economia da região, tende a Juhnow.
crescer 1,9%.
21 Segundo economistas, os países da 5- Em “começam a se parecer” (l.30), o
América Latina que adotam o livre comércio pronome “se” poderia ser deslocado para
estão mais preparados para crescer e imediatamente após a forma verbal
registram maiores ganhos de produtividade. “parecer”, escrevendo-se começam a
Os países do Pacífico, mesmo aqueles como parecer-se.
o Chile, que ainda dependem de commodities
como o cobre, também têm feito mais para 6- A forma verbal “há” (l.1) poderia ser
fortalecer a exportação. No México, a corretamente substituída por existem.
exportação de bens manufaturados
representa quase 25% da produção 7- No trecho “o do Atlântico ou o do
econômica anual (no Brasil, representa 4%). Pacífico” (l.13), subentende-se a palavra
As economias do Pacífico também são mais “modelo”.
estáveis. Países como México e Chile têm
baixa inflação e consideráveis reservas 8- Sem prejuízo da correção gramatical do
estrangeiras. texto, a vírgula empregada logo após o
30 Venezuela e Argentina, por sua vez, travessão, na linha 19, poderia ser
começam a se parecer com casos suprimida.
econômicos sem solução. Na Venezuela, a

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9- Sem prejuízo da correção gramatical ou editora contrataria por somas astronômicas


do sentido original do texto, a forma verbal (certos astros não são muito grandes). Era
“representa” (l.26) poderia ser flexionada um enigma também para nós; mas,
no plural — representam —, caso em que lamentações à parte, sabíamos de nossa
concordaria com “bens manufaturados” incompetência, também astronômica (alguns
(l.26). astros são bastante grandes), para lidar com
contratos, chefes, prazos e, sobretudo,
1 O objetivo da livre concorrência é reivindicações salariais. Tínhamos, além
preservar o processo de competição, e não os disso, algumas doenças comuns a todo o
competidores. O processo de competição, no grupo, ou quase todo: a bibliomania mais
modelo concorrencial, é o que possibilita a crônica que se possa imaginar, uma paixão
repartição ótima dos bens dentro da neurótico-deliquencial por textos antigos, que
sociedade, contribuindo para a justiça social. nos levava frequentemente a visitas
Isso não significa que a concorrência não subservientes a párocos, conventos, igrejas e
deve ser sopesada com outros interesses, colégios. Procurávamos criar relacionamentos
como, por exemplo, a defesa do meio que facilitassem o acesso a qualquer velharia
ambiente, a manutenção de empregos e o escrita. Que poderia estar esperando por nós,
desenvolvimento sustentável. Embora por por que não?, desde séculos, ou décadas.
vezes excludentes entre si, todos esses Conhecíamos armários, sótãos, porões e
interesses devem ser ponderados a fim de cofres de sacristias, bibliotecas, batistérios ou
que se atinja o bem-estar social. cenáculos, bem melhor do que seus
proprietários ou curadores. Tínhamos achado
Carlos Emmanuel Joppet Ragazzo. Notas preciosidades que muitos colecionadores
introdutórias sobre o princípio da livre cobiçariam. Descobrir esses esconderijos era
concorrência. In: Scientia Iuris. Londrina, v. 10, p. uma espécie de hobby nosso nos fins de
83-96, 2006. Internet: <www.uel.br> (com semana, quando saíamos atrás de boa
adaptações).
comida, bons vinhos e velhos escritos.
Julgue os itens seguintes, acerca de aspectos
Isaias Pessotti. Aqueles cães malditos de
semânticos e linguísticos do texto acima. Arquelau. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993, p. 11 (com
adaptações).
10- No texto, conceitua-se livre
concorrência, processo que predomina Julgue os itens a seguir, relativos às
sobre interesses como o desenvolvimento estruturas linguísticas e às ideias do texto
sustentável e a justiça no mercado de acima.
trabalho.
13- Seria mantida a correção gramatical do
11- Infere-se do texto que a competição texto caso a expressão “melhor do que”
por bens entre os indivíduos de uma (l.20-21) fosse substituída por melhor que.
sociedade leva à justiça social.
14- Sem prejuízo da correção gramatical
12- O vocábulo “sopesada” (l.6) equivale, do texto, poderia ser empregado o acento
no texto, a contrabalançada, compensada. indicativo de crase no “a”, em “o acesso a
qualquer velharia escrita” (l.17).
1 Ninguém sabia, nem pretendia saber, 15- De acordo com a narrativa, os
por que ou como Lanebbia e seus associados “proprietários” (l.21) e “curadores” (l.21)
se interessavam por um bando de maníacos desconheciam a existência de livros que
como nós, gente estranha, supostamente haviam sido escondidos em locais antigos.
inteligente, que passava horas lendo ou
discutindo inutilidades. Gente, dizia-se, que 16- Justifica-se com base na mesma regra
brilharia no corpo docente de qualquer de acentuação gráfica o emprego do
universidade; especialistas que qualquer

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acento gráfico nos vocábulos “sabíamos” cidadão, ao qual só resta obedecer aos
e “procurávamos”. ditames do partido dominante. Conhecemos o
que foi a barbárie nazifascista, a barbárie
17- O emprego de formas verbais no stalinista, a barbárie maoísta. De outra
pretérito imperfeito, como, por exemplo, natureza é a barbárie que vivemos no aqui-e-
“Procurávamos” (l.16) e “Conhecíamos” agora do consumismo irresponsável, dos
(l.19), está associado à ideia de lobbies farmacêuticos, do desrespeito ao
habitualidade, continuidade ou duração. ambiente, das violações dos direitos humanos
fundamentais, da imprensa facciosa e venal,
18- Nos trechos “que qualquer editora dos partidos de aluguel, da intolerância
contrataria por somas astronômicas” (l.6- ideológica dos grupelhos, da arrogância dos
7) e “que muitos colecionadores formadores de opinião espalhados pela mídia
cobiçariam” (l.22), o vocábulo “que” e pelas universidades.
introduz orações adjetivas restritivas, nas 35 Um plano oficial de educação pouco
quais exerce a função de complemento poderia fazer para alterar esse iminente risco
verbal. de desintegração que afeta a sociedade civil,
atingindo classes e estamentos diversos; mas
que ao menos se faça esse pouco!
1 Esta é uma pergunta que supõe polos
opostos. Qual o valor supremo a ser Alfredo Bosi. A valorização dos docentes é a única
realizado pelo ensino? forma de construir uma escola eficiente. Chega de
3 A prioridade concedida à informação proletários do giz. In: Carta Capital. Ano XIX, n.º
percorre caminhos diferentes do projeto de 781, p. 29 (com adaptações).
formar o cidadão consciente, o espírito crítico,
Acerca das ideias desenvolvidas no texto
o ser humano solidário?
acima e das estruturas linguísticas nele
6 Até certo ponto sim. Entupir a cabeça do
empregadas, julgue os itens abaixo:
aluno (penso no jovem que se prepara para
um vestibular) com dados, nomes, números e
19 -O emprego das vírgulas isolando “em
esquemas, o que significa em termos de
outro contexto” (l.25) justifica-se por estar
formar uma pessoa justa, verdadeira,
esse adjunto adverbial intercalado na
compassiva, democrática? A aspiração de
oração a que pertence.
Montaigne continua viva, mais do que nunca:
a criança não deve ser um vaso que se
20- Infere-se do texto que a educação
encha, mas uma vela que se acenda.
liberal-capitalista se baseia em um plano
13 Para não descambar no puro ceticismo,
que prioriza a informação.
lembro que o exercício constante das ciências
físico-matemáticas, das ciências biológicas e
21 -A preposição “para”, tanto em “para
da pesquisa histórica pode contribuir para a
valores que ainda constituem o ideal do
formação de hábitos de atenção e rigor que,
nosso tão sofrido bípede implume” (l.23)
provavelmente, irão propiciar o respeito à
quanto em “para alterar esse iminente
verdade, o que é sempre um progresso moral.
risco de desintegração que afeta a
Digo “provavelmente” porque os numerosos
sociedade civil” (l.35-36), introduz orações
exemplos de transgressão da ética científica,
que exprimem finalidade.
movidos por interesses e paixões, não
permitem expressões de otimismo exagerado.
22 -Na linha 27, sem prejuízo da correção
22 Permanece inquietante a questão de
gramatical e do sentido original do texto, a
formar a criança e o jovem para valores que
preposição “a”, em “ao qual”, poderia ser
ainda constituem o ideal do nosso tão sofrido
suprimida.
bípede implume. O malogro da educação
liberal-capitalista nos aflige como, em outro
23- Sem prejuízo para o sentido original do
contexto, nos teria afligido um projeto de
texto, o termo “iminente” (l.36) poderia ser
educação totalitária. Esta impõe, mediante a
substituído por elevado.
violência do Estado, a passividade inerme do

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24- No trecho “nos teria afligido um transformação das cidades e dos hábitos das
projeto de educação totalitária” (l.25), o pessoas.
pronome “nos” poderia ser corretamente 9 Desde a Idade Média, os seres humanos
empregado imediatamente após a forma vinham tentando resolver o problema da
verbal “teria”, escrevendo-se teria-nos. escuridão com velas e outros artefatos. Nesse
período, eram usadas tochas com fibras
À luz do disposto no Manual de Redação da torcidas e impregnadas com material
Presidência da República a respeito da inflamável. Foi, sobretudo, no século XV que
redação de correspondências oficiais, julgue a iluminação pública se tornou uma
os itens seguintes. preocupação nas cidades. A história indica
que, em 1415, na Inglaterra, a iluminação
25 -Embora não haja uma forma rígida para surgiu como uma solução para amenizar a
a estrutura do correio eletrônico, deve-se violência e, principalmente, os roubos a
empregar nesse documento linguagem comerciantes, que aconteciam com
compatível com as regras da comunicação frequência na região.
oficial. Assim, em correio eletrônico 17 Não é à toa que especialistas
destinado a um conselheiro do CADE, por consideram a iluminação como uma grande
exemplo, é permitido o emprego do aliada das cidades na luta contra a violência
vocativo Prezado Senhor Conselheiro e do urbana, já que é uma grande inibidora de atos
fecho Cordialmente. de vandalismo, roubo e agressões.

26- No âmbito do CADE, o ofício é Internet: <http://www.osetoreletrico.com.br> (com


expedido pelo presidente para autoridades adaptações).
externas a esse órgão. O aviso, por sua
vez, é utilizado somente para a Considerando as ideias e os aspectos
comunicação entre os conselheiros. linguísticos do texto acima, julgue os itens a
seguir.
27 -Para manter a concisão do texto oficial,
deve-se evitar o emprego de expressões 29- Os dois primeiros períodos do
como Vimos por meio desta e Tenho a segundo parágrafo iniciam-se por
honra de informar que. elemento adverbial antecipado, o que
justifica o emprego da vírgula para isolá-
28-Por se tratar de modalidade de los.
comunicação entre unidades do mesmo
órgão, o memorando é o único expediente 30- Seriam mantidas a coerência e a
em que é permitido o emprego de jargões correção gramatical do texto caso se
burocráticos inerentes à rotina substituísse “já que” (l.18) por qualquer
administrativa. uma das seguintes expressões: dado que,
visto que, uma vez que.

1 No começo dos tempos, as pessoas 31- A expressão “à toa” (l.17) tem, no


precisavam aproveitar o período em que o Sol texto, o mesmo sentido que na frase:
estava radiante para praticar suas atividades Aquela não é uma pessoa à toa.
diárias. Com o passar dos anos, essa
diferenciação entre dia para agir e noite para 32- O texto estabelece uma relação
dormir foi ficando menos evidente. Isso paradoxal entre iluminação pública e
porque o advento da iluminação e, mais aumento de segurança urbana.
precisamente, da iluminação pública, permitiu
que as pessoas desfrutassem mais da noite e 33- O trecho “eram usadas tochas” (l.11)
deixou as cidades mais seguras e bonitas. poderia ser corretamente reescrito como
Dos lampiões a querosene aos leds, a usavam-se tochas.
evolução da iluminação contribuiu para a

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1 As cidades foram criadas para a nova forma de liberdade, as cidades


segurança de seus habitantes. Foram elas prejudicaram o estabelecimento de
que propiciaram, segundo autores clássicos e relações duradouras entre seus
contemporâneos, o desenvolvimento da habitantes, ao atraírem pessoas vindas de
cidadania, da racionalidade econômica, de diferentes lugares, com diferentes
um sistema de leis válidas para todos e de culturas, religiões, compromissos
novas formas de associação entre indivíduos, políticos e identificações, que se
fora dos laços de parentesco e de servidão. esbarrariam nos novos espaços.
Desde o clássico de Weber (1958) até as
obras mais recentes de Godbout (1997) e 37 -Infere-se da leitura do texto que as
Jacobs (1993), a liberdade é apresentada cidades propiciaram, além do
como uma conquista urbana. Essas novas fortalecimento dos laços de parentesco
formas de liberdade foram saudadas porque entre os indivíduos, o desenvolvimento da
dissolviam laços de domínio dos poderes cidadania, da racionalidade econômica, de
familiares e feudais que impediam o um sistema de leis válidas para todos e de
aparecimento de um poder público voltado novas formas de associação pessoal.
para o povo (Habermas, 1994). Mas,
simultaneamente, por atraírem pessoas 38 -De acordo com o texto, as cidades, por
vindas de diferentes lugares, com diferentes congregarem pessoas de diferentes
culturas, religiões, compromissos políticos e classes sociais, não contribuem para a
identificações, que apenas se esbarrariam manutenção de relações duradouras entre
nos novos espaços, as cidades teriam, então, os habitantes.
comprometido o estabelecimento de relações
duradouras entre seus habitantes. 39- Tanto na linha 9 quanto na linha 13, o
termo “que” introduz oração adjetiva
Alba Zaluar. A abordagem ecológica e os restritiva.
paradoxos da cidade. Revista de Antropologia,
São Paulo: USP, 2010, v. 53, n.º 2, p. 613 (com
adaptações). 1 A palavra comunicação significa
normalmente o ato de tornar comum a muitos.
Em relação aos sentidos e a aspectos A partir do século XVII (até o século XIX),
linguísticos do texto acima, julgue os itens ganhou projeção a expressão meio ou linhas
que se seguem. de comunicação, designando as facilidades
trazidas pelo desenvolvimento das ferrovias,
34- Seriam mantidas a coerência e a canais e rodovias no deslocamento de
correção gramatical do texto caso as pessoas e objetos. Do século XIX ao século
palavras “propiciaram” (l.2) e “dissolviam” XX, o sentido da palavra se aproximou cada
(l.9) fossem substituídas, respectivamente, vez mais daquilo que hoje pode ser chamado
por favoreceram e dissipavam. de mídia (meios pelos quais se passa
informação e se mantém o contato mediado,
35-Estaria mantida a correção gramatical indireto). Foi a partir desse momento que a
do texto caso o trecho “Desde o clássico indústria da comunicação (transporte de bens
de Weber (1958) até as obras mais simbólicos) separou-se semanticamente da
recentes de Godbout (1997) e Jacobs indústria de transportes (transporte de bens
(1993)” (l. 6 a 8) fosse deslocado para o físicos e pessoas).
final da oração, feitos os devidos ajustes 12 É importante ressaltar que o termo
de maiúsculas e minúsculas e suprimida a comunicação carrega, no mundo moderno, as
vírgula após “(1993)”. marcas de sua ambiguidade original (tornar
comum a muitos, partilhar, trocar). Nesse
36- O último período do texto poderia ser sentido, quando se fala em comunicação face
reescrito, com coerência e correção a face ou interativa, pode-se dizer que se
gramatical, da seguinte forma: No entanto, trata de troca e partilha, mas quando se fala
ao mesmo tempo que possibilitou uma de comunicação mediada, como rádio e TV,

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destaca-se consideravelmente a sua função língua portuguesa “amanhã” quer dizer


de tornar comum a muitos. “morgen”. Mas coitado do alemão que vá para
o Brasil acreditando que, quando um
Pierre Bordieu. Questões de sociologia e brasileiro diz “amanhã”, está realmente
comunicação. FAPESP, ANABLUME, 2007, p. 42- querendo dizer “morgen”. Raramente está. As
3 (com adaptações). traduções são muito mais complexas do que
se imagina. “Amanhã” é uma palavra
No que se refere às ideias e a aspectos riquíssima e tenho certeza de que, se o
linguísticos do texto acima, julgue os Grande Duden fosse brasileiro, pelo menos
próximos itens. um volume teria de ser dedicado a ela e a
outras que partilham da mesma condição.
40- O trecho “que o termo comunicação 15 “Amanhã” significa, entre outras coisas,
carrega, no mundo moderno, as marcas de “nunca”, “talvez”, “vou pensar”, “vou
sua ambiguidade original” (l. 12 a 13) desaparecer”, “procure outro”, “não quero”,
exerce a função de complemento verbal no “no próximo ano”, “assim que eu precisar”,
contexto em que ocorre. “um dia destes”, “vamos mudar de assunto”
etc. e, em casos excepcionalíssimos,
41- Infere-se do texto que o termo “amanhã” mesmo. Qualquer estrangeiro que
“comunicação” adquire, no mundo tenha vivido no Brasil sabe que são
moderno, interpretações distintas. necessários vários anos de treinamento para
distinguir qual o sentido pretendido pelo
42-O segundo período do primeiro interlocutor brasileiro, quando ele responde,
parágrafo poderia ser reescrito, com com a habitual cordialidade, que fará tal ou
coerência e correção gramatical, da qual coisa amanhã. O caso dos alemães é,
seguinte forma: Ganhou projeção a seguramente, o mais grave. Não disponho de
expressão meio ou linhas de estatísticas confiáveis, mas tenho certeza de
comunicação, a partir do século XVII (até o que nove em cada dez alemães que
século XIX), onde passa a especificar as procuram ajuda médica no Brasil o fazem por
facilidades trazidas pelo desenvolvimento causa de “amanhãs” casuais que os levam,
das ferrovias, canais e rodovias no no mínimo, a um colapso nervoso, para
deslocamento de pessoas e objetos. grande espanto de seus amigos brasileiros.
43- É facultativo o emprego do sinal João Ubaldo Ribeiro. A vida é um eterno amanhã.
indicativo de crase em “A partir do século In: Um brasileiro em Berlim. 1993 (com
XVII” (l.2). adaptações).

44- O emprego do acento gráfico em Em relação às ideias e a aspectos linguísticos


“indústria” e “rádio” justifica-se com base do texto acima, julgue os itens subsequentes.
na mesma regra de acentuação.
45- O último período do texto poderia ser
reescrito, com coerência e correção
1 As traduções são muito mais complexas gramatical, da seguinte forma: Não
do que se imagina. Não me refiro a locuções, disponho de estatísticas confiáveis, mas
expressões idiomáticas, gírias, flexões estou certo que nove em cada dez alemães
verbais, declinações e coisas assim. Isso que procuram ajuda médica no Brasil, para
pode ser resolvido de uma maneira ou de grande surpresa de seus amigos
outra, se bem que, muitas vezes, à custa de brasileiros, o fazem por causa de
intenso sofrimento por parte do tradutor. “amanhãs” casuais que lhes levam, no
Refiro-me à impossibilidade de encontrar mínimo, um colapso nervoso.
equivalências entre palavras aparentemente
sinônimas, unívocas e univalentes. Por 46-Infere-se da leitura do texto que os
exemplo, um alemão que saiba português brasileiros, na maioria das vezes, usam a
responderá sem hesitação que a palavra da

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palavra “amanhã” em sentido metafórico,


e os alemães, em sentido literal.

47- Depreende-se da leitura do texto que,


apesar de não se basear em estatísticas, o
autor constrói sua argumentação com
dados advindos do sistema de saúde
brasileiro.

48-O pronome “ele” (l.21) tem como


referente “Qualquer estrangeiro que tenha
vivido no Brasil” (l.19).

Em relação às correspondências oficiais,


julgue os seguintes itens.

49- O vocativo Prezado colega é adequado


para compor um memorando, modalidade
de comunicação entre unidades
administrativas de um mesmo órgão, mas
não um ofício, que se destina à
comunicação externa.

50- A redação oficial caracteriza-se por


uma linguagem contrária à evolução da
língua, uma vez que sua finalidade é
comunicar com impessoalidade e máxima
clareza.

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GABARITO:

1-C
2-E
3-E
4-C
5-C
6-C
7-C
8-E
9-E
10-E
11-E
12-C
13-C
14-E
15-E
16-C
17-C
18-C
19-C
20-C
21-E
22-E
23-E
24-E
25-E
26-E
27-C
28-E
29-C
30-C
31-E
32-E
33-C
34-C
35-C
36-E
37-E
38-E
39-E
40-C
41-E
42-E
43-E
44-C
45-E
46-C
47-E
48-E
49-E
50-C

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