Professional Documents
Culture Documents
Estresse Nutricional e Sua Influência Na Produção de
Estresse Nutricional e Sua Influência Na Produção de
Mateus de Melo Lisboa2, Maria Magna S. Pereira2, Anderson Luiz N. da Silva3, Venício M.
Carvalho4, Everton S. Bastos4, Joanderson de O. Guimarães4, Gabriel C. Figueiredo4, Leonardo
G. Silva4, Maxwelder S. Soares4, João Wilian Dias Silva4
RESUMO: O objetivo deste artigo foi revisar os aspectos relacionados ao estresse térmico, tais
como natureza, locais envolvidos em sua resposta e efeitos sobre a produção animal. Na
produção animal é necessário que a genética, a nutrição e a ambiência e suas inter-relações
estejam o mais próximo possível da necessidade do animal. E, o Brasil sendo um país de
dimensões continentais, apresenta-se com grande diversidade climática, isto implica em que
uma técnica de criação utilizada em determinada região pode necessitar de adaptações para
utilização desta em outra região ou local. Fato este se deve aos efeitos da latitude e da altitude,
das correntes principais da ventilação, umidade entre outras causas. A formulação de rações
com base no conceito de balanço eletrolítico, bem como a adição de sais na água e/ou na ração
são práticas que podem ser implementadas para corrigir distorções no equilíbrio ácido-base
decorrentes do estresse calórico.
ABSTRACT: The purpose of this article, aspects related to heat stress, such as nature, sites
involved in its response and effects on animal production was review. In animal production is
necessary that genetics, nutrition and ambience and their interrelationships are as close as
possible to the needs of the animal. And though Brazil is a country of continental dimensions,
is presented with great climatic diversity, this implies that a rearing technique used in a given
region may necessitate adaptations to use this in another region or location. This fact is due to
the effects of latitude and altitude, the main currents of ventilation, humidity and other factors.
The feed formulation based on the concept of electrolytic balance as well as the addition of
salts in water and / or feed are practices that can be implemented to correct distortions in acid-
base balance resulting from heat stress.
1
Estudo de Revisão; 2Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia/UESB lisboazoot@hotmail.com ; 3Doutor em Zootecnia pela
UESB; 4Graduando em Zootecnia, UESB - Itapetinga
INTRODUÇÃO arraçoamento e o manejo da água de
A evolução da avicultura resultou bebida. Uma das consequências do estresse
em um frango de corte precoce e com é a mudança no equilíbrio ácido-base com o
grande eficiência para converter diferentes aparecimento da alcalose respiratória.
alimentos em proteína animal. Apesar As recomendações sobre a nutrição
disso, uma série de problemas metabólicos e alimentação de frangos de corte são
e de manejo têm surgido, destacando-se realizadas para uma temperatura ambiente
entre eles o estresse calórico. de 21 a 22°C, temperatura considerada
O frango de corte comercial é hoje ideal para o crescimento das aves.
um dos animais com maior eficiência Entretanto, no sul e no sudeste
nutricional e rápido desenvolvimento. No durante o inverno é possível atingir
Brasil, a avicultura de corte está em temperaturas médias de 10 a 15°C dentro
constante crescimento. O que torna o país o do galpão e no verão atingir temperaturas
maior exportador e terceiro maior produtor médias de 26 a 32°C. Similarmente a
mundial. Este progresso no número de umidade relativa apresenta grande variação
animais possibilitou a indústria avícola um entre o dia e a noite e durante a época seca
notável potencial para prover aos e chuvosa (FURLAM & MACARI, 2002).
consumidores, uma fonte protéica saudável Assim, um dos métodos usados para
e a um custo mais baixo. o controle do estresse calórico é a
Na produção animal é necessário manipulação química do equilíbrio ácido-
que a genética, a nutrição e a ambiência e base das aves através de compostos como
suas inter-relações estejam o mais próximo bicarbonato de sódio (NaHCO3), cloreto de
possível da necessidade do animal. E, o potássio (KCl), cloreto de cálcio (CaCl2) e
Brasil sendo um país de dimensões cloreto de amônia (NH4Cl) na água e/ou na
continentais, apresenta-se com grande ração (BORGES, 1997).
diversidade climática, isto implica em que O objetivo desta revisão
uma técnica de criação utilizada em bibliográfica é fazer uma abordagem sobre
determinada região pode necessitar de os efeitos prejudiciais do estresse calórico
adaptações para utilização desta em outra nas aves e discutir algumas técnicas que os
região ou local. Fato este se deve aos minimizem.
efeitos da latitude e da altitude, das
correntes principais da ventilação, umidade ESTRESSE X NUTRIÇÃO
entre outras causas. As recomendações sobre a nutrição
A susceptibilidade das aves ao e alimentação de frangos de corte são
estresse calórico aumenta à medida que o realizadas para uma temperatura ambiente
binômio umidade relativa e temperatura de 21 a 22°C, temperatura considerada
ambiente ultrapassam a zona de conforto ideal ara o crescimento das aves.
térmico, dificultando assim a dissipação de Entretanto, no sul e no sudeste durante o
calor, incrementando consequentemente a inverno é possível atingir temperaturas
temperatura corporal da ave, com efeito médias de 10 a 15°C dentro do galpão e no
negativo sobre o desempenho. verão atingir temperaturas médias de 26 a
Algumas medidas podem ser 32°C. Similarmente a umidade relativa
tomadas para minimizar as perdas apresenta grande variação entre o dia e a
decorrentes do estresse calórico, podendo- noite e durante a época seca e chuvosa
se citar, entre outras, a utilização de (FURLAM & MACARI, 2002).
ventiladores e nebulizadores, manipulação Com o propósito de melhorar o
da proteína e energia da dieta, aclimatação desempenho de frangos de corte em
Página3596
das aves, utilização de antitérmicos, ácido ambiente quente tem se utilizado algumas
ascórbico, eletrólitos, manejo do técnicas que visa reduzir o incremento
Tabela 1
-
BAÊTA, F.C.; SOUZA, C.F. Ambiência em edificações rurais: conforto animal. Viçosa,
MG. Universidade Federal de Viçosa, 1998. p. 246.
BELAY, T.; TEETER, R.G. Broiler water balance and thermobalance during thermoneutral
and high ambient temperature exposure. Poultry Science, v.72, p.116-124, 1993.
BELLAY, T.; TEETER, R.G. Broiler water balance and thermobalance during thermoneutral
and high ambient temperature exposure. Poultry Science, v.72, p.116-124, 1993. Revista
Eletrônica Nutritime, v.5, n3, p.577-583 Maio/Junho 2008.
BONNET, S.; GERAERT, P.A., LESSIRE, M., CARRE, B.GUILLAUMIN, S. Effect of high
ambient temperature on feed digestibility in broiler. Poultry Science. Champaign, v.76, n.6,
p.857-863, 1997.
BORGES, A.F.; OLIVEIRA, R.F.M., DONZELE, J.L. et al., Exigência de lisina para frangos
de corte machos no período de 22 a 42 dias de idade, mantidos em ambiente quente (26°C).
Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa-MG, v.31, n.5, p.1993-2001, 2002.
BORGES, S.A. et al. Balanço eletrolítico em dieta pré-inicial de frangos de corte durante o
verão. Revista Brasileira de Ciência Avícola, v.1, p.175-179, 1999.
BRANTON, S.L.; REECE, F.N.; DEATON, J.W. Use of ammonium chloride and sodium
bicarbonate in acute heat exposure of broilers. Poultry Science, v.65, p.1659-1663, 1986.
FICHER DA SILVA, A.V.; FLEMMING, J.S.; FRANCO S.G. Utilização de diferentes sais na
prevenção do estresse calórico de frangos de corte criados em clima quente. Revista setor de
ciências agrárias, v.13, p.287-292,1994.
FISCHER DA SILVA, A.V.; FLEMMING, J.S.; FRANCO, S.G. Utilização de diferentes sais
na prevenção do estresse calórico de frangos de corte criados em clima quente. Revista Setor
de Ciências Agrárias, v.13, p.287-292, 1994.
HAI. L.; RONG. D.; ZHANG, D.Z.Y. The effect thermal environment on of digestion of
broilers. J. Anim. Phisiol. A. Anim. Nutr., Verlag, v.83, n.1, p.57-64, 2000.
HULAN, H.W.; SIMONS, P.C.M.; VAN SCHAGEN, P.J.W. Effect of altering the cation-
anion (Na+K-Cl) and calcium content of the diet on general performance and incidence of tibial
dischondroplasia of broiler chickens housede in batteries. Nutrition Reports International,
v.33, p.397-408, 1987.
JOHNSON, R. J.; KARUNAJEEWA, H. The effects of dietary minerals and electrolytes on the
growt and physiology of the young chick. Journal of Nutrition, v.115, p.1680-1690, 1985.
MARCH, B.E. Sodium chloride supplementation of all plant protein broiler diets. Poultry
Science, v.63, p.703-705, 1984.
NOSE, H. et al. Role of osmolality and plasma volume during dehydration in humans. Journal
Applied Physiology, v.65, p.325- 331, 1988.
PORTSMOUTH, J. Changes needed in nutrient input data relating to leg problems in poultry.
Feedstuffs, v.56, p.43-52, 1984.
ROOTH, G. Introduction to acid-base and electrolyte balance. New York : Barnes and
Noble, 1969.
SMITH, M.O.; TEETER, R.G. Carbon dioxide, ammonium chloride, potassium chloride, and
performance of heat distressed broilers. Journal of Applied Poultry Research, v.2, p.61-66,
1993.
TEETER, R. G. et al. Chronic heat stress and respiratory alkalosis: ocurrence and treatement in
broiler chicks. Poultry Science, v.64,p.1060-1064, 1985.
TEETER, R.G.; BELAY, T. Broiler management during acute heat stress. Animal Feed
Science and Techonology, v.58, p.127-142,1996.
TEETER, R.G.; SMITH, M.O.; OWENS, F.N.; et al. Chronic heat stress and respiratory
alkalosis: occurrence and treatment in broiler chicks. Poultry science.v.64. p. 1060-1064,
1985.
Página3606