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SUMÁRIO

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Epílogo
Arthur White era um homem com propósito. Depois que sua
esposa faleceu, ele só queria cuidar de sua filha e construir obras
para ajudar crianças carentes por toda Europa.

Sua nova missão era Oxford, a cidade que sua falecida esposa
sempre amou, mas que nunca chegou a conhecer, pois levava uma
vida muito agitada de trabalho e viagens.

Arthur queria construir uma escola, onde crianças pudessem


ter o direito de educação, mas uma única coisa o impedia: um pub,
no lugar mais promissor da cidade.

E sua dona não era nenhum pouco amigável e podia tornar a


sua vida um inferno quando tentasse convencê-la de que era melhor
desistir do lugar.
Meredith nunca foi de acreditar no amor, mas depois de ter
visto e vivido um conto de fadas, ela estava com o coração mais
leve e até tentava levar uma vida tranquila.

Porém tudo poderia desmoronar em um piscar de olhos, e


quando foi abandonada pelo homem que pensou ser o seu príncipe
encantado, o inferno a engoliu; para piorar um certo filantropo
queria atrapalhar a sua paz que já estava um caos.

Ela iria acabar com ele…

E talvez só tivesse piedade, pois sua filha era um amor e ela…


ela amava crianças.

O final da trilogia chega ao seu fim, com Meredith para


encerrar a história, mas que promete ser um caos, com fogo e muito
amor… além de ter a pegada picante que todos amam.

+18
Eu serei o herói com quem você tem sonhado
Viveremos para sempre juntos sabendo
Que nós fizemos tudo para a glória do amor

Glory of Love - Peter Cetera


Chegamos ao fim dessa trilogia que tem meu coração todinho
para ela. Quero agradecer a você que devorou os livros anteriores e
prometo que você vai se apaixonar por esse.

Não posso negar que a Meredith é a minha personagem


preferida dessa trilogia e por isso acho que tem muito do meu “core”
nessa história.
Vocês podem ler separadamente esse livro dos outros.

Quero pedir para deixar sua avaliação no final da leitura, pois


ajuda muito a engajar o livro.
Nos encontramos no meu próximo romance...

P.S. me siga no instagram e tiktok, lá eu solto diversas


novidades sobre as minhas histórias.
Prólogo

Em um diário que Meredith queimou anos atrás

Eu poderia começar essa história de diversas formas, mas


acho que quando pretendemos contar algo, ainda mais para a nossa
mente não pirar, tudo tem que seja do início.
Mas nem sonhe que vou escrever, querido diário, porque isso
realmente nunca foi para mim.
Então, eu só posso dizer que talvez essa Meredith assuste
você, porque ela tem medo, ela é uma pessoa normal, que tenta
mostrar para o mundo o quanto é forte, porém é só a casca de uma
mulher, tentando viver em uma sociedade complicada.

Fui criada sem amor, sem o famoso reflexo de família e isso


fez com que eu tivesse uma vida diferente. Eu sempre tentei mostrar
a tal superação para a sociedade me aceitar mas, só que por dentro
todo o meu ser gritava por carinho, amor, por alguém que olhasse
para mim.

Acho que foi por isso que me tornei uma irmã para Amélia. Ela
foi a única família que consegui ter, minha irmã de vida, de
sofrimento, de tudo, menos de sangue.

Só que o meu botão do foda-se sempre esteve ligado e para


esse quesito também. Acho que o amor sempre vai prevalecer
quando é verdadeiro e às vezes nem tendo o mesmo sangue faz
com que sua família te ame.

Até porque se esse detalhe fosse importante, eu nunca teria


sido deixada em um orfanato, só que isso não vem ao caso.

Voltando aos pensamentos… Quando vi o sofrimento da


minha amiga, por um Willians, eu quis morrer, pois eu sempre me fiz
de forte, mas por dentro sempre estive estraçalhada. De uma coisa,
toda a sociedade de todos os países do planeta Terra, ou até
mesmo dos planetas de fora — até porque ET´s existem —, podem
ter certeza, quem se faz de forte por fora, sempre será o fim do
desespero por dentro.
Meu primeiro amor foi algo que eu nunca quis que tivesse
acontecido, eu sabia que era amor, pois meu coração batia mais
rápido, minhas mãos suavam e até mesmo eu até mesmo me
esquecia das pessoas ao meu redor. Só que esse meu amor de
infância e adolescência, morreu rápido, quando fui conhecendo a
fundo quem realmente era Thomas Williams.

Sim. Fui apaixonada há muitos anos por Thomas, e tenho


certeza de que estaria como Amélia, se ele não fosse um canalha e
um preconceituoso de merda. No entanto, ao ver Amélia encolhida
em sua cama e chorando sofrida, agradeci mentalmente por
Thomas nunca ter olhado em minha direção.

Oi, diário!

Faz um mês que nos mudamos para Oxford, fugindo do nosso


passado e com um grande futuro para trilhar. Só que Amélia tem
passado muito mal nos últimos tempos e é foi por esse motivo que
decidi procurar emprego sozinha.

Um dono de uma espelunca que chamam de bar, disse que


fará uma entrevista comigo. Procurei emprego por vários lugares,
desde que saí em busca de um. Só que todos quando descobrem
que eu fui de um orfanato desistem até mesmo de me ouvir.

Ao menos aquele senhor quis …

Se eu soubesse das suas intenções…

Entrei na sala que ele me indicou, o lugar cheirava a mofo e


logo me sentei em uma poltrona nada agradável que estava cheia
de manchas de alguma coisa que podiam não ser suco ou bebidas
alcoólicas.

O senhor que era dono do bar parecia muito sujo, mas ele ao
menos me acolheu e me empregou. O salário não dava para quase
nada, mas já era alguma coisa, eu trabalharia mais do que achava
permitido por lei, mas era dinheiro.
Então, era de garçonete mesmo que eu iria servir.

Oi, diário!

As coisas pioraram e muito…

Eu já vinha trabalhando há dias, Amélia não melhorava, então


achei por bem deixá-la sem trabalhar por esse tempo, além de ser
teimosa e não querer ir ao médico. Apesar de que eu acho que ela
só está assim por sofrer por aquele idiota.

Quando deram duas horas da manhã seu Leopoldo me


chamou ao seu escritório. O bar já havia fechado e eu só estava
terminando de deixar tudo arrumado para o outro dia.

Caminhei até seu escritório e entrei. Eu não gostava nadinha


dele, ainda mais da forma como ele me olhava, no entanto, era o
único que estava me dando dinheiro para levar para casa.
— O senhor me chamou? — Fingi-me de desentendida.

— Sim, estava fazendo as contas e as despesas estão muito


altas, acho que terei de demiti-la.
Meu coração parou por um momento, senti tudo ao meu redor
escurecer, mas não desmaiei.

— Mas, senhor Leopoldo, não posso perder esse emprego.


Minha amiga está doente, eu sou a única que sustenta nossa casa.
Por favor, não faça isso comigo, eu faço tudo que o senhor quiser.
— Nunca usei tom de piedade em minha voz, mas em certas
ocasiões algumas coisas eram necessárias, no entanto percebi que
caí em sua armadilha quando ele disse:
— Eu sei, querida, andei dando uma pesquisada em sua vida.
Percebi que vocês moram em um lixo. Então tenho uma proposta
para te fazer.

E foi assim que comecei a me vender, Leopoldo me pagava um


bônus por cada momento de sexo que eu lhe oferecia e não me
demitia. O que era bom, mas ao mesmo tempo horrível, nojento,
repugnante. Foi o pior jeito de perder a virgindade. E foram longos
meses com isso tudo acontecendo. Até que ele morreu!
E eu agradeci muito por tudo, pois ele podia ter sido o pior
patrão que usou o meu corpo, mas deixou a espelunca que
chamava de bar para mim, e ele até podia ser um péssimo
empreendedor, mas eu não era. O bar ficava em uma ótima
localização e aquilo podia mudar tudo.

E foi aí que minha vida e a de Amélia começaram a melhorar,


ela estava para ganhar o Jack quando resolvemos que o bar se
transformaria em um Pub maravilhoso e com algumas economias
que eu havia juntado, começamos a nossa transformação. E assim
que foi entrando mais dinheiro, deixamos o ambiente um verdadeiro
lugar de diversão e nada que lembrasse o antigo dono.
E as coisas mudaram…

Mudaram para melhor.


Capítulo 1

Olhei para o Pub lotado e abri um sorriso. Aquilo ali era a


minha conquista e não podia negar.

Mesmo que agora as coisas estivessem diferentes, Lili havia


saído, para se dedicar à vida de mãe e esposa. E Amélia… aquela
vaca tinha me deixado há oito meses também, algo que eu não
achava ruim, pois ela estava feliz e era a única coisa que importava
em toda a minha vida.

Lembro-me do dia em que ela me chamou para conversar na


sua enorme casa…
Segurou minha mão firmemente e caminhou comigo até a sala
de estar. Em seguida, me deixou no sofá confortável e foi acender a
lareira que dava ainda mais vontade de curtir aquela noite de
garotas para sempre.

— Você sabe que te amo, não é mesmo?

— Odeio quando você começa a dizer as coisas dessa forma,


Amélia. Já sei que vai vir alguma bomba em minha direção.

Minha amiga olhou para mim, foi até o aparelho de som, o


ligou e colocou na playlist intitulada “quando Meredith estiver aqui”.
Logo Nirvana começou a retumbar nos home theaters
espalhados pelo lugar. Tinha absoluta certeza de que não ficaria
feliz com o que viria, mas estava tentando me preparar para
absolutamente tudo.

— Quer beber algo?

— Amélia, eu não vou para a cama com você, então para de


me tratar como uma conquista.

Minha amiga soltou uma gargalhada e se jogou ao meu lado.

— Você é uma idiota e por isso é a irmã que mais amo.

— Ainda bem, porque eu iria ficar enciumada se tivesse outra


mulher na jogada.

— Para. — Ela deu um tapa leve em meu braço e brincou: —


Temos a Lili, mas ela é do bem.

— Aquela vira-casaca, tinha que ter arrumado uma filhinha tão


linda com aquele trouxa?
— Não fala assim do Thomas, os dois parecem estar tão
felizes.

— Eu sei!

Talvez eu que fosse mal-amada… respirei fundo e tentei não


dar a mínima para aquilo, pois não tinha comentado um pequeno
detalhe da minha vida com Amélia e achava por bem deixar daquela
forma.

Não queria olhares de pena em minha direção, então era


melhor ficar em silêncio naqueles momentos e só esperar para
saber o que ela queria me dizer.

— Você sabe que eu quero muito me dedicar à minha família,


ainda mais que agora tudo está indo tão bem. Jack está ótimo,
Oliver está sendo o melhor pai do mundo.

Depositei minha mão em seu ombro o que a fez cortar o


assunto e me encarar.

— Quer deixar o pub, não é? — Decidi ajudá-la, pois percebi


que minha irmã estava rodeando demais o assunto, provavelmente
com medo da minha reação.

Ela se endireitou no sofá, pegou minhas mãos nas suas e com


os olhos cheios de lágrimas voltou a dizer:

— Aquilo foi a melhor coisa que nos aconteceu quando


estávamos na merda. Foi o pub que nos reergueu e deu sentido à
nossa vida. Só que irmã, não me vejo mais trabalhando madrugadas
adentro e deixando meu filho de lado, meu marido maravilhoso e…
— E você é família demais, para se dedicar a uma empreitada
na noite. Eu já entendi — respondi, sem mágoa alguma no coração.

— Você vai me odiar?


Fiz uma careta e comentei:

— Talvez, quando eu tiver que resolver a parte financeira, mas


eu posso arrumar alguém para fazer isso, não é mesmo?
Amélia abriu um sorriso e se jogou em meus braços, dando-
me um abraço forte, como se aquilo fosse a única coisa que ela
precisava no mundo.

— Não sei o que seria da minha vida sem você, Mer.

— Talvez se você não me chamasse de Mer, as coisas seriam


melhores.

Nós gargalhamos e depois fomos encher nossa cara com


guloseimas, porque o melhor da vida era comer.

Voltei à realidade, quando um cara pegou o microfone do


karaokê e começou a cantar The Man Who Sold The World do
Nirvana. Até parecia que o filho da puta tinha lido meus
pensamentos.
Enquanto o bonitinho do karaokê cantava, eu voltava para
atender às pessoas que passavam no caixa, pensando que aquele
lugar ali, era o melhor lugar que eu podia estar.

Só que sem as mesmas pessoas que construíram meu


passado, tudo parecia mais sem graça. Ainda bem que Charles
estava no andar de cima, me esperando, e ao menos foi a parte
normal que restou do meu passado naquele lugar que já tinha me
feito passar por várias coisas.

Eu havia comprado a parte de Amélia um dia depois que ela


decidiu deixar de ser minha sócia e agora eu era a única dona
daquilo tudo. E mesmo assim não me achava dona de nada.
Tudo transcorre como sempre e assim que encerro a noite do
pub, subo as escadas que me levam para meu apartamento e em
seguida, destranco a porta e entro no lugar que chamo e chamarei
de lar pelo menos pelo resto da vida.

Já que não tenho nenhuma vontade de sair dali.

— Charles? — sussurro.

Já que a televisão não estava ligada como de costume, então


talvez ele tivesse ido dormir sem mim.
Conheci o nojinho há alguns anos e mesmo que não quisesse
entregar meu coração, ele conseguiu pegá-lo para ele e naquele
instante eu me sentia a mulher mais apaixonada do mundo.

Algo que nunca pensei que aconteceria novamente, depois de


perceber o quanto o amor era uma merda, no entanto Charles me
mostrou que as pessoas podem ser diferentes das outras e
exatamente por aquele motivo estávamos juntos até nos dias de
hoje e provavelmente ficaríamos até o fim da vida .
Talvez a porra do final feliz tivesse chegado para mim.

Cheguei à sala e lá encontrei o homem que procurava, ele


estava sentado no sofá, com a cabeça baixa e não entendi o motivo
de estar daquela forma. Aproximei-me de onde estava e abracei seu
pescoço por trás.

— Oi, nojinho que amo.

Beijei sua bochecha e vi quando ele me olhou de soslaio.


Alguma coisa estava diferente na atmosfera, e eu realmente não
sabia dizer o que era.

— Aconteceu algo? — questionei.


Charles tirou minhas mãos do seu pescoço, levantou-se do
sofá e se afastou de mim. Franzi meu cenho com sua atitude, mas
não tentei mais me aproximar. Nunca fui de correr atrás de ninguém
e mesmo que eu morresse por aquele idiota, não moveria um dedo
para ficar acalentando-o.

Ele ficou de costas para mim, por um momento, mas logo virou
em minha direção. Eu me sentei direito no sofá e fiquei o
observando, esperando que ele decidisse me contar o que havia
acontecido.
— Eu te amo, Meredith. — Uma lágrima escorreu pelo rosto de
Charles e eu achei mais estranho ainda.

— Isso eu já sei e qual o problema?


Tinha alguma coisa que eu estava deixando escapar e talvez
quando percebesse já fosse tarde demais.

— O problema é que você não pode me dar um filho.


As suas palavras foram baixas, calmas, lentas… só que para
mim, foram como facas, agulhas injetando drogas em minha veia,
lâminas perfurando meu pulso.
— Sim! — concordei, tentando evitar que minha voz ficasse
embargada.

Pois já tínhamos descoberto aquilo há muito tempo.


— E foi isso que aconteceu. Eu te amo, mas você sabe que eu
sempre quis uma família e mesmo aceitando tudo no início, não
consigo mais, então… Acabou, Meredith.

E foi naquele momento que percebi que às vezes o conto de


fadas não tem um final feliz, ou o destino dá um jeitinho para te
mostrar que não era um conto de fadas e sim um conto de farsas.
Meus olhos passaram pelo ambiente, pois era daquela
maneira que eu evitava chorar e naquele momento percebi as malas
em um canto escuro perto da porta.

Ele só estava esperando que eu chegasse.

Levantei-me do sofá, caminhei até a porta da frente,


destranquei e abri para ele.

— Se você não me aceita como sou, não posso fazer nada,


Charles.

Apontei a porta para ele, que pegou suas malas e antes de


sair ainda teve coragem de beijar meu rosto e sussurrar:

— Você me fez o homem mais feliz desse mundo.

O ódio que eu tinha contido dentro de mim, começou a sair


pelos meus poros e eu acabei dizendo:

— E você vai se tornar o homem mais infeliz, se um dia


resolver surgir no meu caminho novamente.
— Não pretendo…

Ele saiu, como entrou, em um passe de mágica e assim que


cerrei a porta, senti meu coração se partir ao meio. Não queria
chorar, não queria ser fraca por causa de um homem.

Mas, vivemos juntos por tanto tempo, para agora ele me


largar.

Eu acreditei na merda do amor…

Droga!

Vida, eu tentei e você não me ajudou em nada.

Meio zonza, com tudo que estava acontecendo, fui até meu
celular e mandei mensagem para a única pessoa que podia me
ajudar naquele momento.

Amélia, preciso de você, agora.


Capítulo 2

Após mandar a mensagem, joguei meu celular em cima do


sofá, caminhei para próximo à janela da sala e sentei-me, para ver o
tempo frio. Não percebi quando deixei a fraqueza me tomar, mas
senti quando as gotas de lágrimas começaram a escorrer pelo meu
rosto.

Ele tinha preferido me abandonar, quando percebeu que eu


tinha mais problemas do que soluções.

Abracei minhas pernas, apoiei minha cabeça em meus joelhos


e deixei que o resto das lágrimas viessem. Logo ouvi a porta sendo
aberta, mas nem precisava olhar para saber que era a minha
salvação. A mão que eu precisava para sair do fundo do poço.

Amélia morava a poucos quarteirões de distância, então não


demorava quase nada para chegar ali. Logo senti seus braços me
abraçando e seu perfume tomou meu nariz.

Ali eu senti o cheiro de paz e de conforto, para que eu


pudesse desabar de vez. Soltei meus joelhos, -a e daquela vez
deixei meu mundo entrar em ruína.

Eu quase nunca deixava que minhas fraquezas ficassem


expostas, mas naquele momento estava sendo mais forte do que
eu. Já que não conseguia segurar o mundo sozinha.

— Chora, mas depois quero saber o que te deixou assim —


Meredith murmurou, enquanto afagava meus cabelos, que já haviam
voltado a crescer e eu só fiquei deixando meu mundo desabar por
um momento.

— Faz um chá para ela.

Sabia que ela estava falando com Oliver, até porque ela não
apareceria ali sozinha, ainda mais que aquele homem a protegia
mais que tudo. Depois de um pouco mais calma, afastei-me de seu
corpo e encarei seus olhos.

— Oi! — Sorriu, mas ela sabia que algo ruim tinha acontecido.

— Podemos ir para o quarto? — indaguei, meio insegura.

Homens tinham o poder de pegar uma mulher confiante e


desestabilizá-la de uma maneira, que elas nem sabiam como viver
por um momento depois.
— Claro!

Amélia se levantou e me deu sua mão, para que seguíssemos


para o quarto. Logo chegamos ao meu local, onde ainda cheirava
aquele encosto.
— Cadê o Charles? — Amélia perguntou.

Eu por outro lado, funguei e enxuguei as últimas lágrimas que


escorreram por meu rosto.

— Me deixou — confessei.

Amélia me olhou assustada e indagou:


— Mas, por quê?

Soltei um suspiro, segurei sua mão e comecei a dizer:


— Não quero que sinta pena de mim, já refleti muito sobre o
assunto, então já aceitei bem e não quis te contar, pois sei o quanto
você é passional em várias questões.

Amélia revirou os olhos e acariciou meu rosto. Enxugando


mais uma lágrima que escorreu.

— O que escondeu de mim, Meredith?

— Não posso ter filhos.

Amélia fechou os olhos e questionou:

— Como ficou sabendo disso?

Engoli em seco, soltei mais um suspiro e entreguei tudo:

— Estava tentando engravidar há alguns meses, fiquei


sabendo quando você desistiu do pub, e fiz diversos exames, sou
infértil, o médico sabe explicar melhor, mas é isso. Não posso ter
filhos, mas já tenho o Jack é isso que importa, né? E a Ava eu
posso até dar uma mordidinha de vez em quando.

Amélia me abraçou toda sentida e começou a chorar também.


Era exatamente por aquele motivo que eu não queria contar nada a
ela.
— Foi por isso que o idiota te largou.

— Exatamente. Ele disse que quer ter uma família e eu não


posso dar a ele.
— Filho da puta.

— É, nisso tenho que concordar, ainda mais que nunca fui


com a fuça da mãe dele.
Amélia se afastou de mim e daquela vez eu que enxuguei
suas lágrimas.

— Tem diversas maneiras de você ser mãe, se quiser


podemos ir a um orfanato…

— Amélia, não, eu não quero ser mãe solo, sabemos o quanto


foi difícil para você e o quanto continua sendo para qualquer mãe
que não tenha o apoio necessário. Eu queria ter um filho com o cara
a quem dediquei vários anos da porra da minha vida.

Esbravejei, mas a vontade que tinha era de socar algo que


pudesse trazer ao menos um resquício de paz para o meu coração,
pois naquele momento eu só sentia tristeza e caos.
— Eu sinto tanto, Meredith.
Ela voltou a me abraçar e só de tê-la ali, já me senti mais
calma. Porém, eu sabia que demoraria muito para que eu realmente
voltasse a ser uma pessoa normal.

Sabia que não era fácil lidar comigo, e depois de ser


abandonada por um cara que jurei, que me amava mais que tudo e
que nada nos aconteceria, ou faria com que ele me abandonasse,
sentia que aquela Meredith quebrada que demorou deixarem abrir
um caminho para o seu coração, não voltaria tão cedo se é que
algum dia ela retornaria.
Depois daquilo, Amélia me levou para minha cama, deitou-se
ao meu lado e ficou ali, até que o cansaço fosse mais forte que eu.
Como tinha trabalhado até tarde, meu corpo gritava por um
descanso e o mais certo seria tomar um banho, só que naquele
momento eu não queria fazer nada a não ser ficar em paz daquela
maneira que estava…

Claro que mentia, ali não tinha paz alguma, mas ao menos
estava com Amélia e naquele momento era a única coisa que me
importava. A minha irmã segurando minha mão e passando a outra
por meus cabelos.
O apoio dela seria a única coisa que eu precisava depois de
todas as tragédias que haviam acontecido comigo naquele dia.

Sempre fui contra deixar meus sentimentos se espalharem


para pessoas que pudessem destruir meu coração, no entanto,
confiei em Charles e ele parecia ser um homem tão bom, que não
tinha lógica se não ficasse com ele.
Talvez idiota fosse a palavra certa para se tatuar em minha
testa.

Fechei meus olhos, deixei o cansaço tomar tudo o que


entendia de sanidade e por fim caí no sono, sem nem mesmo tomar
o chá que eu tinha certeza de que Oliver preparou para mim.
Mas não importava, eu não queria chá…

Só queria parar de sentir aquela dor…


Eu era uma mulher muito forte, que não merecia sentir aquilo
que estava sentindo.

Não merecia sofrer por um homem que me abandonou só por


eu ter nascido com a porra de um problema no meu gerador de
bebês.
No dia seguinte… eu tentaria catar todos os cacos que
restaram de uma Meredith forte e voltaria a ser a ruiva gostosa que
era.

Homem algum tiraria meu brilho por mais de vinte e quatro


horas.

Aquele era meu lema e eu sempre o manteria vivo.


Capítulo 3

Sentir a água fria tocar minha pele, bem no inverno da Europa,


era quase reconfortante. Parecia que diminuía um pouco da minha
dor ao sentir aquilo. A dor nem era física, no entanto, a água
congelante fazia com que o coração quebrado fosse quase curado.

Dei mais uma braçada na água, e por fim, achei necessário


sair da piscina, senão Diana acordaria, me pegaria na água e logo
iria querer entrar também. O que seria muito complicado de negar,
mas era necessário, já que era inverno e minha filha se resfriava
muito fácil.
Peguei uma toalha e passei pelo meu corpo, em seguida, o
roupão que tinha deixado em uma cadeira, serviu para esquentar
meu corpo. Logo ouvi saltos batendo no piso amadeirado da minha
casa e já sabia quem era.

Revirei os olhos um segundo antes de virar-me na direção da


minha irmã. Tentei abrir um sorriso em sua direção, mas ela logo fez
uma expressão de desdém para mim.
— Nem precisa fingir que está gostando da minha presença,
pois sei que preferia que eu nem aparecesse em sua casa.

— Florence, você se tem tão em baixa — brinquei, enquanto


caminhava para perto da minha irmã, lhe dando um beijo em seu
rosto.

— Eu juro que poderia socar a sua cara, maninho. Só que vim


pegar minha sobrinha para um dia de shopping, já que a menina
vive enclausurada nessa mansão enorme, sem ninguém para
interagir com ela.

— Diana interage com o pessoal da escola dela, ela só


escolheu não ter amigos.

— E claro que você apoiou isso, já que assim pode prendê-la


aqui.

Soltei um suspiro audível, enquanto minha irmã me encarava,


com toda a sua pose de mulher de negócios que ela mantinha. Seus
cabelos eram louros, os olhos claros como os meus e o rosto bem
desenhado, uma linda mulher que sabia ser a pedra no sapato que
todos odiavam.

— Só faço o que acho melhor para minha filha.


— Não sei se concordo com isso, pois Diana não tem culpa do
mundo ser um desastre e a Esme ter falecido há dois anos, Arthur.

E era ali que aquela infeliz, que deveria ter pena de mim,
costumava cutucar a ferida quando queria me machucar.
— Florence…

— Enfim, continue jogando sua vida fora, eu só mencionei


isso, para você ver que além de se foder, está fodendo a Diana.

Assim que falou o nome da minha filha, ela surgiu na área de


fora da casa, com um sorriso enorme no rosto e gritando.

— Titia Flô!

Ela pulou nos braços da minha irmã e a abraçou com força.


Diana tinha cinco anos, tão parecida com Esme que até doía olhar
para minha menina várias vezes, mas mesmo assim eu a amava
mais que tudo no mundo. No entanto, também não podia negar que
os cabelos louros mel e os olhos verdes também lembravam a mim.

A minha pequena princesa, que eu cuidava protetoramente


demais.

— Vou te levar ao shopping.

Diana ficou com os olhos brilhando e logo olhou em minha


direção.

— Sélio, papai?

Florence me encarou com sua expressão raivosa e eu só pude


assentir para minha filha.
— Mas você só vai sair se tiver tomado o café da manhã.
— Já tomei, enquanto o senhor ficava nadando nessa água
gelada.

Sorri de lado para minha filha e pensei que não conseguia


enganá-la Nunca.

— Você é muito espertinha, não é mesmo?

Aproximei-me da minha menina e baguncei seu cabelo, depois


lhe dei um beijo na testa e murmurei:
— Tome cuidado no seu passeio.

— Vai ficá tudo bem, papai.

Diana me encarou com os olhos brilhando e eu segurei seu


rosto pequeno em minhas mãos. Era a cópia completa de Esme,
que eu não precisava ficar me lembrando sempre, mas aquela era
minha menina, o pedacinho de felicidade que me restou depois que
a vida quis tirar toda a minha felicidade.

— Vou ficar esperando você.

— Tá bom. — Ela deu um beijo na minha mão, olhou para a tia


e disse: — Vô pegar minha bolsa.

Saiu correndo pelo corredor que dava para dentro da casa e


por um momento meu coração se apertou. Eu tinha medo de tudo,
depois que Esme se foi, e ver Diana correr daquela forma, só trazia
pensamentos ruins à minha mente.
— Eu vou cuidar bem dela.

Florence se aproximou mais de mim e depositou sua mão em


meu ombro.
— Obrigado!

— Depois temos que conversar sobre a empresa, Harvey me


disse que você quer comprar um lugar em Oxford para construir
uma escola.

Olhei de soslaio para minha irmã. Ela era sócia na minha


empresa de construção, e eu não podia negar que naquela parte
éramos uma dupla perfeita.

— Você sabe que quero realizar os sonhos que Esme deixou


para trás e como ela amava aquele lugar, que nunca teve a
oportunidade de conhecer, pensei em construir algo que rendesse
uma boa ação.

Florence sorriu para mim, mas logo disse:

— Mesmo eu querendo reviver a Esme para lhe dar um soco


bem dado na cara, eu vou te apoiar nessa ideia maluca, vamos
escolher um terreno maravilhoso e construir a melhor escola que
aquela cidade já viu.
Soltei um suspiro, tentando evitar o que minha irmã disse
sobre Esme. Águas passadas, não moviam moinhos e ela já havia
falecido, então não tinha nem como se defender.

Deixei de lado aquele assunto e pensei que já tinha um lugar


em mente.
— Andei dando uma olhada por alguns lugares, e achei o local
perfeito, só bastava alguns proprietários estarem dispostos a
levarem uma boa grana, para que pudéssemos demolir suas casas
e até pontos de comércio.
Florence revirou os olhos. Tirou a mão do meu ombro e ainda
murmurou:

— Não podia ser em um lugar menos problemático, Arthur?

— Eu quero em um lugar bom de ser localizado.

— Você sabe que muitas pessoas não vão querer aceitar


deixar suas residências.
— E por isso estou disposto a oferecer uma boa quantia.

— Você não falindo a White construtora, pode fazer o que


quiser, só não faça muita merda, pois depois quem terá que limpar
sou eu.
— Pode deixar, irmãzinha. Eu sei negociar as coisas.

Nossa atenção foi desviada, para o pequeno furacão que


voltou correndo na mesma intensidade que havia saído mais cedo.

— Vamos, tia.

— Vamos, amorzinho.
Depois que me despedi da minha menina e de Florence,
observei enquanto elas saíam pela porta da frente para irem ao
shopping.

Era hora de curtir um pouco da solidão…

Que era o que me havia restado nos momentos vagos.

Ao menos, eu iria pensar nas minhas estratégias, para poder


construir a escola que tanto queria e em como poderia convencer as
pessoas a deixarem seus lugares para que eu pudesse realizar o
sonho da minha falecida esposa.
Pelo que Harvey havia me dito, o que seria mais difícil, era um
pub que sempre vivia movimentado naquela região.

Só que eu sabia negociar e tinha certeza de que a dona do


lugar seria um alvo fácil.
Tudo estava em minhas mãos.

Era só colocar o meu plano para funcionar.


Capítulo 4

Algumas semanas se haviam passado desde meu plano inicial


para fechar o contrato com as pessoas que moravam nas
redondezas de onde eu queria construir a escola para crianças
carentes.

E naquele dia aconteceria uma reunião com as pessoas que


viviam naquela região. Tínhamos reservado um teatro, para que
pudéssemos conversar com todos ao mesmo tempo, enquanto
apresentava minha oferta para os convidados daquele dia.
Herbert estacionou o carro em frente ao local e eu percebi
como a chuva estava torrencial naquele dia. Oxford era uma linda
cidade, que estava aprendendo a admirar cada dia mais, desde a
primeira vez que botei meus pés naquele lugar, por isso, mesmo
com a chuva, o lugar ficava perfeito.

— Senhor, infelizmente é até onde posso ir. — Herbert, meu


motorista de anos murmurou.

— Sem problemas, Herbert. Tome cuidado com essa chuva.

— Pode deixar, senhor.

Peguei minha pasta com os documentos, e saí do carro de


forma apressada. o teatro não ficava muito longe de onde Herbert
havia estacionado, no entanto com a chuva que caía, era muito fácil
se molhar.

Andei de forma rápida, sem olhar para os lados, pois não


queria me atrasar, Florence sabia muito bem do que se tratava
aquela reunião, mas ela queria que eu falasse com as pessoas, pois
segundo ela, minha forma de falar era mais amena.

Não podia negar que minha irmã tinha uma aura de soberba
sobre ela, que nenhuma pessoa gostava, mas uma coisa eu podia
garantir, ela não era nada do que sua expressão passava.

E foi com aqueles pensamentos e não prestando atenção ao


meu lado, que acabei trombando com um ser baixinho e ruivo,
enquanto íamos na mesma direção para nos escondermos da
chuva.

Mas se fosse uma trombada qualquer, estava até tranquilo, o


problema foi que com o impacto a mulher se desequilibrou e eu
tentando ser gentil, fui tentar salvá-la, para que não caísse no chão,
mas acabou que além de eu não conseguir evitar que ela se
estatelasse na calçada molhada, minha pasta com documentos, se
abriu e todos os papéis caíram em uma poça de água.

— Inferno — esbravejei tentando salvar os documentos de se


molharem, mas não sei se obteria sucesso.
— Você não sabe olhar por onde anda? — Escuto a voz da
com quem trombei e ela parecia estar com mais raiva do que eu.

Mas claro que estaria, ela estava toda molhada e ainda caiu
de forma humilhante no chão. Deixei os documentos da forma que
estavam, pois eles poderiam ser impressos novamente, e voltei na
direção da mulher.

Ela era tão baixinha que provavelmente bateria na metade do


meu peito. No entanto, deixei de pensar naquilo, estendi minha mão
para ela, para que pudesse ajudá-la a se levantar do chão.

A mulher me encarou com seus olhos raivosos, que pareciam


mais os de uma raposa pronta para me atacar do que de um ser
humano, recusou a mão e se levantou sozinha.
Seus cabelos ruivos caíram sobre suas costas e mesmo
molhados era perceptível que possuíam ondas marcantes. Suas
bochechas estavam rosadas, provavelmente devido ao frio e as
sardas ficaram ainda mais em evidência.

Bom, depois de perceber toda a forma física da mulher, só


pude perceber o quanto era linda e que parecia ter fogo saindo por
sua pele, demonstrando que poderia matar qualquer um em questão
de segundos.
— Terminou sua avaliação? — A ruiva indagou.

Droga! Fui pego no flagra por ficar encarando-a demais.

— Desculpe-me, é que estava tentando ver se não tinha se


machucado.

Ela levantou a sobrancelha somente de um lado e por um


momento fui obrigado a engolir em seco. Aquela mulher não parecia
nada legal.
— Bom, desculpe-me também pela trombada, não queria
molhar os meus documentos. — Encarei os papéis ensopados no
chão. — Só que pelo visto, a nossa trombada fez exatamente o que
eu não queria que acontecesse.

Após não ouvir nenhum som vindo da mulher, encarei seu


rosto para verificar se tinha algum resquício de vergonha por ter
feito parte do nosso pequeno acidente, mas pelo visto aquela garota
não se importava.
— Eu poderia dizer que sinto muito, só que não sinto. Afinal,
você me derrubou no chão e também me olhou. Então, estamos
quites. — Ela mal terminou de falar e seguiu em direção ao teatro.

E mesmo sem saber o motivo, gritei:

— Espera. — Comecei a segui-la, sem me importar muito com


os papéis. Fodam-se os papéis, no momento só sentia que tinha
que saber mais sobre a ruiva. — Qual seu nome?

A ruiva olhou em minha direção, passou seus olhos por meu


corpo, sem nem ao menos disfarçar e com um leve sorriso, porém,
era bom ressaltar que não parecia ser sorriso bonzinho e sim um
que fez com que eu repensasse sobre tê-la seguido, ela resmungou:

— Descubra sozinho. — Entrou no teatro e naquele momento,


eu soube que talvez a aprovação daquela eu não tinha.
Só esperava que a residência dela, não ficasse no centro de
onde seria a construção, senão eu estaria ferrado.

Soltei um suspiro, voltei e peguei minha pasta encharcada no


chão. Depois entrei no teatro e fui para onde minha irmã me
aguardava. Assim que entrei na sala, que parecia mais um camarim,
Florence estava com um sorriso nos lábios, mas quando me viu o
mesmo sorriso morreu.

— Que porra aconteceu com você?

— Sempre tão educada, irmã.


Tirei o casaco do terno, que estava ensopado da chuva.

— Sério, você está péssimo, todo molhado.

— Eu sei, aconteceu um acidente que me fez molhar mais do


que o esperado.

No mesmo instante, Florence ficou em alerta. A palavra


acidente era quase um tabu em nossa família, ainda mais depois do
que aconteceu com Esme.
— Garota, se acalme, não foi um acidente literalmente.
Esbarrei em uma mulher, que deve estar na plateia e acabamos nos
molhando mais.

Florence levou a mão em direção ao coração e respirou fundo.


— Ufa! Pensei que algo mais sério tinha acontecido com você.

— Está tudo bem!

— Então tenta melhorar sua aparência e vamos logo para


essa reunião. Quero sair daqui para aproveitar o resto da minha
sexta-feira.

Balancei minha cabeça e fui obrigado a comentar:


— Ainda estamos no meio do dia.

— Arthur, eu tinha uma tarde regada a sexo, com um carinha


que conheci em um aplicativo de relacionamento, então não venha
me irritar mais.

Arregalei meus olhos e disse:

— Eu não precisava saber disso.


— Então, anda logo com a porra da reunião.

Florence saiu do camarim e eu passei minhas mãos pelo meu


rosto. Era cada maluca que aparecia no meu caminho e aquilo
começava com minha irmã, que nunca tinha um filtro muito bom.

Bom, estava na hora de dar o meu show e se tudo desse


certo, um novo rumo na minha vida começava a partir daquele dia.
Iria realizar um sonho de Esme e me sentiria muito melhor com
aquilo.

Talvez assim eu conseguisse me sentir vivo novamente.


Quando subi no palco, vi muitas pessoas na plateia, mas não
pude deixar de perceber que a ruiva, havia sentado em uma das
primeiras fileiras.
Bom, talvez aquela mulher fosse um problema…

Eu teria que descobrir.


Capítulo 5

Talvez a raiva estivesse me consumindo por inteira, depois de


ter sido ensopada por um deus grego.

Claro que não podia negar que a porra do homem que bateu
de encontro comigo, era quase um oásis a ser admirado. Só que o
idiota, além de ser o homem que queria destruir meu bem precioso,
ainda tinha me molhado, então o perdão era algo que eu não
direcionaria a ele.

Já tinha ido àquele teatro com a mente pronta para indagar


aos seres que chegaram com uma ótima proposta, para destruírem
as casas e os comércios dos moradores locais, só por habitarmos
um lugar onde eles estavam de olho. No entanto, nunca fui de me
importar com a fala de gente rica, ainda mais quando percebia que
elas queriam só foder com a gente.

E assim que o homem que havia acabado de se apresentar


como Arthur White, dono de uma das construtoras mais renomadas
da Europa, eu soube que uma guerra estava traçada entre nós dois.
Seus olhos encontraram os meus de cima do palco e eu tentei
demonstrar a ele, com apenas a minha expressão de desdém que
ele estava fodido.

Afinal, eu sabia muito bem que se eu dissesse não, mesmo


que 99% das pessoas concordassem com o que estava propondo,
ele não poderia construir em nossa área.
O homem bonito pra caralho, porque não tinha como chamá-lo
de outra coisa, limpou a garganta e começou a dizer:

— Boa tarde a todos!

Escutei algumas respostas, mas continuei calada, pois eu


queria muito saber o que o todo poderoso iria inventar para tentar
convencer os otários que estavam sentados ao meu lado.

— Bom, tenho certeza de que todos estão aqui, depois de


receberem a notificação para essa reunião e também estão cientes
do que se trata, não é mesmo?

O homem continuou falando, tirando o microfone da base e


começando a andar pelo palco do teatro. Foi impossível não
observar seu corpo naquele momento. Uma bunda maravilhosa
desenhava o contorno da sua calça social e a camisa branca, quase
explodia em suas costuras, só pelos músculos exagerados que
possuía.

— Eu tive interesse em Oxford anos atrás e não sei se todos


sabem, mas eu amo fazer obras de caridade por todo o nosso país
e continente. — Imediatamente algumas imagens começaram a
passar no telão que estava em suas costas, mostrando as obras
que a empresa de Arthur já tinha feito. — E eu tenho um propósito
de vida, até como uma promessa, para minha filha e minha falecida
esposa, que é continuar criando laços de amor pelo mundo e nesse
momento Oxford foi escolhida para ter uma escola de apoio para
crianças carentes.
Ah, me poupe!

Eu já estava anestesiada o suficiente de gente rica. Desde a


minha infância, convivi com muitos ricos filhos da puta para
entender que aquele homem provavelmente não seria diferente de
todos os outros que possuíam mais dinheiro do que a maioria.
Sempre falavam de caridade, mas só para convencer pessoas que
ainda não haviam apanhado da vida o suficiente.

— Por isso, os convidei para essa reunião. Já que depois de


um estudo de caso da minha empresa, percebemos que o lugar
mais promissor para ter uma escola para crianças carentes, que na
maioria vive em abrigos e tudo o mais, é no bairro onde vocês
moram e a maioria possui um ponto de comércio.

Respirei fundo e revirei meus olhos. Agora seria o momento,


onde ele diria mais coisas bonitas e enganaria as pessoas que o
estavam encarando como se Arthur White fosse a salvação do
planeta Terra.
Ele continuou falando e eu só fiquei encarando as imagens
que passavam no telão. Lá ele mostrava como seria a construção
da escola e as benfeitorias que teria para as crianças. A bondade
era demais e por esse mesmo motivo, não acreditava em nada
daquilo.

Pessoas com dinheiro, nunca pensavam o suficiente em


crianças carentes.
Hello! Eu fui de um orfanato, onde estudei em uma escola de
rico e tive muita experiência com aqueles trastes para saber que as
palavras de White eram mentirosas. E mesmo se não fossem, eu
sempre fui uma pessoa que desconfiava primeiro para depois
pensar em dar uma chance.

Por fim, percebi que o alojamento para crianças dormirem e


tudo mais, ficava em direção ao Pub. Se aquela proposta não
tivesse má intenção, eu até pensaria em colocar o Pub em outro
lugar de Oxford, mas vindo de pessoas que só me demonstravam
hipocrisia, eu nunca aceitaria aquela proposta.
Levantei-me antes mesmo de Arthur White terminar o seu
discurso, e comecei a caminhar pelo corredor que me levava até a
saída do teatro. No entanto, como o idiota que aquele imbecil estava
demonstrando ser, ele acabou anunciando em seu microfone algo
que eu não esperava e fez com que todos se voltassem em minha
direção.

— Moça… ruiva… Bom, eu ainda não terminei, se você puder


esperar para saber os benefícios que a escola trará para a cidade e
para as crianças…
Antes de ele terminar, virei-me em sua direção e abri um
sorriso cheio de sarcasmo.

— Já ouvi o suficiente para perceber que não estou a fim de


foder o meu Pub, por causa de um bando de ricos que só pensam
no próprio umbigo. Então passar bem, senhor White.
O homem pareceu ficar meio pálido em cima do palco, o que
não me importava nem um pouco. Voltei a dar as costas para ele e
saí daquele lugar que já estava me deixando enjoada.

A chuva continuava forte, porém já estava toda molhada,


então nem me importei em me molhar. Caminhei lentamente até
meu carro, entrei no automóvel e em seguida, dei partida para casa,
mas no caminho recebi uma ligação de Amélia.

Atendi pelo bluetooth do celular, e logo a voz da minha irmã


tomou todo o meu carro.

— Onde você está? — Ela parecia ter urgência.


— Estava em uma reunião de merda, mas já estou indo
embora. O que aconteceu?

Parei no sinal vermelho e logo ouvi seu suspiro do outro lado


da linha.

— Preciso que venha rápido para casa, pois preciso conversar


com você.

— Em breve estou chegando, mas aconteceu algo sério?


Amélia ficou em silêncio, o sinal abriu e eu continuei a dirigir.
— Não é nada comigo, só quero te falar algo, antes que você
saiba por alguém.

Engoli em seco, pois percebi que poderia ser mais uma merda
vinda em minha direção.
— Chego em dez minutos.

— Estou te esperando.
Desliguei a ligação e fui direto para casa. Talvez com um
pouco mais de velocidade do que o necessário, mas acabou que
tudo ocorreu bem. Assim que cheguei em casa, subi os degraus que
levavam para o andar de cima e para o meu apartamento.

Abri a porta e Amélia estava sentada sobre o sofá. Quando


entrei e tirei o casaco encharcado da chuva, ela me encarou com
uma expressão cheia de dor.
— O que foi? — Caminhei até onde estava, mas ela não
deixou que eu chegasse perto o suficiente.

Amélia se levantou do sofá, correu em minha direção,


abraçando-me com força e começou a chorar. Ela sempre foi a parte
mais dramática de nós duas, então talvez não fosse nada, ou tudo,
por isso fiquei preocupada.
— Você vai me contar o que foi, ou vai me deixar a ver navios?
— indaguei, enquanto retribuía seu abraço.

— Só quero que saiba, que eu te amo, você tem meu apoio


para tudo e se quiser esmurrar alguém, mesmo que eu seja contra
brigas, eu estarei ao seu lado.
Ela se afastou e enxugou seus olhos, logo caminhou até a
mesa de centro da sala, pegou seu celular, entrando em seguida em
uma rede social. E por fim virou a tela em minha direção.

E lá estava um pouco da dor que ainda consumia meu


coração, mas que eu não deixava mais transparecer.

“Meu bebê está vindo aí”

Era o que dizia a legenda da foto, onde Charles abraçava uma


loira muito bonita e mostrava o resultado do exame de gravidez.
Não tinha nem dois meses que havíamos terminado e ele já havia
arranjado uma noiva, que parecia ter lhe dado o que mais queria.

— Espero que o bebê venha com saúde.

Por dentro eu me sentia a pior pessoa do mundo, por não


poder ser mãe, porém manteria a calma ao menos naquele
momento.
— Meredith…

— Amélia, não precisa se preocupar comigo, eu não sou um


vidro que me quebrarei a qualquer momento. Sabíamos que a
família do Charles sempre foi daquele tipo repugnante de não
aceitar muitas coisas, eu que errei em pensar que ele me aceitaria,
mesmo tendo um útero que não aceita bebês. Enganei-me, espero
de verdade que ele seja feliz com a namorada, noiva, esposa… sei
lá o que essa mulher é dele e o bebê não tem culpa de nada. Já
superei, Amélia.
Ela segurou minha mão e sorriu.

— Queria ter metade da sua força.

Ah, se ela soubesse que na verdade eu era somente um caco


quebrado.

— Você tem, esqueceu-se dos maus bocados que


enfrentamos, mas que você sempre esteve forte?
Nunca vou me esquecer da pior fase da nossa vida. Jack com
leucemia, perdendo seus cabelos, quase morrendo… E nós duas
sem saber o que fazer pelo nosso menino. No fim, com muita força,
sobrevivemos e nosso Jack também.

— Somos fortes, não é Mer? — Amélia apertou minha mão.

— Somos e não existe homem no mundo que vai tirar o nosso


brilho.

— Sim!

Balancei minha cabeça, para tirar a imagem de Charles — o


imbecil que deixei meu coração amar, e que agora o destroçava por
dentro — da minha mente e murmurei:

— Tenho que te contar a merda que aconteceu.

— Foi a tal reunião?

— Sim!
E naquele momento, esquecendo um pouco da minha vida, fui
contar para minha irmã a ousadia que gente rica tinha. E no fim, foi
até bom, pois até gargalhamos e ainda comemos brigadeiro.
Eu até podia sofrer, mas só por ter Amélia comigo a vida já
estava um pouco melhor.

E eu sabia que um dia, o sentimento de dor sumiria e eu


voltaria a ser uma parede como sempre fui.
Capítulo 6

Ainda estava sentindo o calor da vergonha se apossar do meu


rosto, depois do que aquela ruiva havia feito no teatro. Estava no
quarto de hotel, pois não queria voltar para Londres da maneira que
me encontrava e Florence ainda me encarava com um sorrisinho
nos lábios.

Peguei o copo de uísque, que estava pela metade, e tomei


mais um gole, antes de enfrentar minha irmã.

— Parece que você apreciou o que aconteceu mais cedo.


— Maninho, foi a primeira vez que vi uma mulher bater de
frente com você, além de mim. Estou me sentindo maravilhada com
isso.

Soltei uma lufada de ar, pelos meus lábios e mais uma gota de
álcool encontrou a minha garganta.

— Se ela teve coragem de falar aquilo na frente das pessoas,


do que será que é capaz? Desse jeito o empreendimento dará
errado e você sabe, Florence, que esse era um sonho de Esme e eu
tenho que realizar.

— Arthur, por isso, acho que é melhor você voltar a ser o


empresário de antes e começar a focar em outras coisas a não ser
realizar os sonhos de Esme.

Fuzilei-a com o olhar e preferi não responder, pois não queria


feri-la com minhas palavras.

— Bom, vou embora para Londres, você vem?


Deveria, depois da reunião ter sido adiada, para que as
pessoas pensassem a respeito da construção da escola. Nem sabia
quando elas iriam querer falar sobre o acordo, no entanto, algo me
dizia para continuar ali, pelo menos por mais uma noite.

— Irei amanhã.
— Diana vai ficar sem você?

Fechei meus olhos, porque minha irmã jogava baixo quando


ela queria atingir alguém.

— Eu já tinha conversado com ela.


— Então tá.

Florence pegou sua bolsa, deu um beijo em meu rosto e antes


de sair, ainda comentou:

— Vou aproveitar o resto da minha sexta, bem longe dessa


cidade.

Não respondi e logo ela saiu do quarto que eu estava


hospedado. Tomei o resto do meu uísque e depois sentei-me sobre
a cama de casal, bem confortável que estava disposta no local.

Deitei-me sobre o colchão e pensei no que minha irmã havia


me dito. Será que eu deveria mesmo parar de tentar viver os sonhos
de Esme?

Não era nem bom pensar naquilo, senão eu me lembraria do


dia que a perdi… e não queria que aqueles pensamentos tomassem
minha mente.

Peguei meu telefone e liguei para Carmém, a babá de Diana.

— Boa tarde, senhor!

Atendeu a chamada de vídeo de forma educada.

— Olá, Carmém! Diana já chegou da escola?

— Sim, irei passar a ela.

Não demorou muito tempo para que minha filha pegasse o


aparelho e aparecesse na tela para me dizer oi.

— Papai, meu dentinho caiu.

Ela sorriu para mim e mostrou que o dente da parte inferior da


boca havia caído.
— Que legal, filha!

Animei-me com ela, que parecia ter adorado a novidade.

— Agora eu tenho uma janelinha, papai.

— Sim, querida. A janelinha mais linda de todas.


Diana me contou um pouco do seu dia, como a sua aula tinha
sido boa. Mas que ela preferiu pegar um livro de figuras no recreio,
para não ter que interagir com ninguém.

— Filha, mas você precisa aproveitar seu intervalo também.

Tentei apoiá-la a conhecer pessoas novas, no entanto, acho


que no fim Florence estava certa, já que havia deixado minha filha
um pouco isolada e desde então ela aprendeu a não se envolver
muito com as pessoas.

— Papai, só não queria conversar com ninguém.


Soltei um suspiro e respondi:

— Tudo bem! Não te forçarei a nada.

— Papai hoje você não vai vir embora, né?

Era perceptível a tristeza em seu olhar, e a vontade foi de


deixar toda aquela baboseira de construção de escola de lado e ir
ficar com minha menina. Só que ainda tinha algo gritando dentro do
meu corpo, para que continuasse ali ao menos aquele dia.

— Hoje não, meu amor. Só que amanhã o mais rápido que


puder estarei aí.

— Vou ficar te esperando, então.


— Te amo, minha pequena.

— Eu te amo ao infinito e além, papai.

Sorri com a menção à animação que ela mais amava e logo


depois da nossa despedida, desliguei o celular e voltei para a
solidão do quarto de hotel.

Quando a noite caiu, decidi sair um pouco da monotonia, ainda


mais que a chuva havia dado uma parada, então poderia andar por
Oxford, conhecendo alguns lugares a que nunca havia ido.
Vesti uma calça jeans escura, uma camisa de manga longa e
coloquei uma jaqueta de couro que havia levado.

Algo se passava por minha mente e eu teria que dar ouvidos a


ela daquela vez.
Eu havia pedido a Herbert que levasse Florence em casa,
então estava sem motorista para me levar aos lugares. No entanto,
pegaria um motorista por aplicativo e as coisas se resolveriam.

Saí do hotel, assim que o motorista chegou, entrei na parte de


trás do carro e esperei que o homem seguisse ao local que indiquei
no aplicativo. Foram alguns minutos de viagem, não muito longe de
onde eu estava, mas que me fizeram pensar muito no que estava
fazendo.
Eu queria que pessoas vendessem suas residências, seus
pontos de comércio para que eu construísse uma escola. Era um
motivo nobre, não era só por Esme amar aquele lugar, eu também
queria fazer o bem, como estava fazendo há anos.
Desci do carro e saí para a rua movimentada, olhei para onde
as pessoas seguiam e era para o Pub mais conhecido daquela
região. Tinha lido alguns relatórios, e sabia que a ruiva que trombei
mais cedo era a dona do lugar, então se eu queria que meu plano
desse certo, eu precisava muito do apoio dela…

Por aquele motivo, decidi que o lugar que deveria seguir era
atrás daquela mulher.
Entrei no Pub e me assustei com a quantidade de gente que
estava no local, já tinha visto o quanto as pessoas amam aqueles
lugares, no entanto não pensava que ficaria abarrotado de gente
daquela maneira.

Algumas pessoas cantavam em um Karaokê que ficava


disposto em um lado do ambiente. O lugar era bem aconchegante,
pelo que pude perceber da minha primeira impressão. E parecia que
as pessoas nem vinham com o intuito de beber. Estavam tão
alegres que talvez fosse aquilo que procuravam por ali.
Passo meus olhos pelo lugar e assim enxergo o balcão que
fica mais a frente, com vários bancos ao seu redor, e mesmo sem
querer um sorriso ameno brota em meus lábios. A ruiva de mais
cedo estava atendendo a um cliente e não consigo esconder que
estava satisfeito por encontrá-la tão fácil. Não imaginava que ela
atenderia à clientela, do jeito que me tratou mais cedo, jurei que
ficaria reclusa em um escritório.

Pelo visto eu estava errado.


Ali estava a tal Meredith com quem eu precisava muito
conversar. Não sabia o motivo da minha vontade insana de trocar
algumas palavras com ela, no entanto, depois do que fez mais cedo,
eu me sentia quase como um viciado que precisava entender de
onde aquela mulher havia surgido.

Seu nome estava nos documentos que meu advogado me


entregou mais cedo, por isso, já sabia como chamá-la, ela tinha dito
para eu descobrir sozinho seu nome, tive alguma ajuda, mas foi a
única forma que pensei em agir depois da reunião conturbada.
Soltei um suspiro e caminhei decidido em sua direção.

Parei em frente ao bar e sentei em um dos bancos vagos.


Assim que ela termina de atender a um cliente, abre um sorriso
gentil em sua direção e se vira em minha direção para me atender,
quando percebe que sou eu, que estou em seu pub o sorriso que
surgiu em seus lábios some na mesma velocidade e logo recebi
uma expressão fechada.

— Boa noite! — murmurei, e pela expressão da ruiva, talvez a


minha vida estivesse por um fio.

Talvez ela fosse uma psicopata e eu tinha caminhado direto


para o seu fogo, mas a ruiva raivosa, tinha algo que eu queria só
não sabia exatamente o que era…

O seu pub no local, onde queria construir minha escola?


Ou pudesse ser outra coisa, só sabia que queria algo e não
estava sabendo entender o que era…

E o apelido que surgiu em minha mente, falava muito sobre


ela: ruiva raivosa.

Aquilo poderia dar muito errado ou muito certo… estava na


hora de encará-la de frente.
A famosa ruiva raivosa, de um pub badalado e que não
parecia nem um pouco amigável.

— Talvez a sua não fique tão boa… — Foi o que falou e eu fui
obrigado a ficar em choque, pois nada que saía de sua boca era
previsível.

De onde aquela mulher havia saído?

Eu não sabia, mas iria descobrir… ou não me chamava Arthur


White.
Capítulo 7

Ela realmente não parecia nada feliz com o que estava


acontecendo. E provavelmente a minha aparição só ajudou para
que ela me odiasse.

Percebi quando revirou seus olhos, e eu imaginava que foi


devido a eu direcionar um sorriso em sua direção. Só estava
tentando ser amigável e mostrar para ela que não era seu inimigo.

— Vou chamar alguém para te atender.

Dizendo aquilo, a ruiva me deu as costas, no entanto, o mais


rápido que pude, acabei murmurando:

— Vim aqui para conversar com você, não para ser atendido.
— Olha aqui, cara. — Gesticulou, mostrando em volta. — Você
acha que tenho tempo para bater papo com um cara rico que quer
destruir meu ganha-pão?!

— Se parar para me ouvir, você vai ver…

— Olha aqui, Arthur White — apontou o indicador em sua


direção. — Se não vai gastar seu mísero dinheiro, acho melhor ir
embora, antes que eu pegue meu taco de beisebol e transforme
realmente a sua noite em uma merda.

Completamente raivosa… e droga, talvez eu gostasse de ser


um pouco masoquista, ou maluco mesmo, porque eu queria
continuar conversando com aquela mulher que parecia ser
completamente diferente de todas.

— Me.re.di.th — falei pausadamente seu nome, e no mesmo


instante ela elevou sua sobrancelha em minha direção. — Você
disse para eu descobrir seu nome e eu fiz isso.

— Uau! Quer um troféu por isso? — sarcasmo, talvez fosse o


sobrenome dela.
— Só queria poder conversar com você. Nem precisa ser hoje,
podemos marcar em qualquer outro dia, para eu realmente te
mostrar a minha proposta…

A ruiva se apoiou no balcão, dando uma bela visão do decote


que usava em minha direção. E talvez, eu pudesse ter sido
desrespeitoso, mas não consegui não encarar suas sardas que
desciam por sua pele, que sumiam onde o tecido da blusa
começava.
Quando me peguei encarando-a, voltei meus olhos para os
seus e um sorriso diabólico estampava seus lábios. Ela levou uma
das mãos até a jaqueta de couro que eu usava e murmurou:

— Acho melhor você dar o fora daqui, gato. Não vou mudar
minha opinião sobre a sua grande furada.

Ficou a poucos metros de mim, o que me possibilitava sentir


sua respiração bater em meu rosto e eu fui obrigado a engolir em
seco com aquilo.

Depois da morte de Esme, não havia me aproximado de outra


mulher, que não fosse minha irmã e filha. Então ficar tão próximo
dela, fez com que eu sentisse coisas que estavam adormecidas há
algum tempo.

E também não podia negar que a ruiva era uma gata, e parecia
demonstrar sensualidade em seu jeito de agir. Aquilo era um ponto
fraco para qualquer homem. Até para um que ainda vivia um luto e
estava quase como um monge que nem sabia o que era sexo.

— Cai fora! — Saí dos meus devaneios com o que ela disse.

Meredith se afastou e eu voltei a dizer:

— Você vai expulsar um cliente?


— Não me desafie, senhor — murmurou a última parte com
completo desdém.

— Eu gostaria de um uísque duplo, por favor.

Bom, pelo jeito, eu realmente não tinha medo de desafios e


queria ver até onde a ruiva raivosa iria com a minha implicância.
O sorriso de vingança surgiu em seus lábios e ela se voltou
para uma das atendentes do balcão.

— Mila, sirva esse senhor.


Sem me dar mais nenhuma chance para diálogo, Meredith se
afastou e tomou o lugar de um dos funcionários que estavam no
caixa do local.

— Olha, não sei quem é, mas já percebi que irritou a Meredith


e ninguém é louco o suficiente de irritá-la. Então, se tem amor à
vida, pare de provocá-la.
A tal Mila depositou o copo com a bebida à minha frente,
pegou minha comanda e anotou o pedido no local indicado.

— Juro que não estou fazendo nada para o mal dela.


— Espero que sim, senão as coisas vão ficar muito sérias
para o senhor.

Depois de dizer aquilo a atendente voltou a servir outras


pessoas e eu só pude fazer o que meus instintos mandavam. Bebi
minha bebida, enquanto meus olhos não saíam da direção da ruiva.

Pelo jeito ela era conhecida por ser revoltada, ou senão eu


não receberia um aviso para não irritá-la.

Logo percebi que ela digitava alguma coisa em seu celular e


um sorriso genuíno surgiu em seus lábios.
Eu adorava desvendar incógnitas e naquele momento, queria
saber quem faria aquela mulher raivosa, sorrir daquela maneira.
Terminei minha bebida e sem muito mais a fazer naquele lugar
badalado, caminhei até o caixa e estendi minha comanda para a
ruiva que ainda me encarava com raiva.

Passei o dinheiro para ela e logo Meredith bateu o carimbo de


pago no papel que eu deveria entregar na saída.
— Espero não ver você aqui nunca mais — murmurou,
quando me entregou o papel.

— A sorte é que moro em Londres, senão apareceria mais


vezes, só para lhe ver, senhorita.

Seus olhos castanhos grudaram nos meus e talvez eu


quisesse inventar uma mentira, no entanto, o que saiu da minha
boca talvez fosse verdade.

— Obrigada, Senhor! Pelo riquinho não morar em Oxford, mas


que mesmo assim quer destruir a vida das pessoas.
Balancei minha cabeça, pois não concordava com o que ela
dizia.

— Garota, eu não quero destruir, só quero uma nova


perspectiva. Irei comprar o lugar, e você pode colocar o seu pub em
outro local da cidade.

— Te digo o mesmo, senhor Arthur. Você pode colocar a sua


escola em qualquer lugar da cidade.

— Só que aqui é um lugar especial.


Ela sorriu de lado e gritou, chamando a atenção de algumas
pessoas:
— Aqui realmente é um lugar especial.

Sua respiração ficou mais forte e depois de ver que havia


explodido, foi a primeira vez que a vi perder um pouco da sua pose
de mulher fodona.
— Meredith, está tudo bem? — Mila se aproximou de sua
chefe.

— Mila, acho melhor eu sair mais cedo. Não estou muito


controlada, como podemos perceber.

— Pode ir, vou chamar o Oscar para lhe cobrir.

Ela assentiu e saiu de trás do caixa, caminhando entre as


pessoas e sumindo por um lugar que parecia até mesmo ser uma
escada que levava ao andar de cima.
— Eu disse para você não mexer com ela.

Mila voltou a chamar minha atenção e eu voltei meus olhos


para a mulher.

— Só estou tentando conversar com ela.

— A Meredith, não confia em homens, ainda mais quando


parecem ter dinheiro. Dá um tempo para ela.
A garota não parecia estar mentindo e nem falando por mal.
Assenti sobre o que havia me dito e logo saí do local.

Talvez tivesse sido um erro ter vindo naquele pub. Assim que
o ar frio de Oxford bateu em meu corpo, do lado de fora, fui para um
canto mais afastado da entrada do pub, pegando meu celular em
seguida, para chamar um motorista por aplicativo.
— Já vai tarde. — Escutei a voz da ruiva, vindo um pouco
acima de onde estava.

Afastei-me da parede em que estava encostado e encarei a


janela de cima. Lá estava ela, debruçada sobre o lugar com um
olhar triste, que não foi o que vi antes no pub.
— Espero que você aceite em algum momento falar comigo.
Juro que não estou fazendo nada pelo seu mal, ou das pessoas que
vivem nessa região.

Ela ficou calada, só me encarando sem dizer sequer um


adeus. Logo o carro que esperava chegou e antes que pudesse
entrar, acabei dizendo a ela.
— Se quiser aparecer em minha empresa em Londres,
qualquer dia desses para uma reunião, estarei lhe esperando.

Depois entrei no automóvel e parti para o hotel.


Provavelmente tinha sido uma má ideia ir naquele lugar, mas
precisava conversar com aquela mulher.
E mesmo que nada tivesse se resolvido, gostei de ao menos
trocar um papo cheio de farpas com ela.

Sorri... a ruiva raivosa, tirou até um pouco do estresse que


estava sentindo.

Bom, estava na hora de ir embora, para no dia seguinte, voltar


à minha vida monótona, mas que ao menos tinha a minha pequena
menina, para alegrar.
Capítulo 8

A noite já estava agitada o suficiente para que aquele homem


surgisse no pub. Eu também já tinha recebido notícias ruins o
suficiente naquele dia, para que ele aparecesse ali como um bom
moço.

O dia já havia sido complicado demais, para que um idiota


surgisse e tentasse conversar comigo. Estava tentando levar a vida
um passo de cada vez e os problemas maiores não estavam em
meus planos resolver.
Muito menos com um cara que queria destruir meu local de
trabalho. Aquilo estava completamente fora de cogitação.

Sinceramente, eu sempre tive o meu estopim curto, no


entanto, depois das merdas dos últimos meses, eu estava mais
estressada do que o normal. Quase que cogitava em algum
momento sair de férias, só para tentar me acalmar. Só que não
podia deixar o pub, ainda mais quando abutres iguais a Arthur White
queriam tomá-lo de mim.

Amélia: Mila me contou que você perdeu a cabeça.

Meredith: Aquele idiota rico apareceu aqui, querendo falar


sobre a venda do pub.

Amélia: Mas por qual motivo você não fez o que te pedi?

Meredith: Te avisei que ele estava aqui e você disse para


eu arrasar.

Amélia: Santo Cristo! Não era para arrasar o homem, era


para conversar com ele e arrasar na conversa. Até porque
pesquisei o nome dele na internet e achei um belo de um deus
grego.

Meredith: Mas não tem deus grego no mundo que me faça


sair do local onde amo trabalhar.

Amélia: Eu sei e nem concordo com isso. Passamos por


muita coisa para deixar esse Pub intacto, ninguém vai tirá-lo
daí, seja por qual motivo for, mas você devia ter conversado
melhor com ele, irmã.
Meredith: Eu estou de boa. Não vou falar nada com ele.

Amélia: E é nesse momento que me arrependo de ter


vendido minha parte do pub para você, porque aí eu iria
conversar com esse idiota.
Meredith: Do jeito que você é, entregaria o pub de bandeja,
ainda mais quando ele falasse que era para construir uma
escola para crianças carentes.

Amélia: Você não me leva a sério.

Meredith: Só sei a essência que vai dentro desse coração.

Amélia: Acho melhor você ir dormir, senão eu vou mostrar


a essência do meu coração para você.

Soltei uma gargalhada e depois de me despedir de Amélia,


estava me sentindo até melhor. Aquela mulher sempre fazia com
que eu encontrasse a paz que sempre estive procurando e sempre
escapava das minhas mãos.

Acabei indo tomar um banho, pois senti que precisava


urgentemente de um. Logo que saí, vesti meu pijama e deitei-me
sobre a cama fofa que sempre abraçava meu corpo para o meu
descanso merecido.

Depois que a curiosidade falou mais alto, peguei meu celular e


fui direto para a rede social que Amélia havia me mostrado Charles,
sua nova namorada e a felicidade de ser pai.

Desde quando conheci Charles, eu pensei que pudéssemos


passar pela parte difícil, que era aceitar sua família antiquada que
nunca gostou do meu jeito.

Eles sempre foram muito reservados, e tentavam parecer os


politicamente corretos, só para esconder o preconceito que sempre
sentiram das pessoas diferentes deles. Muito ridículos a ponto de
dizerem que eu não era a pessoa certa, só por ter um cabelo ruivo,
o corpo com sardas e de não aceitarem muito bem o meu emprego.
Só que eu pensei que podia passar por aquilo, no entanto,
quando descobri que não podia ser mãe, tudo mudou e até Charles
que eu pensei ser um príncipe, demonstrou muito bem o tamanho
do sapo que sempre foi.

Soltei um suspiro e saí da rede social, eu já estava me


sentindo uma merda só por pensar naquilo, então não precisava dar
uma de stalker de ninguém. Ainda mais um alguém que só foi um
enganador durante os anos que estivemos juntos.

Deitei-me de lado na cama e fiquei pensando na vida, até que


o sono chegou e eu consegui dormir tranquilamente. Quando
acordei, o dia já raiava e decidi que naquele sábado, talvez fosse
bom eu ir visitar o meu sobrinho e afilhado, porque estava com
saudades daquele pestinha.

Peguei o celular para ver as horas e avisar Amélia que iria à


sua casa, no entanto fui impedida, pois havia recebido uma
mensagem na rede social, que estava futricando na noite anterior.

Quando vi o nome de quem havia me enviado a mensagem,


pensei que ele realmente não tinha medo do perigo e acabei me
pegando abrindo um sorriso, por tamanha ousadia daquele imbecil.
Arthur White: Já que você não quer conversar comigo,
acho que vou começar a falar coisas por aqui.

Não resisti e acabei mandando a mensagem de algo que


surgiu pela minha mente.

Meredith: Vou te bloquear.

Ele não estava online o que agradeci, mas como toda curiosa
que eu era. Acabei indo ao seu perfil e ali, eu meio que fiquei
encantada. Havia várias fotos daquele homem, que eu não podia
negar nem um pouco o quanto era gato.

Seu sorriso era algo extraordinário e tinha algumas fotos, com


ele de camisa cavada, suado, pois estava malhando e mostrava o
quanto era gostoso… Eu precisava de sexo, estava há muitos dias
sem fazer e eu não era conhecida como a mulher que ficava na
seca.

Senão ficaria secando Arthur White por suas fotos. Fui


passando por algumas, até vê-lo com uma menininha fofa, ela era
loira com os olhos da mesma cor que os dele. Na legenda dizia
“Todo o amor da minha vida”, provavelmente era sua filha e eu não
pude deixar de observar a foto dos dois.

Arthur abraçava a menina como se ela realmente fosse a sua


maior preciosidade.
Lindos! Era somente naquela palavra que eu conseguia
pensar.

Enquanto observava sua foto, mais uma mensagem chegou e


mesmo tentando evitar, abri para ver o que estava escrito.

Arthur: Seria muito ruim, pois como conseguiria ver suas


fotos?
Meredith! Para de sorrir, sua idiota. Repreendi meu cérebro por
estar permitindo que eu gostasse daquela troca de mensagem.

Meredith: Não perca seu tempo, você não vai me comprar


por causa de elogios.

Arthur: Tenho certeza de que se você conversar comigo,


uma hora sequer, eu consigo mostrar a você o quanto é
importante a construção deste colégio.

Meredith: Você quase foi bem, Arthur, riquinho… Só que aí


tentou me comprar com meias palavras.

Balancei minha cabeça, enviei a mensagem para Amélia


avisando que estava indo lá e fui me arrumar. Iria visitar minha irmã
que eu ganhava mais.
Eu ainda tentava acreditar nas pessoas, mas elas não me
enganavam tão fácil, por isso, era bom saber construir um muro de
indiferença, até mesmo contra homens gatos, como Arthur White.

Um riquinho que não levaria o meu pub.


Capítulo 9

Sentada no sofá da sala, disputava um jogo de tabuleiro com


Jack, que provavelmente ganharia de mim. Já que eu nunca
entenderia na vida, como as crianças ficaram mais espertas que os
adultos.

Amélia já havia perdido e só restávamos nós dois e claro que


um passo em falso me transformou na perdedora da vez.

— Tia Mer, desculpa, mas eu sou muito craque em Ludo.

— Você vai ver seu pestinha.


Fui para cima de Jack e comecei a fazer cócegas nele. Amélia
por sua vez ficou rindo de nós dois, pois o que minha amiga mais
amava, depois de seu filho ter passado há alguns anos pela doença
mais foda de nossas vidas, era vê-lo sorrindo.

— Tia Mer, eu deixo você ganhar da próxima vez — Jack


gritou, ainda rindo das cócegas que eu fazia em sua costela.

Aquele pequeno pedaço de gente estava com doze anos, mas


nunca deixaria de ser o meu bebê, por isso, eu sempre implicava
com ele, pois era a minha melhor felicidade.

— Mamãe, me ajuda. — Jack implorou e eu deixei de fazer


cócegas nele.

— Viu? Nunca mais ganhe de mim — brinquei.

— Você realmente é uma péssima perdedora, Meredith.

Encarei Amélia e lhe dei língua, o que a fez revirar os olhos.


Ela se levantou do chão, assim que Oliver chegou em casa e
mesmo sem querer fiquei reparando na forma com que se
cumprimentaram.

Parecia ter tanto amor envolvido naqueles dois, mas eu


sempre tentava perceber se Oliver não a estava enganando e aquilo
não era um problema dos dois, era só pelos acontecimentos do
passado.

Era tão difícil confiar completamente nas pessoas.

— Oi, Meredith! — Oliver estendeu sua mão para me


cumprimentar.

— Oi, cunhadinho.
Retribuí o toque em sua mão e lhe abri um sorriso. No mesmo
momento que eu sempre desconfiava dele, eu também percebia que
eram somente minhas neuras ficando malucas.

— Como está o pub?


— Maravilhoso, só estou pronta para matar um ricaço que quer
destruir meu território.

Oliver encarou Amélia e ela revirou os olhos.

— Explica a notícia direito, Meredith.

— Você deve ter escutado, Oliver. Ainda mais que é do meio


dos ricos, que eu não aprecio muito.

— Ouvi dizerem que os White querem a região para


construírem uma escola.

Levantei-me do chão, mas antes disso baguncei o cabelo de


Jack que estava grande o suficiente para me deixar feliz. Nunca vou
me esquecer, como ele ficou doente, mas era e algo que eu também
não tentava lembrar.

— Pois é, não vou vender meu território. Eles que procurem


outro lugar para fazerem a caridade deles.

— Talvez se você montasse o pub no centro ficasse melhor,


não?

Fuzilei Oliver e ele até levantou suas mãos em forma


defensiva.

— Só dei uma ideia. — Tentou se explicar.


— Ideias merdas, devem ficar na sua boca.
— Meredith, acalme-se, você tá muito estressada.

Encarei Amélia que tinha um sorriso gigante em seus lábios e


eu sabia que aquilo não era pelo meu estado nervoso.
— Por que você está sorrindo igual ao gato da Alice?

Eu conhecia muito bem aquela mulher.


— Nada nunca te escapa?

— Quando se trata de você, não.

Amélia soltou um suspiro e caminhou até a gaveta de uma


escrivaninha que ficava próxima á janela, que tinha uma vista
incrível para o jardim deles. Pegou o envelope, que era de um
laboratório e estendeu a Oliver.

Ela nem precisava falar mais nada, para eu saber a que aquilo
se referia. E mesmo que eu fosse uma intrusa naquele momento, fui
obrigada a gritar.
— Puta que pariu! É sério isso?

— É sim, sua boca suja. — Amélia me encarou com os olhos


marejados e eu corri até ela e lhe dei um abraço.
— Parabéns, irmã.

— Amélia…
Soltei Amélia e deixei que ela comemorasse o momento com
Oliver e Jack.

— Vou ser pai novamente?


— Vou ganhar um irmão ou uma irmã? — Jack gritou
— Sim!

A mulher que eu conhecia como família respondeu e deixou


que as lágrimas de felicidade escorressem por seu rosto. Aquilo ali
era a melhor parte da vida e eu não conseguia sentir nenhum pingo
de inveja, pois sabia o quanto Amélia merecia aquelas doses de
felicidade.
Quando vi os três abraçados, rindo e chorando ao mesmo
tempo de felicidade, eu soube que tinha que parar de desconfiar do
amor de Oliver. Ele não era um sapo, como muitos, mesmo que por
muito tempo eu tenha pensado que sim, ele se mostrou um
verdadeiro príncipe.

Depois daquilo, tivemos uma pequena comemoração, com


sorvete e muitas coisas que a balança depois pediria para que
ninguém subisse nela, mas quem se importava com aquilo quando
estávamos felizes, não é mesmo?
E depois de ter deixado o pessoal encarregado de abrir o pub,
eu fui embora só mais tarde para casa e quando cheguei, nem desci
no bar para ver como as coisas estavam.

Foi um dia bom, que consegui relaxar das coisas que pesavam
meu coração e podia dizer que naquele momento estava leve.

Abri a porta do meu apartamento e o silêncio da solidão estava


ali, mas nem me importei. Meu dia tinha sido incrível demais, para
que me importasse com tão poucas coisas.

Tirei o telefone da minha bolsa e deixei-a pendurada no local


indicado. Em seguida, fui para a cozinha com o celular na mão.
Queria comer algum tipo de massa, para tirar o gosto do doce da
minha boca.

E parecia que o riquinho tinha um timing incrível, pois no


mesmo momento que depositei o celular na bancada da cozinha, ele
vibrou com uma mensagem.
Sem conseguir resistir, peguei e li o que ele tinha mandado.
Era a resposta de um dos meus stories daquele dia. Eu estava
sorrindo radiante com Jack ao meu lado.

Arthur: Eu também amo crianças…

Meredith: E é por esse motivo que quer destruir meu pub,


por amá-las, eu entendo só que você não deve saber como são
as coisas sentimentais.

Arthur: Talvez eu possa estar sendo egoísta, por isso,


queria conversar com você, sem brigas ou sarcasmo, só para
entender o seu ponto de vista e mostrar o meu a você.
Meredith: Você não desiste fácil, né?

Arthur: Se eu desistisse, não tinha um império hoje em


dia.

Podia até estar com raiva daquele imbecil, mas não podia
negar que ele era uma pessoa que corria atrás do que desejava.

Meredith: Quem sabe na semana que vem, eu não passe


na sua empresa.
Arthur: Está falando sério?

Meredith: Não vou aceitar o seu acordo, mas posso te


mostrar o meu ponto de vista. Eu sempre tenho que ir a
Londres, então se der eu passo na White Construtora.
Arthur: Será um prazer te receber, Meredith.

Meredith: Ah! Antes de eu ir, deixa eu só deixar clara uma


coisa: Eu amo crianças.

Arthur: Boa noite, ruiva raivosa!

Cerrei meus olhos com aquele apelido, no entanto não queria


discutir, por isso só respondi:

Meredith: Boa noite, riquinho!

E depois daquilo, fui preparar o que estava morrendo de


vontade de comer, pois era melhor deixar aquele riquinho metido de
lado e esquecê-lo um pouco.

Até porque eu sabia que ele não era confiável…

Só era um gato, mas um gato em quem não se podia confiar.


Capítulo 10

Abri um sorriso ao ver, minha pequena entrando pela porta da


sala do meu escritório. Já tinha um tempo que não aparecia por ali,
mas achei necessário trabalhar todos os dias da semana. Já que
uma ruiva raivosa, disse que poderia aparecer por ali a qualquer
momento.

— O que a garota mais linda desse mundo está fazendo aqui?

— Vim ver o meu papai.

Olhei para minha irmã que estava com a expressão culpada e


revirei meus olhos.
— Você saiu para passear com sua tia e ela obrigou você a vir
aqui?

Afastei minha cadeira, para que Diana pudesse sentar-se em


meu colo.

— Não, papai!

Diana não sabia mentir, e quando tentou, suas bochechas


ficaram vermelhas como se tivesse tomado sol durante uma semana
seguida.

— Sei...

— Larga de ser chato. Acho que a Diana tem que conhecer a


empresa que um dia ela coordenará.
Os olhos da minha filha brilharam e ela acabou comentando:

— E aí, eu vou trazer um gatinho todo dia para me


acompanhar.

— Espero que você esteja falando de um animal, felino e não


certos tipos de gatinho.

— Papai! — Minha filha pulou do meu colo, envergonhada e


logo parou na jarra com diversas balinhas coloridas. — Pode?

— Claro, meu amor.

Florence sorriu para ela e foi começar a dizer algo, no entanto,


o telefone da minha sala a cortou no mesmo momento.

No fim, até agradeci, pois sabia que minha irmã iria falar
alguma besteira que não estava com a mínima vontade de ouvir.

— Pode falar, Karina.


— Senhor, tem uma moça aqui, insistindo em falar com o
senhor, mas ela não tem horário marcado.

Eu deveria me manter calmo, pois trataria de negócios com


aquela mulher, só que no mesmo instante me senti ansioso e até
minha mão começou a suar.

— Como ela se chama?

— Disse ser Meredith.

— Pode deixá-la entrar, por favor.

— Claro, senhor. Desculpe incomodá-lo.


— Sem problemas.

Bati o telefone no gancho e Florence pareceu curiosa.


— Vai receber algum cliente?

— Sim, a dona do pub, que ainda é contra a construção da


nossa escola.

Florence fez um som com a boca, demonstrando que não


estava gostando nada daquilo.

— Maninho...

— O quê?

E novamente fomos interrompidos por uma batida na porta.

— Nada, pode atender à sua cliente.

— Pode entrar — autorizei.


Logo Karina abriu a porta de madeira de carvalho, que eu
tinha pedido para um artesão fazer há alguns anos. Os detalhes da
porta eram únicos e representavam a Grécia Antiga. Algo que
sempre admirei e gostava de ter para vislumbrar.

Meredith surgiu dentro do escritório, usando uma calça jeans


escura, botas que pegavam um pouco abaixo do joelho, uma blusa
de algodão da cor vermelha e um cardigã preto.

Por onde aquela mulher passava, eu tinha absoluta certeza de


que ela fazia com que os homens a olhassem. Seus cabelos ruivos
estavam soltos e caiam em ondas sobre seus ombros.

Os olhos perspicazes passaram pelo meu escritório e logo


pararam em minha irmã e depois na minha filha, que acabou se
interessando pela mulher que acabava de entrar no escritório.

֫ Boa tarde! — Ela cumprimentou a todos, mas seus olhos



estavam na garotinha.

E se você quer fazer o pai de qualquer criança feliz, é


demonstrando que gostou de sua prole. Meredith abriu um sorriso
para Diana, afinal minha filha estava encantada com a mulher e era
perceptível pelo seu olhar.
— Oi, princesa!

Diana abriu um sorriso e ela nunca foi daquela maneira, já que


sempre foi muito reclusa, ainda mais depois que a mãe havia
falecido.
— Oi! — respondeu dando um passo em direção a Meredith.

— Você é tão linda, acho que estou apaixonada.


Minha filha soltou uma risadinha e chegou mais perto de
Meredith... e eu? Ah! Eu estava completamente encantado em como
aquela mulher lidava bem com criança.

Florence fez um sinal para mim, fazendo com que minha


atenção fosse desviada por um momento da ruiva e da minha filha.

Encarei minha irmã e ela fez um gesto, para que eu limpasse


minha baba imaginária. Revirei meus olhos e voltei a olhar para as
duas pessoas que eram muito mais interessantes.

— Você também é linda. Tem um cabelo tão legal.


Meredith se abaixou para ficar na altura de Diana e sorriu.

— O seu é muito mais legal que o meu.

— Não é nada, o seu que é.

A ruiva sorriu amorosamente em sua direção e estendeu sua


mão para minha filha.
— Prazer, eu sou a Meredith.

A garotinha pegou sua mão, muito maior que a dela e


respondeu:
— Eu sou a Diana, mas pode me chamar de Di.

— Ah, mas o seu nome é de princesa. Eu sabia que você era


uma princesa real.

Diana ficou encantada com Meredith, mas logo Florence


cortou o seu barato.

— Pequena princesa, precisamos ir, pois seu papai tem uma


reunião.
Minha filha olhou para minha irmã, mas também voltou sua
atenção para Meredith.

— Gostei de te conhecê.

— Eu amei te conhecer.

Minha filha deu um aceno para a mulher e logo pegou na mão


da minha irmã e saiu do escritório. Antes de ir, Florence direcionou
um sorriso para a ruiva e fechou a porta do escritório.
Assim que ficamos só nós dois em minha sala, o sorriso
amoroso sumiu em questão de segundos e seu olhar gélido focou
em mim.

— Olá, Meredith! — Cumprimentei-a, acenando para a


cadeira. — Sente-se, por favor. Quer tomar alguma coisa?
— Não, riquinho. Eu quero que você desembuche logo, para
eu poder pegar a estrada de volta para Oxford.

Olhei para a janela e o céu, como sempre, anunciava uma


chuva desesperadora.

— Não devia ser permitido pegar a estrada com uma chuva


dessas.

— Mas eu tenho um trabalho que precisa de mim.


Soltei um suspiro, juntei meus dedos em cima da mesa e
encarando os olhos da ruiva raivosa, disse:

— Bom, primeiramente, pare de me chamar de riquinho. Não


é porque consegui prosperar uma empresa, e ter ficado rico, que
deixei de ser uma pessoa boa. — Ela cruzou suas pernas e
aguardou que eu continuasse. — Eu sou um homem comum, que
não usa o dinheiro para tentar me salvar de toda merda que
acontece, ou quer destruir o seu ganha-pão. Só tenho um propósito
em minha vida e eu preciso cumpri-lo, para que eu possa me sentir
em paz comigo mesmo.

Meredith sorriu de lado e acabou soltando sua voz sexy, mas


ao mesmo tempo dura em minha direção:
— E só por você ter um propósito a gente tem que desistir de
tudo que construímos? Oxford é enorme, e tem diversos lugares que
dá para criar escolas maravilhosas, por que no local onde já existe
algo?

Como eu convenceria uma mulher que já parecia ser contra


tudo, que eu precisava daquilo?
— Lá é um local muito procurado, crianças amam aquela
região, devido aos parques que tem próximos, então seria um lugar
maravilhoso para se ter uma escola, para crianças carentes. Eu
entendo que você não deve saber como é viver de forma carente,
nunca deve ter passado uma dificuldade na vida, mas existem
muitas crianças que precisam de quem possa ajudar, em Oxford,
Londres e a Europa toda.

Meredith soltou uma risada e levou uma das mãos

ao rosto, como se tentasse aliviar a pressão que se formou em


sua expressão enquanto eu falava.

— Pelo jeito, você não pesquisou muito bem sobre mim.

— Não sei do que está falando e não me importa...


— Ah, querido riquinho! Você quer falar de crianças carentes,
com a garota que veio de um orfanato? Eu sei bem, sobre a
necessidade de cuidar das crianças carentes. Só não entendi ainda
o motivo exato para querer a nossa região. Os parques... isso é um
motivo idiota, pois Oxford, tem parque em cada canto que se olha.
Não vou abrir mão do meu pub, quando um cara que só quer uma
boa localização, para ter seu nome lembrado, foder com a minha
vida. Porque ela já foi bem fodida durante o tempo.

Meredith se levantou da cadeira e começou a caminhar em


direção à porta do escritório. No entanto, eu ainda estava meio
absorto por descobrir que ela tinha sido criada em um orfanato.

— Meredith, espera...

Ela me encarou por cima do ombro e elevou uma sobrancelha

— Não precisa ficar com essa carinha, riquinho.

— Eu não queria te ofender.


— Não estou ofendida... só não pense, que porque sou assim,
não sei o que é ser fodida pela vida e pelo destino.

E dizendo isso, saiu do meu escritório, como se não tivesse


jogado uma bomba em cima de mim.

Droga!

Agora tinha lascado de vez…

Eu queria saber mais da história daquela mulher.

A ruiva raivosa que estava ganhando minha total atenção.


Capítulo 11

O pub estava agitado, cheio como sempre e eu tinha um


sorriso idiota nos lábios, pois adorava ver a felicidade das pessoas,
mesmo que dentro do meu corpo estivesse um caos total.

Estava atendendo um cliente, quando senti alguém me


observando, era quase como se meus sentidos me avisassem de
algo.

Olhei por todos os lados, até que percebi aqueles olhos claros
me encarando na entrada do pub. Assim que vi Arthur parado, franzi
meu cenho e fiquei sem saber o motivo de estar ali.
Ele caminhou pelas pessoas, e novamente usava uma jaqueta
de couro, que o deixava quase um pecado na Terra.

— Boa noite! — murmurou, enquanto sentava em dos bancos


vazios do bar.

Eu não tinha a mínima ideia do que ele fazia ali, até porque
mais cedo, em Londres nós tivemos uma conversa que não havia
terminado muito bem.

— Eu já disse e vou repetir: não irei vender o pub.

Ele abriu um sorriso, que o deixava ainda mais desejável e


comunicou:

— Não estou aqui para negócios, só para curtir a noite em um


lugar legal.
— Você acha que me engana, riquinho?

— Sei que não, ruiva raivosa.

— Eu não sou raivosa — cuspi.

— Ah, claro que não.

Ele soltou uma risada gostosa, que fez partes em meu corpo
darem uma leve esquentada.

— O que vai querer, seu chato?

Arthur me encarou com os olhos meio em chamas e continuou


de forma descontraída.

— Eu sou um cliente muito humilhado nesse lugar.

— Quando o cliente quer destruir o pub, é maltratado mesmo.


֫— Meu Deus! Estou me sentindo ofendido de verdade, não
quero destruir nada.

— Diga o que quer, riquinho?

— Que mulher difícil. Não me dá uma chance de mostrar que


sou um cara legal.

— Se a sua filha estivesse aqui, eu te daria uma chance.


— Vou anotar isso. — Arthur colocou a sua mão por cima da
minha e pela primeira vez, fui obrigada a engolir em seco naquela
noite. — Só quero uma água com gás.

Soltei minha mão da sua e sorri.

— Uau! Que sexta-feira agitada.

— Hoje estou dirigindo, não quero perder a noção do certo e


errado.

Fui obrigada a sorrir para ele, pois se havia uma coisa que
admirava, era quando as pessoas faziam a coisa certa. Ainda mais
em se tratando de homens, afinal, eles sempre faziam algum tipo de
merda.

Fui até o freezer e peguei uma água com gás. Um copo com
gelo e uma fatia de limão, pra deixar aquela bebida um pouco
melhor.

— Aqui está, riquinho.

— Você sabe que meu nome é melhor do que esse apelido?

Debrucei sobre o balcão e murmurei:


— Arthur é um nome tão comum, acho que realmente prefiro
riquinho.

Ele levou o copo até sua boca, tomando um gole de água e


me observando. Fui obrigada a ficar observando aquilo, pois era
tentador demais.

— Meredith... — disse meu nome, quando tomou o gole da


sua água.

— O quê?
— Quer sair comigo?

Engasguei com sua forma direta e rápida. Fui obrigada a


pegar, seu próprio copo de água e tomar um gole.
— Riquinho... já disse que não vou ser comprada.

— Não estou querendo te comprar, só estou querendo te


conhecer melhor.
— Por quê?

Arthur fez uma expressão estranha, mas logo respondeu:


— Senti uma curiosidade por você.

— E eu sinto em decepcioná-lo, mas você vai continuar com


sua curiosidade.
— Mesmo se eu trouxer Diana, para lhe comprar?

Encarei seus olhos claros e sussurrei:


— Não use a criança, isso é golpe baixo.

— Se for para ter um segundo da sua atenção, ruiva raivosa.


Ele terminou de tomar sua água, pegou minha mão
abruptamente e logo depositou um beijo sobre minha pele.

— Até mais, Meredith.

Dizendo aquilo, o homem foi até o caixa, pagou sua bebida e


foi embora, não antes de me encarar e soltar uma leve piscadela em
minha direção.

Acho que eu precisava falar com Amélia, urgentemente.


Afinal, era só aquela mulher que sabia me dar conselhos certos.
— Mila, cuida do bar, que preciso fazer uma ligação.

— Sim, senhora.
-a e ela sorriu para mim.

— A demissão vem, me chama de senhora de novo —


brinquei.
— Não está mais aqui quem falou.

Sorri para ela e caminhei para o andar de cima, onde ficava


localizado meu apartamento, já que eu precisava de silêncio para
falar com minha irmã. Peguei meu celular e disquei o número de
Amélia, no segundo toque ela atendeu.
— Aconteceu alguma coisa? — Ela parecia preocupada e eu
me senti um pouco culpada por deixá-la daquela forma.

— Não! Pelo amor de Deus! Só preciso de conselhos.

— Caralho! Pensei que iria ter que bater em alguém.

Sorri com seu comentário e voltei a dizer:


— Talvez você precise, pessoa que conviveu demais comigo,
e pensa que precisa bater em todo mundo. No entanto, não sei em
quem vai preferir bater.

— Meredith, o que você fez?


Fechei meus olhos e sorri.

— Por qual motivo eu tenho que ter feito alguma coisa?


— Eu te conheço, então alguma coisa você aprontou.

Engoli em seco mais uma vez e murmurei:

— O Arthur veio aqui.

— O destruidor de sonhos, como você mesma o chama?


— Exatamente!

— O que ele queria aí?

Mordi meu lábio inferior, antes de revelar a verdade para


minha irmã.

— Me convidar para sair.


— E a ruiva laçou o ricaço.

Revirei os olhos mesmo que ela não pudesse ver.

— E eu disse que não.

— Realmente eu quero te bater, por que você já viu o quanto


ele é um deus grego?
— Sim, mas…
— Mas nada, saia com o cara, ele não vai te roubar o pub, só
por você sair com ele.

— Só que ele é um inimigo.


— Um inimigo com quem você consegue lidar, Mer.

Nem dei bola para o apelido que eu odiava.


— Não era isso que eu queria ouvir. Queria que você o
xingasse e falasse para eu não me aproximar.

Amélia soltou uma risada do outro lado da linha e comentou:

— Eu nunca faria isso e você sabe. Se me ligou, era só


porque queria minha bênção para essa aventura. Então, só te digo,
para se jogar, mas de uma forma que não se machuque.

Assenti, mas me lembrei que Amélia não estava ali para ver
aquilo.

— Vou pensar.

— E eu quero novidades dessa relação, com um viúvo


cobiçado.

— Credo! Seu lado fanfiqueira é horrível — brinquei.

— Mas a única coisa que importa é que eu te amo.

— Também te amo, sua boba.

Depois de me despedir de Amélia, desliguei a ligação e fiquei


com aquilo na cabeça a noite toda.

Será mesmo que eu devia sair com Arthur?


Bom, se ele fosse um pouco mais insistente, talvez eu
aceitasse… era melhor deixar para o futuro me mostrar o que fazer.

Iria só aguardar e tinha certeza de que em breve receberia


minha resposta.
Capítulo 12

O que eu estava fazendo em Oxford?

Aquela era uma pergunta que estava passando por minha


mente, mas que não sabia a resposta certa. Só tive uma breve
noção do que fiz assim que Meredith saiu do meu escritório. Pois
levantei-me da minha cadeira e fui até a sala de Florence.

Entrei sem bater em sua porta e minha filha estava brincando


com algumas coisas que havia levado para sua pequena aventura
com a tia.
Minha irmã levantou os olhos da tela do seu notebook e me
encarou. Provavelmente querendo saber o que eu havia ido fazer
ali.

— Acho que quero cometer uma loucura — anunciei.

— Isso se resume a uma ruiva, muito bonita por sinal, que


estava em sua sala?

Encarei Diana no chão da sala, entretida com seus


brinquedos, mas ela não parecia muito alheia ao que estava sendo
discutido.
— Eu gostei dela também — comentou, sem tirar a atenção
dos seus brinquedos.

— Não estou interessado nela como mulher. É só que fiquei


curioso sobre algumas coisas que foram ditas hoje.

— Papai… — Diana se levantou do lugar em que estava e


veio em minha direção. Ela segurou minha mão e encarou meus
olhos. — O senhô sabe que eu não me importo de arrumar uma
namolada, né?

Fiquei em choque por um momento e encarei minha irmã


pedindo ajuda, mas a diaba só ficou sorrindo em minha direção.

— Filha, eu não quero uma namorada.

— Eu queria que o senhor tivesse uma namolada. — Minha


filha em alguns momentos, ainda trocava algumas palavras, pois
com cinco anos ainda era difícil para ela acertar todas.

— Diana…
— Mas se o senhor não quiser, eu entendo.

Abaixei e fiquei na altura da minha filha, assim que ela


enxergou dentro dos meus olhos, comentei:

— Um dia, pode ser que aconteça, mas no momento não


estou interessado em ninguém. Só fiquei curioso com a Meredith,
porque descobri que ela morou em um orfanato, você acredita?

Diana arregalou ainda mais seus olhos e respondeu:

— Eu sabia que ela era muito legal. Deve ter sofrido, né


papai? Eu não tenho mais a mamãe e tem vezes que fico muito
triste, imagina não ter nem papai e nem mamãe.

Senti meu coração apertar com as palavras da minha


pequena. Levei minha mão até seu rosto e afaguei sua pele macia.

— Sim, meu amor. Deve ter sido triste para ela.

— Eu quelo ser amiga dela.

— Quer?

— Eu gostei dela, ainda mais com aquele cabelo legal.

Sorri em direção a Diana e no mesmo momento minha irmã se


levantou de sua cadeira e murmurou:

— Por que vocês não vão dar um passeio neste final de


semana?

Minha filha se voltou para a tia e tinha uma expressão


completamente curiosa, para saber qual o plano maquiavélico que a
mente da minha irmã estava planejando.

— Pala onde?
Fiquei esperando a resposta de Florence e ela comentou:

— Oxford! Já que a ruiva mora lá. Meu irmão conhece mais a


mulher que lhe interessou e você pode ficar amiga dela.
— Florence, não viaja.

Diana se voltou em minha direção e um sorriso enorme estava


estampado em seu rosto.
— Vamô, papai.

E foi naquele momento que decidi não estragar a felicidade da


minha filha.

— Bom, podemos ir.

— Leve a Carmém, ela ama viajar e pode ficar olhando a


Diana caso você decida sair sozinho.
Levantei e encarei minha irmã frente a frente.

— Pelo jeito seu plano já estava completamente traçado —


constatei.

— Irmãozinho, quando é para tentar te tirar daquela mansão,


eu sou capaz de fazer tudo.

Apontou silenciosamente para Diana e eu a fuzilei com o


olhar. Pois ela sabia que se Diana não tivesse se animado tanto, eu
nunca teria aceitado ir a outra cidade.

— Você é muito espertinha, maninha.

Jogou um beijo no ar para mim e logo eu comecei a planejar


minha viagem que aconteceria naquele dia mesmo. Saí da empresa
mais cedo, assim que cheguei em casa com minha filha, informei a
babá da nossa pequena viagem no final de semana e Florence
estava certa, Carmém ficou extremamente animada com a ideia.

E aqui estava eu… em Oxford, chegando de volta ao hotel que


estava hospedado, pois quis ir ver a ruiva no seu habitat natural.
Para variar ela estava linda como sempre, sexy para o diabo e eu
estava começando a ficar um pouco indignado com os meus
pensamentos.
Cheguei ao estacionamento do hotel, deixei minha BMW na
vaga que estava disponível para mim e logo subi para a suíte que
havia reservado, para minha filha, a babá e eu.

Assim que entrei, encontrei Carmém e Diana dormindo no


sofá do lugar, pois provavelmente haviam pegado no sono,
enquanto assistiam algum filme.

Sorri ao observar minha pequena dormir, tão tranquilamente e


logo me aproximei dela, para levá-la para seu quarto. Carmém
acordou no mesmo momento e murmurou:

— Senhor, nossa! Nem vi que havíamos pegado no sono.


— Não se preocupe — sussurrei e peguei minha pequena em
meu colo. — Pode ir dormir. — murmurei, para Carmém que
assentiu.

Eu caminhei até o quarto de Diana e depois de depositá-la na


cama, ainda a fiquei encarando por muito tempo.
Algo se passava pela minha mente e tinha certeza de que ela
gostaria de ser a pivô da minha próxima visita para Meredith.
Sim… eu apareceria na casa da ruiva raivosa, com a minha
filha. Tinha sido isso que ela deixou claro, não foi? Se eu estivesse
com a minha menina, ela me daria uma chance para sairmos…
então, era isso que ela teria.

Amanhã a ruiva raivosa, teria que lidar com o amor estampado


em forma de pessoa. E ela se chamava Diana White, minha
pequena menina, o meu tesouro no mundo… o meu tudo.
Capítulo 13

Estava dormindo tranquilamente, quando ouvi batidas na porta


da minha casa. Por um momento, pensei ser um sonho, mas
quando percebi que quem estava do outro lado, não parava de
insistir em esmurrar a madeira da porta do meu apartamento,
levantei-me e fui meio cambaleante em direção ao local.

Olhei para o relógio de parede e eram nove da manhã, quem


quer que fosse não sabia que eu acordava tarde.

— Quem é? — sussurrei.

— Um riquinho metido a besta.


Assim que ouvi a voz do outro lado, meu corpo gelou. Não era
possível que Arthur White estivesse na porta da minha casa àquela
hora da manhã.

Olhei meu reflexo no espelho que ficava ao lado da porta, e


talvez eu não estivesse nada apresentável, com uma camisola
curtinha, da cor rosa bebê, além do meu cabelo estar uma zona.

Mas se aquele idiota estava ali, naquela hora, ele teria que
aguentar uma Meredith toda dorminhoca.

— Eu posso saber que porra você está fazendo aqui? — Abri


a porta e esbravejei, mas no momento que vi Diana ao seu lado,
com um sorriso banguela, eu fui obrigada a quase morrer de
amores.

A menina no dia anterior, tinha pegado o meu coração e o


transformado em geleia, só por ela ter gostado de mim.

Desfiz minha expressão mal-humorada e sorri para a


garotinha.

— Oi, princesa Diana!

— Oi!

Meus olhos se desviaram rapidamente da garotinha e eu


encarei Arthur sem entender o que ele estava fazendo ali. E fui
obrigada a aguentar seu olhar completamente cheio de luxúria em
minha direção.

— Uau! — Só movimentou a boca, provavelmente tentando


não demonstrar a sua reação à menina ao seu lado.
— Arthur? — Chamei sua atenção e quando me encarou, ele
não se demonstrou em nenhum momento, envergonhado com a
forma que eu estava.

— Oi, Meredith!
Tentei não esmurrar sua cara, por tamanho atrevimento e
murmurei:

— Acho que estou em desvantagem aqui. Posso saber o que


estão fazendo no meu apê?

— Viemos te buscar para passear. E tomar café da manhã,


porque a minha barriga tá parecendo que tem um leão dentro dela.

Fui obrigada a soltar uma gargalhada, primeiro por desespero,


pois eu não sabia o que Diana estava falando e segundo por ter um
leão dentro dela.

— Vocês vieram para isso?

— Então, você disse que se a Diana estivesse aqui…

Encarei Arthur e não me importei que sua filha escutasse


minha acusação.

— Está usando a sua filha, Arthur?

— Claro que não! Ela que insistiu em vir te ver, não é mesmo,
Diana?

A garotinha levou os olhos sem entender para o pai, mas


percebi que eles davam conta de lerem o olhar um do outro, pois
logo ela entrou em seu joguinho… só podia ser filha de uma peste,
para ser outra pestinha.
— É verdade, queria muito ver o seu cabelo e também para
falar que eu também não tenho mais mamãe e te entendo, porque o
papai disse, que você molou em um orfanato.

Meu coração se aqueceu com o que disse, e eu idiota como


era, fiquei toda encantada com aquela garotinha me dizendo
palavras fofas. Droga! Ela só queria te comprar, sua idiota.
— Bom, fui derretida por você. Entrem e esperem eu me
arrumar.

Arthur sorriu como se tivesse ganhado um prêmio. Esperei


que Diana entrasse e o prendi fora do apartamento para lhe dar um
aviso.

— Vou sair com vocês, pois você é baixo o suficiente para


usar uma criança a seu favor. Só que não vou vender o meu pub
para você, está entendendo?

— Eu já disse que nem tudo é sobre negócios.


Seus olhos novamente passaram por meu corpo, de forma
descarada e eu fui obrigada a dar um passo em sua direção e avisá-
lo:

— E pode encarar o quanto quiser, mas o meu corpo é só


meu.

Arthur completamente diferente do homem que conheci, levou


uma de suas mãos a minha cintura, apertou a minha pele por baixo
do tecido da camisola e sussurrou em meu ouvido.

— Olhar não tira pedaço, ruiva raivosa.


O calor dos seus lábios pairaram sobre meu ouvido e eu tentei
não demonstrar nenhuma reação para ele.

— Só que me olhar pode te arrancar um pedaço, sim. Já que


a qualquer momento posso dar um soco na sua cara.

Arthur se afastou e um sorrisinho de canto estampou em seus


lábios… filho da puta lindo!

— Vamos ver, então…


Ele tirou minha mão do batente da porta e entrou em meu
apartamento e eu não pude deixar de sentir o seu perfume
amadeirado que talvez tenha mexido com todos os meus sentidos.

Respirei fundo e voltei a entrar em meu apartamento. Fechei a


porta atrás de mim e peguei Diana com o porta-retratos, que tinha
uma foto minha, Amélia e de Jack, na mão.
— Quem são? — Ela perguntou.

— Minha amiga/irmã e o filho dela, que considero meu


sobrinho.

Diana cerrou o cenho e indagou novamente, demonstrando


que é a curiosidade em pessoa:

— Mas você foi deixada no orfanato com sua irmã?


— Diana, isso não é pergunta que se faça.

— Desculpa — pediu.

Eu não me importava de contar a minha história do orfanato,


por isso, aproximei-me dela e apontei na foto.
— Essa é a Amélia, nós nos conhecemos desde bebês.
Fomos deixadas na mesma época no orfanato. Nos tornamos
amigas inseparáveis. E então nos consideramos irmãs. Saímos
juntas do orfanato, e viemos morar juntas também em Oxford,
montamos o nosso negócio e mesmo não tendo o mesmo sangue,
nos consideramos família, entende?

— Gostei da sua histólia.


— Obrigada, princesa.

— E cadê ela, mais o menino?

— Esse é o Jack, filho dela, mas eles não moram mais aqui.
Vivem em uma casa não muito distante, em dez minutos andando,
ou menos que isso de carro. Ela casou e agora vive com o amor da
vida dela.

— Tipo conto de fadas?


Fui obrigada a gargalhar, pois se a nossa vida fosse um conto
de fadas, eu estava meio fodida nesse conto. Ainda mais pelo tanto
de tragédia que passamos, mas ao menos naquele momento
estávamos felizes e era o que importava.

— Bom, um conto de fadas meio torto, mas posso dizer que


sim.
No momento que terminei de falar, ouvi a barriga de Diana
protestar por comida.

— Desculpa de novo, mas é o leão que quer comer.

Soltei mais uma gargalhada e dei uma batidinha no seu nariz,


como fazia com Jack quando era mais novo.
— Vou me arrumar, para podermos matar esse leão.

— Tá bom!

Antes de ir, percebi que Arthur nos encarava, parecendo


orgulhoso de alguma coisa, que não consegui identificar o que era,
no entanto tentei evitá-lo.

— Se quiserem alguma coisa, a cozinha é à esquerda.


Foi a única coisa que disse, antes de caminhar para o quarto.

Que merda estava acontecendo ali?

Eu sairia com um completo desconhecido e sua pequena


filha…

Caralho!

Eu sentia que aquilo não era uma boa ideia e mesmo assim
queria saber o que a merda do destino estava querendo comigo.

Por isso, eu tentaria curtir aquele dia, mesmo que em algum


momento quisesse quebrar Arthur White no meio.
Capítulo 14

Estava sendo invasivo?

Com toda certeza!

Mas ao menos ela havia aceitado sair com a gente.

Mesmo que por seu olhar ela demonstrasse que quisesse me


matar. No entanto, por sorte do destino aquilo não aconteceu.

Senão seria uma grande merda, ser assassinado por uma


ruiva raivosa, na frente da minha menina.
Balancei minha cabeça com aquele pensamento ridículo e
voltei minha atenção para a sala do apartamento de Meredith.

Era um lugar simples, sem muitos enfeites, mas fotos estavam


espalhadas por todos os cantos. Além do porta-retrato que Diana
segurou por alguns minutos, outro me chamou atenção. Era uma
foto de Meredith sorrindo, mas a pessoa que estava ao seu lado,
havia sido cortada e estava nítido pelo rasgo que aparecia na
fotografia.

Porém, novamente tive que dispersar meus pensamentos,


quando a ruiva saiu de seu quarto no final do corredor, e eu que
ainda a aguardava em pé, pude vislumbrar aquela mulher caminhar
pelo lugar.

Ela vestia uma calça escura, uma regata branca e carregava


uma jaqueta jeans nos braços. Seu cabelo estava preso em um rabo
de cavalo. Completamente diferente da mulher que havia
encontrado há alguns minutos, mas não menos bonita.

Já que mais cedo, eu quase pedi por misericórdia, por ela


estar tão despida e naquele momento quase ajoelhei ao chão e
perguntei a Deus por qual motivo fazer mulheres tão deslumbrantes
daquela forma?

Ela parou não muito longe de mim e me encarou olho a olho.

— Podemos ir, riquinho.

— Fico feliz por saber disso.

— Obá! Vamos matar o leão que está dentro de mim.

Meredith encarou minha filha e murmurou:


— Vamos acabar com esse leão.

Não podia negar, que estava gostando daquela interação


entre as duas. Nunca vi Diana ser tão falante com uma
desconhecida e aquilo talvez provasse o que Florence sempre dizia,
de que eu precisava deixar minha filha viver um pouco fora da bolha
que criei para ela depois da morte de Esme.

Diana estendeu sua mão para a ruiva, que aceitou de bom


grado e logo estávamos fora do apartamento, caminhando em
direção ao meu carro.

— Nossa! Isso é uma máquina — Meredith comentou,


enquanto destravei o carro e Diana entrou no banco de trás.

— É um carro bom.

A ruiva me olhou e voltou a dizer:

— Não seja modesto. É um BMW, não tem nada de bom, é


excelente, maravilhoso, perfeito.

Sorri com o seu vislumbre de interesse.

— Pelo jeito você gosta de carros.

— Ah, não sou nenhuma amante de automóveis, mas sei


reconhecer um carro legal.

— Quer dirigir?

Onde estava minha cabeça? Não sabia, no entanto, ao ver os


olhos de Meredith brilharem em minha direção, não podia voltar
atrás com minha proposta.
— Você tá falando sério?
— Claro!

Estendi a chave para ela, que a pegou prontamente e


contornou o carro, para o lado do motorista.
— Antes de mais nada, você não me compra com um carro e
eu não vou...

— Vender seu pub — cortei-a. — Eu sei, não estou te


comprando, só quero curtir um final de semana diferente. Diana e eu
não saímos muito, então já que vai dirigir, leve a gente em um lugar
legal para tomarmos um café da manhã.
Ela mordeu o lábio inferior e assentiu. Logo entrou no carro e
eu fiz o mesmo, sendo o passageiro de uma pessoa que nem
conhecia, mas não importava, a única coisa que sentia naquele
momento, era tentar viver uma loucura.

— Antes de sairmos, posso perguntar uma coisa? — Meredith


girou na minha direção, mas seus olhos também encaravam Diana.
— Claro! — respondi no mesmo momento que minha filha.

— Posso levar vocês em um lugar que fui uma única vez, mas
que achei incrível?

— Sim! — Diana pulou no banco de trás, toda contente.

Logo os olhos castanhos da ruiva, pousaram sobre mim e fui


obrigado a responder:
— Pode nos levar, onde achar legal, desde que consigamos
comer algo gostoso.

— Você vai adorar, riquinho!


Logo ela deu partida em meu carro e começamos a ganhar as
ruas de Oxford. Hora ou outra, era obrigado a desviar meus olhos
da estrada, para encarar aquela mulher no volante.

Perdição!

Era isso que eu poderia considerar.

Aquela mulher era uma completa perdição. Em um


determinado momento, ela me pegou a encarando e sorriu de lado,
como se sentisse prazer em ser observada.
Uma diaba, isso sim, era daquela maneira que Meredith
deveria ser considerada: uma completa diaba, que estava
desestabilizando um homem, que nesse caso era eu, que sempre
foi muito centrado no que fazia.

Quando chegamos a um lugar chamado Garden Café At


Restore, entendi o motivo de ela ter nos perguntado primeiro.
Ele ficava um pouco afastado de onde estávamos, mas
parecia ser incrível.

— Chegamos!

— Tem um jardim, papai.

— Pois é!
— Vai ser maravilhoso para você brincar, princesa Diana.

Saímos do carro e Diana aproveitou para pegar a boneca que


havia levado consigo. Que sempre ficava ao seu lado no banco de
trás, caso ela quisesse brincar.
Entramos no café e fomos muito bem recepcionados pela
hostess que nos levou para uma mesa, que ficava no jardim, pois
queríamos aproveitar que o dia estava ameno.

Era época de chuva, mas naquele dia, não parecia que iria
chover, então era melhor ainda.
Sentamos à mesa, e enquanto Diana e Meredith escolhiam o
que queria, eu fiquei observando o lugar por um momento. Era
realmente lindo, a vista para o jardim impecável e talvez fosse até
um cenário perfeito para escrever uma cena de livro, ou gravar uma
parte de algum filme romântico.

Bom, se eu acreditasse no amor, já que perdi a fé nessa


pequena parte da vida, quando Esme partiu, eu diria que seria lindo.

Saí dos meus devaneios, ao perceber que só faltava eu


escolher o que queria e depois de passar os olhos rapidamente pelo
cardápio, acabei escolhendo algo qualquer.

Logo ficamos a sós na mesa e enquanto aguardávamos os


nossos pedidos, achei por bem, não deixar aquele momento ficar
constrangedor.

— Bom, Meredith. Sou Arthur White, um empresário do ramo


da construção e essa é minha filha Diana de cinco anos.

— Essa parte eu já sabia, riquinho.


— Só estou tentando fazer a conversa não morrer, para não
ficarmos sem graça.

Ela sorriu e encarou Diana que estava cada vez mais


interessada pela ruiva.
— Bom, eu sou a Meredith, empresária no ramo de
entretenimento… —Deu-me uma leve piscadinha.

— Eu sou a Diana, que estuda.


Meredith apertou a bochecha da minha filha delicadamente e
sorriu.

— Você deve estudar mesmo, para ficar inteligente e um dia


também se tornar uma grande empresária.

— A sua empresa é de quê? — Diana era muito curiosa.

— Eu tenho um pub, onde as pessoas amam ir para se divertir


e lá tem até um karaokê, que os piores cantores da Inglaterra amam
visitar.

— Nunca cantei em um karaokê.

— Sério?

— U-hum!

— Então, um dia que o pub não for aberto, ele não é para o
público da sua idade. Eu deixo você ir cantar lá, tudo bem?

— Adorei!

Aquela ruiva realmente tinha jeito com crianças.

— Bom, agora vamos matar o leão que está dentro de você?

Meredith apontou para a garçonete que trazia os nossos


pedidos e minha filha se animou.

Começamos a devorar o nosso café da manhã e quando


estávamos satisfeitos, Diana se levantou da mesa e foi para o
jardim, em um lugar que dava para eu ficar observando-a à
distância.

— Você é superprotetor também — Meredith constatou,


enquanto voltava meu olhar para o dela.

— Só tenho medo que algo ruim aconteça com ela.

Meredith soltou um suspiro e continuou a murmurar:


— Às vezes a superproteção sufoca, e em alguns momentos
não conseguimos abraçar o mundo inteiro, então é necessário
deixar sua filha viver.

— Você fala como se soubesse como é.

Eu ficava um pouco irritado quando as pessoas tentavam


mandar na forma que criava Diana.

— Eu posso não ter filhos, mas tenho meu sobrinho… E eu sei


bem, que a superproteção da mãe dele, não o protegeu de uma
leucemia, por exemplo. Então, eu não sei o que aconteceu com
você, mas deixe a sua filha viver.

Encarei Meredith, me sentindo um pouco culpado pelo que


disse anteriormente, mas ela não parecia estar chateada com a
forma que lhe dirigi a palavra.

— Sou grosso às vezes — comentei.


— Eu também. — Sorriu em minha direção, como se não se
importasse com aquilo.

Suspirei fundo e revelei:


— Sou assim, desde que perdi minha esposa. Diana foi a
única preciosidade que me restou, então morro de medo de perdê-
la.

— Posso ser um pouco invasiva?

Dei de ombros.

— Apareci na sua casa, sem nem mesmo avisá-la, acho que


você tem o direito.
— Sua esposa morreu de quê?

Aquilo era algo que não gostava de comentar, mas como ela
estava curiosa, senti-me na obrigação de murmurar:

— Um acidente de carro.

— Sinto muito.
Encarei seus olhos e só consegui ver verdade. E sem nem
saber o motivo, já que desde que conheci aquela ruiva, eu estava
sentindo necessidades de coisas estranhas, acabei sentindo que
precisava me abrir com ela.

— Na época eu pensei que perderia o meu chão… Só que


ainda me culpo por tudo que aconteceu.

— Mas a culpa não é sua. Você não tinha como prever o


futuro.

— Só que eu sabia com quem ela estava e nunca me importei


de pedir para que ela parasse de me trair e foi aí que tudo
aconteceu…
Meredith arregalou seus olhos e talvez naquele momento eu
tivesse feito com que ela entendesse que a vida era uma merda…

E também, mesmo sem que ela soubesse, aquela era uma


forma de eu dizer o motivo de não mais acreditar no amor…

Fui traído pela única pessoa que pensei que seria impossível
ser traído e no final, ela morreu com seu amante, por ele estar
dirigindo embriagado, com ela não muito diferente dele.

E foi por aquele motivo que o amor morreu para mim e nunca
mais existiria.
Capítulo 15

Ok!

Eu jurei que a minha vida era problemática, só que havia


acabado de descobrir que além de perder a esposa, ela ainda
estava com o amante.
O quão bom era viver com aquilo na mente?

Provavelmente seria uma grande merda, isso sim, saber que


perdeu sua esposa, e que estava com o amante.
— O destino às vezes é bem complicado. — Foi a única coisa
que consegui dizer.
— Eu sabia que ela me traía, só que não queria ficar sem ela.
Então era melhor aceitar seu relacionamento extraconjugal do que
perder a única mulher que um dia acreditei amar. Só que no fim, ela
morreu, por estar com o amante.

Arthur tinha uma expressão séria e o homem que conheci,


começou a fazer um pouco de sentido para mim. Talvez ele fosse
tão frio daquela maneira, de não se preocupar com a moradia das
pessoas, por ter sofrido aquele baque com sua mulher.

— Sou meio vingativa, não sei se continuaria realizando as


vontades da sua esposa, depois de saber o que ela te fez.

Ele sorriu de lado, deixando sua boca ainda mais desenhada e


comentou:

— Mas é uma forma de eu deixar a imagem da mulher


perfeita, intacta na mente da Diana. E querendo ou não, os sonhos
que Esme tinha, se espelhavam nos meus, que era realizar essas
obras de caridade.

Sem conter meus instintos, levei minha mão para cima da de


Arthur e ele observou o nosso toque por um momento.

— Às vezes não compensa você viver os sonhos de outra


pessoa.

— Mas como eu disse, eu também tenho esses sonhos.

— Talvez ela tenha construído um triplex na sua cabeça, com


esses sonhos, e você acha que realmente quer fazer isso.

— Eu gosto de ajudar os mais necessitados.


— E não digo que não deva, pois eu venho de um orfanato,
então sei exatamente que ajudar os necessitados é necessário. Só
que também não precisa sair pelo mundo construindo as coisas, só
para tentar mostrar para sua falecida esposa que você é um homem
perfeito.

Arthur me encarou novamente e murmurou, tirando a


expressão séria do seu rosto rapidamente.

— Sou um homem perfeito?

Revirei os olhos e brinquei:

— Não mesmo, você é um destruidor de patrimônios para o


seu próprio bem.

— Meredith, que horror, não sou assim.

Gargalhei com sua fala, como se tentasse se defender e


murmurei:

— Eu sei, ou pelo menos eu acho que sei.

— E você, por que fica tão na defensiva?

Arthur me perguntou e eu engoli em seco com sua pergunta.

— Só vive problemas o suficiente para saber que a vida é bem


complicada.

— Tipo a história do seu sobrinho?

Só de pensar na leucemia que Jack teve há alguns anos, meu


chão quase se partia ao meio.

— Sim, a doença do Jack foi uma delas.


— Mas agora ele está bem, não é mesmo?

— Sim, ele recebeu a doação da medula e tudo ficou bem.

Abri um sorriso só de lembrar o quanto foi maravilhosa aquela


notícia naquela época.

— Vejo que você os ama muito.


— Amélia e Jack? São os meus bens preciosos, eu faço de
tudo por eles.

— É muito bom ter uma família que nos apoia.

— Ah, com certeza! Sem a Amélia eu não seria nada e o Jack


só veio para nos fazer feliz.

— Florence e eu somos irmãos e tenho certeza de que


mataríamos um pelo outro, mas não falamos com tanto amor, igual
você fala da sua irmã Amélia.
— Florence é a loira bonita que vi em seu escritório?

Arthur franziu o cenho, como se tivesse ficado encucado com


alguma coisa.
— Sim, ela mesmo.

— Ah!
Desviei minha atenção para Diana que estava super feliz no
jardim do café e fui obrigada a abrir um sorriso para aquela menina
alegre. No entanto, nada tirava a sensação de que estava sendo
fuzilada com o olhar de Arthur.

— Por que, Meredith?


— Só estava curiosa. — Tentei parecer menos interessada
com aquele assunto.

— Ok!

Voltei meu olhar para Arthur e disse:

— Bom, acho que agora eu já posso ir embora, não é mesmo?


— Acho que você deve passar o dia comigo e com a Diana.

Elevei uma sobrancelha em sua direção e comentei:

— Não vou fazer isso. Já tomamos café da manhã, eu preciso


ir embora, para descansar até a hora de abrir o pub.

— E a folga que a chefe precisa?


Revirei meus olhos e voltei a falar:

— Não vou tirar folga.

— Poxa!

Arthur tentou fazer uma expressão de cachorrinho que caiu da


mudança, mas aquilo não colava comigo.
— Tudo bem, então. Vamos embora. — Ele acenou para a
garçonete e pediu a conta, em seguida chamou sua filha. — Diana,
precisamos ir, a Meredith precisa trabalhar.

A garotinha me encarou com os olhos chateados e veio,


mesmo sem querer, em nossa direção.
— Pensei que você fosse passar o dia com a gente.

— Meu amor, mais tarde tenho que abrir o pub e se não


descansar, vou ficar muito exausta para trabalhar.
— Você não pode faltar igual o papai?

Encarei Arthur que tentava fingir que nem ouvia, para que eu
não o acusasse novamente de coagir uma criança.

— Eu não sou rica, então não posso.

— Papai deixa ela ficar rica.


Soltei uma gargalhada como se aquilo fosse fácil.

— Não é assim que se fica rica, mas enfim, isso é um papo


para outro dia.

— Plomete que quando for em Londres, você me visita?

Aquilo era algo difícil de prometer, mas Diana me olhava com


o rostinho tão esperançoso que fui obrigada a dizer:
— Claro, juro de dedinho que vou.

Ela me abraçou forte, com seus pequenos bracinhos e eu logo


encarei seu pai, que já pagava a conta.
— Deixa a minha parte que pago.

Arthur revirou os olhos e nem me deu bola.


Depois daquilo, não quis ir dirigindo, então deixei que o
homem que ficava ainda mais gostoso ao volante, nos levasse de
volta. Porque aquela era a minha vez de secá-lo, como ele fez a
viagem inteira de ida.

Assim que estacionou em frente ao meu apartamento, me


encarou com um sorriso safado e eu tive que desviar minha
atenção, já que não era forte o suficiente para aquilo.
— Diana, foi incrível passear com vocês. — Olhei para o
banco de trás, para falar com a menininha.

— Vou te esperar em Londres.


— Pode deixar que vou te visitar.

Joguei um beijo no ar para ela, que retribuiu no mesmo


momento. Saí do carro e Arthur pulou dele ao mesmo tempo.
— Eu ia abrir a porta para você.

— Não precisa ser gentil, riquinho.

Parei de caminhar assim que cheguei à escada que me levava


para o andar de cima.

— Espero te ver mais vezes, Meredith.

A última parte foi sussurrada, o que deixou meu nome quase


como uma melodia em sua boca.

— Quem sabe…

Fui me afastar, mas ele segurou meu braço e desceu sua mão
lentamente, por ele até que pegou minha mão e novamente deu um
beijo em minha pele.

— Espero realmente te ver.

E assim Arthur voltou para o seu carro e eu… estava como


uma idiota.

Meredith, não caia em papos de homens bonitos, você sabe


como termina. Ao menos eu tentei avisar ao meu subconsciente,
que estava todo derretido por Arthur White.
Eles partiram e eu fui fazer o que sabia de melhor: dormir.

E talvez se a vida ainda tivesse piedade de mim, colocaria-me


para sonhar com aquele homem…
Capítulo 16

Passei o dia com Diana e como tinha liberado Carmém


naquele dia, ela chegou na suíte do hotel, somente depois das sete
da noite. No entanto, não me importei, o combinado era que iríamos
embora no outro dia, então não tinha problema a babá da minha
menina curtir um pouco do seu dia em outra cidade.

Naquele instante, estava encostado à cabeceira da cama da


minha filha, com minhas pernas jogadas sobre o colchão macio,
enquanto lia um livro de conto de fadas, que estava no meu
aplicativo Kindle e que dava para ler pelo celular.
Minha filha, já estava caindo no sono, pois mesmo que
Meredith não quisesse nos acompanhar, acabei indo passear com
Diana por alguns lugares em Oxford e até percebi que a ruiva
estava certa, sobre construir a escola em outro lugar.

Não que eu estivesse desistindo da minha ideia, mas havia


percebido que Meredith amava muito o lugar onde morava e
também trabalhava, então talvez eu tenha achado que não seria
bom destruir o sonho da ruiva, que já parecia realmente ter levado
muitas facadas da vida.

— Papai, gostei da Meredith.

Diana comentou, se aconchegando ainda mais em meus


braços.

— Ela é bem legal, filha.

— Plomete que leva ela pra Londres, pra passar um final de


semana lá em casa?
Odiava mentir para Diana, mas ela estava tão empolgada em
relação à ruiva raivosa, que tive que assentir e responder um grande
sim, para que minha menina ficasse ainda mais feliz.

— Vou fazer de tudo para convencê-la.

— Se depois o senhor quiser ir ao pub, pode ir, papai. Eu fico


com a Carmém.

Cerrei meu cenho e murmurei:


— Meu amor, acho que não vou sair mais. Estou um pouco
cansado.
— Papai, eu gosto da Meredith, pode ir vê-la.

— Acho melhor a senhorita dormir, o sono já deve estar


afetando sua mente.

Ela sorriu levemente, mas não demorou muito para pegar no


sono e logo estava dormindo profundamente. Ajeitei minha menina
em sua cama e depois de cobri-la, dei um beijo em sua testa e saí
do quarto.

Ser pai era uma das funções que sabia administrar super bem
e sempre tentava dar o máximo de amor para Diana. Por isso,
sempre me preocupava com ela, não queria perder a minha
menininha.

— O senhor vai sair?

Carmém indagou, enquanto passei pela sala do lugar que


estávamos hospedados.

— Acho que não, Carmém. Amanhã temos que voltar para


Londres e não quero pegar a estrada cansado.

Carmém tinha mais ou menos uns quarenta anos e cuidava de


Diana desde o seu nascimento, por isso, era uma pessoa que eu
considerava quase como da família.
E com isso, ela tinha algumas liberdades que outros
colaboradores não possuíam comigo.

— Desculpe, senhor. Mas ouvi a Diana dizendo para o senhor


ir ver a moça chamada Meredith. E mesmo que o senhor tente
negar, seus olhos até brilham quando digo o nome dela. Acho que
devia ao menos ir se despedir, para uma próxima vez.
Revirei os olhos e caminhei até a janela da suíte, para
observar o clima. Realmente não havia caído uma gota de chuva
naquele dia. Parecia que o destino estava querendo cooperar
comigo.

— Não me motive a cometer loucuras que nunca cometi.

— Talvez o senhor devesse deixar o amor voltar a reinar em


seu coração.

Encarei a babá de Diana por cima do ombro e comentei:


— Você tá pior que a Florence querendo arrumar um par
romântico para mim. Sendo que vocês sabem muito bem que não
acredito em amor.

— Talvez a Meredith mude isso...


— Acho melhor ir para o meu quarto, antes que você diga
mais asneiras, Carmém.

A mulher ficou com um sorrisinho, como se soubesse de algo


que ainda não havia sido revelado para mim e eu parti para o meu
quarto.

Assim que entrei no lugar, joguei-me sobre a cama, e


aproveitei para mexer um pouco em meu celular. Claro que depois
de ser motivado por Diana e Carmém, foi inevitável não entrar na
rede social de Meredith.

E foi só ver que ela tinha uma foto nova postada, que eu senti
mais vontade de vê-la novamente. Nos seus stories, ela incentivava
o pessoal a visitar o pub naquela noite e não pude deixar de engolir
em seco, quando vi que ela usava um cropped vermelho de renda,
que deixava sua barriga à mostra, algumas sardas desciam por sua
pele e talvez fosse uma tentação observar aquilo.

Não deixei que os pensamentos remoessem mais a minha


mente. Levantei-me da cama, sabendo que talvez me arrependesse
do que estava fazendo, mas talvez o arrependimento só viesse no
outro dia e eu estaria bem longe de Oxford.
Peguei minha jaqueta de couro e saí do meu quarto. Guardei
o celular no bolso e assim que cheguei à sala, Carmém assistia
televisão e eu me senti obrigado a anunciar que iria sair.

— Vou ali.

— Boa sorte com a tal Meredith.

— Carmém... — Tentei repreendê-la.


— Boa noite, senhor!

Meio que me expulsou da minha própria suíte e eu fui


obrigado a revirar os olhos novamente. Porém, não perderia mais o
meu tempo, era melhor ir naquele pub logo, para me despedir de
Meredith.

Desci até o estacionamento, peguei minha BMW e parti em


direção ao local onde queria muito construir uma escola, mas que já
havia saído da minha mente aquele pensamento e tudo devido
aquela ruiva.

Segui pelas ruas, até chegar ao local indicado. Estacionei meu


carro em frente às escadas que levavam para o apartamento de
Meredith, mas o meu foco era o pub.
Passei pela entrada que havia dois seguranças, e assim que
entrei, olhei para o bar, mas não consegui vê-la em nenhum lugar.

Observei todo o pub e nada de encontrar a ruiva raivosa que


estava a cada segundo mudando meus pensamentos.
Caminhei até o bar, vendo a atendente que se chamava Mila,
conversando com um cliente. Assim que me viu, abriu um sorriso e
voltou-se em minha direção.

— Boa noite, senhor. Pelo jeito gostou mesmo do Pub.

— É um lugar legal.

Olhei novamente para os lados e Mila foi meio afrontosa.


— Meredith subiu para o apartamento, estava meio
desanimada, então falei para ela que cuidaria daqui.

— Acho que te devo uma gorjeta por essa informação.

— Eu aceito a gorjeta, mas só se me prometer que não fará


com que ela sofra. A Meredith já passou por muita coisa.

Mesmo que eu não soubesse todos os fatos, eu tinha absoluta


certeza de que aquela mulher já tinha passado mesmo, por maus
bocados.
Peguei minha carteira, tirei uma nota da minha carteira e lhe
estendi.

— Eu prometo que não sou um idiota como todos pensam.

Ela pegou a gorjeta e sorriu, eu por outro lado, saí do pub e


logo estava subindo as escadas que levavam para o andar de cima.
Parei em frente à porta de madeira, que estava com alguns
arranhões do tempo e dei uma batida, duas, três e na quarta a ruiva
raivosa abriu.

Ela usava o mesmo cropped, uma calça de couro preta e seus


cabelos estavam soltos. A única coisa que não usava eram sapatos,
estava descalça e aquilo a deixava ainda mais baixa do que o de
costume.
— Arthur? — Indagou sem entender o que eu estava fazendo
ali.

— Talvez eu me arrependa do que estou prestes a fazer, só


que não sei por qual motivo, algo dentro de mim está gritando para
que eu faça.
— O quê? — Franziu a testa ao perguntar e eu não dei mais
resposta.

Avancei um passo em sua direção e logo enlacei sua cintura


com um dos meus braços. Colei seu corpo no meu e aquilo fez com
que algo quente, como se estivesse fervendo o meu sangue,
espalhasse-se por todo o meu corpo.

— Eu vou te beijar e talvez eu não seja tão bom nisso, porque


já tem mais de dois anos que não beijo ninguém. — Achei por bem
deixar claro.

— Cala a boca, riquinho. Me beija logo.

E foi com aquilo que desisti de lutar e grudei meus lábios no


de Meredith...

Agora eu realmente estava fodido.


Capítulo 17

Uma pausa no momento, para eu dizer que não esperava que


Arthur aparecesse novamente na minha porta aquele dia. E nem
que ele faria com que minhas pernas tremessem daquela forma,
quando grudou meu corpo no seu e nem que eu me sentiria
derretendo quando sua boca tocou na minha.

E naquele momento, sua língua pediu para avançar para


dentro da minha boca, e para começar uma leve guerra com a
minha.
Arthur me puxou para cima, como se eu não pesasse nada
para ele e eu entrelacei minhas pernas em sua cintura.

Com a mão livre ele fechou a porta e me encostou na madeira


do lugar. Nossas bocas não se desgrudaram em nenhum segundo e
nosso beijo continuou como se estivéssemos realmente precisando
daquilo.

Minhas mãos foram parar entre os fios dos seus cabelos e a


cada segundo que seu beijo ficava mais afoito, mais necessidade de
beijá-lo eu sentia.

Sua outra mão, parou em minha cintura e ele aproveitou para


apertar minha pele, daquela vez, sem que tivesse nada o impedindo
de tocar aquele lugar.

Sua boca parecia algo raro que nunca tinha sido profanada,
mas ao mesmo tempo uma boca experiente que me deixava com
mais desejo de devorá-la.

Quando precisamos de ar, pois não era só de beijo que vivia


uma pessoa, Arthur se afastou e encarou meus olhos. Mesmo com
a luz parca eu conseguia enxergar a imensidão em seus olhos
verdes e aquilo meio que me transferiu para outra atmosfera.

— Se quiser saber, você é bom, sim — brinquei, sorrindo de


lado.

— É muito bom saber disso, pois não pretendo parar de beijá-


la. Ao menos, não enquanto não achar necessário.

Caralho!
Ele podia não ter dito aquilo, mas acabou falando e eu... Eu
era uma tarada e agora queria aquele homem para mim. Queria de
todas formas, principalmente nu em minha cama.

— Então me beija…
E não precisou de muito mais para que ele avançasse
novamente em minha boca e outro beijo avassalador começasse
entre nós dois.

Aquele beijo era algo que sentia me devorar, fazia com que
um fogo subisse pelo meu corpo, além de me deixar completamente
rendida. Era vergonhoso admitir aquilo, mas sentia falta de ser
beijada, porém parecia que aquele era o primeiro beijo que estava
recebendo na vida, pois nunca me senti em completa plenitude
daquele jeito, nem quando tinha um orgasmo.

— Deliciosa — sussurrou em meu ouvido, assim que afastou


sua boca do nosso beijo.

Depois foi descendo seus lábios por minha bochecha, até


chegar ao pescoço e em seguida foi descendo mais, até que parou
no decote do meu cropped. Beijou a região com sardas do meu colo
e eu mordi meu lábio inferior.

Arthur levou seus olhos até os meus e eu fiquei


completamente ansiosa pelo que ele iria fazer. Soltei um suspiro e
incentivei que ele continuasse, pois eu queria aquilo, precisava,
necessitava.

Ele passou sua língua no decote da minha roupa e com uma


das mãos afastou um dos lados do meu cropped para o lado,
deixando meu seio exposto e não esperou mais nenhum segundo
para sugá-lo com força, com sua boca desenhada.

— Caralho! — gemi e ele continuou sugando com força meu


mamilo.

Como tinha sentido falta de ser tocada daquela forma por um


homem. Eu era viciada em sexo e desde que levei um pé na bunda,
só estava me satisfazendo com meu vibrador e minhas mãos, mas
ter um homem como aquele me fazendo sua, era a completa
perdição que eu precisava.

Arthur afastou o outro lado do cropped e sugou meu outro seio


e eu soltei outro gemido, pois estava ficando completamente louca
por aquele homem. Sem conseguir me controlar, rebolei meu
quadril, fazendo com que minha vagina se pressionasse em sua
barriga e comecei a me esfregar ali mesmo.

Completamente insana para ser devorada por aquele homem


que eu até tentei evitar e odiar, porém ele não facilitou muito a
minha vida.

Afastou sua boca do meu seio e me encarou com um


sorrisinho sacana.
— Pelo jeito, calma não é seu nome.

— Nunca fui conhecida por ter calma.


— O que você quer, Meredith?

— O que você veio fazer aqui?


— Te beijar…
— Eu não quero ser só beijada.

— O que quer?

— Quero ser fodida.

Arthur soltou um rosnado e levou sua boca novamente à


minha. Afastou-me da porta e grudou meu corpo ainda mais no seu.
Só que soltou minha boca para perguntar.
— Seu quarto é no final do corredor?

Assenti e pensei que ele caminharia para lá, mas diferente do


que estava passando por minha mente, Arthur foi para a cozinha e
me depositou em cima da mesa.
— O que está...? — Tentei perguntar, mas ele levou dois
dedos à minha boca e fez com que eu os chupassem.

— Nesse momento, eu conduzo aqui, depois você pode voltar


a ser a ruiva raivosa.

Ficou penetrando os dedos em minha boca, como se tivesse


fazendo com que eu chupasse o seu pau, e aquilo foi me deixando
com mais vontade de ter aquele homem me fodendo.

Arthur tirou seus dedos abruptamente da minha boca, depois


levou até o colo do meu peito e deitou-me para trás da mesa. Fiquei
em cima do mármore gelado, enquanto ele levou suas mãos para o
botão da minha calça.
Depois a tirou delicadamente, deixando-me somente com o fio
dental preto que usava e o cropped vermelho.
— Eu acho que você veio direto do inferno para me fazer
pecar, ruiva.

Sorri, ao mesmo tempo que mordi meu lábio inferior. Arthur


passou suas mãos por minhas coxas e as subiu até chegar à minha
barriga, fazendo minha pele se arrepiar, como se fosse a brisa fria
que eu precisava em um dia de verão escaldante. Logo depois as
desceu novamente para a calcinha e diferente da calça, a tirou com
mais brutalidade do meu corpo.
Fiquei completamente nua com a parte de baixo do meu corpo
exposto e Arthur encarou minha vagina, como se fosse algo que ele
precisava muito. Ele segurou minhas pernas e as colocou apoiadas
na mesa e logo se aproximou de onde era seu alvo.

Assim que senti o primeiro toque da sua língua, fechei meus


olhos e gemi com vontade. Levei minhas mãos ao meu rosto para
tentar me conter, pois tinha medo de que os clientes na parte de
baixo pudessem me ouvir, no entanto o som estava alto e
provavelmente ninguém escutaria o que estava acontecendo ali.
Arthur passou sua língua por toda a minha extensão e voltou a
sugar meu clitóris como se aquilo fosse uma dádiva para ele.

Chupou com vontade e fez com que meus quadris tomassem


vida própria para sentir ainda mais o seu contato.

Levei uma das minhas mãos para o seu cabelo curto e


pressionei a sua cabeça entre minhas pernas.

— Arthur… — murmurei, quase sem fôlego, por estar sentindo


muito tesão.
E foi naquele momento, com sua boca me dando prazer que
senti, quando o prazer se avolumou em meu corpo e fiquei ainda
mais ensandecida.

— Mais rápido, Arthur… Caralho! Com mais força — pedi,


gritando, sem me importar com mais ninguém.
Eu só queria gozar e o homem que estava me dando o sexo
oral que tanto precisava, fez tudo o que pedi e quando pensei que
iria morrer, encontrei o céu, sentindo todo o meu orgasmo ser
liberado.

Arthur não me soltou em nenhum momento e continuou


saboreando o meu sabor, enquanto eu entrava completamente em
combustão. Meu corpo tremia cada vez mais, por estar sendo
levada à loucura daquela forma.
E quando percebi, estava segurando a cabeça do homem com
mais força e obrigando-o a me chupar com mais afinco, eu só queria
mais um orgasmo, já que ele sabia tão bem, como enlouquecer uma
mulher somente com sua boca.

E quando o segundo orgasmo me tomou, meu corpo todo se


relaxou e somente aí, Arthur se afastou, com a boca molhada do
meu líquido e com um sorriso completamente safado em seu rosto.
— Seu gosto é maravilhoso, ruiva.

Retribuí o seu sorriso e respondi:

— Acho que tenho que retribuir algo a você.

Sentei-me à mesa e o puxei pela camisa para mais perto.


Beijei sua boca, sentindo meu gosto em sua pele, mas não me
demorei muito ali, afastei-o e desci minhas unhas por sua barriga,
mesmo que tivesse com o tecido impedindo meu contato direto.

Tirei sua jaqueta em seguida e só assim arranquei sua camisa


e tive um vislumbre de todo o seu corpo. Braços musculosos,
barriga chapada e minha boca salivou para prová-lo.

Saí da mesa, arranquei meu cropped e fiquei completamente


nua na frente de Arthur. Seus olhos passaram por meu corpo de
forma devoradora e eu sorri.

— Vem!

Estendi minha mão para ele, que aceitou prontamente e


comecei a guiá-lo para o quarto.

— Tem certeza, Meredith?

Olhei para ele por cima do meu ombro e sorri.

— Eu nunca tive certeza de nada na minha vida, mas também


nunca deixei oportunidade alguma passar. Eu te quero e vou te ter,
Arthur.

Aquele sempre foi o meu lema…

Talvez fosse por isso que sempre me dava mal, no entanto, eu


queria aquele homem e aquela noite seríamos um do outro.

E só isso importava.
Capítulo 18

Meu coração estava disparado, minha boca seca devido à


ansiedade que estava me causando aquele momento e não podia
negar que eu sentia até um pouco do meu corpo trêmulo.

E nem era por medo, mas sim, por eu estar como um monge
há muito tempo e naquele momento iria para a cama com uma
desconhecida. Porém, era uma mulher que chamou minha atenção
desde quando a vi pela primeira vez.

Ela me conduziu pelo corredor, até que chegamos ao seu


quarto. Meredith era linda demais, o seu corpo escultural acabou
comigo, além de ser sexy pra desgraça.

Meu pau quase pedia por misericórdia, só por ela estar nua à
minha frente. E claro que para me surpreender ainda mais, ela
parou no meio do quarto, ajoelhou a minha frente e me encarou com
seus olhos de uma raposa puro fogo.

Levou suas mãos ao botão da minha calça jeans e o


desabotoou, em seguida desceu minha calça e ajudei a tirá-la. Logo
fiquei somente de boxer à sua frente, mas não por muito tempo, pois
ela tratou de descê-la o mais rápido possível e foi aí que meu pau
saltou e eu fui obrigado a desviar a atenção dos seus olhos por um
momento, quando aquela diaba levou uma de suas mãos ao meu
membro.

A ruiva passou a língua pela cabeça do meu membro e eu abri


meus olhos para observar aquele momento.

— Meredith! — rosnei seu nome e no mesmo momento ela me


engoliu inteiro. — Caralho!

Ela começou a me sugar completamente e eu fui perdendo o


controle por completo. Enrolei seus cabelos ruivos em minha mão e
comecei a empurrar com mais força meu pau por sua boca.

— Deliciosa… — gritei.

Mas antes que pudesse me perder por completo, afastei


Meredith mesmo que fosse contra a sua vontade.

Ela me encarou sem entender e eu tratei de esclarecer.

— Se vamos fazer isso, você não pode continuar. Tem mais


de dois anos que não faço sexo, irei me perder muito fácil se
continuar.

Ela ficou em pé, sorriu em minha direção, e como a diaba que


eu já sabia que era, ordenou:

— Então me faz sua, Arthur.

Segurei seu rosto com minhas mãos e beijei sua boca, como
se ela fosse preciosa demais para eu me manter afastado por tanto
tempo. Minha língua brincou com a sua e nosso beijo continuou de
forma necessária, preciso, descontrolado.

Peguei seu corpo novamente em meus braços, só que


daquela vez sem nenhum tecido para nos atrapalhar e logo
estávamos deitados sobre a cama do quarto de Meredith.

Antes que eu pudesse fazer alguma coisa, afastei nossas


bocas e disse:

— Não tenho preservativo, você tem?

— Não — murmurou, louca para voltar a me beijar.

— Não sei se posso fazer, pois não estou com vontade de


arrumar um filho por agora.

Meredith parou de tentar me beijar e declarou:

— Não posso ter filhos, ao menos foi o que os exames que fiz
há alguns meses me provaram. Então se esse for o problema, pode
ficar tranquilo. Eu estou limpa, não faço sexo há algum tempo
também.

A informação sobre não poder ser mãe, me pegou de


surpresa, no entanto naquele momento não estava conseguindo
pensar com clareza, já que meu pau estava pensando por mim.

— Também estou limpo, desde antes da Esme partir eu já não


estava tendo relações com ela e não tive com mais ninguém.
— Então não temos o que temer, me fode Arthur.

Nunca tinha encontrado uma mulher tão decidida como


Meredith. Nunca tinha ficado com uma mulher que tinha fogo pelas
veias e que me fazia sentir louco em questão de segundos.
Segurei meu pau e comecei a pincelar em sua entrada, logo
me enterrei dentro dela, sem em nenhum momento desviar meus
olhos dos seus. Vi o quanto ela se sentiu completa por eu estar
dentro dela e sua expressão remetia a pura felicidade.

Meredith era tão apertada, tão molhada, tão maravilhosa.


Levei uma de minhas mãos a um de seus seios e comecei a
apertá-lo com força, no mesmo ritmo que comecei as minhas
estocadas dentro dela.

— Você é tão perfeita, Meredith.

— Pensei que era uma diaba — constatou com um sorriso,


enquanto sua voz estava ofegante.

— Isso com toda certeza você é.


Empurrei com força para dentro dela e no mesmo momento
ela soltou um grito de prazer e eu me senti o homem mais sortudo,
por estar com uma mulher tão gostosa como aquela.

Fizemos sexo com força, com vontade, com desespero…


E quando ela gozou, fui logo em seguida, caindo sobre o seu
corpo. Fiquei por cima dela, tentando não depositar todo o meu
peso sobre o seu corpo. Estávamos suados, ofegantes e satisfeitos.

Assim que estava um pouco mais recuperado, dei-lhe um


selinho e me retirei de dentro dela. No entanto, logo a puxei para os
meus braços, pois queria ficar abraçado com ela por um momento.
Meredith tinha sido a primeira mulher, depois de Esme que me
chamou a atenção, e não sabia o motivo, mas não queria desistir
dela tão cedo.

Beijei o topo da sua cabeça, sentindo o cheiro de morangos


em seus cabelos e abri um sorriso, com o perfume tão doce para
uma mulher tão bruta.

Meredith passou sua mão por meu peito e sussurrou:

— Então, Arthur White está na minha cama?!


— Quem diria que a briga por um terreno acabaria assim —
constatei, soltando uma risada em seguida.

Meredith me acompanhou e apoiou seu queixo em meu peito


e encarou meus olhos.

— Falando em terreno…

Fui mais rápido e beijei sua boca, para logo anunciar:


— Fique tranquila, já desisti daqui.

— Como? — Pareceu surpresa.

— Andei um pouco com Diana por Oxford e percebi que


existem lugares bons também, onde eu posso construir uma escola.
Então, não se ache, mas você estava certa.

— Riquinho, eu sempre estou certa.

Voltei a abrir um sorriso com sua resposta e acariciei seu rosto


com minha mão.

— Você é sempre tão modesta assim?


— Sim — sussurrou.

Encarei seus olhos que diziam muito sobre a mulher que era.
Por isso, não consegui evitar.

— Posso te perguntar algo?

— Claro!
— Você disse sobre não poder ser mãe. Pode me contar o
motivo?

A expressão leve sumiu do seu rosto e eu tentei fazer com


que a Meredith alegre voltasse.
— Melhor não falar sobre isso, você deve estar me odiando
por tocar nesse assunto.

Ela se afastou do meu abraço, e eu imaginei que a minha


noite havia acabado, por ser idiota. No entanto ela se sentou,
completamente nua, fazendo meus olhos se prenderem em seus
seios por um momento, mas logo disse:

— Bom, é um assunto delicado, só que não é um tabu. Posso


comentar com alguém curioso.

— Não quero que se sinta mal.


— Não vou me sentir. — Fez uma pausa e segurou minha
mão na sua. — Ano passado, eu estava querendo ser mãe e tinha
um namorado, que morava comigo, só que eu não estava
conseguindo engravidar. — Ela soltou um suspiro e voltou a dizer:
— Fizemos alguns exames e constatou que eu era um problema,
desde então minha vida foi do céu ao inferno, porque tudo que
pensei que era estável, mudou e o bendito do meu ex não aceitou
muito bem que eu não pudesse ter um bebê, e acabou me largando.

— Já sei que ele é um idiota.


Ela abriu um sorriso em minha direção.

— Por que, senhor riquinho?


— Quem poderia deixar você por esse motivo? Só um idiota.

— Riquinho, cuidado que você está brincando com fogo.

Entendi o seu recado, afinal ela parecia não querer ser


conquistada, mas aquilo seria difícil, já que não queria conquistar
ninguém… eu nem acreditava mais em relacionamentos.

— Talvez eu queira me queimar. — Só que meu cérebro,


parecia ter respostas completamente diferentes para Meredith.
Ela sorriu, e levou a mão que estava segurando, diretamente
para sua boceta.

— Então venha se queimar.


E eu fui…
Capítulo 19

Minha mão estava apoiada sobre a bancada da cozinha de


Amélia, enquanto ficava encarando o celular pensando se tomaria
coragem ou não. Em algum momento eu teria que responder
alguma coisa, não era mesmo?

Só que desde que Arthur saiu da minha casa há duas


semanas, não dei conta de responder o seu “bom dia, adorei a noite
passada!”

Eu já não gostava de me envolver com ninguém e depois que


Charles destroçou meu coração, aí sim que eu não queria me
envolver. Não queria ter um relacionamento, nem que fosse de
amizade colorida com alguém.

— Às vezes dá vontade de te socar.


Amélia disse, enquanto fazia uma macarronada e eu ainda
estava absorta nos meus pensamentos.

— A agressiva na nossa amizade, sou eu, não você.

Ela me fuzilou de onde estava e comentou:

— Você teve um sexo maravilhoso, com um gostoso, que bate


de mil a zero naquele idiota do seu ex. E para variar está cagando
para tentar algo com ele.

— Não quero nada com um homem que sofre pela falecida


esposa, que o fez de corno. E também não quero me envolver com
ninguém, para não ser outro Charles em minha vida.

Amélia voltou a mexer na comida e logo desligou a chama do


fogão.

— Meredith, juro que se você parar de tentar ser feliz por


causa daquele idiota, eu vou te bater.

Fiz de conta que não havia ouvido e voltei a olhar para o meu
celular. Desbloqueei a tela e entrei em minha rede social, e para
variar o destino estava querendo me foder.

Não havia nem cinco segundos que Arthur havia postado uma
foto de um pôr do sol, da sua sala de escritório que reconheci bem e
a legenda era bem sugestiva.
“Talvez o vermelho raivoso do pôr do sol, seja um sinal para
nunca colocar um ponto final em algo que nem aconteceu”

Será que era para mim aquela mensagem?

Ele me chamava de ruiva raivosa, mas não queria dizer nada.


Era só um pôr do sol, que ele quis filosofar.

— Eu jurei que você era a mais corajosa de nós duas —


Amélia comentou.

Encarei-a e suspirei.

— Amélia, não correr atrás de um homem, não significa sinal


de fraqueza. Meu coração foi quebrado, não estou pronta para me
machucar de novo.

— Talvez seja por isso, que Arthur apareceu na sua vida. Pelo
jeito ele é tão ferrado com relacionamentos, como você.

Fiquei em silêncio, pois não queria discutir com Amélia, ainda


mais com ela grávida.

— Irmã — Ela segurou minha mão, enquanto continuou: —


Vai logo atrás dele. Isso não é ser fraca, é só para viver um
momento.

— Eu não o conheço, não irei atrás dele. Foi só uma transa e


nada mais.

— Porra, Meredith! — Amélia soltou minha mão e ficou


emburrada em um canto.

— O dia que eu correr atrás de um homem, pode ter certeza


de que eu não chamarei Meredith e sim sonsinha. — Amélia me
encarou com ódio nos olhos e se virou de costas para mim.

— Vai ficar emburrada? — indaguei.

— Vou, porque eu quero ver você feliz e você quer ser infeliz.

Percebi que ela estava chorando e eu odiava os hormônios


que ela ganhava quando estava grávida.
Saí da bancada e fui até ela. Abracei seu corpo e acariciei
seus cabelos.

— Eu juro que se você engravidar de novo, vou te socar, você


só chora, Amélia.

Ela riu e me encarou com os olhos vermelhos.

— Meu neném não tem culpa de nada.


— Eu sei e ainda sinto que é uma menina.

— Eu também.

Coloquei a mão sobre a sua barriga, que já estava meio


pontuda e acariciei a protuberância.

— Vou ensinar você a dar murro em garotos.


— Não vai.

Encarei Amélia e me rendi:

— Eu vou atrás dele, mas juro que vou tentar não me


envolver, pois já sei que de cama ele dá de vinte a trilhões, em
todos os caras com quem já fiquei. Não quero sofrer, e eu estou
abrindo o meu coração aqui, então não fica com essa cara de riso.
Só estou com medo.
— Só estou rindo, porque estou feliz por você. Eu sinto que
você não vai sofrer com esse. Vocês já são quebrados, então só
juntem os cacos que cada um tem e colem um no outro.

Abracei Amélia e fiquei pensando no que ela disse. Não sabia


se era bom seguir seus conselhos, mas eu poderia tentar.

***

Não foi tão difícil achar o endereço de Arthur. Tudo bem, que
eu havia aparecido na empresa e por sorte encontrei sua irmã
saindo do local. Aquela mulher que tinha cara de poucos amigos,
mas que era linda.
Ela adorou me ver na empresa e quando disse que estava
procurando Arthur, acabou ficando sem jeito de dizer que ele já
havia ido embora.

Sim!

Eu saí de Oxford, no final da tarde de sexta-feira, para ir a


Londres atrás de um homem. Só podia estar doente, pois nem eu
conseguia me reconhecer. E foi lá que Florence me passou o
endereço de Arthur e naquele momento estava parada em frente à
sua casa.

Os muros do lugar eram enormes e pelo que havia visto, tinha


alguns seguranças no portão. Não dava para enxergar a casa, de
onde eu estava, mas eu podia imaginar que era uma mansão que
colocaria meu apartamento no bolso.
Desci do meu carro e caminhei até o portão. Um dos homens,
com cara de malvado, chegou próximo ao portão e indagou:

— Sim?

— Boa noite! — Tentei ser educada, já que não tinha humor,


para seguranças que se achavam. — Eu gostaria de falar com o
Arthur.

O homem soltou uma risada de escárnio e eu quase o mandei


tomar no centro… Era melhor deixar o pensamento para lá, para
não pensar besteira, pois ela podia escapar por minha boca.

— Não está autorizada a entrar, então não a conhecemos e


não vamos incomodar meu patrão.

— Ele sabe quem eu sou — cuspi.


O homem fez parecer que eu não estava à sua frente, parada
como uma idiota. E como eu não tinha muita paciência, peguei meu
telefone e aproveitei que Florence também tinha me dado o número
de Arthur e disquei para ele.

Era muita humilhação, iria matar Amélia quando voltasse para


Oxford. Olha o que aquela grávida chorona fazia com que eu
fizesse.
— Alô? — Arthur atendeu no segundo toque e só de ouvir sua
voz, meu corpo se arrepiou. — Alô?

Percebi que me esqueci de falar alguma coisa e foi aí que


disse:

— Estou na porta da sua casa, tem um brutamonte que nem


quis te chamar para eu me anunciar. E eu nem queria estar aqui, a
Amélia me obrigou, então faça o favor de aparecer antes que eu
pule o muro da sua casa e quebre a cara de ao menos cinco
seguranças antes de eles chamarem a polícia.

O homem que estava na minha frente, ficou pálido, quando


percebeu que eu estava falando com seu patrão.
Arthur gargalhou do outro lado da linha e murmurou:

— Espere aí.

Ele ficou em silêncio e logo ouvi o interfone da guarita tocar.


Em seguida o portão foi aberto.

— Estou te esperando na entrada.

Dizendo aquilo, desligou o telefone, eu encarei o segurança e


pensei se o socaria ou não. Por fim, preferi não agredi-lo, vai que
ele sacasse sua arma e me desse um tiro?!

Entrei em meu carro e dirigi pela estrada de pedra que levava


até a mansão. Assim que vi a entrada da casa, percebi que Arthur já
estava lá me esperando.
Estacionei o carro e saí do automóvel, pronta para eu não
sabia o quê, mas queria contar várias coisas para aquele idiota.

No entanto, não dei nem três passos em sua direção, quando


Arthur avançou em minha direção e me beijou, sem nem mesmo me
cumprimentar.
E só com aquele beijo, eu soube que não tinha perdido a
viagem até ali.

Talvez aquele fosse um passo novo para o meu futuro incerto.


E só vivendo aquilo, eu saberia se estava preparada ou não
para enfrentar meus sentimentos.
Capítulo 20

Teria que ir por partes...

A primeira, era que nas duas semanas que passaram e que


Meredith, parecia fazer de conta que eu não existia, me senti mal.
Não sabia explicar o motivo, mas sinceramente, estava estranho
com aquilo, parecia que a rejeição tinha me abatido e que aquela
mulher não havia gostado da noite que tínhamos passado.

A segunda, foi que eu estava tentando esquecer aquilo, pois


realmente não queria me envolver com ninguém, pois sabia muito
bem que quando nos entregávamos a alguém, aquela pessoa tinha
mais facilidade para nos quebrar, então por qual motivo eu iria
querer aquilo, não é mesmo?

Só que também aquele era um problema, já que parecia que


tudo me lembrava Meredith, desde o nascer do sol até quando ele
estava se pondo. Assim como naquela tarde, que quando enxerguei
os raios avermelhados e dourados, só consegui lembrar-me dos
seus cabelos jogados sobre o lençol branco que havia lhe deixado
na noite que fizemos... não, na noite em que transamos.

Mas aquele se tornava novamente um problema quando


tentava bater na tecla de que não queria nada com ela, porém ao
ouvir que ela estava em frente à minha casa, eu me senti
completamente em choque e feliz ao mesmo tempo.

Só de pensar que ela havia saído de Oxford para conversar


comigo, tudo o que passava pela minha mente, de que não a queria
mudou e naquele momento, com ela em meus braços, devorando os
meus lábios e deixando que eu devorasse os dela, o turbilhão de
emoções já estava fazendo com que eu pensasse em outra coisa.

Sua boca na minha, me dava mais vontade de viver, fazia com


que eu me sentisse mais forte e tivesse mais garra para continuar
em pé.

Não sabia o feitiço que aquela ruiva raivosa possuía, no


entanto estava quase pedindo para que me mostrasse mais do seu
lado quente e também amoroso.

Assim que largou meus lábios, encarou meus olhos e foi


impossível não perceber o quanto seus lábios estavam vermelhos,
devido ao nosso beijo abrupto.
— Acho que se for recepcionada desse jeito, aparecerei mais
vezes.

— Posso pensar em te surpreender todas as vezes que surgir


em meu caminho — brinquei, levando minha boca na sua e
mordendo seu lábio inferior.

— Arthur...

Meredith sorriu, mas no momento que a atacaria de novo, ouvi


um gritinho alegre atrás de mim e fui obrigado a largar o corpo da
ruiva deliciosa.

— Meredith!

Diana apareceu na porta e em seguida estava correndo em


nossa direção. Jogando-se rapidamente nos braços de Meredith que
havia abaixado para abraçá-la.

— Oi, princesa! Como você tá?

— Tô bem e você?

— Tô bem também.

Minha filha tinha se encantado com aquela mulher e não podia


deixar de apreciar aquele contato das duas, já que também tinha me
afeiçoado muito rápido aquela mulher.

— Você veio nos visitar, igual tinha prometido.

Meredith me olhou rapidamente, mas não quis decepcionar


minha filha com alguma resposta dura, por isso, entrou na sua.

— Claro, eu não podia deixar de ver a minha princesinha.


Diana sorriu e abraçou seu pescoço novamente e claro que
por ser uma criança, ela tinha várias pérolas para soltar e acabou
dizendo naquele momento:

— Agora você vai ser namolada do meu papai?

Eu fiquei em choque com a pergunta e percebi o momento


que o rosto da Meredith perdeu a cor a deixando completamente
pálida.

Ela soltou uma risada sem graça e ficou sem responder a


pergunta de Diana que aguardava ansiosa.
— Filha, nós somos só amigos.

Diana me olhou, mas logo voltou a encarar Meredith.


— Eu quelia que você fosse namolada do meu papai.

Meredith engoliu em seco e tentou responder:


— Bom, vamos esquecer esse assunto no momento, ok?

Diana fez uma careta, mas logo assentiu. Tudo para ela
estava bom, então nem tentei interferir mais.
— Então, vem brincar comigo.

Pegou a mão de Meredith e saiu arrastando-a para dentro da


minha casa, sem nem se importar comigo. O que me restou foi
segui-las.

No momento que apontamos na sala, Carmém surgiu e abriu


um sorriso ao ver Meredith.

— Tia, Ca. Olha a amiga do papai, que se tornou minha


amiga, e que tem o cabelo lindo.
— Muito prazer! — Carmém se aproximou e pegou a mão de
Meredith.

֫— O prazer é todo meu.

— Seu nome? — Carmém já sabia, afinal Diana não parava


de falar do cabelo ruivo da "amiga do papai".

— Meredith!
— Ah! Então você é a famosa Meredith que o senhor Arthur
tanto fala?

O quê?

Eu iria matar aquela mulher!

Nem falava de Meredith daquele jeito.


O que ela estava fazendo? Um complô com minha filha sem
noção, só podia ser.

Arregalei meus olhos em sua direção e a única coisa que a


babá fez, foi sorrir em minha direção, de uma forma que dizia que
era para eu ficar quieto.
— Ele fala de mim?

— O tempo todo.

— Carmém... — tentei repreendê-la, mas ela parecia não se


importar em nenhum momento.

Meredith me olhou de soslaio e em sua boca tinha um sorriso


malvado, que quase me fez admitir algo que nem tinha feito.
Já que eu estava pensando nela o tempo todo, depois de levá-
la para a cama, mas nunca verbalizei em voz alta para Carmém.

— Bom saber, riquinho. — Ao pronunciar, minha filha voltou a


puxá-la e deu tempo de ela só dizer a Carmém: — Foi um prazer,
Carmém.
— O prazer foi todo meu.

Esperei que minha filha terminasse de subir as escadas com


Meredith e cerrei meus olhos na direção da babá.

— Ficou maluca?

— Achei que o senhor precisasse de um empurrãozinho.


— Não vou ter nada com ela. Só para deixar claro.

— Estou bem ciente, senhor. Ainda mais depois de um beijo


nada comprometedor que o senhor deu nela.

— Eu só não te demito...

— Porque sou uma ótima babá.


Sorriu para mim e depois saiu, como se fosse a dona daquele
lugar e quem mandava nas regras.

Eu estava cercado de monstros...

E naquele momento, sabendo que realmente estava fodido,


recebi uma mensagem de Florence.

"Espero que sua noite seja quente com a ruiva"


— Caralho! — sussurrei.
Depois subi as escadas e fui para o quarto de brinquedos de
Diana e encontrei Meredith sentada ao chão, brincando de boneca
com minha filha.

— Amiga, vou ao shopping, vamos?


— Claro! Amo shopping.

E com aquilo, a ruiva entrou com sua boneca no carro que


minha filha havia estacionado à sua frente, com a outra boneca que
devia ser a escolhida dela e brincando fielmente, ela encenou,
entrando com toda classe no carrinho e as duas foram para o
shopping, que havia dado recentemente para Diana.

Fiquei parado à porta, encostado no batente, enquanto


observava a interação das duas. Naquele momento, reparando o
quanto Meredith se dedicava a fazer Diana, me senti um pouco para
baixo, por saber que ela nunca poderia ser mãe e demonstrar
aquela quantidade de amor que possuía para um filho seu.

Pelo jeito, mesmo eu querendo evitar aquela ruiva, ela havia


me conquistado e nem precisou de muita coisa, foi só sair de outra
cidade — mesmo sendo uma coração de gelo — e aparecido em
minha casa. E naquele momento, sua dedicação com Diana era a
prova viva que não precisava de mais nada para me sentir feliz.
Acho que realmente tinha sido enfeitiçado. E sem aguentar,
assim que ela me encarou na porta, saí do meu lugar, caminhei até
elas e sentei-me ao lado de Meredith.

Ela me olhou por um momento e eu me perdi em seus olhos.

Será que era aquilo que o destino queria?


Dei uma piscadinha para ela, que sorriu e voltou sua atenção
para minha filha.

Eu iria dar tempo ao tempo, mas talvez a minha mente já


tivesse mudado e talvez todos os pontos que havia colocado em
questão tinham desaparecido.

Droga!

O que eu queria negar?

Queria aquela mulher...

Queria muito.
Capítulo 21

Terminei de ler um parágrafo do livro de conto de fadas e


encarei a menininha que estava deitada ao meu lado. Diana havia
pegado no sono e foi impossível não encará-la por um tempo,
aquela criança era tão doce que fazia meu coração bater mais forte
quando a encarava. No entanto, acabei lembrando que o pai da
menina estava sentado na poltrona que tinha perto da janela e me
observava atentamente.

Fechei o livro, depositei na mesinha de cabeceira do quarto


fofo de Diana, que possuía diversos desenhos de unicórnios pelas
paredes e também de princesas.
Beijei sua testa, tampei seu corpo com o edredom e me voltei
para Arthur que parecia estar orgulhoso do que estava vendo.

Ele acenou em direção à porta e eu o acompanhei. Assim que


saímos do quarto da pequena, ele enlaçou minha cintura com um de
seus braços e aproximando-se do meu ouvido, sussurrou:

— Acho que nesse momento moveria o mundo para lhe fazer


a mulher mais feliz desse mundo.

Meu corpo se arrepiou e eu fui obrigada a questionar:

— Por qual motivo?

— Você faz bem para minha filha e nem precisa de muito para
saber disso.
Abri um sorriso e respondi:

— Ela é uma criança adorável, impossível não fazer bem a


ela.

Arthur me empurrou abruptamente na parede do corredor e


quando perdi o ar com o baque do meu corpo com o concreto, ele
segurou meu rosto entre suas mãos e avançou sobre a minha boca.

Aquele beijo parecia diferente. Tinha mais fogo, mais desejo,


mais desespero. Parecendo que novamente ele estava há anos sem
tocar sua boca em outra boca.

Sua língua brincou com a minha de um jeito mais safado,


fazendo com que meu corpo sentisse vontade de mais, de sentir
suas mãos passando por todas as minhas curvas, de sentir mais
brutalidade.
Só que assim que levei minha mão à sua bunda ele se afastou
e um sorriso diabólico tomou seus lábios.

— Pedi para Carmém pedir um jantar, enquanto você colocava


Diana para dormir. E já chegou.
Mordi meu lábio inferior e o encarei de forma assassina.

— Você me atentou para nada?


— Como não vou deixar você sair dessa casa hoje, então eu
tenho muito tempo para te enlouquecer e depois te foder a noite
toda.

Arthur White sabia como desestabilizar uma mulher. E eu, que


sempre fui forte o suficiente, não estava conseguindo resistir ao
charme daquele filho da mãe.

— Você vai se arrepender por isso — avisei.

— Não prometa o que você não pode cumprir, Meredith.

— Está me desafiando, riquinho?

Elevei uma sobrancelha em sua direção e ele abriu um sorriso


maior.

— Estou!

— Você não vai chegar perto do meu corpo essa noite.

— Isso é o que vamos ver, ruiva sedutora.

— Passei para ruiva sedutora? Cadê o raivosa?

— Hoje esse apelido será esquecido.


Arthur pegou minha mão e começou a me conduzir pelo
corredor. Logo estávamos descendo as escadas e caminhávamos
por um corredor que nos levou a uma sala de jantar.

A casa em que Arthur morava, era realmente uma mansão e


não podia negar que era maravilhosa.

Quando chegamos à sala de jantar, a mesa estava posta e


tinha muita comida para duas pessoas.

— Resolveu comprar o aplicativo de comida inteiro? —


brinquei, enquanto percebia que velas estavam acesas.
— Não sabia o que você preferia, então comprei de tudo um
pouco.

— Tão clichê, riquinho — continuei a implicá-lo.


Daquela vez ele abraçou minha cintura e só aquele contato
fez meu corpo se arrepiar por completo.

Caralho!

Eu já fui mais controlada.

— Uma dose de clichê, para a mulher mais bela que já vi, não
é um crime.
Ele beijou meu pescoço e se afastou, logo puxou uma cadeira
para que eu me sentasse e sem me fazer de rogada, sentei-me no
lugar indicado e logo ele foi até um aparelho e colocou uma música
lenta para tocar, em um volume que não nos atrapalharia conversar.

Logo as luzes da sala de jantar foram apagadas e só as velas


refletiam a iluminação.
Arthur sentou ao meu lado, depositou uma de suas mãos em
minha coxa e indagou:

— Vou te servir. O que quer?

— Me surpreenda, riquinho. Eu gosto de tudo, comida é a


melhor coisa da vida.

— Melhor que sexo?


Soltei uma gargalhada e sem me conter levei minha mão para
o meio de suas pernas, sentindo seu membro ficando ereto.
Massageei por um tempo o local, enquanto Arthur me encarava e
respondi:

— Fica empatado.
— Para quem não quer ser tocada, você está apelando.

— Eu disse que você não vai me tocar, não falei nada sobre
eu te tocar — ronronei, e mordi o lóbulo da orelha de Arthur.

Ele afastou minha mão de seu membro e em seguida serviu


uma quantidade generosa de comida para mim, e depois para ele.
Comemos em silêncio, trocando olhares vez ou outra.

E talvez alguém normal, não percebesse, mas estava rolando


uma tensão sexual pelo ambiente que eu quase não estava dando
conta de cumprir o combinado de não deixar Arthur me tocar.
Assim que terminamos de comer, tomei um gole do vinho que
ele havia me servido. Já que não estava disposta a ir embora aquela
noite. E logo Arthur pegou um pedaço da sobremesa que estava
disposta na mesa e me encarou.
— Essa quem vai servir a você, sou eu.

— Vai me dar na boca?

— Vou — rosnou e eu…

Ah! Não deveria ter sentido minha calcinha molhar, mas senti e
percebi que talvez aquela noite estivesse realmente perdida para
mim.
Arthur depositou a Bannoffe Pie à minha frente, mas a colher
permaneceu em sua mão. Tirou um pedaço do doce e levou direto à
minha boca. Assim que senti o gosto delicioso tomar minha língua,
soltei um gemido e fechei meus olhos.

Senti a respiração de Arthur muito próxima de mim e quando


abri os olhos percebi que ele estava frente a frente, encarando meus
olhos como se fosse a parte mais bonita daquele lugar para ele
encarar.
— Tem certeza de que não posso te tocar?

A intensidade da sua voz me dizia tudo, menos que ele queria


ser calmo comigo naquela noite.

— O que eu ganharia deixando você me tocar?

Ele se aproximou mais de mim, passou sua língua no canto da


minha boca e fez com que um gemido escapasse da minha
garganta, mas daquela vez era por puro tesão.
— Uma noite inesquecível.

Droga!

Aquele homem talvez fosse a minha ruína.


— Se eu tiver uma noite inesquecível, será complicado para
deixar você partir.

— Foda-se, já estou quebrando algumas regras, posso


quebrar a que eu também pensei que nunca seria quebrada.
A curiosidade me tomou.

— E qual seria essa regra?


— A de nunca deixar meu coração me levar.

Encarei seus olhos e não parecia ter nenhum resquício de


mentira neles. Ainda ficava desconfiada com os homens, já que
eles, em sua maioria, sempre manipulavam as mulheres e as faziam
segui-los, para depois destruírem seus corações.

— Prova para mim, que você pode me dar uma noite


inesquecível.

— Te darei mais que isso.


Quando sua boca grudou na minha, percebi que estava em um
caminho sem volta, talvez Arthur fosse a minha ruína…

O homem que me levaria a acreditar em coisas que também


prometi não acreditar mais.

No entanto, nunca, nenhum homem me deixou tão completa


somente com um beijo e Arthur estava conseguindo aquele feito
muito bem.

Arthur White sabia como enlouquecer uma mulher e eu


permitiria que ele me levasse ao céu… aquilo parecia o certo
naquele momento.
Capítulo 22

Não queria ser clichê, mas era impossível, quando seus lábios
me deixavam extasiado, me levavam para outro patamar da
existência.

Meredith talvez fosse a mulher que conseguiu mudar meu


pensamento em questão de segundos e eu não me arrependia em
nenhum momento daquilo. Ela estava fazendo com que eu sentisse
necessidades há muito tempo esquecidas.

A ruiva raivosa, sedutora e perfeita, tinha me levado a


acreditar que talvez eu quisesse novamente ter um envolvimento
com alguma mulher.

Afastei-me dos seus lábios, mas foi impossível não passar


minha língua por sua boca e ver a expressão excitada de Meredith.
Perfeita!

Talvez aquela palavra a resumisse no momento, no entanto,


ainda achava que a perfeição não chegava aos seus pés, já que
parecia que nenhuma palavra existente resumisse o que Meredith
havia se tornado em minha vida.

E aquilo foi em questão de poucos dias, minutos e horas.

Deixei que os pensamentos conflitantes saíssem da minha


mente e puxei a mulher para perto de mim. Aproveitei que uma
música lenta tocava, virei seu corpo para ficar de costas para mim e
comecei a conduzi-la no ritmo da música.

Minhas mãos espalmaram sua barriga e dançamos daquela


maneira. Levei minha boca para seu pescoço e percebi seus braços
se arrepiarem. Meredith apoiou sua cabeça em meu peito e eu
continuei a conduzi-la naquela dança.

Minhas mãos começaram a acariciar sua barriga, mas logo


não resisti, as levei para seus seios e os apertei por cima da regata
que usava.
Continuei beijando seu pescoço e consegui ver que seus
olhos se fecharam e que ela estava se deixando levar pelo
momento.

Desci uma das mãos por sua barriga, enquanto a outra


continuou massageando seu seio. Desci meus dedos até chegarem
ao cós da sua calça, mas acabei não parando por ali.

Ultrapassei a calça e sua calcinha, logo chegando em sua


boceta molhada e passei meu dedo por todo a sua lubrificação.

— Deliciosa, molhada e pronta para mim.

— Arthur — gemeu.

Ela rebolou em meus dedos e eu comecei a penetrar dois


deles dentro da sua vulva, fazendo com que Meredith perdesse a
estabilidade de suas pernas.

— Eu nem comecei com você, Meredith. Já está fraca?


— Me faz gozar...

— Só quando eu achar que está na hora.


Ela me encarou por cima do ombro e cerrou os olhos em
minha direção.

— Não, senhor! Eu quero gozar agora e você vai me dar meu


orgasmo.

Ela levou uma de suas mãos, por cima da calça que usava e
pressionou meus dedos com mais força dentro dela e começou a
rebolar com mais veemência.

— Você é muito desobediente, Meredith — impliquei, mas não


evitei que ela fizesse seu orgasmo vir.

E quando soltou um grito, tampei sua boca com minha outra


mão e continuei penetrando meus dedos dentro de sua boceta, até
que estivessem completamente tomados por seu líquido.
— Vou te levar para minha cama, pois aqui estamos muito
expostos.

Tirei meus dedos de dentro da sua vagina, girei seu corpo de


frente para o meu, para que ela pudesse ver o momento que suguei
meus dedos, provando do seu orgasmo.

— Melhor do que qualquer doce, ruiva.

Ela me encarou com fogo puro nos olhos e esperou o meu


próximo passo. E assim que a peguei em meu colo, seu olhar ficou
um pouco surpreso.
Dei-lhe uma piscadinha e prossegui para o quarto. Assim que
entramos a depositei em cima da cama e em seguida tranquei a
porta.

Ela ficou me encarando, com seus cotovelos apoiados em


meu colchão e com um sorriso endiabrado disse:
— Acho que você pode começar a fazer um striptease.

— Então você quer isso? — perguntei com a entonação de


uma risada.

— U-hum!

Comecei a desabotoar minha camisa e a ruiva passou sua


língua pelos seus lábios, parecendo adorar o que estava
acontecendo.
Antes de tirar a camisa, entrei na brincadeira e tentei dançar
sensualmente para ela, que abriu um sorriso com a minha
brincadeira.
Nunca tinha me sentido tão leve com uma pessoa, como
estava me sentindo com Meredith, mesmo que estivéssemos
próximos de começar uma transa louca. Pois era assim que eu
considerava o sexo com ela. Uma transa louca, gostosa e muito
quente.

— Agora a calça, riquinho.


Fiz o mesmo com a calça, até estar somente de boxer. Passei
minha mão por meu tórax e Meredith me olhava como se quisesse
me devorar.

— Já posso parar de passar vergonha? — perguntei.

— Já pode vir me foder e me dar a noite inesquecível que me


prometeu.

Meu pau enrijeceu ainda mais, quando ouvi suas palavras.


Avancei lentamente sobre a cama e empurrei seu corpo
vagarosamente, para que deitasse sobre o colchão.
Logo tirei a sua roupa, deixando-a completamente nua sobre
os meus lençóis.

Seu cabelo destoava sobre o tecido claro e eu fiquei ainda


mais louco por ela. Desci meu corpo e peguei uma de suas pernas e
comecei a depositar beijos dos seus pés, até as coxas, depois subi
mais até chegar em sua barriga e em seguida em seus seios.
Passei a língua por um de seus mamilos, mas continuei
subindo até chegar aos seus lábios.

Queria aquela boca na minha.


Por isso, grudei novamente nossos lábios e comecei a devorá-
la com um beijo ardente, mas ao mesmo tempo lento. Queria
apreciar aquele momento, aproveitei para devorá-la, mas de forma
calma, de um jeito que faria com que eu me lembrasse do seu gosto
para sempre.

Seus lábios dançaram da mesma forma com os meus, lentos,


mas sem deixar de ser sexy, gostoso, maravilhoso.
Nosso beijo era uma dança suave, que fazia com que eu
quisesse provar a cada segundo mais do seu sabor.

Aquela mulher estava me enfeitiçando de uma maneira, que já


havia mudado todo o meu pensamento sobre relacionamentos em
apenas uma noite.

Soltei seus lábios e perguntei abruptamente:

— Você já fez amor, Meredith?


Encarando meus olhos, ela respondeu sem medo:

— Pensei que em algum momento da vida, tinha feito, com o


meu ex, mas percebo que hoje não foi amor, só enganação.

Assenti e era exatamente aquilo que queria ouvir. Queria ser


único, queria lhe dar experiências novas, queria ser o melhor para
ela.

Talvez eu tenha virado um cachorrinho que só aceitava o que


aquela mulher queria, que parecia tão certo fazer aquilo.
— Posso não ser a melhor pessoa do mundo, mas farei amor
com você.
— Me dê tudo que puder.

— Darei!

E novamente grudei meus lábios. Aquela noite seria


diferente…

E logo para mim que jurou que não acreditava mais em amor
e destino…
Estava mais do que claro que eu era um idiota por ter
acreditado naquilo antes e naquele momento, só queria mais uma
dose de Meredith.

Queria ela para mim.


Capítulo 23

Sentei-me em seu colo e senti quando ele me penetrou por


inteira, mas não fizemos sexo com violência. Eu me movimentava
devagar, enquanto Arthur também, sentindo a sensação do nosso
corpo unido.

Uma de suas mãos parou em minha nuca e enquanto


encarava meus olhos, murmurou, com a voz rouca:

— Você é deliciosa, maravilhosa e nunca acredite em algo


diferente disso.
Arthur juntou meus lábios nos seus e me beijou
carinhosamente e eu não queria sentir aquilo, mas algo estava
diferente, estava mais romântico e melhor. Parecia que tínhamos
sido feitos um para o outro.

Eu sabia que não era amor, mas o que podia ser. Por qual
motivo eu sentia meu coração um pouco mais descontrolado ao ficar
ao lado daquele homem, por qual motivo estava ali na cama dele,
trocando aquela intimidade que não deveria ser permitida para dois
amantes, que queriam só sexo.

Quando gozamos, juntos, gememos e eu deixei meu corpo


cair sobre o seu, suado, grudento, mas nada parecia errado.

Arthur abraçou meu corpo e ficou comigo daquela maneira por


tempo suficiente, para que eu percebesse que amava ser abraçada
por ele. Por seus braços fortes, que pareciam me proteger de toda a
maldade do mundo.
Depois de mais alguns minutos, aproveitando a sensação de
pós-orgasmo. Afastei-me de Arthur e encarei seus olhos claros.

— Diz pra mim que você tem uma banheira na sua suíte? —
Fiz uma expressão pidona.

Arthur abriu um sorriso e respondeu:

— Digamos que tenho…

— Acho que podíamos ir lá, não é mesmo? Já que nunca


tomei banho em uma.

Ele fez uma expressão surpresa e continuou falando:


— Então será uma honra levar você para cumprir uma de suas
vontades.

— Só não me deixa mimada, senão vou me acostumar mal.

— No que puder te mimar, eu irei.

Saímos da cama e Arthur fez questão de me levar para a suíte


em seus braços.
— Você sabe que eu posso andar, não é mesmo?

— Sei, mas estou com vontade de te carregar. Afinal, eu


posso começar a te mimar assim, não é mesmo?
Arthur me sentou em uma das bancadas do banheiro e
começou a encher a banheira com água quente. Aproveitou para
colocar alguns sais perfumados na água e eu me senti muito
importante por presenciar aquilo.

Enquanto ele fazia todo o processo de encher a banheira, foi


inevitável não olhar seu corpo completamente nu à minha frente.
Deus tinha sido generoso para Arthur, lhe deu altura, músculos,
coxas torneadas, uma bunda maravilhosa e um pau…

Bom, era melhor não começar a somar suas maravilhas,


senão estaria ainda mais fodida do que antes de conhecê-lo.

— Eu estou sentindo o seu olhar me fuzilar.

Arthur disse, enquanto virava em minha direção.

— Não é para você se achar, riquinho. Só que você foi bem-


abençoado, quando estavam te criando.
Enquanto a banheira terminava de encher, ele se aproximou
de mim e abraçou a minha cintura.

— Olha quem fala. Perfeita, até quando quer ser uma diaba.
Ele me comeu com seus olhos, que me deixou até um pouco
desconcertada.

— Eu sei que sou maravilhosa. — Tentei não parecer


envergonhada com seu olhar devorador.
— Ainda bem que você sabe.

Novamente, me surpreendendo, Arthur me pegou em seus


braços e levou-me para a banheira. Ele me depositou na água
morna e desligou a torneira, antes que a água transbordasse por
todo o banheiro.
Arthur entrou na banheira e sentou atrás de mim, fazendo com
que eu me encostasse em seu peito. Beijou meu ombro e levou sua
mão para minha vagina e começou a me masturbar ali na água.

— Você não cansa de me dar orgasmos? — perguntei com o


fio de voz que me restava.

— Não! Eu adoro ver você se perdendo, enquanto goza.

E mais uma vez, Arthur me fez ver estrelas com seus dedos e
a cada segundo que passava eu percebia que aquela noite era
realmente inesquecível.
— Vai ser difícil disputar com outra pessoa, Arthur —
murmurei, assim que terminei de me perder em um orgasmo.

— Não quero disputar com ninguém.


Fiquei em silêncio, pois um momento chato recaiu sobre nós.
Eu nem sabia o que estava fazendo ali, não tínhamos nada e ainda
por cima, ele tinha uma filha que parecia me adorar, o que já era um
problema. Não gostava de enganar crianças.

— Meredith?
Fiquei em silêncio, mas Arthur não pareceu gostar da minha
atitude. Como era mais forte que eu, com um giro, conseguiu me
virar de frente para ele e encarou meus olhos.

— O que foi?

Desviei minha atenção, pois naquele momento parecia que


algo estava completamente errado.

Ele segurou meu queixo e voltou-me para ele, fazendo com


que eu encarasse seus olhos, fazendo com que eu não conseguisse
desviar minha atenção em nenhum momento.
— O que foi? — indagou novamente e eu fui obrigada a dizer:

— Não acho que estamos fazendo algo certo.

— Por que seria algo errado?

— Arthur, eu fui machucada por um homem, não fisicamente,


mas emocionalmente que é pior ainda. Difícil de curar a ferida. E
você foi machucado por sua falecida esposa, e talvez eu esteja
falando alguma merda, porém não me sinto bem em sendo uma
foda. Em um momento da minha vida, nunca me importei com isso,
só que agora eu estou machucada e isso — apontei para mim e
depois para ele. — Parece errado.

— Eu sei o que você está querendo me dizer.


— Ainda bem, até porque você tem uma filha maravilhosa,
que eu não quero machucá-la, ou dar alguma esperança, já que
sabemos que crianças amam inovações.

— Eu sei… — Seu sussurro era uma prova de que ele estava


ligado no que eu dizia, mas mesmo assim, estava tão sem saída
como eu.
— Acho que preciso ir embora, não é mesmo? — questionei.

E Arthur negou com a cabeça e depois segurou minha cintura


com mais força.

— Não! Isso não, eu prefiro que nós pensemos em algo e


continuemos assim, mas não quero que você vá embora.

— Mas, Arthur…
Ele levou suas mãos ao meu rosto e declarou:

— Quero te conhecer e quero que você me conheça. Eu não


acredito mais em amor e nem sei se vamos viver algo do tipo, mas
eu também não quero que seja só uma foda, quero mais… e nem
sei explicar o motivo, pois eu jurava que nunca mais queria
envolvimento com ninguém. Quando você chegou aqui, essa noite,
eu já estava dizendo que não era nada demais, só que não precisou
de nem cinco minutos de você em minha casa, para eu querer que
você aparecesse mais vezes, como fez essa noite.
— Você quer me conhecer?

— Quero e quero que você me conheça.

— Não sei se estou pronta para deixar você desvendar um


pouco dos meus mistérios, a única coisa que consigo te falar é que
eles não são legais.

Arthur sorriu em minha direção, de forma meiga e disse:

— Eu já aguentei coisas muito pesadas da vida, tenho certeza


que os seus mistérios serão pesados, já que posso enxergar nos
seus olhos o peso que a vida lhe deu para carregar. Só que se eu
puder ajudar você a carregar, eu farei.

— Arthur… — Senti minha voz falhar e ele colocou um de


seus dedos em meus lábios.

— Eu começo. — Fez uma pausa, acariciou meu rosto e


continuou: — Sou Arthur White, tenho trinta e sete anos, tenho uma
filha linda que eu daria o mundo por ela e morreria por ela. Há dois
anos, perdi a minha esposa, e alguns meses antes descobri que ela
me traía, só que o medo de perdê-la era maior que tudo, então
preferi aguentar a sua enganação que ela sempre jurou que eu não
sabia. Eu a amava muito e quando ela morreu, por estar no lugar
errado e com seu amante, jurei para o mundo que nunca mais
deixaria meu coração acreditar em nenhuma mulher.

Ele fez uma pausa e eu levei uma de minhas mãos ao seu


rosto e fiz o carinho gentil, igual o que ele estava fazendo comigo.

— Estava conseguindo bem, me tornar um monge e não me


envolver com nenhuma mulher, até que uma ruiva linda apareceu e
ela me desafiou, logo um homem que costumava ter tudo o que
queria, ao menos em questões relacionadas a negócios. Essa ruiva
raivosa o tirou dos trilhos e nesse momento, esse homem que
pensou que já tinha tudo planejado para o resto da sua vida, não
sabe mais o que fazer, só quer ficar mais um pouco com essa
mulher linda que ele está olhando.

Eu podia tentar fingir, mas o meu coração estava disparado e


talvez aquele homem estivesse passando pelos mesmos problemas
que eu. Sendo uma pessoa quebrada pelo destino.

— Bom, acho que é a minha vez de falar alguma coisa…

— Seria bom, se você me tirasse desse escuro.

Aproximei a minha boca da de Arthur e o beijei rapidamente,


para só depois tomar coragem de dizer aquelas palavras.

— Eu vou dizer tudo sobre mim e nem sei por qual motivo,
mas alguma coisa me diz para confiar em você e eu quero confiar,
mesmo não achando os homens confiáveis. Fui muito machucada e
deixei de acreditar em coisas, que um dia comecei a acreditar, então
se eu for estranha com você é só por não conseguir…

Novamente Arthur colocou um dedo sobre meus lábios e


murmurou:

— O idiota que fez isso com você, não se parece nada


comigo. Eu prometo ser mais confiável do que esse inútil e não vou
te decepcionar, Meredith.

Respirei fundo e voltei a dizer quando ele permitiu:

— Quero confiar em você. — Sorrio para ele que retribui da


mesma forma. — Eu sou Meredith, uma pessoa que nunca teve um
sobrenome de família, porque nunca tive uma família para chamar
de minha, fui criada junto com minha melhor amiga em um orfanato
aqui em Londres. — Senti meus olhos se encherem de lágrimas,
mas quis contar tudo. Eu queria novamente confiar em um homem.

Amélia disse para eu não me fechar para o mundo, por causa


de Charles e era por isso que estava fazendo aquilo.

— Ela se apaixonou, por uma cilada ao menos era o que


achávamos naquela época. Amélia engravidou, nós fugimos e
passamos por muitas dificuldades. — Abaixei a cabeça, pois o olhar
de Arthur fazia com que eu me envergonhasse do que diria a seguir.
— Sem saber o que fazer, pois Amélia ficou muito mal no início da
gravidez, vendi meu corpo, para poder dar um pouco de conforto a
ela e Jack, durante o tempo difícil. Eu não tive escolha e é isso, se
você puder aceitar uma pessoa que foi capaz de vender o próprio
corpo, talvez possamos seguir em frente, com isso que temos que
ainda não sei o que é.

Não tive coragem de encarar Arthur, mas ao ouvir o que tinha


a me dizer, fui obrigada a voltar enxergá-lo.

— Eu posso não ser a melhor pessoa do mundo, mas também


não sou a pior. Não tenho direito de te julgar e nunca julgaria você
por ter feito o que era necessário no momento para sua
sobrevivência. — Eu só conseguia ver verdade nos olhos daquele
homem. — Queria ter te conhecido antes, eu teria ajudado para não
ter que passar o que passou. E depois de me revelar um pouco dos
seus monstros, só posso dizer que quero te conhecer ainda mais
agora, e se puder irei escolher ficar ao seu lado para isso.

— Você parece ser diferente, Arthur.

— Não sou o melhor, já disse, mas não sou um idiota.


— Só quando quer roubar o pub dos outros — brinquei.

E ele soltou a gargalhada grossa que possuía e que me


deixava a cada segundo mais encantada.

— Acho que o nosso destino quebrado nos uniu para


tentarmos consertar o que está destruído.

— Então eu vou topar pagar para ver — anunciei.


— Eu também.

E daquele jeito, mesmo com muito medo, comecei a entregar


tudo o que podia para Arthur White.

O homem que prometi odiar, mas que me conquistou como


nunca outro conseguiu.
Capítulo 24

Um mês depois

Abri meus olhos e senti uma vontade contagiante de sorrir e


foi exatamente aquilo que fiz. Assim que senti o corpo da mulher
que passou a noite ao meu lado, me abraçando, eu soube que
minha vida estava completamente diferente e que eu queria viver
aquilo.

Há um mês, Meredith e eu destruímos as amarras que nos


impediam de tentar algo novo e talvez eu tivesse que agradecer a
todos que torceram para aquilo, como: Florence, Carmém, Amélia e
até mesmo Oliver que conheci há alguns dias e soube o motivo de
Amélia o amar tanto e ter dado uma nova oportunidade para ele
depois de anos.

Aquele homem faltava se rastejar pela morena que se


considerava irmã da minha ruiva…

Sim!

Eu já considerava Meredith minha, ela só ainda não sabia


nada daquilo, mas não precisava, pois em todos os momentos que
estávamos juntos e até mesmo em cidades diferentes, eu mostrava
para ela o quanto podíamos ser perfeitos e o quanto a venerava.

Acho que já sabia o quanto a amava, em tão pouco tempo, no


entanto ainda não havia dito nada a ela, já que tinha medo de
assustá-la e fazer com que se afastasse de mim.

Encarei Meredith, deitada em minha cama, com sua bunda


maravilhosa à mostra. Senti uma vontade incontrolável de mordê-la,
mas me contive para não acordá-la.
Era melhor observá-la e ver o quanto era maravilhosa. Suas
sardas ficavam com mais evidência de manhã e seus lábios bem
desenhados, quase imploravam para ser beijados.

Droga!

Estava apaixonado demais por aquela mulher.

Ela fazia meu corpo todo reagir só de vê-la em algum


momento do dia. Perfeita e completamente feita para mim.
— Acho que está na hora de acordar, ruiva sedutora —
sussurrei próximo ao seu ouvido e beijei sua bochecha.

— Acho que não quero acordar — murmurou com sua voz


sonolenta.
— E se eu disser que tenho planos para te foder? — indaguei
e ela abriu seus olhos no mesmo momento.

— Então eu devo acordar para isso, certo?

— Meredith, você é um monstro.

— Só penso em sexo e em você, Arthur White.


— Desse jeito o meu pau não vai colaborar comigo.

— Gosto que ele tenha vida própria.


Joguei meu corpo por cima do dela e comecei a fazer cócegas
nela, para ver se parava de ser safada daquela maneira e enquanto
não implorou para que eu parasse, eu não parei.

— Pode me chamar de meu superior.

Fiz um pouco mais de cócegas, até que parei para que ela
conseguisse dizer alguma coisa.

— Sonha, Arthur. Pode sonhar, eu deixo.

Ela me empurrou para o lado e eu caí fingindo ser atingido,


logo ela se sentou e me encarou por cima do ombro.

— O que foi? — perguntei.

— Sabe o que me perguntou ontem?

— Sim.
Eu sabia muito bem ao que ela se referia, e logo que disse as
palavras, minha mente voltou para a noite anterior, em que fui
buscá-la em Oxford para levá-la para minha casa.

Descíamos as escadas para ir até o meu carro e sem saber


lidar com as emoções que estavam me tomando, acabei segurando
seu braço e impedindo de dar mais um passo em direção ao meu
carro.
— O que foi? — perguntou, deixando claro que não entendeu
a pausa abrupta no meio do caminho.

— Sei que eu não acreditava mais em amor, mas a cada dia


que passo ao seu lado, sinto que posso voltar a sentir aquele
sentimento novamente. Por isso, quero dar um passo importante
com você.

Meredith engoliu em seco e ficou me encarando, esperando


que eu dissesse algo, mas estava um pouco preocupado com sua
reação, então fiquei em silêncio.

— Arthur, vou ter que te dar um soco para dizer o que é?


Sorri, pois só aquela mulher para me ameaçar em um
momento como esse.

— Não quero ser agredido, só quero que você seja minha


namorada.
E daquela vez todo o sangue sumiu do rosto de Meredith e ela
ficou em silêncio, meio pálida e não disse nada. Tentou soltar o seu
braço e deixei que ela fosse, pois não queria pressioná-la a nada.

— Vou pensar…
Foi a única coisa que disse, antes de entrar no carro e esperar
que eu tomasse a direção para irmos para Londres.

E agora ela me olhava, quase que da mesma forma, mas ao


menos em seus olhos tinha algo mais.

— Eu aceito ser sua namorada.

Um sorriso surgiu em seus lábios e o meu coração disparou


com aquilo.
— Você tá falando sério?

— Claro que tô, senão eu nem teria dito nada.

— Ah, caralho!

Pulei sobre ela e grudei nossos lábios, eu precisava que ela


aceitasse aquilo e agora podia provar para ela que a vida podia ser
boa, como ela me provava a cada dia mais que eu fui um idiota por
parar de acreditar no amor.

— Você me faz o homem mais feliz desse mundo, porra!

Sem deixar que ela falasse algo, grudei nossas bocas e a


beijei da melhor forma que sabia. De um jeito que era para tirar todo
o seu fôlego, deixá-la desconcertada, molhada e louca por mim.
Meredith tinha me provado que era única e eu era um puta de
um homem sortudo por tê-la em meu pequeno mundinho.

— Vamos tomar um banho e contar para Diana essa pequena


proeza.

E foi o que fizemos em seguida, depois do nosso banho e


mais uma rodada de sexo, nos vestimos e foi a primeira vez que vi
Meredith com um vestido e quase que não permiti que ela saísse do
quarto, pois a achei tentadora demais.

— Está linda — murmurei, antes de entrar no quarto de Diana.

— Se falar isso mais uma vez, vou te bater.

— Mulher que não aceita elogio.


Abri a porta e minha filha já estava acordada, mas ainda
deitada, no entanto assim que viu Meredith ela pulou da cama e
correu na direção da ruiva.

— Oi, Meredith!
— Oi, princesa. — Meredith a pegou no colo e apertou seu
nariz, algo que já tinha percebido que era sua mania. — Como
passou a noite?

— Bem, e você?

As bochechas da minha namorada coraram, sim agora eu


podia dar um rótulo e fiquei feliz com aquilo.

— Bem também!
Claro que tinha passado bem, tínhamos feito sexo igual dois
malucos que estavam há séculos sem fazer nada e olha que nem
tínhamos passado uma semana longe um do outro, foram somente
quatro dias.

— Fico feliz em saber disso. Você vai ficar aqui em casa hoje?

Diana com sua curiosidade nata, indagou, e ficou aguardando


a resposta de Meredith.

— Vou passar o final de semana todo.


— Obá! Vamos blincar de várias coisas juntas.

— Ah, com toda certeza!

Achei por bem, interrompê-las para anunciar a Diana o que


tínhamos ido fazer ali.

— Filha, precisamos falar com você.


— O que foi?

Encarei Meredith e assenti em sua direção.


— Seu papai e eu estamos namorando e queremos saber o
que você acha disso?

Vi o momento que os olhos claros da minha filha brilharam e


ela soltou um gritinho alto.

— Obá! Obrigada, Papai do Céu, por ter me ouvido.

— Isso quer dizer que você estava pedindo a Deus para que
eu namorasse a Meredith?

Minha filha virou em minha direção e assentiu, continuando a


falar:

— Eu tô tão feliz.
Abraçou Meredith com força e a ruiva me encarou. Talvez eu
estivesse na melhor fase da minha vida. Onde eu poderia amar
alguém que merecia ser amada e tinha certeza de que me daria a
quantidade de amor necessária para me tornar o homem mais
realizado daquele mundo.

— Nós estamos felizes!


Abracei as duas e fui contemplado com sorrisos genuínos das
duas mulheres que fariam minha vida melhor a cada segundo a
partir daquele dia.
Capítulo 25

Arthur, Diana e eu estávamos passeando por um dos diversos


parques de Londres, onde eu segurava a mão da pequena criança
que eu já gostava tanto e ele segurava a outra.

Estávamos passeando como uma família feliz e aquilo me


remeteu há um tempo que pensei que poderia construir uma família
para mim, no entanto naquele momento eu sabia que não podia ser
mãe.

Só que mesmo assim uma felicidade extrema havia tomado


meu peito, só por saber que iria conviver com uma menina tão
maravilhosa quanto Diana.

Não sabia se Arthur seria enfim a parte que eu procurava para


completar o que sentia falta, no entanto estava esperançosa que
daquela vez eu podia ser feliz.

Eu pensei muito na noite passada, enquanto ele havia pegado


no sono se aceitava o seu pedido de namoro. O problema era que
eu queria muito ter novas experiências de relacionamento. Já que
eu só tive uma, com um idiota que não me aceitou do jeito que eu
era.

E Arthur parecia querer aceitar a Meredith problemática e até


a legal que às vezes vivia dentro de mim.

Fui tirada dos meus devaneios, quando o telefone de Arthur


tocou e ele atendeu:

— Fala, maninha?

Teve uma pausa para ele ouvir o que Florence queria. Desde
quando começamos a nos envolver vi sua irmã somente duas
vezes, mas nas vezes que a vi, ela demonstrou que só tinha a cara
de poucos amigos, mas que era uma mulher muito legal.

Adorava saber que ela tinha o gênio forte como o meu e que
também gostava de acabar com a vida dos homens.
— Se puder ser na segunda, pois esse final de semana estou
aproveitando com a Diana e a Meredith.

Ele me olhou e logo me deu uma piscadinha e claro que eu


estava parecendo uma bobinha melosa, quase me derreti com
aquele pequeno gesto.
Bem que as pessoas falavam, que chegávamos em um
momento da vida, para pagarmos a língua de tudo que éramos
contra e eu estava me sentindo assim naquele momento.

— Ótimo! — Assim que finalizou a ligação, Arthur me olhou e


murmurou: — Minha irmã mandou um beijo para as duas.

— Obrigada! — respondi, mas logo indaguei: — Aconteceu


algum problema na empresa?

— Não. É só que o terreno para a construção da escola em


Oxford foi comprado e a Florence quer que eu termine de assinar
alguns documentos, mas vou fazer isso somente na segunda.

— Então quer dizer que não preciso mais me preocupar com


meu pub?

— Não precisa. — Arthur abriu um sorriso e eu brinquei.

— Então, agora vou embora, já que consegui o que queria.

Só que acabei esquecendo que tinha uma criança do nosso


lado, que ainda não entendia brincadeiras sarcásticas.

— Você não vai ficá com a gente?

Diana me encarou com os olhinhos banhados de lágrimas e


eu senti meu coração se partir.

— Meu amor, pelo amor de Deus! — Ajoelhei-me à sua frente


e Arthur também se abaixou preocupado com a filha. — Eu estava
brincando, eu vou ficar com vocês para sempre, só se seu pai me
expulsar da vida dele para não ficar com vocês. Não precisa chorar!
Eu juro que estava brincando.
— Plomete?

— Sim!

Abracei-a, quase sentindo o chão sumir sob meus pés, nunca


pensei que aquela menininha iria ficar daquela forma com uma
brincadeira idiota minha.

— Filha, a Meredith adora fazer piadinhas, se acostuma com


isso tá bom?
Diana se afastou do abraço que estava me dando e assentiu
para o pai, logo passei minha mão por suas bochechas e enxuguei
suas lágrimas.

— Não vou deixar vocês. Juro de dedinho.


Estendi meu dedo para ela, que acabou juntando o seu no
meu e abriu um sorriso gigante em minha direção.

— Eu acledito em você.
Voltou a me abraçar e eu me senti melhor, depois de ver que
ela tinha se acalmado mais.

Diana tinha se tornado um pequeno pedaço do meu mundo e


eu seria a mãe que ela não teve, se aquilo não incomodasse Arthur.
Assim que nos levantamos, Arthur beijou a cabeça da filha,
em seguida chegou próximo a mim e sussurrou em meu ouvido:

— Eu ouvi o para sempre... promessas são dívidas.

— E eu costumo cumprir com as minhas — respondi de forma


convicta.
Arthur me encarou com um sorriso e assim que foi dizer algo,
foi completamente impedido por dois caras que se aproximaram
rapidamente de nós.

— Passa o celular!

Assim que vi o que estava acontecendo, percebi que os dois


homens mascarados estavam com armas em suas mãos.

Diana soltou um grito, fazendo com que um dos homens


perdesse o controle e gritasse mais alto, chamando atenção das
pessoas que estavam ao redor e fazendo com que elas se
desesperassem.

Com razão, já que estávamos em um parque cheio de


crianças curtindo o seu final de semana. Puxei Diana para trás de
mim e fiquei à sua frente.

Um dos ladrões me encarou e apontou a arma em minha


direção e mesmo que Arthur já tivesse passado o celular para eles,
o homem pegou a arma destravou e naquilo eu vi o fio da minha
vida passando à minha frente.
— Não! — Arthur gritou e assim que eu ouvi o estalo, ele se
jogou sobre mim e Diana.

Os dois homens saíram correndo e ao longe eu conseguia


ouvir o assovio do apito dos policiais do parque.
O impacto no chão me deixou meio tonta, mas logo meus
sentidos já estavam normais.

— Diana, você tá bem? — gritei.


— Tô! — A menina respondeu, mas estava chorando era
perceptível.

— Arthur?

— Hum...

Ele gemeu e eu que já não estava com a minha sanidade


legal, comecei a pirar de vez.
— Arthur! — gritei e apoiei minha mão sobre a sua camisa e
assim percebi que estava empapada de sangue.

Consegui desvencilhar-me do seu corpo e percebi que a


manga de sua camisa estava cheia de sangue.
— Ah, meu Deus!

Fiquei completamente maluca por vê-lo machucado.


— Papai! — Diana gritou e eu...

Eu perdi todos os meus sentidos...


Arthur levou um tiro.

Um tiro que era para mim...


Tudo ficou escuro e não consegui ver mais nada.
Capítulo 26

Senti o cheiro característico de algo que eu odiava: hospital!

Aquilo me lembrava quando Amélia e eu, passamos uma boa


parte da nossa vida ali, com Jack doente, mas ainda bem que um
milagre aconteceu em nossa vida e nosso menino ficou bem.
Assim que abri meus olhos a primeira pessoa que vi, com sua
barriga pontuda, foi a minha irmã e ela parecia bem preocupada.

— Como você está? — Foi a primeira coisa que ela me


perguntou.
— Estou bem! — sussurrei, tentando lembrar o motivo de eu
estar naquele hospital.

— Ainda bem, você me deu um susto danado.


Sorri para ela, mas logo o choque de realidade me bateu e
meus olhos se arregalaram.

— Cadê a Diana? Cadê o Arthur... — E as lágrimas que havia


muito tempo que não derramava começaram a escorrer por meu
rosto. — Ah, meu Deus! Amélia, o Arthur morreu?

— Meredith, acalme-se. — Amélia pediu, mas eu sentei-me na


cama e vi que estava com um acesso, onde o soro entrava em
minhas veias.

Tirei-o sem esperar e pulei da cama, ficando tonta pela


brusquidão dos meus movimentos, mas logo consegui me manter
em pé.

— Onde ele está? — gritei.

— Tá tudo bem, irmã. O tiro pegou de raspão e já fizeram os


procedimentos com ele, Arthur só está dando um depoimento, na
sala ao lado, mas está bem.

Meu mundo começou a ganhar um pouco mais de cor e eu


consegui sorrir, mas logo me lembrei da minha garotinha.

— E a Diana?

— Está no corredor com a tia dela.

— E quanto tempo fiquei desacordada para você estar aqui?

— Mais de uma hora.


Abracei Amélia e novamente deixei as lágrimas caírem.

— Eu fiquei com tanto medo, quando vi que ele estava com


sangue por todo o lado. Eu pensei que ele iria morrer, Amélia.

Minha irmã me abraçou.

— Eu sei, quando amamos alguém tudo parece pior do que é,


mas o Arthur está bem.
— Posso vê-lo?

— Agora que você já arrancou o seu acesso, acho que pode.


Sorrimos uma para a outra, depois que me afastei do seu
abraço e ela me ajudou a sair do quarto. Uma enfermeira que
passava por ali, assustou-se quando viu que eu não estava mais no
meu leito.

֫ Menina, volta para a cama. O Doutor Sanders tem que falar



com você.

— Tá, ele pode falar comigo, mas antes eu vou ver o Arthur,
cadê ele?

A mulher revirou os olhos e olhou para o meu braço que


estava com um pouco de sangue, de onde estava o meu acesso.

— Primeiro vou fazer um curativo em você.

— Olha aqui, enfermeira. Eu tô bem, quero ver o meu


namorado, não me irrita, senão eu...

— Namorado? — Amélia perguntou.

— Eu tô bem aqui. — E Arthur respondeu no mesmo


momento.
A voz rouca de Arthur ressoou pelo ambiente e eu me esqueci
de todo o resto. Estava parecendo uma bobinha apaixonada, que
ridículo, mas ao menos estava gostando daquela minha versão.

Quando olhei para seu braço e vi que ele estava enfaixado,


soltei-me de Amélia e me aproximei do homem que eu queria para
sempre.
— Eu fiquei com tanto medo — declarei, sem me importar se
aquilo faria com que eu me parecesse fraca.

— Eu também!
Arthur levou sua mão boa até meu rosto e secou uma lágrima
que escorreu.

— Como está a Diana?


— Está bem, Florence a levou para casa, para não deixá-la
nesse ambiente chato.

— Que bom! E você?

— Estou melhor agora que te vi em pé e querendo agredir


uma enfermeira.

Sorri para ele e lhe dei um selinho, que não demorou nada,
mas que ao menos fez com que eu percebesse que ele era real.
— Olha, tô achando super fofo, vocês se amando e tal, mas
que história é essa de namorado?

Amélia apareceu do nosso lado, com uma expressão curiosa.

— Ele me chamou para namorar, não aceitei de primeira, mas


nessa manhã eu disse sim.
— Até que enfim que você quebrou o gelo do coração dessa
mulher, Arthur. — Amélia sorriu para ele, mas logo fechou a
expressão e apontou o indicador para ele: — No entanto, se você
fizer com que ela sofra, eu vou ser pior que ela, e acabarei com o
seu rosto bonitinho.

— Eu juro que tentarei ser o melhor namorado. Até tomei um


tiro por ela.
Senti novamente uma onda de choro me tomar, mas antes
que eu pudesse começar a chorar, o tal doutor Sanders apareceu.

— O que a senhorita está fazendo fora da cama?

— Doutor, longa história!

— Pois acho bom que volte, pois nós queremos o melhor para
o seu bebê, não é mesmo? Então a senhorita precisa de repouso.
Pois teve um momento muito traumático.
Olhei para ele sem entender e olhei para a Amélia.

— Doutor, mas acho que a Amélia está bem.

O homem me encarou sem entender nada, a sua testa estava


franzida e parecia que ele estava vendo um extraterrestre ao invés
de uma pessoa linda como eu, falando com ele.

— Do que a senhorita está falando?


— Acho que está óbvio, a Amélia está grávida, mas ela não se
assusta tão fácil. — Voltei-me para minha irmã, que também não
estava entendendo nada e indaguei: — Você está bem, não está?

— Sim — respondeu convicta.


— Ela tem algum problema psíquico? — O médico perguntou
e eu quase me aproximei dele, para socar sua cara.

Arthur soltou uma gargalhada, mas assim que o encarei ele


ficou sério e disse para o médico:
— Não, doutor, mas é que nem estou entendendo o que o
senhor está falando.

— Meu Deus! Vocês não sabem?


— Doutor, estou começando a perder a pouca paciência que
tenho.

— A senhorita está grávida.


E foi aí que soltei uma gargalhada, porque não tinha mais
nada para fazer a não ser sorrir daquele médico, que parecia adorar
fazer piadas controversas.

— É impossível, eu não posso ser mãe.

— Mas os seus exames de sangue constataram sua gravidez.


Podemos refazer, caso queira.

Encarei Arthur e novamente uma ansiedade descontrolada me


tomou.
— Então eu quero que refaça, porque até há alguns meses eu
fiz exames que disseram que não posso ter um bebê. Que piada de
merda é essa?

— Fique calma, vamos fazer outro teste.

Só que não tinha como ficar calma, eu não podia ser mãe…
E se eu pudesse em um piscar de mágica, só poderia ser um
milagre, certo?

Será que eu teria um bebê?


Arthur segurou minha mão e eu soube que eu precisava do
seu apoio mais que tudo naquele momento.

— Vai dar tudo certo! — Arthur sussurrou e Amélia segurou


minha outra mão.

— Vai mesmo.

E com aqueles dois do meu lado, eu soube que não estaria


desamparada naquele momento.

E era só daquilo que precisava.


Capítulo 27

Encaramos novamente os exames e eu ainda sentindo um


pouco de dor no braço que havia levado o tiro de raspão, tentei
esquecer aquilo e encarei Meredith que estava em choque com a
notícia.

Ela ainda não acreditava que estava grávida, depois de


acreditar por tanto tempo que não podia ter um bebê.

— Linda? — Aproximei dela e acariciei sua bochecha que


estava gelada, como se estivéssemos no meio da neve, sem
nenhuma proteção.
— Como pode ser possível?

— Meredith, talvez tenha acontecido um milagre. Não é


mesmo?
Amélia que também estava ao seu lado, virou para o doutor e
perguntou.

— Acho muito uma pessoa que tem o diagnóstico que ela


teve, recebê-lo por um engano e depois de alguns meses estar
esperando um bebê. Na minha opinião algo está errado.

Algo estranho passava por minha mente, mas não queria


verbalizar aquilo, para não deixar minha namorada pilhada.

— Posso fazer um ultrassom, para ter certeza, doutor? —


Meredith perguntou.
— Claro, vamos lá!

E assim fomos para a sala de ultrassonografia e mesmo


depois de o médico mostrar algo bem pequeno na tela, que não
dava para decifrar, Meredith ainda não acreditava.

— Arthur, eu juro que não menti para você.

Quando saímos da sala, com o ultrassom impresso nas mãos,


entendi qual era o seu problema.

— Ei? — Parei no meio do caminho e fiz com que olhasse em


meus olhos. — Não estou duvidando de você. Eu acredito em você,
mas agora quero que pare de pensar besteiras e fique feliz.

— Mas...
— Não existe um "mas" Meredith. Você vai ser mãe, eu vou
ser pai e vamos cuidar do nosso bebê muito bem.

Sorri para ela, no momento que um leve sorriso surgiu em


seus lábios.
— Eu vou ser mãe — constatou.

Ela olhou para a amiga e sorriu para Amélia, depois se voltou


para mim e me abraçou delicadamente para não me machucar
ainda mais.

— Vamos ser pais.

— Sim!

Meredith sorriu como se estivesse em um mundo diferente.


Onde só naquele momento ela percebeu que seria mãe e que
precisava anunciar para o mundo todo o que estava acontecendo.

— Eu vou ser mãe!

Gritou e todos olharam assustados para ela, mas no momento


que iriam repreendê-la, perceberam sua felicidade e sorriram para
ela.

Quando fomos liberados do hospital, depois do meu


depoimento e claro que para estragar a felicidade de Meredith, ela
também teve que depor, fomos embora.

Amélia preferiu ir embora para Oxford, já que Oliver tinha ido


buscá-la. Claro que ela e Meredith ainda pularam de alegria na porta
do hospital e só depois disso, despediram-se para que cada uma
seguisse suas direções.
E quando chegamos em nossa casa, assim que Diana nos viu,
desabou a chorar.

— Eu pensei que vocês iam morrer — chorou e Meredith a


abraçou, já que eu não estava podendo forçar demais o meu braço.

— Estamos bem, minha princesa.

Meredith tentou acalmá-la e por fim conseguiu, depois de


prometer um chocolate se ela parasse de chorar.
— Como vocês estão? — Florence perguntou, nos olhando
com alívio.

— Bem, só estou sentindo um desconforto, no lugar que o tiro


pegou.
— Ainda bem que foi de raspão — comentou, voltando sua
atenção para Meredith e sorrindo para ela. — E você, cunhadinha?

— Estou bem, em um primeiro momento pensei que tudo tinha


ido para os ares, mas agora mais controlada, só posso agradecer
por algo pior não ter acontecido.

— Isso é verdade.

Florence depositou uma de suas mãos no ombro de Meredith


e afagou o lugar.
— Temos uma notícia para dar a vocês — Meredith anunciou
imediatamente. — Carmém, vem aqui? — gritou.

Logo a babá de Diana apareceu.

— Não vi que tinham chegado, como estão? — E já foi


fazendo a sua tempestade em copo d'água.
— Estamos bem — comuniquei.

— O que quelem dizer? — Diana nos interrompeu.

Meredith me olhou e eu assenti para que ela contasse.

— O que você acha de ser uma irmã mais velha?


Os olhos de Diana brilharam e ela respondeu:

— Malavilhoso, eu vou poder bincar e nem vou precisar ficar


fazendo amigos, porque já tenho com quem bincar.

Soltamos uma risada, mas Florence acabou indagando:

— O que estão querendo dizer?


Segurei a mão de Meredith e anunciamos juntos.

— Vamos ser papais.

— Obá! — Diana gritou.

Carmém comemorou e Florence abriu um sorriso gigantesco.


— Para quem evitava compromissos você está ótimo,
maninho.

— Eu sei — respondi com orgulho.

Olhei para Meredith e senti meu coração perder algumas


batidas. Se algo tivesse acontecido com ela, acho que meu mundo
perderia tudo o que construí até ali.

Aquela mulher tinha me ensinado a amar novamente e eu não


conseguia mais viver sem ela.
Eu precisava dela, necessitava dela, morreria por ela se fosse
necessário.
Depois de várias comemorações, tanto por estarmos bem,
quanto pelo neném que estava a caminho, jantamos e Florence foi
embora. Carmém colocou Diana para dormir e Meredith e eu fomos
descansar.

— Quer que eu ajude você a se banhar? — Meredith,


perguntou.
— Quero sim.

Ela se aproximou de mim e me deu um leve beijo. Foi


começar a me ajudar a tirar minha roupa, mas segurei um de seus
pulsos, com a única mão que estava boa.

— Antes quero te falar uma coisa.

— Claro!
Seu olhar ansioso demonstrava que ela estava por um fio e se
fosse algo que ela não suportasse, iria desabar.

— Quero que saiba que quando te vi desacordada, pensei que


você tinha sido ferida e eu senti como se o chão me engolisse, só
de imaginar viver em um mundo que não tenha uma ruiva maluca,
sedutora, raivosa, maravilhosa.

— Arthur...

— Me escuta, deixa eu dizer tudo que está entalado na minha


garganta. — Ela assentiu e permaneceu em silêncio. — Eu jurei que
não acreditava mais no amor, fui traído pela minha esposa, ela
morreu por estar com o amante dela e quando começamos esse
relacionamento, você sabia que eu tinha alguns problemas com
isso. Só que hoje, quando toda essa merda aconteceu, a única
coisa que tinha certeza era de que eu queria você comigo, não
podia te perder, porra!

Beijei seus lábios de forma lenta, mas eu precisava tirar todas


as palavras que estavam grudadas em meu coração para contar a
ela.
— Eu não me vejo mais vivendo sem você e agora teremos
um bebê que nem sabíamos que podíamos ter, mas que já estou
amando. Eu estava disposto a te falar hoje mesmo, que mais para
frente eu adotaria um bebê com você, se fosse para vivemos juntos
e você ser completamente feliz. Só sei que te quero de todas as
formas, com todas as suas imperfeições, eu te quero e quero que
você me aceite desse jeito quebrado que eu sou... Eu te amo, ruiva!

Ela ficou em silêncio, encarando meu rosto como se eu


tivesse sido algum santo que havia descido do céu.

— Agora você já pode dizer alguma coisa — murmurei.

Ela tirou o vestido que usava e eu não entendi nada. Aquela


mulher só pensava em sexo, puta que pariu!

Só que fazendo com que eu quebrasse a cara, ela pegou


minha mão boa e levou à sua barriga, que ainda nem tinha sinal de
um bebê.

— Quando eu soube que não poderia ser mãe, uma tristeza


me tomou de uma forma que nunca imaginei que poderia ficar
daquele jeito. O embuste jurou que estaria ao meu lado me
apoiando, não passou muito tempo para eu ser abandonada por
esse mesmo motivo. Eu quis não acreditar em amor, eu quis nunca
mais amar ninguém, porque amar dói e eu não queria mais sentir
dor.

Ela fez uma pausa, deixou que uma lágrima escorresse por
seu rosto e prosseguiu:

— Eu te odiei quando te conheci, nunca passou por minha


cabeça que nós iríamos nos beijar, transar, fazer amor, namorar e
nem que você me daria uma filha, que nesse caso é a Diana. Só
que você me deu isso tudo e sim, eu considero a sua filha a minha
filha, eu já estava pronta para doar todo o amor de um filho para ela,
agora terei que doar para duas crianças, porque vamos ter outro
filho ou filha. E eu quero que você saiba, que não foi muito difícil
perceber o quanto eu também te amo. Você me tratou de forma
única, Arthur. Não tem como não te amar.

— Quer dizer então que você também já me amava em


segredo? — perguntei sem acreditar.

— Sim, seu riquinho metido.

— Eu nunca mais vou te deixar, está me ouvindo?


— Não quero ser deixada.

Beijei sua boca e agradeci mentalmente para o destino, ele


era um filho da puta na maioria das vezes, porém tinha me tornado
um homem alegre e realizado novamente.

Um homem que amava e era amado.


Capítulo 28

Quando peguei as provas que precisava, quase não acreditei.


Arthur já havia cicatrizado seu braço, quando fui ao laboratório onde
fiz meus antigos exames e lá comprovava que eu realmente nunca
tive problemas em engravidar.

Meus exames tinham sido adulterados.

E eu não queria acreditar, mas era a verdade.

Liguei para Arthur e ele não me atendeu, então liguei para


Amélia.

— Oi! — Atendeu no quarto toque.


— Aquele desgraçado mentiu para mim.

— O Arthur?

Revirei meus olhos com a sua constatação.

— O Arthur não é um desgraçado, Amélia. Quem mentiu para


mim, foi aquele filho da puta do Charles e aquele médico que ele
tanto confiava e sempre disse que era seu braço direito.

— Como assim?

— Vim ao laboratório que fiz os exames que segundo aquele


médico que vou fazer questão de processar e se possível colocá-lo
na cadeira, e olha que legal, nos exames passados que fiz, não
consta que eu tenho problema com gravidez. Você tem noção do
que está acontecendo?
— Desgraçado, vamos colocar os dois na cadeia.

— Eu vou à empresa dos papais dele, esfregar que já sei da


idiotice que ele fez.

Amélia soltou um grito pelo outro lado da linha.

— Ficou maluca?

— Claro que não! Ele pensou que poderia fazer uma idiotice
dessas comigo que eu nunca descobriria?

— Meredith, você nunca me escuta, mas dessa vez me


escuta. Não vai lá, se o Charles foi capaz de fazer isso, ele é capaz
de fazer qualquer coisa.

— Amélia, eu vou lá.


Desliguei o telefone e entrei no meu carro com ódio. Antes de
dar a partida, mandei uma mensagem de voz para Arthur.

— Descobri que o filho da puta do Charles me enganou. Ele e


a porra do médico em que fomos forjaram meus documentos. Eu
não sou uma mulher calma, você sabe muito bem. Vou na empresa
daquele desgraçado quebrar a cara dele. Mas só quero que saiba,
caso eu seja presa, que eu te amo e que eu não me arrependo de te
amar, na verdade eu tô muito feliz por te amar.

Parei de gravar a mensagem e parti em direção à empresa


dos pais de Charles. Aquele desgraçado ouviria poucas e boas para
aprender a nunca mais me enganar.

Assim que estacionei o carro em frente a empresa que


Charles trabalhava, fui caminhando em direção ao lugar. A
recepcionista me conhecia, então quando me viu sorriu.
— Senhorita, Meredith!

— Oi, Olivia.
— No que posso ajudar?

— Quero falar com o Charles.


— Claro! Vou ver se ele pode atender à senhorita.

— Fala para ele que ele vai me atender — esbravejei,


chamando atenção dos seguranças.
Olivia interfonou para Charles e logo recebeu alguma
resposta, assim que desligou, murmurou:

— Ele disse que a senhorita pode subir.


— Obrigada!

Caminhei em direção aos elevadores, e assim que entrei


apertei o botão do último andar. Precisava colocar aquela história
em pratos limpos. Quando saí no corredor, o filho da puta que um
dia jurei amar, estava me esperando.

— Meredith, que surpresa!

Sorriu e estendeu a mão em minha direção, algo que não


retribuí. Os funcionários me conheciam, então todos que me viam
por ali, começaram a fuxicar com os outros.
Ele tinha me trocado por outra, provavelmente era isso que
falavam uns com os outros, mas não me importei em nenhum
momento com o que achavam ou não.

— Como pôde? — gritei no corredor, chamando ainda mais


atenção das pessoas.
— Meredith, não dê uma de maluca, eu já disse o motivo de te
largar.

Revirei meus olhos e vi alguns funcionários curiosos sorrindo


em minha direção. Eles estavam gostando do meu pequeno show.

— Se enxerga, Charles. Eu nunca me humilharia nesse


quesito. Eu quero saber como você e aquele filho da puta do doutor
Harry puderam alterar meus exames mentindo que eu não podia
engravidar?

O burburinho aumentou, até que Benjamin surgiu. O papai


querido e puxa- saco de Charles.
— O que está acontecendo aqui? — Me olhou com nojo.
— Que bom que o senhor chegou, para saber o que seu
filhinho querido fez…

— Cala a boca! — Charles gritou, cortando-me no mesmo


momento.

— O que essa qualquer está querendo dizer, filho?

— Não sei, papai. Ela vai embora daqui agora.


— Eu não vou embora, enquanto você não disser por qual
motivo fez aquele médico de merda mentir que eu não podia
engravidar?

— Que palhaçada, garota. Isso é porque você descobriu que


Charles será pai?
Encarei aquele velho nojento e gritei em sua direção.

— Não, eu não estou aqui me humilhando para o seu filho, por


ele ter me deixado e em pouco tempo já estar com outra mulher e
com um filho a caminho. Quero saber o motivo de um médico que
ele me levou, falou que eu não podia engravidar, sendo que os
mesmos exames que me mostraram anteriormente, estão aqui. —
Peguei os papéis em minhas mãos e mostrei para eles. — Isso
prova que meus exames foram falsificados e eu conheço muito bem
a índole do seu filho agora, para saber que ele mentiu para mim.
— O que você quer? — Charles esbravejou e continuou
gritando, completamente descontrolado: — Eu falsifiquei mesmo, e
falsificaria de novo. Você nunca aceitaria enganar os meus pais,
com alguma inseminação artificial e se eu não tivesse uma mulher
que engravidasse eles nunca passariam a presidência da empresa
para mim. Então, me separei e arrumei alguém que aceitou uma boa
quantia em dinheiro e que também aceitou ser mãe de um filho que
não é meu.

O elevador abriu e a polícia chegou e eu fiquei sem entender,


mas no momento que vi o detetive que era amigo de Oliver e
Thomas entrar no lugar, eu soube que ali tinha dedo de Amélia.
— Que merda você está dizendo, Charles? — Benjamin o
olhou incrédulo.

— Essa é a verdadeira face do seu filho — respondi, no


mesmo momento que Charles tirou uma arma da sua cintura.

Senti meu corpo todo gelar e os funcionários, que em um


determinado momento estavam adorando observar a briguinha de
família, começaram a temer por suas vidas e arruaça começou.

— Era para você estar morta, mas o seu namoradinho tinha


que entrar na frente — revelou e eu fiquei ainda mais em choque. —
Eu sabia que logo você saberia que podia ficar grávida, então eu
precisava mandar te matar, mas claro que o salvador da pátria que
você arrumou, tinha que entrar na frente e o filho da puta nem
morreu.

— Não acredito que você fez isso — sussurrei, mas pela


primeira vez, temi Charles verdadeiramente.

Ele foi capaz de mandar me matar em um assalto, e naquele


momento eu estava grávida e não queria que nada acontecesse
com meu neném.
— Mas fiz.
Como nos enganávamos com as pessoas, era uma pena, pois
eu verdadeiramente havia acreditado nele em uma fase da minha
vida.

— Rapaz, solte a arma.


— Eu vou matá-la — gritou descontrolado e meu coração
disparou.

— Tenha calma, não compensa tirar a vida de uma pessoa.

Daquela vez Charles provavelmente conseguiria tirar a minha


vida, a do meu bebê e eu nem tinha Arthur para me proteger. No
entanto, fiquei feliz por ele não se machucar.

Só que assim que eu pensei que perderia minha vida e que


não viveria o amor que tanto queria, uma arma estalou e Charles
caiu no chão. O tiro pegou em sua mão, o que fez a arma cair no
chão e eu fiquei feliz por ele não morrer.

Charles gritou de dor e eu não consegui sentir pena dele. Os


policiais o mais rápido que puderam, pegaram a arma e prenderam
Charles.

Enquanto o via ajoelhado no chão, algemado me senti


vingada, mas antes de poder sair daquele lugar, acabei
murmurando:

— Você quis me matar, mas eu achei um homem maravilhoso,


que me ama de verdade. Você mentiu sobre eu poder ser mãe, mas
agora além de ser mãe da filha dele, que me ama loucamente e o
amor é recíproco da minha parte, eu também estou grávida dele.
Obrigada por ter saído da minha vida, pois assim eu pude conhecer
um homem único. E hoje em dia eu entendo o apelido que te dei
anos atrás. Você realmente é um nojinho, Charles. Um homem que
me dá nojo e repulsa.

Saí daquele lugar e deixaria que Charles lidasse com a justiça.


Não olhei para Benjamin, estava pouco me fodendo com aquela
família, eu só queria a minha felicidade.

E ela estava em um viúvo que precisava ser amado, em sua


filha que precisava de uma mãe, no meu bebê que eu estava
gerando e com minha irmã, meu sobrinho e até mesmo meu
cunhado.

Eu estava realizada e era só aquilo que importava.


Capítulo 29

Ainda estava bravo por ela ter se colocado em perigo só para


enfrentar um filho da puta que mentiu para ela, no entanto, enquanto
ela ainda estava sobre a cama, com a expressão culpada eu não
consegui me manter muito tempo na minha pose de homem
malvado.

Assim que ouvi seu áudio, parti para Oxford e cheguei um


pouco depois de ela já estar em sua casa e a notícia do filho da puta
de Charles ter sido preso por falsificação e tentativa de assassinato.
O canalha além de ser um embuste, ainda não havia aceitado
que ela deu a volta por cima e tentou matá-la. Ainda bem que eu
consegui protegê-la naquele dia, senão eu procuraria aquele
desgraçado até no inferno para acabar com ele.

— Pode começar a gritar — murmurou.

— Não tenho o que gritar, só estou feliz por estar bem.

— E por que está me olhando assim?

— Porque eu te amo, caralho! E se tivesse acontecido alguma


coisa com você, tem noção da merda que seria?

— Eu morri de medo — gritou. — Quando vi aquela arma


apontada na minha direção, eu pensei que perderia tudo, nosso
neném, você, nossa menina. Só que a polícia não deixou, então
para de querer brigar comigo, quando estou cheia de hormônios da
gravidez e a cada momento eu quero só chorar.

Tentei não rir, mas foi impossível quando a vi daquela forma.


Logo deixei a pose de homem mal cair e me joguei ao seu lado na
cama. Puxei seu corpo para o meu e a abracei.

— Eu só quero que você fique segura. Você me ensinou a


amar de novo, não consigo nem imaginar minha vida sem você.

— Desculpa — pediu e me abraçou com mais força,


depositando a cabeça em meu peito.

— Não precisa pedir desculpas, só não vamos cometer mais


loucuras.

— Prometo.
Beijei o topo da sua cabeça e curti aquele momento, pois era
o que mais me importava naquele momento.

— Desde quando te conheci senti algo espetacular. Você


mudou toda a minha forma de enxergar o mundo. Você me deu mais
razões para querer viver. Me deu razões para voltar a amar, é só por
isso que fico assim, meio rabugento, pois sem você, Meredith, eu
não teria mais um futuro. Seria o pior pai para Diana, pois não
conseguiria continuar vivendo normalmente nesse mundo.

Ela levantou sua cabeça do meu peito e encarou meus olhos.

— Eu sei qual sentimento é esse, já que senti a mesma coisa


quando você levou aquele tiro. Nós nem estávamos tão ligados
como agora e mesmo assim eu já senti a Terra me engolindo
quando você estava com aquele tanto de sangue pelo corpo. Eu te
amo, Arthur e sei exatamente o que está sentindo, por isso, estou te
pedindo desculpas, afinal eu deveria ter pensado em você antes de
aparecer naquela empresa. Só fico feliz, que o desgraçado
confessou os crimes dele, de frente para a polícia e agora estamos
em paz, sem aquele filho da puta solto.

Beijei seus lábios e ela retribuiu de forma calma, deixando


nossas línguas brincarem tranquilamente, só aproveitando o
momento de paz que havíamos recebido.

Nós nos afastamos novamente e Meredith se afastou um


pouquinho de mim, para abrir a gaveta da mesinha de cabeceira e
me entregou uma caixinha vermelha.
— Eu estou sendo precipitada, mas com você eu quero ser
assim. Quero me entregar de corpo e alma, sem ter medo de me
machucar, quero viver todas as experiências com você, Arthur,
então… você aceita se casar comigo?

Sorri para ela e abri a caixinha, lá estava uma aliança


masculina, com alguns cristais cravejados em vermelho, que a
deixavam ainda mais imponente. Acabei sentando-me na cama e
estendendo minha mão em sua direção, para que ela colocasse o
anel.
— Eu nunca diria não, para a mulher que mostrou que a vida
ainda pode ser boa.

Com um gritinho, ela tirou o anel da caixinha e logo colocou


em meu dedo. E no mesmo momento eu tirei a caixinha que havia
levado em meu bolso e mostrei para ela.

— O que é isso?

Sorri para ela e abri a caixinha, revelando um anel cravejado


em diamantes e com uma pedra maior no meio.
— Talvez você tenha adivinhado o que faria hoje.

— Não acredito, Arthur!

— Acredite, eu também vim para cá pensando em pedir para


que você se torne o meu para sempre. E eu sempre gostei de
rótulos, mas agora nesse momento, olhando para você, percebendo
que o fruto do nosso amor está dentro de você, estou pouco me
lixando se as pessoas vão dizer que foi rápido demais. A única coisa
que importa é ver o brilho dos seus olhos. Eu sei que o nosso amor
nunca irá mudar, por isso Meredith, eu te pergunto, não para o
mundo, mas para nós. Você aceita ser minha esposa?
— Eu não falei tão bonito assim, mas já demonstrei que eu
quero ser sua esposa, não é mesmo?

— Mesmo assim, quero ouvir um sim.

— Riquinho, bobo. — Sorri para ela que acabou continuando:


— Você foi o meu destino incerto que se tornou certo. Aceito ser sua
esposa, aceito ser a mãe da princesa Diana e vamos ser os
melhores pais que o nosso brotinho terá. — Dizendo isso ela
colocou a mão na barriga e sorriu.

E depois de colocar o anel em seu dedo, beijei seus lábios e


soube que nossa vida seria perfeita…

***

Haviam passado duas semanas desde que nosso pedido de


casamento foi realizado e naquele dia estávamos indo em uma
obstetra para saber como estava o nosso bebê, ou nossa bebê.

Ainda não tínhamos ideia, mas Meredith já estava um poço de


ansiedade e eu não podia julgá-la, pois estava tentando me
controlar, porém estava cada vez mais difícil.

Entramos na sala da doutora e logo Meredith já estava com a


roupa indicada para fazer a ultrassonografia. Sentei-me ao seu lado
e segurei sua mão de forma carinhosa, tentando mostrar para ela
que estava ali para o que quer que acontecesse.
Meredith me encarou e sorriu para mim.
— Eu te amo — sussurrei.

— Eu também te amo — disse sem se preocupar com a


médica nos encarando.

Logo começou o ultrassom e eu fiquei olhando para a tela do


aparelho, mesmo que não entendesse nada do que aparecia ali.
Para mim, eram somente borrões estranhos, mas que os médicos
sabiam ler corretamente.

— Que lindo! Vocês serão papais de bebês que não querem


deixar que vejam o sexo.

Meredith abriu um sorriso, mas logo ele desapareceu


lentamente.

— Bebês?
A médica a olhou sem entender, mas logo comentou:

— Vocês não sabiam que eram gêmeos.

Fiquei em choque e a Meredith… Ela começou uma crise de


riso que nem eu mesmo consegui ficar por muito tempo inerte
depois da notícia, porque acabei caindo na risada com ela.

— Você ouviu isso, Arthur?


— Sim — respondi, enquanto gargalhava da sua crise.

— Um dia eu não posso ser mãe, depois ganho uma filha


pronta e agora gêmeos.

E mais uma onda de risadas a tomou e eu só pude


acompanhá-la, sabia que ela estava desesperada com a notícia,
mas também sabia que estava feliz.
— Ao menos eles vão ser amados — sussurrei.

— Muito, dois brotinhos, amor — Meredith gritou e eu fiquei


ainda mais feliz por ela me chamar de amor.
— Vamos ser os pais mais felizes desse mundo, amor. — Dei
ênfase na última palavra e ela me direcionou um sorriso gigantesco,
que faria o gato da Alice perder para qualquer um.

Meredith tinha surgido em minha vida, para provar que tudo


poderia ser melhor, quando se vivia um verdadeiro amor e eu estava
extremamente feliz com aquilo.
O homem mais feliz do mundo.
Epílogo

Quatro anos depois

— Se você ficar olhando dessa forma para eles, é capaz de


eles ficarem intimidados. — Minha amiga e irmã disse, enquanto
observava Arthur brincar com Diana, Jack, Ava, Sophie, Becky e
Noah.

Os dois últimos eram meus caçulinhas, que eu amava demais,


meu casal de gêmeos lindos, que me fazia cada dia mais feliz. E
Sophie era a pequena de Amélia e Oliver que era outra mimada pelo
pai na praia.

— Eu nem estou olhando de forma intimidadora, Amélia. —


Sorrio em sua direção.

— Claro que não, você só está olhando como uma mãe boba
para sua prole — murmurou, assim que se sentou ao meu lado na
cadeira do resort que estávamos passando férias em família.

Com direito a família inteira, afinal todos estavam ali, Amélia e


Oliver, Thomas e Lili e até Florence foi, mas sem alguém para ser o
seu par, mas logo eu a via encontrando algum gato pela praia e
acaba ficando com ele.

Aquela mulher sabia aproveitar a vida.

Enfim, nó nos demos o direito de diversão, eu deixei que o


pub ficasse a cargo dos funcionários, a empresa de Oliver, Thomas
e a de Arthur não precisavam deles para funcionar, então não tinha
como evitarmos aquelas férias.

Só que Amélia estava certa, eu não conseguia para de


admirar as minhas obras primas, desde Diana, que eu considerava
minha com toda a força e meus gêmeos maravilhosos. E claro que
os meus sobrinhos do coração também tinham minha atenção.

— Acho que virei muito cor de rosa — brinquei com Amélia, no


mesmo momento que Lili sentou-se ao meu lado.

— Amiga, ainda bem, pois eu não imaginava como você


cuidaria de três crianças ainda sendo maluca.

Fuzilei Lili na brincadeira e ela me jogou um beijinho.


— Mer, desde quando vi você entrar em um cartório com
vestido branco e chorar horrores ao fazer seus votos ao Arthur, com
uma barriga enorme de gêmeos, eu soube que você virou realmente
cor de rosa, mas ainda tem o seu tom negro.

— Você nunca deixa de me chamar com esse apelido ridículo.


— Soltei um suspiro e disse: — Ao menos não perdi minha
essência.

Lili e Amélia caem na gargalhada e eu reviro meus olhos.


Florence logo aparece em sua exuberância e repara os papais,
brincando com as crianças.

— Olha, meu irmão, eu já sabia que era um gato, mas com


todo respeito Amélia e Lili, vocês também tiraram a sorte grande. Os
maridos de vocês são uns gatos. Bem, que podia me dar o telefone
dessa forma que acharam.
— Bom, a nossa fábrica está fechada, já que eram só dois
irmãos. — Amélia entrou na brincadeira.

— Uma pena!

— Logo aparece um gato para você, Florence.

— Cunhadinha, eu espero que sim.


E naquele momento as crianças voltam correndo com várias
conchas nas mãos

— Mamãe, eu achei uma coxinha. — Becky diz me mostrando


sua mão branquinha com sardas, e uma concha linda em sua mão.

Ela se parece tanto comigo, mas tem o gênio amoroso de


Arthur. Logo Noah aparece ao lado da irmã, que também é ruivo e
me mostra sua concha.

— A minha tamém é linda.

— São lindas, meus amores. — Beijo a mão de cada um e


eles sorriem.

Diana se aproxima e me mostra a dela:


— E a minha, mamãe? — Ela começou a me chamar de
mamãe, assim que começamos a morar juntos e foi quando Arthur
preferiu mudar para Oxford.

— A sua é ainda mais linda.

— É pra você, mamãe.

Diana, aquele pequeno pedaço de perfeição me entrega a


concha e eu lhe dou um beijo na bochecha.
— Obrigada, minha pequena.

As outras crianças também mostram as suas conchas para as


mãe e cada uma fica mais boba que a outra.

— Garotas lindas, os homens vão dar um mergulho, vocês


querem ir, ou preferem ficar? — Thomas perguntou.

— Eu vou ficar olhando a Ava — Lili anunciou.


— E eu vou olhar a Sophie — Amélia disse.

— Se é assim, eu vou olhar os meus três filhos.

Todo mundo sorriu com minha resposta.

— Bom, como não tenho filho, obrigada por isso, Deus. —


Florence brincou. — Vou à caça.
— Cuidado, arrumar filho é tão fácil.

Florence bateu na madeira e nós gargalhamos mais uma vez.


Arthur veio e me deu um beijo na boca, enquanto os gêmeos e
Diana foram fazer castelinho de areia com as primas, Jack como já
estava maiorzinho, foi nadar com os homens.
Thomas e Oliver também se despediram das suas mulheres e
foram aproveitar a praia.

— Eu te amo! — Arthur disse antes de partir.


— Eu também te amo. — E com isso ele saiu em direção ao
mar.

— Quem diria que você iria se deixar ser amada por uma
pessoa. — Amélia murmura, me implicando como sempre.
— Nem eu sei como me deixei ser, mas só sei que Arthur fez
várias coisas por mim e uma delas, foi fazer com que eu acreditasse
em seu amor, além de me fazer perder o medo de amar e de
demonstrar meus sentimentos.

Digo sem olhá-la, só consigo admirar meus filhos naquele


momento, se divertindo e mostrando o quanto a vida era
maravilhosa.

— Ainda bem que a maturidade chega — Lili implica.

— Concordo, cunhada — Amélia respondeu a Lili.


— Vou deixar avisado para as duas. Eu posso estar mais
melosa, mas ainda sei dar um belo soco e se ficarem me enchendo,
vocês vão apanhar.
E aos risos, Amélia responde, fazendo com que eu sorria
também.

— Realmente a essência não mudou mesmo, sua bruta.

— Vocês aguentam.

— Claro, a gente te ama — Lili respondeu.


E depois de tantas merdas, tudo se encaixou no meu final
feliz.

Charles foi condenado e eu pude viver em paz com meu amor,


e ser feliz com a minha família. Uma família que o destino, que
sempre critiquei me deu e eu só tinha a agradecer por tamanha
felicidade.
Depois de um tempo todos que haviam saído para aproveitar
a praia voltaram para baixo da nossa tenda, inclusive meu homem,
meu mundo, meu tudo, o meu Arthur.

O meu destino certo.

O homem que me deu o mundo sem me prometer nada… O


homem que fez com que eu, um coração de pedra, pudesse se
tornar uma pessoa feliz, apaixonada e realizada.

Aquele nem era o final da minha vida, mas eu já sabia que


estava vivendo o famoso “felizes para sempre”.

Fim
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