You are on page 1of 21
Principios de Administracao Financeira eh ee Terceira Edigao re Wright State University HARBRA HARPER & ROW DO BRASIL SAO PAULO Cambridge Londres Filadélfia Bogota Nova lorque Mexico Sao Francisco Sidney = 1817 , _ Capitulo 9 UMA SINTESE DA ADMINISTRACAO BO CAPITAL DE GIRO A administracdo do capital de giro ¢ um do aspect ortantes da Administracdo Financeira, considerada globalmente, j4 que os “ ativos circulantes representam cerca de 50% do ativo total e perto de 30% do financiamento | total é representado por passivos circulantes nas empresas industriais. \ O garantindo-se com isso. umi ‘OATS, administrar cada um dos ativos circulantes 2 passivos circulantes (vel aceitavel de capital circulante Tivo seo mantio. Os aio icles mais importantes vatados reste testo: ca titulos negociéveis, duplis -estoques. Cada um desses ativos deve ser adminis: trado eficientemente, a. fim de se manter a liquidez da empresa, a0 mesmo tempo em que se evita um nivel alto demais de qualquer um deles. OEM aE BIE Tcacos so: duplicatas a pagar, t/tulos a pagar e despesas provisionadas a pagar*. Cada uma dessas fontes de _financiamento a curto prazo deve ser cuidadosamente administrada, para se ter a garantia de_que os financiamentos so obtidos e usados da melhor forma poss{vel. Ativos e passivos circulantes ndo sero discutidos individualmente neste capftulo, Em vez disso, prefere-se analisar atentamente a relaco basica entre ativos circulantes e passivos circulantes. “NLT, Despesas provisionadas @ pagar so as provis6es de passivos, galérios @ ordenados a pagar, juros 3 pagar etc. que resultam da aplicago do regime de competéncia no reconhecimento de despesas jé incor- ridas, mas ainda no pagas. 279 280 PRINCIPIOS DE ADMINISTRACAO FINANCEIRA Este capitulo ¢ dividido em trés segGes principais. A primeira apresenta uma discussdo deta- Inada de capital circulante liquido. Duas definicées alternativas de capital circulante liquido so discutidas em fung&o do financiamento da empresa. A segunda secdo desenvolve, discute € ilustra a relaco entre lucratividade e risco relacionada com_o nivel de capital circulante liquido da empresa. So dados exemplos para ilustrar os efeitos de variagdes no nivel de ativos circulantes e passivos circulantes sobre a contiguracdo lucratividade-risco. A segdo final deste capitulo avalia os efeitos da composi¢o do financiamento (curto prazo-longo prazo) sobre_ © capital circulante liquido e sobre a relacdo risco-retorno, discutindo inumeras estratégias de composi¢do do financiamento 0 conceito de CCL foi discutido no Capitulo 7. Foram enfatizadas as desvantagens de se usar © CCL para comparar a liquidez de diferentes empresas, tendo sido dada atencdo especial a0 uso dos Indices de liquidez corrente e seco. Em geral, 0 uso do CCL para avaliar o desempenho da_mesma empresa_ao longo do tempo é aceitavel, desde que as estruturas basicas de ativos financeira no se alterem drasticamente durante o perfodo A DEFINICGAO COMUM E SUAS IMPLICACOES leita eo coum de CCL é adiferenca entre os ativs circulantes eos passvos cireulan- 1. Se 08 ativos circulantes excederem os passivos circulantes, a empresa tem CCL. ‘A maioria das empresas precisa operar com um certo montante de CCL, mas a quantidade exata depende muito do setor industrial. As empresas com fluxos de caixa muito previsiveis, como as de eletricidade, podem operar com CCL negativo; contudo, a maioria das empresas precisa manter niveis positivos de CCL. "EA aplicagdo do CCL berm como de outros indices de liquidez) para determinar a liquidez da firma baseia-se num fundamento tedrico que estabelece que quanto maior for amargem.com qual os ativos circulantes de uma empresa cobrem as suas obrigagdes a curto prazo (passives circulantes), maior serd sua capacidade de pagar suas contas na data do vencimento.\Esta expec: tativa baseia-se na crenca de que 08 ativos circulantes so fontes de recebimentos,,20 passo que 08 passivos circulantes so fontes de desembolso. Contudo, surge um problema devido aos diversos graus de liquidez relativos a cada ativo circulante e passivo circulante. Embora os ativos circulantes ndo possam ser convertidos em caixa exatamente no momento desejado, quanto maior for o montante de ativos circulantes, ser mais provavel converter-se alguns ativos circu- lantes em caixa, para se pagar uma divida na data de seu vencimento. E_necessério um certo nivel de CCL, jé que quase todas as entradas e saidas de caixa ndo s80_perfeitamente sincronizadas. As safdas de caixa resultantes do pagamento de obrigacées correntes so relativamente previsiveis. Em geral, no momento em que se incorre numa obri- gacdo, fica-se sabendo quando as contas vencem. Por exemplo, quando se compra mercadorias a prazo, as condigées de crédito concedidas & empresa exigem o pagamento numa data jé esta- belecida. A mesma previsibilidade 6 caracteristica dos titulos a pagar e das despesas provisio: nadas @ pagar, que possuem datas estabelecidas de pagamento. O que é dificil de prever séo as entradas de caixa_E mui cil prever quando os ativos circulantes, exceto caixa e t/tulos negociaveis, serdo convertidos em caixa. Quanto mais previsiveis forem essas entradas de caixa, menos.CCL se requer. Uma vez que as companhias de eletricidade possuem um padréo previ- sivel de entradas de caixa, podem operar com pouco ou nenhum CCL. As empresas com entra- das de caixa mais incertas precisam manter niveis de ativos circulantes adequados para cobr: & para cobrir as obrigagdes correntes. A incapacidade da maioria das empresas em confrontar recebimentos j com pagamentos é que torna obrigatorio manter fontes de recebimentos (ativos circulantes) . em nivel superior as fontes de desembolsos (passivos circulantes). Vejamos um exemplo. i} EXEMPLO Se a Companhia GHI tiver a posi¢do corrente conforme mostrada na Tabela 9.1, a seguinte situa¢do pode existir. Vencem no fim do perfodo corrente $600 de dupli ; certeza que sera preciso desembolsar $900, mas é dificil determinar de que forma a empresa cobriré estes pagamentos. A empresa pode garantir que teré $700 disponiveis, pois possui $500 em caixa e $200 em titulos negocidveis, que podem ser facilmente . convertidos em caixa. Os restantes $200 devem vir da cobranca de duplicatas e/ou venda_do estoque a vista.' A empresa ndo pode garantir quando faré uma venda & vista . ‘ou a cobranca de uma duplicata. E muito mais incerta a cobranca de duplicatas do que uma venda a vista. Embora os clientes que compram meércadorias a prazo devam pagé-las na data especificada no acordo de crédito, quase sempre atrasam 0 seu pagamento. Assim, ; i 05 fluxos de caixa referentes a vendas ndo ocorrerdo no momento esperado. ¢ Tabela 9.1 Posicdo Circulante da Companhia GHI : Ativos circulantes Passivos circulantes ' Caixa Duplicatas a pagar $ 600 Titulos negocidveis Titulos a pagar 800 7 Duplicatas a receber Ordenados e saldrios « J Estoques a pagar 200 Total Total $1.600 Obviamente, deve haver solugdo para este dilema. Com o propésito de aumentar a probabilidade de ter dinheiro suficiente para pagar suas contas, uma empresa deve es forcar-se para vender, jé que em muitos casos as_vendas resultardo num recebii | imediato.e outras vezes, resultardo em duplicatas que seréo eventualmente convertidas } em_dinheiro. Um nivel adequado de estoque deve ser mantido para atender a provavel | demanda de produtos da empresa. Se a empresa estiver gerando vendas e cobrando duplicatas no vencimento, devera haver caixa o suficiente para satistazer suas obrigacdes. A Companhia GH! aumentara a probabilidade de poder satisfazer suas obrigagdes, man-_ tendo niveis suficientes de duplicatas a receber_e estoque, ambos passiveis de sérem convertidos em caixa. Quanto mais duplicatas e estoque houver 4 disposicdo, maior "Uma venda do estoque a crédito apareceria como uma nova duplicata a receber, que poderia nio ser facil: mente convertida em caixa, SO uma venda 4 vista garantiré que oumentou a copacidade de a empresa saldar suas contas durante 0 periodo da venda. } Passivo e Patriménio Liquido Re Passivo Circulante Capital Circulante Liquido Ativo Circulante Sasa Longo Prazo Ativo Permanente Prazo ($5.40) = ® ($4,300) 5.000 | Patriménio. Liquido 6.000 | ($3,000) Total do Passivo e Patrimonio Liquido Figura 9.1. Balanco especial para a Companhia GH! sera a probabilidade de transformé-los em dinheiro.? Como regra geral, muitas vezes € recomendavel um certo nivel de CCL, a fim de assegurar que as contas possam ser pagas. A Companhia GHI tem $1.100 de CCL ($2.700 — $1.600) que muito prova velmente bastaréo para cobrir todas as suas dividas. Seu indice de liquidez corrente de 1,69 ($2.700/$1.600) deve refletir bastante liquidez, contanto que suas duplicatas e estoques sejam relativamente liquidos.# OUTRA DEFINICAO DE CCL . Uma outra definigdo de CCL ¢ aquela.poredo dos ativos circulantes de uma empresa financiada com fundos a longo prazo. Essa definigo pode ser melhor ilustrada através de um tipo espe- cial de Balanco, como aquele feito para a Companhia GHI, apresentado na Figura 9.1. O eixo vertical do Balanco é uma escala em $, sobie a qual séo mostrados todos os seus itens importantes. he A Figura 9.1 mostra que a empresa tem $2.700 de ativos circulantes, $4:300 de ativos permanentes ¢ $7.000 de ativos totais. Também mostra que a empresa tem $1.600 de passivos circulantes, $2,400 ($4,000 ~ $1.600) de exigivel a longo prazo e $3.000 de patriménio lfquido ($7.000 — $4,000). Q exigivel_a longo prazo mais o patriméi ido. de uma em- presa_representam suas origens de recursos a longo prazo; 0s recursos a longo prazo da Com- panhia GHI so de $5.400. A parte dos_ativos circulantes da empresa financiada com recur- 2 Davese reconhecer que os niveis de estoque e duplicatas a receber podem ser elevados demais, refletindo cortas ineficiéncias administrativas. Podem ser calculados niveis aceitdveis para qualquer emprosa. A admi- nistragdo eficiente de duplicatas a receber e estoque ¢ discutida ho Capitulo 11. 308 a longo prazo foi chamada de Capital Circulante Liquido” na Figura 9.1. A anélise dessa figura deve possibilitar ao leitor entender melhor por que o capital circulante Ifquido de uma empresa pode ser considerado como a poredo do ativo circulante financlada com recursos a longo prazo. Sabendo-se que os passivos circulantes representam as origens de recursos a curto prazo da empresa, desde que os ativos circulantes excedam os passivos circulantes, o montante do excesso precisa ser financiado através de recursos a longo prazo. A utilidade dessa outra definico de CCL se tonal is evidente ainda neste capitulo. Conciliagdo Risco-Retorno Existe uma relaggo entre o retorno e o risco de uma empresa. Q retorno, nesse contexto, & medido pelas receitas menos os custos, enquanto o risco ¢ medido pele probabilidade de a empresa tornar-se_tecnicamente insolvente (incapaz de pagar suas contas no vencimento).°_ Q.lucro de uma empresa pode ser aumentado de dois modos: (1) através de um numero maior de receitas ou (2) através da redugéo dos custos. Os custos podem ser reduzidos, pagando-se menos por um item ou servico, ou usando-se os recursos existentes de maneira mais eficiente. Qualquer reducdo nos custos deve aumentar o lucro de uma empresa. O lucro pode também ser aumentado, investindo-se em ativos mais rentaveis, que possam gerar niveis mais elevados de receitas. E fundamental compreender como o lucro € aumentado e reduzido, para se ter idéia da relacéo entre retorno e risco. Uma das formas mais comuns de se mensurar_o risco de insolvéncia técnica ¢ através do Mmontante_do_ CCL ou do indice de liquidez corrente. Neste capitulo, o montante de CCL @ usado como uma medida. Supde-se que quanto maior o montante de CCL possu/do pela empresa, menos risco ela apresenta. Em outras palavras\ quanto mais CCL ela tiver, mais liquida seri e, portanto, menor sera a probabilidade de insolvéncia técnica O oposto também é con- siderado verdad baixos de liquidez estdo relacionados a altos niveis de risco da empresa. A relacdo entre CCL, liquidez e risco é tal quelse 0 CCL ou a liquidez aumentarem, © risco da empresa diminuird,e vice-versa. \ ALGUMAS SUPOSICOES BASICAS Ao falar da rela¢do entre 0 risco-retorno, é preciso fazer inumeras suposicdes basicas. A pri- meira refere-se a natureza_da empresa a ser analisada, a segunda diz respeito as diferencas basicas na capacidade de gerar lucros dos ativos, e a terceira relaciona-se a0 gusto dos varios métodos de financiamento. A natureza da empresa. O tipo de empresa a respeito da qual estamos falando neste capitulo © uma empresa industrial, e no um tipo de empresa comercial ou de servigos. Como afirma- mos anteriormente, enfatizou-se neste livro as empresas industriais, uma vez que estas ofere- cem o melhor meio para se investigar a maioria dos principios basicos da Administragdo Fi- nanceira. *Por conveniéncia, usa-se aqui esta definicgo breve de risco. Em sentido lato, conforme vimos no Capitulo 5, © isco diz respeito & veriabilidade do fluxo de caixa de uma empresa, de modo que quanto mais varidveis forem 0 fluxos de caixa da empresa, tanto maior seré 0 risco e vice-versa. Para fins desta discussio concel tual, esté se empregando a definico mais breve de risco como “possibilidade de perda’’ A capacidade de gerar lucros. Esperase que uma empresa industrial possa ganhar mais com 3eus ativos permanentes do que com seus ativos circulantes. * Os ativos permanentes represen- tam_os verdadeiros ativos rentéveis da empresa. Terrenos, prédios, maquinas @ equipamentos possibilitam & empresa elaborar seus produtos acabados que finalmente possam ser vendidos com lucro. Em geral, os ativos circulantes_da empresa, excetuando-se os titulos negociaveis, ndo so ativos rentéveis. Antes, constituem um anteparo, permitindo a empresa vender e con- ceder crédito. Os ativos circulantes si absolutamente necessérios para a efetiva operacdo da empresa. Porém, a empresa ndo pode operar sem os ativos permanentes para gerar produtos acabados que possam ser convertidos em dinheiro, titulos negociaveis, duplicatas a receber € estoques. Se a empresa pudesse ganhar mais dinheiro comprando estoque do que produ: \do-0, ou investindo seu dinheiro em titulos negocidveis, ndo deveria estar no ramo indus- trial. Em outras palavras, caso uma empresa no possa obter mais nos investimentos em ativo permanente do que nos investimentos em ativos circulantes, deve vender todos.os seus ativos permanentes e usar 0s proventos para adquirir ativos circulantes. Na discussao a seguir, supde-se que a empresa possa ganar mais em ativos permanentes do que.em ativos circulantes. Custo do financiamento. A empresa pode obter o financiamento que necessita através de qualquer uma das seguintes fontes: (1) passivos circulantes ou (2) récursos a longo prazo. Os passivos circulantes so origens de recursos a curto prazo; o exigivel a longo prazo e patrimé- nio liquido so origens de recursos a longo prazo. Sabendo-se que geralmente_os passivos cir- culantes consistem em duplicatas a pagar, titulos a pagar e despesas provisionadas, eles s80 Tipicamente uma fonte ndo barata de recursos. Dos passivos circulantes basicos, somente os titulos a pagar normalmente tém um custo estabelecido. Isto porque os titulos a pagar representam a Gnica forma negociada de financiamento. Duplicatas a pagar e despesas pro: visionadas 2 pagar, representando cerca de 75% dos passivos circulantes das empresas indus- triais, so fontes mais baratas de recursos, uma vez que no possuem qualquer tipo de paga- mento de juros. Historicamente, nos ultimos 50 anos, 0 custo dos empréstimos a curto prazo tem sido inferior aos empréstimos a longo prazo. Porém, desde 1974, tem prevalecido a situagdo opos- * Devido ao nivel excepcionalmente elevado das taxas de juros, a expectativa geral de me- nores taxas futuras levou os credores a cobrar taxas maiores sobre empréstimos a curto prazo do que a longo prazo. Tendo em vista que apenas cerca de 25% dos passivos circulantes esto representados por estes empréstimos a curto prazo com custo (titulos a pagar), sendo o res: tante basicamente sem custo (duplicatas a pagar e despesas provisionadas a pagar), pode-se supor seguramente que os passivos circulantes sd0_uma_forma_de financiamento mais barata do_que os recursos a longo prazo. A forma de financiamento mais barata para a empresa é, portanto, o passivo circulante. “NLT. Os ativos permanentes consistem basicamente em imobilizado e investimentos. No texto, o autor supe que 0 ativo permanente contenha somente ativos fixos, isto ¢, imobilizados. “No periodo que vai do segundo trimestre de 1974 até 0 primeiro trimestre de 1975, e, de novo, do fim do terceiro trimestre de 1978 até riovembro de 1981, 0 custo do empréstimo a curto prazo nos EUA tem sido maior do que a longo prazo. € improvével que este comportamento se riantenha indefinidamente. tae Uma Sintese da Administragao do Capital de Giro 285 NATUREZA DA RELAGAO ENTRE RISCO E RETORNO Caso uma empresa queira_aumentar_seu_retorno, é necessrio também aumentar seu risco. Se quiser_reduzir o risco, vai_precisar diminuir o retorno. A relacdo entre essas varidveis é de tal natureza que, independente de como a empresa aumenta seu retorno através da manipu- laco do capital de giro, a conseqiiéncia ¢ um acréscimo correspondente no_risco, medido_ ‘pelo nivel de CCL. Os efeitos das alteragdes dos ativos circulantes e passivos circulantes na relacdo risco-retorno sero discutidos separadamente, antes de integré-los na teoria geral da administracao do capital de giro. Ativos circulantes. Os efeitos do nivel de ativos circulantes na relacdo risco-retorno podem ser ilustrados mediante o uso de um simples indice — ativos circulantes-ativos totais, Esse indice indica a porcentagem dos ativos totais representada por ativos circulantes, que pode aumentar ou diminuir. Efeitos de um aumento. A medida que o indice de ativos circulantes-ativos totais aumenta, tanto o retorne como 0 risco decrescem, A lucratividade é reduzida porque os ativos circulan- tes so menos rentaveis do que os ativos permanentes. O risco de insolvéncia técnica diminui porque, supondo ndo haver alteracdo nos passivos circulantes, 0 aumento nos ativos circulantes elevard o CCL. Efeitos de uma diminui¢do. A diminui¢éo no indice ativos circulantes-ativos totais provocaré um retorno maior da empresa, j4 que 0 aumento de seus ativos permanentes gera maiores re- _tornos do que os ativos circulantes. Contudo, 0 risco também crescerd, pois 0 seu CCL dimi- nuiré com a redugao nos os circulantes. As conseqiiéncias de uma reducdo no {ndice ativos circulantes-ativos totais so exatamente 0 oposto dos resultados de um aumento neste indice. Vejamos um exemplo. y EXEMPLO 0 Balanco da Companhia GHI, apresentado na uintes niveis de ativos, passivos e patriménio Ifquido: igura 9.1, indicava os se- Ativo Passivo e patrimdnio liquido Ativos circulantes $2.700 Passivos circulantes. _ $1.600 Ativos permanentes 4.300 Exigivel a longo prazo spas Tarai $7.000 Patrimonio lial Total Se a Companhia GHI ganha aproximadamente 2% sobre seus ativos circulantes e 15% sobre seus ativos permanentes, a configuracdo do Balanco corrente propiciaré um lucro de aproximadamente $699 [(2% x $2.700) + (15% x $4.300)| sobre seus ativos totais. O CCL da empresa é $1.100 ($2.700 — $1.600). O indice de ativos circulantes-ativos totais é em torno de 0,386 ($2.700 = $7.00) Se_a empresa reduzir esse indice, investindo $300 mais em ativos permanentes (e, portanto, $300 menos em ativos circulantes), 0 novo indice de ativos circulantes-ativos totais serd 0,343 ($2.400 + $700D)}Entdo, 0 lucro da empresa resultante de seus ativos totais sera @738 [(2% x $2.400) + (15% x $4.600)]. Seu CCL serd $800 ($2.400 — $1.600). Esses resultados estdo tabulados na Tabela 9.2 Como indica a Tabela 9.2, 4 medida que o indice ativos circulantes-ativos totais decresce de 0,386 para 0,343, o lucro proveniente dos ativos totais cresce $39, de $699 para $738. Seu risco, medido pelo montante de CCL, aumenta, pois seu CCL (e, por- tango, sua liquidez) ¢ reduzido de $1.100 para $800. Isto justifica nossas conclusées anteriores referentes a relacdo risco-retorno, associada aos ativos circulantes da empresa. Tabela 9.2 Efeitos de uma Variagdo nos Ativos Circulantes da GHI Valor apés a Item . Valor inicial variag¢do Indice de ativos circulantes-ativos totais 0,386 0,343" Lucro proveniente de ativos totais $ 699 $ 738 cc $1.100 $ 800 Passivos circulantes. Os efeitos das variacdes no nivel de passivos circulantes da empresa sobre sua relagdo risco-retorno também podem ser demonstrados, usando-se um simples indice — neste caso, o {indice de passivos circulantes-ativos totais. Este indice denota a porcentagem dos ativos totais da empresa financiada pelos passivos circulantes, podendo esta ser aumentada ou diminuida. Efeitos de um aumento. A medida que se aumenta o indice passivos circulantes-ativos totais, a lucratividade da empresa cresce; mas o seu risco também aumenta. A lucratividade aa (evido aos menores cust com a utilizagao de mais financiantento a curt e menos a longo en queo mento a curto’prazo envolvendo duplicatas, estes fe despesas provisionadas a pagar é menos dispendioso do que o financiamento a longo prazo, (05 custos da empresa se reduzem, elevando seus lucros. Supondo que os seus ativos circulantes fiquem inalterados, 0 CCL baixara, a0 passo que os passivos circulantes aumentaro. Uma redugdo no CCL significa um aumento no risco global Efeitos_de_uma_diminuicéo. Uma reducdo no indice de passivos circulantes-ativos totais diminuiré_a_lucratividade_da_empresa, uma vez que um montante maior de financiamento precisa ser obtido através de meios mais dispendiosos a longo prazo. Haveré uma queda corres- pondente_no risco, devido 20 menor nivel de passivos circulantes, que provocaré uma eleva cao no CCL da empresa. As conseqiiéncias de um decréscimo no indice de passivos circu- lantes-ativos totais so exatamente 0 oposto de um=mento neste indice. Vejamos um exem- plo. EXEMPLO 0 Balanco da Companhi na seedo precedente pode ser usado para mostrar os efeitos de um aumento nos passivos circulantes. Inicialmente 0 indice pas- sivos circulantes-ativos totais 6 0,229 ($1.600 + $7,000). Suponha que o custo de seus, passivos circulantes seja aproximadamente de 3%, enquanto o custo médio de seus re- cursos @ longo prazo seja 11%. Ignorando as alteracties feitas no exemplo precedente, vé-se que a transferéncia de $300 de recursos @ longo prazo para os passivos circulantes aumentara os ultimos para $1.900 ($1.600 + $300) e diminuird os recursos a longo prazo para $5.100 ($5.400 — $300). O novo indice passivos circulantes-ativos totais seré 0,271 ($1.900 + $7.000). O resultado dessa mudanca serd uma queda nos custos a partir do nivel corrente de $642 [(3% x $1.600) + (11% x $5.400)] para $618 [(3% x $1.900) + (11% x $5.100)]. O CCL da empresa decresceré de um nivel inicial de $1.100 para $800 ($2.700 — $1.900). Esses resultados do aumento no indice passivos circu: lantes-ativos totais esto tabulados na Tabela 9.3. Tabela 9.3. Efeitos de uma Variagéo nos Passivos Circulantes da GHI Valor apés a Item Valor inicial variag#o Indice de passivos circulantes- ativos totais 0,229 0,271 Custo do financiamento® $642 $6 pt ccL $1.100 $ 800 | @Uma diminuicéo em qualquer um dos custos da empresa é equivalente a um aumento proporcional na lucratividade. A Tabela 9.3 ilustra que o lucro cresce em $24 (j4 que os custos caem de $642 para $618), enquanto o indice passivos circulantes-ativos totais passa de 0,229 para 0,271. Enquanto isto, o risco da empresa medido pelo nivel de CCL aumenta, pois seu CCL ‘ou liquidez diminui de $1.100 para $800. Este exemplo ilustra somente os efeitos de um aumento no indice passivos circulantes-ativos totais; uma diminuic¢do teria um efeito oposto.= Tabela 9.4 Efeitos Conjuntos de Variagdes nos Ativos Circulantes e Passivos Circulantes da GHI Variagio \Variagso Variagéo ho lucro no CCL Diminuigo no indice ativos circulantes- ativos totais +$39 ‘Aumento no indice passivos circulantes- ativos totais +824 Efeito conjunto +$63 $600 Efeitos conjuntos. Os efeitos conjuntos de variagSes nos ativos circulantes @ nos passives circulantes podem ser medidos, considerando-as simultaneamente. Nos exemplos precedentes, igo no indice ativos circulantes-ativos totais e os efeitos de um au- mento no indice passivos circulantes-ativos totais foram ilustrados. Mostrou-se que ambas as variacdes consideradas independentemente aumentaram a lucratividade da empresa, elevando os efeitos de uma dir f — 288 | PRINCIPIOS DE ADMINISTRACAO FINANCEIRA © seu risco. Logicamente, 0 efeito conjunto dessas acdes deve ser aumentar o lucro e risco e diminuir 0 CCL. A Tabela 9.4 ilustra os efeitos de se combinar as variag6es nos ativos circulan- tes e passivos circulantes, apresentados nas Tabelas 9.2 e 9.3. Os resultados da Tabela 9.4 ilustram que o efeito conjunto das duas variagées apresentadas anteriofmente é um aumento no lucro de $63 e um decréscimo no CCL (liquidez) de $600. A relacdo aqui estabelecida é dbvia; a empresa aumentou sua lucratividade, elevando seu risco. A Tabela 9.4 mostra que o CCL foi reduzido em relacdo ao nivel inicial de $1.100 para $500. O lucro /iquido inicial pode ser visto como a diferenca entre o lucro inicial proveniente dos ativos totais eo custo inicial do financiamento. O lucro inicial proveniente dos ativos totais foi $699, e o custo inicial do financiamento foi $642. Portanto, o lucro Ifquido inicial foi de $57 ($699 — $642). Apos as variagSes nos ativos circulantes e passivos circulantes, © lucro proveniente dos ativos totais cresceu para $738, ao passo que o custo do financiamento foi reduzido para $618. Entéo, o lucro Ifquido elevou-se para $120 ($738 — $618). Determinagado da Composi¢ao do Financiamento a Uma das decisées mais importantes que precisam ser tomadas com respeito aos ativos circu- lantes e passivos circulantes da empresa é como usar_os passivos circulantes para financiar ativos circulantes. Existem inimeras formas de se ver a questéo. Um dos fatores criticos que se deve ter em mente 6 que qualquer empresa sO pode dispor de um _montante limitado de | financiamento_(passivo_circulante) custo prazo. O montante de passivos circulantes dispo- niveis € limitado pelo montante em dinheiro de compras a prazo, no caso de duplicatas a pagar, pelo montante das provisées no caso de despesas provisionadas a pagar, e pelo em- préstimo sazonal, considerado aceitavel pelos credores no caso de titulos a pagar. Os credores s6 concedem empréstimos a curto prazo, caso a empresa precise financiar aumentos sazonais de estoque e duplicatas a receber; geralmente néo emprestam dinheiro a curto prazo para aplicacées a longo prazo.* As necessidades de financiamento da empresa podem ser subdivididas em permanentes e sazonais. A_necessidade permanente, que consiste nos ativos permanentes mais a porc¢do permanente dos ativos circulantes da empresa, permanece inalterada ao longo do ano, en- quanto que a necessidade sazonal, que se pode atribuir 4 existéncia de certos ativos circu- lantes tempordrios, varia a0 longo do ano. A relagdo entre ativos circulantes e permanentes € necessidades permanentes e sazonais de recursos pode ser mostrada graficamente com a ajuda de um exemplo simples. EXEMPLO A estimativa feita pela Companhia GHI de suas necessidades de ativos circu- lantes, permanentes e totais, numa base mensal para o ano seguinte é dada nas colunas 1, 2. 3 da Tabela 9.5. As colunas 4 e 5 apresentam a subdivisdo das necessidades totais de recursos em seus componentes, permanente e sazonal. O componente permanente (coluna 4) ¢ 0 menor nivel de recursos totais requerides durante 0 periodo, ao passo que “As raz6es técnicas e as partes interessadas em empréstimos a curto prazo sio discutidas detalhadamente nos Capitulos 12 e 13. A origem principal de empréstimos curto prazo, os bancos comerciais, fazem tais empréstimos para fins sazonais, tais como nos casos de aumentos tempordrios do estoque ou duplicatas a receber. Ses Tabela 9.5 Necessidades de Recursos Estimadas para a Companhia GH! {RENEE pe ~ ee ee Ativos \ Ativos totais® ‘Necessidade sazonal circulantes permanentes [(1) #(2)] permanente —_[(3) ~ (4)] Mes a (2) (3) (4) 5) Janeiro $4,000 $13,000 $17.000 $13.80 $3.200 Fevereiro 3.000 13,000 16.000 13.800 2.200 Marco. 2.000 13.000 15.000 13.800 1.200 Abril 1.000 13.000 14,000 13.800 200 Maio 800 13.000 13.800} 13.800 0 Junho 1.500 13.000 14.500 13.800 700 Julho 3.000 13.000 16.000 13.800 2.200 Agosto 3.700 13.000 16.700 13.800 2.900 Setembro. 4.000 13.000 17.000 13.800 3.200 Outubro 5.000 13.000 18.000. 13.800 4.200 Novembro - 3.000 13.000 76.000 13.800 2.200 Dezembro 2.000 13.000 15.000 13.800 1.200 @Representam a necessidade de recursos totais pela empresa. @ porcdo sazonal é a diferenca entre as necessidades de recursos totais (isto é, 0s ativos totais) para cada més e a necessidade de recursos permanentes. Comparando os ativos permanentes da empresa na coluna 2 com as suas necessidades de recursos permanentes dadas na coluna 4, pode-se ver que a necessidade de recursos permanentes supera 0 nivel de ativos permanentes da empresa. Isto resulta porque uma parte dos ativos circulantes da empresa é permanente, pois evidentemente eles esto sempre sendo substituidos. © componente permanente dos ativos circulantes da GH! cortesponde a $800. Este valor representa o nivel méy'no™ de ativos circulantes que permariece nos livros da empresa ao longo do ano. Ester também pode ser encontrado, subtraindo o nivel de ativos permanentes, da dade de recursos permanentes ($13.800 — $13.000 = $800). As relacdes apres\ = sdas na Tabela 9.6 estdo represen- tadas graficamente na Figura’ 9.2.8 Ha indmeras técnicas para determinar uma composigao adequada de financiaménto. Abaixo discutiremos as trés técnicas bésicas: (1) a técnica agressiva, (2) a técnica conservadora, e (3) uma técnica intermediéria entre as duas primeiras.* “N.T. Este € 0 nivel méximo da parcela de ativos circulantes constante durante todo 0 ano. Nao deve ser confundido com os maiores valores que 0 ativo circulante atinge em func do comportamento da atividade. As discusses que seguem no guardam relagéo explicita com os vérios tipos de financiamentos praticados @ atualmente encontrados nos livros das empresas. Ao invés disso, baseiam-se na suposico de que a empresa Possui uma estrutura financeira flexivel, que pode ser ajustada quando necessario. 290 PRINCIPIOS DE ADMINISTRAGAO FINANCEIRA ZA Ativos Cireulantes [BB Ativos Permanentes Necessidades de Recursos Totsis Ue. Recurso Sazonal > Recurso Permanente 0s Necessarios ($) Saleen = Caineen gee 4 poe. 5 €fse¢3 3 3 y Sf [3 ds £203 2 oa ee 8 " Tempo (meses) Figura 9.2. Necessidades de recursos estimados para a Companhia GH! -A técnica agressiva requer que 2 empresa financie suas necessidades imediatas com recursos a curto prazo, e suas necessidades a longo prazo com recursos a longo prazo.’ As variacdes sazonais nas necessidades de recursos da empresa so cobertas com origens de recursos a curto prazo, enquanto que as necessidades de financiamento permanente so cobertas com origens de recursos a longo prazo. 0 empréstimo a curto prazo ¢ feito devido a necessidade de recursos num determinado momento. Essa abordagem pode ser mostrada graficamente, através de um simples exemplo, usando-se 0s dados da Companhia GHI, apresentados anteriormente. ‘EXEMPLO A estimativa feita pela Companhia GHI de suas necessidades de recursos totais (isto é, ativos totais) numa base mensal para o ano seguinte foi dada na Tabela 9.5, coluna 3. As colunas 4'e 5 dividem essas necessidades de recursos totais nos com ponentes permanente e sazonal _A técnica agressiva requer que 0 componente permanente da necessidade de recursos seja_financiado com recursos a longo prazo eo sazonal, com recursos a curto prazo. A aplicacdo desse plano de financiamento para a necessidade de recursos totais é ilustrada ‘araficamente na Figura 9.3.8 = _ p -Usando a técnica agressiva, a empresa neste exemplo teria CCL num montante igual a por- cdo dos ativos circulantes financiada com recursos a longo prazo. O CCL da GHI, portanto, —— 7A técnica “agressiva’’ ¢ usada neste capitulo para indicar um proceso em que os vencimentos da divida ‘coincidem com a duracdo de cada uma das necessidades financeiras da empresa. (ZZ) Ativos Circulantes HBB Ativos Permanentes ect 3 Necesidas 3 Recursos Totais i oe. 3 Jessi moe 2 pte NE & > ese 6 g RCE ty oe ct ($800) i Ae = eect stiches | ata! Teononewss” Rennauer f © 33 62 Dez. Figura 9.3 Aplicaco da técnica agressiva 4s necessidades de recursos da Companhia GH! seria de $800, que é a porcdo de seus ativos circulantes financiados com recursos a longo prazo (financiamento permanente de $13.800 menos $13.000 de ativos permanentes). Esta estratégia, portanto, seria muito arriscada, devido ao baixo nivel de CCL. Consideragdes de custo. Se 0 custo d recursos a curto prazo necessdrios & GHI, no exemplo. _acima, fosse 3% e 0 custo dos recursos a longo prazo fosse 11%, 0 custo do plano de financia mento poderia ser estimado como se segue: Custo dos recursos a curto prazo. O custo dos recursos a curto prazo pode ser estimado, cal- culando-se a necessidade média anual de recursos sazonais e multiplicando-se esse valor pelo custo anyal de recursos a curto prazo de 3%. A necessidade média anual de recursos a curto prazo pode ser estimada dividindo-se a soma das necessidades mensais de recursos sazonais (coluna 5 na Tabela 9.5) por 12. A soma das necessidades de recursos sazonais ¢ $23.400, e a necessidade média de recursos a curto prazo ¢ $1.950 ($23.40 + 12). Por isso, 0 custo dos recursos a curto_prazo. sob este plano é de Sorosaareia $58,50 (3% x $1.950) Custo dos recursos a longo prazo. custo dos recursos a longo prazo pode ser calculado, mul- tiplicando-se a necessidade média anual de recursos permanentes de $13.800 (coluna 4 da Tabela 9.5) pelo custo anual dos recursos a longo prazo de 11%. O custo resultante dos recursos a longo prazo segundo o plano agressivo € $1.518 (11% x $13,800) “Ao calcular a necessidade média de recursos, converte-se simplesmente as necessidades mensais de recursos num saldo equivalente para o ano inteiro. Em outras palavras, em vez de calcular o custo para cada més ¢ somar'os montentes menssis, multiplicese o saldo médio pele taxa anual de juros, com 0 propésito de'en contrar 0 custo anual de juros. Custo total do plano agressive. O custo total do plano agressivo pode ser obtido, adicionan- do-se 0 custo dos recursos a curto prazo ($58,50) e o custo dos recursos a longo prazo ($1.518) Entdo, 0 custo total do plano é $1.576,50. Esse valor tornar-se-4 mais significativo quando comparado com o custo de varios outros planos. © Sr ba/e Consideragées sobre o risco. _O plano agressive funciona com o mit a poredo permanente dos ativos circulantes esté sendo financiada com recursos @ longo prazo; nenhuma das necessidades sazonais a curto prazo é financiada com recursos a longo prazo. Para a GHI, 0 nivel de CCL é, portanto, igual a $800, que ¢ o montante de ativos circulantes “permanentes” (necessidade permanente de $13.800 menos $13,000 de ativos permanentes). O plano agressivo é arriscado ndo s6 do ponto de vista do baixo CCL, mas também porque a empresa est sacando tanto quanto possivel nas origens de recursos a curto prazo, para cobrir flutuagSes sazonais nas suas _necessidades de recursos. Se acontecer que a sua necessidade de recursos totais seja o nivel indicado pela linha pontithada 8 na Figura 9.3, a empresa podera achar muito dificil obter um montante suficiente de recursos @ curto prazo. Ademais, pode. | ser impossivel obter recursos a longo prazo com a rapidez suficiente para cobrir necessidades a curto prazo da empresa. Este aspecto do risco referente a técnica agressiva advém do fato de que uma empresa tem so um montante limitado de capacidade de empréstimo a curto prazo, @ se aproveitar demais essa capacidade pode se tornar muito dificil atender as necessidades inesperadas de recursos. “Tecnica consenvanona —SoC* Bw eh A técnica conservadora seria financiar todas as necessidades financeiras projetadas com recur- 0s a longo prazo e usar recursos a curto prazo no caso de uma emergéncia ou de uma saida inesperada de recursos. E dificil imaginar como esta abordagem poderia ser implementada realmente, pois certos instrumentos de financiamento @ curto prazo séo virtualmente inevi taveis. Seria bastante dificil manter baixos niveis de duplicatas a pagar e de despesas provi- sionadas a pagar. Seria também imprudente fazer isto, ja que tais itens surgem naturalmente dos negocios. Ao ilustrar esta abordagem, a distinedo entre aqueles itens sera ignorada. Para a GHI, a técnica conservadora envolveria cobrir todas as necessidades financeiras projetadas, mesmo todos os $18.000 necessérios em outubro, com recursos a longo prazo, e reservar 0 uso do financiamento a curto prazo para contingéncias. EXEMPLO A Figura 9.4 mostra graficamente a aplicagdo da técnica conseryadora a necessidades financeiras estimadas para a GHI, dadas na Tabela 9.5. Todos eNicitice necessérios durante o perfodo de um ano, inclusive os $18.000 projetados para outu- bro, sdo financiados com recursos a longo prazo. O CCL da empresa, definido aqui como a parte dos ativos.circulantes financiada com recursos a longo prazo, atinge $5.000 ($18.000 — $13.000).? Qualquer financiamento a longo prazo além dos $13.000 de ativos permanentes fornece CCL. °0 nivel de CCL ¢ constante ao longo do ano, pois a empresa possui $5.000 em ativos circulantes que serdo integralmente financiados com recursos @ longo prazo. O saldo de ativos circulantes seré mantido 20 nivel de $5.000, pois a porcdo que exceder o nivel projetado de ativos circulantes seré mantida como titulos negocidveis (ZZ Ativos Circulantes event HB Aivos Permanentes 9) eeu, Necessidades de Recursos Totais CCL ($5.00) Recursos Necessérios ($) Figura 9.4 Aplicacdo da técnica conservadora és necessidades de recursos para a Companhia GHI Consideragées sobre o custo. Os efeitos da abordagem conservadora sobre a lucratividade da empresa podem ser medidos, determinando-se 0 custo desse plano de financiamento. No exemplo precedente, o_custo dos recursos a_longo _prazo foi dado como 11% ao ano. Ja que © saldo médio do empréstimo com_o plano conservador de financiamento é $18,000, o custo total desse plano é $1.980 (11% x $18.000). Comparando este resultado com o custo total de $1.576,50 sob a técnica agressiva, percebe-se que 0 custo é mais elevado sob a técnica con- servadora. Basta consultar a Figura 9.4 para entender por que a abordagem conservadora fica ‘to dispendiosa; a rea acima da linha das necessidades de recursos totais e abaixo da linha de financiamento a longo prazo (area hachurada superior) representa 0 montante de recursos excedentes sobre os quais a empresa esté pagando juros — montante de fundos disponiveis em _excesso. Mesmo que o administrador financeiro aplique esses recursos ociosos no mercado iinanceiro, é provavel que ele n&o consiga uma taxa de retorno fue supere a taxa de juros. Esses recursos tém, portanto, um custo para a empresa. > me CerNOe cones Reree Consideragdes sobre 0 risco. O CCL de $5.000 (financiamento a longo prazo de $18,000 menos $13.000 de ativos permanentes) associado a este plano deve significar um nivel muito baixo de risco para a empresa. O risco deve ser minimizado pelo fato que a abordagem nao exige que a empresa use sua capacidade limitada de empréstimo a curto prazo. Em outras palavras, se o financiamento total exigido for, na realidade, o nivel representado pela linha pon- tilhada B na Figura 9.4, a empresa poderé usar sua capacidade de empréstimo a curto prazo para cobrir as necessidades financeiras inesperadas e evitar a insolvéncia técnica Comparacdo com a técnica agressiva. Ao contrério da técnica agressiva, a técnica conserva dora requer que a empresa pague juros sobre recursos desnecessérios. O custo mais baixo da 294 PRINCIPIOS DE ADMINISTRAGAO FINANCEIRA i a, portanto, torna-a mais lucrativa do que a abordagem conservadora, sendo contudo mais arriscada. O contraste entre essas duas técnicas deve indicar claramente a rela- 80 que existe entre lucratividade e risco. Uma oferece lucros elevados, mas também um alto risco, enquanto que a outra dé lucros baixos e, em compensago, um baixo risco. Uma rela- cdo entre estes extremos deve resultar numa estratégia aceitavel de financiamento para quase todas as empresas. wsrooasouasrécwcas CS. = (Sn SGtn) ~ Ae eG A maioria das empresas usa uma técnica de financiamento que esté entre a técnica agressiva, caracterizada por alto lucro-alto risco, e a técnica conservadora, com baixo lucro-baixo risco. A relacdo exata feita entre a lucratividade e risco depende muito da atitude de quem toma decisdes com respeito ao risco. Uma das diversas relages possiveis no caso da GHI € descrita abaixo. EXEMPLO Apés uma anélise cuidadosa, a GHI decidiu-se por um plano de financie- mento baseado num montante de financiamento permanente, igual a0 ponto médio da necessidade minima e maxima mensal de recursos para o perfodo. Um exame da Tabela 9.5 revela que a necessidade minima mensal é $13.80 (em maio) e a méxima mensal 6 $18.00 (em outubro). O_ponto médio entre esses dois valores é $ 15.900 [($13.800 + $18,000) = 2]. Desse modo, mensalmente a empresa usar $15.900 de recursos a longo prazo e obteré quaisquer recursos adicionais necessérios de fontes a curto prazo. O de dobramento a longo e curto prazo sob este plano é dado na Tabela 9.6. Tabela 9.6 Plano de Financiamento Baseado na Relacdo entre Retorno @ Risco para a Companhia GH! Ativos totais? ——-Recursosa longo prazo —_—Recursos a curto prazo Més (1) (2) (3) Janeiro $17.000 a $15.900 $1.100 Fevereiro 16.000 15.900 100 Margo 15.000 15.900 ° Abrit 14.000 15.900 ° Maio 13.800 15.900 0 Junho 14.500 15.900 ° Julho 16.000 15.900 100 Agosto 16.700 15.900 800 Setembro 17.000 15.900 1.100 Outubro 18,000 15.900 : 2.100 Novembro 16,000 15.900 100 Dezembro 15.000 15.900 0 ac @Representam a necessidade de recursos totais da empresa, extrada da coluna 3 da Ta- bela 9.5. A-coluna 3 da Tabela 9.6 mostra o montante necessério de recursos a curto prazo, mensalmente. Esses valores foram encontrados subtraindo-se $15,900 dos recursos totais necessdrios mensalmente, dados na coluna 1.(Para os meses de marco, abril, maio, junho e dezembro, o nivel de fundas totais necessérios é menor do que o nivel de recur- sos disponiveis a longo prazo; portanto, no é preciso qualquer recurso a curto prazo. ) A implementaco desse plano resultaria em niveis de CCL de $2.900 (recursos a longo prazo de $15.900 menos $13.000 de ativos permanentes). Isso deve dar & empresa uma posigéo de risco intermediéria entre 0 alto nivel de risco da técnica agressiva (que dé um CCL de $800) e o baixo nivel de risco da técnica conservadora (que oferece um CCL de $5.00). A Figura 9.5 apresenta graficamente o plano misto na Tabela 9.6, bem como os planos baseados nas técnicas agressiva e conservadora. A area acima da linha das necessidades de recursos totais e abaixo da linha de financiamento a longo prazo, ou seja, abaixo da linha 3 (composta somente de hachuras), representa o nivel de recursos desnecessdrios, mas sobre os quais a empresa esta pagando juros. Consideracées sobre o custo. O custo da técnica intermediéria pode ser calculado, encon- trando-se os recursos médios requeridos a curto e a longo prazo e multiplicando-se os valores obtidos pelas taxas de juros a curto e longo prazo, 3% e 11%, respectivamente. A soma desses dois componentes de custo é o custo total do plano. Custo dos recursos a curto prazo. O custo dos recursos a curto prazo pode ser estimado, cal- culando-se a necessidade de recursos médios a curto prazo e multiplicando-se por 3%. Os re- cursos médios anuais requeridos a curto prazo podem ser calculados dividindo-se a soma das. necessidades mensais (sazonais) de recursos (extrafdas da coluna 3 da Tabela 9.6) por 12. A soma das necessidades de recursos sazonais é $5.400. As necessidades médias de recursos requeridos a curto prazo 6, portanto, $450 ($5.400 = 12), e 0 custo dos recursos a curto prazo sob este plano é $13,50 (3% x $450). Custo dos recursos a longo prazo. O custo dos recursos a longo prazo pode ser calculado, multiplicando-se a necessidade média de recursos requeridos a longo prazo, isto é, $15.900 (extraida da coluna 2 da Tabela 9°}, pelo custo anual dos recursos a longo prazo, 11%. O custo dos recursos a longo prazo sob este plano é, portanto, $1.749. Custo total da técnica intermedidria. O custo total da técnica intermediaria pode ser obtido somando-se 0 custo dos recursos a curto prazo ($13,50) ao custo dos recursos longo prazo ($1.749). O custo total da técnica intermedidria é, portanto, $1.762,50. Consideragées sobre o risco. Como mostra a Figura 9.5, a técnica intermediaria 6 menos arriscada do que a técnica agressiva, porém mais arriscada do que a técnica conservadora. Com 0 plano intermedidrio, caso a necessidade de recursos totais seja realmente ao nivel dado pela reta B na Figura 9.5, a probabilidade de se obter financiamento adicional a curto prazo € boa, uma vez que uma parte das necessidades financeiras a curto prazo esta, na realidade, sendo financiada com recursos a longo prazo. Com respeito ao custo, a técnica intermedidria se coloca entre a técnica agressiva, de menor custo, e a técnica conservadora, de maior custo. 296 PRINCIPIOS DE ADMINISTRAGAO FINANCEIRA Ativos Circulantes (7 Ativos Permanentes cet 20.000 ? _ Necessidades de Recursos Totais Recursos Necessérios ($) ‘Tempo (meses) Explicagio: Linha 1 — técnica agressiva i Linha 2 ~ técnica conservadora Linhe 3 — técnice intermediéria ~ Figura 9.5. Trés pianos de financiamento para a Companhia GHI COMPARAGAO SUMARIA DAS TECNICAS A Tabela 9.7 resume os resultados da andlise de cada um dos planos. Indica que quanto menor for o CCL da empresa, maior seré 0 risco existente. A tabela também indica que quanto maior for o risco de insolvéncia, maior sera a expectativa de lucro elevado. A relacdo entre risco e retorno pode ser demonstrada mais claramente através de um grafico, como na Figura 9.6. Deve-se ter cuidado ao analisar a Figura 9.6, pois cada um dos eixos mede duas variaveis. A medida que se desce no eixo Y, diminui 0 risco, devido a0 aumento do CCL; infelizmente, o lucro também decresce, j4 que se avanca também no eixo X, enfrentando custos crescentes dos recursos. O administrador financeiro precisa determinar se deseja selecionar um plano de financiamento que coloca a empresa em um ou em outro extremo da fungdo risco-retorno, ou se é preferivel um meio-termo entre risco e retorno. A maioria dos administradores financeiros assumiré posigdo intermedidria entre lucros elevados e risco alto. O plano de finan- ciamento escolhido deve ser aquele que presumidamente represente a combinagéo otima de, retorno e risco em fungéo do valor global da empresa — conseqiientemente maximizando a riqueza dos proprietarios. i Tabela 9.7 Resumo dos Resultados das Trés Técnicas de Financiamento para a Companhia GH! Plano de Grau de Custo total Nivel de financiamento ccs risco dos recursos lucro Agressivo $ 800,00 O maior $1.576,50 0 maior Intermedisrio $2.900,00 Médio $1,762.50 Médio Conservador '$5.000,00 O menor ‘$1.980,00 O menor 3Esses valores representam o montante de CCL oferecidanaia cada plano de financiamento, determinado nos exemplos anteriores , 5 Alto Lucero Baixt Lucro 1,500 1.600 1.700 1.800 1.900 2.000 2.100 Alto Risco OT eee eee ene ora , | : i | } Baixo Risco ° 1,500 1.600 1.700 1.800 1.900 2.000 2.100 passat S Custo Total dos Recursos ($) ero Figura 9.6 Gréfico da relacdo risco-retorno para a Companhia GHI =| Resumo © CCL da empresa ¢ definido como a diferenca entre ativos circulantes ¢ passivos circulantes. © nivel ade. quado de CCL depende dos padrées de fluxo de caixa da empresa. As empresas mantém CCL como uma protecao, © CCL 6 usado pela empresa muitas vezes como medida do risco de insolvéncia técnica, Quanto mais liquida for a empresa, maior probabilidade teré de poder honrar seus compromissos correntes no venci mento. Uma vez que baixos niveis de CCL indicam maior probabilidade de liquidez insuficiente e vice-versa, © CCL ¢ uma forma muito ,atil de se determinar 0 risco, Uma defini¢go alternativa do CCL ¢ a parte dos ativos circulantes financiada com recursos a longo prazo. 298 PRINCIPIOS DE ADMINISTRACAO FINANCEIRA ‘Ao avaliar a relag&o risco-retorno referente ao nivel do CCL de uma empresa, trés suposicdes bésioas foram feitas: (1) que se trata de uma empresa industrial; (2) que os ativos circulantes s80 menos lucrativot do que os ativos permanentes, @ (3) que 0s recursos a curto prazo so menos dispendiosos do que os recursos 2 longo prazo. Quanto maior for o indice ativos circulantes-ativos totais, menos lucrativa @ arriscada seré @ empress. © oposto também 6 verdadeiro. Quanto maior for o indice passivos circulantes-ativos totais, empresa teré mais lucros e riscos. O inverso dessa afirmagdo também 6 verdadeiro. Essas relagbes entre lucra- tividade e risco precisam ser consideradas a0 se avaliar a posi¢So do CCL de uma empresa. Visto que 0 CCL pode ser considerado a parte dos ativos circulantes financiada com recursos a longo prazo, 8 composiggo dos financiamentos a curto @ longo prazo esté diretamente relacionada a relago ris- co-retorno © 0 CCL da empresa. Ao prever as necessidades financeiras, 0 administrador financeiro pode avaliar as conseqiiéncias de vérios planos de financiamento, antes de decidir que parcela dos ativos circu: lantes seré financiada com recursos a longo prazo. As necessidades de financiamento podem ser subdivi- didas om necessidades sazonais e permanentes. A necessidade permanente 6 atribufvel aos ativos perm: entes @ 8 porgo permanente dos ativos circulantes, enquanto que se atribui a necessidade sazonal 8 exis- téncia de certos ativos circulantes temporérios. Hé indmeras técnicas para determinar uma composigdo adequada de financiamento. A técni 4 um plano de financiamento com alto lucro-alto risco, em que as necessidades sazonais sf0 ‘com recursos @ curto prazo @ as necessidades permanentes sfo financiades com recursos a longo prazo. A abordagem conservadora ¢ um plano de financiamento com baixo lucro-baixo risco: todas as necessidades financeiras — tanto sazonais como permanentes — so financiadas com recursos a longo prazo; o empréstimo ‘a curto prazo é reservado para emergéncias. A maioria des empresas usa ums abordegem intermediério, segundo @ qual algumas necessidades sazonais sdo financiadas com recursos a longo prazo; esta técnica si- ‘tuase entre a sbordagem agressive com alto lucro-alto risco e a abordagem conservadora com balxo lu- cro-baixo risco. EE ST ET ERT Questées 91 Por que @ administracgo do capital de giro ¢ considerada téo importante pelos acionistas, credores @ pelo administrador financeiro da empresa? Qual ¢ a defini¢o de capital circulante liquido (CCL)? Que relagdo vooé esperaria que existisse entre a previsibilidade de fluxos de caixa de uma empress @ seu nivel exigido de CCL? Como estéo relacionados o CCL, Ivéncia técnica eo risco? 92 liquide, 93 Por que se acredita que um aumento no {ndice ativos circulantes-ativos totais iré diminuir tanto o lucro como o risco medido pelo CCL? 84 Como variagées no (ndice passives circulantes-ativos totais afetam a lucratividade @ risco da em- presa? 95 Em sua opinigo, como um aumento no indice ativos circulantes-ativos totais e uma redugo no indice passives circulantes-ativos totais afetariam o lucro @ o risco da empresa? Por qué? 78-6 Qual 6 a premissa bésica da técnica agressiva para atender 8s necessidades financeiras de uma empresa? 9-7 Quai s80 08 efeitos dessa abordagem sobre a lucratividade e o risco? $8 Qual 6 a técnica conservadora pare. as necessidades de financiamento de uma empresa? Que tipo de relacdo risco-retorno esté envolvida? 9-9 Se uma empresa tiver uma necessidade de financiamento constante 20 longo do ano, qual dos * planos de financiamento, se houver, 6 preferivel? Por qué? 810 Caso 0 custo do financiamento @ curto prazo se aproxime do custo do financiamento a lo~ qual das duas abordagens 6 mais desejével, a agressive ou a conservadora? Qual delas se: s0 esses custos fossem idénticos? Por qué?

You might also like