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Capítulo 1
Capítulo 2
Alexander
Capítulo 3
Capítulo 4
Angelina
Capítulo 5
Angelina
Capítulo 6
Angelina
Capítulo 7
Alexander
Capítulo 8
Angelina
Capítulo 9
Alexander
Capítulo 10
Angelina
Capítulo 11
Alexander
Capítulo 12
Angelina
Capítulo 13
Alexander
Capítulo 14
Alexander
Capítulo 15
Alexander
Capítulo 16
Angelina
Capítulo 17
Alexander
Capítulo 18
Alexander
Capítulo 19
Alexander
Capítulo 20
Angelina
Capítulo 21
Angelina
Capítulo 22
Alexander
Capítulo 23
Alexander
Capítulo 24
Angelina
Capítulo 25
Alexander
Capítulo 26
Angelina
Capítulo 27
Angelina
Capítulo 28
Angelina
Capítulo 29
Alexander
Capítulo 30
Angelina
Capítulo 31
Alexander
Capítulo 32
Alexander
Capítulo 33
Alexander
Capítulo 34
Alexander
Capítulo 35
Alexander
Capítulo bônus
Dylan
Capítulo 36
Alexander
Capítulo 37
Alexander
Capítulo 38
Angelina
Capítulo 39
Alexander
Capítulo 40
Alexander
Capítulo 41
Angelina
Capítulo 42
Angelina
Capítulo 43
Angelina
Capítulo 44
Angelina
Epílogo
Alexander
Capítulo bônus
Alexander
Agradecimentos
Outros livros
Sobre a autora
Redes sociais
Olá, leitores (as).
Angelina
completamente para o que ele segura nas mãos. Meu coração dispara!
Dou alguns passos para trás, sem conseguir desviar meu olhar, até
me chocar com a parede gelada. Minhas pernas tremulam e quase posso ouvir
as batidas aceleradas do meu coração. Kate, que estava próxima a janela, se
agarra a mim. Sinto o pavor que emana dela, pois é assim que me sinto
também.
O homem da cicatriz tira um celular do bolso e digita algo. O
barulho das teclas sendo discadas ecoa pelo quarto, aterrorizando ainda mais
os meus sentidos. O outro, que estava escorado na entrada do quarto, se
toque, mas ele prende o meu corpo frágil contra a parede branca. Em seguida,
sinto o lado esquerdo do meu rosto arder com a bofetada que recebo.
Levo a mão à minha face. Está formigando, o local arde muito. Mas
eu não vou desistir, não enquanto estiver viva. Debato-me, embora ele seja
muito mais forte que eu. Sendo assim, em vão. Em um ato desesperado,
começo a gritar, clamando por um socorro que talvez nunca chegue.
— Você está sendo uma garota muito má — ele profere, sacando
uma faca de dentro do cós da calça. O objeto laminado é posto na minha
garganta, enquanto a ponta afiada desliza pela minha pele, fazendo com que
eu me cale. — É melhor ficar quietinha, prometo que vai gostar do que
pretendo fazer!
Uma lágrima desliza pela minha face quando a realidade bate na
minha cara. Estou prestes a ter o meu corpo violado, apenas para satisfazer o
desejo insano de um ser humano sem caráter, antes de me levar seja lá para
onde. O desespero me domina e o nojo se instala no meu organismo.
Kate começa a chorar. Um choro abafado, sem fé, enquanto o outro
homem rasga as suas roupas. Meu coração se parte no meio.
— Deixe-a ir. Por favor! Por favor! Vocês querem a mim — imploro
com a voz embargada pelos soluços.
Porém, meu pedido é ignorado.
O sujeito a arrasta até a cama, jogando-a bruscamente, fazendo com
que o móvel ranja com o impacto. Fecho os meus olhos à procura de uma
saída. Não posso me entregar assim, sem lutar. Ouço Kate se debater, ao
mesmo tempo que o outro sujeito passeia suas mãos nojentas pelo meu corpo.
O homem à minha frente tira a faca da minha garganta e abaixa a
mão devagar, dando a entender, que irá colocar o objeto de volta na calça.
Uma luz se acende no fim do túnel. Sem pensar muito, aproveito sua pequena
distração e, em um movimento rápido, levo minha mão no seu braço,
forçando a lâmina na direção do seu quadril, fazendo com que a ponta o
perfure.
Ele urra de dor, deixando a faca cair no chão, e eu o empurro.
— Sua maldita! — rosna, pondo as mãos no ferimento.
Corro com toda a rapidez possível, pego o pequeno abajur e o acerto
com toda a minha força na cabeça do homem que tenta violentar Kate. O
quarto fica totalmente escuro sem a fraca luz e isso nos dá alguns segundos
para fugir.
Seguro na mão de Kate e a ajudo a se levantar. Estapeio as paredes à
procura da porta. Ergo minha roupa para não cair e descemos as escadas o
mais rápido que nossas pernas permitem. A luz da lareira, ainda acesa, clareia
o caminho, dando-nos um direcionamento.
Ao chegarmos à sala, vemos o pior cenário imaginado: há corpos
ensanguentados e espalhados pelo chão. As lágrimas queimam conforme
rolam pela minha face. As nossas irmãs! Um grito corta a minha garganta,
sinto minhas pernas fraquejarem.
Kate ruma em direção à saída e eu tento acompanhá-la, mas acabo
tropeçando em algo. Minha visão está turva e embaçada pelas lágrimas. Perco
o equilíbrio e caio com tudo no chão. Uma dor maçante apossa do meu
tornozelo, impedindo que eu me reerga.
— KATE! KATE! — grito por ajuda.
Respiro com dificuldade. Como dói.
Ela para no batente da porta e sibila algo como um pedido de
desculpas, em seguida, sai, deixando-me sozinha, largada à própria sorte.
Sinto como se tivesse uma faca sendo enfiada no peito. É massacrante!
Meu pânico só aumenta quando ouço o rangido da escada e as
pisadas duras dos homens se aproximando. Vejo uma mesa próxima a mim e
a uso como apoio para que possa me levantar. Caminho com dificuldade até a
porta e com sorte, consigo abri-la. Porém, um puxão de cabelo me surpreende
e solto a maçaneta, sendo arremessada em direção ao chão. Na queda, minha
cabeça bate com força, fazendo com que meus ouvidos comecem a zunir.
— Vadia miserável — ele grunhe com fúria enquanto profere um
chute nas minhas costelas. Encolho-me por instinto, em uma tentativa
lastimável de me proteger de mais um possível golpe. Mas sou surpreendida
quando nada acontece, fazendo-me olhar na sua direção, e então vejo o
homem da cicatriz com o rosto bem próximo ao meu. — Agora você vai ficar
bem aqui, quietinha.
Em seguida, minhas mãos são amarradas para trás, com alguma
espécie de corda improvisada.
parece uma eternidade, os gritos dela são interrompidos. Não posso dizer se
está viva ou se eles a mataram. Na verdade, não consigo raciocinar
coerentemente sobre nada, meus sentidos estão se dissipando.
Vários tiros. Gritos. E então… silêncio.
Meses antes
cintura para cima, realçando uma trilha de pelos arrepiados pelo meu
abdômen. Meus cabelos, castanhos e selvagens, batendo na altura dos
ombros, são balançados desconexamente no ar.
Uma pequena garoa começa a cair, pintando o asfalto maciço da rua,
causando um tamborilar característico no que restou do telhado. Morar em
Nova Iorque é o cenário perfeito para exercer o que de melhor sei fazer:
matar! Afinal, no coração de Manhattan, tudo pode acontecer, até mesmo o
impossível.
chuva que começa a cair fortemente. O carro antigo, modelo Chevy Impala
1967, um dos meus favoritos, está estacionado estrategicamente a algumas
quadras de distância.
Ando tranquilamente até o veículo, como se fosse apenas mais uma
pessoa comum que caminha na correria da noite, indo de volta para sua casa
após um dia cansativo de trabalho. Adentro o carro, saindo devagar,
inspecionando cada parte da avenida, sem perder de vista as duas almas
infelizes marcadas para morrer. Os dois homens adentram uma rua deserta,
apressando as passadas. Passam despercebidos pelas demais pessoas que
trilham a calçada.
Ambos estão atentos a todos os movimentos em volta, pois sabem
exatamente o perigo que correm enquanto não estiverem seguros dentro de
um avião de fuga, rumo a outro país. Sabem que se forem pegos, não haverá
*** Estaciono meu Impala em frente a Vegas Night Club, que nada
mais é do que uma boate de fachada. Aqui rola de tudo. Tráfico de drogas e,
principalmente, as famosas acompanhantes de luxo. Retiro a camisa de
manga e saio do veículo, substituindo a pistola pelo meu Uzi calibre 9, do
qual não me desgrudo nem mesmo para dormir. Um homem com a minha
profissão não pode se dar ao prazer de baixar a guarda nem por um segundo.
O segurança me dá passagem sem pestanejar, chegando para o lado.
Quase todos me conhecem aqui, inclusive sou "amigo" do dono, um dos
compatriotas da Máfia russa aqui em Nova Iorque. Entro no local sem me
importar com os vestígios de sangue na calça jeans de lavagem escura. Na
verdade, ninguém irá perceber esses míseros detalhes e, mesmo que
percebam, não são tão idiotas a ponto de me confrontar.
Muitos olhares se viram para mim assim que passo pela porta de
metal. Homens e mulheres, ambos impressionados com minha estatura e
porte físico gigantesco, repleto de músculos poderosos. Sou completamente
ciente do impacto que causo nas pessoas e uso isso ao meu favor. Mas não se
enganem, não sou apenas aparência. Digo, com convicção, que o próprio
demônio teme na minha presença e todos aqui têm consciência disso. Fui
treinado pelo melhor atirador de elite dos Estados Unidos. Absorvi cada
detalhe e ensinamento com maestria, tanto que o próprio Charles Harrison
sentiu na pele — mais precisamente no coração — o resultado da sua criação.
seu trono de rei, como ele costuma dizer, usando terno risca de giz azul
escuro, no valor de um rim no mercado negro, com bigode estilo chevron. Ele
me cumprimenta à meia distância, com os braços escorados nas laterais da
poltrona.
Ele sorri satisfeito e acena para que a mulher se levante. Ela entende
o recado e sai do seu colo. Beija-o na boca, com um beijo estalado, o que
causa um rebuliço de nojo em meu estômago. Cata as migalhas de roupas no
chão e sai da sala.
me surpreender realmente.
Sorrio de lado e sigo minha rota. Agora está explicado o motivo de
ninguém aparecer no escritório quando dei um pequeno aviso na fuça daquele
desgraçado. A guarda faz jus ao dono.
Sigo até meu quarto de honra. Bato a porta e jogo-me na cama larga
de casal, coberta com lençóis vermelhos de seda recém-trocados e várias
almofadas espalhadas por toda a extensão do móvel.
Ajeito os travesseiros nas minhas costas, tentando ficar o mais
problemas grandes pela frente. Ele é repleto de inimigos que dariam milhões
de dólares por sua cabeça em uma bandeja de prata.
Devolvo a garrafa para o criado, tiro minha arma da cintura e coloco
sob o travesseiro, pego o telefone e aciono atendimento especial na recepção.
Alexander
Nu, deito-me sobre a cama. Passo a mão pelo meu pau, acariciando-
o. Meu instrumento de trabalho começa a ficar duro quando me lembro das
bocetas que comi hoje. Uma exaustão nunca valeu tanto a pena. Ajeito-me
para dormir e estou prestes a pegar no sono quando ouço o toque da porra do
celular. Pego o aparelho no bolso da calça que eu havia tirado, verificando
quem é o maldito que ousa me encher o saco uma hora dessas.
Gregory Donovan, um outro "cliente", digamos assim.
— Desembucha! — atendo.
Ouço um riso do outro lado da linha, meus nervos afloram com a
cara de pau do sujeito. Paciência, com certeza, não é meu ponto forte.
— Pelo visto seu humor não muda nunca — diz o homem.
O som de gemidos femininos é ouvido. Bem a cara dele.
Gregory é um empresário de meia idade, bastante conhecido no meio
Foi um longo dia, mas aqui estou eu, quase em frente à mansão da
família Donovan, pronto para realizar um novo serviço. Após o treino, passei
em um pacato bar nos arredores da cidade, onde Gregory me aguardava para
combinarmos os detalhes do pequeno "favor". Como imaginei, o trabalho era
simples. Apenas dar cabo do presidente da nova empresa imobiliária que está
criando raízes no mercado, atrapalhando os planos de poder do meu cliente.
O homem havia sido convidado para o cenário da sua própria morte.
Visto-me conforme manda o figurino, mesmo odiando terno e
mulher jovem e muito bela, na verdade. Não posso deixar de observar suas
curvas delimitadas por um vestido de tonalidade vinho, cobrindo-a até a
altura dos joelhos. Seus cabelos são loiros, batendo na altura da cintura, e os
lábios estão pintados de vermelho.
Ela não me conhece, mas eu a conheço muito bem, como também
sei todos os passos que todos os moradores dessa casa dão do lado de fora do
portão. Isso se chama precaução. Gregory é meu cliente, tenho que manter
tudo sob controle.
meu peito que marcam a roupa, descendo o olhar rapidamente até o cós da
minha calça social. Pelo visto a safadeza corre no sangue. Já tenho meu jantar
para essa noite! Ela se despede e volta para onde estava anteriormente,
conversando com algumas amigas, deixando seu perfume doce no ar,
apertando sua bunda contra o meu pau duro, fazendo-a sentir toda a minha
protuberância. Provoco um pouco mais, apertando seus seios, subindo e
descendo as minhas mãos, levando-as por baixo da saia do seu vestido.
— Aqui não, Alex, é perigoso, vamos para o meu quarto — ela
murmura, afastando minhas mãos famintas do seu corpo.
Porra! Franzo o cenho, já ficando impaciente. Não tenho saco para
aturar frescuras a essa altura do campeonato. Mas, de repente, algo me chama
a atenção. Suspiro mais tranquilo, ao notar uma silhueta conhecida passando
mantendo-me de olhos abertos. Não consigo entender essa mania idiota que
as mulheres têm de passar horas e horas beijando na boca. Se ela não fosse
tão comível, já teria sido descartada. Mas, em compensação, o que tem de
gostosa, tem de chata para caralho.
Sophie morde meu lábio inferior e me passa as coordenadas de como
chegar ao seu quarto. Olha-me sedutoramente e sai em seguida, rebolando o
traseiro. Assim que ela some de vista, pego um pequeno frasco dentro de um
dos bolsos internos do paletó e uma seringa do outro. Tiro a tampinha
plástica que cobre a agulha e preparo a seringa, tendo total certeza que estou
manipulando uma dose generosa da substância letal.
Sigo em direção ao banco em que o homem está sentado, passo por
debaixo das sombras escuras das árvores frondosas, sendo totalmente
camuflado pelo breu. Aproximo-me o máximo que posso, ficando atrás de
algumas plantas do jardim, distante o suficiente para não correr o risco de ser
visto por ele antes da hora. Espero pacientemente, até que o infeliz termina a
ligação. Só agora posso agir!
Assim que o homem guarda o aparelho no bolso da calça, saio de
soltar, mas meu aperto é fatal. Sinto sua respiração ficando ofegante e falha;
pouco a pouco ele desfalece. Coloco-o no chão, esperando um pouco, até ter
certeza que o último fio de vitalidade se esvai do seu corpo. Mais um trabalho
realizado com êxito.
Coloco a seringa e o pequeno frasco dentro de um saco plástico,
escondo o conteúdo dentro do paletó e sigo até meu carro, depositando a
prova do crime no interior do porta-luvas.
***
da calça.
— Você não imagina o quanto!
Levanto-me e seguro em sua cintura. Gosto de ficar no controle da
atuação, até mesmo no sexo. Viro Sophie de bruços sobre a cama, prendendo
seus cabelos. Enrolo os fios em uma volta na minha mão, fazendo-a erguer a
cabeça.
— Ain, Alex… Isso… — ela geme, falando palavras desconexas
quando invado sua calcinha, penetrando-a com dois dedos.
— Molhada, do jeito que gosto.
Ela acena que sim com a cabeça e eu continuo metendo com força.
Ergo meu corpo e fico em pé nos pés da cama, enquanto continuo
dando investidas profundas. A mulher contorce o corpo sobre os lençóis e
aumento a velocidade das penetrações, até vê-la gozar gritando. Puxo-a pelos
cabelos, fazendo com que a mulher fique de bruços na cama. Volto a penetrá-
la, tapando sua boca com a minha mão para abafar seus gemidos. Merda de
mulher escandalosa! Invisto mais forte para acabar logo com isso, esse
escândalo todo está detonando com o meu tesão.
a me vestir.
— Você já vai? — Sophie se levanta e vem até mim, abraçando-me
por trás.
Retiro suas mãos do meu corpo, porque isso está me dando nos
certeza que ela vai entender, com clareza, cada palavra que eu disser.
— Acho melhor você parar de me provocar! Não vai querer
descobrir o que acontece quando fico irritado, vai? — Ela meneia a cabeça
em negação. Seus olhos estão amedrontados pelo tom da minha voz. — Boa
garota! — Solto-a e viro as costas, saindo do quarto.
***
Estou sentado na poltrona da sala de Rodolpho, com os dois pés
apoiados na mesa de vidro, enquanto leio com atenção o jornal do dia
escuros e a pele clara como a neve. Seus olhos esverdeados são angelicais,
transmitindo uma expressão inocente, como a face de um anjo.
Meu corpo se arrepia quando a vejo. É inexplicável e isso me deixa
momentaneamente intrigado. Viro a foto, constatando algumas anotações.
20 de dezembro de 2013.
Sinto sua falta, papai.
Com amor,
Angelina Lucky.
— Não será necessário conferir, tenho certeza que aqui está todo o
valor que combinamos.
Meneio a cabeça em negação, fitando-o severamente. Esse infeliz
está brincando com fogo ao desacatar uma ordem minha.
— Já tenho o que preciso e espero não ter nenhum problema sobre sigilos! —
Tomo um gole da minha cerveja, sem deixar de encará-lo.
— Não se preocupe com isso — diz, levantando-se, estendendo a
mão para mim.
morrer.
Como hoje está sendo um dia produtivo, decido ir para casa
descansar um pouco antes de ir atrás de finalizar mais essa missão. Ainda
lembro dos olhos inocentes da garota da foto, tão linda! Pena que continuarão
Suas roupas finas estão rasgadas e sujas. Consigo ver nitidamente a silhueta
do seu corpo, pernas e braços esqueléticos.
Saco minha pistola e aponto para o garoto. Seria conveniente acabar
logo com todo esse sofrimento, não é? Seguro a arma com tanta força que
meus dedos doem. Cada maldito segundo que se passa me traz lembranças
traumatizantes e irreversíveis de um passado que ficou para trás, mas que fez
de mim exatamente o que sou hoje.
Destravo a arma, começando a contar até três. Farei um favor a esse
com ele. Confesso que essa não deixa de ser a minha vontade.
— Garoto… — chamo-o, enquanto desço o vidro do carro por
completo.
— Oi. — Seu cumprimento é curto, cheio de receios e medos.
Olhando-o mais de perto, percebo cicatrizes espalhadas pelos braços. Seu
olho está inchado e em sua boca brota uma pequena trilha de sangue.
— Está com fome?
Vejo seus olhos escuros se arregalando diante da minha pergunta
semana, morando parte da vida nas ruas perigosas da grande Nova Iorque, até
ter meu destino traçado por um demônio maldito, que me transformou em um
pecador. Um monstro.
O visor do celular está marcando três e cinquenta da manhã. Em pé,
de frente a um saco de pancada que montei no térreo do prédio abandonado,
soco-o com toda a minha força, descarregando parte das minhas frustrações.
Meu dorso desnudo sua pelo esforço extremo, minhas mãos doem devido às
investidas bruscas, mas não se compara com as lembranças massacrantes que
me assombram.
— Cala essa boca garoto! — gritava a diretora do abrigo ao me
ver chorar de fome. — Se você não calar, eu vou te bater!
Eu me encolhia no colchão fino estendido no chão, meu corpo
magro e vulnerável agasalhado em um pequeno cobertor. Fungava para
acobertar o choro, com medo de apanhar outra vez e ter outro dente
quebrado. Minha barriga roncava pedindo comida; fazia dois dias que
eu não colocava nada substancioso na boca.
Esmurro o saco mais uma vez, fortemente. O sentimento de rejeição
o.
— O que você quer, Rodolpho? — atendo.
— Quero notícias da garota! Já descobriu o paradeiro dela?
Merda, a maldita garota, acabei esquecendo.
— Sim, já descobri! — respondo.
— Ótimo, quero que acabe logo com isso, mas, antes, preciso que
passe aqui, agora. Tenho outro serviço pra você!
Com o telefone na mão, golpeio o saco mais algumas vezes, até
sentir o suor escorrendo pela minha testa. Só então pego a blusa e saio em
direção à boate de Rodolpho.
***
— Ora, ora, mas o que temos aqui? — pergunto assim que entro no
porão.
Uma das putas de Rodolpho está sentada sobre a cadeira de tortura,
com os pés e mãos amarrados e uma mordaça na boca. Seus olhos estão com
borrões pretos em volta, devido à maquiagem pesada que se diluiu com o
choro. Suas roupas íntimas estão rasgadas, deixando-a totalmente exposta a
Não lhe dou ouvidos. Caminho até a garota já sem vida, guardando a
pistola de volta na minha calça, e enfio minhas mãos em seus cabelos,
próximo à nuca, encontrando exatamente o que eu desconfiava.
Pego a escuta telefônica e seguro em minhas mãos, com cuidado.
acordo com esse imbecil. Ter morrido teria sido bem mais satisfatório que
arrumar as merdas desse babaca!
Caminho a passos rápidos em direção à saída, até adentrar em meu
carro. O dia já começa a clarear, refletindo por entre os arranha-céus da
cidade. Assim que tranco a porta do carro, dando a partida, olho de relance no
banco do passageiro, deparando-me com o envelope que contém as
informações da garota. Pego-o e retiro a folha com o endereço, tomando a
decisão de ir até lá, confirmar com os meus próprios olhos que espécie de
lugar é aquele.
Angelina
tarefa com todo amor que em mim foi depositado. Este é, sem dúvidas, um
dos momentos mais gratificantes do dia.
Com um alicate de jardinagem na mão, corto delicadamente as flores
e folhas secas da roseira branca, a minha favorita dentre todas. Lendas antigas
dizem que ela carrega a pureza da Virgem Maria em suas pétalas sublimes.
Com cuidado, corto algumas flores brancas e vermelhas, colocando-as dentro
de um balde com água, para posteriormente deixá-las em um jarro na minha
cela. A delicadeza das flores me encanta e perfuma o ambiente como
nenhuma outra espécie. Segurando uma das flores, levo-a ao meu nariz para
ter visto a silhueta de alguém. A essa distância não posso ter certeza, pois as
trepadeiras incrustadas no muro e o portão de ferro atrapalham a minha visão.
Confusa, dou alguns passos em direção à saída para tirar minhas dúvidas, até
que sou interrompida por Kate, que me chama, fazendo com que eu me
assuste com a sua ousadia de quebrar o grande silêncio.
Virando-me, gesticulo para que ela fique quieta enquanto olho para
todos os lados, conferindo se não estamos nas vistas da Madre superiora. Se
formos pegas conversando a essa hora, com certeza seremos obrigadas a
essas regras bobas. Enquanto isso, podemos quebrá-las; regras foram feitas
para serem quebradas. — Cruzando os braços em frente ao corpo, por cima
do hábito preto, ela me encara, curvando os lábios em um sorriso. — Não me
diz que está com medo daquela história que a irmã Clara nos contou ontem à
noite?
— De que história está falando? — pergunto, fingindo
esquecimento, mas logo tapo a boca com as minhas mãos ao me dar conta
que quebrei um dos grandes preceitos da congregação.
embasbacada.
— Eu sei. — Ela balança a cabeça, soltando um riso. — Pedi para a
minha irmã trazer escondido da última vez que ela veio me visitar. Você
precisa ler para entender o que digo.
Balanço a cabeça em negação, meu coração palpitando acelerado no
peito.
— Pode ser romântico — digo —, mas nosso único relacionamento
deve ser única e exclusivamente com Deus. Somos as noivas dEle,
futuramente esposas e…
— Não tem nada a ver uma coisa com a outra, Angelina — ela me
interrompe.
Soltando um longo suspiro, Kate abaixa a cabeça, fitando a grama
verde recém-cortada.
— No livro, Dawson e Amanda se apaixonaram na juventude, mas o
destino os separou. Porém, nem o tempo foi capaz de destruir o amor que
sentiam um pelo outro. Entende o que quero dizer, Angel? Será que aquela
freira morreu em vão ou por amor?
não encontro nada, nenhum vestígio de que havia alguém ali há poucos
minutos. Porém, ao virar-me para ir ao refeitório, sinto a brisa refrescante da
manhã balançando o véu em minha cabeça e, junto com ela, uma essência
marcante, já diluída no ar, chega aos meus sentidos. Paro instantaneamente,
não abordar ou ler sobre certos assuntos. Por último, peço a Deus clemência
aos mais necessitados e oprimidos que precisam da sua misericórdia e
benevolência.
Termino minhas orações com um Pai Nosso, fazendo o sinal da
adentrar a grande floresta de abetos que tapa grande parte dos últimos
vestígios dos raios de sol. Sigo andando, desviando vez ou outra de alguns
galhos secos caídos no meio da trilha, até chegar à margem do rio de águas
transparentes que corre calmamente, onde há maior penetração da luz. Sento-
me em um tronco grande de olmo cortado horizontalmente, formando um
banco, e abro a bíblia em Coríntios, voltando a ler em voz alta de onde havia
parado da última vez.
— Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não
tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda
Angelina
— Algo importante?
acontecendo…
Ela faz uma pausa, abaixa a cabeça e leva uma mão aos cílios, como
se secasse uma lágrima.
— Como é do conhecimento de todas, mantemos o nosso convento e
o pequeno orfanato localizado no subúrbio do Bronx com doações dos fiéis e
a fabricação artesanal de licor, e também graças à nossa bondosa irmã
Angelina, que doou parte da sua herança materna ao convento e a outra parte
ao orfanato no qual algumas de nós somos voluntárias.
minha vida desde que entrei no convento. A cada palavra proferida por ela, o
medo se instaura, como se uma faca estivesse sendo cravada em meu peito.
— A diretora Susan — continua ela, pausadamente — me procurou
hoje com sua decisão tomada. Por uma força maior, o orfanato terá que
também não obtive respostas das cartas que enviei. Ele nunca foi um pai
presente, mas mesmo assim, me dói tanto nunca ter podido compartilhar do
seu carinho e afeto.
Meus pensamentos são interrompidos pela voz autoritária da Madre,
uma vez na semana. E, pelo que me lembro, você já teve sua vez.
Quero chorar, implorar por sua permissão, mas a parte racional
dentro de mim me faz calar.
— Tudo bem… Perdão, Madre. — Ela acena em concordância e, de
corpo até acabar em meu ventre. Sinto os bicos dos meus seios se enrijecerem
e uma sensação inexplicável nos lábios pedindo um abrigo quente. Eu desejo
ser tocada, beijada exatamente como Dawson fazia com Amanda. Sentir
todas as sensações que ela sentia ao ter seu corpo sendo invadido pelo dele.
Percebo que minha testa sua, mesmo com o frio que desponta por
causa da chuva, fazendo com que eu retire a touca da cabeça. Minha
respiração está ofegante e uma necessidade exorbitante de esfregar minhas
pernas uma na outra surge em meu íntimo.
Fecho o livro às pressas, a dor na consciência começando a me
martirizar. Levanto-me e escondo-o atrás de alguns livros grandes de
pesquisa, mas de repente ouço o vento soprar fortemente, escancarando a
janela que só agora descobri que estava apenas encostada.
rápido… Veloz… Mas eu tenho absoluta certeza do que vi, a não ser que
esteja ficando louca.
A luz logo retorna. Olhando lá fora, não vejo mais nada. Talvez eu
realmente esteja vendo coisas! Um pouco mais tranquila, fecho a janela tendo
a certeza que nenhum vento a abrirá mais. Apago a luz da biblioteca e saio,
deparando-me com o corredor completamente escuro. Só agora percebo que
esqueci a vela sobre a mesa.
Viro-me e seguro a fechadura da porta para abri-la, porém, sou
surpreendida por uma mão gelada que tapa a minha boca fortemente e
imobiliza o meu corpo, fazendo-me sentir a umidade das suas roupas
encharcadas pela chuva. Estremeço, sentindo o pânico me dominar e, antes
que eu possa reagir, a voz baixa, porém potente, de um homem sussurra em
Angelina
Alexander
o pai trabalha? Cada passo que irei prosseguir de agora em diante deve ser
seu papai não aparece e eu tenha que dar cabo dos dois. Preciso diversificar o
cardápio!
— Está com frio, pequena? — pergunto, debochado.
Ela acena timidamente com a cabeça, indicando que sim, ignorando
completamente a forma rude com que falei.
— Por favor, me deixe voltar para o convento. — Seu pedido é
como uma súplica em meio às lágrimas que não param de descer pelo seu
rosto.
Levo minha mão direita até o seu rosto, massageando de leve a sua
face levemente rosada devido ao frio, secando algumas gotas de água que
escorrem dos seus olhos, delineados por cílios espessos e negros.
— Não chore, querida. Prometo que tudo isso será breve, se você
prometer cooperar comigo. — Curvo os lábios em um sorriso sarcástico ao
vê-la tremer ainda mais com a minha aproximação. Porém, ela se esquiva do
meu toque. Quanto atrevimento!
Franzo as sobrancelhas, fitando-a seriamente. Não gosto de ser
contrariado!
— Não toque em mim, senhor. — Sua voz sai sussurrada, mas ela
mantém o olhar firme.
Então essa pirralha acha que pode me confrontar?
— Acho que você ainda não entendeu quem está no comando aqui,
encantadora. Apesar dos trajes broxantes, devo admitir que estou curioso para
saber o que ela guarda por baixo de todo esse pano.
Ando até próximo ao corredor, que dá acesso à cozinha, e chamo por
Alyssa, a dona da pensão, cortando o silêncio que reina na sala, sem
desgrudar meus olhos de Angelina. Alguns segundos depois, a mulher
aparece.
— Arrume roupas secas para ela — ordeno à Alyssa.
A mulher assente e sai logo em seguida.
Angelina me encara; vejo confusão em seu olhar. Sigo em sua
pega mulheres à força. Na cama, eu conquisto. Mas, se não estiver com muito
saco para isso, eu pago, simples assim. Além disso, qualquer mulher em suas
perfeitas faculdades mentais daria tudo para ter a oportunidade de chupar o
meu pau.
— Vá se trocar. Você pode ficar resfriada se passar mais tempo com
essas roupas molhadas — falo.
Ela segura as roupas secas fortemente em suas mãos, pensativa,
enquanto fita o chão, como se estivesse formulando o que dizer.
— Quem é aquele garoto? — pergunta por fim. — Você é pai dele?
avermelhado.
Sem dizer nada, ela desvia o olhar. Essa é a deixa que preciso para
saber que ela é virgem. Isso não deveria me excitar, já que prefiro mulheres
experientes, mas involuntariamente meu pau começa a crescer dentro da
dissesse.
— Eu disse? Não lembro! — finjo.
Ela tenta me empurrar com as mãos fechadas. Está apavorada.
Aproveito para prender seus pulsos com a outra mão livre, mantendo firme o
aperto em seu queixo.
Com os olhos abertos, aproximo minha boca da dela, deslizando
minha mão até os seus cabelos, enquanto ela meneia a cabeça em negação,
tentando soltar-se a todo custo. Roço meus lábios em sua boca, segurando
firmemente nos seus cabelos. Ela estremece.
Angelina
em que o beijo é grosseiro. Sua barba, cheia e rústica, roça pela pele do meu
queixo, causando arrepios incontroláveis. Sinto uma sensação estranha
quando sua língua invade a minha boca sem permissão, fazendo meu corpo
tremer ainda mais e alguma coisa despertar em meu íntimo. É difícil decifrar.
Meu coração dispara devido ao contato íntimo demais. Tenho
vontade de fugir para longe, longe desse ser selvagem e sem escrúpulos que
me toma os lábios à força, mas meu corpo arde, ao mesmo tempo que pede
para ser explorado, conflitando com a minha razão.
Juntando toda força que ainda resta em meu ser, tento empurrá-lo,
dando tapas em seu ombro duro feito pedra, cravando minhas unhas em sua
carne. Minha mão choca contra o seu corpo, em movimentos enérgicos, mas
que não surtem efeito, pois tudo que consigo é fazer com que o corpo
másculo e forte me aperte mais, aprofundando o beijo roubado, deixando-me
atordoada e sem ar.
Sem conseguir raciocinar coerentemente, deixo-me ser levada em
um mix de sensações conflitantes, até retomar a consciência desse ato
horrendo e pecador que acaba de me assolar. Estou deixando-me levar pelo
desejo da carne intocada que acaba de ser colocada em combustão. Meus
olhos lacrimejam com a força do arrependimento por me permitir desfrutar
desse pecado por um segundo e uma sensação de nojo nasce em meu peito,
massacrando-me.
De repente, o homem me solta bruscamente. Preciso firmar-me na
— Você não podia ter feito isso — sussurro, ferida, com a voz
embargada pelas lágrimas, e estapeio o seu rosto com força, resgatando os
meus últimos fragmentos de dignidade.
Seu rosto vira-se para o lado com a força do meu tapa, bagunçando
os seus cabelos castanhos; com certeza não estava esperando por isso. Ele me
encara e vejo o sorriso se desfazer no rosto, dando lugar a uma sombra escura
e medonha que se apossa do seu olhar fatal. Instantaneamente, arrependo-me
da loucura que acabei de cometer. Em que eu estava pensando? Ele é um
assassino. Meu Deus, ele vai me matar!
meu corpo contra a parede, bruscamente, fazendo uma dor aguda despontar
em minha nuca. Tranco os olhos, intimidada, sem conseguir fitá-lo,
imaginando que espécie de barbaridade ele vai cometer a seguir.
Sinto sua respiração quente contra o meu rosto e logo depois ouço o
timbre grosso da sua voz em meu ouvido:
— Sua coragem é admirável, demônia. Ninguém em sua sã
consciência faria isso, jamais!
— Por favor, não me machuque — imploro amedrontada.
cabeça, puxando uma mecha de cabelo para trás. Sua respiração está ofegante
e os olhos amedrontados, sua pele brilha pelo suor que começa a despontar
em sua testa. Ela treme de nervoso e, mesmo negando até a morte, sei que a
atingi em cheio com esse beijo. Ela me quer, como qualquer outra mulher me
deseja, e eu vou tê-la, mais cedo ou mais tarde, em minha cama. É questão de
ego e honra. Se eu quero, eu posso e consigo; nenhuma mulher me nega
assim e fica por isso mesmo.
Ranjo os meus dentes, encaro-a severamente uma última vez,
deixando claro que essa conversa ainda não acabou, e saio do quarto,
deixando-a imóvel recostada na parede.
Passo pelo corredor a passos largos e nervosos, exalando ira pela
ousadia daquela demônia miserável. Ela vai ter a sua hora, e vou amar vê-la
cair de joelhos, e não será para rezar. Enquanto ela não cede, preciso meter
em outra boceta para me acalmar, meus nervos estão à flor da pele.
Saio da espelunca batendo a porta com força atrás de mim, deixando
a dona em alerta sobre qualquer tentativa de fuga da Angelina. Ela deve ficar
trancada no quarto sob vigilância constante.
seus trabalhos sujos, o assassino treinado pelo maldito do seu falecido pai.
Querendo ou não, devo-lhe a vida e a morte, minha alma foi vendida para o
diabo no dia em que nasci.
Mas eu não tenho medo. É questão de honra matar Robert Lucky,
mesmo que para isso seja necessário usar outros meios para atraí-lo, mesmo
que para isso eu deva usar sua bela filha como escudo. Antes de estraçalhá-lo
em pequenos pedaços, irei esfregar em sua cara que usei a sua filha de todas
as formas possíveis; ele vai saber que ela dormiu com o inimigo e entregou-
Ela tem a pele clara e cabelos escuros compridos, seu corpo é esguio e
pequeno. Isso faz meu sangue ferver de raiva, ao constatar que ela me lembra
a demônia. Que porra aquela mulher tem que me deixou tão intrigado assim?
Viro o copo mais uma vez, como sempre faço, sentindo o gosto
Trinco os meus dentes, possesso. Não vou negar que ela tem
coragem e isso está despertando a minha curiosidade.
Minutos depois, ouço o barulho de saltos tilintando no piso,
despertando-me dos meus pensamentos. Logo em seguida, as três mulheres
entram no banheiro e se juntam a mim; duas morenas e uma loira, ambas com
seus corpos esculturais usando lingeries minúsculas, com as quais estou
familiarizado demais para sentir tamanho tesão.
Sem que eu precise dizer uma palavra, elas avançam sobre o meu
corpo, beijando e alisando minha barriga até chegarem ao meu pau,
de dentro dela e ordeno que as três fiquem de quatro, ao meu dispor. Volto a
penetrá-las, revezando entre as três, mas nada me dá tanto tesão quanto
imaginar a santinha na minha frente. Devo confessar que estou louco para
foder aquela demônia até esfolar o pau e deixá-la toda assada. Seu olhar de
carneirinho inocente despertou o lobo mau que há em mim; minha boca até
começa a salivar ao imaginar tê-la debaixo do meu corpo, completamente
nua.
Quando eu me interesso por algo, não consigo me contentar até
conseguir o que quero.
***
Acordo de bruços, com o barulho da porta do quarto sendo aberta
bruscamente, e sinto algo sendo jogado nas minhas costas. Viro-me
desnorteado. Minha visão ainda está embaçada pelo sono, mas consigo ver a
lugar, não posso dizer o mesmo de você quanto a deixá-lo orgulhoso — digo
e saio do quarto, sabendo que deixei Rodolpho mordendo-se de raiva.
Sinceridade é tudo!
Ao passar pelo bar completamente vazio, sou surpreendido por um
dos seguranças, que chega até mim a passos largos. Ele parece nervoso.
— Chefe? — diz ele ofegante.
— Sim? — respondo.
Ele para na minha frente, sua respiração está pesada.
Alexander
e inclusive ganham muito bem para isso. Seja quem for que estiver por trás
dessa denúncia, está indo pelo caminho errado.
— Isso aqui é uma boate, por que estaríamos traficando mulheres?
— Rodolpho responde com outra pergunta.
investigação fajuta.
Fecho os punhos, irritado. É óbvio que esses babacas não estão
investigando tráfico nenhum. Aposto minhas bolas que são tiras comprados
pela máfia inimiga para espionar nossos negócios, ou sequer são federais.
Então resolvo não intervir e dou corda para se enforcarem.
— Não há nada aqui — diz o loiro, dirigindo-se para Rodolpho. —
Deve ter sido algum engano, isso acontece muito.
Rodolpho me olha disfarçadamente, enquanto os homens se dirigem
para a saída do escritório. Até mesmo ele, que é burro, percebeu a farsa aqui
dentro, debaixo do meu nariz. Mas isso não vai ficar assim, ninguém que
tenta brincar com a minha cara sai ileso. Não vou permitir que coloquem os
negócios da família em risco, muito menos que denigram a minha imagem.
Malditos! Minha vontade é estourar os miolos dos miseráveis com
um tiro, porém eu tenho um plano mais elaborado para isso.
Assim que retornamos ao andar de baixo, o loiro faz alguns sinais
para o colega e vira-se para mim e Rodolpho.
— Obrigado pela colaboração. Tenham um bom dia.
Sorri cinicamente.
— Pra vocês também, senhores, um excelente dia.
Sigo-os até a porta de metal e, assim que saem, viro-me para
Rodolpho.
tenho uma mira precisa, mas eu não posso errar, não me permito errar, do
contrário, seria suicídio, pois percebo que todos os cães de guarda do maldito
estão armados até os dentes. Logo os outros dois que estavam na boate saem
da cabana, já sem os disfarces, e seguem Robert Lucky em direção à picape.
Com a minha experiência, sei que confissões tão rápidas não são confiáveis.
Para obter informações verdadeiras, é necessária uma demonstração mais
convincente.
— Agora você vai me dizer exatamente o que foram fazer na boate
— ordeno, voltando a me agachar.
Ele continua em silêncio, provavelmente recuperando-se da dor
física que eu proporcionei no seu rosto. Ergo a faca e passo a lâmina pelo seu
pescoço, vendo-o arregalar os olhos pelo medo.
direita.
— Ahhh, porra. Miserável! — grita, arqueando o corpo.
— Vai dizer, ou não? — pergunto.
— Sim, eu vou dizer, mas, por favor, para — responde ele, com a
respiração pesada.
— Estou ouvindo.
Levanto-me e puxo a cadeira, sentando-me na sua frente.
— Foi Robert Lucky… Ele que me enviou até lá para implantar uma
bomba no andar de baixo e uma escuta no escritório de Rodolpho — diz ele,
trêmulo.
— E você achou que eu era idiota a ponto de não perceber a farsa, é?
— pergunto, cruzando os braços na minha frente, abrindo um sorriso
sarcástico.
— Por favor, me deixe ir. Eu só estava fazendo o meu trabalho.
Sorrio.
— Te deixar ir? Está brincando com a minha cara?
Levanto-me e desfiro outro chute no homem, dessa vez em cima do
ferimento que fiz com a faca na sua perna esquerda. Ele urra de dor,
contorcendo-se no chão.
— O que Robert Lucky está pretendendo? Diz logo, ou as coisas vão
piorar para você e, acredite, eu tenho muito tempo livre para isso.
— Ele sabe que vocês têm alguma coisa a ver com o sumiço da filha
dele, e ele a quer de volta, viva ou morto. Ele vai revirar o inferno para
acabar com você, Alexander.
Mas que interessante! O plano está dando certo mais rápido do que
pensei.
— Bom rapaz. — Abaixo-me novamente próximo à sua cabeça. —
Diga ao seu querido chefe que a filhinha dele está muito bem escondida, mas
ela pode sair com vida dessa história se ele resolver colaborar comigo. Diga a
Angelina
pouco áspero e gasto pelo tempo, fito o teto do pequeno quarto, imaginando
que rumo mais estranho a minha vida havia tomado.
Meu estômago ronca de fome, causando um barulho característico, e
eu coloco as mãos em minha barriga instintivamente. Faz horas que não me
alimento.
O cômodo tem um espaço minúsculo e não possui janelas. Contém
apenas um banheiro, a cama que range a cada movimento que faço e uma
mesinha empoeirada do lado da cama.
Já deve passar das dez da manhã, pois consigo ver os raios do sol
que entram por entre as estreitas grades que há na parte mais alta de uma das
paredes do banheiro. A luz bate no pedaço de espelho quebrado que está
pendurado no azulejo encardido e reflete um rastro de iluminação no meio do
quarto, passando pela porta.
De repente, uma batida na porta que dá acesso ao quarto me assusta
e os meus sentidos entram todos em alerta ao imaginar de quem se trata.
Será ele? Não! Ele não seria tão cavalheiro assim.
Em todo caso, me levanto apressadamente, jogo o edredom para o
lado e ajeito o vestido azul de algodão que a dona desse lugar havia me
emprestado na noite anterior. O tecido cai folgado pelo meu corpo, onde
poderia caber duas de mim facilmente.
Olho à minha volta à procura de algo que eu possa usar para me
proteger, caso seja ele e tente se aproximar de mim novamente, mas não vejo
nada que possa ser útil. Porém, uma ideia passa pela minha cabeça e eu ando
rápido em direção ao banheiro para pegar o espelho quebrado. De uma forma
ou de outra, não vou permitir que ele encoste em mim de novo.
Ouço outra batida na porta, quando já estou colocando os pés dentro
do banheiro de piso sujo, mas uma voz fina e suave me faz parar no meio do
caminho e eu viro-me, confusa.
— Moça, eu posso entrar? — pergunta a voz de um menino.
Caminho devagar em direção à porta, tentando fazer o menor
Respiro um pouco mais aliviada por saber que aquela senhora não
me faria nenhum mal. Apesar de ela não ter podido me ajudar durante a noite,
quando passei horas na porta pedindo por socorro para sair daqui, ainda assim
vi em seu olhar que ela não é uma má pessoa. Aquele homem que é um
monstro e sabe-se lá Deus o que ele está fazendo para manter todos nós aqui,
inclusive aquele garoto que vi correr no corredor.
Franzo a testa ao me lembrar do garoto, mas sou novamente
interrompida:
— Eu trouxe comida, você não está com fome? — pergunta.
A palavra comida faz meu estômago roncar mais uma vez. Eu
realmente estou faminta, já que a última refeição que tive havia sido no
convento, às seis da tarde do dia anterior.
— Tia Alyssa pediu que eu trouxesse pra você. É melhor comer tudo
para que possa se recuperar logo.
Pego a bandeja enquanto ouço-o atenta, mas não compreendo o que
ele quer dizer com recuperar logo.
— Me recuperar de quê? — questiono, voltando a fitá-lo.
Ele me encara e vejo confusão em seu olhar, como se não entendesse
muito bem onde quero chegar com essa pergunta.
— Da fome, moça. A gente passa muita fome morando na rua —
responde ele, sério.
completamente chocada.
Não pode ser a mesma pessoa; não, isso é impossível. Aquele
homem cruel e sarcástico não pode ter sido a mesma pessoa que ajudou esse
garoto, não pode.
— John, você tem certeza disso?
Ele estreita os olhos, encarando-me, e logo responde:
— Tenho certeza — responde convicto. — Agora você precisa
comer.
Assinto e sento-me na cama, voltando a devorar o pão. Ele me olha
inocentes.
Algum tempo depois, ouço o barulho da chave sendo girada na porta
e me alegro ao imaginar que possa ser John. Conversar com ele, mesmo que
por poucos minutos, de certa forma havia me feito bem.
Porém, sinto-me frustrada ao ver dona Alyssa entrar com uma
bandeja na mão.
— Seu almoço, menina — diz, pondo a comida sobre a mesinha.
Pego o prato e remexo a comida de um lado para o outro, mas não
sinto fome.
— Cadê o garoto? — questiono, vendo-a soltar um suspiro.
— Ele está estudando no quarto agora — responde.
Aceno em concordância e volto a encarar o prato, contendo
macarrão com queijo.
— Não estou com fome — digo, voltando a colocá-lo na mesinha.
— É melhor você comer, não sabemos o que te espera… — Ela
interrompe a fala ao ver que abaixo a cabeça, receosa. — Tudo bem, vou
voltar para a cozinha.
de cabeça baixa, mas estou tensa demais para conseguir me concentrar, então
peço perdão a Deus por minha falha e resolvo seguir até o banheiro, na
esperança de tomar um banho.
Passo pela velha porta e a encosto, já que a mesma não tem
fechadura. Observo a situação triste da banheira e não me animo muito. Há
uma crosta grossa de sujeira impregnada nas laterais; até mesmo a cortina de
plástico transparente está amarelada. Mesmo assim, decido usar apenas a
água do chuveiro para tirar o suor do meu corpo.
ver que minha pele já começa a ficar vermelha. Ao me dar por satisfeita, tiro
o excesso de água dos cabelos, firmo-me na parede e passo uma perna para o
lado de fora da banheira, pisando no chão. Porém, a outra perna, que estava
dentro da banheira, escorrega. Ao me segurar na cortina, a mesma se rasga e
eu caio com tudo no chão, fazendo um barulho estridente.
— Ah!
Solto um grito de susto e tranco os olhos ao sentir uma dor aguda
despontar em meu joelho. Tento me erguer, colocando a mão sobre o
machucado, mas nada é mais apavorante do que ver a porta sendo aberta
bruscamente.
Alex entra no banheiro a passos firmes, vindo em minha direção.
Ele está sem camisa, usando apenas a calça jeans. Isso parece ser
algo habitual dele, mas sua expressão séria e indecifrável deixa-me em
completo desespero. Paraliso completamente ao dar-me conta que me
encontro completamente nua e sem nada por perto com que possa me cobrir.
Retiro a mão do meu joelho e tento cruzar as pernas, ao mesmo
tempo que tapo os meus seios.
Alexander
algumas roupas que comprei para ela e para mim no caminho. Não posso
correr o risco de tirá-la daqui sem estarmos devidamente disfarçados. Robert
Lucky já está à espreita e desconfio que tenha informantes dentro da máfia.
Entro na espelunca e sigo diretamente em direção ao cubículo onde
ela se encontra trancada. Ao chegar próximo ao corredor, ouço um murmúrio.
Apuro a audição e identifico a voz de um dos homens que deixei de vigia na
porta do quarto. Ele fala praticamente sussurrando ao telefone.
Por instinto de sobrevivência e experiência própria, diminuo a
velocidade do passo e aguardo alguns segundos na curva do corredor antes de
me aproximar mais, e o que escuto a seguir faz com que todos os meus
nervos se tencionem de ódio.
— Quando chegar a hora… Não, tenha paciência, temos que agir
com cautela, ele é perigoso — ele diz baixo, porém alto suficiente para que
eu escute.
Maldito!
Não tenho certeza sobre o telefonema ter alguma ligação com Robert
Lucky, mas instintivamente entro em alerta máximo. Eu já imaginava que
teriam mais traidores dentro da família, mas não posso permitir que haja
no mundo havia me preparado para o que seria ver essa mulher sem roupas.
Ai, caralho!
Prendo a respiração ao sentir meu pau inchar dentro da calça. Ela
tem a pele tão clara como a neve; seus seios são pequenos, mas bem-feitos e
firmes, caberiam perfeitamente dentro da minha mão. Sinto vontade de
lamber os bicos rosados e fazê-la gritar de tesão, mas recobro a minha
sanidade ao perceber que estou babando igual a um cachorro.
Sem pensar duas vezes, ergo-a do chão em meio aos seus protestos e
caminho para fora do banheiro. Sua pele molhada toca na minha, fazendo o
meu tesão subir nas alturas. Se não bastasse, olho sua boceta intocada, sem
nenhuma depilação, com seus pelos naturais, e me sinto como um leão
faminto que não come carne há vários dias. Isso só me deixa ainda mais
doido. Saber que ela nunca foi invadida por outro homem faz nascer em mim
entreguei, lutando para puxar a barra da saia mais para baixo. Observo-a de
cima a baixo, vendo-a corar de vergonha. Ela tapa o decote com as duas mãos
e desvia o olhar, nervosa.
Pego a minha pistola e encaixo no cós da bermuda, vendo-a engolir
em seco. Seguro em seu braço e a puxo em direção à porta.
— Seja discreta e não faça barulhos. Não me force a atirar em você!
Ela balança a cabeça em concordância, seu corpo treme.
Abro a porta com cautela, observando pelo corredor se há sinal de
alguém à vista, mas nada vejo. Avanço mais um pouco, mantendo Angelina
impedindo qualquer chance que ela venha a ter de chamar por socorro.
Abro a porta de outro quarto e a empurro para dentro. Encosto-me
com ela na parede, ouvindo os passos se aproximarem. Alguns segundos se
passam, e então não ouço mais nada. Abro uma fresta da porta, cauteloso, e
espio o corredor, mas logo depois vejo o homem que estava de guarda sair do
cômodo onde havia deixado Angelina trancafiada. Ele está visivelmente
nervoso.
Afasto-me da porta, ouvindo seus passos se distanciarem novamente,
machucando.
Ela não está facilitando em nada a minha vida. Seguro seu corpo de
frente para o meu e passo o meu braço em suas costas, prendendo-a com uma
mão, enquanto destravo a pistola com a outra.
— Fica quieta, menina — sussurro em seu ouvido e miro em direção
ao homem.
Atiro, ciente de que o silenciador da arma evitará que identifiquem a
origem do tiro. Vejo o infeliz cair no chão e sinto Angelina tremer em meus
braços pelo susto. Ela chora copiosamente.
Angelina
algo assim, quando tudo que procuro fazer é servir aos ensinamentos da
Igreja. Não posso me permitir sentir a necessidade de ser tocada por um
homem, muito menos um homem como ele: a encarnação do pecado.
Alex se move para entrar no carro, sem deixar de me encarar
profundamente. Seu olhar devassa o meu colo em busca de um vislumbre do
meu busto, o que me deixa enrubescida de vergonha. Mas, antes que ele
entre, uma voz familiar chamando por ele me faz desviar a atenção do seu
rosto. Olho em direção à calçada, onde vejo John vindo em nossa direção,
correndo.
— Alex! Alex! — ele chama, ofegante devido à corrida.
Alex vira-se para o garoto, fechando os punhos. Percebo que não se
agrada com a chegada inesperada do menino e, por um momento, sinto medo
do que ele possa fazer. Ele teria coragem de agredir o garoto? Tratando-se
dele, não posso ter tanta dúvida.
— O que faz aqui, garoto? Não é um bom momento para você sair
na rua! — ele diz, rudemente, assim que John se aproxima.
O menino põe as mãos nos joelhos, enquanto recupera o fôlego, e
responde:
— Eu estava perto do beco, vi vocês saindo e fiquei preocupado. Por
que está a levando embora? — pergunta, olhando para o homem na sua frente
e depois para mim. Em seguida, volta a sua atenção para Alex, em
rosto.
Alex permanece calado por alguns segundos, como se analisasse o
que deveria dizer ou fazer, apenas encarando o garoto.
— Só faça o que estou mandando, John!
Vejo que o homem está nervoso e, antes que ele decida resolver as
coisas do seu jeito, intervenho em uma tentativa de deixar John longe de
qualquer perigo.
— John, volte. Eu estou bem — peço, amedrontada, sentindo minha
garganta seca e a voz falha.
O menino está assustado devido aos anos que sofreu com o abandono;
consigo sentir de longe que a confiança que ele tem no Alex começa a se
partir em pequenos cacos, e isso me deixa em frangalhos.
Instintivamente, levanto-me do banco, em fúria, e puxo o braço do
homem por trás, confrontando-o.
— Não o trate assim, você não tem sentimentos? Nunca se sentiu
sozinho nem com medo? — digo, em um tom alterado, sentindo meus olhos
arderem.
Vejo-o me encarar com a expressão acirrada e o olhar esverdeado,
penetrante, que parece gravar cada poro da minha face. Sei que vou pagar o
preço por me intrometer assim em seus assuntos, mas não me importo, desde
que o garoto fique em segurança.
— Jo-John… Vo-volte para dentro — murmuro, tensa, sem
conseguir desviar meu olhar do homem que me analisa de cima a baixo com
interesse, como se eu fosse alguma espécie rara a ser estudada.
Pelo canto do olho, percebo que o menino se afasta e, após alguns
metros, sai em disparada em direção à hospedaria. Tranco os meus olhos,
esperando o pior, ouvindo as batidas ritmadas do meu coração e o tremor em
meu corpo, mas nada acontece.
— Não precisa ficar com medo, demônia — diz ele, fazendo com
que eu abra os olhos. Deparo-me com um sorriso cínico em seus lábios. —
Estou a cada minuto mais interessado em descobrir até onde vai esse seu
senso de coragem.
Mas… o quê?
Dentre todas as coisas, essa era a última que eu pensava ouvir dele.
Isso me desestabiliza, mesmo que eu não saiba exatamente o porquê. Sem
fala, viro o rosto e tento ignorá-lo. Mas neste exato momento ouço o barulho
de tiros vindo em nossa direção, e então Alex me empurra de volta ao banco
e se move para entrar no carro pelo lado do motorista, às pressas,
murmurando algum xingamento.
em choque ao ver que ele está ferido no peito. O sangue escorre pela sua
roupa, banhando a camisa de vermelho púrpura. Ergo meu olhar até o seu
rosto, vendo sua expressão de dor estampada em sua face, e estremeço.
— Alex… — murmuro seu nome, trêmula, mas minha voz falha. —
Você…
— Continue abaixada, Angelina, e põe a porra do cinto! — ordena
rudemente.
Ele é tão grosso que nem mesmo diante da dor consegue perder o
orgulho e ser gentil ao menos uma vez na vida. Ergo-me para travar o cinto
do seu rosto. Tem algo nele que me intriga, que me faz querer estar perto,
mesmo quando minha mente grita para tentar fugir, para aproveitar o
momento em que ele está ferido. Mas meu corpo não se move. Não consigo
me mover, não quando estou vendo-o na minha frente, lutando para não
demonstrar a dor física que está sentindo, mas que eu sei que está ali,
presente e real.
— John. John me disse — respondo calmamente.
Ele não diz nada, apenas assente em concordância e volta a ligar o
carro. Só agora percebo que estamos fora da cidade, mais precisamente em
uma estrada de terra batida, rodeada por florestas. As últimas rajadas do sol já
se escondem no horizonte. Ele dirige por mais um tempo, até chegarmos em
uma espécie de galpão abandonado, onde vejo o carro que ele usou no dia do
meu sequestro estacionado logo em frente.
Não falo mais nada. Se esse for o destino que me espera, não tenho
outra alternativa a não ser cumpri-lo, mesmo que eu esteja destruída por
dentro pelo medo. Medo de nunca mais retornar ao convento, nem de ver as
crianças do orfanato. Medo de nunca mais sair daqui com vida.
Alex sai do carro com uma certa dificuldade e dá a volta, vindo até o
lado do passageiro. Ele abre a porta e pede para que eu desça, mas, diferente
de minutos atrás, seu tom de voz não é tão agressivo.
Desço devagar, mantendo o meu olhar cravado no chão, receosa pelo
que será feito de mim. Mas sou surpreendida por sua mão que segura em meu
comigo mesma, na esperança que, de onde ele estiver, possa dar um jeito de
me encontrar e me tirar daqui em segurança.
Lembro-me das crianças no orfanato que estão prestes a serem
despejadas e eu não posso fazer nada. E a Madre? Meu Deus, como sinto a
falta dela e de Kate. Como será que estão? Será que estão preocupadas
comigo? Eu queria tanto revê-las. São minha família!
— Senhor, me ajude — suplico com as mãos em minha testa.
Forço o meu corpo a escorregar para fora do colchão, agacho-me e
ajoelho aos pés da cama. Junto minhas mãos em prece e fico nessa posição
por alguns minutos enquanto oro baixinho e deposito minhas esperanças nas
mãos benevolentes de Deus.
— Senhor — digo e faço uma pausa pesarosa —, agradeço por sua
proteção diária que me permite respirar por mais um dia e ainda carregar a
vitalidade que flui em minhas veias, mesmo estando jurada de morte.
Agradeço pelo alimento que mata a minha fome e pela água que mata a
minha sede. Sei que sou pecadora, Senhor, que muitas vezes meu corpo me
trai, mas sei que o Senhor me ama, pois sou sua filha e futura esposa, e o
levanto-me, trêmula.
Deitada na cama, fito o teto pintado com cores sóbrias, exatamente
como as paredes do quarto. Meus pensamentos voam para o convento onde
vivi cinco anos da minha vida. Desde pequena estudei em colégio de freiras,
e amo o que faço. Amo saber que posso ajudar as pessoas de alguma forma e
isso transformou-se em meu projeto de vida. Não me vejo fazendo outra coisa
que não seja rezar pelos oprimidos e ajudar crianças necessitadas; sinto-me
humana.
que carrego comigo desde criança e vivenciei todos os anos da minha vida no
colégio de freiras.
Lembro-me, dos ensinamentos das irmãs no convento sobre o quanto
é importante perdoar a quem nos faz mal e estender a mão a quem precisa:
seu rosto me faz abrir a boca, chocada. Possui olheiras profundas abaixo dos
olhos e um semblante cansado, como se não tivesse pregado os olhos em
nenhum momento durante a noite. Desço os meus olhos para o seu corpo. Ele
não está usando camisa, por isso consigo ver o local do ferimento. O corte
está tapado com um curativo malfeito, que provavelmente foi realizado por
ele mesmo, e, pela vermelhidão e o inchaço que vejo em volta, presumo que
não tomou os devidos cuidados de desinfecção do local, pois o ferimento
aparenta estar infeccionado.
impaciente.
— Preciso usar o banheiro — falo, sentindo minhas bochechas
queimarem de vergonha.
Agora tenho que pedir permissão até mesmo para usar o banheiro.
Sigo-o.
Passamos pela mesma sala que eu havia estado antes e na qual eu
nem havia prestado muita atenção quando fui trazida para cá. Olho
rapidamente à minha volta, admirada. As paredes possuem tijolos expostos,
que dão um ar rústico à decoração, ao mesmo tempo em que contrasta com a
vidraça que dá acesso aos arranha-céus da cidade. Olho para o centro da sala
e vejo um sofá enorme, todo preto com aspecto de couro, e uma moto Harley
estacionada ao lado do tapete felpudo de cor cinza. Tiro o meu foco da sala e
sigo-o para um corredor que dá acesso a uma outra porta.
Possui paredes sóbrias e escuras como o outro, porém alguns detalhes com os
tijolos rústicos e o chão de madeira marrom-escuro no mesmo padrão da sala.
É um pouco sem vida, exceto pela iluminação que vem da varanda e a bela
vista que tenho da cidade de Manhattan.
As cortinas azul-escuras estão presas nas laterais de cada folha das
portas da varanda. Observo um pouco mais o quarto. Tem uma cama gigante
do lado direito — que se encontra desarrumada, denunciando ser o local onde
ele esteve dormindo. Do lado esquerdo, vejo portas pretas para o que eu
quarto. Calculo que este deva ser o único do apartamento, mesmo havendo
outro quarto. Não deveria haver um banheiro para hóspedes? Bato na minha
testa com meus pensamentos idiotas. Acorda, Angelina, ele é um assassino.
Seria muito irônico receber hóspedes em seu apartamento. O quarto em que
bíceps. Desço um pouco mais meu olhar. Ele está usando uma calça de
moletom folgada de cor acinzentada e seus pés estão descalços.
Movimenta-se, ficando de frente para mim, e neste instante tenho a
impressão de ver um volume estranho se formando em sua virilha. Sinto meu
coração falhar e balanço a cabeça no mesmo instante, repreendendo-me
internamente.
— Você já deveria imaginar que não trago hóspedes para cá —
responde, mantendo-se com um olhar sério em minha direção. — Mas quanto
sua pergunta sobre não ter outro banheiro, a resposta é: não. Reformei o outro
Apenas finjo que ele não fala comigo. Entro no banheiro, tranco a porta e vou
quase correndo em direção ao vaso sanitário. Enquanto me descarrego de
tanto líquido, observo o banheiro limpo contendo uma banheira gigante.
Tenho vontade de ir até lá me lavar para tirar um pouco da sujeira que está se
impregnada em meu corpo e em minha alma a cada pensamento pecaminoso
que tenho, mas sei que se eu fizer isso, corro o risco de ser repreendida. A
última coisa que quero agora é bater de frente com esse homem. Creio que eu
não tenha sete vidas, então não devo arriscar e muito menos testar sua
paciência.
Quem será que cuida desse apartamento? Ele deve ter alguma
empregada, penso, já imaginando se seria uma senhora boazinha que possa
me ajudar a fugir daqui.
Termino minhas necessidades, levanto-me e ajeito a roupa
minúscula com que ainda estou vestida. Tento aumentar o comprimento da
saia, deixando o cós baixo e tapando minha barriga com a barra da blusa. O
problema é que, quanto mais puxo a blusa para baixo, mais o decote fica
profundo.
vez.
— S…sim — respondo tímida.
— Vem comer — diz e sai da minha frente, indo em direção à porta.
O que foi isso?, pergunto a mim mesma.
Às vezes ele é tão grosseiro que tenho vontade de esganá-lo, mas há
momentos que chega a ser… gentil.
— Não! — Mais uma vez balanço a cabeça em negação. —
Gentileza e esse homem não andam juntos — murmuro.
Sem pensar muito, forço minhas pernas a segui-lo; estou faminta.
Abro uma porta e me frustro ao ver que não contém o que procuro, porém,
meu corpo formiga por inteiro quando sinto a aproximação dele em minhas
costas.
Alex encosta o corpo no meu levemente por trás, deixando-me
arrepiada e paralisada ao mesmo tempo, enquanto abre uma das portas e
deixa os pratos à mostra. Sua pele está quente, além do normal. Constato que
ele está febril.
Nervosa, desisto do prato e aguardo um pouco para que ele se afaste
e, quando o faz, viro-me para sair o mais rápido que consigo de perto dele,
mas sou impedida por suas mãos que seguram o meu ombro. Ele me olha de
forma intensa e inquietante. Estou perdida!
— O que… o que você quer? — murmuro nervosa.
Ele sorri sem deixar de me encarar profundamente. O toque quente
Ele tira uma das mãos do meu ombro e desliza pelo meu rosto. Estou
tremendo, paralisada.
Seu dedo toca os meus lábios de leve, forçando-me a entreabri-los.
Pareço estar em transe, pois também não consigo me mover. Vejo-o
aproximar a face da minha e, neste momento, ao me dar conta que ele está
prestes a me beijar novamente, desperto do meu estado de choque e tenho
uma reação imediata.
Não, eu não vou deixar.
Quando ele avança, mirando na minha boca como da outra vez, viro
o meu rosto para o lado e tranco os meus olhos. Minha respiração está tão
acelerada que sinto que preciso de ar. O oxigênio falta em meus pulmões.
Seus lábios são certeiros no meu pescoço, fazendo com que eu solte
um grito de susto ao sentir a barba grossa arranhando a minha pele sensível.
Sua língua desliza pela curva do meu pescoço e sobe até alcançar o lóbulo da
minha orelha, mordiscando-o.
Meu corpo reage. Fico completamente arrepiada ao toque dele e
sinto uma fisgada estranha na minha virilha; odeio-me por isso.
— O que você… Me solta… — Espalmo minhas mãos no seu
ombro, tentando afastá-lo.
— Você é linda, demônia, e está virando a minha cabeça de baixo.
Meu pau está louco para ser todo enterrado dentro de você!
diante dos meus olhos e engulo em seco. Como é possível algo crescer tanto?
Como tudo isso pode ser de um homem? Não é possível.
Preciso segurar-me no armário para não cair. Minhas pernas falham
quando vejo-o segurar aquela coisa por cima da calça, enchendo a mão… É
enorme…
— O que foi Angel? — ele pergunta, sorridente ao ver que estou
quase desmaiando.
Desvio minha atenção do curso de suas mãos, fito o seu rosto e
percebo que ele também me encara. Sem conseguir responder à sua pergunta,
puxo o ar para os meus pulmões, tentando me acalmar. Seus olhos verdes são
penetrantes, sua expressão é firme em minha direção. Seu olhar me queima a
alma.
Alex dá um passo para mais perto de mim e eu tremulo. Quero
correr, mas minhas pernas não correspondem ao comando enviado pela
minha mente. Continuo estática. Outro passo em minha direção e já consigo
sentir a temperatura escaldante que emana do seu corpo. Encolho-me
amedrontada assim que sinto seu corpo prensar o meu contra o móvel em que
estou recostada. Sua mão esquerda pousa na lateral da minha cintura e a outra
firma no armário.
— Você… não… — Tento falar algo, quero pedir que ele se afaste
de mim, mas minha voz não sai.
Levo minha mão ao seu peito para empurrá-lo, mas parece que
minhas forças escaparam do meu corpo, pois, por mais que eu tente afastá-lo,
ele não se move nem um milímetro.
— Por favor, não… Se afaste — balbucio em tom suplicante ao
senti-lo fincar os dedos em minha carne, apertando-me a minha cintura. A
aproximação dele está deixando-me tonta e sinto como se fosse me derreter
como gelo no chão em um dia de verão.
Ele prensa o corpo no meu e dá uma volta em círculo com o quadril,
fazendo com que eu sinta o volume dentro da sua calça sendo apertado contra
a minha barriga. Estremeço, envergonhada. É a primeira vez que vejo e sinto
um homem excitado. É apavorante e ao mesmo tempo… bom.
Encarando-me, ele toca a minha mão que ainda está em seu peito,
um pouco acima do machucado, e a segura firmemente.
— Sinta como você está me deixando, Angel — diz, enquanto se
afasta um pouco, permitindo que eu respire mais aliviada.
Mas… O quê? Sentir?
Olho-o confusa e ele percebe meu estado de alerta, pois o vejo abrir
o meu ventre ao sentir a temperatura ainda mais elevada naquele ponto. Uma
fisgada na minha virilha me faz perder o ar e a razão, fazendo com que um
gemido sôfrego escape da minha garganta.
O pênis dele está duro feito uma rocha e parece pulsar sob o toque
da minha mão. Tenho a sensação de que vou desfalecer a qualquer momento.
Meu coração bate forte dentro do peito, minhas pernas tremem e sou tomada
por uma sensação de pavor ao sentir em minha mão o comprimento
descomunal e latejante.
— Ai, caralho, delícia… — Ele geme descaradamente.
em direção à porta, mas ele segura o meu braço, impedindo que eu saia da
sua vista.
— Por favor, me deixe. Você não cansa de me humilhar? —
esbravejo, ferida. As lágrimas já rolam como cachoeira pelo meu rosto.
Ele me analisa por um segundo e fala:
— Pegue alguma coisa para comer, vou te trancar no quarto
novamente.
Meu coração para.
— Não, Alex, por favor, não me deixe lá… sozinha — suplico entre
um soluço e outro. — E se acontecer alguma coisa com você? Se acaso você
desmaiar? Eu ficarei presa, à míngua, e você sem assistência.
Ele passa a mão na barba novamente, enquanto parece analisar o
meu pedido.
— Tudo bem. Pegue algumas coisas para comer que você vai ficar
trancada no meu quarto, comigo. Eu preciso descansar!
Assinto, receosa e ao mesmo tempo agradecida.
Pego um prato e uma colher no armário às pressas, e logo depois a
ele fez no quarto e com a quantidade de roupas que deixou espalhada aos pés
da cama. Será que isso é típico de todo homem? Ao imaginar tal
possibilidade, penso, com ironia, que realmente tomei a decisão certa quando
decidi não me entregar a nenhum e viver apenas para Deus.
Levanto-me do estofado, sentindo as minhas pernas dormentes, e me
aproximo da cama dele. Olho-o curiosa, como uma criança travessa,
analisando os ombros fortes e os braços musculosos. Seus dois antebraços
possuem tatuagens quadriculadas que atraem a minha atenção.
Analiso as formas do seu peito forte, os músculos rígidos da barriga
e o caminho de pelos pretos que percorre sua barriga e some por dentro do
cós da calça de moletom. O abdômen em formato de V me deixa intrigada,
sinto-me uma pecadora por achá-lo atraente. Tenho vontade de tocá-lo.
Lembro-me da chave que ele havia colocado dentro da calça e
permito-me olhar para o cós da sua roupa, temerosa de descer minha visão
um pouco mais. Só em lembrar daquele ocorrido na cozinha, sinto um frio
congelante na barriga.
Respiro fundo e, corajosamente, resolvo tentar pegar a chave em
suas calças. Eu preciso sair daqui e essa pode ser minha última oportunidade.
Encosto nele o máximo que posso, tentando não fazer barulho, e levo minha
mão trêmula em direção à sua virilha.
Meus dedos roçam no tecido fino, e eu fecho os olhos para tomar
assustada. Ele se remexe na cama e dessa vez posso jurar que ele vai acordar,
mas Alex apenas se vira e continua dormindo.
Não cheguei a ver seu sexo nitidamente, foi tudo muito rápido. Mas
só o fato de eu ter tentado pegar a chave dentro da sua roupa, enquanto ele
seus pés.
— Frio… Está frio — ele murmura.
Meu peito se aperta. Ele está sofrendo muito, e presa aqui nesse
quarto não há muito o que eu possa fazer. Corro até o banheiro, ligo o
chuveiro elétrico, ajusto a temperatura para água morna e molho outro pedaço
da blusa que rasguei. Em seguida, volto para o quarto e sento-me na cama ao
seu lado.
Ele continua delirando e se remexe na cama. O suor não para e o
corte está ainda mais vermelho em volta. Começo a passar o pano úmido em
que seja um antibiótico. Como ele não quer ir ao hospital para que possa ser
medicado corretamente, isso aqui terá que servir ao menos por hoje. Pego
mais um pouco de água e subo na cama, indo até ele.
Repito o mesmo processo com a sua cabeça e, com muita
—- Não estou fazendo isso por você — digo. — Estou fazendo por
mim. Jamais conseguiria viver com o remorso de ter negado ajuda a alguém.
Termino a frase e continuo umedecendo o seu corpo, até ser
interrompida por sua voz rouca e falha:
— Eu não mereço… a sua… ajuda.
Surpresa, deixo o pano de lado e fito o seu rosto. Sua testa está
franzida, mas começa a suavizar. Sua respiração fica pesada, e seus músculos
relaxam. Ele dormiu novamente.
Continuo sentada ao seu lado. Apesar da temperatura ter baixado
Alexander
que entra pela varanda. Sinto meu corpo dolorido a cada movimento que faço
na cama; é como se eu tivesse tomado todas durante à noite e agora estivesse
sofrendo os efeitos da ressaca.
Minha garganta está seca e dolorida. Umedeço os meus lábios
ressecados e forço-me a abrir os olhos, enquanto relembro algumas passagens
da noite desgraçada que tive.
Toco em minha cabeça, sentindo uma sensação de peso, e quando
passo a mão por minha testa, constato um pano levemente úmido, quase seco,
que cai para o lado no colchão.
Suspiro, irritado.
— Angel… O que você fez? — murmuro baixo, irritado.
Toco os meus braços e abdômen. Meu corpo já não está mais febril e
a dor no corte diminuiu um pouco. Assim que consigo abrir os olhos, vejo o
quarto iluminado pela luz que entra da varanda. Olho para o meu lado na
cama e a vejo.
Ela dorme profundamente, está usando uma calça e uma camisa
minha. A roupa está folgada em seu corpo, mas não diminui em nada a sua
traidor. Em toda a minha vida, fui treinado para matar, sem piedade. Mas a
lealdade à máfia, liderada pelo meu falecido tutor, deveria vir em primeiro
lugar, sempre! Querendo ou não, é o mais próximo que tenho de uma família.
Olho em cima do estofado e vejo o kit de primeiros socorros e duas
cartelas de comprimidos em cima da caixa. Provavelmente, Angelina me fez
tomar os remédios no meio da noite. Não consigo me lembrar de nada
coerentemente, lembro apenas de alguns flashes e o som da voz dela falando
comigo.
corte.
Seguro na ponta da gaze e puxo, sentindo uma dor infernal devido o
tecido estar colado no ferimento.
— Porra — xingo, impaciente e delirando de dor ao ver que o corte
com severidade.
Não contesto e espero para ver o que vai fazer agora.
Ela pega algumas gazes na caixa e começa a limpar o sangue que
escorre do meu ferimento e do meu abdômen. Em seguida, com o auxílio de
uma pinça e soro, ela vai tirando a gaze que está colada no corte. Dói um
pouco, mas é uma dor quase insignificante. Principalmente quando sinto o
calor da sua mão aquecer a minha pele.
Lembro-me dela assustada durante a manhã de ontem na cozinha,
quando a provoquei descaradamente. Seus olhos haviam ficado
amedrontados, mas seu corpo trêmulo e o gemido que escapou da sua boca
quando tocou no meu pau duro a entregaram. Ela sente. Ela quer transar, mas
tem medo. O pior foi que saber disso me deixou ainda mais doido para tê-la.
Essa inocência, essa pureza. Ela é o meu contrário, mas está me deixando
obcecado.
Sinto vontade de ensinar a ela como é foder gostoso e ficar de pernas
bambas depois de gozar várias vezes. Sinto um desejo insano de fazê-la ver
que a vida vai muito além das grades de um convento. Ela não vive, apenas
vegeta naquele lugar. Sei disso porque toda a sua vida estava escancarada
para mim nas várias páginas da investigação que mandei fazer sobre ela.
Encaro os seus lábios volumosos, tão chamativos. Não gosto e nem
sinto desejo em beijar na boca de outras mulheres, mas vendo-a tão perto,
pura e intocada, eu quero. Quero desvirtuá-la, fazê-la minha por uma noite.
Só assim essa obsessão idiota acabará.
— Preciso que lave com sabão, senão o curativo não vai resolver
muita coisa. Está muito infeccionado — diz assim que termina de tirar o
pedaço de pano, analisando o corte de perto.
Olho o ferimento pelo reflexo do espelho. Ela tem razão. Está
inchado e absurdamente vermelho. Se eu não quiser ir parar no pronto-
socorro, devo cuidar disso imediatamente.
— Ok — concordo e debruço-me sobre a pia.
seus conceitos sobre o que é chato ou divertido não combinam com os meus.
— Mesmo? Não sente vontade de fazer sexo? — provoco abrindo
um sorriso.
Ela treme e dá um passo para trás.
meus braços. Ela nem ao menos percebe, mas corresponde. Seus lábios se
movem lentamente por alguns instantes, como se quisessem se libertar das
algemas que a impedem de se entregar ao prazer.
Levo uma mão até a sua coxa e aperto de leve. Ela geme, mesmo sob
protesto.
Seu corpo se encaixa perfeitamente dentro do meu abraço e eu a
seguro forte, apalpando a sua cintura e quadril. Ela está desesperada.
Empurra-me, tenta sair a todo custo. Largo os seus lábios e deslizo minha
boca pelo seu pescoço, arrancando outro grito da sua garganta. Passo os
dedos por sua nuca e percebo que seus pelos se arrepiam instantaneamente.
— Você é louco — diz ela ofegante. — Como quer que eu me
entregue depois de tudo?
Não ligo para os seus protestos, estou apenas dando a ela um
gostinho do que seria ter uma noite de sexo comigo.
— Me solta — protesta.
Volto a beijá-la, ignorando seus protestos, e puxo o seu corpo mais
para a beira do balcão. Encaixo o meu quadril entre as suas pernas, fazendo
com que meu pênis duro cutuque sua barriga. Ela ofega e arranha os meus
ombros. Delícia.
Começo a massagear seus braços delicadamente, vendo-a ceder um
pouco. Diminuo o ritmo do beijo, permitindo que ela se acostume. Desço
— Não, por favor — pede, com a voz cortada. Ela está chorando.
A contragosto, com o pau dolorido de tesão, afasto-me. Dou um
último selinho em seus lábios trêmulos e encosto minha testa na dela.
— Obrigado, Angel. Estou te devendo essa — falo e saio do
banheiro, deixando-a paralisada.
Chego à sala um pouco ofegante e ando até a vidraça que exibe a
bela vista dos arranha-céus de Manhattan. Olho a rua movimentada lá
embaixo, sentindo meu corpo tenso e excitado. Porra, como eu quero foder
essa menina! Minha mente está um verdadeiro baralho ambulante. Que merda
eu estou fazendo?
Meu pau está doendo de tanto que a quer. Mas ela resiste sempre,
desafiando o meu corpo e o meu inconsciente. Demônia maldita.
Bato no vidro com força, usando a palma da minha mão, e sorvo o
ar. Já deu para mim, cansei desse jogo adolescente. Ela vai ser minha por
uma noite e eu vou chupar aquele corpo de canudinho até ficar exausto. Mas,
antes, preciso seguir com meu plano.
Um pouco mais calmo, volto ao quarto e, como a porta do banheiro
está aberta, vejo-a sentada na bancada do armário, pensativa. Os cabelos
desgrenhados e a boca avermelhada por causa dos beijos que dei. Gostosa
demais!
Meu pau pulsa só em observá-la. Inferno!
tecido fino. O corte em meu peito ainda lateja e a dor corta, queimando por
dentro. Troco de roupas e vou até a cozinha, pego algumas caixas de cereal e
leite e levo para ela no quarto.
Não tenho planos de permanecer mais um dia trancado nessa droga
de apartamento, nem ao menos sei se retornarei hoje para cá. Então é mais
cômodo que ela fique no meu quarto com alguma comida. Ela precisa estar
forte para receber tudo que estou guardando para ela, que, modéstia à parte, é
muita coisa.
Sorrio de lado ao imaginar meu pau entrando em seu canal quente e
receptivo. Puro e intocado. O ar até falta em meus pulmões, minha boca
saliva.
Saio do quarto, trancando a porta com a chave, e, antes de entrar no
dois dias, mas garanto que você está prestes a pôr a mão em cima de uma
bomba.
— Interessante — digo, sem demonstrar muita empolgação. Porém,
estou ciente de que qualquer coisa sobre ele poderá ser útil. — Você tem
vinte e quatro horas, Drake, não me deixe ainda mais irritado — falo em tom
de advertência.
— Em vinte e quatro horas tudo estará em suas mãos. Você tem a
minha palavra.
— Certo! — concordo e desligo o telefone, segurando-o fortemente,
boate alguns minutos depois. Quando entrei no carro e peguei o celular mais
cedo, vi que havia milhões de ligações perdidas de Rodolpho. Provavelmente,
há algum serviço novo para mim e ele deve estar puto de raiva.
Que se foda também!
De peito inflado e maxilar cerrado, entro na boate e vou diretamente
para o escritório do tal. Como sempre, entro sem bater e, assim que avanço
para dentro, vejo o imbecil sentado em seu "trono" com as calças arriadas até
o tornozelo, mostrando as pernas brancas e peludas que me dão repulsa,
enquanto uma loira aguada cavalga na “minhoquinha” que ele chama de pica.
— Merda! Por que não bateu na porta, seu idiota? — ele rosna
irritado e empurra a mulher para o lado.
— Você sabe que não me anuncio. Agora me diga, o que você quer?
A mulher se levanta e pega as roupas no chão, mas, antes de sair do
escritório, me analisa dos pés à cabeça, abrindo um risinho provocante, ou
assim ela acha. Arqueio uma sobrancelha, vendo-a babar descaradamente em
cima de mim, e sorrio cínico. Sou disputado aqui, todas me querem. Porém,
não tenho o menor interesse na mulher e demonstro isso simplesmente
ignorando-a.
— Como “o que eu quero”? Se esqueceu do seu serviço, Alexander?
Temos um acordo, você sabe. Não pode sumir assim — diz, áspero, voltando
a vestir as calças.
Rodolpho, rodei por horas pelas ruas de Manhattan, onde pude me sentir um
pouco livre. Depois, fui até um local afastado da cidade, que costumo
frequentar quando preciso ficar só e pensar. É uma cabana nas montanhas;
comprei há anos e é meu ponto de refúgio quando me canso de tudo isso.
provoca sem perceber — o pior é que estou gostando disso. O simples fato de
ela me confrontar bravamente com aquela língua afiada já me faz suspirar de
tesão, fico louco de vontade de fazê-la se render a mim e fazer melhor uso
daquela língua.
Ah, Angel…
Ela vai ceder ou não me chamo Alexander. E quando isso acontecer,
não terei pena.
Meu corpo fica tenso ao lembrar dela, e eu me amaldiçoo. Mulher
nenhuma jamais foi dona de sequer um minuto dos meus pensamentos
quando não estou fodendo. Mas Angelina… Ela está passando tempo demais
na minha cabeça, muito mais do que considero seguro. Deve ser a tal da
pureza, o cheiro de virgem que com certeza deixa qualquer homem obcecado.
que bebeu todas durante uma festa de gala e que, ao passar pelo túnel escuro,
acaba perdendo o controle do carro, capotando e fim. Menos um X-9 no
mundo.
Não há nenhum movimento de carros no túnel a esta hora da noite e,
para a minha felicidade, ele está dirigindo em uma velocidade que vai muito
além do permitido.
Perto o suficiente do carro, abaixo devagar o vidro do meu Impala e
analiso o tempo que ainda tenho antes de chegar ao fim do túnel. Com uma
mão no volante, saco minha Uzi, miro no pneu traseiro do lado direito e atiro.
Bingo!
Freio meu veículo instantaneamente e espero pelo show.
O carro derrapa nas paredes de concreto bruscamente, gira trezentos
aos meus pés descaradamente, implorando para serem fodidas. Exceto uma, e
a lembrança dela me deixa mais uma vez irritado e ainda menos interessado
na safada que está na minha frente.
— Por que não se dá ao respeito? — questiono, entediado, e até me
surpreendo com minha própria pergunta. Mas confesso que estou cansado de
toda essa facilidade. — É uma mulher interessante, não precisa se jogar em
cima do primeiro macho que aparece na sua frente. — Pisco para ela, vendo-a
arregalar os olhos, surpresa e irritada.
Alexander
os olhos ao me ver encarando sua bela face. O olhar esverdeado tilinta de tão
brilhante, os cabelos escuros estão um pouco emaranhados, mas em nada
diminui em nada a beleza surreal da garota. Na verdade, sinto vontade de
passar meus dedos pelas madeixas castanho-escuras, apenas para sentir a
textura. Amaldiçoo-me por isso. Inferno!
— Alex? — Ela chama o meu nome, assustada, e se encolhe dentro
do lençol. Mesmo assim ainda consigo ver que ela usa uma das minhas
camisas. O pior é que eu gosto disso, adorei vê-la dentro das minhas roupas.
— Sim?
— Se importa se eu pegar mais uma das suas calças para me vestir?
É que… você sabe. Não tenho roupas — diz, baixando o olhar,
envergonhada.
Puta que pariu. Será que ela está sem nada por baixo da blusa que
está vestindo? Só de imaginá-la nua, enrolada no meu edredom, sinto meu
pau enlouquecer. Está duro como uma rocha dentro da calça.
Merda! Merda! Merda! A vontade de fazê-la minha só aumenta, com
camisa que estava, mas optei por não dormir com a mesma calça usada. Iria
providenciar outra roupa de baixo assim que o dia amanhecesse, mas acabei
dormindo demais e não imaginei que ele retornaria tão cedo.
Tiro o lençol de cima do meu corpo e corro em direção ao armário
de roupas. Pego uma de suas calças; aproveito e pego outra blusa também.
Sigo para o banheiro e me troco, em seguida, escovo os dentes utilizando
uma escova nova, que eu havia encontrado nos armários, arrumo meus
cabelos desgrenhados e retorno ao quarto.
Alex está agindo diferente desde ontem. Está menos agressivo,
menos bruto. Posso até dizer que se assemelha a algo como gentil. Confesso
que estou surpresa com o seu comportamento; parece que, bem lá no fundo,
ele ainda tem humanidade.
Reviro os meus olhos. Por que será que não estou surpresa com esse
tom dele? Bruto!
Caminho em direção à mesa a passos firmes e, mais uma vez,
surpreendo-me quando vejo dois copos grandes com café e uma jarra de suco
sobre a mesa.
Sento-me à mesa completamente admirada de todo esse cuidado da
parte dele. Vejo que já tem outra frigideira com ovos mexidos. O cheiro e a
aparência estão muito apetitosa, tanto que fico com água na boca.
apontando para o meu prato ainda intocado. Aceno com a cabeça e engulo em
seco.
Meus olhos analisam detalhadamente quando ele leva um copo com
suco gelado até a boca e toma tudo, em um único gole. A visão que tenho
dele é tão intrigante que minha garganta começa a ficar seca, desejando o
suco também.
Ele parece aqueles homens das cavernas. Rústico! Bruto!
Sinto minhas bochechas corarem com essa constatação e me
repreendo internamente pela milésima vez.
— Obrigada pelo café — murmuro agradecida.
— Me agradeça comendo, Angel.
Trêmula, levo um pedaço do bacon à boca, deliciando-me com a
mãos trêmulas fazem com que eu deixe a jarra escorregar pelos meus dedos,
caindo sobre a mesma.
Tudo acontece de maneira rápida e o líquido amarelo jorra todo em
cima dele, encharcando seu abdômen.
utilizando o pano seco que peguei pendurado na pia. Ele não diz mais nada, e
eu agradeço mentalmente por isso.
Porém, meu corpo paralisa quando vejo o tecido da sua calça
erguendo-se e um volume gigantesco formando-se entre as suas pernas.
meu corpo se arrepiar por inteiro. Alex parece sentir o mesmo, pois no
mesmo instante seus olhos verdes me fitam, intensamente, enquanto sua mão
alcança a palma da minha e desliza pelos meus dedos.
— Não foi nada. Logo esse ardor vai passar — diz, ainda segurando
a minha mão.
Puxo o ar para os meus pulmões, sentindo seu olhar queimar cada
pequena parte do meu rosto, parando em minha boca. O toque de suas mãos
se estende pelo meu braço, até chegar ao meu ombro.
Sem forças para me mover, sinto sua mão tocar-me um dos meus
seios.
Sinto um líquido quente umedecendo minha vagina, deixando-me
inebriada, impedindo que eu tenha forças para lutar contra todo esse mix de
sentimentos e prazer.
Alex segura em minha cintura firmemente, enquanto tortura minha
boca com mordidas e chupadas indecentes. Em um movimento rápido, ergue
o meu corpo, fazendo com que minhas pernas se encaixem em volta do seu
quadril, e eu sou obrigada a segurar em seu pescoço para não cair.
é em vão.
— Meu Deus… — ofego pelo desejo quando ele se afasta um pouco
e logo em seguida arremete o quadril em direção a minha vagina. Mesmo
nossos corpos separados pelo tecido das roupas, sinto a pressão do seu
membro rígido no meu sexo, torturando o meu clitóris. — Ahhh… — grito
quando ele faz de novo e de novo.
— Isso, grita, menina! É apenas uma pequena amostra do que vou te
dar.
minha virilha, fazendo meu corpo queimar, louco e desesperado por mais
proximidade com sua virilidade.
— Por favor, não me machuque… — peço, completamente ciente de
tudo que está prestes a acontecer.
Um gemido intenso escapa da sua boca quando ele alcança o que
tanto deseja. Seus dedos tocam o meu sexo, por dentro da calça larga,
deixando-me trêmula.
— Completamente lambuzada. Porra! Vou gozar tanto nessa
bocetinha apertada.
Suas palavras imorais me fazem queimar de vergonha e excitação ao
mesmo tempo. Debato-me, tentando fugir do seu toque íntimo, em uma luta
acirrada entre a minha razão e o desejo do meu corpo traidor. Porém, ele puxa
o elástico da calça que uso para baixo, levanta-se e desliza o tecido pelas
minhas pernas, deixando o meu sexo completamente escancarando para os
seus olhos.
— Para com isso — peço envergonhada, tentando tapar minha
vagina com as mãos. — Ahhh, Alex — grito novamente, rouca, quando sua
mão, em uma necessidade dolorosa de ser preenchida por ele. Não posso lutar
mais. Não consigo. Tudo que preciso agora, tudo que desejo é me entregar a
ele, ser dele uma única vez.
Ele volta a montar em cima de mim, beijando e lambendo o meu
corpo. Meu Deus, é agora!
Com uma das mãos, ele baixa sua calça e escancara ainda mais as
minhas pernas. O pênis enorme toca na minha barriga e eu sinto a umidade
dele melando-me. Ele afasta o corpo e eu fecho os olhos. Estou nervosa, com
ventre.
— Ahh! — grito mais uma vez, arranhando-o.
— Goza pra mim, Angel.
Seus movimentos em meu sexo se intensificam, deixando-me a
Alexander
com os meus dedos. Sua testa está franzida, a boca aberta como se estivesse
com um grito entalado na garganta, e os lábios inchados e vermelhos pelos
beijos que dei deixam-na extremamente irresistível. Ela parece assustada,
como se não compreendesse o que está se passando.
Quando os espasmos em seu corpo se amenizam, afasto o meu corpo
do dela e diminuo a fricção que estou fazendo em seu clitóris, sem conseguir
parar de admirá-la.
— Deliciosa! — murmuro.
Ela também me encara. Os olhos verdes me fitam assustados e
lacrimejantes, seu corpo está mole e ela aparenta estar em uma outra
dimensão.
Porra! Um sentimento de posse tão grande começa a crescer dentro
de mim, depois de tomar consciência de que fui o primeiro a tocá-la assim,
tão intimamente. Fui o primeiro homem a fazê-la gozar. Sinto como se ela
fosse… minha.
Louco de desejo, levo meus dedos sujos com seu gozo até a minha
boca e chupo com vontade, sentindo o gosto salgado da bocetinha melada.
Delicioso!
excitação, e fico maluco. Gemo baixinho quando passo a ponta dos meus
dedos por seus pelinhos macios, e em seguida abro os grandes lábios da
boceta dela, vendo o buraquinho virgem pulsando com os últimos espasmos
do orgasmo. Perco todo o meu autocontrole.
Meu pau lateja dolorosamente, levando-me ao limite do tesão. Tudo
que penso é em estar dentro dela.
Posiciono o meu pau em cima do seu clitóris e começo a torturá-la,
fazendo movimentos ritmados de cima para baixo, da entradinha até o
— Alex, por favor… Para. Isso não deveria ter acontecido! — ela
murmura com os olhos marejados. Está claramente abalada.
Seu choro me desconcerta, e o barulho do alarme não ajuda em nada.
— Angel… Porra. Você não pediu pra parar quando estava gozando
gostoso! — digo irritado, vendo suas bochechas ficarem vermelhas de
vergonha. — Não se brinca com um homem como eu, Angelina.
— Se afaste de mim, por favor — ela diz, encolhendo o corpo,
tentando juntar as partes da camisa rasgada para cobrir sua nudez.
esteja no quarto. Como imaginei, encontro-a exatamente lá. Porém a cena que
vejo é como um soco no meu estômago.
Vestida com uma outra camisa, ela está ajoelhada aos pés da cama,
de costas para mim, orando baixinho entre um soluço e outro.
este tormento está chegando ao fim e eu não terei mais que conviver com ela.
Só não tenho tanta certeza se serei capaz de fazer tudo o que planejei até
agora.
Ao chegar no estacionamento do subsolo, entro no meu Impala e o
endereço.
Há algo de muito errado nessa história. Minha experiência diz que
isso só pode ser uma armadilha.
Imediatamente, retorno a ligação e, como eu imaginei, ninguém
atende!
— Inferno! — Aperto o aparelho em minhas mãos, sem conseguir
disfarçar toda a minha irritação, e sigo em direção à porta de saída.
É óbvio que isto é uma armadilha, porém, eu irei verificar
pessoalmente e mandar os responsáveis para o quinto dos infernos. Ajeito
uma das partes mais afastadas do Bronx, longe dos grandes prédios e
próximo a um dos bosques de Nova Iorque.
Analisando a rua, constato que não há nada fora do lugar, contudo
não posso correr o risco de baixar a guarda.
Pago a corrida e saio do carro cautelosamente, observando todos os
lados.
Assim que confirmo que não estou sendo alvo de olhares curiosos,
sigo em direção aos fundos da casa, sendo camuflado por alguns lençóis
Entro devagar, pé ante pé, passando pela pequena área de serviço até
chegar à cozinha.
— Porra! — xingo surpreso.
Uma grossa trilha de sangue fresco escorre pelo piso de madeira,
Dou dois passos para trás e continuo andando pela casa à procura de
alguma resposta para o que aconteceu aqui.
Novos rastros de sangue começam, desde o corredor que liga a
cozinha até onde suponho ser a sala. As paredes estão respingadas com
sangue — também fresco, concluo pelo cheiro forte —, e o mesmo acontece
com o piso.
Vou andando cautelosamente, mantendo-me atento, com a Uzi
armada, apontando para a frente, até chegar à sala. O local está uma
verdadeira zona. Há papéis espalhados por todos os lados, em cada pequeno
canto, como se a casa tivesse sido revirada de cima a baixo. Jogado nos pés
do sofá, está ele. O investigador Drake.
O terno cinza que ele usa está amassado e as mãos amarradas
exatamente como encontrei a sua mulher. O pescoço foi igualmente
degolado, além de possuir alguns cortes nas costas que sujam a roupa de
púrpura.
Abaixo-me, revoltado, analisando o corpo que aparenta ainda não
possuir rigidez cadavérica. Que merda! Não sei distinguir o gosto amargo que
invade a minha boca no momento, só sei que meu ódio cresce, a cada
segundo mais. Drake era um bom investigador.
O sangue escorre do ferimento e encharca o carpete, conduzindo o
meu olhar para a sua pasta de documentos, que está completamente
bingo!
É a investigação que Drake havia feito sobre o infeliz. Sei que estes
papéis foram a razão de todo este massacre. O investigador conseguiu
esconder antes que fossem encontrados. Pego-os em minhas mãos e leio por
alto.
— Puta que pariu — sussurro, surpreso, quando leio a manchete de
um jornal antigo acompanhado da cópia de um documento.
"Por falta de provas, importante empresário Robert Lucky é
absolvido em processo judicial no qual respondia pela acusação de
era isso que Drake iria me revelar. Ela não é filha biológica de Robert Lucky.
***
Angelina
Ele saiu e deixou-me aqui trancada, como sempre faz. Ainda estou
ajoelhada aos pés da cama, orando a Deus por perdão, sem forças para ficar
de pé, sentindo-me o pior dos seres humanos, tamanho foi o meu pecado.
Meu corpo foi fraco e, por míseros segundos, quase me entreguei a
um homem. Não um simples homem, mas um homem corrompido por
natureza.
A vergonha e a culpa me tomam, abraçando-me como uma serpente
que sufoca sua presa para devorá-la. Como pude deixar que o meu corpo
falasse mais alto que a minha consciência?
— Como pude? — esbravejo, atormentada. A culpa me consome. —
Eu não posso sentir isso, não posso querer ser tomada por ele desta maneira.
As lágrimas descem como cachoeira pelos meus olhos, inundando a
minha alma. Meus joelhos doem pelo tempo que estou ajoelhada, mas a dor
física não se compara ao peso que estou sentindo em minhas costas. Essa é a
Angelina
é inevitável.
Vejo-o trincar os dentes.
— Não me desafie!
Sua voz é hostil. Sinto sua mão segurar em meu braço; o aperto não
é forte, porém, seu toque queima a minha pele, mas desta vez é de repulsa.
Puxo o meu braço com força, negando-me a ser tocada por este homem.
— Não me toque — digo. — Como pode estar fazendo isso, depois
de… tudo? Depois de me tocar daquela forma?
afirmação.
— Pra você eu sou um monstro, não é? E um assassino não é digno
de tocar um ser tão imaculado! Foi por isso que me rejeitou daquela forma,
com repulsa?
ele diz, muito menos consigo decifrar o contentamento que vejo em seu rosto,
porém, isso pouco me importa agora.
Sem esperar que eu responda algo, em meio aos meus protestos de
mantê-lo longe, ele segura com firmeza o meu corpo junto ao dele e me leva
em direção ao elevador, como se eu fosse apenas um objeto descartável.
***
Já se passou mais de uma hora desde que ele me colocou em seu
carro. Estou encolhida no banco do passageiro, chorando aflita e com medo
de tudo que possa acontecer, enquanto ele dirige o carro sem se importar com
o meu estado emocional, como sempre faz. Alex olha a direção, concentrado
e calado, parecendo muito tenso. Percebo que estamos saindo de Manhattan e
não faço ideia de para onde.
Há dois carros pretos vindo logo atrás e um outro na frente. São os
homens que estão com Alex. Assassinos sem coração como ele.
De repente, o silêncio dentro do veículo é quebrado pelo toque alto
do celular dele.
— Diga! — atende.
Limpo o meu rosto, marcado por uma cachoeira de choro, e tento me
concentrar na conversa ao telefone.
— Ótimo! Nada pode dar errado, está me entendendo? — diz ele em
tom de ameaça para a pessoa que está na linha.
Os presentes dão passagem para que eu passe com ele e, assim que
fico na frente da muralha de homens, vejo o meu pai. Ele está acompanhado
com dois outros caras. Sua expressão está séria, os pulsos fechados, mas
aparenta estar muito bem cuidado, como se o tempo não tivesse passado. Os
cabelos bem cortados, a barba bem-feita como da última vez que o vi, há
muito tempo. O terno preto risca de giz está impecável, sem nenhum
amarrotado.
Ao vê-lo, meu coração dispara e até perco a fala; tenho sentimentos
conflitantes. Apesar de anos e mais anos sem nenhum contato, ele sempre foi
o provedor e um esteio para mim. Tudo o que preciso agora é abraçá-lo,
sentir um aperto protetor em minha volta.
— PAPAI — grito alto e tenho o ímpeto de me mover em sua
direção para encontrá-lo, mas Alex segura o meu braço, impedindo que eu vá.
— Não, Angelina. Fique quieta! — diz ríspido.
Volto a olhar para o meu pai, sentindo um forte aperto no peito. Um
pressentimento ruim.
— Robert Lucky. Aqui está a sua filha. Sua vida pela dela, como
você pediu — diz Alexander, em um tom de deboche.
— Não… Não — Choro copiosamente. — PAPAI — grito mais
uma vez, tentando me soltar das mãos de Alexander.
Papai para no meio do caminho, fazendo sinal para que os dois
parece aumentar.
Assim que o alcanço, abraço-o forte, derramando lágrimas sem fim,
por receio de esta ser a última vez que o vejo.
— Papai, como senti sua falta — digo, tocando os seus cabelos.
Eu deveria estar contente por, finalmente, estar livre, com o meu pai.
Mas a sensação ruim não sai do meu peito.
Algo se forma em minha garganta, impedindo a passagem do ar
quando confiro tamanho massacre. É aterrorizante. Vou orar e pedir a Deus
que os perdoe.
Sou levada para o outro lado da grande construção, onde há um carro
escuro luxuoso estacionado.
— Vem, Angelina, depressa! — diz ele.
Apresso o meu passo, mas ainda olho para trás, relutante em ir sem
saber o que aconteceu com Alex. Será que ele está bem? Rezo baixinho para
que ele tenha saído ileso. Não consigo explicar o que sinto, mas meu coração
dói. Eu não queria que as coisas terminassem assim.
tecido da camisa.
— Papai, eu… — Tento responder, mas sou interrompida.
— Que porra é essa? — pergunta ele, analisando um ponto
específico no meu pescoço. — Ele fez isso? Ele a obrigou a fazer algo? Ele a
conseguir entender por que ele me bateu dessa maneira. Seus olhos estão
vermelhos, cheiros de uma raiva que não entendo.
— Papai… — sussurro, magoada, levando a mão ao meu rosto. — O
que eu fiz?
— Você foi pra cama com aquele homem, sua maldita?
Paraliso.
— O quê? Não!
— Não? Então me explique essa marca no seu pescoço, sua
prostituta dos infernos!
desmaio.
Capítulo 17
Alexander
ele não é seu verdadeiro pai e que, ainda pior, assassinou sua mãe, poderia
confrontá-lo, como eu bem sei que ela faria. Conhecendo-o como conheço,
sei que ele poderia machucá-la em qualquer oportunidade que viesse a ter ou,
ainda pior, assassiná-la a sangue frio para eliminar vestígios dos seus crimes.
A verdade é que não sei o que está havendo comigo com relação a
essa menina. Não consigo sequer imaginar a hipótese de vê-la machucada.
Isso também inclui por minhas próprias mãos. Meu dever de eliminá-la
transformou-se no dever de protegê-la.
altruísta comigo? Sem pedir nada em troca, nem mesmo a sua liberdade?
Como eu poderia machucar alguém que me estendeu a mão, mesmo quando
eu fui um filho da puta? Tirei completamente da minha cabeça esse plano
idiota de matá-la junto com Robert. Desde o último assassinato que cometi,
um dos meus homens mais preparados para rastrear seus passos e se esconder
no local de troca e, claro, mantê-lo sob vigilância constante. Fui informado,
com detalhes, cada passo que ele deu. Estou ciente de toda a sua logística. Sei
quantos homens estão com ele, qual a posição de cada um e que armas estão
portando.
Robert realmente acha que pode me passar para trás, fazendo-me de
idiota, mas, neste exato momento, meu informante, que também possui seus
motivos para matar aquele verme, está se passando por seu motorista. Ele o
aguarda ansiosamente dentro do carro no qual Robert acha que vai conseguir
fugir levando Angelina.
Prendo o ar, fora de mim, quando ela o abraça desesperada, fazendo
meu sangue ferver de raiva. Dou um passo involuntário para frente, no
ímpeto de ir até ela e tirá-la de perto dele. Prefiro dar logo um fim no infeliz,
mesmo que ela me odeie pelo resto da vida. Porém, no exato momento em
que me movo para a frente, ouço o zunido de um tiro passar perto de mim,
acertando um dos homens que está ao meu lado.
Maldição! O tiro era para mim. Constato o óbvio já que, por uma
ironia do destino, não fui atingido. Maldito! Maldito também o idiota dentre
os meus comparsas que não fez o seu serviço direito. Estabeleci uma
marcação homem-a-homem e qualquer movimento suspeito deveria ter sido
debelado. Algum imbecil não detectou o atirador com antecedência.
Observo que o disparo não veio de nenhum dos babacas que estão
com Robert, ambos estavam imóveis até poucos segundos atrás.
Então era esse o plano dele? Fingir que iria se entregar e, surpresa,
um atirador que está escondido em algum lugar desta usina me acerta, e fim?
Pobre infeliz, pelo visto hoje não é o seu dia de sorte. Mesmo se eu tivesse
sido atingindo, retornaria do inferno apenas para arrastá-lo comigo!
Tudo acontece muito rápido, mas ainda consigo ver quando o
maldito, suposto pai de Angelina, segura-a no momento em que ela faz
menção de correr na minha direção. Não compreendo como que ela consegue
se preocupar comigo, mesmo depois de todo o mal e perigos que a fiz passar.
Porém, confesso que sinto alívio em saber que desperto alguma espécie de
sentimento nela. Sinto-me envaidecido.
Vejo uma sombra movendo-se rápido, pela fresta de uma das janelas
quebradas de um dos andares mais altos da usina e suponho ser exatamente
quem estou procurando. Passo do bloco de concreto para uma parede quase
desmoronando, sempre com minha Uzi pronta para o combate.
Assim que alcanço a entrada dos fundos da usina, corro rápido até o
pé das escadas, tomando cuidado para não fazer barulho, mantendo-me
camuflado entre as sombras do local há muito tempo abandonado e que,
devido às portas e janelas trancadas, encontra-se praticamente em um breu.
Preciso ser rápido, pois o sol logo vai começar a se pôr no horizonte
e a escuridão total pode ser uma forte aliada ou pode enviar minha caçada por
água abaixo. Manter um atirador de elite vivo — mesmo ele não sendo assim
tão bom —, sem lhe dar os devidos tratamentos, pode ser muito arriscado, até
posso sentir o cheiro do medo de longe. Algumas réstias de luz entram pelo
telhado esburacado, deixando alguns pontos do corredor com luminosidade,
enquanto outros quase que completamente no breu.
Continuo andando em direção ao local em que ouvi os barulhos
sinto um baque forte no meu braço, fazendo com que eu perca o controle do
meu punho e a Uzi caia longe com o impacto.
Porra!
Meu braço arde pela pancada brusca e sou obrigado a me equilibrar
na parede para não cair.
— Fique parado! — A voz do maldito ressoa alto, forçando-me a
olhá-lo.
Franzo o cenho.
É o imbecil que estava fazendo a vigia da Angel na pensão. O
maldito traidor! Ele está todo vestido de preto, com uma roupa maleável e
própria para se camuflar no escuro, enquanto segura um fuzil apontado direto
para a minha cabeça.
Caralho! Não esperava por essa.
que ecoa pelo corredor. Não me amedronto. Um homem como eu nunca está
despreparado.
Dou outro passo para trás, obrigando-o a se aproximar novamente de
mim, sem nem ao menos desconfiar do que pretendo fazer.
gemidos de dor.
— Peça perdão e diga que é um imbecil.
— Vai para a puta que te pariu, maldito!
— A puta que me pariu já deve estar morta há muito tempo.
debatendo-se.
— Diabo maldito! Ahhhhh! Porra.
Quanto mais ele geme e grita dolorosamente, mais minha sede de
sangue aumenta e mais eu pressiono o vidro dentro da ferida. O homem me
soca com desespero, mas seus movimentos são insignificantes quando tudo
que penso é vê-lo sem mais nenhuma gota de sangue no corpo. Quando ele
finalmente não tem mais forças, ouço sua voz fraca:
— Perdão.
tudo se acaba.
Retorno ao fundo do corredor, a passos rápidos. Ainda tenho muito o
que resolver nesta merda. Pego minha Uzi que está jogada no chão, guardo a
pistola e rumo para fora do prédio com a intenção de dar continuidade ao
massacre. Ninguém que tenta brincar comigo sai ileso.
Ao retornar para o pátio da usina, deparo-me com os meus
comparsas, que me aguardam de pé, próximos ao bloco de concreto, e
diversos corpos ensanguentados espalhados pelo chão. Entre eles, dois dos
meus fiéis homens. Porra! Minha vontade é fundir os miolos de Robert Lucky
nestas paredes sujas até não restar mais nenhum vestígio dele.
Paro entre os corpos, puxo o ar profundamente e solto, analisando
tudo à minha volta.
— Os inimigos estão todos mortos, Alexander — confirma um dos
situação.
— Eu disse que não era pra deixá-la inalar o gás, seu imbecil! —
esbravejo, segurando o homem pelo colarinho do paletó.
Vejo-o arregalar os olhos amedrontado com meu comportamento
animal.
— Não… Não tinha como tirá-la sem que ela inalasse o gás. Se eu
fizesse isso, correria sérios riscos de Robert Lucky fugir — explica.
— Porra!
Devo tirá-la daqui o mais rápido possível e acabar logo com esse
babaca que ela conhece como pai. Preciso terminar com isso, sem mais
delongas.
Passo meu braço esquerdo por baixo de suas pernas e o direito por
acariciando as maçãs rosadas e bem-feitas do seu rosto, vejo algo que faz
uma corrente elétrica eriçar todos os meus nervos.
— Que caralho aconteceu aqui? — murmuro possesso vendo marcas
vermelhas em sua face, como se ela tivesse ganhado um forte tapa. —
Inferno!
Deixo-a no carro e fecho a porta, porém deixo os vidros semiabertos
para entrar ventilação. Ela precisa respirar ar puro. Logo em seguida, saio a
toda pressa em direção ao veículo no qual deixei Robert Lucky.
— O que ele fez com ela, caralho? — questiono ríspido ao
logo despertará, e aceno para um dos homens que está sob minha ordem para
que busque o balde com água gelada.
— Humm — ele geme. Está acordando. — O que houve? —
murmura desorientado, ainda com os olhos fechados.
presença.
Ele mexe o corpo com brusquidão, forçando a corda fina que
amarrei em cima do corte em sua perna, apertando o ferimento como uma
serpente aperta sua presa. Seu grito de dor é estalado, soa como música em
meus ouvidos.
Ele mantém o corpo trêmulo imóvel, puxando o ar com tragadas
desesperadas, e passa a observar os cantos do ambiente mal iluminado e sujo,
exatamente como as suas mãos, até que seus olhos gelados se deparam com
os meus.
desta história.
— Você é um miserável, Alexander — sussurra.
— O círculo se fechou, Robert — digo, próximo ao seu ouvido. —
Você vai pagar com a vida pela sua traição dentro da máfia. A tortura vem de
brinde por ter agredido a minha garota. Mas… posso aliviar um pouco para o
seu lado se você me contar quem é o verdadeiro pai dela.
— Vá se foder, filho de uma puta — ele grunhe irritado, remexendo
o corpo.
Jogo os meus ombros e cabeça para trás, relaxando os nervos, e,
mais ele se move, mais os ferimentos em seu corpo doem. Quanto mais ele
sofre, mais minha sede de sangue aumenta.
Aceno mais uma vez para o meu comparsa tirar o plástico e vejo
Robert puxar o fôlego com desespero. Ainda não pretendo matá-lo, mas
confesso que quero vê-lo implorando pela vida.
Antes que ele consiga recuperar o fôlego por completo, ordeno que o
plástico seja recolocado em sua cabeça e só dou ordens para retirar quando
Robert está quase desfalecendo.
Repito o processo por várias e várias vezes.
pano rasgado. Preparo-me para mais outra rodada de torturas, até me sentir
saciado, quando um dos homens que está fazendo a segurança de Angelina no
meu carro vem até mim.
— Chefe. A menina despertou — informa ele.
Alexander
marteladas.
— Ai! — Coloco a mão em minha testa, que lateja
descontroladamente, enquanto tento mover o corpo.
Abro os meus olhos com dificuldade e me deparo com a escuridão
do ambiente, o que faz meu corpo entrar em alerta.
— Meu Deus. Onde estou?
Sento-me com extrema dificuldade. Minha vista está embaçada e
sinto-me zonza, como se estivesse dentro de um globo girando, o que me
força a fechar as pálpebras novamente.
lembranças me atingem com força, fazendo com que uma lágrima dolorosa
escorra por minha face.
Levo a mão ao meu rosto, sentindo o local inchado, como se a carne
tivesse sido esmagada.
Respiro aliviada por vê-lo bem. Por um momento, pensei que nunca
mais o veria de novo e a sensação confusa desta constatação fez o meu
coração se apertar, angustiado. Contudo, ainda sinto algo estranho martelar
dentro do meu peito, a sensação de que há algo errado acontecendo.
Ele caminha com firmeza, a passos largos e rápidos na direção de
onde estou, enquanto o vento balança os seus cabelos.
Quando ele abre a porta do carro e senta-se ao meu lado, a primeira
coisa que sinto é o cheiro metálico e inconfundível de sangue fresco que
exala de suas roupas, vindo junto com o ar, fazendo meu estômago vazio
revirar.
Encolho-me em um canto, apavorada, sem conseguir pronunciar
nenhuma palavra, sentindo o medo me atingir por completo.
Será que ele está machucado? Ou seria de outra pessoa? Não quero
para ter pena, nem clemência. Não terei piedade em torturá-lo com frieza na
sua frente, até conseguir o que quero.
Assinto, esperançosa. Que Deus me perdoe por mentir, mas não serei
capaz de ficar de braços cruzados apenas observando.
O homem que por toda a minha vida conheci como pai está
amarrado em uma cadeira como um animal sendo preparado para o abate.
Suas roupas estão rasgadas, o corpo coberto de sangue dos pés à cabeça. Ele
se dá conta da minha presença e me encara com os olhos inchados pelos
hematomas severos.
Coloco a mão em minha boca, chocada, quando vejo a fratura
exposta em seu braço esquerdo.
Alex me desce dos seus braços e, assim que coloco os pés no chão,
caio de joelhos no chão sujo, aos prantos, baixando as vistas, com as mãos
juntas em oração.
Ninguém, por mais cruel que seja, merece passar por todo esse
sofrimento.
De olhos fechados, sentindo o gosto salgado das lágrimas em minha
boca, ouço mais gritos do meu pai. Levanto a cabeça, procurando forças para
encarar essa cena e deparo-me com Alexander agachado na frente dele,
segurando uma faca, enquanto fala coisas que não consigo compreender.
A essa distância, ouço apenas murmúrios.
Os outros homens estão afastados, próximos à porta, apenas
observando a cena como verdadeiros cães de guarda.
Papai já não me encara mais, está vidrado no homem à sua frente.
Depois de alguns segundos, vejo-o sorrir de algo, um sorriso sombrio que
— Se fizer isso, Alex, nunca poderei perdoar você! Por favor, não o
mate — peço, fitando os seus olhos.
Ele respira fundo, sem desviar seu olhar do meu por um tempo,
mantendo-se parado, com a arma apontada na direção do meu pai e a outra
Alexander
toda aquela palhaçada. Meu sangue ainda ferve de raiva, de revolta e ódio de
mim mesmo. Como ela consegue ser tão ingênua, caralho?
Deixo a menina na sala, sem me importar com o que ela vai fazer, e
sigo para o meu quarto na intenção de tomar um banho e tentar me acalmar.
Fiz todo o percurso de volta para o meu apartamento em silêncio. Se
eu abrisse a boca, seria capaz de xingá-la até a eternidade. Ela também não
abriu o bico para mais nada, a não ser para agradecer enquanto me abraçava
desesperada dentro do galpão. Aquilo me desestabilizou, inferno. Essa
mulher me desestabiliza! Pior foi que eu adorei aquele gesto espontâneo e os
seus braços ao meu redor, como ela nunca havia feito antes.
O que eu fiz foi a maior burrada de toda a minha vida, mas não fui
capaz de negar o pedido da garota de não matar o "pai". Porra, desde quando
eu sou tão baba boceta assim, caralho?
Tiro toda a minha roupa suja de sangue e a jogo no meio do quarto
mesmo, incluindo a cueca, e sigo para o banho. Estou possesso.
Irado, soco o azulejo do banheiro com força, sentindo meus dedos
arderem com o impacto. Ligo o chuveiro e observo a água escorrendo no
piso, sentindo o sangue minar das juntas dos meus dedos. Ajusto a
temperatura da água para quente e entro debaixo do chuveiro. O vapor me
cobre dentro do banheiro e acalma um pouco os meus nervos. A água dilui o
sobre o que irei fazer com aquele babaca de merda a partir de agora. Antes de
sair de lá, deixei ordens explícitas para que os meus comparsas o jogassem
dentro do porão mofado e cheio de ratos que fica no fundo do galpão,
enquanto eu decido para que inferno envio o desgraçado. Lá, ele poderá
aproveitar com conforto as dores dos estragos que fiz em seu corpo.
De certa forma, agrada-me pensar que, ao invés de ter uma morte
rápida que abrevie a sua agonia, posso promover um sofrimento longo e
duradouro para ele até o fim dos seus dias.
safada.
***
Angelina
Saio da sala nervosa e envergonhada devido às insinuações dele. Sei
o quanto ele está nervoso comigo, e entendo o motivo. Robert é um homem
ruim, perigoso e descobri isso da pior maneira; contudo, não poderia permitir
que ele fosse assassinado. De acordo com os meus princípios religiosos,
somente Deus pode decidir sobre a vida e a morte. É mais justo que ele pague
Não faço ideia sobre a direção que a minha vida tomará a partir de
agora; no entanto, ainda preciso conversar com Alex para entender melhor
essa história sobre o meu pai. Também imagino que ele deva me deixar voltar
para o convento, já que agora não tenho serventia para mais nada. No
momento, contudo, prefiro não o incomodar. Vou dar um tempo ou esperar
que ele venha falar comigo.
Aproveitando que estou com minha fome saciada e ele está na
cozinha alimentando-se, decido tomar um banho para aliviar a tensão do dia e
tentar me livrar dos odores nauseabundos que ainda parecem estar
descompassado. Sinto sua fúria sobre mim de uma maneira tão profana que
perco o fôlego.
— O que você fez hoje não foi legal, Angel! — diz ele, em um
grunhido gutural. — O que eu fiz por você hoje pode pôr minha cabeça em
uma bandeja de prata, caralho. Mas estou disposto a correr o risco se você
dormir comigo e me deixar saciado. — A voz dele é tão grave e firme que
sinto como se eu fosse desfalecer a qualquer momento. Tomo consciência da
gravidade do que eu fiz e das implicações dos meus atos. — Pra tudo tem um
— Eu não faria isso se fosse você. — Sua boca larga o meu pescoço
e avança pelo meu queixo, fazendo com que eu anseie por um beijo. — Você
pediu e eu fiz, agora quero a minha recompensa.
— Alex… Eu não… — Tento afastá-lo, mesmo sabendo que meu
Sua boca já está lambendo o lóbulo da minha orelha, torturando-me como ele
sabe muito bem fazer, enquanto a sua excitação se encaixa perfeitamente na
curva da minha bunda, prensando-me desesperadamente contra o colchão
macio.
Sua mão prende os meus braços acima da minha cabeça, enquanto a
outra acaricia a minha coxa e sobe até a minha cintura.
— Alex. — Solto um gemido sofrido. Meu corpo inteiro perde os
comandos quando ele avança. Pareço uma marionete movida pela vontade de
sentir mais dele.
— Abra as pernas, sua safada. Quero sentir sua boceta — ele fala
palavras sujas e indecentes, fazendo o meu corpo ter reações inesperadas.
Sinto meu ventre formigar, ao mesmo tempo que um líquido quente e viscoso
encharca a minha intimidade de uma forma vergonhosa.
nádegas.
Alexander está de joelhos na cama, entre as minhas pernas, com a
expressão tensa e o olhar cravado no meu sexo. Ele está vendo tudo, cada
milímetro das dobras da minha vagina, cada orifício.
Coro, envergonhada.
— Sua boceta me enlouquece, menina! — diz ele, com a voz rouca.
— Irei te foder toda, Angel, até esse rabo delicioso, e não será apenas com o
meu pau.
Só consigo choramingar baixinho, sentindo os toques dele em mim,
sem deixar de encará-lo. Ele fala coisas que às vezes não compreendo e, para
falar a verdade, morro de medo de descobrir.
Ele abaixa o rosto e morde as minhas costas, intercalando mordidas
pela aproximação tão crua com a sua nudez. Movo-me rápido, tentando de
alguma maneira me desvencilhar dos seus braços, mas ele me segura forte
contra o seu corpo, passando a mão em minha cintura.
Seu beijo é faminto… Delicioso… Quente… Deixa-me
No entanto, sinto que ainda é cedo demais. Meu corpo o quer, isso
não posso negar, mas não posso fazer algo impensado, pelo calor do
momento. Pode ser que eu me arrependa pelo resto da vida, devido aos meus
princípios religiosos.
— Alex — chamo, interrompendo o beijo.
— Sim — ele responde de forma sôfrega, como se estivesse
anestesiado. Abro os olhos e o encaro fixamente. Ele faz o mesmo.
— Eu ainda não estou preparada, por favor, me entenda!
Para a minha surpresa, ele assente sem relutar. No entanto, sinto meu
coração falhar uma batida quando ele pega a minha mão e faz com que eu
segure o seu pênis.
— Me dê prazer — pede.
Trêmula, continuo segurando o membro dele, estranhando a
ficando ainda mais molhada. Aperto minhas coxas para tentar amenizar meu
desejo e, sem perceber, começo a apertar o pênis dele.
— Angel, porra! — ele grunhe alto e eu o olho. — Não para!
Ele me encara com a testa franzida, enquanto sibila coisas
desconexas. Os olhos verdes brilham com intensidade e a sensação que tenho
é que estou diante de um lobo faminto pronto para atacar.
Aperto mais o seu pênis em minha mão e continuo fazendo os
movimentos que Alex me mostrou. Olho-o com ainda mais curiosidade
uma bomba. Alex me puxa para perto de si, forçando-me a deitar do seu lado,
e então sua mão invade o meu sexo.
Não contesto, nem me esquivo, apenas me entrego às sensações do
prazer. Quando finalmente me liberto, gritando e arranhando o colchão,
Angelina
proposta indecente e imoral que ele me fez. Naquela noite, pensei que poderia
tocar seu coração endurecido pela vida, mesmo que sutilmente. Achei que lá
no fundo ele ainda cultivava bons sentimentos.
Ao poupar a vida do meu pai, em razão de um pedido feito por mim,
meu coração bateu mais forte de uma forma terrivelmente estranha, como se
clamasse para que o dele também sentisse algo, o mesmo que eu sentia. Eu
não conseguia explicar, talvez fosse gratidão.
rosto. Mais uma vez, eu estava sendo usada como moeda de troca,
encurralada em um beco sem saída, sem chance de escolhas. Naquela noite,
saí correndo do seu quarto; queria fugir da sua vista o mais rápido possível.
Saí apenas enrolada no lençol, enquanto minha dignidade era jogada no lixo.
Contudo, agora preciso de um analgésico e absorventes, e só tenho ele a
quem recorrer. Pensar nisso me faz tremer, envergonhada. O pior é que eu
realmente não sei como devo jogar esse jogo, porque é isso que ele está
fazendo comigo: jogando com a minha fragilidade para que eu vá para a
combustão, mas que ao mesmo tempo fizeram com que eu me sentisse uma
desavergonhada sem respeito. Desde então, tranquei-me no pequeno quarto,
onde dormi no dia em que fui trazida para o apartamento dele e tenho saído
apenas para usar o banheiro, quando ele não está, e comer algo — embora
aperta de forma drástica. O pior de tudo é que cada momento íntimo com ele
foi assustador, mas terrivelmente bom, e eu me amaldiçoo todos os dias por
ter gostado tanto.
No entanto, ao menos agora, terei um pouco mais de tempo para
pensar em uma forma de fugir dos braços deste homem sem escrúpulos, que
me seduz de maneira tão fácil, mesmo contra a minha vontade. A presença
dele é um perigo para o meu corpo e a minha mente.
Olho os lençóis manchados de sangue e sinto meu corpo esmorecer.
Meu ciclo menstrual se adiantou alguns dias e trouxe junto uma daquelas
cólicas que tanto temo, que me deixam de cama e sem ânimo para nada. Está
até difícil respirar de tanta dor que estou sentindo.
Levanto-me, firmando as mãos na parede, sentindo minhas pernas
tremerem a cada movimento que faço, e sigo para a porta. Preciso verificar se
Alexander está em casa para que possa me ajudar, caso contrário, terei eu
mesma que providenciar algum analgésico.
Algumas gotas de sangue escorrem pelas minhas pernas e pingam no
chão, deixando o piso manchado e a minha cara quebrada de tanto
constrangimento. Prendo a respiração e torço para que Alex não me veja
nesta situação constrangedora. Pensando bem, é melhor que ele não esteja por
perto mesmo, posso me virar com alguns panos para conter o fluxo e água
morna para aliviar o incômodo.
e visto outra roupa o mais depressa que consigo. Em seguida, volto para o
outro quarto, sentindo minhas pernas bambas, porém não quero correr o risco
de dar de cara com ele aqui dentro.
Afasto os lençóis sujos para o lado, imaginando o que farei para
limpar tudo isso sem que ele veja. Dobro a toalha e forro na cama para que o
fluxo não molhe o colchão, deito-me de lado e agasalho o pano morno em
meu ventre. Mesmo sentindo calafrios em meu corpo, tento não me
desesperar e fico quieta, na esperança que a dor passe logo.
***
Alexander
Dentro do meu carro, amaldiçoo cada segundo da noite de merda
que fui obrigado a passar resolvendo alguns probleminhas envolvendo o FBI,
Ela sequer está olhando no meu rosto nestes últimos dias. Desde que
coloquei minha cara a tapa e fiz a chantagem para que ela transasse comigo,
evitou-me cem por cento das vezes em que tentei me aproximar. Mas tudo
bem, o relógio está correndo sem parar, as horas não esperam e eu não
brinquei quanto à ameaça. Enquanto isso, Robert está comendo o pão que o
diabo amassou dentro do porão do galpão, já que sua estada em uma prisão
de segurança máxima no meio do oceano está sendo detalhadamente
preparada. Tenho absoluta certeza de que Angelina vai ceder, até porque não
deixei muitas opções. Porra, estou enlouquecendo.
Deixo o carro no estacionamento e entro no elevador que dá acesso
ao meu apartamento, inquieto. Desço o zíper da jaqueta de couro que uso,
sentindo-me sufocado e louco por um banho, seguido de longas horas de
descanso.
Ao chegar na sala, sigo a passos rápidos em direção ao meu quarto,
já tirando a minha roupa. O apartamento está um verdadeiro silêncio.
Imagino que Angel continue trancada no minúsculo quarto de hóspedes,
evitando-me o máximo que pode.
Após o banho, vou até a varanda com a toalha enrolada em volta da
cintura. Olho o tráfego de carros lá embaixo e suspiro fundo. Após alguns
segundos sentindo o vento no meu corpo, dou meia-volta, sigo até o armário
e pego uma calça de flanela, vestindo-me.
estando com roupa e tudo. Reparo que sua roupa está completamente suja,
assim como a minha calça.
— Fique aqui. Vou até a farmácia comprar o que você precisa —
informo.
preciso disso. Posso me virar sozinho, até porque nunca dependi de ninguém.
Além disso, é só absorvente, não deve ser difícil.
Passo pelo corredor de shampoos, condicionadores e demais
frescuras femininas e, admito, não imaginei que precisassem de tudo isso
para um único banho. É só sabão, porra. Aproveito e pego alguns frascos para
ela.
Enfim, chego à ala onde ficam os absorventes e, para a minha total
surpresa, a porra da prateleira vai de um lado ao outro da farmácia. Para que
tanto dessas porras? Qual eu levo?
Pego alguns pacotes e começo a ler as descrições, sem entender
absolutamente nada. Com abas, sem abas, íntimo… Se coloca na boceta, é
tudo íntimo. Quem foi o filho da puta que fez isso?
que apresento.
— Preciso de peças íntimas e roupas secas — responde.
— Ok. Eu não tenho problemas em te emprestar minhas cuecas. —
Pisco. — Consegue se levantar?
Ela franze o cenho diante a minha resposta, mas balança a cabeça em
concordância, movendo o corpo. No entanto, quando tenta se levantar,
percebo que suas pernas tremem, impedindo que consiga se firmar sozinha.
Seguro-a pela cintura e a mantenho parada, até que consiga ficar em
Levo meu dedo ao seu rosto e o acaricio para acalmá-la. Esta menina
conquistou o meu respeito e eu sequer havia me dado conta. Sinceridade e
bondade eram coisas que eu nunca havia presenciado até conhecê-la. Se não
bastasse, ainda é corajosa e justa, mesmo quando não deve.
Suspiro pesadamente e descarto a camisa molhada, mantendo o meu
olhar preso no seu todo o tempo. Em seguida, ligo o chuveiro para tirar os
vestígios de sangue que estão em seu corpo, deixados pela água da banheira,
e, enquanto ela se abraça debaixo da água morna, pego uma toalha.
difícil admitir para mim mesmo, mas não dá para negar que eu sinto empatia
por ela. Angelina tem uma língua afiada e me desafia até o limite, mas é
inteligente e linda para caralho. Eu estou fascinado por ela, como é possível?
Depois de um momento, retorno ao quarto ainda em tempo de vê-la
Encosto-me ainda mais, sabendo que meu pau duro vai assustá-la,
mas estou cego demais para me dar conta disso. Quando dou por mim, já
estou com a mão envolvendo a sua cintura, enquanto os meus lábios
exploram a curva do seu pescoço, sentindo a textura macia de sua pele, indo
em direção à orelha delicada.
Seus pelos se arrepiam instantaneamente e ela ofega; em seguida,
vira-se.
— Alex, eu preciso descansar — diz ofegante, com os lábios
Angelina
que é o mesmo papel que estava no bolso da calça de Alexander naquele dia.
Contudo, desta vez, decido ir em frente para saber do que se trata.
Vejo alguns recortes de jornais, mas primeiro decido ler o conteúdo
do documento e confirmo que o teste de paternidade é negativo para Robert
Lucky.
Fecho os meus olhos, sentindo-me aflita, imaginando todo os anos
em que vivi enganada, sem ao menos saber quem sou de fato.
Puxo o ar para os meus pulmões e decido continuar. Desta vez, pego
os recortes de jornais antigos e, quando leio a primeira manchete, sinto o ar
foi um pai presente — desabafo, mesmo não tendo certeza que Alex possa
entender a minha mágoa e o sentimento de abandono que carrego cravados
no peito.
Seus olhos estão sombrios, como se ele carregasse um fardo pesado,
difícil de suportar. Como se a minha confissão tivesse trazido lembranças.
Pergunto-me o que este homem carrega na bagagem? O que será que o fez se
tornar alguém assim?
Seus braços me envolvem e eu me permito chorar em seu peito,
como nunca pude fazer antes com alguém.
não sentir. Mas não posso permitir que ele suje as mãos com o sangue
daquele homem, mesmo que seja um monstro. A morte não está nas mãos dos
homens. Ele merece um castigo justo perante a lei e sei que também receberá
o devido castigo divino.
— Não. — Afasto-me e o encaro. — Deixe-o viver. Eu quero que
ele pague em vida perante os homens por tudo o que fez! — Peço
internamente que Deus me perdoe e o perdoe, porque eu não sou capaz.
Alexander acena com a cabeça, concordando com as minhas
palavras, e se afasta. Limpo o meu rosto com a palma da mão à medida que
meus nervos voltam a se acalmar.
— Eu te compreendo. Cada maldito detalhe — diz, virando-se em
direção à porta. — Mas a vida me fez forte, Angel. Eu aprendi na marra, à
força. Aprendi com o gosto do sangue a não abaixar a cabeça para ninguém,
nunca.
Respiro fundo, com pesar, enquanto processo as suas palavras duras
que carregam um peso angustiado.
— O que aconteceu com você? — questiono.
— Se abra comigo.
— Não dá. É pesado demais para que você entenda, menina.
Esquece isso.
Alex dá um passo para a frente e sai do quarto, deixando-me ali
pensativa sobre as suas palavras, perdida com meus próprios demônios, com
o peito apertado e o coração sangrando, por mim e por ele.
***
Os dias passam sem que eu me dê conta. A convivência entre nós
dois está a cada dia mais estranha. Não de uma forma ruim, mas de uma
maneira que me deixa assustada devido à nossa aproximação. Alex está
mudado, não é o mesmo homem grosseiro que conheci semanas atrás. Às
vezes tenho impressão que ele sente algo por mim, pois me olha com um
certo brilho no olhar, mas talvez seja apenas impressão, não sei.
Por diversas vezes, ele me beijou de uma forma suave durante algum
período do dia, como se tentasse estabelecer mais intimidade. Também me
deu roupas novas. Em um primeiro momento, fiquei receosa em aceitar,
pareciam caras e sofisticadas demais para mim, mas, dadas as circunstâncias,
não tive escolhas. Era melhor que continuar usando as roupas dele.
Em pé, de frente às vidraças da sala, observo o movimento dos
carros na rua movimentada lá embaixo. O brilho do início da noite me abraça
e me aconchega, fazendo-me entender que ainda há muito que preciso
forma tão natural e espontânea. Ele tem dentes perfeitos e seus lábios
levantam-se de forma muito sedutora. Percebo que continuo sorrindo, em
retribuição.
— Seu sorriso é lindo — diz ele, inesperadamente, e até me
surpreendo por estar pensando o mesmo sobre ele, ao mesmo tempo.
Continuo encarando-o por longos segundos, sem desviar o olhar, e,
quando me dou conta que estou praticamente babando, pigarreio e volto a
falar:
capacetes.
— Vamos? — diz, apontando para a moto.
Uau. Confesso que sinto um arrepio gelado na espinha. É a primeira
vez que irei montar na garupa de uma moto, e ainda com ele. Mordisco o meu
lábio inferior tentando controlar o medo, mas digo a mim mesma que eu devo
ir, afinal posso não ter outra oportunidade.
— Vamos — confirmo animada.
***
O vento me chicoteia com força nas pernas, mas nada é capaz de
Sigo-a até sua sala, mas sinto meu peito doer intensamente quando
vejo caixas e mais caixas espalhadas pelo chão. Algumas já abarrotadas de
coisas.
Olho para trás e não vejo mais Alexander; concluo que ele tenha ido
lá para fora, pois não parecia estar à vontade aqui dentro.
Puxo o ar e volto toda a minha atenção para Susan, que me olha com
mil pontos de interrogação.
— Susan, antes de tudo, quero pedir que não conte à Madre sobre a
minha visita. — Ela arregala os olhos, estranhando o meu pedido. Imagino o
últimas semanas. Não posso entrar em detalhes para não pôr vocês em perigo.
Mas tudo o que aconteceu tem ligação com o meu pai — digo por alto,
tentando acalmá-la.
— Pensávamos que estivesse morta — confessa, passando o dedo
embaixo dos olhos para secar uma lágrima.
— Eu estou bem agora. Só peço que confie em mim, tá bem?
Ela assente e anda para detrás da mesa.
— Como estão as coisas por aqui? — pergunto, tentando quebrar o
— Eu sei que sim. Você foi um dos principais motivos pelo qual
conseguimos manter este lugar funcionando por tanto tempo. — Ela vem até
mim e segura na minha mão. — Você foi nosso anjo e é realmente uma pena
tudo se acabar assim.
— Oi — cumprimento-a calmamente.
— Oi, irmã. Que bela surpresa.
Curvo os lábios em um sorriso discreto e me aproximo.
— E esse meninão lindo? — Pego no queixinho dele, vendo-o largar
o bico da mamadeira e abrir um sorriso lindo.
Fico toda derretida.
Caleb é um guerreiro desde o dia em que nasceu. Agora, com seis
meses de idade, já carrega uma história triste nas costas. O menininho de
lindos olhos azuis e quase sem nenhum fio de cabelo na cabecinha foi
guerreiro teve que passar assim que nasceu. Mas graças a Deus ele conseguiu
e hoje é um menino forte e saudável.
— Posso pegá-lo? — pergunto a Jenna, uma senhora de meia-idade
que ajuda no orfanato com trabalhos voluntários.
— Claro, minha querida, fique à vontade. Eu vou até a cozinha pegar
mais leite pra este pequeno comilão.
Ela me entrega o bebê e, logo em seguida, sai.
Seguro-o com cuidado, encantada com o quanto ele cresceu. Caleb
abre outro sorriso para mim quando brinco com a sua mãozinha, e é a
coisinha mais linda que já tive o prazer de presenciar.
Quando me dou conta, estou com o rosto banhado por lágrimas,
imaginando que futuro aguarda estes pequenos anjos.
— Você é forte, meninão. É um bebê muito guerreiro e lindo, não é?
— Faço um estalo com a boca, imitando seus barulhinhos, e, quando ele sorri
de novo, o mundo parece parar à minha volta. — Deus vai te proteger, meu
amor, eu sei que vai.
Coloco-o em meu peito, firmando sua cabecinha em meu ombro,
desmaia quando vê Alexander na sala. Ela olha de mim para ele, confusa,
mas nada diz e eu agradeço internamente por sua discrição. Entrego-lhe o
bebê e me despeço. Sinto como se uma parte do meu coração estivesse sendo
deixada aqui dentro, partida em mil pedacinhos.
Quando coloco os pés para fora, não consigo mais me segurar, então
recosto na parede, caindo em prantos.
Alex para de costas para mim, olhando para o chão, como se
estivesse pensativo e incomodado com o meu choro. No entanto, continuo
parada, sem forças para prosseguir.
— Angel, vamos — chama.
— Eles vão ser despejados, Alex — digo, desesperada. — Por favor,
ajude-os — peço, sem muitas alternativas. Mesmo sabendo que ele não é a
pessoa mais indicada para que eu possa pedir algo neste patamar.
— É o destino deles — responde, frio. — Exatamente como foi o
meu.
— Não diga isso — peço, aproximando-me de suas costas para tocá-
lo no ombro.
— Vamos embora, agora! — diz, ríspido.
Encolho o meu braço e nada respondo. A alma dele ainda está
machucada demais para que possa enxergar as coisas com clareza, mas sei
que, lá no fundo, ainda tem um coração.
escapar um gemido.
— Angel! — ele murmura em meu ouvido e todo o meu corpo se
arrepia. Seus toques são pesados, mas me levam ao céu, de uma maneira
rústica, mas terrivelmente excitante. Estou quase lá, só mais um pouco… —
Angel, acorda.
Abro os meus olhos, ainda inebriada, mas, assim que percebo que
tudo não passou de um sonho, suspiro pesadamente como se tivesse tomado
um banho de água fria.
Os olhos dele me encaram, curiosos e intensos, como se soubesse
exatamente cada detalhe do que eu estava sonhando. Meu sangue gela
quando me dou conta que estou com a mão dentro da minha calcinha e, em
um ímpeto, dou um pulo para trás, envergonhada.
um lado para o outro, mas não consigo dormir. A imagem dele me tocando
não sai da minha cabeça, a textura dos seus dedos parece estar cravada em
minha pele. Estou ansiosa, excitada e completamente molhada.
Ainda trêmula, levanto-me e decido ir ao quarto dele.
Abro a porta devagar, sentindo as batidas fortes do meu coração.
Espreito o quarto e entro. A luz está acesa, mas vejo-o na varanda, olhando a
noite como gosta de fazer. Mesmo com a pouca iluminação naquela parte do
apartamento, consigo ver os cabelos castanhos balançando por causa do vento
e o corpo nu da cintura para cima.
Uma música baixa está tocando. Não é uma letra romântica, como
qualquer mulher sonharia em ter na sua primeira vez. Fala de uma vida vazia,
de uma jornada sem sentido, que no final do dia as coisas não parecem ter
importância alguma. Mas, para mim já é o bastante.
Alexander
Pensativo e sem rumo, ando pela rua escura com as mãos nos bolsos.
Já tem um bom tempo que deixei Angelina na sala do meu apartamento e saí
da sua vista. Preciso pôr minha cabeça em ordem.
Ando sem destino, entre um beco e outro, procurando uma solução
para esquecer o meu passado idiota, enquanto as lembranças gritam na minha
cabeça.
— Levanta, garoto. Haja como um homem e me enfrente. — A voz
dele soa em minha cabeça como se fossem lembranças frescas. Lembro-me
detalhadamente de cada mísero segundo dos dias que sobrevivi como um
condenado fadado à desgraça. Fecho os olhos e ainda recordo de um dos
àquele lugar com ela só me fez relembrar o quanto padeci em grande parte da
minha vida.
Sorrio sarcástico e paro no meio do caminho. Já não sei mais para
onde ir. Talvez seja melhor voltar para o apartamento e enfrentar todas as
perguntas que com certeza ela planejou me fazer.
Bufo, irritado. Não com ela, mas comigo mesmo. Essas coisas não
deveriam me atingir com tanta intensidade.
Depois de algum tempo, finalmente estou de volta ao meu
apartamento. Quando o elevador se abre e eu coloco os pés dentro da sala,
dou alguns passos para frente e a vejo deitada no sofá, quase de bruços,
ligeiramente encolhida.
Aproximo-me, decidido a acordá-la e lhe dizer que irei acatar o seu
pedido de ajudar as crianças do orfanato. Afinal, o que são apenas alguns
dólares? Não que eu me importe com os pestinhas, mas esse valor sequer fará
cócegas no meu bolso, e acho que, de todo modo, devo a ela um favor, de
quando fui atingido por aquele tiro. Ainda tenho honra com quem merece.
Olho-a com curiosidade ao ver que, mesmo dormindo, sua testa está
franzida e ela mexe o corpo com movimentos sutis, ao mesmo tempo em que
deixa escapar gemidos quase inaudíveis de sua boca.
— Angel! — Toco seu braço e a chamo baixo para não a assustar.
Sua pele está quente, quase febril. — Angel, acorda.
ponto. Ela responde coisas sem nenhum nexo, como se não tivesse
compreendido nada do que falei, como se estivesse em uma outra dimensão.
Parece que ainda não despertou totalmente do sonho.
Respiro fundo e explico melhor o que eu havia acabado de dizer e,
fria. Enquanto a água escorre pelo meu corpo, seguro meu pau duro e começo
a me masturbar, mantendo meus olhos fechados. Tento me concentrar na
imagem dela gemendo embaixo de mim, enquanto a penetro com força, mas
nem isso me acalma. Estou em um nível tão extremo de tesão que nada é
capaz de me satisfazer, a não ser ela. Eu preciso estar dentro dela!
— Porra! — Soco a merda da parede, descontrolado.
Se eu continuar assim, vou acabar sem dedos, com a parede
arrebentada e priapismo. Inferno!
Desligo o chuveiro e quase quebro o registro, de tanta força que
tentar.
Turn The Page começa a tocar; é uma das minhas músicas favoritas.
Apesar da melancolia, se identifica exatamente com o que sou agora. Estou
vivendo uma vida vazia.
Abro o vidro que dá acesso à varanda, sentindo o vento suave me
abraçar, e caminho lentamente até próximo ao guarda-corpo. Na minha
frente, tenho a cidade iluminada como cenário, o coração de Manhattan, onde
tudo pode acontecer. Ao menos era assim que eu imaginava.
Fico parado por poucos segundos enquanto olho a vista, até ouvir a
voz dela chamando-me. Prendo a respiração.
Viro-me e a olho. Porra, o que ela veio fazer aqui?
Angelina caminha devagar até chegar até mim e, quando está perto o
suficiente, toma uma atitude surpreendente. Mal posso acreditar no que ela
acaba de fazer.
Na ponta dos pés, ela comprime os lábios contra os meus e isso faz
meu pau latejar no mesmo instante. Ofego, excitado, e a beijo de volta,
praticamente devorando seus lábios carnudos.
Suas mãos começam a tocar minha pele devagar, deslizando por meu
peito até a minha barriga. Esse movimento me faz ranger os dentes como um
louco, principalmente quando a mão delicada e trêmula toca o meu pênis por
cima da calça.
sofá e meus instintos me convencem de que ela quer isso tanto quanto eu.
Então foda-se.
Seguro os cabelos da sua nuca e volto a beijá-la com desespero.
Apalpo a cintura fina e desço minhas mãos até o bumbum redondinho. Porra,
como eu tenho sonhado com isso! Repito o movimento com sofreguidão, sem
desgrudar minha boca da dela. Tenho ímpetos de devorá-la, mas ela se afasta
e coloca a mão em meu peito, sem fôlego.
— Alex… Calma… Eu preciso respirar — diz, em um murmúrio
ofegante.
quanto ela está envergonhada, mas isso me deixa ainda mais excitado. —
Quer sentir o meu pau dentro da sua boceta? Diz pra mim! — Os olhos
inocentes se arregalam assustados, mas quando ela assente com a cabeça,
mesmo que tímida, avanço e mordisco os seus lábios. — Então vou logo
cuidar disso.
Pego-a nos braços e rumo em direção à cama. Angelina solta um
grito assustado e segura em meu pescoço, trêmula. Até mesmo sua respiração
está descompassada.
Após deitá-la no colchão macio, prendo meus cabelos e volto a
Sua pele tão macia me leva à loucura e o cheiro doce do seu corpo
me deixa inebriado.
Ela geme baixo e arranha os meus ombros quando deslizo minha
língua pelo lóbulo da sua orelha e desço, lambendo e sugando o pescoço
delicado.
— Gosta assim? — Abocanho um dos seios rosados, mantendo o
outro dentro da minha mão. Angelina grunhe, contorcendo-se na cama, e isso
me deixa louco. Sofro a necessidade de vê-la em êxtase. Isso aumenta o meu
tesão.
Sugo o mamilo com certa força, mordisco de leve e volto a chupar,
para logo depois repetir o mesmo processo. Faço o mesmo com o outro,
sugando e lambendo como sempre desejei.
Esta noite não vai restar nenhum pedacinho dela sem conhecer a
minha língua.
— Alex… — ela me chama com a voz entrecortada. — Eu não sei o
que fazer.
Levanto a minha cabeça para olhar em seu rosto, e sorrio.
provocá-la.
— Quer mesmo que eu pare? — pergunto, segurando seus braços
acima da sua cabeça com uma de minhas mãos, enquanto a outra desliza para
dentro da calcinha que se assemelha a um shortinho.
— Eu estou nervosa e… — Ela perde a fala quando deslizo meus
dedos pelas dobras da bocetinha melada e massageio o clitóris. — Ah! —
grunhe.
— Diga, Angel, quer que eu pare? — continuo massageando
enlouquecedor do seu sexo, dando algumas mordidas ali. Quando estou quase
alcançando a boceta deliciosa, Angelina se remexe na cama e tenta fechar as
pernas a todo custo.
— Alex, o que está fazendo? Por favor, para!
corpo clama por mais a cada segundo que se passa, mesmo estando
horrorizada com essas carícias tão íntimas.
Gemo mais uma vez, murmurando o nome dele, até sentir o meu
corpo se acalmar. Com a respiração ainda acelerada, sinto a temperatura
sentindo. Ele abre as minhas pernas, escancarando o meu sexo, e põe meus
tornozelos em cima dos seus ombros.
Começo a respirar descompassadamente quando o vejo guiar o
membro enorme e muito grosso para a minha entrada. Céus. Ele é muito
grande.
A cabeça do pênis dele começa a abrir espaço dentro de mim e um
grito alto escapa da minha garganta quando sinto que estou sendo alargada,
pouco a pouco.
—- Ah! Meu Deus! — exclamo alto e me firmo em meus cotovelos.
— Alex… Está doendo.
— Shh. Tenta relaxar, pequena. Será assim apenas desta primeira
vez.
Alexander
Satisfeito com o que vejo, coloco suas pernas em cada lado do meu
quadril e desabo em cima dela, tomando cuidado para não a esmagar com o
meu peso, e enfio minha cabeça na curva do seu pescoço, misturando nossos
fios de cabelo. Mantenho o meu pau dentro dela. Eu quero mais, mas preciso
me controlar. Sei que a bocetinha dela está sensível e precisa de tempo para
se recuperar.
— Linda, deliciosa — murmuro em seu ouvido.
Ouço sua respiração profunda e quente em meu ombro, enquanto
suas mãos acariciam as minhas costas devagar até chegar em meu pescoço.
Por um momento, sinto um calor estranho nascer em meu peito, algo que
nunca senti antes, muito menos depois de uma foda. Meu coração bate forte
no peito e eu tenho plena consciência de que não é somente pelo esforço que
acabei de fazer.
lábio.
Angelina cruza as pernas em minhas costas, gemendo, e eu arremeto
mais uma vez, devagar. Penetro fundo.
— Olha o que você fez comigo. Estou viciado em te foder — digo
rente à sua boca. Jogo para o espaço minhas cautelas com a bocetinha dela.
— Alex… Não para… Ain… — Seus gemidos fazem meu pênis
vibrar de novo e me dão ainda mais gás para continuar.
Afasto o meu corpo, tirando meu pau já completamente duro da sua
boceta, e meto de novo, com mais força. Seu grunhido de dor e prazer me
deixam alucinado.
Começo a dar estocadas fundas, em um vai e vem frenético,
comendo sua boceta com vontade. Quando ela grita, tremendo, passando as
mãos pelo rosto, tomada pelo desejo incontrolável, penetro mais rápido.
Continuo comendo-a freneticamente até sentir sua boceta apertada
esmagando o meu pau com outro orgasmo e, então, jorro meu sêmen de
novo, grunhindo como um animal no cio.
Após recuperar o fôlego, afasto o meu corpo e saio de dentro dela.
Uma pequena mancha avermelhada pinta uma parte do lençol branco que está
debaixo do seu corpo.
O sexo pequeno está vermelho e um pouco inchado por causa das
penetrações consecutivas, e eu me sinto como um primitivo bruto e visceral,
de vergonha.
Penso em levantar e ir até a cozinha matar minha fome. Meu
estômago ronca com força, mas meu corpo se nega a se mover.
Alguns minutos se passam, a porta se abre e um Alexander todo
suado entra no quarto, caminhando a passos rápidos em direção ao armário.
Vejo-o tirar a roupa, de costas para mim, e jogar as peças no chão,
como sempre faz. Pergunto-me como os homens conseguem ser tão
bagunceiros assim. Ele prende os cabelos na altura da cabeça e vira o corpo,
ficando de lado.
Mordo o lábio quando vejo o membro semiereto, imaginando tudo o
que fizemos na noite passada. Mas tensiono o corpo e fecho os olhos assim
que ele se vira para ir em direção ao banheiro. Não quero que ele perceba que
estou acordada. Não estou preparada para relembrar em seus olhos todas as
obscenidades que fizemos ontem. Meus gritos de dor e prazer ainda ecoam
em minha mente.
Abraço um dos travesseiros e continuo deitada na mesma posição até
sentir o sono me atingir de novo. Minhas pálpebras se fecham naturalmente e
de barba no pescoço me tira toda a órbita. Estremeço dos pés ao último fio de
cabelo.
O corpo ainda frio e nu do banho recém-tomado me toca,
contrastando com a temperatura do meu, aquecido pelos lençóis
— Humm… — gemo involuntariamente ao sentir que ele está
excitado. Muito excitado.
— Bom dia, Angel. — Sinto seu hálito quente em minha nuca,
seguido de uma leve mordida que faz todo o meu corpo enrijecer, arrepiando
retira o lençol que cobre os nossos corpos. Fico completamente nua aos seus
olhos — Você precisa se acostumar com meu pau, Angel.
— O que está fazendo? — questiono, colocando a mão em seu peito
enquanto ponho os meus pés para fora da cama.
perto toda aquela protuberância. Ainda não consigo acreditar que tudo isso
coube dentro de mim.
Seguro em sua mão, trêmula, e desvio meu olhar do pênis dele. Meu
coração está quase saltando pela minha boca e as lembranças da noite passada
— Depois, Angel.
Sinto suas mãos descerem pelo meu abdômen, sua boca fazendo
loucuras em meu pescoço. Ele pressiona o pênis contra mim. Nem ao menos
percebo quando afasto minhas pernas uma da outra para dar espaço para as
suas carícias.
— Ainn. — Ele começa a brincar com meu clitóris, esfregando-o de
leve. Perco todo o ar.
Alex tira a mão do meu sexo, segura em minha cintura e me gira,
fazendo com que eu fique de frente para ele. Fito seu olhar penetrante e logo
nossas bocas estão coladas de novo. Quando seus lábios deslizam para o meu
pescoço, já estou completamente entregue.
Minhas pernas ficam bambas, minha respiração ofegante e meu sexo
já estou com as pernas cruzadas em suas costas, ansiando por ser possuída
por ele. O membro grosso pincela a minha entrada, arrancando-me arquejos e
gemidos incessantes.
— Melada para mim, Angel? — Sinto a cabeça do seu membro
entrando em mim, apenas um pouquinho, enquanto seus dedos são certeiros
no meu clitóris. Contorço o corpo e jogo minha cabeça para trás, entregue. —
Porra, que vontade de te comer assim, sem nenhuma barreira — sussurra e
mordisca o lóbulo da minha orelha.
Ele se afasta, suponho que seja para pôr a proteção, e logo retorna.
Seu pênis me penetra com firmeza e eu solto um grunhido. Arde um pouco,
mas é uma sensação maravilhosa ser preenchida por ele.
Eu me firmo, segurando no mármore da pia, e ouço seus suspiros
profundos de satisfação. Saber que o satisfaço me faz sorrir internamente e
me sinto orgulhosa por isso. Logo suas mãos estão em minha nunca e sua
boca procura a minha com desespero. Ele se enterra todo em mim e
aprofunda o beijo, que arde como fogo.
Toco seus ombros e permito que minhas mãos massageiem essa
chamas. Mas, além do desejo, há algo que não consigo compreender. Como
se algo em seu íntimo gritasse para ser libertado, mas ele reprimisse.
Alex volta a estocar, mantendo seu olhar preso no meu, as mãos
queimando a minha pele, a respiração frenética. Sinto que estou perdendo o
chão e a noção do tempo. Por mais que eu não entenda sobre sentimentos
amorosos entre um homem e uma mulher, algo forte grita dentro de mim.
Não é apenas desejo, nem anseios, é muito mais. Meu coração dói com a
possibilidade de tudo isso acabar, mesmo eu sabendo que, de uma forma ou
de outra, isso vai acontecer. Não há espaço para duas pessoas tão diferentes
como nós neste mundo.
Quando gemo baixo, chegando ao clímax, uma lágrima escorre pelo
meu rosto e só posso clamar internamente a Deus que eu não saia tão
machucada no fim porque, se existe uma certeza no momento, é que eu sinto
coisas por ele muito além do que deveria. Muito além do que posso
compreender.
Capítulo 24
Angelina
espalhadas pelo meu ombro e pescoço. Estou assustada com a selvageria dele
em me tomar para si, parecia que iria me devorar a qualquer momento.
Deixo a toalha escorregar pelo meu corpo e viro minhas costas para
o reflexo. Há marcas suaves de mordidas e chupadas em meus ombros, costas
e bumbum. Fico admirada e um tanto assustada, mas, por alguma razão, sinto
um certo orgulho pelo desvario que eu provoco nele.
Toco o local avermelhado na curva da minha cintura de leve e sinto
minha pele se arrepiar.
Céus! O que aquele bruto fez comigo? Mas não deixo de esboçar um
quarto para atender o telefonema. Pela pressa dos seus passos, imaginei que
Agora estou aqui, pensativa sobre os vários segredos que ele esconde
e o quão graves podem ser. Por um momento, penso se realmente tomei a
escolha certa. Foi mesmo sensato da minha parte me entregar a um homem
apenas para satisfazer os desejos do meu corpo? No entanto, algo dentro de
mim grita, dizendo que não foi só desejo. Todas as vezes que o olho, sinto
meu coração falhar uma batida e um calafrio toma a minha espinha. Meu
Deus, isso não pode ser apenas desejo… Eu sei que não… Mas e quanto a
ele? Será que sente o mesmo? Temos muito o que conversar, há muito que
preciso compreender, até porque não tenho ideia de como seremos a partir de
agora. Namorados, talvez? O que estamos fazendo é íntimo demais e não
recebemos as bênçãos da Igreja para tal. Isso vai de encontro aos meus
princípios religiosos. Mas o engraçado é que, mesmo minha mente dizendo
que é errado o que fizemos, meu coração diz que não é.
Estou prestes a sair do banheiro para me vestir quando ouço passos
vindo em minha direção. Ele ainda está enrolado na toalha, os cabelos presos
no topo da cabeça e a expressão contrariada. Mas tem um brilho no olhar que
me cativa e eu praticamente me derreto no chão.
Pensei em ver aquele menino, o John. Quem sabe o levar para o orfanato?
Vejo-o franzir o cenho e pôr as mãos na cintura.
— Eu não sei se é uma boa ideia, Angelina. Ele está bem por lá.
— Mas lá ele vive tão solitário, sem uma pessoa adequada que cuide
rústicas do seu rosto. Sem que eu perceba, já estou mergulhada dentro dos
olhos verdejantes, hipnotizada pelo seu magnetismo. Deus, como ele é lindo.
De uma beleza exótica, única, completamente diferente de tudo o que já
conheci na minha vida. — Vamos, pequena, dite suas regras. Gosto de ser
desafiado. — Os lábios finos, pronunciam essas palavras, fazendo com que
eu acorde do meu transe.
— Ah… Sim… — murmuro ofegante pela sua proximidade. — Se
for pra continuarmos fazendo isso… — Minha voz falha devido à timidez em
o olhe, chocada. Não imaginei que ele fosse perguntar exatamente isso.
Ciúmes? Eu estou com ciúmes? Essa insegurança e medo dentro do meu
peito são ciúmes? Não reconheço esse sentimento, eu nunca o senti. Mas sei
que não gosto da ideia de imaginá-lo nos braços de outra mulher.
com que eu sinta as formas nítidas do membro grosso em minha bunda. Meu
corpo gela. O que ele vai fazer? Suas mãos experientes começam a levantar o
tecido que me envolve, mas antes que ele conclua o ato, eu o impeço.
— A gente não ia sair? — questiono e me movo rápido, sentindo um
frio na barriga. Pergunto-me como ele pode ser tão fogoso assim. Ainda estou
toda dolorida.
— Merda! — fala com um grunhido de frustração. Ele para com as
carícias em minha coxa e afasta o corpo. — Vá se trocar, Angel. Se eu passar
mais um segundo perto de você assim, sem roupas, vou acabar te comendo de
quatro em cima daquela cama e ainda me atrasando para o meu compromisso.
— Um tapa forte é desferido na minha bunda e dou um pulo para a frente,
assustada.
— Ai! — reclamo sem olhar para ele. Prefiro evitar ter que enfrentar
sua cara de safado agora, e ainda mais pelado.
A passos rápidos, sigo para o outro quarto, onde deixei as roupas que
ele havia comprado para mim, e começo a remexer, peça por peça.
Penso em pôr outro vestido que gostei, de tonalidade preta; no
entanto percebo que há outras peças que sequer experimentei. Alguns shorts e
camisetas, coisas que jamais me imaginei usando. Parece-me uma boa
oportunidade de matar minha curiosidade.
Será que ele irá gostar? Provavelmente, afinal foi ele mesmo quem
comprou.
Ainda pensativa, resolvo experimentar o short de tecido social e me
surpreendo quando me olho no pequeno espelho. Sinto-me bonita. A
tonalidade azul marinho casa perfeitamente com a blusa branca, soltinha. O
corte reto e o cinto delicado deixam a minha cintura bem marcada e, apesar
de não ser justo nem revelador, sinto-me sexy.
Aproveito o momento e jogo os meus cabelos de lado. Penteio os
fios ainda molhados com os meus dedos e não posso deixar de abrir um
sorriso ao me ver pronta. Pareço outra pessoa apenas por usar uma roupa
diferente.
Calço uma sapatilha preta e, após alguns segundos, saio do quarto.
Ele está na sala, de frente para a vidraça, já vestido, falando com alguém no
telefone. Antes que eu possa compreender algo na conversa, ele desliga a
chamada e vira-se para mim, claramente irritado. Ainda mais do que na
ligação anterior.
Ele me analisa dos pés à cabeça e a carranca que estava em seu rosto
há poucos segundos dá lugar a uma expressão de surpresa. Sigo até ele
atitudes.
Sem dizer nada, sigo-o até uma mesa do lado da parede, enquanto
somos alvo do olhar curioso das pessoas à nossa volta. Não dá para negar, ele
chama atenção por onde passa. Antes mesmo de nos sentarmos à mesa, já
estou incomodada com os olhares nada discretos das mulheres voltados para
ele. Involuntariamente, sinto-me insegura quando analiso duas das moças que
o secam sem disfarçarem. Ambas estão bem vestidas e bem maquiadas, com
seus cabelos arrumados e perfeitos, enquanto eu sequer uso um blush ou algo
que possa realçar a minha pele, e meus cabelos estão ao natural, ainda
mesmo pedido que eu, só que em dobro e com o acréscimo de ovos e bacon.
Quando o garçom finalmente anota os nossos pedidos, tomo fôlego e lhe
dirijo a palavra:
— Está tudo bem? — questiono, apreensiva.
— Sim, Angel. Por que não estaria?
—Não sei. Você está estranho desde o momento em que brinquei,
fazendo aquela pergunta antes de sairmos.
Ele leva a mão até a gola da camisa preta que usa, parecendo ajeitar
Contínuo sentada por alguns minutos, aguardando que ele volte, mas
sou surpreendida por um dos garçons que me entrega um bilhete.
Agradeço e abro o pequeno pedaço de papel.
— Uau.
“Tão bela e tão solitária, posso te fazer companhia?”
Curiosa, olho em volta discretamente à procura do remetente,
quando vejo um homem na faixa dos trinta anos acenar em minha direção.
É um belo homem, bem-vestido, cabelos castanho-claros e curtos.
No entanto, é a única coisa que dá tempo de avaliar, pois logo desvio o meu
Alexander
inúmeras ligações. Ele sabe que odeio receber ordens, principalmente quando
estou ocupado. Mesmo que essa ocupação não tenha nada a ver com a máfia,
digamos assim.
— Eu já disse que chego aí em meia hora, porra. — Atendo o
telefone irritado, assim que me afasto o suficiente para que Angelina não
ouça.
— Eu não quero saber, Alexander. Você tem um serviço a cumprir e
exijo a sua presença aqui, agora.
— Se está com tanta pressa, mande outro atirador no meu lugar! —
informação sigilosa para quem não deveria. Agora terei que cortar o mal pela
raiz, nem que para isso eu tenha que revirar aquele lugar de cabeça para
baixo.
Nervoso, ligo a torneira, encho a mão com água da pia e lavo o
rosto. Se não bastasse Rodolpho me enchendo o saco a esta hora do dia,
Angelina também resolveu me desafiar!
Ciúmes? Eu não tenho ciúmes de ninguém, nunca me apego a nada a
esse ponto. Admito que eu sinto algo a mais por ela, diferente de tudo que já
senti por alguém, mas deve-se ao fato dela ser tão inocente e desprotegida. É
só isso e, claro, muito tesão.
Aliás, como não ficar de pau duro? Ela está maravilhosa dentro
daquela roupa tão diferente do seu habitual. A cinturinha fina marcada pelo
short e as pernas à mostra. Uma delícia.
Só em lembrar de mais cedo, quando a peguei em cima da pia do
banheiro, meu pau treme em expectativa de outra transa. Que bocetinha
gostosa do caralho. Tão quente, tão molhada. Estou viciado em foder aquela
garota. Estou ansiando para fazê-la minha de novo esta noite.
Desligo a água e, após puxar o ar para os meus pulmões, sigo em
direção à porta. Preciso levá-la de volta para a segurança do meu
braço. É nítido que ela está incomodada com a aproximação dele, pois puxa o
braço com força, demonstrando irritação.
Sorrio orgulhoso. Isso, garota, deixe bem claro para esse imbecil que
você é minha.
Conheço James há alguns anos, desde que frequento este
estabelecimento e, claro, da boate do Rodolpho. Ele não passa de um filhinho
de papai drogado, nada mais que isso.
Continuo observando de longe, imaginando o que minha Angel vai
fazer a seguir, quando percebo que os dois começam a conversar. Ela acena
com a cabeça, como se concordasse com algo e segura na mão dele. Inferno!
O sangue sobe para a minha cabeça.
Eu conheço esse jogo. Na arte da safadeza, sou o primeiro. Ele vai
tentar beijá-la, porra!
Ando a passos rápidos em direção aos dois. Nem sinto minhas
pisadas no chão, ouço apenas minha voz interior gritando para dar uma surra
nesse maldito. Ele precisa aprender que não se mexe com o que é meu!
Porra, Angel. Como ela é inocente, caralho.
dólares e deixo sobre uma das mesas que está próxima a mim para que o
garçom pegue. Olho para Angelina. Ela me encara com olhos marejados e
uma expressão indecifrável em seu semblante.
Meu coração bate forte no peito, eu não me conheço mais. Estou
caindo, estou padecendo, tudo por causa de uma mulher. Não, este homem
fraco não sou eu!
— Vamos, Angel — digo seco e estendo a mão para que ela segure.
Sinto seus dedos gelados tocarem a minha mão de leve, mas finjo que isso
não me atinge.
Prendo sua mão macia em um aperto e a guio para fora do
estabelecimento. Ela está cabisbaixa e, pelo canto do olho, a vejo virar em
direção ao James e sibilar um pedido de desculpas. Isso me deixa possesso de
raiva. Minha vontade é retornar até lá e quebrar a cara daquele réptil de uma
vez.
Assim que nos aproximamos do Impala, ela abre a porta e entra em
silêncio, acomodando-se no banco do carona. Sei que está chateada, mas eu
estou ligando o “foda-se”. Dou meia volta, entro do meu lado, dou partida e
encara séria.
— Por que fez aquilo, Alex? — pergunta com cara de poucos
amigos, passando a mão pelos cabelos.
Até nervosinha ela fica linda.
— Como assim por quê? Não lhe parece óbvio? Aquele imbecil
estava com as mãos em cima de você!
Ela sorri sarcástica, como se desacreditasse no que acabei de falar.
— Foi apenas um aperto de mão — rebate.
Atrevida!
— Pode o caralho, Angel. — Umedeço os lábios e desço minha mão
que estava em sua cintura até a altura do seu bumbum. — Não quero saber de
você perto de outro homem, entendeu? — digo próximo à sua boca.
— Você não manda em mim, Alex. — Sinto a hostilidade em sua
voz, ao mesmo tempo em que sua mão afasta a minha do seu corpo, fazendo
com que eu sinta uma pontada estranha no peito. — Se quer outra mulher, vá.
Mas saiba que em mim você não toca mais.
Ela só pode estar brincando com a minha cara. Agora que eu provei
— Não. Isso não é drama e não é por causa daquele cara. Você
precisa entender que não sou seu brinquedo. Agora vá. Não está atrasado? —
questiona com o nariz empinado.
Estreito os olhos e a observo bem. Deveria estar irritado, na verdade,
estou um pouco por causa daquele imbecil, mas o fato de saber que ela
também sente ciúmes me deixa de peito inflado.
Com um sorriso vitorioso nos lábios, afasto meu rosto, analisando
seu peito subindo e descendo pelo ritmo acelerado de sua respiração.
enquanto sua mão desce devagar pelas minhas costas, em uma carícia
deliciosa por cima da camisa.
Entrelaço meus dedos em seus cabelos e a aproximo mais. Angelina
ofega alucinada, descendo mais a mão até a barra da minha camisa. Seu toque
quente se alastra por debaixo da minha roupa, o calor dos dedos queimando
meu abdômen onde ela acaricia tão suavemente.
Gemo de tesão e frustração por ter que sair agora.
Deixo os seus lábios e enfio meu rosto na curva do seu pescoço,
fim de toda essa palhaçada. Agora precisamos agir com ainda mais cautela,
pois, se não bastasse o prejuízo na carga de drogas, recebemos informações
seguras de que estamos na mira do FBI e, dessa vez, não são oficiais
disfarçados.
Tamborilo os dedos sobre a mesa, enquanto o novo líder do conselho
fala algo no ouvido do Rodolpho. Não consigo compreender o que ele diz a
esta distância e isso me preocupa porque tenho a impressão de que ele não é
tão confiável assim.
mas a verdade é que realmente não sei como este nosso lance vai terminar.
Sua pureza é o contrário da minha essência. Enquanto ela salva vidas, eu as
tiro. Ela é um anjo, eu sou o próprio demônio.
Capítulo 26
Angelina
necessitada de mais beijos e o calor das suas mãos em mim, sentindo a falta
da sua presença e do corpo colado ao meu.
Sua última afirmação me pegou totalmente de surpresa. De tudo que
poderia imaginar, isso superou qualquer expectativa, mas de uma forma boa e
positiva. Tudo que consigo fazer agora é sorrir como uma garota boba.
“Eu prometo que serei todo seu”
Suas palavras não saem da minha mente, ecoando repetidas vezes,
brincando comigo. Meu Deus! Não teve provocações, nem desafios. Apenas
uma promessa que encheu meu peito de esperança. Olho para o teto e
relembro como tudo aconteceu até chegarmos aqui. Deus escreve por linhas
tortas e nunca pensei que seria realmente assim.
Levo a mão aos meus lábios, tocando-o suavemente, e ainda sinto o
gosto do seu beijo em minha boca. Tão grosseiro e excitante que me deixou
ofegante, fazendo-me sorrir mais e mais. É um sentimento que não cabe em
mim.
Sinto meu corpo leve; estou flutuando de tanta felicidade, apesar da
nossa pequena discussão mais cedo. Uma loucura…
— Sim?
— Tem uma encomenda para você aqui na portaria, a pedido do
senhor Alexander.
— Estou indo. Obrigada.
Outra encomenda? Alex não para de me surpreender. O que será
desta vez?
Curiosa, vou direto para o elevador. Demorou algum tempo, mas
finalmente aprendi a usar essa coisa repleta de botões e senhas e isso e aquilo.
Vivendo vários anos no convento, não tive muito acesso a essas tecnologias
cheias de segurança. Mesmo as mais simples. Também demorou para o Alex
confiar em mim a ponto de me passar a senha do elevador. Hoje não
permaneço mais como uma prisioneira, mas sim como uma protegida. Ele
ainda mantém algumas senhas protegidas, como a do pequeno “bunker”,
onde não me é permitido entrar, e de outros sistemas de segurança, mas gozo
de alguma liberdade.
Assim que chego na portaria, pego as várias sacolas que estão com o
entregador, agradeço e retorno para o apartamento, rápida e curiosa.
Pego uma outra sacola preta, com um detalhe que chama a minha
atenção pela ousadia. Tem a silhueta de uma mulher nua, em tom vermelho.
Intrigada, abro a embalagem e espalho o conteúdo em cima da cama. Quase
tenho um ataque súbito do coração.
Várias peças íntimas caem sobre o colchão, calcinhas de todas as
cores e formatos. Algumas parecem mais uma linha do que realmente uma
calcinha; fico embasbacada. Fios de tecidos que não cobrem nada.
Como se usa isso? Estou chocada!
Decido deixar as peças de lado e olhar o conteúdo das outras sacolas.
Porém, sou surpreendida por serem da mesma loja. Roupas, acessórios e até
objetos que nem sei para que servem, mas já antecipo sua finalidade. Coisas
que devem agradá-lo e que eu nunca usaria… Mas as outras mulheres com
que ele já dormiu, sim. Outras a quem ele "pertenceria", sim.
pode ser!
Fico irada observando cada pequeno farrapo de tecido. Pego-os,
recolhendo tudo e enfiando de mau jeito na primeira sacola que vejo. Mas
que pouca vergonha! Um absurdo! Incabível! Não irei vestir isso de forma
alguma.
Esse pervertido de uma figa… O que ele acha que eu sou? Uma
mulher mundana? Uma mulher da vida?
Sento-me novamente sobre a cama, irritada e com uma vontade
louca de estapeá-lo. Mas então, algo dolorido começa a tomar forma dentro
mesmo que eu mude e seja como elas, é isso? Só pode ser isso! Não basta ser
eu… Ele me quer com a perversão delas e apenas meu rosto, ou algo assim?
O que significo para ele? Não passo de apenas mais uma… Essa é a
conclusão final a que chego.
Deus, como pude ser ingênua… Claro que ele sente falta. O que eu
sou? Apenas uma mulher de vinte e três anos sem nenhuma experiência.
***
Já é noite, e durante todo o dia pensei e repensei sobre tudo. Claro,
me humilhar para aquele homem. Ele que se resolva com essas mulheres e
me deixe em paz.
Limpo uma pequena lágrima que escorre pelo meu rosto e me
remexo na cama de solteiro quando ouço o barulho de passos na sala,
uma das sacolas, retiro algumas calcinhas, justamente as que não possuem
fundo e entrego em suas mãos.
Ele segura as peças e volta a me encarar. Dessa vez o olhar intrigado
dá lugar a um sorriso lascivo que me deixa completamente trêmula.
— Achei que estaria usando, Angelina, ao invés de vir brigar
comigo.
— Me respeita. Eu não sou as mulheres com quem você costuma
dormir.
Ele dá um passo em minha direção e confesso que me sinto
São só alguns acessórios usados para o prazer. Não tem nada demais nisso.
— Essas coisas não são pra mim, Alex — digo, segurando-me ao
máximo para não chorar. — Você não me quer, realmente, você quer apenas
uma imitação dessas mulheres vulgares com quem fez… sexo, só que com o
meu rosto.
— Porra! — Ele vocifera nervoso. — Se não acredita em mim, então
irei mostrar na prática o quanto quero você, não uma piranha qualquer com
sua cara — diz, erguendo-me do chão.
— Ah — grito, tomada pelo susto. — Meu Deus, Alex, você é
que uso, tentando tirá-la. — O que estou fazendo contigo são coisas que
nunca fiz com nenhuma outra. Você não é e nunca será como elas. Vestir-se
de forma sexy não mudará a sua essência nem vai reduzi-la a qualquer uma.
Não tenha medo de sentir prazer, menina. Você não é uma santa, é uma
mulher que também sente desejos. Não há nenhum mal em sentir prazer e
isso é algo que estou disposto a dar exclusivamente a você.
Fito-o, sentindo um frio na barriga. As palavras dele me tocam e
aquecem o meu peito de uma maneira tão intensa que faz meu coração
disparar em batidas descompassadas.
Um pouco mais calma, assinto e permito que ele termine de tirar a
minha roupa.
Alexander me beija suavemente, apalpando-me em todos os lugares
enquanto nos banhamos. Mas ele não passa das carícias, embora sua
excitação seja evidente. Também se lava e meu olhar fica vergonhosamente
atraído quando ele lava seu membro debaixo da água, olhando-me com sem-
vergonhice como a me antecipar sobre o que me espera. Assim que
terminamos o banho, nos secamos e seguimos para a cama. Continuamos
beijando-nos e tocando-nos, enquanto me mantenho debaixo do seu corpo,
sentindo seus músculos rígidos me envolvendo, construindo uma grande
excitação em mim.
— Delícia — sussurra, dando-me um selinho. — Quero sentir seus
curto período.
Alexander se levanta, fica de joelhos sobre a cama e me força a
escorar no travesseiro, para que eu fique quase sentada. Segura o pênis grosso
e comprido e o direciona à minha boca.
— Chupa, Angel. Seja minha puta, a única que eu quero. Dê prazer
ao seu homem, vai. Saberei recompensá-la.
Trêmula, levo minha mão até o seu membro e o seguro. O pênis
pulsa em minha mão, correspondendo ao meu toque, e então percebo que a
cabeça está toda melada com seu líquido lubrificante. Umedeço os lábios,
firmo na cama. Sugo seu membro até a ponta e volto a deslizar minha língua
pela cabeça inchada.
— Vou foder a sua boca, porra. Me toma todo, Angelina, gostosa —
diz e começa a fazer movimentos ritmados, cada vez mais rápido.
Meus olhos lacrimejam e minha respiração fica descompassada
quando sinto seu membro tomando espaço dentro da minha garganta. É
demais para mim.
Ele tira o membro da minha boca, dando-me espaço para puxar o ar,
Não sei o que fazer com esse negócio em minha boca. É tão
estranho, pegajoso. Mas não é ruim. Sem muitas opções, tenho o ímpeto de
engolir e é o que faço.
Engulo cada gota do prazer que ele me dá, enquanto suas mãos
continuam brincando com o meu sexo.
Tomada pelo seu cheiro másculo, seu gosto e suas carícias, sinto
meu corpo convulsionar e me desfaço no auge do meu próprio prazer.
Capítulo 27
Angelina
maravilhoso. Estou revigorada e acho que nunca dormi tão bem em toda a
minha vida.
Afasto meu corpo do dele e o observo com atenção. Há tantas
cicatrizes, algumas quase imperceptíveis, outras profundas, mas nenhuma
consegue tirar a beleza dos seus músculos.
Todo meu.
Passo meu dedo indicador pelo seu peito nu, acariciando cada marca.
Não consigo imaginar o que ele viveu para ter todas essas cicatrizes gravadas
Ele suspira fundo, mas não acorda. Estava realmente cansado ontem
à noite. Também parece se sentir relaxado e aconchegado com meu corpo
colado no seu. Continuo deslizando meus dedos pelo seu copo, trilhando os
pelos ralos em seu abdômen até chegar ao umbigo, explorando e
reconhecendo sua robustez. Deixo o lençol que cobria os nossos corpos cair
para o lado e me afasto mais para observar seu membro.
Surpreendo-me quando o vejo semiereto, mesmo que ele esteja
dormindo. Tenho vontade de tocá-lo outra vez e me sinto como uma
depravada.
Rio baixinho com meus próprios pensamentos e levo a minha mão
até seu pênis, na intenção de tocá-lo. Sinto um misto de curiosidade e
excitação. Seguro-o de leve e começo a masturbá-lo devagar, vendo-o crescer
Olho para o seu pênis, que agora está completamente ereto, e sorrio
outra vez.
— Eu só estava curiosa — confesso.
— Não quer matar essa curiosidade dentro de você? — Ele também
abre um sorriso e me puxa, fazendo com que meu corpo caia em cima dele.
Nossos corpos nus colidem e eu ofego. Ele está tão quente que
rapidamente me vejo perdida em seus braços.
— Alex. — Divirto-me com seu movimento mal-intencionado e o
empurro. Em seguida, levanto-me, pego o lençol e o enrolo em volta do meu
corpo. — Você prometeu que iria me levar no orfanato hoje. Não vamos nos
atrasar — relembro-o.
Ele solta uma gargalhada tão gostosa que contagia. Espreguiça-se,
coloca as duas mãos atrás da cabeça e abre as pernas sobre a cama, relaxado,
deixando o pênis duro ao meu dispor.
— Eu vou, mas só depois que você montar em cima do meu pau —
provoca.
— Safado. — Pego um dos travesseiros e jogo em sua direção.
Ele se defende com um lindo sorriso estampado no rosto e põe a
almofada do lado, sem deixar de me olhar. Analiso-o mais uma vez, quase
cedendo à tentação. Mas, criando juízo, viro-lhe as costas, sigo em direção ao
banheiro e tranco a porta sem lhe dar tempo de reclamar. Preciso me aprontar
meus pedidos insistentes. Enquanto ele não retorna, aproveito para ajudar
Jenna a alimentar as crianças menores.
Estou com Caleb em meus braços, dando-lhe a mamadeira enquanto
seus olhinhos grandes e espertos me fitam. Não posso evitar sorrir com essa
cena tão linda.
— Olha, que garotinho guloso! — digo sorridente ao ver que ele
tomou todo o conteúdo da mamadeira e ainda quer mais. Ele faz menção de
chorar e se espreguiça todo em meus braços, arrancando-me outro sorriso. —
pousam em mim.
— Angelina?
Entrego a outra criança para Jenna, levanto-me e sigo em sua
direção. Fico tão feliz ao vê-lo bem que o abraço apertado. Apesar de não ter
tido muito contato com ele enquanto estive na pensão, sinto um carinho
imenso e compartilho de toda agonia que ele passou. Nenhuma criança
deveria passar por todo aquele sofrimento. É desumano.
— Como você está, garoto? — questiono ao me afastar um pouco,
desocupa, passo o meu tempo brincando e ninando Caleb, que não para
quieto.
Coloco-o sentado no meu colo, virado para mim, seguro em seus
bracinhos e impulsiono minhas pernas para cima. Faço movimentos ritmados
como se fosse um cavalinho. Ele gargalha tão gostoso que acabo com a
barriga doendo de tanto rir também.
— Buhh — brinco, fazendo barulhos estranhos.
Ele fica todo sério, arregala os olhinhos e logo depois volta a
gargalhar. Não consigo definir a felicidade tão imensa que estou sentindo.
Aperto suas bochechas gordinhas e faço estalos com minha boca. De repente,
vejo-o ficar sério outra vez. Encara-me com o rostinho avermelhado e logo o
cheiro nada agradável denuncia a travessura que ele acabou de fazer.
— Danadinho. — Aperto seu narizinho. — Já está fazendo
travessuras, Caleb?
Ele sorri e esperneia, movimentando os braços e as perninhas cheias
de dobras ao mesmo tempo. Levanto-me, pego com a Jenna os produtos de
higiene e sigo com ele até o trocador. Descarto a fralda suja, limpo seu
— Ai, meu Deus, sim. Eu não pensei sobre isso com clareza. —
Com certeza meu rosto está vermelho de tanto constrangimento.
— Mas então, e o convento? O que vai fazer? A Madre ainda não
sabe sobre o seu paradeiro, Angel. Você precisa falar com ela, menina.
Respiro fundo e respondo:
— Tem razão. Eu darei um jeito de ligar para ela para tranquilizá-la.
Ainda não é seguro que eu vá até lá pessoalmente. — Pego uma caneta sobre
a mesa e, com a tampinha, começo a dar batidas na madeira. — Susan, queria
— Não, isso não. Também! Quer dizer… Ai, Susan, que vergonha.
Estou me sentindo uma desavergonhada.
— Calma, querida, não precisa ter vergonha de mim. Pode falar.
— Tá. Vamos lá. É normal fazer isso com a… boca?
— Sim, é normal. Desde que você se sinta à vontade.
— Ufa! — Respiro aliviada. — E sexo… anal? Também é normal?
— Você já fez tudo isso? — Ela me encara com semblante
espantado, como se estivesse impressionada. — Imaginei que esse homem
você possa usar como base do que fazer, ou como prosseguir. Pode te ajudar
muito nessa nova fase da sua vida. Conselho de quem já é vivida e casada há
vários anos. — Ela sorri e aperta a minha mão, passando-me confiança. —
Faça apenas o que você sentir vontade, criança. Não faça nada que não goste
ou que não esteja preparada apenas para agradar os outros. É a primeira lei do
amor próprio e duradouro. De resto, se jogue. Se você quer isso, minha
querida, se você quer esse homem, vá em frente. Não ligue para o que os
outros pensam. Não tenha medo de fazer amor, de se entregar e receber
prazer, não tenha medo de ser feliz.
Percebo que uma pequena gota de água se forma em meus olhos,
deixando minha visão embaçada. Eu sei que o que estou fazendo é errado aos
olhos da Igreja, mas meu coração pede tanto, com tanta força, que as palavras
colocou aquele homem em minha vida, foi ele a luz no fim do túnel que tanto
pedi.
Após alguns minutos, despeço-me e me preparo para sair, mas ela
faz questão de me seguir até a sala.
Assim que chego, vejo que Alex ainda segura o bebê com uma certa
distância do seu corpo, e isso me arranca risadas internas. Ele não tem jeito.
Caleb gargalha feliz, imagino que por estar suspenso no ar. Fico encantada
olhando os dois com ternura, sentindo um tremor em meu peito de tanto
orgulho.
Aproximo-me dele, vendo seu olhar brilhar ao se dar conta da minha
presença. Ele nem percebe, mas segura Caleb próximo ao seu tronco e
caminha em minha direção. No entanto, logo o brilho no olhar dá lugar a uma
Angelina
solto, envergonhada.
— Me desculpe. Eu realmente precisava falar com ela e não
imaginei que alguns minutos fossem te prejudicar tanto — falo com a cabeça
em que o vi torturar ou matar alguém. — Mas não precisa ser assim. Você
não pode continuar fazendo isso, é errado.
— Eu sei, tenho consciência da vida que levo — ele responde com
seriedade, e até me surpreendo. — Mas esse sou eu, Angelina. Você me
conheceu assim.
— Não… — Toco seu ombro e olho no fundo dos seus olhos. —
Não precisa ser assim. Você pode recomeçar. Deus…
— Angel, por favor… — interrompe-me. — Não vamos discutir
sobre isso agora. Eu preciso ir. — Ele inclina o corpo e me beija suavemente
usando este tipo de roupa. — Aponto para a camisa que está com alguns
botões abertos, revelando uma parte do peito forte.
— Foi a primeira que encontrei. — Ele sorri e põe as mãos em cima
do meu quadril. — Já deve ter percebido que não sou muito organizado.
Deixei dinheiro para você, está em cima da cama caso precise. Não saia
sozinha nem na esquina, há dois seguranças de prontidão em frente ao prédio.
Caso saia, não demore para retornar.
— Ok.
Ele pisca para mim e sai do apartamento. Não consigo evitar um
suspiro.
Meu peito se enche de esperança de algum dia tocar seu coração a
fundo. Esperança de que ele possa começar uma outra vida de forma justa.
dias.
Conversamos por um tempo, choramos juntas e ela me deixa a par
de tudo o que aconteceu na minha ausência. Felizmente, todas as irmãs estão
bem, só me resta a saudade. Espero logo poder visitá-las.
Encerro a ligação e levanto-me. Deixo o celular sobre a cama e
decido ir para cozinha providenciar algo para o meu almoço. Antes de tudo,
faço questão de guardar, nos pertences de Alex, todo o dinheiro que ele havia
deixado para mim. Pego apenas uma das notas de dólar na intenção de
comprar um livro mais tarde, já que ele liberou a minha saída, mesmo que
urgência também.
Depois de almoçar, levo tudo o que sujei até a pia para que eu possa
lavar, porém, sou surpreendida pela torneira que se solta na minha mão e, ao
tentar consertar, acabado ficando toda molhada.
Limpo tudo, sigo para o quarto e tomo logo um banho. Seco-me,
troco de roupas e me informo pela internet do celular qual a livraria mais
próxima. Mando uma mensagem para o Alex informando que sairei para a
livraria. Em alguns instantes, recebo uma resposta informando que os
de efeito que tanto me marcou: “O primeiro amor deixa marcas para a vida
inteira”. Contente, pago o livro e guardo o troco no bolso do short que estou
usando, mas, assim que faço menção de me despedir, a moça volta a falar:
— Não gostaria de levar outros exemplares, senhorita? Há vários
títulos disponíveis do mesmo autor, imagino que irá gostar — diz ela, com
tanta simpatia que me vejo tentada.
Por que não? Talvez eu possa levar outro, sim, imagino que lerei
este rapidamente.
disso! — diz com o maxilar cerrado, a boca quase tocando a minha, fazendo
com que eu me debata em pânico.
— Me solta. Ficou louco?
Puxo o meu braço e o empurro. Ele se afasta e me fita friamente.
Alexander
As horas não passam, apenas se arrastam, torrando os últimos
vestígios de paciência que ainda restam em mim. Mais uma vez, o conselho
foi reivindicado, e, mais uma vez, algo me cheira muito estranho. Ouço com
atenção todo o discurso de Patrick Wolf, líder de uma das nossas mais antigas
alianças, o mais novo conselheiro de Rodolpho.
Ele é experiente, não nego. Tem o pulso firme, é esperto como um
líder deve ser. Mas não sinto confiança nele o suficiente. Algo em sua forma
de agir me deixa intrigado. É seguro demais, certo demais e Rodolpho
praticamente o venera.
Um homem do nível dele nunca pode ser subestimado, mesmo com
a aliança firmada. Uma hora ou outra, as coisas podem mudar, prefiro estar
preparado para isso. Não confio em ninguém!
e viro a bebida de uma vez, como sempre gostei de fazer. — Está tão
distante… Não gosta de socializar? — pergunta, soando um pouco sarcástico.
— Na verdade, não. Estou melhor assim — respondo em um tom
seco, pouco amistoso.
para não esfregar a cara do desgraçado no chão e obrigá-lo a dizer tudo que
sabe sobre ela.
Finalmente, a reunião chega ao fim e a primeira coisa que penso é
em passar no meu apartamento para vê-la por breves minutos. Entro no meu
carro e arranco a toda velocidade, mas de repente o celular volta a tocar. Pego
o aparelho e destravo a tela, estranhando o fato de ser um número
desconhecido.
Abro a mensagem e sinto um formigamento se alastrar pelo meu
corpo, enquanto uma raiva insana se instaura na minha alma. São fotos dela,
dentro da livraria, conversando com James.
Inferno!
Está usando short e camiseta que a deixam extremamente sensual.
Ele está tão perto dela que meu corpo treme de ódio e angústia. O
ciúme sobe à minha cabeça. Paro o carro no acostamento antes que eu cometa
alguma besteira e continuo olhando as fotos, respirando pausadamente. São
muitas.
Passo-as rapidamente. Em minha mente, a única coisa que prevalece
relembrando de todos os lugares em que vi, nas fotos, aquele imbecil tocar.
— Alex, eu…
Ela tenta falar algo, está visivelmente nervosa, mas sua voz falha
quando me aproximo e a encaro, severo, segurando o seu rosto com as duas
mãos.
— VOCÊ É MINHA, ANGELINA. APENAS MINHA!
Capítulo 29
Alexander
Ela me encara, assustada. Percebo que está tremendo, não sei se pelo
— Sim. Eu sei. Mas não tive culpa, ninguém teve. Foram breves
ombros. Prendo-a entre mim e a parede. — Mas com você resolverei agora
— digo com a boca rente aos seus lábios.
Os olhinhos esverdeados estão me encarando temerosos, como se ela
estivesse com medo dos meus atos.
— Alex… — murmura, trêmula, analisando minha expressão
acirrada. — Eu…
— Me diga, Angelina — interrompo-a. — Vi uma foto muito
comprometedora de vocês. Ele a beijou? Você permitiu isso?
Ela arregala os olhos e abre a boca, surpresa.
babaca por sentir tanto ciúme. Porra, estou praticamente sufocando a menina
com tantos questionamentos e perguntas. Nunca dei moral para mulheres, era
apenas sexo e depois cada um seguia o seu caminho. Mas com Angelina, eu
não consigo me controlar. Tenho vontade de matar qualquer um que ouse
olhá-la. Durmo e acordo pensando no seu corpo, nos seus beijos e até no som
da sua voz. Isso só pode ser alguma loucura da minha cabeça. Caralho… Eu
não posso estar… apaixonado por uma menina.
Fito os lábios tão bem feitos e avermelhados, sentindo uma vontade
louca de marcar cada pedaço da sua pele com os meus toques. Cada poro do
meu corpo implora para sentir o dela de uma forma tão intensa que chega a
doer.
Desço a minha mão para a sua cintura, em silêncio, acalmando-a.
Estou deixando Angelina amedrontada; não quero que ela sinta medo de
mim, eu jamais a machucaria. Com o resto da escória da humanidade, não
tenho qualquer escrúpulo; adoro olhar o pavor nos olhos das minhas vítimas.
Mas Angelina é especial. Não quero o seu medo, quero seu desejo, seu tesão.
— Não tenha medo. Eu só fiquei preocupado — justifico, evitando
deixar o meu ciúme evidente. Ela não precisa saber disso. — Apenas diga
que é minha e eu colocarei o mundo aos seus pés, Angel.
Vejo-a abrir a boca, completamente incrédula com o que acabei de
dizer. Mas foda-se tudo. Eu a quero.
os botões da minha calça e logo volto a envolver o seu corpo com as minhas
mãos, ofegante e faminto.
— Fui seu primeiro homem e serei o último, entendeu? — sussurro
na sua pele, enquanto passo a distribuir mordidas suaves pelo seu pescoço.
Inspiro seu cheiro delicioso.
Como resposta, ouço apenas um gemido vindo da sua boca.
Ansioso, levo minhas mãos até a sua blusa, afasto os nossos corpos e
retiro o tecido do seu corpo, deixando-a apenas com um pequeno sutiã preto.
Faço o mesmo com o seu short, jogando-o longe e deixando-a apenas com a
calcinha. Ela fica muito sexy assim.
Angelina arfa, observando-me com as pupilas dilatadas de desejo.
Com mãos ousadas, ela toca a minha barriga e começa a deslizar os dedos em
direção ao cós da minha cueca, sem deixar de me encarar.
Seguro um gemido quando suas mãos trêmulas abrem o zíper da
minha calça e a descem junto com a boxer, segurando o meu pau firmemente.
— Está aprendendo direitinho, safada — sibilo, surpreso pela
ousadia dela.
pernas, ficando completamente nua para mim. Meus olhos apreciam a visão
deliciosa dos seios rosados e túrgidos, indo direto para o meio das suas
pernas, de encontro com o triângulo da sua boceta linda. A cada dia que
passa, ela está mais desinibida, mais ousada, cada vez mais fogosa, do jeito
que aprecio.
Possessivo, deixo um rosnado escapar da minha boca e a seguro pelo
traseiro, cravando os meus dedos em suas nádegas. Termino de tirar as
minhas roupas e, enquanto acaricio um dos seios, levo minha mão até o meio
um pouco, percebo que ainda se sente acanhada, mas farei com que ela perca
todos esses receios comigo. Sento-me no sofá e a trago para o meu colo. —
Me toque, Angel. Faça o que quiser, mas depois será minha vez.
Ela assente e move o corpo, sentando-se do meu lado. Suas mãos são
pau entrando cada vez mais fundo. Beijo seus lábios, mordo e chupo entre um
gemido e outro que escapa da sua garganta.
Quando as paredes da sua boceta apertam o meu pau com um
orgasmo, preciso me segurar ao máximo para não gozar também. Ainda não
por sua boca envolvendo os meus lábios. Satisfaço o seu desejo, encerro o
beijo e a coloco de quatro cama.
— Empina esse traseiro para mim — exijo, circulando minha língua
em suas costas.
Sem protestar, ela faz o que peço, demonstrando o quanto está cada
dia mais à vontade com o que fazemos. Esconde o rosto entre os lençóis da
cama e impulsiona o corpo, de modo que sua bunda fica completamente
arrebitada.
Posiciono-me atrás dela, abro suas nádegas e não espero mais
nenhum segundo para enfiar minha língua dentro da sua boceta. Chupo com
vontade, fazendo-a gritar de prazer.
Quanto mais eu chupo, mais ela empina o corpo, dando-me total
acesso, deixando-me orgulhoso e com o ego inflado. Nunca antes quis tanto
dar prazer e ser desejado por uma mulher. Introduzo um dedo nela e passo
minha língua em seu clitóris inchado. Angelina grunhe, contorcendo-se toda
no meu rosto. Vou à loucura vendo a minha mulher se entregar ao prazer,
esfregando a boceta na minha boca como uma verdadeira puta.
— Assim, Angelina, rebola na minha cara — murmuro, ofegante de
tesão, inebriado pelo gosto salgado e quente do seu sexo.
— Alex, por favor… Eu quero você — implora entre gemidos.
— Ainda não. Quero te provar mais.
me apertando.
Fico de pé e arrasto o seu corpo até a beirada da cama. Encaixo-me
em seus quadris, inclino e a mordo na nuca, fazendo seus pelos se eriçarem,
enquanto esfrego meu pau em suas nádegas. Angelina ofega trêmula e acaba
Angelina
— Diga, pequena.
mais que nove ou dez anos. Em uma noite de chuva, depois que todos já
haviam se recolhido, fugimos do orfanato. Andávamos pelas ruas do Bronx
apenas com a roupa do corpo, debaixo da forte chuva, quando um carro preto
luxuoso parou perto da calçada em que estávamos. Um homem na faixa dos
cinquenta anos, usando uma bengala e bem vestido, saiu do carro e veio em
nossa direção, acompanhado de dois capangas. Ele perguntou os nossos
nomes e, após ouvir nossa resposta, ele acenou algo para os seguranças.
Naquele momento, não compreendi. Me lembro apenas dos homens se
aproximando, uma forte dor na cabeça e de acordar no outro dia dentro de um
quarto mofado e escuro, sozinho.
— Nossa… — digo chocada, interrompendo-o. — Por que esse
homem fez isso?
apenas me entregava, não sentia mais nada, queria apenas morrer, me fechei
completamente em meu mundo. Até que o homem voltou a aparecer. Ele me
olhou de cima a baixo, analisou cada machucado e sorriu. Disse que aquela
seria a minha vida a partir daquele momento, eu seria treinado para ser um
assassino e as surras diárias eram apenas o início dos ensinamentos para que
eu adquirisse resistência. O nome dele era Dimitri Ivanov, um mafioso russo
que criou raízes no submundo do crime nova-iorquino. Herdei seu sobrenome
e, sem nenhuma chance de escolhas, fui treinado para matar com frieza e
passar despercebido sem nenhum remorso. Fui criado para ser o braço direito
do seu único filho, Rodolpho; cresci em sua sombra como um verdadeiro cão
de guarda.
— Alex… Meu Deus. — Coloco a mão em minha boca, fazendo o
possível para controlar o tremor do meu corpo e evitar que uma lágrima caia.
— Me chamo Alexander Roussel Ivanov, Angelina. Tenho trinta e
cinco anos e sou membro de uma das maiores famílias mafiosas do país.
Ele fala sem demonstrar nenhuma espécie de emoção na voz. Sua
alma está ferida, seu coração petrificado; posso sentir na acidez com que ele
cospe cada palavra.
— Mas… Por que, mesmo agora, você continua fazendo essas
coisas? Por que não se liberta?
Ele vira o rosto e olha em minha direção com aquele olhar
calo.
— Shh… Não diga isso, por favor.
— As coisas não são simples, pequena. Dentro da máfia, há um
código de honra e de conduta que deve ser seguido à risca. Rodolpho, o filho
legítimo de Dimitri, é o atual chefe. Ele comanda a organização e eu sou o
caçador. Mantenho a ordem, sou o responsável por dar um fim em qualquer
um que resolva trair a família ou atrapalhar nossos negócios. Foi o que
aconteceu com o homem que você conheceu como pai. Uma vez dentro da
Alex passa a mão pelo meu rosto e volta a fitar o teto antes de
responder:
— Eu o matei. — Meu coração dispara, temeroso, e eu perco a fala.
Percebendo meu estado de choque, Alexander continua. — Após alguns
meses, fui levado até um outro porão escuro. Eles disseram que aquele seria o
meu primeiro teste como um assassino e, se eu não fizesse o que mandassem,
iriam me torturar até a morte. Quando vi os olhos assustados do meu amigo,
eu fraquejei. Ele estava amarrado, com a boca amordaçada, impedido de se
defender ou até mesmo clamar por socorro. Caí em prantos e não conseguia
me mover. Eles me entregaram uma faca afiada e ordenaram para que eu o
matasse. Mas eu não consegui. Então tive minha primeira unha arrancada,
uma após a outra. Fui pisoteado e cortado por lâminas afiadas até não
conseguir mais gritar de tanta dor. Eu era apenas um menino, Angelina, era
um fraco. Movido pelo desespero, agonia e dor, segurei a faca e o golpeei
várias vezes na barriga. Ainda lembro do sangue dele esguichando no meu
corpo, os gemidos ecoando em minha mente. Seu olhar de piedade e aflição.
Quando Alex termina de falar, já não ouço mais nada, nenhuma
palavra. Estou agarrada ao seu corpo, chorando incessantemente enquanto ele
afaga os meus cabelos. Eu praticamente posso sentir a amargura e a escuridão
que ele viveu todos esses anos. Um anjo caído da morte.
***
Alexander
Tenho consciência do risco que corro ao falar da máfia ou do meu
passado para alguém, mas ela precisava saber. Angelina precisava entender
quem sou de verdade, mesmo que me odeie.
Ela chora, agarrada ao meu corpo como uma criança assustada. Está
abalada com tudo o que eu disse, mas sou o que nasci para ser, não posso
mudar o destino.
— Angel… Não me odeie — peço. Sinto essa necessidade dentro do
peito. — Você pediu para confiar em você, e eu peço o mesmo. Quero que
confie em mim, não tenha medo.
— Eu não te odeio. — Ela levanta o olhar, brilhando pelas lágrimas,
e procura pelo o meu. — Mas é que… Meu Deus… Você era apenas uma
criança, Alex.
Passo meus dedos pelo seu rosto e seco suas lágrimas.
— Não quero que sinta pena. Essas coisas ficaram no passado —
repreendo-a.
Ela acena e volta a me abraçar com força.
— Você e esse tal de Rodolpho, são como irmãos? — questiona.
— Basicamente. Ele é bem mais velho que eu. É um trouxa, babaca,
vive me passando raiva, mas é a única pessoa que conheço como família.
— Então, você não o odeia? — Já mais calma, ela volta a me encher
com a minha Uzi e é por isso que ele ainda está vivo — brinco.
Ela volta a me encarar, com o olhar alarmado.
— Meu Deus, Alex. Você não consegue pronunciar uma frase sem
falar a palavra “caralho” ou em matar alguém? — indaga, arqueando uma
sobrancelha.
Gargalho e a agarro pelo traseiro. Percebo que é a primeira vez que a
ouço falar “caralho” e confesso que adoro a forma como essa palavra soa tão
excitante ao ser pronunciada pelos seus lábios.
pai.
Depois de acalmá-la e prometer, contra a minha vontade, que nunca
mais faremos sexo sem proteção, saio do meu apartamento e sigo até o local
para onde os meus homens levaram James. Torturo-o ao limite, sem pena.
Nunca um ser tão repugnante teve tanta audácia em me enfrentar.
Mesmo sob dores intensas, ele alega não conhecer nenhum Patrick e
que seguia Angelina por vontade própria. A cara de pau do sujeito só me
deixa ainda mais nervoso. Faço questão de deixá-lo ciente que uma nova
tentativa de aproximação para cima dela será o fim para ele. Só não o mato
agora porque sei que ela me odiaria eternamente, mas vontade não me falta.
Depois de torturá-lo até que ele perca a consciência, dou o belo de
um corretivo nos seguranças que estavam com ela e retorno para casa. Eles
sabem que não darei nova chance, não tolero erros. Na próxima, eles já eram.
***
Semanas depois
Angelina me encanta mais a cada dia que passa. Já não sou mais o
mesmo, já não vejo as coisas em preto e branco como via antes. Posso dizer
que, pela primeira vez em muitos anos, me sinto bem. Inclusive, permiti que
John se mudasse para o orfanato após vários pedidos da parte dela.
Deitado em minha cama, usando apenas uma boxer branca, sorrio ao
vê-la entrar no quarto com algumas caixas repletas de livros e outras coisas
que encomendei para ela. Seus olhos sorriem junto com a boca delicada
assim que pousam em mim, proporcionando-me uma bela visão. Segue até o
estofado de couro e, uma por uma, começa a abrir as caixas.
— Ai, meu Deus. — Ela põe a mão sobre a boca, surpresa, quando
se depara com alguns boxes de livros em edição de capa dura, limitada e
exclusiva para colecionadores. Com cuidado, Angelina coloca as caixas
vazias no chão, corre em minha direção e pula na cama, vindo ao meu
encontro.
Sorrio.
— Não seja má, garota. — Levanto-me e vou até ela. Abraço-a. —
Gostou dos presentes?
— Eu amei! — responde, tão serena e alegre que tenho vontade de
beijá-la até o anoitecer. — Alex, eu estou tão feliz — confessa. Suas palavras
inflam o meu peito de uma forma tão intensa que não consigo explicar.
Abraço seu corpo franzino, fazendo questão de demonstrar o quanto
ela é importante para mim, e a beijo na testa.
— Eu também, pequena, estou feliz.
Ficamos assim, apenas sentindo os batimentos cardíacos um do
outro, enquanto a luz da tarde irradia pela varanda, até que o toque do
interfone nos interrompe.
Alexander
— Porra!
Para mim, a morte de pessoas é corriqueira, mas ela, com certeza, jamais
encarou a morte dessa maneira. Mas, nesta situação, nós dois estamos
perturbados. Ela, por ver um homem morto; eu, por ver o Rodolpho, o chefe
da máfia, morto.
— Alex, quem é ele? — murmura abalada. Seu corpo está
fraquejante e seus lábios tremem enquanto fala.
— Rodolpho, Angelina. Rodolpho! — digo impaciente e me afasto
de Angelina. Não posso correr o risco de descontar o meu ódio por quem fez
tal coisa e a exasperação pela minha incompetência nela. A esta altura, não
consigo controlar os meus nervos, a realidade batendo na minha cara, dizendo
o quanto fui um imbecil por não estar presente quando isso aconteceu.
Relembro cada momento que tive com ela nas últimas semanas. Eu
praticamente nem pisei mais por lá, só queria ficar com ela, fodendo,
tentando provar não sei para quem que ela me pertencia, e agora toda essa
porra acontece. Tudo por minha incompetência.
— Alex… Você está bem? — Angelina volta a tocar as minhas
costas de leve. Ainda sinto seus tremores. No entanto, uma raiva insana
cresce dentro do meu peito. Eu me deixei levar por uma mulher, permiti ser
seduzido e deixei o que realmente importava de lado. Inferno!
— Como eu posso estar bem, porra? — Viro-me, possesso,
No entanto, minha raiva é tanta que passo por ela sem lhe dar
ouvidos e sigo depressa até o “bunker”. Coloco a senha rapidamente, entro e
pego algumas armas pesadas e munições. Volto a trancar tudo com senha de
segurança e rumo em direção ao elevador, sem me importar com mais nada.
Na minha mente, apenas a palavra vingança grita alto. Terei prazer em
degolar um por um dos envolvidos. Se Patrick tiver algo a ver com essa
chacina, farei questão de eu mesmo estourar seus miolos. Que a guerra se
inicie.
processando tudo o que ela acabou de me dizer. Meu coração sangra como se
tivesse sido apunhalado. Só agora me dou conta da besteira que acabei de
falar. Ela não tem culpa. Minha Angel não tem culpa de eles terem morrido.
Caralho, eu sou mesmo um imbecil.
Puxo uma lufada de ar, odiando-me por tê-la deixado nesse estado
tão caótico. Mas, porra, Rodolpho era praticamente o meu irmão, caralho.
Angelina corre até o armário e começa a pegar algumas roupas, mas
eu a interrompo.
— Angel, não temos tempo, depois eu compro outras coisas pra você
ou mando alguém buscar. No momento, precisamos sair daqui o mais rápido
possível.
Ainda sem abrir a boca ou olhar em meu rosto, ela assente e me
acompanha em direção à porta. É mais conveniente descermos pela escada
para passarmos despercebidos. Tenho certeza que o prédio está sendo vigiado
e descer pelo elevador pode ser muito óbvio; não sei até que ponto o porteiro
ou algum outro funcionário é inocente nessa história.
minhas costas.
De um lado, tem toda essa merda de máfia e lealdade. Do outro,
Angelina, a suposta filha de um traidor. Caralho!
Dou um passo em sua direção, sentindo a necessidade de senti-la
Deixarei dois homens aqui com você e mais alguns lá embaixo. Tenho um
dever a cumprir e… você sabe. A máfia está nas minhas costas agora.
Ela assente, mas é visível a preocupação estampada em seu
semblante. Ainda processo lentamente suas palavras faladas no apartamento,
dizendo que me amava. Sinto vontade de abraçá-la, deixá-la segura. Angelina
não merecia amar um homem quebrado como eu, mas sou tão egoísta que
também não consigo abrir mão dela e a quero para mim cada dia mais.
Desvio meu olhar do seu rosto, deixo a suíte que mais se assemelha
a um apartamento e sigo para a saída.
***
Chego à mansão alguns minutos depois. A casa onde morei grande
parte da minha vida carrega uma aura de tristeza e sombras em cada
compartimento, mesmo com o jardim impecavelmente bem cuidado e florido
na entrada.
Passo pela porta de madeira maciça centenária e sigo até a sala de
reuniões, deparando-me com todos os membros do Conselho sentados em
volta da grande mesa de carvalho que Dimitri Ivanov tanto adorava. Lembrar-
me dele, ainda me causa raiva, repulsa, mas também gratidão. Todos os
olhares se viram para mim, assim que entro.
Caminho firme, demonstrando confiança e respeito aos membros,
como eles também devem agir comigo a partir de agora. Um Don sem o
“É uma pena, James Foster era um bom espião. Seu erro foi se
aproximar demais daquela vadia. Como é o nome dela mesmo? Ah, lembrei:
Angelina Lucky. O homem estava obcecado. Risos. Espero que tenha gostado
do presente, Alexander, ele era a única testemunha ainda viva que sabia quem
sou.”
***
Angelina
Assim que ele sai, a primeira coisa que faço é me debruçar sobre a
cama e chorar ininterruptamente até soluçar.
purificações para o qual por tantos anos me preparei, e agora não tenho mais
nada. Sinto que estou perdendo o chão. Sinto-me perdida. Não sei o que o
futuro me reserva. Não tenho mais a segurança do convento e a convicção da
minha vocação. O que será de mim?
Sentada sobre a cama, abraço os meus joelhos e oro, rogo a Deus por
perdão e força. Peço que me dê sabedoria para continuar lutando, para que eu
encontre o meu caminho, seja com Alexander ou não. Eu só preciso ter paz.
***
A noite chega e eu continuo no quarto, perdida e sem determinação
nenhuma. Nem mesmo a beleza do lugar me animou. Durmo um pouco e
quando acordo já é madrugada. A cidade está silenciosa. Abro os meus olhos
e me assusto quando o vejo sentado sobre a poltrona cor de marfim no centro
simplesmente mudou.
Saio do banheiro decidida, mas me decepciono quando não o
encontro mais no quarto. Ando pelos compartimentos da suíte à sua procura,
olho em todos cantos, mas não vejo nada dele, nem sinal. Abraço o meu
corpo, aflita, retorno para a cama e me deito.
Os dias passam lentamente. O clima está mais frio com a chegada do
outono e a paisagem da cidade começa a mudar. Todos as tardes, passo horas
na janela observando as pessoas andando no Central Park, os carros
circulando pela avenida e as folhas alaranjadas caindo pelas calçadas. A vista
é esplêndida por este ângulo. Todos os dias, espero por ele, na esperança de
que virá falar comigo e se explicar. Mas não; todo santo dia é a mesma coisa.
Praticamente não o vejo mais. Ele sempre chega no meio da noite, toma
banho e se deita, praticamente ignorando-me. É como se estivesse me
Alexander
Uma desgraça. Esta é a palavra que melhor define a minha vida nos
últimos dias. Estou lutando com todas as minhas forças, dia após dia, para
conseguir permanecer longe dela e manter a racionalidade e a frieza
necessárias para cumprir o juramento de honra e lealdade que fiz diante de
todo o Conselho. Não posso perder a objetividade; qualquer passo em falso e
toda a organização entrará em colapso.
Preciso liderar uma família de mafiosos e ainda proteger Angelina.
Mesmo sendo o Don agora, seria arriscado demais expor sua identidade,
mesmo sob minha proteção, mesmo sendo a minha mulher. Ela é, para todos
os efeitos, filha de Robert Lucky e não será aceita pelos membros da família.
tatuagem. Eu não respiro sem pensar nela ou em estar dentro dela, e o pior é
que todos estes sentimentos fazem de mim um homem fraco, sem vontade
própria. Ela é o meu calcanhar de Aquiles e não posso permitir que esses
sentimentos interfiram nos negócios da família, não posso permitir que outra
tragédia aconteça. Preciso cortar as distrações e manter o foco.
Por enquanto, estou focado em encontrar o verdadeiro pai de
Angelina. Com as informações que tenho e outras que consegui com ela
durante algumas conversas, sinto que estou perto. Os investigadores estão
começar. Também era uma forma de evitar ser seguido e, mais uma vez,
expô-la ao perigo.
Ainda é cedo, não deve passar das oito horas da noite. Em minhas
mãos, carrego um vestido de grife que mandei comprar para ela. Pretendo
conversar com Angelina. Não posso mais deixá-la sem qualquer explicação.
Vejo como ela está sofrendo e isso dói em mim. Talvez seja uma boa ideia
levá-la para jantar, aqui mesmo no restaurante do hotel. Sei que está triste,
deve estar confusa e ansiosa com esse meu sumiço. Mas, porra, eu não sei
lidar com essa merda, nunca tive que dar satisfação para ninguém.
Principalmente agora, atolado de problemas até o pescoço.
Abro a porta da suíte em que estamos hospedados e, assim que
chego no quarto, vejo-a na janela, olhando a vista, abraçada ao próprio corpo.
Ela está cada dia mais linda, usando um dos seus costumeiros pijamas, com
os cabelos soltos, batendo abaixo da cintura. Sua simplicidade me cativa
tanto.
Ainda na porta, não consigo parar de admirar cada pedacinho do seu
corpo pequeno. Ela está ainda mais atraente, de uma maneira quase imoral
aos meus olhos. Passei as duas últimas noites sentado na poltrona que fica no
meio do quarto, observando-a enquanto dormia, descoberta, abraçada a um
dos livros que comprei para ela. Olhando-a assim, tão de perto, acho está
ainda mais deliciosa do que nunca.
Preciso respirar fundo quando sinto meu pau crescer dentro da calça,
querendo-a como um louco. Ficar sem sexo é uma merda, fico ainda mais
estressado, é difícil manter a distância. Na mansão, recebo oferta de mulheres
todo o tempo, mas não as quero, nem vou quebrar a palavra dada à minha
Angel.
O aquecedor está ligado, deixando o ambiente aquecido, diferente do
frio que começa a despontar lá fora. Minha testa sua de tanto tesão reprimido.
Fecho a porta e começo a descasar os botões do terno que uso. Desde que
assumi a liderança da máfia, resolvi mudar minha aparência por uma questão
de respeito. Preciso reforçar o respeito dos membros com relação a mim.
Angelina percebe a minha chegada e me encara surpresa. Sinto uma
pontada no peito quando vejo seus olhos vermelhos e as olheiras evidentes.
pau duro, fecho os meus olhos e começo a fazer alguns movimentos de vai e
vem com a mão, louco para me enfiar todo dentro nela. Inferno! Eu não
suporto mais isso. Sei que isso não me satisfará, então deixo a masturbação
de lado. Após um banho revigorante, seco-me, enrolo a toalha em volta da
cintura e retorno ao quarto. Encontro-a deitada de lado na cama. De onde
estou, consigo ouvir seus soluços.
Porra, Angel.
Não queria machucá-la assim, juro que não. Preciso lidar com todas
observo minuciosamente.
Porra. Como ela pode ser tão linda, tão doce e… tão perfeita.
Deito-me do seu lado e neste momento sinto seu corpo estremecer
com a minha aproximação, ao mesmo tempo que seus soluços se
interrompem.
— Angel — murmuro, e espero que Angelina me responda, mas ela
não o faz. Meu peito se aperta mais. Toco seu ombro de leve e sinto a tensão
em seus músculos. Alguns tremores surgem em seu corpo.
Aproximo-me mais dela e continuo massageando seu ombro,
subindo minhas mãos para o pescoço delicado, sentindo a pele quente se
arrepiar com o meu toque. Mesmo que ela esteja ignorando-me, os efeitos
que causo em seu corpo me instigam a continuar com as carícias. Aproximo o
dizer o que sinto e por que me afastei, pedir desculpas por magoá-la tanto.
Mas paro no meio do caminho. Nem eu mesmo sei o que sinto por ela. Seria
atração? Desejo? Amor? Eu poderia amá-la? Mas como, se nem ao menos sei
o que é sentir algo assim por alguém?
Fito seus olhos assustados, que me encaram esperançosos,
aguardando uma resposta, mas não consigo emitir nenhum som. Faltam-me
as palavras. Compreendo seus sentimentos. Ela está magoada e tem motivos
de sobra. Preciso mudar minha abordagem.
— Angel, tenho muitas coisas para te explicar e… Por favor, dê-me
porra.
— O que significo pra você, Alex? Um nada? — pergunta enquanto
abraça o próprio corpo. — Eu nunca tinha beijado ninguém até conhecer
você. E, de repente… você tirou tudo de mim — continua com dificuldade, a
voz falhando. — Eu era virgem. Você entende isso? Eu iria ser uma freira,
servir a Deus — ela continua falando, com a voz pesada e ferida,
demonstrando a mágoa que vem guardando há vários dias.
— Pequena, eu sei que te magoei por me afastar e pela forma
grosseira que te tratei naquele dia. Mas é que… O mundo está caindo nas
minhas costas, Angelina. — Dou mais alguns passos em sua direção e seguro
o seu queixo. Ela se esquiva, mas eu continuo. — Nada justifica o que eu
disse, tem razão em me odiar. Mas estou aqui, te pedindo perdão — digo
seriamente, olhando-a nos olhos. — Você é importante para mim, sabe disso.
E quanto ao meu sumiço… — Passo a mão pelo meu cabelo, à procura de
uma resposta convincente. — Uma série de coisas aconteceram esses dias.
Irei te falar tudo, venha jantar comigo, vamos conversar. Estou com
saudades.
começar, então não diga que é fácil. Só preciso que me escute. Se, depois do
que eu disser, ainda não quiser me dar uma nova chance, eu insistirei de novo
e de novo, até me redimir e provar que mereço.
Ficamos em silêncio por longos segundos, até que ouço seu suspiro
profundo.
— Mas e quanto às pessoas que estão atrás de mim? Não seria
perigoso, descer? — indaga, um pouco assustada.
— Não se preocupe. O hotel está sendo vigiado discretamente.
Qualquer movimento suspeito, serei informado. Além disso, iremos jantar em
um espaço reservado, apenas nós dois.
— Eu não sei — responde ela após refletir um pouco. — Vamos
esclarecer uma coisa: o fato de eu aceitar jantar com você não significa que
próximo ao elevador, e saio, dando o espaço que ela precisa para se arrumar.
Assim que saio do elevador, ando alguns metros pelo térreo até me aproximar
da porta de um dos restaurantes do hotel. Recosto-me na parede, de onde
posso observar as portas do elevador. Daqui poderei ver quando Angelina
sair. Estou atento à segurança dela. Cruzo os braços e assim permaneço por
um tempo, pensando no que farei, até perceber o silêncio sendo cortado por
uma voz feminina, enjoativa. Surpreendo-me por vê-la aqui.
***
Angelina
Apenas palavras vazias, foi tudo o que ele conseguiu me dizer.
Ainda tinha esperanças de ouvir algo coeso, que trouxesse a minha
tranquilidade de volta. Mas não, nada do que ele disse foi capaz de me fazer
sonhar de novo.
Pergunto-me o que estou vivendo. Realmente vale a pena lutar em
nome do amor, por alguém que não sabe como amar?
Limpo uma lágrima que escorre do meu rosto enquanto tiro o vestido
que ele me trouxe de dentro do plástico.
“Apenas um jantar e eu explicarei tudo.”
Suas palavras não saem da minha cabeça. Terão esses atos alguma
explicação plausível ou serão apenas mais palavras vazias de alguém que não
sabe como se justificar? Só preciso me sentir segura. Saber! Ter a certeza que
sou querida e desejada, como qualquer mulher merece ser. No entanto, agora,
não tenho mais certeza sobre nada.
Os últimos dias foram muito estressantes; estou muito sensibilizada
e emotiva. As noites se parecem mais como borrões sem vida e sem sentido,
da cama e começo a me vestir com a roupa chique que ele me trouxe, mas
não sinto qualquer contentamento com isso. Esta conversa será um divisor de
águas em minha vida; não posso mais continuar no escuro, sentindo-me como
uma escória.
Olho-me no espelho; admito que a roupa me caiu bem. Ele escolheu
um vestido na altura dos meus joelhos, que emoldura perfeitamente as formas
da minha cintura e quadril. As mangas compridas são aconchegantes. Em
outra situação, talvez eu me sentisse bela nele. Mas, no momento, sinto-me
apenas reles, vulgar. Toco as maçãs do meu rosto pálido e esmoreço ainda
mais. Estou tão acabada, como se não dormisse há dias. Meus olhos estão
pesados com tantas olheiras, meus lábios sem vida. No entanto, preciso ser
forte, abaixar a cabeça agora só vai piorar a situação.
Respiro fundo, calço uma das minhas sandálias rasteiras e sigo em
direção ao elevador.
— Vamos lá, Angelina. Levante essa cabeça. Converse com ele,
coloque os seus medos para fora e tome a melhor decisão — murmuro
baixinho para mim mesma.
Meu coração bate forte no peito por causa da ansiedade, tanto que
sinto dificuldade em respirar. Ainda trêmula, encosto-me no metal das
paredes do elevador e, quando as portas se abrem, firmo-me para não
fraquejar e saio. Ando devagar no local pouco movimentado, mas quando o
preciso tirar este peso do meu peito. Preciso saber se vale a pena lutar por ele.
— O que você sente por mim? — questiono de forma direta em meio às
lágrimas que descem sem pudor, embaçando a minha visão. — Você me…
ama?
Sua voz parece morrer em sua garganta, pois ele se cala e arregala os
olhos, surpreendido com a pergunta. Pela primeira vez, vejo seu olhar
transparecer o quanto uma palavra o tocou. No entanto, seu silêncio me faz
tirar minhas próprias conclusões e, com a voz embargada pelo choro, a
garganta seca e um amargo na boca, continuo:
frio que contrasta com o calor do aquecedor lá de dentro. Ainda ouço sua voz
desesperada atrás de mim, gritando o meu nome, mas, por sorte, chego na rua
no momento em que um dos hóspedes ou visitantes desce de um táxi. É a
minha chance de me manter longe desse homem que tanto me fez bem e mal
ao mesmo tempo.
Entro no veículo às pressas e ordeno que ele arranque
imediatamente. Em seguida, passo as instruções de como chegar no convento.
Olho para trás e vejo que causei uma comoção na porta do hotel. Alex se
debate com alguns seguranças, enquanto outros homens, que identifico como
seus capangas, correm para auxiliá-lo. No meu peito, só restam os frangalhos
de um coração partido. Na minha alma, apenas a vergonha por ter
sucumbindo aos desejos do meu corpo.
Alexander
que eles a impeçam de fugir, mas quando vejo, já é tarde. Angelina entra em
um táxi qualquer, que arranca a toda velocidade, e eu não faço ideia de para
onde ela pretende ir.
Acerto um golpe com meu cotovelo no homem que me segura do
lado direito e, assim que ele me solta, colocando a mão sobre o estômago,
esmurro o outro com toda a minha força. Mais dois seguranças avançam em
minha direção antes mesmo que eu consiga me mover, quase que
imobilizando-me. Já são quatro homens impedindo que eu siga atrás dela,
fazendo o meu sangue ferver de ódio pelo mal-entendido. Mas logo sou
ajudado por meus capangas, que chegam com o modo combate ativado, e a
confusão só aumenta.
Não espero nenhum segundo para pegar a chave com um dos
homens e seguir até o sedã estacionado do outro lado da rua. Entro no carro
às pressas, dou a partida e sigo igual a um louco atrás dela. Após refletir um
pouco, se a conheço bem, Angelina está indo para o convento, lugar onde
pensa ser seguro. Mas, no meio dessa guerra maldita, nenhum lugar é seguro
o suficiente.
Bato forte no volante e piso com força no acelerador, sem me
importar com nada que atravesse a minha frente. Eu só preciso trazê-la de
volta, em segurança, para a minha vida.
Caralho! Tive vontade de matar a Sophie quando se aproximou de
mim com aquela voz irritante, alegando surpresa ao me ver ali. O fato de
Angelina ter visto outra mulher tentando me beijar na cara dura
provavelmente a deixou ainda mais insegura, e agora a bola de neve só
cresce.
Porra, Angel. Por que tem que complicar tanto a minha vida?
Estou sentindo meu peito esmagado, tamanho é o aperto que me
toma. Parece que estou morrendo aos poucos e não consigo compreender: o
que essa menina fez comigo? inferno! Já não sinto mais o chão, estou
sentindo-me vazio, sem vida, um nada! O medo de perdê-la e de algo
acontecer a ela injeta adrenalina no meu sangue, e sinto o ribombar do meu
coração.
Após alguns minutos, chego à estrada de chão que liga a cidade de
me fazer ir com você. Por favor, siga a sua vida. Me deixe em paz!
Suas palavras são como uma faca sendo fincada no fundo do meu
peito. O pior é que não entendo nem um por cento da merda que está
acontecendo entre nós. Eu só preciso tê-la ao meu lado, apenas isso, sem
mais explicações.
— Angel, sei que está chateada comigo, eu entendo. Não foi correto
o que fiz, te deixando sozinha no quarto do hotel. Eu compreendo. Mas me
entenda, porra. Eu sou o líder de uma máfia agora. É uma organização
criminosa perigosa pra caralho, e você, Angelina, é a minha fraqueza. Não foi
fácil para mim também, mas eu precisava pôr a cabeça no lugar, colocar as
coisas nos trilhos. Você viu a merda que aconteceu! — digo com o tom de
voz alterado pelo nervosismo. Estou mais uma vez perdendo o controle
tremem.
— Você é minha mulher, Angelina. A mulher de um bandido, sim. É
o que sou, você sempre soube disso e eu não sairei daqui sem você!
— Por favor, afaste-se — pede como uma súplica.
Angelina. Não sei amar ninguém. Tudo que eu poderia te dar, já te dei, e foi
muito mais do que já fiz por alguém — digo, olhando-a fixamente — Que
caralho você quer mais?
Ela fica alguns segundos em silêncio, com a cabeça baixa, parecendo
pensativa.
— Você tem razão, Alex — sussurra. Por um segundo, respiro
aliviado, tendo a certeza que ela retornará comigo e as coisas finalmente
voltarão a ser como antes. Mas, então, ela dá a cartada final, jogando a última
pedra sobre o meu caixão. — Eu não posso exigir que você me ame, mas eu
Porra!
No momento em que abro a boca para contestar, sou interrompido
por vozes agitadas que vêm de dentro do mosteiro e aproximam-se cada vez
mais.
— Quem está aí? — pergunta a voz de uma mulher. Percebo a
aproximação de flashes de luzes que se destacam na escuridão, vindo na
direção do portão. É um grupo de mulheres carregando algumas lamparinas.
— Madre? — grita Angelina, virando-se na direção do grupo. —
alguém que ela temesse e não o homem que a protege desde o dia que ela pôs
os pés para fora deste lugar, e ainda que a fez mulher. Aquele que se colocou
em risco por ela, aquele capaz dar a própria vida por ela.
— Irmã Angelina… Oh, meu Deus — Vejo que as mulheres
observam minha garota e parecem se assustar com suas roupas. Mas logo a
mulher a puxa para um abraço. — O que houve com você, minha filha?
— Explicarei tudo, Madre. Mas… me deixe ficar aqui, por favor.
— Sim, minha querida. Sempre será bem-vinda aqui,
sua direção, até ficar próximo o suficiente para que ela enxergue a verdade no
fundo dos meus olhos. — Não ficarei me rastejando para que volte comigo.
Você me conhece. — Jogo minha cartada final e a encaro com as
sobrancelhas franzidas, esperando que ela ceda à minha tentativa de
chantagem, mesmo sabendo que por ela eu vou até o inferno.
Ela também me fita e balança a cabeça em negativa. Sem esperar
nenhum segundo, vira-se novamente em silêncio e caminha na direção do
grupo de mulheres. Passa pelo portão e continua andando.
Ainda percebo quando a tal Madre se vira e me fita nos olhos, como
***
Angelina
Na sala da Madre, recebo um copo com água e açúcar e o tomo
quase todo de uma vez, em busca de calma para os meus tormentos, enquanto
sou observada por alguns pares de olhares curiosos, que me encaram com mil
pontos de interrogação em suas cabeças.
Tomar a decisão de deixá-lo, assim, não foi fácil para mim. Porém,
continuar vivendo com alguém que não me ama, que na primeira
com ele, Madre. Eu me entreguei por amor — confesso, afirmando algo que
até então eu não tinha certeza, mas ao recordar de tudo o que senti e o que
vivemos, confirmo que já o amava na noite em que perdi a virgindade.
— Oh, meu Senhor. — Com a mão sobre a boca e o olhar alarmado,
ela não faz questão de disfarçar o choque que sentiu com a minha
confirmação. — Eu imagino que, depois de tudo, você já não pensa em fazer
seus votos, não é mesmo?
Assinto.
absolutamente nada.
— Pobre criança. — Seu aperto é forte em meus dedos, cheio de
ternura e afeto. — Não duvide da minha experiência, Angelina — diz,
convicta. — Antes de me tornar freira, também amei e fui amada com a
mesma intensidade. — Ouço suas palavras e não consigo disfarçar minha
surpresa. Não sei o que dizer, então, ela continua. — Faz muitos anos, minha
filha, eu era uma menina como você.
— Eu nunca soube disso — confesso em um sussurro. Ela solta as
minhas mãos e as leva até a touca em sua cabeça. Ajeita algum fio
imaginário, tentando disfarçar o incômodo que o assunto lhe provoca, e volta
a falar.
— Ele faleceu uma semana antes do nosso casamento, por isso
decidi entrar para o noviciado e me apaixonei por este lugar. Me trazia paz.
Sinto uma pontada no peito quando ouço seu relato, como se meu
coração queimasse. Não consigo imaginar algo tão dramático acontecendo.
Eu não aguentaria.
— Eu sinto muito — digo, condoída.
mulher que, durante anos, vi apenas como uma devota a Deus. No entanto,
dou-me conta que antes de tudo somos mulheres.
— Mas e agora? O que pretende fazer? Sabe que pode ficar aqui o
quanto precisar.
— Agradeço muito, Madre. Eu só preciso dar um rumo a minha
vida. Penso em mudar de cidade e recomeçar. Preciso de coragem.
Começo a contar a ela as coisas que me aconteceram durante esse
tempo, evitando falar sobre o Alex e a máfia. Para justificar o meu
desaparecimento do convento, apenas digo que fui levada por questões
relacionadas ao meu pai. O que não é de todo mentira. Penso que ela não
entenderia como pude me envolver com alguém assim, mas quando recordo
dos momentos que tivemos, do seu cuidado, do orfanato, apesar de tudo,
sinto que tudo valeu a pena.
Estou seguindo a mesma rotina que tinha aqui, ao lado das irmãs.
Participo das missas e liturgias diárias e ainda uso o meu antigo hábito no dia
a dia, exceto pelo véu que já não é necessário. Rezo constantemente, pedindo
forças aos céus para suportar essa provação.
Quando não estou na Capela, passo maior parte do tempo na
biblioteca estudando teologia. Às vezes, pego o livro que havia deixado ali na
noite em que conheci Alexander. Releio algumas partes e sempre termino aos
prantos. Não consigo me conformar com o final.
fato de ela ser tão rebelde, mesmo já tendo feito os seus votos. Tenho ímpetos
de adverti-la, mas ela com certeza não me dará ouvidos, então me calo.
— Eu ouvi alguns cochichos entre as irmãs esses dias. É verdade que
você estava vivendo com um homem? — Ela é direta, faz questão de deixar
última noite que passamos juntos. Ainda posso sentir o calor da sua boca
sobre o meu corpo.
— Foi maravilhoso — sussurro.
Ouço seu suspiro contente, como se sonhasse com momentos assim.
— Eu mal consigo acreditar que você, Angelina, foi pra cama com
um homem — diz, divertida.
— Shh. Fale baixo, Kate — advirto-a, mas acabo sorrindo também,
um pouco envergonhada. Senti tanta falta dela.
Conversamos por mais alguns minutos, mas evito falar sobre os
detalhes sórdidos, mesmo ela estando tão interessada. Logo ouvimos o sino
da Capela tocar. Kate levanta-se e aguarda que eu faça o mesmo para poder
acompanhá-la. No entanto, quando me coloco de pé, sinto o mundo girar à
minha volta e minha visão ficar turva. Sou obrigada a me segurar no pinheiro
para não cair.
Percebendo meu estado instável, Kate toca o meu ombro,
preocupada.
— Angel, o que foi? Você está pálida.
— Eu não sei — respondo de olhos fechados, o mundo ainda dando
voltas ao meu redor. — Deve ter sido uma queda de pressão, não se preocupe
— respondo para tranquilizá-la e, assim que me sinto melhor, seguimos as
duas para a Capela onde assistiremos a segunda missa do dia.
Capítulo 34
Alexander
equipada academia que fica nos fundos da mansão. Meus dedos ardem e o
suor banha o meu corpo pelo esforço frenético, mas prefiro isso a ter que
ficar torturando-me a todo momento, mastigando o vazio que a falta dela me
traz.
Com a respiração ofegante, esmurro o saco mais várias vezes
seguidas, até sentir que estou ultrapassando o meu próprio limite. Limpo o
suor que desce do meu rosto, usando a palma da mão, pego uma garrafa com
água que deixei em cima de um aparelho de ginástica e tomo todo o líquido
em um único gole. Encosto-me na parede, ofegante e tenso, sentindo como se
eu estivesse morto por dentro, como se a merda da minha vida não tivesse
mais sentido algum desde o dia em que ela se foi. É tudo tão confuso e
caótico que me sinto atribulado todo o tempo.
Por que você me deixou, Angelina? Caralho!
Exasperado, dou alguns passos pelo local mal iluminado e, no
impulso da fúria, chuto algumas caixas que estão empilhadas no meu
caminho. Amaldiçoo-me instantaneamente pela dor que me toma ao sentir o
material cortante, que está em uma delas, perfurar meu tênis e abrir um corte
no meu pé direito.
e tinge o chão de vermelho, mas eu não me dou por vencido. Ainda não
terminei meu treino.
Pego a camisa que eu havia deixado junto com a água, rasgo-a no
meio e amarro uma parte em cima do corte para estancar o sangramento.
Quando estou prestes a voltar para o que estava fazendo, mesmo descalço,
levanto a cabeça e percebo que estou sendo alvo do olhar de alguém que me
encara com curiosidade.
É um rapaz, ainda jovem. Eu o vi poucas vezes por aqui, mas sei que
faz parte dos homens de Patrick. Pela fisionomia, ele não deve passar dos
vinte e três anos.
— O que faz aqui, garoto? Não deveria estar fazendo a guarda do
seu chefe? — Sigo até o saco de pancadas e volto a esmurrá-lo, sem lhe dar
nenhuma atenção.
— Deveria. Mas Patrick ordenou que o chamasse. Ele está reunindo
o conselho. — O rapaz aproxima-se e segura o saco de pancadas na minha
frente — continue — diz, referindo-se aos golpes que estou proferindo no
objeto.
de esquiva, vendo-o passar direto pelo meu corpo. Este movimento o deixa
vulnerável e é a oportunidade que preciso para desferir um hook na lateral do
seu corpo, fazendo com que ela caia no chão, imobilizado pela dor. Não o
golpeei forte o suficiente para feri-lo gravemente, mas, com certeza, ele
sentirá fortes dores por longos minutos.
— Levante, rapaz — digo, voltando a me aproximar. Estendo a mão
para ajudá-lo. — Isso foi apenas um aquecimento. Você precisa melhorar
suas técnicas de defesa e ataque — digo quando ele se firma na minha mão e
Ele ainda é inexperiente, mas é bom, não nego. Ainda mais diante da
minha força e prática; não é qualquer um que conseguiria me acertar assim.
— Você tem futuro, rapaz — falo ao sentir o gosto de ferrugem em
minha boca. Com certeza ficarei com um belo hematoma no rosto. — Posso
sabe que não é inteligente me confrontar, porque, para todos os efeitos, sou
eu quem manda neste caralho e sou eu quem dita a decisão final.
O tempo se arrasta, devagar e agonizante, enquanto discutimos sobre
as novas informações que chegaram no coração da máfia. Mais problemas e
mais estresse para a minha cabeça. A cada dia que passa, estamos ainda mais
na mira do FBI. Inclusive, suspeito da existência de agentes infiltrados.
Olho à minha volta e não vejo qualquer um confiável, nem mesmo
os meus homens, os caras que treinei com afinco durante anos.
Quando a reunião é, por fim, encerrada, espero que todos saiam e
retiro-me por último. Já é noite, as luzes clareiam o jardim em frente a casa,
mas não é o suficiente para deixar todos os compartimentos em volta da
mansão iluminados. Caminho rapidamente em direção ao sedan blindado que
pelas chamas. Os seguranças que não viraram cinzas estão despedaçados pelo
chão em torno do veículo.
Com um enorme esforço, consigo ficar de pé. Todo o meu corpo dói
por causa do impacto.
— Uma armadilha. Porra! Era para eu estar morto — sussurro para
mim mesmo, analisando com cuidado a proporção do problema.
Os homens que estavam na porta retornam apressadamente até onde
estou, atraídos pelo estrondo da explosão.
— Alexander, tá tudo bem aí, cara? — questiona um deles ao se
todo o tempo?
Fecho os meus punhos, nervoso, confirmando que o inimigo está
perto de mim. Há um traidor bem diante dos meus olhos, usufruindo da
minha confiança. Só preciso saber de quem se trata.
***
A boate está lotada como todas as noites. Homens bêbados e
drogados pagando uma fortuna pela companhia ou algumas horas de sexo
com uma puta qualquer, mulheres seminuas que dançam sem nenhum pudor
no palco suspenso. Nas minhas mãos, um copo de whisky pela metade. Na
minha frente, duas loiras que se insinuam descaradamente. Giro a bebida sem
gelo dentro do copo, enquanto permaneço recostado no balcão, pensativo.
Olho à minha volta e me pergunto que caralho aconteceu comigo. Eu deveria
mosteiro. Fazia semanas que, embora estivesse sempre por perto, eu não
conseguia vê-la. Fiz dos muros do convento minha parada obrigatória todas
as noites e do banco do meu carro, minha cama. Viajo para lá todas as noites
na intenção de mantê-la segura, além de manter vigias que espreitam os
portões durante o dia, pessoas que moram lá perto e que sei que não têm
nenhuma ligação com a máfia.
Angelina estava serena, parecia feliz, mesmo dentro daquele hábito
severo. Conversava alegremente com uma outra mulher no jardim, cuidava
das roseiras como na primeira vez que coloquei os olhos no seu rosto
angelical. Sorria e agia como se eu nunca tivesse existido. Aquilo me
mortificou, destruiu-me por dentro. Vê-la seguindo em frente, como se eu
não tivesse sido importante, enquanto eu me deterioro mais a cada dia,
deixou-me ainda mais arrasado.
Coloco o copo sobre o balcão e sigo para a saída, onde deixei o carro
estacionado, sob vigilância.
Ainda assim, antes de entrar, faço a inspeção de segurança de praxe,
agora ainda mais cuidadosa, verificando se não há outra bomba à minha
cuidado para não ser seguido, como sempre faço todas as noites. Ao chegar,
troco meu terno por roupas sóbrias e maleáveis. Agasalho-me dentro de uma
jaqueta de couro para enfrentar o frio do outono que chegou com força e
retorno para o sedã, discreto.
Faço o percurso até o mosteiro em velocidade vertiginosa. A
expectativa de revê-la cresce rápido dentro do meu peito. Minha angústia é
tanta que soco o volante para dissipar um pouco dos meus pensamentos, da
minha agonia.
Assim que chego, dirijo mais alguns metros além do portão, até uma
curva fechada e estreita que praticamente dá um fim à estrada de chão, mas
que é suficiente para manter o carro bem escondido, distante dos olhos de
qualquer pessoa que venha até o portão do convento. Mas, a esta distância e
posição, consigo ver as janelas e eventuais flashes de luz dos compartimentos
mais altos, por cima do muro.
Depois de conferir que todas as luzes do convento se apagaram,
afasto o banco do carro e descanso minha cabeça, pendendo-a para trás. O dia
foi exaustivo, além do normal, e as horas de sono perdido, noite após noite,
A saudade aperta em meu peito com força, fazendo com que eu haja
com insensatez. De forma açodada, corro, escalo o muro do mosteiro e pulo
do outro lado. Assim que firmo os pés em terra firme novamente, apresso-me
em direção à janela em que ela está escorada, observando alguma coisa no
céu estrelado. Tomo cuidado para me camuflar pelas sombras.
— Angelina — chamo, quase em um sussurro, porém, alto o
suficiente para que ela me ouça.
Assustada, ela olha em volta, no chão, até seus olhos verdejantes se
cruzarem com os meus, iluminados apenas pela luz da sua janela. Um grito
— Alex, você não pode ficar aqui. Por favor, vai embora. — Sua
expressão de pânico me deixa retraído, mas não me dou por vencido, não sem
antes dizer tudo que está entalado aqui dentro.
— Me ouça, pequena — digo, ignorando seu apelo em que tenta me
expulsar.
— Vá embora. — A amargura em sua voz deixa em evidência que
ela ainda está magoada, mas sou teimoso demais para desistir. Sou egoísta
demais para deixá-la em paz.
— Tudo bem. Se você não vem até mim, eu subo até aí.
Ando em volta da parede, analisando uma forma de escalar até ela.
Ignoro sua repreensão irritada e escalo as paredes, fincando as mãos nos vãos
entre os tijolos e os pés no parapeito das janelas.
— Ficou louco? Não pode subir aqui! —- sussurra quando já
alcancei sua janela. Ela vira o corpo para o interior do quarto, como que
conferindo algo, em seguida vira-se novamente na minha direção.
Mas, antes que ela possa se esquivar, eu a seguro pelo pescoço e
roubo-lhe um beijo faminto e angustiado. Céus, como isso é bom. Como eu
desacreditada, e sussurra meu nome, mas sua voz falha por alguns segundos.
— Eu não consigo acreditar em nada do que diz. Você me magoou demais. E
somente agora vem me procurar.
— Não, Angelina. Estive aqui perto de você todas as noites. Me
perdoa. Me perdoa, estou implorando que me ouça — peço com o tom de voz
alterado. Caralho, a que ponto eu cheguei. Nunca pensei que seria capaz de
implorar a uma mulher!
— As coisas não se resolvem… assim — diz com, a voz embargada,
enquanto leva a palma da mão até os olhos para secá-los. — Você não pode
me ferir assim e achar que um simples pedido de desculpas vai fazer com que
eu esqueça tudo. — Suas palavras ferem como lâmina afiada que me corta
lentamente em uma tortura interminável. — Eu posso te perdoar, Alex, sim.
Eu posso. Mas voltar contigo não é mais uma opção. Não posso me entregar
está balançada. Mas suas palavras me fazem ponderar que não posso expô-la.
Ela me olha uma última vez e se afasta para fechar a janela, contudo,
não me dou por vencido. Chamo-a uma última vez, na esperança de que ela
me escute, na esperança que também me compreenda.
— Espera! — peço e a vejo parar, mantendo a janela semiaberta, o
suficiente para que eu consiga ver seu rosto. — Encontre-se comigo amanhã
à noite, perto do rio. — Lembro-me do dia em que a tirei daqui. Naquela
tarde, eu estava à espreita, seguindo seus passos atrás de algumas toras de
Alexander
da máfia. Além disso, algo deste patamar despertaria a ira dos nossos aliados
dentro do governo americano, travando uma guerra ainda maior.
Ainda que pesem as responsabilidades que tenho com a família, no
momento, minha principal preocupação é manter Angelina em segurança.
Prefiro conduzir os negócios da máfia da mesma forma como vem sendo
feito nos últimos anos: sem ações mirabolantes e arriscadas.
— Não! — respondo e pego um maço de cigarro dentro do paletó.
Coloco um na boca e o acendo com a chama do isqueiro. Enquanto trago e
solto uma névoa espessa com a fumaça do tabaco, sinto os olhos e toda a ira
de Patrick me queimando.
— Você sabe que é o melhor a ser feito — diz com acidez evidente
na voz. Não o encaro, minha paciência tem limite e, no momento, não estou
aberto a discussões. — Precisamos atacar antes de sermos atacados! —
insiste.
— Você é surdo, Patrick? — Coloco o cigarro dentro do cinzeiro,
cruzo as mãos e viro a cadeira em que estou sentado para encará-lo, em um
desafio mudo. — Dentro do seu grupo, você dita ordens, mas aqui não! Aqui,
entanto, seu estado de cólera é visível dentro do olhar traiçoeiro que ele me
lança.
— Não sabe o que diz, Alexander! — Ele praticamente cospe o meu
nome e se levanta. — Estou cuidando para que tudo fique nos trilhos,
enquanto você prefere ficar parado, esperando tudo se acabar — vocifera,
alterado.
Perdendo a paciência, também me levanto e sigo em sua direção,
fazendo questão de deixar bem evidente a minha decisão.
— O que você quer? Que eu trave uma batalha contra o FBI? Ficou
louco, Patrick? — digo, curto e grosso, encarando-o firmemente. — Esqueça!
Seria um suicídio, o meu e o da família.
Um sorriso debochado se abre em seus lábios, e ele me fita com
desdém, ajustando o paletó preto em seu corpo.
— Cadê o assassino implacável que existia em você? Está com medo
agora? — provoca. — Não me diga que já são os efeitos da paixão? À
propósito, quando irá apresentar sua mulher para os integrantes da família,
Alexander? Imagino que eles não ficarão muito satisfeitos quando
direção. — O que você acha que sabe? Diga, caralho! — Seguro no colarinho
da sua camisa e o prendo na parede, praticamente enforcando-o. — Fala,
desgraçado!
Com o rosto tornando-se vermelho, enquanto se debate para se
soltar, Patrick me encara com as pupilas dilatadas e o olhar alarmado. Mas o
olhar de medo logo dá lugar à sombra sarcástica que envolve a sua expressão.
— Então, ela é… importante pra você… Alexander? — questiona
com a voz engasgada devido ao aperto em sua garganta. Mas o cinismo em
seus lábios deixa claro que ele conseguiu exatamente o que queria: agora ele
sabe que ela é meu ponto fraco. Maldição!
Com uma mão, aperto sua garganta contra a parede; com a outra,
armo de um punho para socá-lo.
— Sabe o que é importante para mim, Patrick? A minha liderança e
a lealdade dos meus companheiros. Por isso, coloque-se no seu lugar e não
cometa burrices — vocifero, fora de mim. — Ou arranco a sua cabeça, está
me entendendo? — Esse ser ignóbil não tem noção do que sou capaz de fazer
se ele encostar em um só fio de cabelo dela.
— Diga — atendo.
— Alexander, descobri algo importante sobre a investigação.
Acredito que seja a primeira ponta para desvendar este mistério — diz o
homem do outro lado da linha.
— Do que se trata? — questiono e dou alguns passos pelo quarto,
inquieto. Estou ciente que logo encontrarei este homem.
— Descobri o paradeiro de uma amiga de juventude da falecida
Brianna Lucky, mãe da senhorita Angelina Lucky. Fui até o local e, após
deixe nenhuma pista passar. Eu exijo o nome do verdadeiro pai dela o quanto
antes, o mais rápido possível — ordeno.
— Não se preocupe. Tudo está se encaminhando bem e, em breve,
você saberá de quem se trata.
Após o investigador passar mais algumas informações menos
importantes sobre os trâmites e andamentos da investigação, desligo o celular
e rumo até o armário de roupas. Visto-me depressa, pego as chaves do carro e
saio rumo à boate. Assim que chego, tranco-me no escritório, pensativo. As
horas passam tão demoradamente que me sinto sufocado, talvez pela grande
entanto, é neste instante que algo estranho acontece. Ouço um barulho vindo
de uma das rodas dianteiras, o volante trepida e, logo em seguida, o carro
puxa para o lado e gira trezentos e sessenta graus no meio da estrada,
perdendo totalmente o controle. Nem mesmo a minha experiência em direção
Meu coração dispara forte dentro do meu peito, fazendo meus pensamentos
voarem até Angelina. Ando mais alguns metros à frente e o que encontro
deixa evidente que não foi apenas uma má sorte. Há um pedaço de madeira
no chão e, em sua superfície, dezenas de pregos e arames farpados
e, até conseguir trocá-los, pode ser tarde demais. Estou de mãos atadas, sem
possibilidade de tomar qualquer atitude. Sinto-me inútil.
Meu coração bate forte, a dor em meu peito dilacera como uma
navalha. O medo de perdê-la me deixa atordoado e sem rumo.
de perdê-la.
Não acredito em divindades, muito menos em milagres. Mas sei que
ela acredita, sei que ela tem fé por nós dois. Mesmo sem esperança, clamo a
esse Deus, a quem ela recorre, que a proteja, que me ajude a protegê-la.
***
Angelina
Deitada em minha cama, ainda recordo do beijo que ele me deu na
noite anterior na janela. Foi mágico sentir o gosto dos seus lábios de novo, o
calor do seu corpo, mesmo que por poucos segundos. Fiquei tentada a
perdoá-lo e voltar com ele porque era o que meu coração pedia. Contudo, não
seria sensato. Alexander me feriu, muito mais do que eu poderia imaginar.
Ele me agrediu com palavras, traiu-me com atitudes.
O sino toca, lembrando-me dos meus afazeres, indicando que a
estivesse preocupada.
— Angelina? Filha, você está bem?
Com dificuldade, sento-me na cama, enrolada no lençol devido ao
frio que chegou sem nenhuma pena.
— Madre? Estou bem! — minto.
Não quero preocupá-la. A verdade é que o mundo parece girar à
minha volta e o meu estômago ronca de fome, mas só de pensar em comida,
sinto vontade de vomitar. No entanto, a Madre tem muito o que resolver, não
é sensato que eu a preocupe com coisas desnecessárias. Logo este mal-estar
com a minha resposta, confirmo isso quando ela se senta do meu lado e toca
o meu ombro de leve.
— Angelina, por que não foi para a missa? Está doente? —
questiona.
— Eu… eu estou bem. Não se preocupe — digo e a encaro. Até
tento forçar um sorriso, mas a tentativa é falha.
— Está pálida, minha filha.
— Deve ser apenas impressão, Madre — digo.
enquanto ele dizia palavras obscenas em meu ouvido, fazendo meu corpo
reagir com espasmos. Cada momento que tivemos foi único.
Remexo-me na cama, incomodada com a sensação de desejo que
aflora do meu corpo. Minha intimidade pulsa querendo aquele homem de
uma maneira tão absurda que quero gritar. Esfrego minhas pernas uma na
outra, sentindo-me desavergonhada por desejar tanto fazer amor agora. De
alguns dias para cá, essa vontade vem aumentando de uma forma
desenfreada, quase insuportável. De olhos fechados, deslizo minha mão até a
branca que teve suas pétalas destroçadas até caírem no chão, uma por uma,
deixando o miolo vazio, descoberto e ferido, cercado pelos espinhos do caule.
Suspiro com pesar e toco o terço de madeira que carrego em meu
pescoço desde o dia em que retornei para o convento. Preciso dar um rumo à
minha vida.
Estou tão presa aos meus pensamentos que me assusto quando ouço
o toque do sino, indicando a hora do café da manhã. Devagar, caminho até o
refeitório e me sento ao lado de Kate. Sirvo-me de uma pequena porção de
ovos mexidos, mas, no momento em que levo uma garfada na boca, meu
estômago embrulha. Largo o garfo em cima do prato e coloco a mão na
minha testa. A sensação de agonia, faz com que eu me levante e siga até a
porta em busca de ar fresco, para longe do cheiro de comida.
Percebo que algumas irmãs me fitam, preocupadas, mas a única que
vem atrás de mim é Kate.
— Angel, o que foi? Você está bem? — ela pergunta, tocando o meu
braço.
— Eu não… sei — respondo com dificuldade e apresso o passo, até
chegar lá fora.
O mal-estar aumenta, meu estômago revira e uma sensação de entalo
me sufoca por dentro. Apoio-me na parede, sentindo uma dificuldade imensa
de respirar. Sequer consigo prestar atenção no que Kate diz atrás de mim. Um
chamar a Madre.
Não consigo responder-lhe, muito menos impedi-la de ir incomodar
a Madre no seu desjejum. Limpo a minha boca com a palma da mão e
encosto minha cabeça na parede até sentir o mal-estar passar. A Madre chega
logo em seguida, acompanhada de Kate e mais algumas irmãs. Mas eu já me
sinto melhor.
Peço que não se preocupem, digo que é apenas um mal-estar e que
logo ficarei bem. As irmãs assentem e retornam para o refeitório, com
exceção da Madre, que me analisa em silêncio, com as sobrancelhas
franzidas.
— Angelina. Podemos conversar um momento na minha sala? —
pergunta assim que as irmãs saem de vista.
— Sim… — respondo, sem entender exatamente o motivo dessa
conversa.
— Mas, antes, tente comer alguma coisa. Venho observando que
você não está se alimentando bem nos últimos dias.
— Não estou com vontade, Madre — confesso.
Ela assente e pede para que eu lave o rosto e a encontre em sua sala.
Faço o que ela solicita e, assim que bato na porta, sou convidada a entrar e
me sentar. Puxo a cadeira, cautelosa, com medo do rumo dessa conversa.
Será que serei mandada embora daqui? Meu Deus, para onde irei? Confesso
que sinto receio do que ela tem para dizer, mas procuro manter a calma.
— Minha filha, há quanto tempo você está assim? — pergunta assim
que me acomodo na cadeira, fitando o seu rosto enrugado.
— Assim como? — questiono, confusa.
— Se sentindo mal. Vomitando.
Paro por alguns segundos, refletindo sobre o meu mal-estar, e só
agora dou-me conta de que já venho sentindo-me estranha há alguns dias.
Mas nada tão sufocante como ontem e hoje.
— Eu… eu não sei exatamente. Ontem fiquei tonta no jardim, mas
hoje foi a primeira vez que passei mal a ponto de vomitar. Acho que algo
caiu mal no meu estômago esses dias. — Tento forçar um sorriso.
Ela me ouve com atenção, balança a cabeça afirmativamente e cruza
os dedos em cima da mesa.
decisão: a de amar esse bebê e protegê-lo até mesmo com a minha própria
vida.
Também não tenho coragem ou o direito de usurpar dessa criança a
possibilidade de ter um pai. Se houver a mínima chance de o pai amá-lo,
então tenho que fazer a coisa certa. Agirei conforme a minha consciência, na
esperança que o Alex assim também o faça. Mas não estou pronta para dar-
lhe essa notícia hoje.
Os minutos se arrastam enquanto eu me viro de um lado para o
outro, tentando acalmar meus pensamentos e pegar no sono, mas, quando
estou quase adormecendo, ouço um barulho alto vindo do portão. Meu
coração dá um pulo de susto.
Alex? Será ele? O que ele estaria fazendo?
até onde estou e se senta do meu lado. Outra batida brusca é ouvida,
assemelhando-se a uma tentativa de arrombamento. Kate se assusta e,
trêmula, segura na minha mão.
Ouvimos as vozes de algumas irmãs na direção das escadas e, de
repente, um grito agudo ecoa do andar de baixo. É a voz da Madre.
Meu coração dispara com força e, em um súbito, levanto-me para
ver o que está acontecendo. No entanto, o barulho de vozes masculinas me
faz estagnar no lugar. Constato que nenhuma delas pertencem ao Alex. Meu
Deus.
— Angel, para onde você vai? — pergunta Kate, vindo logo atrás de
mim. Ela segura o meu braço.
— Preciso saber o que está havendo, Kate. Eu estou com medo…
Dou alguns passos na direção da porta, mas o barulho de um tiro faz
meu coração parar. Os gritos das irmãs lá embaixo são como súplicas
dolorosas que também me atingem com um pavor dilacerante. Tapo a minha
boca com as mãos trêmulas para abafar um grito desesperado que teima em
escapar. Minhas pernas falham e preciso me firmar na porta para não cair no
Dylan
— Pegue! Sei que esta quantia é o menor dos motivos que está te
pouco se importando para o que acontecia lá dentro. Não pensou duas vezes
antes de se envolver com a filha de um traidor. No entanto, ele foi o
escolhido como sucessor.
Era para eu estar em seu lugar. Era para eu ser o chefe. E agora
posso ter a oportunidade de conseguir o que tanto almejo com a ajuda desse
homem. Após a morte de Alexander, o conselho deverá escolher outro Don.
A escolha será por votação, já que ele é o último herdeiro na linha de
sucessão e não possui filhos. É aí que eu entro. Possuo aliados e venho
destino parecia estar a meu favor, pois, de onde eu estava, vi que Alexander
havia se metido numa bela confusão no hall de entrada com os seguranças do
hotel e, quando seus homens avançaram para ajudá-lo, aproveitei para seguir
o táxi no qual a garota havia acabado de entrar.
O veículo saiu a toda velocidade e eu me mantive no encalço;
precisava saber para onde ela estava indo. Foi quando vi o carro desviar para
uma estrada de terra, na direção das montanhas. Eu conhecia bem aquela
região, era quase deserta. Deixei que o carro seguisse e dei meia volta. Eu
sabia que Alexander iria dar um jeito de ir atrás dela, não correria o risco de
bater de frente com ele naquele momento sem estar preparado. Alexander não
é um oponente que se possa subestimar. Então decidi ir embora e aguardar
uma outra oportunidade.
Depois daquele dia, não foi difícil descobrir o paradeiro exato da tal
atacar.
— Quem está aí? — Ouço a voz de uma mulher vindo do topo da
escada.
Espio com cautela, tomando cuidado para não ser denunciado pela
pouca claridade que vem da lareira, mas, a esta distância e posicionamento,
não consigo ver seu rosto. Ouço os passos e vozes de um grupo de mulheres
descendo as escadas e logo depois a luz da sala é acesa.
— A porta… está aberta — constata uma delas, assustada.
— Quem está aí? Apareça! — requisita uma das mulheres, em tom
receoso.
Com um sorriso pacífico nos lábios, aceno para o meu parceiro, que
também se escondeu atrás de um dos pilares, e saio do meu esconderijo. As
freiras me encaram pasmas assim que apareço diante delas e aproximam-se
atiro.
O corpo da mulher cai no chão com brusquidão, como um saco de
batatas. O sangue brota do ferimento, tingindo a camisola branca de
vermelho, e escorre pelo piso de madeira, manchando-o com a coloração
vibrante.
As outras freiras gritam, pasmas, trêmulas e aterrorizadas. Dou um
passo na direção de duas delas, miro mais uma vez e volto a atirar. Não
deixarei nenhuma testemunha viva para contar o final dessa história. Devo
dar um fim em todos que possam me comprometer.
— Por favor, pare! — A velha se ajoelha no chão e implora em meio
ao desespero. — Tenha piedade, somos mulheres de Deus. O que fizemos?
O choro desesperado, implorando por piedade, me irrita, instigando-
me a acabar logo com isso e ir atrás de quem me interessa. Não terei pena de
ninguém; um Don nunca sente pena, apenas cumpre o seu dever.
Quando ela volta a me encarar, com os olhos brilhando de lágrimas,
implorando por clemência, não penso duas vezes antes de lhe dar um tiro na
cabeça.
Algumas mulheres ainda tentam fugir, mas são abatidas pela mira
certeira do Erick, deixando-as estiradas no chão, sem vida.
Olho em volta, admirando com orgulho o início do meu reinado. Isso
é apenas o começo. Apenas a ponta inicial para tudo o que serei a partir de
***
Kate
O frio me abraça como uma manta gélida, misturando-se ao medo
que toma o meu ar e me sufoca, sugando as minhas forças, travando todas as
minhas juntas, impossibilitando que eu me mova. Minha mente está
ensandecida e meu corpo está petrificado. Quando uma lágrima solitária rola
pela minha face, sinto como se a água quente se congelasse em contato com a
minha pele fria. Estou congelada, por dentro e por fora.
O homem põe as mãos sujas no meu corpo, com brusquidão. Sinto
de esconder todos os rastros das dores que vivi e que tento apagar da
memória.
Me perdoe, Angel. Me perdoe… Me perdoe.
O choro me toma, sem controle. As lágrimas embaçam a minha
visão e o frio, que corta a minha pele através dos rasgos na camisola, faz com
que eu me abrace. Quando percebo, já não corro mais. Estou parada debaixo
do céu escuro, sendo abrigada pelo meu próprio abraço, procurando o ar a
todo custo. Não consigo. Eu não consigo respirar. Estou me sufocando aos
poucos.
É quando os passos aterrorizantes ecoam atrás de mim. As mãos
grossas e ásperas seguram os meus ombros e me forçam para trás, jogando-
me no chão com brusquidão.
Meu corpo dói por causa do impacto, minhas costas latejam; no
entanto, ainda grito em desespero, debatendo-me, mas é em vão. O restante
das minhas roupas é rasgado e arrancado do meu corpo.
Fecho os olhos e rezo, peço a Deus que isso acabe, que eu seja
morta, porque não quero vivenciar isso novamente.
Eu só quero morrer.
Por favor, Deus… Por favor.
Quando eles terminam, parecem ter levado a minha alma junto. É
como se tivessem deixado apenas um amontoado de lixo, descartado no chão.
Eu sinto repulsa de mim mesma, do meu próprio corpo. Eu me odeio por ser
mulher.
Então, o forte golpe que recebo no lado esquerdo do rosto faz os
meus sentidos se dissiparem, e eu agradeço. A dor física que sinto não é
capaz de superar nem um por cento da terrível dor e humilhação que foram
cravadas na minha alma para sempre.
Capítulo 36
Alexander
os afazeres da fazenda.
— Eu não quero saber a merda que você estava fazendo — digo
exasperado. — Eu te pago muito bem pra que me mantenha informado.
O homem cala-se e não diz mais nada, o babaca sabe que fez
besteira. Enquanto ele pisa o pé no acelerador, confiro as armas que usarei.
Confirmo que a pistola e a Uzi estão com munição, coloco a lanterna no meu
bolso e suspiro fundo.
Ao chegarmos próximo ao portão do mosteiro, vejo o outro
segurança caído no chão. Aproximo-me confirmando o que eu suspeitava.
pelo celular.
Entrego a pistola ao homem do meu lado, seguro a Uzi com firmeza
e aceno para que ele me acompanhe na direção do portão que está
escancarado.
Em poucos segundos, ouço um grito, agudo e agoniado. É uma
mulher, mas não consigo distinguir se pertence a Angelina ou a outra pessoa.
O sangue parece coagular em minhas veias e acelero o passo, tomando
cuidado para não fazer barulho e colocar os malditos em alerta.
violaram! Porra!
Não penso em mais nada, não consigo me manter frio ao imaginar
que possa ser minha pequena. Miro a Uzi e me aproximo rápido o suficiente
para pegá-los desprevenidos. Quando os homens percebem a minha presença
e se movimentam, surpresos, não espero mais nenhum segundo para apertar o
gatilho e atirar uma, duas, três vezes, acertando-os em cheio.
Os corpos caem no chão, causando um barulho conhecido.
Aproximo-me depressa e consigo vislumbrar um pouco mais da mulher
caralho. Malditos!
Olho profundamente dentro do olhos de Dylan, deixando claro que
ele vai pagar muito caro por essa traição, mas, antes, preciso descobrir onde
está Angelina.
— Onde ela está? — questiono, apontando a Uzi na cabeça dele. —
Por que você fez isso, seu maldito? Cadê sua honra e fidelidade? Filho de
uma puta!
O homem sorri, sarcástico. O sorriso mistura-se aos lamentos de dor
e desespero, revelando os dentes podres.
nariz.
— Por que fez isso? Quem é o mandante? Desgraçado!
Acerto outro chute em seu corpo, usando toda a minha força, mas,
desta vez, em cima do tiro.
— Ahhhhh — ele grita. Os olhos vermelhos indicam sua ira, mas me
deixam com ainda mais ódio. — Pode me matar, Alexander. Mas… Não
pense que vai conseguir se safar dessa — diz com dificuldade.
Fecho os meus punhos e me afasto. Adoraria torturá-lo até a morte,
mas não tenho tempo agora. Preciso colocar Angelina em segurança.
Saio da sua vista, sem olhar para trás, e sigo na direção da entrada
dos dormitórios. Primeiro deixarei Angelina em segurança, depois, com mais
calma, darei tudo o que esse imbecil merece.
Ando rápido, cortando o vento com a força do meu corpo, sentindo
uma agulha sendo fincada no meu peito a cada passo que dou sem a ver.
Apesar do meu desespero, sou cauteloso. Há a possibilidade de que haja
outros homens, embora não tenha havido qualquer sinal de revide aos meus
tiros.
consciência. Aflito, ergo seu corpo frágil e a apoio em meu peito. Acaricio
seus cabelos, demonstrando que ela está protegia, que tudo acabou e, antes
que ela desmaie, sussurro em seu ouvido para acalmá-la:
— Eu estou aqui agora. Nada de mal vai te acontecer. Eu juro! —
Neste momento, ocorre-me que talvez haja mesmo uma força maior, um
Deus que a tenha protegido.
Com ela em meus braços, aliviado depois de conferir que não havia
marcas profundas de machucados em seu corpo, dou alguns passos para o
ignorados por mim, seus gritos são abafados pelo meu ódio, sua dor é o fator
que mais me instiga a continuar.
Quando paro de golpeá-lo, vejo o homem cuspir o sangue vivo no
chão, misturado com as bolhas de ar e saliva, enquanto tosse constantemente,
quase que afogando-se com o líquido vital.
— Você pediu por isso, Dylan. Me conhece o suficiente para saber
que não tenho pena! Você não tem honra. Traiu a minha confiança ao colocar
as mãos na minha garota. Não passa de um verme, um amontoado de lixo. —
em minha testa, até sentir o equilíbrio voltando. É quando minha mente viaja
no tempo e, com muito esforço, para no momento em que vejo as minhas
irmãs no chão… mortas.
Um soluço doloroso escapa da minha garganta. Meu peito dói tanto
convento. Agora a minha nudez está coberta por uma blusa dele que bate até
os joelhos. Meu coração dispara quando penso que ele poderia ter visto algo
diferente no meu corpo e, pela força da dúvida, ergo o tecido até a altura do
meu abdômen para conferir a ondulação na minha barriga.
detalhes me levam de volta àquele lugar que eu tanto amava, mas que agora
traz as piores lembranças que já tive na vida. As memórias apavorantes irão
ficar guardadas para sempre em cada bloco das paredes daquele mosteiro.
Enquanto permaneço paralisada no meio do quarto, com os olhos
vidrados no nada, ouço a porta do quarto se abrir e um Alexander sério
aparecer na minha vista, segurando algumas sacolas. Quando me viro e olho
em suas íris esverdeadas, é como se eu encontrasse a minha essência e o meu
aconchego. Seus olhos me encaram com uma imensa ternura e, ao mesmo
tempo, muita angústia, cheios de expectativas. Não penso em mais nada antes
disso, bastava a minha presença para colocar todos em perigo. Eu não poderia
arriscar.
Meu único consolo foi saber que Kate havia sobrevivido e, assim
que saiu do hospital, foi levada para a sua cidade natal, no sul da Califórnia.
Tive poucas notícias desde então, apenas que ela estava passando por
tratamento psiquiátrico para tentar superar o trauma, mas havia tido crise de
pânico e tentativa de suicídio. Sua mãe rejeitava as ligações que eu fazia
usando celulares descartáveis na maioria das vezes e, quando atendia, não
gostava de falar sobre o assunto.
Com um suspiro sofrido, despedi-me em silêncio. Com o soprar do
vento da estação alaranjada, dei adeus à única família que eu possuía. Com o
olhar cravado nas folhas marrons no chão, dei um passo para ir embora.
Alexander
os cabelos ainda úmidos do banho recém tomado. Nos últimos dias, trocamos
poucas palavras; ela tem se mantido calada, sempre cabisbaixa, pensativa.
Evita-me todo o tempo. Ela está enlutada pela tragédia que aconteceu e eu
estou respeitando seu momento. Angelina é muito emotiva. Sei o quanto tudo
Estou louco com essa privação. Não apenas do sexo, mas da Angelina.
Todo esse tempo, respeitei os seus limites e a sua dor. Eu a
compreendo. Mas, agora, estou tentado a investir um pouco, antes que eu
enlouqueça com essa abstinência maldita. No entanto, antes, tenho a
necessidade de conversar seriamente com ela e lhe explicar tudo o que
aconteceu, com calma, com franqueza. Acho que chegou o momento de
deixar claro o que sinto. Não suportarei vê-la partir outra vez.
— Angelina — chamo-a e me sento do seu lado, sentindo o colchão
ceder um pouco debaixo do meu corpo em decorrência do peso.
acontecimentos, não tocamos mais no assunto, então tento saber como ela se
sente a respeito no momento.
Ela se senta e continua examinando-me, como se estivesse
decidindo-se.
— Quer falar sobre isso? — questiona.
— Pra falar a verdade, eu não quero. Mas preciso que você entenda
algumas coisas e me perdoe.
— Está se referindo ao que aconteceu no mosteiro? Eu sei que você
piores momentos que já tive na vida, além do dia que você foi embora do
hotel.
— Alex… Eu… — ela começa a falar, mas percebo que sua voz
falha.
e agasalho uma mecha atrás da sua orelha. Ela fecha os olhos quando sente o
toque das minhas mãos, depois volta a abri-los. Adoro sentir os fios do seu
cabelo em minhas mãos e a maciez da pele do seu rosto nos meus dedos.
— Você é a única mulher que algum dia foi importante para mim.
Nenhuma outra jamais tocou o meu coração, menina. Se eu me afastei de
você quando estava no hotel, foi porque eu precisava manter o foco em
questões práticas, que exigiriam de mim lucidez, e mantê-la segura. Sua
aproximação era um tormento para mim, pois eu não conseguia pensar em
mais nada que não fosse estar contigo, Angelina, enquanto o resto do meu
isso faz meu peito se apertar. — Eu preciso… — Sua voz é interrompida por
um soluço.
Aproximo-me do seu corpo e a toco nos ombros. Sinto seus
músculos estremecerem.
— Volta para mim, Angelina. — Seguro na sua cintura e a trago
para mim. — Eu sei que sou um bruto, sou um bandido, um assassino e não
mereço perdão, mas estou completamente apaixonado por você, pequena.
Diga-me o que eu preciso fazer para que você me aceite.
Ouço seu suspiro pesado, ao mesmo tempo em que ela luta para
engolir o choro.
— Você não entende… — Ela se vira para mim e me encara nos
olhos. — Há algo que pode fazer com que nos separemos para sempre,
Alexander. — Seu olhar doce e preocupado demonstra que algo realmente
Ela ofega contra a minha boca, mas desvia o rosto antes que eu
possa aprofundar o beijo, deixando-me ansioso por mais. Não compreendo,
por que ela está agindo assim? Não vai me perdoar?
— Por favor, Alex, não — pede, colocando as mãos em meus
olhar cravado no dela. Com suavidade, toco a sua boca com a minha e ela
finalmente corresponde. Sinto-me aliviado.
Degusto seu sabor com calma, ao mesmo tempo que aprecio a
textura dos lábios aveludados. Deslizo minha mão pelo seu pescoço,
massageando a pele quente, e vou de encontro à cintura fina.
Abraço o seu corpo devagar, envolvendo-a em uma manta de desejo
e beijos voluptuosos. Aprofundo o beijo em sua boca e ela me acompanha,
soltando-se aos poucos. Mordisco o lábio inferior de leve e o sugo, em
seguida, volto a envolvê-lo com os meus. Continuo massageando a lateral do
— Está assim por causa da máfia? Está com medo de ficar comigo
por isso? — Ela não confirma, continua com a cabeça baixa, pensativa. —
Porra, Angel, fala comigo. Eu preciso entender.
— Você sabe que não compactuo com o que você faz, Alex.
Principalmente agora, depois de tudo o que aconteceu. Aqueles monstros…
destruíram a minha família. Fizeram mal à Kate. Mas não é apenas isso.
Existe outra coisa. Talvez não seja possível que fiquemos juntos. Há algo que
preciso lhe dizer, mas o farei no meu tempo — confessa.
— Ótimo. Não resista, Angel, me deixe te dar prazer. Não está com
saudade? Não sente vontade de se sentir preenchida por mim?
— Sim.
— Então, o que te impede?
melhor.
Encosto a cabeça na parede, pensativo. Puxo o ar para os meus
pulmões em busca de calma. Darei a ela o tempo de que precisa. Sigo para o
pequeno banheiro, determinado a tomar aquele banho que pretendia, mas,
agora, tomarei com água fria.
***
Angelina
Saio do quarto depressa, sentindo meu coração apertado e aflito. A
saudade dele está doendo muito, mas não posso permitir ser magoada outra
vez e é o que vai acontecer quando eu disser a ele que vamos ter um bebê.
Ele havia deixado claro que não queria um filho. Não o perdoarei se ele
sequer sugerir que eu não tenha o bebê.
Sento-me sobre o tapete gasto, arrumado de frente para a lareira da
cabana. Dobro os joelhos e passo meus braços em volta das minhas pernas,
sentindo o calor do fogo me aquecer. As chamas engolem a madeira, fazendo
as faíscas fumegantes estalarem em meio ao silêncio. Olho o fogo com
atenção, enquanto murmuro em meu subconsciente, pedindo aos céus que me
deem uma luz.
Toco os meus lábios e relembro cada segundo dos beijos que
trocamos há pouco. Os hormônios da gestação estão me deixando sem
controle e resistir a ele está cada dia mais difícil.
Será esse o sinal que preciso para me sentir segura e confiar nele? Posso
realmente acreditar que nada é capaz de nos separar?
Desço meus olhos pelo cós da sua calça jeans e engulo em seco ao
ver o volume que ele guarda nesta região. Alexander é tão grande e viril que é
praticamente impossível não sentir coisas estranhas quando ele está por perto.
Mordisco o meu lábio quando sinto minha intimidade pulsar e, discretamente,
esfrego minhas pernas uma na outra em busca de fricção e alívio. No entanto,
este movimento deixa-me ainda mais acesa, fazendo com que eu feche os
olhos e esconda o rosto entre as minhas mãos.
Quando nossos lábios se encontram mais uma vez, não posso evitar
um gemido sôfrego, cheio de desejo e amor. Passo meus dedos pelos cabelos
macios e aprofundo o beijo com ferocidade.
Alex passa a mão pelas minhas costas e me aperta, levando o meu
corpo para junto do seu. Ele inclina o meu corpo e faz com que nos deitemos
em cima do tapete, em seguida, volta a me beijar com lentidão, distribuindo
beijos molhados e estalados pelos meus lábios, tomando cuidado para não me
esmagar com o seu peso.
minha mão para debaixo da sua camisa e toco a barriga definida, sentindo o
calor da sua pele e os poucos pelos que possui nesta região.
— Você quer, amor? Quer o meu pau dentro da sua boceta? —
pergunta em um sussurro no meu ouvido, fazendo meu corpo ser tomado por
uma onda de arrepios e jatos de felicidade se apossarem dos meus lábios
quando ouço suas palavras. Principalmente aquela que eu ansiava tanto
escutar.
— Sim… Eu quero você… amor.
pelo cobertor e o calor que emana da lareira, vejo-o deslizar a boca pelo meu
colo e tomar o bico do meu seio entre os seus dentes, repetindo o mesmo
processo com o outro.
Minhas pernas são erguidas e mantidas suspensas no ar. Inebriada,
hora de dizer a ele. Se Alex sente por mim o que realmente diz, com certeza
vai ficar do meu lado. — Mas acho que não precisamos mais nos preocupar
em usar proteção — digo, fitando-o.
— E por que não? — Ele fica brevemente sério, em seguida, volta a
sorrir. — Você gosta de sentir meu gozo escorrendo, é? — sussurra e pisca.
Safado!
— Sim — confesso um pouco envergonhada. — Mas não é apenas
isso.
— É o quê, então? — questiona.
Angelina
Com cuidado, ele seca as lágrimas que teimam em rolar pelo meu
rosto e deposita um beijo carinhoso em minha testa.
— Eu te assustei, não foi? Saindo assim? — pergunta, mantendo a
testa colada na minha.
— Sim. Muito — confesso.
— Desculpe. Estou descobrindo que não sei lidar com certos
sentimentos. Sinto como se estivesse em um terreno minado e não sei por
onde andar. Mas quero que você saiba que não desisti de você, Angelina.
Estou aqui, firme e forte por nós dois. Só precisei sair para respirar um
de respondê-lo.
— E se for uma menina, Alex? Uma princesa?
Ele franze a testa e me fita, voltando a ficar sério.
— Não brinque com isso. Ainda sou muito jovem para morrer de
infarto, principalmente se ela for linda e geniosa como a mãe.
— Como você é dramático.
Abraçamo-nos e permanecemos assim por um bom tempo, apenas
aproveitando a companhia e o calor do corpo um do outro. Sinto-me
da família. Não tenho certeza há quanto tempo, nem quem são. Se eu der as
caras agora, colocarei você em perigo. Os inimigos farão de tudo para me
atingir por onde mais dói. Você é meu ponto fraco. A coisa mais importante
pra mim. O ataque ao mosteiro é prova de que eles já sabem disso.
— Meu Deus. Isso não termina nunca? — questiono com o coração
apertado.
— Vamos deixar esse assunto de lado por enquanto, Angel. Quero
aproveitar que minha mulher está de volta à minha vida, e ainda trouxe um
brinde! — diz ele, sorrindo de lado e acariciando meu rosto. — Não estou
comprido no meu sexo, por trás, permitindo que eu sinta todo o seu calor.
Cada segundo é mágico, leva-me ao céu. Depois de fazermos amor
com um desejo abrasador, abraçamo-nos e dormimos.
***
Alexander
— Puta que pariu. Eu vou ser pai. — É a primeira coisa de que me
recordo e murmuro para mim mesmo quando abro os olhos pela manhã,
completamente pelado e descoberto.
Viro o rosto para o lado e a vejo dormindo, serenamente, de bruços,
queixo e, devagar, toco sua boca. Angelina geme baixinho e vira o rosto,
ignorando-me, ao mesmo tempo em que volta a puxar os lençóis para se
cobrir por completo.
— Acorda dorminhoca. Tem alguém te querendo aqui — digo, rente
ao seu ouvido, com as mãos no seu ombro.
— Humm — murmura sonolenta e volta a ficar quieta.
— Vem cavalgar em mim — provoco. Ergo parte do lençol e me
aconchego dentro do cobertor aquecido pelo corpo de Angelina. Posiciono o
seu corpo de lado, encaixo meu pau na sua bunda e a abraço. — Meu pau está
mão da sua barriga e seguro o meu pênis. Afasto o meu corpo alguns
centímetros do seu e direciono o pau na entradinha dela para dar uma
pincelada.
Quando meu pau se encaixa na abertura da sua boceta, Angelina se
remexe na cama e tenta me afastar, colocando a mão na minha virilha.
Involuntariamente, segura o meu pênis e aperta, fazendo um gemido escapar
da minha garganta. Ao virar o rosto na minha direção e abrir os olhinhos
sonolentos, devagar, retiro sua mão do meu cacete e impulsiono o quadril
quadril no seu traseiro, até não restar nem um milímetro do meu caralho do
lado de fora do seu corpo. Repito o mesmo processo algumas vezes, até sentir
a pressão do gozo nas minhas bolas.
— Ahh, Angelina — gemo ofegante em seu ouvido e fecho os olhos.
O gozo me toma com força, quase fazendo-me perder o controle e desabar em
cima dela. Seguro o travesseiro com mais firmeza, penetro uma última vez,
fundo, após os espasmos se acalmarem, e desabo ofegante do seu lado.
— Tudo bem, pequena? — Acaricio seu rosto quando vejo que ela
fechou os olhos novamente e continua sorridente, jogada na cama de bruços
gozo que escorre da sua bocetinha avermelhada e suja o lençol enquanto ela
se ajeita na cama e volta a dormir, exausta. Levanto-me, também me limpo
com a toalha e começo a vestir as minhas roupas. Subo o zíper da minha
calça e caminho descalço no chão gelado, na direção da janela de madeira.
Abro o compartimento, permitindo que os primeiros raios do sol da
manhã entrem no quarto e espantem um pouco da friagem que rodeia a
cabana, enquanto observo as folhas alaranjadas da floresta de abetos caírem
no chão e serem sopradas pelo vento.
Quando Angelina me deu a notícia de que teríamos um filho, por um
ou pedir que ela abortasse. Eu estava fora de mim no momento em que saí
pela porta da frente e a deixei sozinha. Mas eu precisava pensar, respirar um
pouco e digerir tudo. Eu precisava colocar meus pensamentos e sentimentos
em ordem, era crucial naquele momento.
Depois de refletir um pouco, tentei vislumbrar o que aconteceria se
eu dissesse a ela que não queria a criança. O cenário que se descortinou à
minha frente foi tenebroso: minha vida sem ela seria novamente um deserto.
Cheguei à conclusão de que aprender a ser um bom pai, seria muito mais fácil
do que viver com o peso de não a ter comigo outra vez, porque era o que ela
faria caso eu negasse o nosso filho. Ela iria me deixar, e com razão.
Por tantas vezes, fui o pior filho da puta que alguém pudesse ser,
mas, passado o primeiro impacto da surpresa, vi nessa mulher e nessa criança
o meu recomeço. A minha chance de viver de novo. Quando eu retornei para
a cabana e me ajoelhei diante dela, da minha Angel, jurei internamente que
faria o possível e o impossível para mantê-los em segurança. Eu os protegerei
com a minha própria vida se fosse preciso.
Afasto-me da janela e a deixo apenas encostada, sigo até o banheiro,
esvazio a bexiga e escovo os dentes. Dou meia volta e sigo até a cama, na
intenção de avisar Angelina que irei sair por um curto período de tempo. Ela
praticamente me expulsa do quarto quando eu a descubro e a agarro na cama,
deixando-a mais uma vez nua, para o meu deleite. Mas, puta que pariu, ver
minha garota peladinha é a melhor recompensa que eu posso ter todos os dias
quando acordo. Se eu não tivesse que ir comprar nosso café da manhã e
outros itens essenciais, passaria o dia todo admirando o corpo dela, nu.
A alguns quilômetros de distância daqui existe um posto de gasolina
e uma loja de conveniência onde costumo comprar o necessário para
sobreviver sem precisar ir até a cidade mais próxima.
Estou me mantendo longe de Nova Iorque e também da máfia.
Mandei que fossem buscar o corpo de Dylan e Erick no mosteiro e os
expusessem aos demais membros como exemplo do que acontece com quem
tenta me trair. Mas, enquanto eu não souber quem é o meu inimigo dentro da
família, devo ficar longe. Recebo informes diários e dou algumas ordens,
sempre usando chips de celulares diferentes.
Ligo a velha caminhonete, que comprei do caipira na noite em que
resgatei Angelina, e dou a partida. Andar despercebido por essa região é
crucial, ninguém pode desconfiar de nada ou tudo pode ruir.
Após alguns minutos, chego ao meu destino. É um local isolado, no
meio do nada. Abasteço o carro e sigo até a loja de conveniência do lado do
posto. Pego algumas latas de comida, alguns pacotes de bolacha e dois copos
grandes de café. Aproveito e compro mais alguns chips e dois celulares.
Também tenho mantido contato com os investigadores para saber qualquer
notícia que venham a ter sobre o paradeiro do pai de Angelina. Pago a
miseravelmente.
Ouço sua risada fraca.
— Não é estranho, amor… — ela interrompe a fala e, olhando para o
céu azulado, continua — É como se eu já soubesse desde sempre como seria,
entende?
Levo a mão à minha nuca, refletindo sobre o que ela acabou de
dizer, contudo não compreendo absolutamente nada.
— E quanto ao mal-estar?
Angelina vira-se na minha direção e mais uma vez sorri. Põe as
mãos sobre as minhas, aperta-as de leve e, enquanto me fita, responde:
— É horrível. Mas está valendo a pena cada segundo. Porque,
quando a gente ama, nada mais importa. E eu já amo muito esse bebê, Alex.
Alexander
— Eu garanto!
Ela olha para a nuvem de gotículas que se formam com a queda
d'água da cachoeira, ponderando sobre o meu pedido, em seguida, encara-me
pensativa. Chamo mais duas vezes na intenção de fazê-la mudar de ideia, mas
Angelina continua reticente.
— Melhor não, Alex. Eu não sei nadar — responde.
Dou um outro mergulho rápido para aproveitar o frescor da água.
Retorno à superfície, impulsiono o meu corpo e saio da água. De pé, à sua
desse jeito, hein? — digo, enquanto retiro sua blusa, permitindo que os seios
inchados, com os bicos arrepiados pelo frio, pulem para fora.
Ela sorri de lado e me encara, aguardando que eu continue. Agacho-
me na sua frente, levo minha mão até o cós da sua calça e desço-a junto com
a calcinha, enquanto ela se firma nos meus ombros para retirar as pernas de
dentro da calça.
Quando o vento sopra e bate no seu corpo, vejo sua pele se arrepiar,
fazendo Angelina envolver os braços em volta de si. Mesmo já tendo passado
do meio dia, o clima está frio com a aproximação do inverno. Abraço-a por
alguns segundos, seguro na sua mão e a puxo para que ela entre no rio
comigo e aproveite a sensação agradável, antes que as águas cristalinas
congelem.
Ela põe os braços em volta dos meus ombros e eu a mantenho nas
minhas costas, nadando até a outra margem, onde tem algumas pedras
gigantes.
Do outro lado do rio, coloco Angelina em pé sobre umas pedras de
modo que seu corpo fique submerso até a cintura, suas costas apoiadas no
— Você não cansa de ser cretino, Alex? Quase morri de susto pela
segunda vez! — vocifera irritada. — Eu estou grávida, não posso me assustar
— diz e vira o rosto, amuada.
— Quanto drama, caralho — brinco, tocando seu rosto. — Espero
que nosso filho não puxe esse seu lado genioso, menina.
Angelina ainda tenta se manter séria por alguns segundos, mas acaba
não resistindo e me encara sorridente. Seus olhos se iluminam quando o
assunto é a sua gestação; é como se ela tomasse um sopro de vitalidade.
Confesso que não me sinto muito diferente.
Seguro suas mãos e as beijo, uma de cada vez, para logo depois
deslizar o meu toque pelo seu ventre. Sua barriga é praticamente
imperceptível. Só passei a perceber as reais mudanças no seu corpo depois de
descobrir que ela carrega o meu herdeiro no ventre. Os quadris estão mais
avantajados e suculentos, deixando Angelina mais linda do que nunca.
Afundo meu corpo dentro da água, quase completamente, de forma
que apenas os meus ombros, pescoço e cabeça fiquem do lado de fora.
Aproximo minha boca da sua barriga e sussurro:
— Oi, garotão. Papai vai dividir a mamãe com você por um tempo,
mas não se acostume muito com as mordomias. Ela é só minha e eu sou
ciumento. — Ouço as risadas de Angelina, enquanto acaricia os meus
cabelos, mas continuo falando. — E não pense que vou deixar você tomar
conta dos meus peitos. Eu fico com um e você com o outro, combinado?
— Alex… — Angelina me repreende. — Pelo amor de Deus, o bebê
vai nascer traumatizado desse jeito.
Sorrio e deposito um beijo no seu ventre levemente, apenas para
sentir a textura suave da pele dela e, de uma certa forma, fazer com que o
bebê sinta que ele também é importante para mim.
Quando paro de acariciar sua barriga e ergo a minha cabeça para
observá-la, deparo-me com uma Angelina petrificada. Seu rosto está
vermelho e as lágrimas emocionadas inundam os seus olhos. Fico de pé,
sobre as pedras, de forma que meu corpo permaneça na altura do dela, e
deslizo minha mão pelo seu rosto.
— Não chore, pequena — sussurro.
mais a cada dia que passa. Já consigo sentir a curva no seu ventre todas as
manhãs quando acordo e converso com meu filho enquanto ela dorme
profundamente.
Às vezes, penso que não sou merecedor de tudo isso e que, por mais
que eu venha aprendendo com Angelina o que é ser mais humano, as marcas
do passado não podem ser esquecidas. Tanto os meus demônios de infância,
quanto as inúmeras mortes que cometi.
Enquanto ela suspira, deitada de lado na cama, pego dentro do
lidando. Este homem, além de tudo, pode ser a solução ou, contrariamente,
um perigo para Angelina.
Desligo a chamada e retorno para a cama. Deito-me do seu lado,
aconchego meu rosto na curva do seu pescoço e permaneço assim até sentir
Acaricio seu rosto, deposito um selinho nos seus lábios e, após mais
alguns minutos na cama, nos levantamos para comer alguma coisa. No fim da
tarde, sentamo-nos sobre as folhas do outono, próximo ao rio, observando a
água corrente se despejar na cachoeira.
Angelina está sentada no meu colo segurando a minha mão em cima
do seu ventre, enquanto permaneço com as costas escoradas no tronco de
uma árvore. O barulho das águas caindo nos acalma.
É quando ouço o toque do celular descartável que comprei. Havia
pedido para o investigador me ligar assim que tivesse alguma notícia concreta
sobre o paradeiro do pai dela e, quando pego o aparelho que eu havia deixado
no chão e atendo, já sei de quem se trata.
Angelina me encara curiosa quando atendo o telefone. O
investigador diz ter todas as informações que preciso, mas é necessário que
— De forma alguma. Eu não sei quem é este homem, nem como ele
vai reagir quando souber que tem uma filha. Além disso, é arriscado você
aparecer por lá agora, nunca se sabe o que pode acontecer. Preciso que você
fique aqui, escondida!
— Amor, eu não sei… E se algo acontecer com você? Eu não estou
gostando disso.
Tiro uma mecha de cabelo que cai sobre a sua testa e suspiro.
— Não vai acontecer nada comigo, Angel. Desde que você esteja
segura. Vamos entrar, eu preciso que você faça uma coisa por mim. —
Seguro na sua mão e a guio para o interior da cabana e, assim que ela se senta
sobre a cama, no quarto, pego um dos aparelhos celulares que estava
desligado, coloco o chip e o entrego a ela. — Fique com isso, caso seja
necessário. Qualquer barulho estranho, me ligue. Está me ouvindo?
assustada.
— Angel, por favor. É preciso! Não há escolhas. Enquanto eu estiver
longe, você precisa se proteger.
— Alex…
— Não discuta, Angelina. É necessário!
Após alguns segundos ela assente e estende a mão para pegar a
arma. Está trêmula. Ensino-a como destravar a pistola e mirar no alvo com
maior precisão possível. Angelina é esperta, pega tudo com facilidade, mas
isso não me tranquiliza, há algo que me oprime. Uma sensação estranha
aperta o meu peito e faz minha garganta ficar seca. Estou muito incomodado
de deixá-la aqui sozinha.
Mas eu devo ir em frente. Aqui, ela está protegida e todas as
medidas que estou tomando são por pura precaução.
Fique tranquila.
Observo seus olhos marejados, mas procuro não me desestabilizar.
Ela leva as duas mãos ao pescoço e, com calma, retira o terço de madeira que
a envolve. Apesar de não crer no Deus que ela acredita, ou em nenhum outro,
eu a respeito e, por isso, permito que ela coloque o terço em volta do meu
pescoço. Se isso a faz se sentir melhor, eu o usarei. Também sinto um certo
conforto com essa demonstração de proteção que ela tem comigo. Com esse
objeto no meu peito, sinto também seu calor.
— Fique bem, amor. Logo retorno.
Angelina assente, temerosa, mas a lágrima que cai dos seus olhos faz
meu coração disparar por alguns segundos. Contudo, afasto-me dela,
decidido. Pego a Uzi, confiro a munição e saio pela porta de madeira. Sigo
até a caminhonete sem olhar para trás.
Capítulo 40
Alexander
O bar está lotado, como todas as outras vezes em que estive aqui.
— E o que mais? Eu espero que para ter feito com que eu viesse até
com a missão cumprida. Confiro se ele está só, saio do meu esconderijo, pago
o valor prometido e saio com o carro. É hora de ficar à espreita e torcer para
que Andrew apareça. Se houver a mínima chance de ser realmente ele o pai
de Angelina, ele vai aparecer. Ele quererá tirar isso a limpo.
próximo a uma revistaria, ele também está tomando suas cautelas. Percebo
que está com uma das mãos dentro do paletó. Obviamente está armado e
preparado para reagir em caso de ataque.
Analiso os riscos e confiro se há alguém de vigia. Ao concluir que
ele está só, sigo na sua direção, disposto a ir até o fim.
Aproximo-me disfarçadamente, sem deixar em evidência que sou eu
a pessoa que ele aguarda com tanta impaciência. Quando estou a poucos
metros de distância, abrigado em um poste da calçada, eu o chamo.
Angelina. Talvez isso explique por que você nunca soube da existência de
uma filha.
Seu semblante fica carregado quando falo sobre a morte da mulher.
Pelo visto, ele também desconhecia esse fato.
— O que você está dizendo…
— Alexander — completo ao me dar conta que não fomos
devidamente apresentados. — Angelina está em perigo e eu preciso da sua
ajuda para proteger a ela e ao meu filho. É por isso que estou aqui!
— Que merda está acontecendo? Por que ela está em perigo e por
que eu deveria confiar em você?
— Talvez você não deva realmente confiar em mim. Não me
conhece. Mas se está aqui até agora, ouvindo o que tenho pra dizer, é porque
sabe que Angelina pode ser, sim, a sua filha e sei que vai me ajudar a
protegê-la.
— Como posso saber que isso não se trata de um trote? —
questiona. — Afinal, sou um homem importante, não é mesmo?
— Por acaso a foto que te mandei parecia algum trote, Andrew?
confiar em mais ninguém para neutralizar essa ameaça. Fugir do país não é
solução porque eles nos caçarão no inferno, principalmente agora que ela está
carregando o meu filho no ventre.
— E o que você tem em mente? — questiona.
— Preciso que fique com ela, que a mantenha protegida vinte e
quatro horas por dia até eu conseguir descobrir quem são essas pessoas e dar
um fim nisso. Enquanto eu me mantiver escondido com ela, estaremos
correndo risco de sofrermos um ataque surpresa a qualquer momento.
Com a testa franzida, ele me encara desconfiado.
permanecer. Lá, ela estará protegida e ficará longe dessa sujeira. Isso também
inclui você, Alexander. Não pense que só porque está aqui, me pedindo
ajuda, permitirei que faça algo ilícito. Não pense que engoli toda essa
história. Não se esqueça que sou um federal.
Assinto. Não tenho outra alternativa no momento a não ser aceitar as
suas condições e deixar Angelina em segurança.
— Farei o que for necessário para mantê-la em segurança, Federal.
Não importa o que seja — cuspo as palavras e me levanto para sair. —
Entrarei em contato para marcarmos outro local. Eu a trarei comigo.
entro na pista que leva na direção das montanhas, onde se situa a cabana. A
única coisa que penso é em estar com a minha mulher e abraçá-la, passar
mais uma noite juntos antes de levá-la para o seu pai e dar início à caçada.
Enquanto Angelina estiver segura com o pai, colocarei a máfia de
Provavelmente, ele quer tirar essa história a limpo com os próprios olhos.
Daqui a poucos minutos, é certo que toda essa região estará cercada por
agentes do FBI.
Não há outra saída, terei que me entregar aos federais em prol do
bem-estar de Angelina e do nosso filho. Talvez eu faça um acordo depois,
pensarei sobre isso com calma. O correto agora é que eu vá até ela e a
tranquilize; minha menina estará em boas mãos. Eu só preciso agir com
calma e agilidade.
Angelina
enquanto sussurro uma musiquinha de ninar, até que uma sensação diferente,
assemelhando-se como um leve tremor, me faz dar um salto na cama. É quase
imperceptível, mas, assustada, aliso o local onde senti o movimento. Sinto
novamente o tremorzinho suave no mesmo local. Meu coração dá um salto
coisa.
Ao chegar no cômodo, pego algumas latas de salsichas, abro e
aqueço no fogão improvisado em cima da mesa de madeira.
Começo a comer devagar, sentindo a comida não muito agradável
renovar as minhas forças. As opções da loja de conveniência perto do posto
não são muitas. Apesar de tudo, agradeço por ainda ter algo para matar a
minha fome. Poderia ser pior.
Quando termino, lavo a louça suja, arrumo as minhas roupas e sigo
na direção da porta para retornar ao quarto. No entanto, quando passo pela
sala percebo algo incomum que faz o meu coração gelar. A porta está
semiaberta e o vento gelado invade o cômodo e sopra o fogo da lareira, quase
apagando-o.
— Alex? — chamo, pensando ser ele que havia chegado. Porém, não
baque no meu peito e a dor que dilacera a minha alma é como uma espada
afiada que perfura o alvo com perfeição.
Um outro homem, que acabou de entrar no espaço, encara-me com
um olhar perspicaz. Seus cabelos são escuros como a noite, mas alguns fios
grisalhos demonstram que ele não deve ter menos que quarenta anos. A barba
bem-feita e o terno caro que usa dão a ele uma boa aparência, mas a sombra
da maldade que ele deixa transparecer através do olhar escuro, deixa-me
apavorada.
— Ela é mais bonita do que pensei, Robert — diz, aproximando-se
de onde estou, encarando-me. — Nosso acordo está me saindo bastante
gratificante. — Quando as mãos nojentas tocam os fios do meu cabelo, sinto
como se o mundo estivesse desabando nos meus pés. Sinto-me suja, sem voz
alguma. Sou como um animal que fora vendido. — Será um prazer fazê-la
gerar o meu herdeiro, Angelina. Eu a tomarei como esposa o quanto antes,
firmando uma aliança com o seu pai.
***
Alexander
Dou um passo para a frente, no ímpeto do desespero quando a vejo
amarrada, tão frágil e vulnerável. Mas o barulho de armas sendo destravadas
à minha frente, faz com que eu estanque no mesmo lugar. Só então dou-me
conta da presença de mais alguns homens que a cercam, armados até os
minha direção. Não tenho escolha senão permanecer quieto. Não irei brincar
com a sorte com ela sob a mira de uma arma; mesmo que eles não atirem para
matá-la, poderão machucá-la seriamente e pôr a vida do nosso filho em risco.
Porra!
Um deles acerta um chute na minha canela, em seguida outro,
forçando-me a dobrar as pernas. Arde para a porra, mas me mantenho firme.
Minhas mãos são amarradas para trás, deixando-me completamente
imobilizado. Mas, o que mais me apavora, é o terror estampado nos olhos de
mas tento a todo custo não demonstrar sofrimento. Não quero alarmar minha
pequena.
— Sabe, Alexander. Talvez as coisas não terminassem assim se você
não tivesse se metido no meu caminho, envolvendo-se com a minha filha. —
Robert me encara com frieza.
— Ela não… — começo a falar, mas algo que vem à minha mente
me faz parar. Robert sabe que Angelina não é sua filha, mas desconfio que
Patrick não saiba desse fator. Ainda não sei se será melhor ou pior revelar
Robert, tínhamos um acordo. Ele me ofereceu a sua filha. Sua bela filha,
diga-se de passagem, em troca de poder. Não foi difícil me infiltrar na máfia
Ivanov e me tornar o conselheiro de Rodolpho, afinal, sempre fui muito
respeitado no meio. — O homem tira um cigarro do bolso do paletó e o
se ele ao menos desconfiar, pode matá-la. Porra! Olho para Robert e vejo em
seus olhos que ele sabe do que Patrick é capaz. Ele me tem nas mãos, se eu
quiser manter minha menina em segurança, terei que me calar.
Patrick acena para dois dos seus capangas e segue na direção de
Angelina. Ele a desamarra, a força a se levantar e retira a fita que cobre a sua
boca. Meu peito se aperta quando o vejo tocá-la no ombro. O ciúme me
enlouquece.
— Diga adeus ao seu querido Alex, Angelina. Despeça-se dele
porque agora você será minha.
— Alex — ela grita meu nome se debatendo. — Soltem ele…
Soltem ele…
— Shhh. Fique calminha querida. Quero que você veja cada detalhe
queima como brasa. É insuportável. Movido pela dor, curvo o corpo para a
frente e arrasto-me no chão, quase desfalecendo. Mas a força que há em mim
e o desejo de falar a ela o quanto é importante na minha vida me dão energia
para que eu erga a cabeça. Um filme passa na minha mente, desde o dia em
que a conheci. Os nossos momentos, as noites em que a possuí com tanta
paixão, o nosso filho. Cada segundo valeu a pena.
Pela primeira vez em décadas, uma lágrima rola pela minha face e eu
me despeço em silêncio da única mulher que já amei em toda a minha vida.
Não é uma lágrima de medo, não temo por mim. É, sim, de angústia por saber
que não a tocarei nunca mais e que não verei o meu filho nascer. Temo
apenas pelo que possa acontecer a ela.
— Angelina… — sussurro, sentindo o ar faltando em meus pulmões.
— Eu amo você, pequena — digo, encarando-a uma última vez. — Eu amo
vocês. — A última frase, sai como um murmúrio ofegante, de forma que
apenas ela entenda. Antes de ser tomado por outro tiro, ainda ouço seus gritos
desesperados, então, tudo se apaga.
Capítulo 42
Angelina
nova fase da minha vida, ou morte. A cena que destrói todo o meu mundo.
Meu peito sangra e pareço não mais respirar. Pareço não mais existir.
Contudo, sou surpreendida pelo barulho da porta sendo aberta com
rapidez. Abro os meus olhos no momento em que mais dois homens do grupo
entram afobados. Eles são rápidos, andam na direção do Patrick que,
alarmado, interrompe o que iria fazer.
— Chefe, precisamos sair daqui agora — diz um deles, parando na
frente ao homem que, a cada passo que dá, desperta terror em meus sentidos.
A sombra que se apossou do meu peito e o terror que estou sendo obrigada a
presenciar fazem com que meu corpo pare de reagir aos comandos do meu
cérebro. Não consigo me mover, nem ao menos entender coerentemente o
que está acontecendo.
Como uma nuvem espessa que toma conta da minha visão, vejo
apenas vultos correndo de um lado a outro, enquanto mantenho meu olhar
cravado no corpo do Alex estirado no chão. Minha vida está desmoronando,
está entrando em ruínas. O vale encantado em que vivi nesta cabana está
dando lugar à um mar de tristezas e sonhos despedaçados.
Ouço a voz de Patrick como um sussurro distante, exigindo a dois de
seus capangas que terminem o serviço e sumam com o corpo do Alex. Logo,
sou arrastada por Robert, que mantém uma arma mirada na minha cabeça.
Vejo que mais dois carros, que estavam escondidos, saem na nossa frente. Eu
só consigo fechar os olhos e, trêmula, abraço o meu corpo. Enquanto o carro
sai em arrancada para qualquer lugar que não tenho ideia de onde é, envolvo
o meu ventre com os dois braços e peço a Deus que proteja o meu filho, o
— Não pense que vai sair dessa com vida, Angelina. Se eles me
pegarem, você morre, sua santa do caralho! — Robert segura o meu cabelo e
aperta a arma no meu pescoço.
— Você vai pagar por tudo, Robert — digo, mesmo trêmula e
indefesa. — Não importa o que faça. Mesmo que fuja, a justiça divina nunca
falha!
Ele gargalha e acerta um forte tapa no meu rosto. Arde, arde muito.
Mas o ódio que cresce em meu coração é muito maior que a minha dor.
— Vou degolar você, Angelina. Exatamente como fiz com a sua
mãe! Depois desmembrarei o seu corpo e jogarei os pedaços para os abutres,
sua bastarda. — Outro tapa me acerta, seguido de socos que atingem a minha
cabeça.
mim mesma.
— Você vai morrer, desgraçada! — A mão áspera prende o meu
pescoço com força, sufocando-me, enquanto a outra mantém a arma presa a
minha cabeça. — Eu vou cair, Angelina, mas você cai comigo!
Ouço o barulho de carros e freadas distantes, na pista. Imagino ser
dos federais que estavam no encalço do carro, mas meus sentidos estão se
dissipando, não há tempo. Eu não consigo respirar.
Busco forças no fundo da minha alma. Pode ser que essa seja a
pessoas ao meu redor. Enquanto estou sendo retirada do local, sinto o toque
de alguém em minha mão, seguido do som marcante de uma voz
desconhecida, mas que me causa um arrepio estranho e faz com que eu me
sinta acolhida.
— Oh, meu Deus. Você é idêntica à sua mãe — ele diz, mas não
consigo compreender nada coerentemente.
— Por favor… — peço com o último fio de consciência que ainda
me resta. — Salvem o meu filho.
Capítulo 43
Angelina
Seguro seu corpinho com cuidado e o ergo. Agora, aos cinco meses,
Kaleo é o meu orgulho, a minha força, o meu amor. Depois de uma gestação
de risco devido ao sangramento daquela noite, cinco meses depois ele nasceu.
Forte e saudável.
aos meus. Não foi preciso um teste de DNA para me fazer entender que nós
dois possuíamos o mesmo sangue. A paz que eu sentia quando ele estava por
perto era inexplicável. Quando o resultado saiu, apenas confirmamos o que
nosso sangue sentia. Era como se já nos conhecemos há muito tempo.
tentando acalmá-lo, mas a impaciência não lhe permite ficar quieto. Ele
chupa as mãozinhas e depois as solta, aos berros. — Está com fome, amor?
— Começo a abrir o macacão que o cobre e tiro sua fralda. — Mamãe vai te
dar um banho. Depois, vai dar mamar pra você ficar calminho — digo e
aperto seu queixinho.
Seus gritos impacientes só aumentam, mesmo quando brinco, mas eu
o conheço o suficiente para saber que só vai se calar quando estiver com a
fome saciada.
Sorrio, orgulhosa do meu lindo presente, mas também sinto meu
peito gelar. Como o bebê pode ter a personalidade tão parecida com a dele?
Como é possível?
Preparo seu banho, morno por causa do frio da estação, e, após vesti-
lo e penteá-lo os cabelos, deixo-o no berço com um brinquedo e também
Uma lágrima cai e eu soluço. A dor de viver sem ele é sem medida.
É imensurável. Eu apenas sobrevivo dia após dia e encontro meu consolo no
sorriso do nosso filho, de John e Caleb.
O processo de adoção dos meninos durou alguns meses. Foram
longos e intermináveis dias de ansiedade e espera, mas, no final, deu certo.
Papai, apesar de ser divorciado, por ser federal, não teve quaisquer problemas
para conseguir a guarda provisória dos dois e, posteriormente, a adoção
definitiva.
Retiro o peito de Caleb, que acabou de pegar no sono, levo-o e o
como estaríamos agora se o Alex estivesse aqui? Ele estaria surtado, mas
seríamos uma família completa.
Balanço a cabeça novamente, tentando afastar os pensamentos que
tanto me ferem, e decido andar um pouco pelo jardim. No entanto, quando
me viro, dou de cara com Andrew que acaba de sair do escritório.
— Que susto, papai — digo surpresa.
— Olá, filha — ele responde e se aproxima, depositando um beijo na
minha testa. — Pensei que ainda estivesse no orfanato.
— Não… Não quis ficar muito tempo por lá, além disso, passei no…
consigo seguir em frente. Verdade seja dita: não consigo seguir em frente
sem olhar para trás e fraquejar, e é por isso que em todos os domingos eu
visito o túmulo dele.
Quando o meu pai soube de toda a verdade escondida atrás do nome
Alexander Roussel, foi difícil fazê-lo entender que o Alex não era apenas um
criminoso. Antes de tudo, ele era o homem que eu amava e que me protegeu
bravamente até o último minuto.
— Bom, Andrew, já estou indo. Nos falamos em breve. — A
atenção que dirijo ao meu pai é desviada quando ouço a voz de um outro
homem logo atrás dele. A voz grossa tem um sotaque carregado, deixando
explícito que não se trata de um cidadão americano, apesar de falar inglês tão
fluente.
Sua estatura é impressionante e, por um segundo, vejo-me olhando o
belo homem logo atrás de papai com admiração. Fico enternecida com o fato
dele ser tão bonito.
Os cabelos pretos, curtos, e o queixo quadrado dão a ele um ar
másculo que contrasta perfeitamente com a pele clara e os grandes olhos
forma, papai tem razão, o Alex não vai voltar porque ele está… Com tristeza,
interrompo os meus pensamentos e balanço a cabeça em negativa.
— Tem razão, ele não vai voltar… Mas eu simplesmente não posso
esquecê-lo.
Seguro sua mão que estava em meu ombro, aperto-a carinhosamente
e logo depois viro-lhe as costas. Sigo na direção do jardim florido, o lugar
que por todos esses meses acabou se tornando o meu refúgio. Sento-me no
balanço, debaixo de um álamo gigante, observando o balançar das flores na
Angelina
mamadeira de Kaleo. Jenna teve que sair no período da manhã para resolver
alguns assuntos pessoais, portanto, terei que me virar para manter as coisas
em ordem nesta manhã de segunda-feira e torcer para que até o meio-dia eu
ainda esteja viva e no pique para dar conta desses dois.
Hoje é mais um daqueles dias costumeiros em que o desânimo bate
com força. Sequer fui para a faculdade de serviço social em que ingressei há
alguns meses. Papai saiu cedo para o departamento de polícia, dizendo que
tinha algumas coisas urgentes para resolver. John foi para a escola e, em
poucas horas, estará de volta. Enquanto isso, seremos só nós três aqui na
de lado para não apertar Kaleo. — Ele sempre vai estar no seu coração,
querida, nas suas lembranças e no sangue do seu filho. — Ela se afasta e
coloca meu pequeno sentado entre nós duas. Kaleo me encara com os olhos
grandes, brilhantes, e sorri. — Veja que presente mais lindo ele te deixou,
Angelina.
Também sorrio, acariciando suas bochechas gorduchas.
— Sim. Um presente maravilhoso que tem a cara dele.
— Então, que tal você se aprontar e sair um pouco? E não vale ir
para o abrigo onde está prestando serviços voluntários, muito menos para o
prédio da faculdade, pelo amor de Deus. Faça algo único, que sempre teve
vontade de fazer e nunca teve oportunidade. Sorria e deixe a vida te mostrar
que ser livre não tem preço.
— Mas e as…
até mesmo uma expressão mais madura. É como se a antiga Angelina tivesse
ficado dentro daquele hospital, na sala de parto.
Depois de pronta, despeço-me de Jenna e dos bebês, pego minha
bolsa e tudo que irei precisar para passar um dia inteiro fora. Mando uma
mensagem de texto para papai, avisando da minha saída, e sigo até o carro
onde o motorista me aguarda. Desta vez, dispenso o segurança. Creio que já
não seja mais necessário.
Respiro fundo mais uma vez, enquanto repasso mentalmente tudo o
que farei pelas ruas de Manhattan em plena segunda-feira.
céus que praticamente somem dentro das nuvens. Observo tudo com a
máxima atenção, como eu nunca havia feito antes na grande Manhattan.
Assim o dia passa, entre passeios e algumas compras, onde a cada
segundo sinto-me mais renovada. Mais mulher e mais independente. Antes de
decidir voltar para casa, decido fazer algo ainda mais radical. Mudar meu
visual.
Ao entrar no salão, dou carta branca para o cabeleireiro fazer o que
achar que melhor combine com a minha fisionomia. Mecha por mecha, vejo
os fios pretos pintarem o chão e a toalha que cobre os meus ombros. Após o
cabeleireiro secá-los, fecho os olhos, um pouquinho temerosa de ver o
resultado, mas, quando me olho no espelho, sinto-me uma nova mulher. Uma
linda mulher.
Sorrio, observando os fios que, agora curtos, emolduram as formas
do meu rosto, pairando acima dos ombros.
— Eu amei — digo com os olhos reluzentes. — Eu nunca tinha
cortado os cabelos assim, apenas aparava as pontas de vez em quando.
— Você está um arraso, querida! — diz, segurando os meus ombros,
meu Deus, eu não sei se eu conseguiria passar tanto tempo sem sentar numa
rola.
— Oi? — questiono, mais chocada que ele quando ouço as suas
palavras. Só agora a ficha cai sobre a sua orientação sexual.
— Ai, querida. Não me diga que nunca chupou um pau, mas que
absurdo!
Quando o vejo me encarar tão seriamente, não consigo segurar um
riso e acabo gargalhando até sentir minha barriga doer. Há tanto tempo que
não vejo mais nada. Respiro fundo, trêmula, mas me nego a fraquejar de
novo. Eu preciso seguir em frente.
— Imagina. Não precisa dizer, amiga — o cabeleireiro diz,
interrompendo os meus pensamentos, e eu o fito. O olhar caramelado me
Ligo para Jenna para saber como estão os meninos e, após confirmar
que estão bem, desligo a chamada e continuo andando pela calçada até chegar
no último destino que eu pretendo visitar: a Times Square.
As ruas iluminadas pelos painéis gigantes são um espetáculo à parte
de cores e emoções que enchem os meus olhos. Eu já havia passado por aqui
durante o dia, mas nunca parei para admirar e aproveitar as sensações como
estou fazendo agora, e é simplesmente mágico.
Tiro algumas fotos e aproveito o show de imagem por mais alguns
minutos, até decidir ir embora.
Passo uma por uma, mal podendo acreditar que fiz caretas e mais
caretas para tirar uma selfie. Contudo, observando com mais atenção, vejo
algo assemelhando-se a uma sombra distante. Parece ser a mesma silhueta
que pensei ter visto quando estava no salão. Meu coração dispara
freneticamente. O mesmo casaco escuro batendo abaixo dos joelhos, o
mesmo porte. O cachecol preto. Em choque, volto algumas fotos e as analiso
uma por uma e, lá está a mesma silhueta. Não consigo reconhecer seu rosto,
as imagens estão distantes, apenas no cantinho de cada foto que tirei.
olho para a frente. Nada mais vejo ao meu redor, nada mais sinto, a não ser a
figura da pessoa que está parada na minha frente, a alguns metros de
distância, com um sorriso no rosto, os cabelos novamente longos sendo
balançados pelo vento.
Os olhos esverdeados brilham pelos reflexos das luzes do coração da
grande Manhattan e, encarando-me fixamente, ele anda na minha direção.
A brisa sopra e o cheiro inesquecível de Alexander entra pelas
minhas narinas quando ele se aproxima e me abraça forte.
Fecho os meus olhos, não mais suportando os sentimentos que me
seca, e me afasto.
— Deveria ter me procurado, Alex… Assim que acordou — digo,
ferida, mas ao mesmo tempo emocionada.
— Não podia, Angel. — O homem volta a se aproximar e me
envolve em seus braços. — Se ele soubesse que eu estava vivo, seria quase
impossível encontrá-lo. Eu precisava fazer tudo em segredo, mesmo que a
dor da saudade estivesse me consumindo. Fiz tudo isso para proteger vocês.
Seco as minhas lágrimas e o abraço forte, como se não houvesse
mais o amanhã. Alexander acaricia os meus cabelos e mais uma vez procura a
minha boca com a sua, fazendo todos os meus sentidos despertarem,
querendo-o como nunca. No entanto, afasto-me. Há muitas perguntas sem
respostas e eu preciso compreendê-las.
que ele via em mim um exemplo que pudesse se espelhar, uma figura paterna.
E foi graças a ele que consegui passar despercebido todo esse tempo.
— Eu acho que vou morrer de susto e felicidade, Alex — sussurro.
— Eu também, pequena. Estou aliviado em estar de volta e louco de
Alexander
altamente especializado.
Com atenção, aguardo o momento ideal para fazer o que preciso. A
luneta telescópica me dá a precisão necessária para distinguir o alvo
minha esposa.
Apesar de já estarmos morando juntos em uma mansão, no mesmo
condomínio de Andrew, Angelina é religiosa demais para continuar tendo
uma vida sexual ativa sem a tão sonhada bênção, e respeito seus princípios.
Só quero fazê-la plena e feliz. Além disso, nada mais tem importância para
mim se não tiver a ela e ao pequeno Kaleo do meu lado. Nosso casamento
acontecerá em uma pequena capela, longe do centro de Nova Iorque. Apenas
eu, ela e os mais próximos. Concordei até em ser batizado, condição da Igreja
para realizar nosso casamento.
— Acha engraçado, não é, rapaz? Mas saiba que não foi engraçado e
está doendo pra caralho. — Torço para que Angelina não me ouça falando
palavrões na frente do bebê, do contrário, ela arrancará as minhas bolas com
os dentes. Se bem que a ideia da boca da Angelina ali não é má. Desde que
sono e sossego.
— Acho que agora seremos somente nós dois, rapaz. A mamãe está
dormindo.
Vou até o meu quarto, coloco Kaleo sentado sobre a cama e visto
um suco também.
Sento-me na sua frente e dou a ele a mamadeira. O pequeno toma
todo o líquido em poucos minutos; fico impressionado com o quanto é
guloso. Quando ele termina, retiro-o da cadeirinha e o levo para o tapete da
sala.
Olhando pelas vidraças da janela, vejo que os primeiros raios do sol
já despontam no horizonte, clareando tudo dentro da mansão.
— Você é um menino muito levado, rapaz — digo, quando me sento
e coloco Kaleo no meu colo, observando os faróis brilhantes dos seus olhos.
— Daqui a algumas horas, o papai vai ser algemado pela mamãe para
sempre. E aí? Como vou consumar o matrimônio se estiver morto de sono e
cansaço, hein? Me diga? Ainda bem que sua mãe acende o fogo até de um
defunto.
momento.
Abraço o meu filho com o coração batendo forte no peito e
permaneço assim por um tempo, até ouvir a voz de Angelina:
— Atrapalho? — Levanto os meus olhos e vejo minha menina
escorada na parede, com os braços cruzados e um imenso sorriso no rosto.
Curvo os meus lábios na sua direção, e ela se aproxima. Ajoelha-se e
deposita um beijo nos meus lábios.
— Ele me chamou de pai, pequena.
— Eu ouvi, e estou morrendo de orgulho de vocês dois. — Ela pega
cruel dos homens também pode amar. Nas marcas púrpuras do sangue eu fui
forjado, e na sombra dos meus pecados eu conheci a minha morte. Mas foi
nos braços de um anjo que eu renasci e voltei a viver.
Fim.
Capítulo bônus
Alexander
de Angelina sorriem para mim. Não consigo segurar uma gargalhada vendo a
menina dentro da fantasia da fada Sininho que ela fez de questão de vestir.
No momento em que minha mulher me deu a notícia da segunda
gravidez, quase tive outro infarto, mas nada havia me preparado para
enfrentar o choque que recebi quando a médica afirmou que era uma menina.
Angelina ficou radiante com a notícia, mas eu levei uma semana
para me acostumar com a ideia de que, em algum momento da minha vida,
teria que dividir minha princesinha com algum marmanjo. Para azar desses
trabalha como assistente social, mesmo contra a minha vontade. Ela sempre
fez questão de continuar ajudando os outros de alguma forma, não me restou
outra saída a não ser apoiá-la.
Paro o carro em frente à prefeitura e a aguardo. Em poucos minutos,
vejo-a cruzar a porta e abrir um sorriso na nossa direção. Saio do carro com a
Lou e aguardo Angelina atravessar a rua, enquanto me mantenho escorado na
porta do veículo.
Assim que ela se aproxima, Louise lhe entrega o buquê de rosas
quase despedaçados, sorrindo alegremente e a abraça.
Deslizo meus dedos pelo seu rosto, passando pela boca carnuda, e
gemo quando ela lambe a ponta do meu dedo.
— Isso, me provoca. — Encosto os meus lábios nos dela e
aprofundo o beijo com intensidade. Retiro seu vestido devagar, revelando
cada pedaço da pele macia que me dá água na boca para, logo depois, descer
minhas mãos até o cós da calcinha vermelha e minúscula que ela usa.
Angelina firma-se na cama com os cotovelos e abre as pernas,
dando-me total acesso ao seu corpo. Ajoelho-me entre as suas pernas, passo
meu dedo pela sua boceta por cima da calcinha rendada e deslizo os meus
lábios pelo pescoço descoberto, deixando-a arrepiada. Continuo mordendo
sua pele até alcançar o queixo e mordê-lo.
— Quero comer seu cuzinho, pequena — sussurro nos seus lábios.
— Eu… Ai… — Ela tenta falar, mas sua voz falha quando puxo o
elástico da sua calcinha e introduzo um dedo do seu sexo.
— Deliciosa. Você vai gostar de dar o rabinho para o seu marido
libertino, prometo.
Angelina assente com os lábios entreabertos e eu volto a beijá-la.
Deslizo a calcinha por suas pernas, revelando a boceta toda depilada, pedindo
para ser fodida. Amo essa boceta de qualquer jeito, ainda lembro quando ela
a usava ao natural. Também me fascina de uma forma selvagem, animal. Sou
tarado em todas as suas versões. Volto a me encaixar entre os seus joelhos e
Um por um.
Suas mãos quentes deslizam pelo meu abdômen, causando sensações
eletrizantes na minha pele em expectativa, e vai subindo, acariciando cada
cicatriz que carrego. Gemo incessantemente ao apreciar sua nudez,
completamente disponível à minha frente. Ela desce o zíper da minha calça,
retirando-a junto com a cueca.
Meu pau salta para fora e ela o abocanha sem nenhum pudor. Passa a
língua na ponta e depois o suga, com força. Antes que eu perca o controle e
goze na sua boca, retiro meu pau dos seus lábios e seguro em sua mão para
que ela se levante. Sem nada dizer, mordisco a sua boca levemente, seguro
sua mão e entramos na banheira repleta de espuma.
Trago-a para mim e a posiciono no meu colo. Angelina se acomoda
em cima do meu pau e desliza lentamente até a base, gritando roucamente,
fazendo com que eu ranja os dentes ao senti-la me tomar todo, rebolando.
— Ah… Caralho — gemo e a abraço, forçando-a a ficar quieta. —
Eu vou gozar assim, pequena.
— Que gostoso, amor. Seu pau é delicioso… demais.
ao meu dispor.
— Vou te preparar bem, amor. Confie em mim — digo, enquanto
me agacho por trás e começo a beijar sua bunda.
— Humm — ela geme assim que afasto ainda mais suas coxas uma
da outra e enfio minha boca entre as suas pernas. Seus apelos sofridos fazem
o meu pau reagir com espasmos.
— Abra essa boceta para mim, Angelina. Caralho… Que delícia.
Meto a língua dentro do seu canal e a torturo com lentidão, até ouvi-
la gritar Continuo lambendo seu clitóris e subo até alcançar o que tanto
almejo. Quando toco seu cuzinho com a minha língua, Angelina se contorce e
grunhe ensandecida, gemendo incessantemente.
Lambuzo sua entrada apertada com saliva e os líquidos de sua
própria excitação e, assim que me coloco de pé, penetro sua boceta com uma
única estocada, até sentir minhas bolas baterem no seu clitóris.
— Ahhhh — grita. Alto. Rouca. Deixando-me louco.
Seguro seus cabelos e deslizo minha língua pelo seu pescoço,
enquanto soco todo o meu caralho dentro dela, em seguida, afasto-me, abro
suas nádegas e enlouqueço quando vejo sua vagina engolindo o meu pau,
inteiro.
Deslizo a ponta do meu dedo até a entrada do seu cuzinho e forço a
penetração. Ela arfa, choramingando, e tenta segurar a minha mão, mas eu a
impeço.
— Hoje não, Angel. Hoje iremos até o fim.
Ela rebola, contraindo o corpo quando avanço mais uma vez, até que
consigo penetrar a cabeça do meu dedo indicador.
Com cuidado, levo meu pau até a entrada do seu cuzinho e mais uma
vez impulsiono contra o quadril. Invisto lentamente até que sinto a cabeça
deslizar para dentro e Angelina gritar.
— Alex… Aii — reclama, tensa. — Está doendo.
— Relaxa, Angel… — Por um átimo, fico preocupado, mas decido
continuar com delicadeza. Sei que ela vai gostar. Massageio seu traseiro e
deslizo os dedos até a boceta inchada. Quando Angelina volta a ficar
relaxada, impulsionou o quadril mais uma vez, sentindo meu cacete tomar
todo o meu pau do seu cuzinho e volto a enfiá-lo até o fim, enquanto
Angelina grita, cravando as unhas na minha coxa, entregando-se ao fogo que
consome os nossos corpos e explode em forma de paixão desenfreada.
Angelina foi o instrumento da minha redenção. A ela sou cativo e a
Edna Lopes, Letícia Gonçalves, Maria Helena Alves, Natália Souza, Kamilly
Gomes, Flávia Soares, Adryele Almeida, Josilene de Lima, Michelly Félix,
Naia Moraes, Thaisa Rodrigue, Nataliane Ferreira, Janaina Sabidussi,
Tharyne Libano, Rosineide Maria, Ewely Aparecida, Claudionara
Visentainer, Sah Ferreira, Cátia Maria, Larissa lopes, Taina Santos, Ana Elisa
Xavier, Maria Claudiane, Stefani Regina, Suleide Quintiliano, Júh Lisboa,
Karla Henrique, Giovanna Ramos, Gabi Ioiô.
Outros livros
Sinopse:
O que acontece quando a razão e a emoção se desejam? Quando a
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