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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2
UNIDADE 1 – CONHECENDO A GEOLOGIA ........................................................... 3
UNIDADE 2 - MINERAIS E ROCHAS: GÊNESE E CARACTERÍSTICAS ................. 7
UNIDADE 3 - PROCESSOS GEODINÂMICOS INTERNOS .................................... 13
UNIDADE 4 - TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS ............................................. 16
UNIDADE 5 - CONHECENDO A GEOMORFOLOGIA ............................................. 25
UNIDADE 6 - GEOMORFOLOGIA E PLANEJAMENTO ......................................... 40
UNIDADE 7 - CONHECENDO A BIOGEOGRAFIA ................................................. 43
UNIDADE 8 - DINÂMICAS BIOLÓGICAS E GEOMORFOLOGIA ........................... 48
UNIDADE 9 - COMPREENDENDO OS RECURSOS HÍDRICOS ............................ 62
UNIDADE 10 - ÁGUA SUBTERRÂNEA E AQUÍFEROS ......................................... 65
UNIDADE 11 - A ATUALIDADE DA QUESTÃO AMBIENTAL ................................ 69
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 76
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INTRODUÇÃO

A compreensão das questões ambientais envolve diversas disciplinas


construídas ao longo da evolução científica. Para compreender e estudar a
realidade, o método científico dividiu o universo em partes, originando temas cada
vez mais específicos e abordagens especializadas. Nos cursos superiores de
Geografia estuda-se a Geomorfologia, Pedologia, Biogeografia, Geologia,
Climatologia, Hidrografia, Cartografia, entre outras disciplinas. Ao mesmo tempo
essas áreas não são exclusivas dos estudos geográficos, constituindo outras
ciências.
A questão ambiental na Geografia, assim como em outras ciências, é
composta de estudos compartimentados da natureza para se compreender os
processos naturais terrestres e sua dinâmica. O estudo interdisciplinar, do meio
ambiente necessita compreender essas relações para assim controlar os impactos
humanos e suas consequências para a vida na terra.
Entretanto, não se pode esquecer que cada disciplina tem sua própria
história, conceitos e métodos. Juntar as partes de cada uma, pensando em formar
uma metadisciplina que retome o conceito de todo indivisível é, no mínimo, um
terrível engano (Santos, p. 71, 2004).
Sem a pretensão de fazer da Geografia esta metadisciplina capaz de
compreender a totalidade, será realizado um recorte analítico objetivando tratar de
alguns tópicos de: Geologia, Geomorfologia, Biogeografia, recursos hídricos e para
finalizar uma analise sobre a questão ambiental contemporânea.

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UNIDADE 1 – CONHECENDO A GEOLOGIA

Para o planejamento ambiental, a geologia fornece informações sobre o


substrato rochoso1, mostra a ocorrência de minerais e materiais de importância
econômica. O estudo geológico apresenta informações sobre a formação, evolução
e estabilidade terrestre, auxiliando a construção de cenários passados e atuais.
Para o planejamento, segundo Santos (2004), o procedimento usado em
pesquisas geológicas no Brasil é de compilação de cartas topográficas e geológicas,
ajustando-as a imagens de radar ou satélite. A coleta de dados é feita em campo ou
através de análise de imagens de sensoriamento remoto.
A indicação de unidades geológicas, estrutura, estratigrafia, litologia e
evolução, subsidiam as interpretações sobre o relevo, solo, processos de erosão,
entre outros dados. As cartas2 geológicas definem e valorizam a composição,
disposição e origem das rochas e minerais, indicam minérios; e ainda permitem ao
pesquisador deduzir a permeabilidade do solo, o tipo de vegetação e a
disponibilidade de água superficial e subterrânea e de recursos minerais. Essas
informações oferecem suporte determinar capacidade de ocupação de áreas, e
formas das ações humanas sobre determinado meio (Santos,op. cit.).
Especificamente, para estudos posteriores de Geomorfologia, será destacada
a compreensão da superfície terrestre, as principais dinâmicas da crosta, e os tipos
de rochas.

O planeta Terra
O planeta terra é composto por três grandes domínios ou ambientes: a
atmosfera, a hidrosfera (formada pelas águas) e a litosfera (parte sólida ou rochosa).
Um quarto domínio surge com a biosfera (formada pelos seres vivos, animais,
plantas e o homem) constituindo a área do planeta ocupada pelo seres vivos, um
intervalo estreito de aproximadamente 40 km que vai da parte superior da crosta
terrestre até a baixa atmosfera. Este intervalo, que propicia espaço para vida
humana, foi denominado por Grigoriev, em 1968, de estrato geográfico terrestre,
tendo a litosfera como piso e a estratosfera, como limite superior (Ross, 1998).

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Os fenômenos da natureza contidos no estrato geográfico terrestre são


produtos da força gerada pelo Sol, sua interação com a atmosfera, e também
produto da força gerada no interior da terra.
O calor interno da terra é originário do processo de criação de planetas, com
o aquecimento do planeta a temperaturas próximas a 1000ºC. Deste processo,
restou a energia da radioatividade e a conversão da energia gravitacional em
térmica, do qual teve origem o núcleo da Terra. A energia calorífica do núcleo é
mantida pelas transformações radioativas de isótopos instáveis.
Segundo Penha (1999, p.54)
“A radioatividade liberta calor, que por sua vez, se transforma em trabalho,
gerando forças que movimentam placas litosféricas e erguem imensas cordilheiras”.
A temperatura do núcleo (cerca de 6000ºC) é uma relevante fonte de energia
transmitida para o manto por convecção e para a litosfera na forma de células
convectivas.
A litosfera3, também conhecida como crosta terrestre, é a camada mais rígida
da terra, sustentada por diferentes tipos de rochas que variam de acordo com a
idade e com a origem. Entretanto, a litosfera não é maciça, apenas constitui uma
espécie de casca do planeta, pois se compararmos os valores médios desta, cerca
de 40 km de espessura, com o raio da Terra de aproximadamente 6.371km, é um
valor pouco significativo.

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A figura a seguir ilustra as principais subdivisões da terra:

Fonte: Nosso planeta, http://www.igc.usp.br/geologia/a_terra.php.

Além desta diferença em espessura das camadas, há uma diferença na


densidade média dos materiais que compõe cada uma das camadas. Segundo a
tabela abaixo, a densidade da crosta oceânica é da ordem de 2,8 g/cm³ enquanto
que a do manto é de 4,68g/cm³, o que indica que os materiais são de natureza física
diferentes. Devido à alta densidade do núcleo, defende-se que seja composto por
materiais metálicos como o níquel e o ferro (Ross, 1998).
Principais subdivisões da terra:
Espessura ou raio Massa Densidade média
(km) g/cm³
Crosta oceânica 7 7,0 x 10 24 2,8
Crosta continental 40 1,6 x 1025 2,7
Manto 2870 4,08 x 1027 4,6
Núcleo 3480 1,88 x 1027 10,6
Oceanos 4 1,39 x 1024 1,0
Atmosfera - 5,1 x 10²¹ -
Terra 6371 5,98 x 1027 5,5
Fonte: Ross, J. , 1998.

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O conhecimento do interior do planeta é fornecido por estudos geofísicos,


principalmente, com o auxílio da sismologia (estudo dos terremotos). São dados
obtidos de forma indireta, já que as observações diretas são realizadas a partir de
perfurações a poucos quilômetros da superfície e não chegam mais de 10 km.
Ao percorrer o interior da terra, as ondas sísmicas apresentam variações,
oferecendo uma imagem da estrutura interna da Terra, onde as descontinuidades
podem ser verificadas pela mudança de velocidade das ondas sísmicas.
Graças à sismologia, descobriu-se uma camada entre 100 e 350 km de
profundidade, localizada no manto superior que é capaz de fluir - a astenosfera. A
existência desta viabilizou a teoria da deriva continental, e a da tectônica de placas.
A litosfera não é uma estrutura rígida contínua e homogênea, mas composta
de rochas com formações e idades distintas. A diferença entre a densidade da
crosta oceânica e continental, é atribuída a diferente composição e espessura.
Enquanto a crosta continental ou siálica4 é composta principalmente de rochas
metamórficas, ígneas e sedimentares de maior idade (4,5 bilhões de anos), chega
atingir até 70 km de espessura em algumas regiões. A crosta oceânica é composta
de rochas basálticas5 mais jovens (250 milhões de anos) e possui espessura média
de 7 km.

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UNIDADE 2 - MINERAIS E ROCHAS: GÊNESE E


CARACTERÍSTICAS

Os minerais e rochas são os principais materiais que constituem a terra,


portanto, conhecê-los faz parte deste estudo que visa compreender o planeta,
principalmente as camadas mais superficiais com os quais temos mais contato.
O conhecimento das propriedades dos minerais evoluiu ao longo dos anos e
hoje é possível atribuir grandes avanços científicos e tecnológicos aos diversos usos
aplicados aos minerais. Um exemplo disso é o uso do silício, nos computadores,
equipamentos de comunicação e do diamante nas indústrias de precisão.
Os minerais podem ser definidos como elementos ou compostos químicos
com composição definida dentro de certos limites, cristalizados e formados
naturalmente por meio de processos geológicos inorgânicos, na terra ou em corpos
extraterrestres (Atencio, et al., 2001).
O mineral constitui uma espécie quando, por exemplo, o quartzo (SiO2),
forma-se em condições geológicas ideais, manifestando uma estrutura atômica
interna em uma forma geométrica externa. Se esta forma apresenta faces, arestas e
vértices naturais é denominado cristal. O cristal possui um arranjo de átomos interno
tridimensional.
Na natureza, os minerais que formam cristais perfeitos são raros, e
consequentemente constituem jóias. O mais comum é os minerais se apresentarem
como massas irregulares.
Embora seja possível hoje a produção de uma diversidade de substâncias
que imitam os minerais, eles não são considerados minerais. Por exemplo, um cristal
sintético não pode ser denominado mineral, somente é mineral aquele formado em
condições naturais. Já as substâncias como géis, vidros, não entram na definição de
minerais, sendo denominados mineralóides (Atencio, et al., 2001).
O nome “rocha” é usado para qualificar uma associação de minerais
diferentes, que por diversos motivos tornaram-se uma massa coesa. A rocha não é
homogênea, não possui a continuidade física de um mineral, podendo ser
subdividida segundo os minerais constituintes. As rochas possuem cristais ou grãos
bem coesos. A força de ligação entre os grãos varia de acordo com o processo de
formação o que resulta em diferentes graus de dureza da rocha.
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Um outro fator determinante nas rochas são os minerais constituintes. Esses


são classificados como minerais essenciais quando mais abundantes na rocha e
acabam determinando o nome da rocha, e os acessórios minerais em menor
quantidade que podem não estar presentes, o que não altera a denominação da
rocha.
Quando os minerais agregados pertencem a mesmas espécies são
denominados de monominerálico, e quando de famílias diferentes são
pluriminerálicos.
Rochas Rochas pluriminerálicas:
monominerálicas:
Calcário, Mármore, Quartizito Gnaisse, Gabro, Granito

Fonte: Decifrando a terra, 2001.

Classificação genética das rochas


Um critério utilizado para a classificação das rochas é o agrupamento
segundo as suas características genéticas, ou seja, segundo o seu modo de
formação na natureza. Com vista neste processo podemos classificar as rochas em
três grupos:

As rochas ígneas, efusivas ou vulcânicas;


São decorrentes de fenômenos magmáticos de gênese, evolução e
solidificação de materiais existentes no interior da terra. Quando o magma é
consolidado no interior da terra é chamado de rocha ígnea intrusiva, quando se
consolida na crosta, de material extravasado na superfície é chamado de rochas,
vulcânica ou ígnea extrusiva plutônica. A rocha mais abundante deste tipo é o
basalto, de composição química rica em piroxênios e plagioclásios cálcico.
O magma pode se diferenciar enquanto a origem (mantélico, crustais,
derivados), em composição (ácidos, básicos, ultrabásicos, intermediários). E ainda,
no curso de cristalização o magma pode se diferenciar dando origem a diferentes
tipos de rochas ígneas. O principal material constituinte do magma é a sílica, o que
caracteriza como uma mistura silicatada com alguns cristais disseminados e gases
originários de fusões no manto e na crosta. O magma mais viscoso é ácido e origina

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as rochas graníticas, enquanto o magma mais fluído é mais básico e origina os


basaltos (Penha, 1999).
A ascensão do magma na superfície pode ser de forma ativa, originando
corpos intrusivos de aspecto globular que interagem com as rochas envolventes. Ou
pode dar-se de forma passiva, sem deformar as rochas encaixantes. Entretanto,
qualquer tipo de intrusionamento pode afetar as formas do relevo, seja pela
deformação das formas existentes, ou pela erosão diferencial que expõe as rochas à
superfície por meio da denudação.
É possível reconhecer se uma rocha é intrusiva ou extrusiva avaliando-se a
textura. Como o resfriamento do magma intrusivo é lento, ocorre o crescimento dos
cristais constituinte desta. Um exemplo deste processo é a ocorrência do granito, a
rocha ígnea intrusiva mais abundante na crosta terrestre.
O resfriamento do magma extrusivo é rápido impedindo o crescimento de
cristais, e caracterizando a rocha extrusiva com granulação fina.

As rochas sedimentares
As rochas sedimentares são também conhecidas como rochas secundárias,
por serem formadas a partir de outras rochas. Para que haja formação de uma rocha
sedimentar, é necessário que haja uma rocha anterior, ígnea, metamórfica, e mesmo
outra sedimentar que forneça as partículas que serão matéria prima da rocha
sedimentar. Podem ser classificadas em dois grupos: clásticas ou dentríticas e
químicas.
As rochas sedimentares clásticas resultam da compactação ou cimentação de
fragmentos produzidos pela ação dos agentes de intemperismo6 e pedogênese7
sobre uma rocha preexistente. Após serem transportadas pela ação do vento, das
águas, ou do gelo, os fragmentos da rocha escoam até um ponto de deposição onde
são compactados e litificados.
A diagênese ou litificação8 é o processo que une as partículas sedimentares.
A litificação ocorre em condições geológicas de baixa pressão9, e baixa
temperatura10. As rochas sedimentares clásticas são classificadas segundo o
tamanho de suas partículas. Cada ambiente oferece materiais diferentes resultando
em diferentes tipos de rocha sedimentares.

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As rochas sedimentares químicas são de dois tipos: orgânicas e inorgânicas.


São formadas pela precipitação dos sais dissolvidos nas águas de rios, lagos e
mares. Dentre as rochas sedimentares orgânicas que ocorrem com mais frequência
estão o calcário, o dolomito e o carvão.
Nas rochas sedimentares são preservados os fósseis, que são vestígios de
seres vivos antigos, chave para compreensão da origem e evolução da vida. A sua
estrutura em bandas ou camadas, fornecem importantes informações sobre as
variações ambientais ao longo do tempo geológico.
Em determinadas situações, as rochas sedimentares contém petróleo, gás
natural e carvão mineral, as principais fontes de energia do mundo moderno, o que
atribui indiretamente uma importância econômica a elas.
Existem também depósitos sedimentares de origem orgânica, mas que não
configuram rochas, tais como resto de vegetais, conchas de animais, excrementos
de aves e que por compactação, geram respectivamente: turfa, coquina e guano.
Por sua origem de materiais não minerais, foram classificados como pseudo-rochas
(Atencio, et al., 2001).
São as rochas sedimentares estruturam as bacias sedimentares orientando o
relevo destas áreas. As bacias sedimentares são formadas por rochas de diferentes
idades, e composição granular variável, as formas de relevo sofrem influência pelo
tipo de deposição como pela diferença de resistência entre uma camada de rocha e
outra. Nas bordas das bacias sedimentares, as rochas apresentam camadas
horizontalmente inclinadas. Tal fato, associado à presença de camadas
sedimentares de resistências diferentes, gerando relevos tabuliformes, como os
topos de morros planos, vertentes escarpadas e os relevos do tipo cuesta (Ross, p.
41, 1998).

As rochas metamórficas
São formadas a partir das rochas ígneas ou sedimentares, ou delas mesmas,
quando submetidas a movimentações de placas tectônicas , altas temperaturas e/
ou pressão sofrem recristalização ou são deformadas. O fenômeno acontece com o
material sólido, havendo a modificação das características mineralógicas e texturais

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existentes (Penha, 1999). As transformações acontecem de modo a adaptar a rocha


as novas condições físico-químicas reinantes ao seu redor.
O calor emitido por um corpo ígneo pode causar o metamorfismo a partir do
contato com outras rochas, transformando a rocha encaixante. A alteração de
condições de temperatura e pressão em grandes profundidades sob o material
crustal, pode dar origem ao chamado metamorfismo regional. Neste processo
resultam várias rochas metamórficas, tais como: ardósias, filitos, micaxistos e
gnaisses.
As rochas variam em composição e grau de cristalinidade. É segundo esta
composição há uma resposta diferente aos processos morfodinâmico, por exemplo:
o quartizito, resultado do metamorfismo do arenito, quando é exposto a superfície
tende a formar um relevo positivo e cristas que não ocorre em arenitos. (op. cit.)
Entre as características dessas rochas está a xistosidade (marcas paralelas
como camadas). Nestas marcas, ou falhas, estão às linhas de fratura, diferenciando
uma área de menor resistência da massa rochosa onde os processos erosivos
atuam com maior intensidade.

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Fonte: Decifrando a terra, 2001.

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UNIDADE 3 - PROCESSOS GEODINÂMICOS INTERNOS

Os processos geológicos do interior da terra são gerados pela energia interna


da terra, e denominam-se processos endogenéticos ou geodinâmicos internos
(Penha, 1999).
Existe uma movimentação de matéria rochosa do interior da Terra para
superfície e em sentido contrário, do exterior para interior. Nesse processo constitui-
se o ciclo das rochas e o acentuamento do relevo.
Estão relacionados à geodinâmica interna:
- os fenômenos magmáticos (que tratam do magma, sua formação e movimentação
interior e exterior da crosta);
- o metamórfico (das transformações mineralógicas e estruturais de rochas
preexistentes, no interior e exterior da crosta);
- e o tectônicos (esforços internos aos quais são submetidas as rochas, ex: os
terremotos, os dobramentos e os falhamentos).
Dentre as teorias que explicam o dinamismo da litosfera, Ross (1998)
destaca:
A teoria da isostasia. A palavra isostasia significa estar igual, ou seja em
busca de equilíbrio. Esta teoria explica que as terras emersas, devido a sua menor
densidade flutuam sobre um material mais denso e pouco mais fluido do manto. A
ação climática ao longo do tempo desgasta as terras emersas por erosão, e a perda
de massa é transferida para os fundos oceânicos, que alivia o peso soerguendo
terras emersas.
Teoria do encolhimento da terra. A terra é um corpo celeste extremamente
quente em seu interior e que ao perder calor, diminui de volume. O manto e o núcleo
estão em permanente estado de fusão, e o contínuo esfriamento do manto perturba
a litosfera. A perturbação é consequência perda de volume por erupções vulcânicas
e abalos sísmicos, esta perda, por outro lado, induz a pressão na crosta e culmina
com os enrugamentos (das superfícies rochosas) e a formação de cadeias
montanhosas.
Teoria da terra em expansão. É oposta a anterior e é defendida pelos
astrônomos, que admitem que os corpos celestes estão em expansão no universo, e
a terra, sendo um desses corpos, também se encontraria em expansão.O processo
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físico químico de fissão nuclear dos elementos que compõe a terra seria
responsável por ampliar o volume do planeta e também aumentar a temperatura do
manto e do núcleo terrestre, onde a desintegração nuclear dos minerais estaria
ocorrendo permanentemente.
Teoria das correntes de convecção e a deriva dos continentes. Hipótese
de que o comportamento do manto assemelha-se ao dos materiais líquidos e
gasosos, que tendem a subir para a superfície quando aquecidos, e afundar, quando
esfriados. Deste modo, o material mais profundo do manto, de temperaturas mais
elevadas, desloca-se em direção da superfície, enquanto as camadas mais próximas
à litosfera, estando mais frias, são conduzidas por pressão para o interior da terra.
Os continentes por situarem-se acima da litosfera estariam sendo conduzidos com
se estivessem numa esteira rolante. Segundo esta corrente as áreas oceânicas
estão se expandindo, e os continentes acompanham lentamente este processo. Esta
teoria foi formulada por Alfred Wegener no final do século XIX. Observando os
contornos do continente africano e americano, Alfred Wegener sugeriu que estes já
tinham sido unidos e que, por deriva, teriam se separados.
A união dos continentes imaginada por Wegener formava um supercontinente
que denominou Pangea. Segundo esta teoria a cerca de 220 milhões de anos
durante o período Triássico, quando a terra era habitada por dinossauros, a
fragmentação teria se iniciado, prosseguindo até os dias atuais. As provas que
evidenciam este processo estão nas feições correspondentes da orientação do
relevo da Serra do Cabo na África do Sul e da Sierra de la Ventana na América do
sul, na presença de fósseis idênticos na África e no Brasil, além de outras evidências
apresentadas pelas marcas no relevo. Esta teoria posteriormente contribuirá para
explicação da tectônica de placas.

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Fonte: http://freehost02.websamba.com/biogeo1/tecto3.html

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UNIDADE 4 - TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS

A teoria da tectônica de placas possibilitou a explicação da gênese e do


dinamismo da crosta, do relevo terrestre e submarino.
Embora Wergener tenha proposto a teoria da tectônica de placas no século
XIX, esta é comprovada somente no século XX, fruto de pesquisas nas áreas
oceânicas e com o advento de sofisticados aparelhos de Geofísica e sondagem
submarina. A teoria da tectônica de placas compreende que a litosfera rígida “flutua”
sobre a astenosfera, uma camada plástica e quente. A litosfera é segmentada por
fraturas, formando um mosaico com sete grandes placas e algumas outras menores,
que deslizam horizontalmente, arrastando os continentes por cima da astenosfera
(Penha, 1999).
O limite das placas está associado a forte presença de atividade sísmica,
como vulcanismos e terremotos.
Existem três tipos de limites de placas tectônicas:
a) Divergentes - quando uma nova crosta é gerada e as placas se distanciam umas
das outras, desenvolvendo uma "margem continental passiva";
b) Convergentes - quando uma placa mergulha sob a outra, sendo que uma delas é
consumida, resultando em uma "margem continental ativa";
c) Conservativos - quando não há produção nem destruição de crosta, as placas
deslizam lateralmente ao longo de fraturas denominadas "falhas transformantes".

Explicaremos com mais detalhes cada uma delas segundo trabalho elaborado
por Mansur, 2007.

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Fonte: http://www.igc.usp.br/geologia/a_terra.php, 2007.

a) Limites Divergentes
Os limites divergentes ocorrem quando uma nova crosta oceânica é criada,
com movimentação horizontal das placas em sentido oposto. Desse modo, o
surgimento de um oceano se inicia com a fragmentação de um continente localizado
em placas tectônicas divergentes.

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Fonte: http://www.drm.rj.gov.br/projeto.asp, 2007.

No primeiro estágio de "abertura de um oceano" ocorre o soerguimento e


abaulamento da crosta continental e eventualmente o seu fraturamento. Uma grande
depressão se desenvolve no continente e a água do mar invade as terras mais
baixas, formando lagos salinos. A atividade vulcânica é intensa, pois o afinamento
crosta continental faz com que a camada quente e fluída abaixo da litosfera (a
astenosfera) se aproxime da superfície. Esse tipo de ambiente geotectônico é
chamado de "rift valley" (termo geológico em inglês que significa "vale de fendas de
grande extensão"). O exemplo atual de um continente nesta fase de fragmentação é
oferecido pelo relevo “Rift Valley” Africano, na África Oriental (Etiópia, Uganda,
Quênia, República do Congo, Tanzânia, Malui e Moçambique).
No segundo estágio, a divergência das forças se acentua e a crosta
continental se fragmenta formando dois continentes, agora separados por um
oceano encaixado em uma grande fratura. A ascensão do material magmático
quente da astenosfera gera uma série de atividades vulcânicas, formando um denso
assoalho de composição básica (basalto), denominada crosta oceânica. As bordas
continentais soerguidas tornam-se "área fonte" (onde ocorre intemperismo e erosão
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das rochas) dos sedimentos depositados nas bacias oceânicas adjacentes. Um


exemplo atual de um oceano nesse estágio de abertura é o Mar Vermelho que
separa a Península Arábica da África Oriental.
Se a divergência prossegue, chega-se ao terceiro estágio da "formação de um
oceano". O calor vindo da astenosfera fica restrito à região oceânica central, onde a
atividade vulcânica intensa forma a Dorsal ou Cadeia Meso-Oceânica. À medida que
as placas se distanciam, mais frias ficam suas bordas continentais (pois estão longe
do centro de geração de calor) e estas são recobertas pelas águas marinhas,
formando a plataforma continental. O exemplo atual desse estágio é o Oceano
Atlântico que separa a América da África e Europa, cuja abertura teve início há 180
milhões de anos, com a fragmentação do supercontinente Pangea, circundado por
um único oceano existente na época, chamado de Pantalassa (do grego que
significa "todos os mares").

Fonte: http://www.igc.usp.br/geologia/a_terra.php, 2007

Hoje em dia, uma das mais baixas taxas de separação de placas é de cerca
de 2,5 cm/ano, quer dizer, 25 km em 1 milhão de anos (Cadeia do Ártico). A
velocidade mais rápida de separação acontece na Cadeia do Pacífico Leste,
próximo à Ilha de Páscoa, com mais de 16 cm/ano.

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b)Limites Convergentes
Acredita-se que as dimensões das massas continentais não tenham variado
significativamente desde a formação do planeta Terra (4.5 Ga = bilhões de anos). A
variação na dimensão das massas continentais sugere que a crosta deve ser
destruída na mesma medida em que é criada. Tal destruição (reciclagem) da crosta
ocorre ao longo dos limites convergentes das placas tectônicas, por colisão ou
porque uma placa mergulha sob a outra ("subducção") ou é até colocada sobre a
outra ("obducção"), em regime tectônico compressivo.
O tipo de convergência de placas tectônicas depende do tipo de litosfera envolvida:
a) oceânica - continental;
b) continental - continental;
c) oceânica - oceânica.

Convergência Oceânica-Continental
No Oceano Pacífico, ocorre um grande número de longas e estreitas "fossas"
(ou trincheiras) com 8 a 10 km de profundidade cortando o substrato oceânico. As
fossas correspondem às porções mais profundas dos oceanos e são criadas por
subducção de crostas nos limites de placas convergentes (observe a figura abaixo).

Fonte: http://www.igc.usp.br/geologia/a_terra.php, 2007

Na costa oeste da América do Sul, ao longo da fossa Peru-Chile, a placa oceânica


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de Nazca está sendo empurrada por baixo da placa continental Sul-Americana. Por
outro lado, está em soerguimento a Cordilheira dos Andes na placa Sul-Americana.
Terremotos fortes e destrutivos ocorrem nos limites dessas placas, sendo comum a
formação de cadeias de montanhas na crosta continental, cujo processo é
denominado "orogênese11“.
Na área de convergência oceano-continente é gerado muitos dos vulcões
hoje ativos, produzindo um "arco magmático" na borda do continente, com rochas de
composição intermediária a ácida. Nessas regiões, as atividades vulcânicas na
crosta continental estão claramente associadas com a subducção da crosta
oceânica ao longo das fossas tectônicas.

Convergência Oceânica-Oceânica
Uma zona de subducção na convergência oceano – oceano forma-se assim
como no encontro entre uma placa oceânica e continental. Neste processo ocorre a
formação de uma fossa oceânica. A convergência da Placa do Pacífico com a das
Filipinas gerou a Fossa das Marianas (paralela às Ilhas Marianas), com
profundidade próxima a 11 km.
Neste processo também ocorrem erupções de vulcões submarinos, e após
milhões de anos de acúmulo de lavas, formam-se inúmeras ilhas vulcânicas. Estas,
por sua vez, dão origem aos arquipélagos, conhecidos como "arcos de ilhas".

Fonte: http://freehost02.websamba.com/biogeo1/tecto3.html,2007.

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O magma que gera as rochas dos arcos de ilhas tem composição


intermediária ("andesito") e é um produto da fusão da crosta oceânica com o
material ascendente da astenosfera. A placa descendente produz uma fonte de
acumulação de energia pela interação com a outra placa, levando a frequentes
terremotos de intensidade moderada a forte.

Convergência Continental-Continental
Devido à diferença de densidade entre a crosta oceânica e a crosta
continental, a crosta oceânica (mais densa) é geralmente empurrada por baixo da
crosta continental (menos densa), mergulhando para as regiões mais profundas da
Terra, ao longo da zona de subducção (veja o estágio 1 da figura abaixo). Se esse
movimento continua, a crosta oceânica é totalmente destruída, dando origem à
colisão de continentes. Nesse processo, os continentes se aglutinam uns aos outros,
resultando numa grande cadeia de montanhas (veja o estágio 2 do modelo). A
Cordilheira dos Himalaias, exemplo desse tipo de convergência, foi formada a partir
da colisão das placas da Índia e da Ásia, no processo iniciado há cerca de 70
milhões de anos e que continua até hoje em dia. (Mansur, 2007)
Ao contrário dos outros fenômenos, esse produz, no continente, forte
deformação (dobramentos e falhamentos) e intenso "metamorfismo" (processo pelo
qual uma rocha é transformada em outro tipo de rocha com características distintas,
através de reações no estado sólido), podendo chegar à fusão parcial de suas
rochas.

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Fonte: http://www.drm.rj.gov.br/projeto.asp, 2007.

Na colisão de placas do tipo margem continental passiva, pode haver


"cavalgamento" da crosta oceânica sobre a crosta continental, através de um
processo tectônico muito complexo, denominado obdução. Neste caso, são
formados os "ofiolitos" (rochas que representam fatias de crosta oceânica ou manto
posicionados em meio a rochas continentais, geralmente associados com
sedimentos marinhos na zona de colisão de placas). Exemplos de ofiolitos são
encontrados atualmente no Chipre (Complexo de Troodos) e na Arábia Saudita
(Mansur,2007).

c) Limites Conservativos.
O limite entre duas placas que deslizam lateralmente uma em relação à outra
é definido como falha transformante. Muitas falhas transformantes ocorrem nos
oceanos, gerando feições do tipo zig-zag, pois são transvervais às Cadeias Meso-
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Oceânicas. Entretanto, essas falhas podem se estender para dentro do continente,


como a Falha de Santo André, na Califórnia, nos Estados Unidos. Nesse caso, a
Placa do Pacífico, onde está situada a cidade de Los Angeles, se desloca para o
norte, enquanto a Placa Norte-Americana, contendo a cidade de São Francisco, se
movimenta para sul. Quando a energia concentrada ao longo desses limites é
liberada, há movimentação das placas, ocorrendo uma série de terremotos com
focos rasos e, portanto, altamente destrutivos.

A foto mostra as principais áreas de encontro de placas, as linhas amarelas registram os


terremotos, e a vermelha indica áreas de vulcanismo.
Fonte: http://freehost02.websamba.com/biogeo1/tecto3.html, 2007.

As principais placas litosféricas são: africana, americana, eurasiana, pacífica,


indo-australiana, antártica, e nazca.
Segundo cada um dos quadros tectônicos apresentados anteriormente,
desenvolve-se diferentes quadros geológicos e geomorfológicos. Além das
cordilheiras nas áreas convergentes (de placas continentais) e de placas oceânicas,
há a deformação provocada no ambiente colisional, a formação de rify valley 12 em
ambiente distensional, além de arcos de ilhas nas zonas de convergência de placas
oceânicas (Ross, 1996).
A partir deste quadro sobre os processos tectônicos já é possível traçar as
bases para a compreensão das formas do relevo que será interpretado a seguir, no
tópico específico de geomorfologia.

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UNIDADE 5 - CONHECENDO A GEOMORFOLOGIA

Segundo Chistofoletti (1980), a Geomorfologia é a ciência que estuda as


formas do relevo e os processos que a originaram. O processo é definido como
“uma sequência de ações regulares e contínuas que se desenvolvem de maneira
relativamente bem especificada, e levando a um resultado determinado. (....) As
formas, os processos e suas relações constituem o sistema geomorfológico” (p.3).
O relevo é constituído pelas irregularidades da superfície da Terra, resultado
de forças atuantes ao longo de milhares de anos. Entre os diferentes aspectos
apresentado pelo relevo terrestre pode-se distinguir
os seguintes tipos principais:
- montanhas - são elevações que
apresentam grandes desníveis, vales profundos e
cumes muito altos e altitudes, geralmente,
superiores a 1000 metros. Os cumes podem
terminar em forma de pico ou arredondados;

- planaltos -
são formas de
relevo aplanadas e
com altitudes
superiores a 200
metros, são antigas
montanhas que, ao
longo dos tempos, foram desgastadas pela erosão;

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- planícies - são formas de


relevo aplanadas e com altitudes
inferiores a 200 metros. Umas
resultaram da ação dos agentes
erosivos, que aplanaram os relevos
antigos, outras se formaram pela
deposição de sedimentos
transportados pelos grandes rios.
Estas se chamam planícies aluviais;
- colinas - são elevações de baixa altitude, de formas arredondadas com
fraco declive e de vertentes com inclinação pouco acentuada.
- vales - são depressões alongadas e estreitas, situadas entre montanhas,
normalmente resultantes da ação de um rio ou de um glaciar (gelo).
As formas de relevo são determinadas por forças antagônicas, denominadas
por W. Penck de forças endógenas (tectônica e a geologia) e exógenas (clima antigo
e atual, e vegetação) que provocam a esculturação do relevo. A interação entre
estes dois fatores é muito importante, devido ao fato que em locais onde o litotipo
(geologia) é mais resistente, o relevo torna-se mais preservado em virtude das
limitações (forças endógenas) impostas por este aos agentes modeladores.
Na abordagem geomorfológica existe a classificação do relevo em grandes
unidades estruturais, tanto das formas de relevo submarino como nas macroformas
estruturais do relevo terrestre que subsidia a compreensão da formação da
paisagem terrestre e seu uso.

O relevo oceânico
É possível dividir o relevo oceânico em três unidades; margem continental,
bacias oceânicas, sistemas de cordilheiras, mesoceânicas. A margem continental é
a parte submesa da crosta continental ou siálica que margeiam os continentes. Sua
profundidade varia de 0 a 500m e a largura de poucos a mais de centenas de
quilômetros, isto quando a crosta continental mergulha suavemente nas águas

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oceânicas (Ross, 1998). Uma subunidade chamada de talude continental,


correspondente ao término da crosta continental e início das bacias oceânicas, pode
estar presente em algumas localidades. Nesta há uma forte ruptura possuindo forte
declividade, e profundidades variáveis. Dependendo do tipo de litoral, são
encontradas fossas submarinas.

A margem continental do tipo atlântico caracteriza-se pela plataforma


continental, talude, e na base desde elevações de depósitos sedimentares. Neste
tipo de margem, a passagem do fundo oceânico da crosta continental para a crosta
oceânica ocorre sem a presença de fossas submarinas e ausência de atividades
vulcânicas e cordilheiras no continente.
A margem continental do pacífico se distingue em dois tipos, o
cordilheirano e o insular. A margem continental do Pacífico de tipo cordilheirano é
representada pelo litoral do continente americano, neste, há presença da cadeia
montanhosa dos Andes na América do Sul, e da Serra Nevada e Montanhas
Rochosas, na América do Norte. A plataforma é estreita e a base do talude é
acompanhada de fossas submarinas profundas.
O arco insular, da margem continental do pacífico, caracteriza-se por uma
plataforma pouco profunda e larga. O arco de ilhas posiciona-se no imite do talude

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de fossa submarina de grande profundidade. Nesta situação, são exemplos o


arquipélago do Japão, as ilhas Aleutas, e o arquipélago da Indonésia.
As cordilheiras mesoceânicas, localizam-se na área central dos oceanos
Atlântico, Pacífico e Indico. São áreas de intensa atividade tectônica e intrusões
magmáticas, são verdadeiras cadeias de montanhas submersas. Encontram-se a
cerca de 1000 m de profundidade, mas podem chegar a formar ilhas na superfície.

As bacias oceânicas são áreas entre a margem continental e as cordilheiras


mesoceânicas. São terrenos mais profundos constituídos de superfícies planas e
algumas colinas de atividades vulcânicas.

Formas do relevo terrestre


A compreensão do relevo está subordinada principalmente aos processos
endógenos derivados da tectônica de placas. Assim, segundo estudos geológicos,
existem rochas ígneas que datam de 4,5 bilhões de anos, bastante antigas e rochas
sedimentares mais recentes, que variam de milhares a milhões de anos. Em
oposição a esta força endógena há atuação das forças exógenas, contribuindo no
lento processo de alteração das formas. No entanto, esta base aparentemente sólida
está sujeita a alteração brusca em áreas de atividades sísmicas e de intemperismo
provocado por um clima tropical e pela ação antrópica.

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As macroformas estruturais do relevo são representadas por:


- plataformas ou crátons: relevos muito rebaixados por diversas e longas
fases erosivas. São áreas que guardam semelhança com baixos planaltos, ou ainda
aspectos de depressões posicionadas nas margens de bacias sedimentares ou nos
cinturões de cadeias orogênicas antigas. São conhecidos como grandes domínios
estruturais deste tipo os denominados “escudos”; escudo das Guianas, escudo
Brasileiro, Canadense, entre outros.
A plataforma sul amazônica e o São Francisco são denominados Escudo
Brasileiro. São terrenos baixos (4000-600 m) ocorrendo algumas áreas de cobertura
sedimentar residual, como a chapada do cachimbo e o planalto do Parecis,
configuram terrenos muito trabalhados pelos processos erosivos e os mais estáveis
do ponto de vista tectônico.
- bacias sedimentares: são formadas por espessos pacotes de sedimentos,
rochas sedimentares, que chegam a ultrapassar 5000 m profundidade. Destacam-se
as bacias sedimentares da Amazônia, do Parnaíba e a do Paraná no Brasil. De
origem e idades posteriores ao Pré-cambriano, atravessaram diferentes fases de
deposição marinha, glacial e continental.
As bacias sedimentares ocupam cerca de 75% da superfície emersa da terra,
cobrindo parcialmente áreas de plataformas. No entanto seu volume é menor que as
rochas ígneas e metamórficas.
- cadeias orogênicas ou cinturões orogênicos: São áreas derivadas da ação
da tectônica de placas, geralmente dobramentos e enrugamentos provocados pelo
encontro das placas e movimentos de subducção. Esses fenômenos cobrem uma
área extensa, formando cadeias de montanhas ou cordilheiras, e outros relevos
derivados do movimento de placas. No Brasil, temos a presença de cadeias
orogênicas antigas formando: o cinturão orogênico do Atlântico (planalto Atlântico)
que engloba serra do Espinhaço em MG, cinturão orogênico de Brasília (Goiás-
Minas) e o cinturão orogênico Paraguai-Araguaia (Mato Grosso – Goiás)
caracterizados por um relevo de serras e de grande complexidade litológica.

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Forças endógenas na geração das formas do relevo


As forças endógenas são ativas, quando geram formas de relevo pela
energia interior da terra manifestada na dinâmica da litosfera, através da tectônica
de placas. As forças endógenas passivas estão presentes na estrutura da rocha,
como o grau de dureza que ela impõe aos agentes do intemperismo.
O movimento lento de soerguimento de continentes pela tectônica é
denominado epirogênese. Este movimento pode ser de soerguimento ou
abaixamento da crosta continental. A orogênese corresponde aos movimentos de
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enrugamento ou dobramento de camadas de rochas sedimentares depositadas nas


bacias. A ocorrência desses fenômenos é sempre acompanhada de falhamentos,
fraturamentos e vulcanismo.
As cadeias orogênicas dos Andes, analisando a escala geológica, são
consideradas bastante recentes. Tendo início no período Mesozóico e prolongando-
se até o Cenozóico quando ocorreu a epirogenia do continente sul–americano.
Acompanhando esses movimentos ocorreram, por exemplo, falhamento como os
que geraram a escarpa da serra do Mar, a serra a Mantiqueira, o Grabem do médio
vale do Paraíba, no sudeste do Brasil (Ross, 1991).
Os cinturões orogênicos são caracterizados por áreas serranas formados por
dobras anticlinais (convexa para cima), e sinclinais (côncava para cima). Quando as
rochas são expostas, sua superfície pode controlar o relevo, segundo as diferentes
camada e composições dessas. As rochas ígneas, mais resistentes, sustentam
relevos mais elevados como, por exemplo, o maciço do Itatiaia no Rio de Janeiro e o
maciço de Poços de Caldas, em Minas Gerais. Além desses, há os relevos formados
por lavas vulcânicas, formando rochas ígneas efusivas, também de grande
resistência, mas que se diferencia segundo a intensidade das fraturas e falhas. Este
tipo de relevo ocorre na bacia do Paraná, formando vales fluviais estreitos e
profundos, além de vertentes em forma de patamares.

Conceitos fundamentais da geomorfologia


Os estudos geomorfológicos de Gerasimov (1946) e Mescherikov (1968)
forneceram uma contribuição importante na classificação do relevo terrestre em três
categorias genéticas principais: elementos da geotextura, da morfoestrutura e da
morfoescultura.
A geotextura corresponde às grandes feições da crosta (emersa e submersa),
sempre associadas às manifestações de amplos processos dela. (Ross, 1991)
As morfoestruturas são de diferentes origens e idade. Pode-se citar como
exemplos de morfoestruturas as regiões de plataformas ou crátons, bacias
sedimentares e cadeias orogênicas. Em termos de interpretação as morfoestruturas
não podem ser consideradas como um substrato passivo, mas um elemento ativo no
processo de desenvolvimento do relevo (Ross, op.cit.).

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As morfoesculturas correspondem ao modelado ou à tipologia de formas


geradas sobre uma ou várias estruturas através da ação exogenética. A
morfoescultura caracteriza as feições do relevo produzidas na terra, pela ação do
clima atual e climas do passado que deixaram marcas na superfície do terreno.
Portanto, de modo simplificado, a morfoescultura refere-se às formas menores do
relevo, enquanto as morfoestruturas a formas maiores.
Em uma determinada morfoestrutura pode-se encontrar uma ou mais formas
morfoesculturais, ou ao contrário, em duas ou mais unidades morfoestruturais pode-
se encontrar apenas uma unidade morfoescultural. Por esta abordagem os
processos morfogenéticos ganham relevância para classificação do relevo.
Pois segundo Ross (P. 41, 1991):
“Tomando-se, por exemplo, uma morfoestrutura do tipo cadeia orogênica
(montanhas resultantes de atividade tectônica), tem-se uma ou mais
morfoesculturas. Se essa cadeia orogênica encontra-se em uma zona climática
semi-árida em um trecho, e em outro em zona climática tropical úmida, o
comportamento escultural das formas de relevo é distinta, porque os processos
exogenéticos são muito diferentes. Desse modo, em termos da unidade
morfoestrutural, há uma continuidade das macroformas do relevo, mas em termos
dos processos denudacionais e da geometria das formas menores há diferenças
marcante.”
Em uma situação oposta, há casos em que em uma mesma unidade
morfoescultural encontram-se terrenos de duas ou mais unidades morfoestruturais.
As unidades morfoestruturais diferentes podem ter sido arrasadas e niveladas por
antigos ciclos erosivos e retrabalhados pelo clima dominante, o que qualifica como
formas de uma mesma unidade morfoescultural. O que define esta unidade não é
tanto o modelado e os processos atuais, mas a sua gênese. Por isso a compreensão
dos processos morfogenéticos merece destaque.

Processos morfogenéticos e as formas do relevo


Quando os processos do interior da terra (orogenia, epirogênese, vulcanismo)
produzem vertentes, esta é denominada uma vertente endogenética (gerado por
processos internos). Em seu sentido amplo, vertente significa superfície inclinada,

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não horizontal, sem apresentar qualquer conotação genética ou locacional. As


vertentes podem ser subaéreas ou submarinas formadas pela ampla variedade de
condições internas e externas (Christofoletti, 1980).
As vertentes exogenéticas são aquelas originadas de processos que
ocorreram na superfície da terra, ou próximo a ela, sendo controladas por fatores
externos. Os processos exógenos como a meteorização, movimentos de massa,
ablação, transporte, deposição, tendem a reduzir a paisagem terrestre a
determinado nível de base. Os processos de nivelamento das paisagens são
denominados de gradação, e envolvem o rebaixamento de áreas pela degradação e
o entulhamento de outras áreas por um processo denominado agradação.
(Christofoletti, 1980)
A ação dinâmica externa, por um conjunto de fatores que atuam
simultaneamente na esculturação das formas de relevo, caracteriza o processo
morfogenético. A composição qualitativa e a intensidade dos fatores respectivos são
diferentes, assim como a eficácia de cada um varia conforme o meio em que agem,
sendo desta forma possível distinguir sistemas morfogenéticos e regiões
morfogenéticas. Os processos morfogenéticos são fenômenos de escala métrica ou
decamétrica. Além de explicar a evolução das vertentes e esculturação do relevo,
pode auxiliar na prática a aplicação de técnicas de conservação de solos.
As categorias mais importantes na morfogênese terrestre, segundo
Chistofoletti (1980) são:

1 – meteorização13 ou intemperismo;
É o processo responsável pela produção de detritos a serem erodidos,
representa o pré-requisito necessário para a movimentação de fragmentos rochosos
ao longo das vertentes; o processo de meteorização, responsável pela fragmentação
das rochas, pode ser física, química e bioquímica.
E dividem-se em;

Meteorização por ação do calor: A termoclastia, resultante das oscilações


de calor entre o dia e a noite ocasionando amplitudes de altas temperaturas. A
alternância sucessiva de dilatação e contração provoca a fragmentação da rocha.

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Por exemplo, um granito, rocha que se forma em profundidade, quando atinge


a superfície apresenta um conjunto de fracturas (diaclases) que, na sua maior parte,
surgem durante a consolidação e arrefecimento do magma, podendo, também,
resultar da ação de tensões internas da crosta.
O granito aflora à superfície, devido à remoção, pela erosão, das rochas
adjacentes, o que provoca um alívio de carga (descompressão), que junto com a
diferença de temperatura causa a abertura de fraturas, formando-se uma rede de
diaclases (rachaduras). Estas, vão permitir a infiltração e circulação de águas das
chuvas, que por sua vez, iniciam o ataque químico e mecânico do maciço rochoso, o
que leva a uma gradual desagregação.

Metorização pela ação do gelo – chamada de crioclastia, é resultante da


alternância de gelo e degelo. A desagregação dos maciços, pela ação do gelo, é das
mais eficazes em termos de fraturação. Ocorre em zonas de montanhas altas, em
latitudes elevadas, este agente contribui activamente para a fractura dos maciços,
pois a água contida nas fracturas, quando a temperatura é menor que 0º C, começa
a gelar na parte mais superficial. À medida que a temperatura exterior baixa, as
cunhas de gelo vão crescendo no interior das fraturas. A água ao congelar, aumenta
de volume (cerca de 9%), exercendo consequentemente, uma grande pressão, no

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interior dessas fraturas, provocando-lhes alargamento e prolongamento, o que


promove a desagregação das rochas. Nas superfícies horizontais, o solo
alternadamente gelado e degelado sofre uma mistura, promovendo o intricamento
dos materiais.

Meteorização química - Uma grande parte dos minerais gerados em


profundidade torna-se instáveis nas condições superficiais, pelo que, vão
experimentar uma alteração na sua estrutura interna (com remoção ou introdução
de elementos), originando-se desta forma outros minerais. Segue uma tabela
mostrando a resistência de alguns minerais:

A susceptibilidade dos minerais à alteração química é inversa da ordem de


cristalização desses minerais, no magma. De acordo com a série de Goldish (quadro
acima), entre os minerais mais vulneráveis situa-se a olivina, seguindo-se a
plagioclase cálcica, as piroxenas, as anfíbolas, etc...
A haloclastia é resultante da cristalização e do estufamento dos sais, podendo
ocorrer nas zonas litorâneas e nos desertos. Este processo também fragmenta a
rocha podendo ocorrer intricamento dos fragmentos.

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Já a hidrólise dos materiais rochosos, é uma reacção química lenta e


específica, em que os iõns dos minerais reagem com os iõns H+ e HO- da água,
podendo originar novos minerais. Como exemplo, apresenta-se a meteorização por
hidrólise de um feldspato. Na natureza a acidificação da água é um fenômeno
comum, pois o CO2 atmosférico, ou o existente nos solos, pode reagir com a água
formando ácido carbónico, que tem tendência a ionizar-se.
H2O + CO2 =>H2CO3 => H+ + HCO –3
H2CO3 = ácido carbónico
HCO –3 = ion hidrogenocarbonato
Esta reação origina uma água acidificada que reage com o feldspato
potássico (mineral que ocorre, por ex: nas rochas graníticas), originando a caulinite –
mineral do grupo das argilas, com grande interesse para a indústria cerâmica. Este
exemplo de meteorização é representado pela reacção química:
2 KALSi3O8+ H2CO3+ H2O => K2CO3 + AL2Si2O5 (OH)4+4 SiO2
2 KALSi3O8 = feldspato potássico
AL2Si2O5 (OH)4 = caulinite
O fenômeno denomina-se caulinização, ocorrendo frequentemente nas
rochas graníticas, que a pouco e pouco, se vão alterando, pela transformação dos
feldspatos em minerais de argila.

2 – movimentos do regolito
Corresponde a todos os movimentos gravitacionais que promovem a
movimentação das partículas morro abaixo.
Além da força gravitacional, estão envolvidas com o movimento outras forças,
potencializadas dos “meios” de transporte das partículas, como o vento, a água em
movimento, o gelo, e mesmo lava em fusão.
Os principais movimentos, segundo Chistofoletti (1980) são:
De rastejamento, creep ou reptação: que corresponde a movimentação lenta
e imperceptível dos vários horizontes do solo devido ao deslocamento das
partículas. A velocidade do rastejamento é de pouco centímetros por ano, e pode ser
percebida em muros, postes e árvores.

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Solifluxão e fluxo de lama: como o próprio nome diz, refere-se aos


movimento coletivos do regolito quando este se encontra saturado de água,
podendo se deslocar alguns decímetros ou alguns centímetros por dia. Ocorre
quando há presença de uma camada impermeável do regolito impedindo a
penetração da água provocando o fluir do regolito pela vertente.
Fluxo de terra ou de lama: diferencia-se do processo anterior pela maior
velocidade e por atingir áreas maiores. Por exemplo, avalancha, deslizamentos,
desmoronamentos.

3 – o processo morfogenético pluvial


É o mais importante na esculturação das vertentes, podendo distinguir-se pela
ação mecânica das gotas de chuva e pelo escoamento pluvial.
O impacto da gota de chuva promove o arrancamento e deslocamento das
partículas do solo, o que varia de acordo com o tamanho e a velocidade das
mesmas. Por exemplo, a areia fina é a partícula mais suscetível de ser carregada
por este tipo de movimento. Algumas pesquisas apresentam dados relativos de que
uma chuva de 25 mm provoca o deslocamento de 15 toneladas de solo por hectare.
O impacto da chuva apenas engendra a primeira fase da morfogênese pluvial,
sendo relativamente efêmera se compararmos o processo de transporte de
escoamento pluvial.
Esse tem início quando a quantidade de água precipitada é maior que a
velocidade de infiltração. Os minúsculos filetes de água que se formam são
desviados de seu curso pelas rugosidades da superfície e vão se engrossando ao
descer a encosta, formando muitas vezes as enxurradas.

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Quando a água escorre de modo uniforme pela superfície como um todo é


denominada erosão laminar. Este tipo de erosão ocorre em solos desprovidos de
cobertura vegetal, expostos a ação da água da chuva e na maior parte das vezes
compactados em camadas mais profundas. No momento em que o solo encontra-se
saturado de água, os sedimentos são arrastados na camada superior do solo
causando muitas vezes assoreamento de rios e prejuízo nas lavouras.

4- a ação biológica.
A ação morfogenética dos seres vivos também se faz presente no modelado
das vertentes, por exemplo: as raízes de plantas penetram no solo provocando o
deslocamento de partículas e ao mesmo tempo aumentam a permeabilidade do
solo. Nesta ação a planta intensifica ações bioquímicas retirando nutrientes do solo.
Entretanto, por outro lado a cobertura vegetal protege o solo das chuvas e torna-se
um obstáculo para o escoamento pluvial e a ação dos ventos, além de incorporar
húmus ao solo. Alguns animais que vivem no solo possuem uma ação mais ativa:
vermes, formigas, cupins, digerem a terra, cavam suas tocas, e nesta ação
deslocam matéria.
Cada um dos processos morfogenéticos, possui uma dinâmica própria, e são
elementos de um conjunto maior, diferenciando-se em importância segundo o tipo
de clima regional. Por exemplo, em área de deserto, classificada como região
morfogenética árida, é de grande importância a termoclastia. Já em uma região
morfogenética glacial, a alternância de gelo e degelo é um elemento dominante no
sistema morfogenético.
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Tentando contemplar esta abordagem, e analisar o papel do clima em


conjunto com a geomorfologia, climatologia, pedologia, botânica, e aspectos
hidrológicos, Aziz Ab’ Saber (1977), definiu os domínios morfoclimáticos do Brasil,
caracterizando cada domínio segundo tipo de clima, vegetação, mas principalmente
em relação ao relevo.
Os domínios morfoclimáticos apresentam áreas homogêneas centrais, (área
core14) com
extensas
faixas de
transição entre
si, nas quais
se distribuem
formações
vegetais
mistas (...).

Fonte:http://eco.ib.usp.br/cerrado/banco_imagens/veget1.htm, 2007.

Os domínios morfoclimáticos brasileiros, não apresentam uma distribuição zonal. O


que define em cada um deles é um conjunto de variáveis semelhantes cuja
distribuição pode ser azonal. Um aspecto importante do conceito de Ab’Saber é a
dimensão temporal: um domínio não depende somente de sua zonação climática
atual mas também dos “efeitos acumulados do clima do passado”. (Conti, J.B. et. al.
, 1998). O domínio morfoclimático abrange uma ordem de grandeza territorial de
centenas a milhões de quilômetros quadrados.

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UNIDADE 6 - GEOMORFOLOGIA E PLANEJAMENTO

Existem várias escala de atuação para os estudos geomorfológicos, desde


uma análise ampla e global formando teorias gerais sobre as macroformas globais e
continentais, até a escala mais reduzida, que é muito utilizada atualmente para o
planejamento ambiental, constituindo uma escala regional de análise.
Para o planejamento ambiental, o estudo geomorfológico oferece diagnósticos
sobre a dinâmica os tipos de relevo de uma região específica. Segundo Santos
(2004), a análise do relevo permite sintetizar a história das interações dinâmicas que
ocorreram entre o substrato litólico (rocha), a tectônica e as variações climáticas. O
estudo da conformação atual do terreno permite deduzir a tipologia e a intensidade
dos processos erosivos e deposicionais, a distribuição, textura e composição dos
solos, bem como a capacidade potencial de uso. Associados a outros elementos do
meio, os dados de geomorfologia podem auxiliar na interpretação de fenômenos
como inundações e variações climáticas locais, informações vitais para avaliar a
instabilidade dos terrenos.
O modelado do terreno fornece informações sobre os fenômenos
hidrológicos, declividade, velocidade de drenagem ou mesmo sobre a
disponibilidade da água para as plantas (Santos, op. cit).
A ocupação da terra e o uso dos solos estão parcialmente subordinados aos
atributos do meio físico. Por exemplo, a barreira física de uma escarpa influenciará
na ocupação humana, no abastecimento de água, entre outros aspectos.
Portanto, conhecer esses obstáculos é uma forma de gerenciar melhor o
espaço, planejar os possíveis usos mais adequados segundo as características
naturais destas, evitando impactos negativos, ou minimizando-os.
O relevo é expresso por unidades espaciais que correspondem ao domínio e
a região geomorfológica (como planalto, planícies e depressões), aos tipos de relevo
(planícies, morrotes, morros e montanhas) ou aos sistemas de relevo.
Essas unidades são mapeadas quando consiste em estudos de planejamento
ambiental, são compilados dados existentes e executados levantamentos
complementares de campo sobre o substrato rochoso, os limites do relevo e da
cobertura dentrítica. São utilizadas cartas topográficas (para observação das curvas
de nível, altitude, exposição de encostas, rede hidrográfica etc.), mapas geológicos e
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geomorfológicos existentes assim como imagens de sensor remoto15(Santos, 2004).


A escala de trabalho é variável, estando disponível representações desde a escala
1:1.000.000, até escalas de maior detalhe ( 1:25.000, 1: 10.000) a definição da
escala a ser trabalhada depende dos objetivos do estudo em questão.
Para o mapeamento geomorfológico não existe uma definição taxonômica
internacional, Ross (1991), sugere a definição de alguns critérios, que denomina
como grupamentos taxonômicos de sucessivas ordens ou táxons, estes, são
apresentados por Santos (2004):
O primeiro táxon é a representação de unidades morfoestruturais,
representadas por características litológicas e geotectônicas, associadas a sua
gênese. É exemplo de morfoestrutura as bacias sedimentares ou as plataformas.
O segundo táxon refere-se às unidades morfoesculturais, associadas ao
padrão morfológico consequente da influência ativa e externa do clima atual e
passado. São representadas pelas formas geradas sobre as morfoestruturas, por
meio do desgaste erosivo promovido por ambientes climáticos diferenciados tanto no
tempo como no espaço. São conhecidas no seu estado atual, pelas características
de semelhança de formas, altimetria, idade e gênese. São exemplos os planaltos e
as serras.
O terceiro táxon une as unidades morfológicas, ou seja, as superfícies que
possuem um grau estreito de semelhança nas características de rugosidade
topográfica, interpretadas pela altimetria dos topos, dominância de declividades das
vertentes, morfologia dos topos e vertentes, dimensões interfluviais, e entalhamento
dos canais de drenagem. Neste táxon, há duas naturezas distintas a ser
representadas, de acumulação e de erosão, sendo que cada uma evidenciando
formas especificas, como forma nos topos em denudação e formas em planícies de
deposição.
O quarto táxon refere-se às formas de relevo individualizadas, como
exemplos os morros de topos arredondados. O quinto, refere-se aos setores de
vertentes, como vertente retilínea, escarpada, convexa. O sexto refere-se a formas
particulares de trechos da vertente geradas por processo erosivos e acumulativos
como: ravinas, voçorocas, terracetes de rastejo, bancos de assoreamento, aterros,
desmontes, etc.

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Segundo esta proposta, segue a tabela elaborada por Santos (2004), com os
dados geomorfológicos de sua pesquisa, sendo as siglas parte da legenda base
para a elaboração de mapa geomorfológico.

Formas estruturais Dst Superfície estrutural tabular; superfície aplainada de topo


parcial ou totalmente coincidente com a estrutura geológica,
limitada por escarpas e retrabalhada por processo de
pediplanação16.
Formas erosivas Dpd Pedimento: forma de relevo efetuada por recuo paralelo de
vertente, resultando encostas de declive fraco, ligando dois
planos altimétricos diferentes.
Dep Superfície pediplanada17; superfície de aplanamento
elaborada por processos de pediplanação.
Det
Superfície erosiva tabular; relevo residual de topo aplanado
Formas de Apf Planície aluvial; área aplanada resultante de acumulação
fluvial, periódica ou permanente alagada.
acumulação
Tipo de dissecação Da Formas aguçadas; relevo de topos contínuos e aguçados
com diferentes ordens de grandeza e aprofundamentos de
das formas erosivas
drenagem, separados geralmente por vales em “v”.
Dc Formas convexas; relevo de topo convexo, com diferentes
ordens de grandeza e aprofundamento de drenagem,
Dt
separadas por vales de fundo plano e/ ou em “v”.
Formas tabulares, relevo de topos aplanados com diferentes
ordens de grandeza e aprofundamento de drenagem,
separadas por vales de fundo plano.

Através de estudos e classificação das formas do relevo e a estabilidade do


substrato, a geomorfologia hoje contribui para os estudos de impactos ambientais
(EIA), e relatórios de impacto ambientais (RIMA), construindo conhecimento
importante para previsão e susceptibilidade aos processos erosivos, um resultado
importantíssimo para a sociedade e o meio ambiente.

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UNIDADE 7 - CONHECENDO A BIOGEOGRAFIA

De forma geral, pode-se definir a biogeografia como disciplina que estuda a


distribuição geográfica de plantas e animais. Certamente há controvérsias na
definição do termo, como exemplo há autores que incluem na definição de animais o
próprio ser humano, incluindo-o nos estudos biogeográficos. Porém, independente
das classificações, a biogeografia compreende na superposição ou correlação de
diversos saberes dos campos da ecologia vegetal, animal, geografia, paleontologia,
botânica, climatologia, dentre outras possibilidades.
Ao investigar a presença ou a ausência de seres vivos na superfície do
planeta um dos principais fatores de análise é o clima. As características climáticas
do presente e do passado influenciam na determinação de condições ambientais, e
na distribuição geográfica dos seres.
Quando surge um novo organismo enquanto espécie, subespécie ou
variedade, esse tende a ocupar áreas que lhe são ecologicamente favoráveis,
estando o ritmo desta ocupação e a sua extensão dependente de diversos fatores.
Pereira e Almeida (2000) destacam alguns fatores relevantes e que serão
exemplificados a seguir.

Fatores geográficos e barreiras ecológicas:


A modificação dos ecossistemas ocorre de forma lenta favorecendo
determinada espécie18 ou comunidade que também se modifica com esta mudança.
Fatores climáticos, eventos geológicos, ou antrópicos podem causar a
fragmentação da paisagem, criando um ambiente desfavorável à sobrevivência de
determinadas espécies. Estes ambientes desfavoráveis são denominados de
barreira ecológica (montanhas, mares, desertos, formações vegetais). A barreira
ecológica atua fazendo cessar o fluxo gênico que havia entre indivíduos de uma
população que ocupava um vasto território. O isolamento geográfico provoca um
isolamento reprodutivo, que por sua vez resulta no surgimento de espécies distintas.
Um acidente geográfico, como uma montanha, pode desempenhar o papel de
barreira na distribuição de certos organismos, ao mesmo tempo, que atua como
ponte para outros, favorecendo a dispersão de espécies vegetais e animais. A
cadeia montanhosa dos Andes serviu como rota para muitas espécies vegetais da
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América do Norte, do Sul e Central, e ao mesmo tempo, impediu a entrada de


espécies da costa do Pacífico para porção oriental do continente sul americano.
(Pereira e Almeida, op.cit.).
O istmo19 do Panamá favoreceu a propagação terrestre de espécies vegetais
e animais, entretanto impedia o intercâmbio entre as espécies marinhas do Atlântico
e do Pacífico.

Fatores edáficos:
A qualidade do solo, a variedade de tipos diferencia-se em diversos locais e
superfícies do planeta influenciando a distribuição dos seres vivos. Os solos
possuem porosidades diferentes, assim como diferentes quantidades e variedade de
elementos químicos em sua composição, o que atribui diferentes propriedades na
absorção e retenção de água, além de outras características que favorecem ou
impedem o desenvolvimento de certos tipos de seres. Estes fatores são de grande
relevância principalmente para os vegetais e seres vivos relacionados, como
minhocas, formigas, bactérias e fungos.
Existem plantas de pouca exigência, que são capazes de sobreviver em
vários tipos de solo, o que caracteriza uma grande amplitude ecológica. Entretanto,
há plantas que são mais exigentes, precisando de condições mais específicas e
favoráveis para ocorrer. Os solos hidromórficos, salinos, pobre em nutrientes
constituem um fator ecológico limitante a maior parte dos vegetais.
As espécies adaptadas a condições adversas como essas sofrem pouca
concorrência, por exemplo Rhizophora mangle que habitam solos inconsistentes e
salobros; e a Althernanthera marítima que ocorre em solos arenosos salinos de
praias e dunas.
Os animais de vida subterrânea como os oligoquetos (minhocas e outros)
dependem muito da umidade do solo para existir, em oposição aos Liolaemus lutzae
(lagartixa da areia) e Ocypode quadrata (maria farinha) que vivem em solos
arenosos-salinos com baixa umidade ou nenhuma umidade.

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Fatores climáticos:
Um dos mais importantes fatores que influenciam na distribuição dos seres
vivos é o clima. Cada espécie de vegetal possui limites definidos em relação à
tolerância de temperaturas luz, vento, umidade e pluviosidade. São esses fatores, a
ausência ou o excesso deles que impossibilita o ciclo vital das plantas, a
germinação, a floração, ou frutificação.
Os fatores climáticos dos trópicos como a alta incidência de luz, umidade
elevada e temperaturas médias mensais variando entre 18°C e 32°C favorecem a
biodiversidade. As regiões temperadas, de baixa temperatura (invernos rigorosos)
servem de fator limitante a um grande número de espécies.
Segundo Troppmair, H. (2002), quando há redução da temperatura ocorre à
redução do tamanho das espécies vegetais.
A fauna também tem distribuição definida segundo variações climáticas,
principalmente pela temperatura. Os animais de regiões temperadas especializam-
se em criar uma reserva alimentar para suprir o período de escassez, que pode
chegar a seis meses, ou a hibernação, ou migração neste período. O número de
famílias, gêneros, ou espécies naquelas regiões são, bem inferiores que nas
tropicais.
A fauna é caracterizada segundo as variações climáticas por Troppmair (p.
40, 2002) pelas seguintes leis:
-A lei de Bergmann, ou lei do tamanho, determina que animais endotermos
(corpo quente) da mesma espécie são maiores em regiões frias do que em regiões
quentes.
-Lei das proporções ou a lei de Allen, determina que extremidades e
apêndices (rabo, orelhas, pernas, asas, bicos) de endotermos nas regiões quentes
são maiores do que as da mesma espécie em regiões frias. Por exemplo, raposas e
gatos selvagens.
- Lei de Gloger ou lei da coloração, determina que endotermos em regiões
quentes e úmidas, apresentam coloração mais escura do que as de regiões frias e
secas. Um exemplo são lobos, raposas e lebres.
- Lei de Hesse ou lei da proporção cardíaca, define que a necessidade de
produzir maiores quantidades de calor energia (face às temperaturas ambientais

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mais frias) faz com que animais ou subespécies das regiões frias apresentem um
coração de maior volume e peso do que os da mesma espécie em regiões quentes.

Fatores bióticos:
A interação entre os seres vivos, influencia na distribuição de organismos na
superfície do planeta. A fauna migra em busca do alimento e de abrigo, e
encontrando condições de sobrevivência em determinada área permanece. Neste
contexto, também interage com a flora (cobertura vegetal), que é base da cadeia
alimentar, e caracteriza o ambiente.
Nas espécies vegetais há um fenômeno denominado alelopatia, ou seja, há
plantas que são “amigas” e aquelas que competem entre si. Para sobreviver, as
espécies vegetais buscam nutrientes, espaço e luz, as espécies “amigas”
conseguem dividir o mesmo espaço estabelecendo relações favoráveis entre si, já
outras espécies possuem a capacidade de secretar substâncias que inibem o
crescimento de outras.
A distribuição de vegetais é favorecida pelos animais polinizadores e
herbívoros (consomem vegetais). Por exemplo, as aves consomem frutos e
carregam sementes em seu organismo a dezenas de quilômetros de distância,
contribuindo na distribuição de plantas em áreas extensas e remotas como as ilhas.
O ser humano, também é um fator biótico, deve ser considerado de maneira
isolada. A intervenção humana na natureza ocorre praticamente em toda biosfera e
vem extinguindo inúmeras espécies vegetais e animais. A ação humana provoca a
destruição de florestas pela devastação e introdução de novas espécies estranhas
ao meio pelas técnicas agrícolas.

Fatores atuantes na flora:

Morfologia de unidade orgânica de propagação (diásporo)


Os frutos e sementes possuem formas pesos e resistência às intempéries que
podem favorecer a distribuição dos vegetais. Os frutos carnosos e saborosos podem
ser comidos por animais; as sementes leves, aladas, ou revestidas por pêlos,
espinhos ou substâncias pegajosas, susceptíveis de serem levadas por ventos,
correntes de água e animais, garantem uma chance de dispersão muito maior às

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plantas que as produzem do que àquelas que apresentam diásporos pesados, não
alados, vulneráveis ao calor ou à umidade.

Poder germinativo
O poder germinativo é a capacidade de produzir grande número de
descendentes e de conseguir sobreviver, ou no caso dos vegetais, germinar com
rapidez e facilidade em áreas novas. Quanto maior capacidade de germinar em
condições diversas, mais chances de distribuir-se em todo mundo.

Multiplicação vegetativa
É um tipo de dispersão relevante para espécies criptógamas, vegetais sem
órgãos sexuais aparentes, como os liquens. Ao separar-se da colônia mãe, os
liquens carregados por vetores de dispersão podem originar colônias em outras
áreas. A multiplicação vegetativa promove a ampliação da área de distribuição de
forma muito lenta, e contribui principalmente para a dominância de certas espécies
no local de origem.

A idade, antiguidade de grupos de organismos


Espécies mais antigas, teoricamente, possuem capacidade de estar
distribuídas em mais lugares que espécies novas, considerando o tempo em escala
de milhares de anos. No entanto, há inter-relação com outros fatores influenciam os
organismos de diversas formas e intensidades diferentes.
Pode-se avaliar o nível taxonômico da espécie (categorias superiores como
famílias e gêneros), considerando a capacidade de adaptação, modificação que leva
ao surgimento de uma subespécie, variedades, ou mesmo espécies novas.

Plasticidade genética e tolerância ecológica


Os grupos de organismos como pouca capacidade de mudar sua genética ou
morfologia, produzindo sempre indivíduos com as mesmas características, reduz a
capacidade de sobrevivência do grupo, já que os descendentes estarão adaptados
somente às condições ambientais dos progenitores. Esta característica constitui um
fator negativo para sobrevivência do grupo e ocupação de novas áreas.

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UNIDADE 8 - DINÂMICAS BIOLÓGICAS E


GEOMORFOLOGIA

Durante toda a história da terra, a superfície do planeta sofreu mudanças


climáticas e geomorfológicas, originando ambientes com características diferentes.
O movimento de placas tectônicas separou os continentes, ocorreram
períodos glaciais; e no período geológico do Pleistoceno surge os Andes, o Himalaia
e Alpes, formam-se ilhas, mares, lagos; são fatores que influenciam diretamente na
distribuição das espécies, por conseguinte foram selecionadas pelas condições
ecológicas dos novos meios constituídos, migrando, adaptando-se, sofrendo
mutações ou mesmo extinguindo-se (Pereira e Almeida, 2000).
Há cerca de 250 milhões de anos, existiu o grande continente denominado
Pangeae, este começou a fragmentar-se, dando origem a dois novos continentes,
Gondwana que corresponderia a América do Sul, África, Índia, Antártida e Austrália,
o outro denominado Laurásia, englobaria a América do Norte, a Europa e restante
da Ásia.
Estes movimentos de flutuações climáticas constantes, aberturas de oceanos,
criaram movimentos de dispersão biogeográfica constante, o que é comprovado pela
presença de fósseis encontrados em sedimentos marinhos, lacustres, turfeira e
solos.

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Fonte: http://domingos.home.sapo.pt/tect_placas_1.html, 2007.

Os grandes Biomas
A distribuição dos seres vivos em determinados ambientes depende da
capacidade de adaptarem-se as condições ecológicas dominantes.
Os grandes biomas como a floresta tropical, a savana, a tundra entre outros,
são dependentes do clima.
Os biomas são comunidades clímax, um estágio evolutivo de equilíbrio. Para
chegar ao clímax passam por um processo lento e ordenado chamado sucessão
ecológica. Na sucessão ecológica ocorre o aumento do número de espécies e
nichos até chegar ao um estágio estável e bem desenvolvido com organismos bem
adaptados às condições locais.
Atualmente a ação humana está causando grandes mudanças na
configuração natural dos ambientes criando novas condições ambientais.

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A expansão do
processo de
urbanização e da
agricultura provoca
derrubada de florestas,
ocupações irregulares
e grandes impactos
ambientais. Este novo
meio habitado interage
com o domínio
climático e do bioma
em que se localiza.
De forma
esquemática podemos
representar os biomas
do mundo segundo a
figura ao lado.
Fonte: http://www.oni.escuelas.edu.ar/2002/SANTIAGO_DEL_ESTERO/madre-fertil/biomas.htm, 2007.

Nas regiões equatoriais encontramos as florestas equatoriais, que na figura é


denominada de “selva”. A floresta equatorial é encontrada na bacia Amazônica, na
porção leste da América Central, na Bacia do Congo na África, na Ásia de sudeste –
Vietnã, Malásia, Sumatra, Java e nordeste da Oceania. Nas áreas onde sopram os
ventos alísios, como por exemplo, a leste da América do Sul, a floresta se expande,
originando a mata pluvial atlântica que na figura é denominada “bosque”.
Acima e abaixo desta floresta tropical, há savanas e campos com vegetação
tropofítica (na figura acima com nome castelhano de “sabana”), associada ao clima
tropical e adaptada à alternância entre estações secas e úmidas. No Brasil este
domínio limite com a floresta tropical úmida caracteriza-se por mata semi-decíduas
denominada de cerrado.
Onde ocorrem os centros subtropicais de alta pressão há formação de
desertos, seguida de vegetação semi-desértica, que se prolonga até encontro com

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clima temperado. Nesta área há ocorrência de florestas de clima temperado ou


florestas subtropicais úmidas, nomeado na figura de “bosques”.
As estepes ocorrem na área central do continente Europeu, nos planaltos da
Ásia Central, na América do Norte, oeste de Mississipi, e na América do Sul, na
Patagônia na Argentina.
A floresta de coníferas ocorre em regiões temperadas ao norte, entre as
latitudes de 55 e 70. Esta vegetação é adaptada ao clima rude, com verão
extremamente curto, e representada por espécies de pinheiros. Na Sibéria esta
vegetação é denominada de Taiga Siberiana.
A floresta temperada, também chamada de floresta latifoliada mista decídua,
ocorre na Europa Central e oeste da Europa, ao norte da China, e do Japão e a leste
da América do Norte.
No extremo norte da América do Norte, Europa e Ásia e algumas ilhas, ao
extremo sul do hemisfério Sul, encontramos a vegetação denominada Tundra onde
predomina um clima frio associado à alternância de massas de ar polares e árticas.
Os demais sistemas menores sofrem influências diversas para se
estabelecerem, já explicado nos tópicos anteriores.

Áreas biogeográficas
A porção da biosfera ocupada por uma certa entidade biológica contitui uma
região biogeográfica que poderá ser qualquer qualquer categoria taxonômica:
familia20, gênero21, espécie, subsespécie ou variedade. Já a área geográfia de um
organismo é a localidade geográfica onde é encontrado.
Há diversas proposições de divisões biogeográficas. São exemplos: as
polares, holárticas, das regiões temperadas do hemisfério norte; tropicais, que
ocorrem nos trópicos; paleotropicais, que ocorrem na área tropical da Ásia, África e
oceania; neotropicais, parte tropical das Américas, dentre outras.
Existem muitas outras formas de classificação, para a Zoologia prefere-se a
classificação que segue na figura:

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Fonte: http://weblogs.madrimasd.org/universo/archive/2007

Além dessas apresentadas no mapa há também mais duas divisões: a


Antártica que refere-se as terras do Sudoeste da América do Sul, os bosques
montanhosos e úmidos, as Ilhas Subantárticas, ou Antártida e para alguns, a Nova
Zelândia; e a Oceânica que refere-se aos oceanos em geral. (Pereira e Almeida,
2000).
Atuamente estas classificações são
pouco usadas, sendo substituída pela
localização geográfica.
Por exemplo, o Caiman crocodilus
(LINNAEUS, 1758), vulgarmente conhecido
como jacaretinga, pode ser encontrado no
Sul do México, América Central, e Norte da
América do Sul. Possui coloração verde amarelada e o tamanho dos machos pode
chegar a 2,5 m, as fêmeas são menores. Na sua área de ocorrência, essas
populações refletem alta capacidade de adaptação aliada ao seu potencial
reprodutivo e a diminuição das populações de outros crocodilianos competidores. O
mapa a seguir mostra a área de ocorrência da espécie.

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53

Fonte : http://www.crocodilianos.hpg.ig.com.br/3.htm, 2007.

Com os estudos biogeográficos e geomorfológicos podemos afirmar


que a riqueza de espécies, ou seja, a biodiversidade, não é um fenômeno estático,
representa o resultado de condições ambientais do passado interagindo com a
presente distribuição geográfica dos seres vivos.

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No Brasil nos estudos sobre meio ambiente é mais usada à repartição em


biomas, ilustrado pela figura abaixo.

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Em virtude de confusões cometidas no uso do termo ecossistema, é preciso


salientar as diferenças existentes entre os conceitos que caracterizam os espaços
ecológicos. Os domínios de natureza do Brasil, não constituem um único
ecossistema, mas abrigam diversos ecossistemas. Como destaca Ab´Saber (2003),
no sistema interior de um domínio paisagístico e ecológico existe sempre um
mosaico de ecossistemas conviventes espacialmente. Na área de cerrado, ocorre os
ecossistemas de: cerradão, cerrados, campestres e longas filas de florestas e
galerias biodiversas.
Arthur Tansley (1935) cria o conceito de ecossistema definindo como “sistema
ecológico de um lugar, envolvendo fatores bióticos e fatos abióticos22 do local” (Ab’
Saber, 2003).
Pode-se afirmar que os grandes domínios de natureza no Brasil, possuem
ecossistemas marcadamente dominantes, incluindo enclaves de sistemas
ecológicos de regiões vizinhas, mosaicos de geofácies (ligeiras diferenças internas
dos ecossistemas dependentes do solo e microclima da região).
Nas formações florestais, predominantemente de árvores, ocorrem espécies
não florestais que se combinam com as formações de florestas, como campinaranas
na Amazônia ou nos campos de altitude na Mata Atlântica (Conti, J.B. et. al. , 1998).

Amazônia
O primeiro domínio indicado no mapa, a Amazônia, é uma grande bacia
hidrográfica formada numa sequência de eventos geológicos, mais de 420 milhões
de ano, na era paleozóica.
A Amazônia se destaca pela continuidade de suas florestas, pela ordem de
grandeza de sua principal rede hidrográfica e pelas sutis variações de seus
ecossistemas (Ab’ Saber, 2003) O domínio das terras baixas e florestadas estende-
se da base dos Andes cobre grande parte do norte do país, e tem limites definidos
pelo relevo das bordas do planalto Brasileiro e das Guianas.
A sua localização geográfica, na região equatorial, favorece a forte incidência
solar o que provoca o aquecimento contínuo de massas de ar úmido, resultando em
grande nebulosidade, baixa amplitude térmica, e quase ausência de estações secas.
Tais características favorecem um clima úmido, com temperaturas altas, que são

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amenizadas pelas chuvas rápidas e concentradas. O regime de chuvas no sul da


Amazônia brasileira é dominado por chuvas de janeiro a março, enquanto o norte da
Amazônia recebe precipitações maiores durante de maio a julho.
Embora exista muito a ser descoberto ainda a respeito da Amazônia, o
mosaico de florestas da região pode ser agrupado em três padrões básicos; as
matas de terra firme, as matas de várzea e os igapós. O desenvolvimento desses
padrões depende do regime de inundação dos rios.
O mundo das águas na Amazônia é resultado direto da excepcional
pluviosidade que atinge a gigantesca depressão topográfica regional. O grande rio
nasce em plena cordilheira dos Andes, através de três braços, onde existem
precipitações e degelo de primavera, a mais de 4 000 m de altitude. Fora este setor
andino restrito e localizado, o corpo principal da bacia hidrográfica depende de um
regime hidrológico totalmente pluvial. Na bacia Amazônica, vista em sua totalidade,
circulam 20% das águas doces existentes no planeta (Ab’ Saber,2003).
A floresta que ocorre em áreas inundadas na Amazônia é denominada Mata
de Igapó. Esta ocorre em solo permanentemente alagado em terrenos baixos
próximos aos rios. Ocupam 15 mil km do total da hiléia. Via de regra, o solo e a água
dos igapós são ácidos. Sua vegetação permanece verde (é perenifólia), com folhas
largas, e as árvores atingem até 20 m de altura, com ramificação baixa ou densa. Há
muitos arbustos e cipós, além de raízes escoras e respiratórias. A vegetação é bem
adaptada e não apodrece ao permanecer na água.
Em uma área de aproximadamente 55 mil km da região amazônica há matas de
várzea que se alagam periodicamente. O período que a mata permanece alagada,
define a sua composição florística. Se mais inundada, assemelha-se a mata de
igapó, se mais seca assemelha-se a mata de terra firme. Dentre as espécies
vegetais encontradas destacam-se o cumaru-de-cheiro, a seringueira, e o pau
mulato. (Conti, J.B. et. al. , 1998).

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A mata amazônica de terra firme


corresponde a 90% da área total da bacia amazônica.
As árvores são altas (60-65m), carregadas de epífitas
e cipós lenhosos, formam uma floresta de dossel
contínuo, barrando 95% dos raios solares, tornando o
interior da floresta muito escuro e úmido.
A floresta amazônica de modo geral é auto-
sustentável, vive sobre solos bastante pobres em
nutrientes e depende da ciclagem de nutrientes a
partir da própria biomassa.

Caatinga
É uma região seca, que contrasta com o resto do país predominantemente de
florestas úmidas. A existência de um grande espaço semi-árido é associada à
presença dos fortes ventos alísios que não permitem a chegada de umidade para
região. A caatinga propriamente dita é uma mata seca que perde suas folhas
durante a estação seca. Apenas o juazeiro, que possui raízes muito profundas para
capturar aguado subsolo, e algumas palmeiras conseguem resistir. As plantas da
caatinga estão adaptadas às condições climáticas e possuem várias adaptações
fisiológicas para sobreviver á seca. As plantas são xeromórficas, ou seja, possuem
um revestimento que ajuda a perder menos água por transpiração, possuem folhas
grossas e pilosas. Algumas folhas são miúdas e outras em forma de espinho, como
os diversos tipos de cactos da caatinga (Conti, J.B. et al. , 1998).
No sertão existem duas estações, como caracteriza Euclides da Cunha: “o
verde e o magrém”. Depois de um longo período de estiagem que dura de seis a
sete meses, ao sinal das primeiras chuvas, o verde aparece nas folhas miúdas, nos
espinhos das cactáceas. No magrém, a seca toma conta de tudo, árvores perdem as
folhas, os solo e rios secam.

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Campos sulinos
São formados pela diferenciação climática extratropical pelo solo e relevo em
que ocorrem. A vegetação é predominantemente herbácea e gramínea com
extensos banhados ao redor de lagos e lagunas na região costeira e campos
naturais de gramíneas no interior, entremeados de matas subtropicais e florestas de
araucária.

Cerrado
O cerrado brasileiro pertence ao bioma savânico, e constitui regiões de relevo
bastante homogêneo e por
isso utilizado, cada vez mais
pela agricultura mecanizada.
O cerrado pode ser definido
como um mosaico constituído
por ecótonos, diferenciações
produzidas por diversos
fatores, com o tipo de solo
em que se encontra e a ação
das queimadas.
Os cerrados brasileiros possuem árvores com aspectos tortuosos e
espaçadas, com troncos de cortiça espessa, folhagem coriácea e pilosa. Ao
contrário das savanas africanas são ambientes que possuem umidade sazonal. As
estações são bem marcadas em secas e chuvosas, com índice de precipitação
acima de 1000 mm. A água não é fator limitante para certas espécies de árvores do
cerrado que possuem raízes que podem alcançar 15m de profundidade. As espécies
típicas do cerrado desenvolvem-se em solos ácidos e empobrecidos, entretanto,
com altas concentrações de alumínio, o que determina a capacidade de troca
catiônica, fundamental para o metabolismo das plantas, e tóxico para espécies
usadas na agricultura.

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Mata atlântica
A floresta atlântica é fisionomicamente semelhante às matas amazônicas.
São igualmente densas com árvores altas em áreas de baixo relevo. O troco das
arvores desta floresta apresenta-se coberto de epífitas. A exuberância dessa floresta
é em parte atribuída à umidade trazida pela Massa Polar Atlântica. Os ventos
úmidos são em parte barrados pelos obstáculos orográficos na zona costeira,
provocando grande quantidade de chuvas nesta região.
Apesar da destruição de grande parte desta floresta, a Mata Atlântica ainda
guarda a maior biodiversidade por hectare entre as florestas tropicais.
De forma geral podemos destacar a importância de todos os tipos de florestas
segundo o quadro abaixo:

IMPORTÂNCIA DA FLORESTA

As plantas garantem a absorção do CO² da atmosfera. Quando não há floresta há


efeito estufa.
As plantas protegem a reserva de água no solo.
A cobertura vegetal mantém um solo vivo, rico em microorganismo e micronutrientes.
Mantém a aeração no solo, portanto a entrada de oxigênio. O oxigênio no solo faz
desaparecer manganês e alumínio tóxico. A presença da cobertura vegetal evita a
erosão do solo.
E por fim, a manutenção da floresta significa preservar toda uma cadeia de relações
entre seres vivos, uma diversidade de espécies denominada de BIODIVERSIDADE.

Pantanal
As planícies sedimentares inundáveis, da depressão da bacia hidrográfica do
rio Paraguai correspondem à área do Pantanal. Estes terrenos baixos estendem-se
pelo Chaco paraguaio e alcançam as planícies do sul do Brasil.
O clima do pantanal é de temperaturas elevadas e estação seca prolongada.
Este ambiente possui uma grande biodiversidade, um rico ambiente aquático e um
dos maiores paraísos faunísticos da América do Sul.

Zona Costeira
Na zona costeira do Brasil tropical atlântico, existem ecossistemas
complementares aos da Mata Atlântica, diferenciados pela existência de suportes

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ecológicos específicos. Merece destaque, os pântanos salinos, onde se


desenvolveram o bioma típico de planícies de mares, os manguezais. Os
manguezais ocorrem junto aos litorais banhados por águas tépidas e calmas de
margens de estuários, bordas de lagunas e deltas intralagunares. A vegetação do
mangue possui raízes respiratórias – pneumatóforos - e raízes escoras, formam um
emaranhado que contribui para a fixação de sedimentos e o aterramento do litoral,
as raízes ficam submersas na
maré alta e são expostas
durante a maré baixa.
O substrato lodoso do
mangue tem pouca capacidade
de areação, além desse fator,
a concentração de matéria
orgânica não decomposta
nessas regiões leva a
formação do gás sulfídrico.
Há três tipos de mangue, a Rhizophora, é a que mais avança mar a dentro, a
Avicennia e Sonneratia são mais encontradas em áreas abrigadas. O porte da
vegetação varia de 2 metros podendo chegar até 6 metros em áreas de estuário.
Nos mangues brasileiros a fauna predominante é de crustáceos como o siri, a
grauca e o xiê. Está associada ao refluxo das águas a presença da avifauna,
espécies como o Garça azul, Anhinga, Jaçanã e martim-pescador.

A mata ciliar
O ocorre em diversos ecossistemas, na borda dos rios, de forma geral sua
importância pode ser resumida segundo o quadro abaixo:

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IMPORTANCIA DA MATA CILIAR

É como os cílios que protegem os olhos, esta mata protege o rio.


Tem função no controle hidrológico (da água), estabiliza o terreno da
ribanceira do rio, o emaranhado radicular.
Como filtro ou tampão ele controla o ciclo de nutrientes na bacia hidrográfica,
através da ação no escoamento e na absorção pela vegetação. É a transição para o
ecossistema aquático.
Pela capacidade de impedir o carreamento de sedimentos para o sistema
aquático, contribui para a manutenção da qualidade de água das bacias
hidrográficas.
Pela sua integração com a superfície da água, proporciona cobertura e
alimentação para os peixes e outros componentes da fauna aquática.
Contribui também interceptando a radiação solar e mantendo a estabilidade
térmica dos pequenos cursos de água.

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UNIDADE 9 - COMPREENDENDO OS RECURSOS


HÍDRICOS

O planeta terra é formado por um volume de 1.386 milhões de km3 de água,


entretanto 97,5 % deste total são os oceanos, mares e lagos de água salgada
(DRM,2007).
Na parte formada pela água doce, mais de 2/3 estão nas calotas polares e
geleiras, inacessíveis para o uso humano pelos meios tecnológicos atuais. Apenas
cerca de 1% da água está disponível para a vida nas terras emersas. Desta parcela
97,5% corresponde a água subterrânea perfazendo um volume de 10,53 milhões de
km3 (DRM,op. cit.). Portanto embora o ciclo da água recicle a água, esta deve ser
compreendida como um recurso finito.
Quase 4,6 milhões de crianças com menos de cinco anos, em paises pobres,
morrem de doenças decorrentes de veiculação hídrica, anualmente. O
abastecimento com água potável e o saneamento ambiental poderiam reduzir em
75% as taxas de mortalidade e enfermidades no mundo. Mesmo no Brasil, 50.000
bebês/ano morrem de diarréia e as doenças associadas à água de baixa qualidade
correspondem a 65% dos casos de internações hospitalares. Os esforços
empreendidos na melhoria das condições sanitárias dos países pobres têm se
mostrado insuficientes para amenizar esse cenário social, agravado por séculos de
descaso dos governantes, e que piora em função do crescimento populacional.
(Hirata e Suhogusoff, 2007).
O crescimento da população mundial associado a fatores como a poluição
das águas, e aquecimento global levam especialista a prever uma crise de
abastecimento de água dentro de algumas décadas. Segundo WWF o ritmo de
consumo no mundo dobra a cada 25 anos. Com a crescente industrialização,
urbanização e a tecnificação da agricultura, os recursos hídricos de superfície estão
rareando em vista do elevado consumo e pela contaminação de mananciais,
suscitada pela expansão não planejada da população. Desta forma, as atenções
vêm-se convergindo para essa outra fonte de abastecimento, não tão visível, mas
igualmente importante: as águas subterrâneas (Hirata e Suhogusoff,op.cit.).
O Brasil, o país mais rico em água do mundo, tem uma descarga dos rios de
6,22 trilhões de m3/ano. Apesar da grande disponibilidade de água no país, vivemos
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situações de escassez no Nordeste, principalmente durante as periódicas secas.


Esse problema vem se manifestando em outras partes do país devido às falhas de
suprimento e pela cultura do desperdício. Durante os períodos de estiagem vem
ocorrendo racionamentos em Recife e na Região Metropolitana de São Paulo.

O Ciclo Hidrológico
O ciclo hidrológico consiste nas fases que a água percorre em sua trajetória
no globo terrestre, envolvendo os estados líquido, gasoso e sólido, um verdadeiro
mecanismo vivo que mantém a vida no planeta. A água evapora-se dos mares, rios
e lagos e transpira da vegetação, formando as nuvens, que precipitam-se sob a
forma de chuvas. Ao atingir o solo, parte da água das chuvas infiltra-se,
abastecendo os aquíferos, enquanto outra parte escoa para os rios, lagos e mares,
onde recomeça o ciclo.

Fonte:

http://www.igc.usp.br/geologia/aguas_subterraneas.php, 2007.

A complexa dinâmica do ambiente é regida por fatores meteorológicos, como


o vento, chuva, insolação, até pela ação antrópica que, além de modificar a
paisagem, provoca distúrbios no clima. A água pode evaporar-se de um lugar já
árido, e se precipitar nos oceanos, ou ainda, inundar cidades, e causar déficit em
represas ou em áreas famintas de irrigação.

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O balanço hídrico determina o equilíbrio da entrada e da saída da água dentro


de uma bacia hidrográfica. A entrada corresponde principalmente à precipitação que
pode ocorrer na forma de chuva, granizo, neve ou orvalho. A compensação ocorre
na saída por meio da infiltração no solo, escoamento superficial, evaporação,
evapotranspiração23, variação no conteúdo de umidade no solo ou armazenamento
do reservatório subterrâneo e a exploração da água para o consumo.
Quando a precipitação supera a infiltração no solo ou quando a água atinge
uma formação impermeável, como argilas, a água passa a escoar na superfície. Em
seu percurso, estará sujeita, então, à evaporação, à infiltração em outro material
mais permeável ou à descarga em corpos d'água, alimentando os rios e lagos.

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UNIDADE 10 - ÁGUA SUBTERRÂNEA E AQUÍFEROS

A água subterrânea é a parcela da água que permanece no subsolo, onde flui


lentamente até descarregar em corpos de água de superfície, ser interceptada por
raízes de plantas ou ser extraída em poços. Tem papel essencial na manutenção da
umidade do solo, do fluxo dos rios, lagos e brejos. A água subterrânea é também
responsável pelo fluxo de base dos rios, sendo responsável pela sua perenização
durante os períodos de estiagem.
No mundo, 1,5 bilhão de pessoas dependem das águas subterrâneas.
Estima-se que, na América Latina, 150 milhões utilizam o recurso. Focalizando o
caso do Brasil (detentor de 8% das águas doces do mundo), calcula-se que existam
112 bilhões de m3 de água subterrânea. Por volta de 35 a 40% da população
brasileira deve fazer uso do recurso subterrâneo.No Estado de São Paulo, estima-se
que 74% dos núcleos urbanos sejam total ou parcialmente abastecidos por fontes
subterrâneas. (Hirata e Suhogusoff,op.cit.).
Em determinadas áreas, como regiões áridas e certas ilhas, a água
subterrânea pode ser o único recurso hídrico disponível para uso humano.
Geralmente ela dispensa tratamento, economizando na execução de grandes obras
como barragens e adutoras. Mais da metade da população do mundo depende da
água subterrânea para o suprimento de suas necessidades de água potável.
As águas subterrâneas estão contidas nos solos e formações geológicas
permeáveis denominadas aquíferos. Existem três tipos primários de aquíferos
(DRM,2007):

Fonte: http://www.drm.rj.gov.br/projeto.asp, 2007.

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Aquífero poroso - aquele no qual a água circula nos poros dos solos e grãos
constituintes das rochas sedimentares ou sedimentos;
Aquífero cárstico - aquele no qual a água circula pelas aberturas ou cavidades
causadas pela dissolução de rochas, principalmente nos calcários;
Aquífero fissural - aquele no qual a água circula pelas fraturas, fendas e falhas nas
rochas.
Aquíferos Livres e Confinado - O aquífero livre está em contato direto com a
pressão atmosférica. Já o aquífero confinado, como o próprio nome diz, encontra-se
delimitado por camadas litológicas menos permeáveis, em cujo interior a água está
submetida a uma pressão maior que a atmosférica. Este último tem recarga indireta,
em áreas onde é possível a penetração da chuva, denominadas de “zonas de
recarga”. Para evitar contaminação, estas áreas precisam ser preservadas
garantindo que nenhuma atividade potencialmente poluidora nelas se instale.

Fonte: http://www.igc.usp.br/geologia/aguas_subterraneas.php, 2007

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Funções dos Aquíferos


Além da função de produção, os aquíferos podem cumprir algumas outras funções,
como:
- Estocagem e regularização de excedentes de água durante enchente dos rios.
- O maciço permeável possui características biogeoquímicas depurativas,
funcionando como filtro natural.

Poluição ambiental e exploração das águas subterrâneas


Embora a água subterrânea seja um recurso menos susceptível aos impactos
da atividade antrópica, comparativamente ao manancial superficial, há dois
problemas que podem afetá-la: a contaminação e a super-exploração. (Hirata e
Suhogusoff,op.cit.).
A contaminação pode se dar por fossas sépticas e negras; infiltração de
efluentes industriais; fugas da rede de esgoto e galerias de águas pluviais;
vazamentos de postos de serviços; contaminação por água salina advinda do mar
em aquíferos costeiros, por aterros sanitários e lixões; uso indevido de fertilizantes
nitrogenados; entre outros.

Fonte: http://www.drm.rj.gov.br/projeto.asp, 2007.

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A água contida em um aquífero foi acumulada durante muitos anos ou até


séculos e é uma reserva estratégica para épocas de pouca ou nenhuma chuva. Se o
volume retirado for menor do que a reposição a longo prazo, o bombeamento pode
continuar indefinidamente, sem provocar efeitos prejudiciais. Se, por outro lado, o
bombeamento exceder as taxas de reposição natural, começa-se a entrar na reserva
estratégica, iniciando um processo de rebaixamento do lençol freático, chamado
super-exploração. A super-exploração provoca danos ao meio ambiente ou para o
próprio recurso, como aumento nos custos de bombeamento, escassez de água,
indução de água contaminada e problemas geotécnicos de subsidência
(compactação diferenciada do terreno, causando o colapso de construções civis).
Tanto a super-exploração como a contaminação de solos e aquíferos podem
ser evitadas. A partir de estudos prévios, é possível estimar as vazões máximas que
poderão ser extraídas de uma nova captação, sem que cause danos aos poços
vizinhos. Da mesma forma, avaliações específicas podem mostrar se novas
atividades antrópicas causarão algum problema ao aquífero. Cabe aos órgãos de
governo, com participação da população, definir as políticas para o bom manejo do
recurso, para que este seja utilizado de forma sustentável e que possa promover o
bem estar e o desenvolvimento econômico da sociedade. (Hirata e
Suhogusoff,op.cit.).

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UNIDADE 11 - A ATUALIDADE DA QUESTÃO AMBIENTAL

A questão ambiental tem origem na preocupação com os problemas


ambientais causados pelas atividades humanas no planeta. O processo de
exploração da natureza teve uma evolução contínua e gradual. O avanço da ciência
e a tecnologia associada à ideologia do progresso econômico, até pouco tempo, não
reconhecia a importância da natureza, e contribuiu para destruição indiscriminada
dos recursos naturais.
Esta separação homem-natureza, é o fundamento da ciência positivista, base
instrumental do modelo de desenvolvimento das sociedades ocidentais e que
começa a ser questionado somente no fim do século XX.
A ciência positivista que se desenvolve no século XIX teve como princípio o
controle da natureza pelo ser humano, a partir da racionalidade e do conhecimento.
Nesta oposição (homem – natureza), a natureza é concebida como objeto e não
mais como morada, torna-se um meio exterior ao homem do qual não se vê como
parte dependente e integrante.
No Brasil, a exploração do território ocorreu de forma predatória, com a
derrubada das florestas para a implantação das monoculturas de grandes extensões
e com base na desigualdade social da sociedade escravocrata.
Durante muito tempo, a prática da derrubada da mata, tornou-se uma forma
de garantir a posse da terra, era a partir deste procedimento que a propriedade da
terra era legitimada. (Dean,1996)
A natureza na época colonial é concebida apenas como um recurso a ser
explorado pelo homem para extrair lucro, não há o reconhecimento científico da
importância dos processos naturais para vida humana. Tal reconhecimento tem
início somente com as pesquisas realizadas pelos naturalistas do século XIX e pelo
movimento estético do romantismo.
No Brasil, alguns documentos do tempo do Império, escritos por naturalistas
trazidos para o país alertaram D, João VI e Dom Pedro sobre a questão ambiental.
Em primeira estância preocupavam-se com recursos hídricos, proteção de florestas
para a conservação de mananciais e o saneamento das cidades. Entretanto esses
naturalistas eram desvinculados de compromissos com metas políticas, ou de
planejamento, sendo chamados a atuar somente na solução de problemas
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específicos, pontuais e localizados, da preservação e da formação de santuários que


garantissem a manutenção de ecossistemas naturais (Santos, 2004).

Expansão do sistema capitalista e crise ambiental

“O planeta tem capacidade de alimentar a todos, mas não a cobiça de


todos”.
Mahatma Gandhi (1869-1948)

A exploração predatória da natureza já existente em períodos anteriores da


história é intensificada pelo domínio capitalista sobre o território. O avanço científico,
o desenvolvimento tecnológico e a política de consumo das multinacionais acelera
geometricamente o consumo da natureza.
O emprego de energia para o desenvolvimento humano deu um grande salto
com a substituição da força humana pela animal; e desta pela força a vapor e
finalmente pela força de explosão interna (motor) ou eletricidade. Entretanto,
também a comodidade proporcionada por esta evolução, aumentou o consumo de
petróleo, combustível fóssil que levou milhares de ano para se formar e com
previsão para chegar ao fim.
O reconhecimento da escassez, e da finitude dos recursos naturais trouxe
preocupações às autoridades governamentais pelos possíveis impactos no
desenvolvimento econômico. O modelo de desenvolvimento brasileiro até a década
de 70 teve por objetivo chegar ao padrão de vida norte americano. No entanto,
segundo a Fundação Juquira Candiru (2001) os EUA:
- São 4,5 da população do planeta, mas utilizam acima de 30% dos recursos
naturais;
- Eles tem 1,2 carros por habitante;
- Gastam 70 vezes mais água que um unganês;
- Consomem 1700 vezes mais carne que um chinês;
- Destróem o ar 2600 vezes mais que um indiano;
- Necessitam de petróleo 20.000 vezes mais que um nepalês;
- Gastam dez unidades de energia para produzir uma de alimento.
Ou seja, os americanos possuem um modo de vida de alto impacto ambiental,
que não pode ser adotado mundialmente, por ser planetariamente insustentável.
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Com a repercussão mundial dos desastres ecológicos, e as denúncias


publicadas no livro “Primavera silenciosa” em 1962 por Rachel Carson, teve início o
movimento ambientalista mundial. Os impactos ambientais passam a preocupar
economistas somente em 1972, após a publicação do relatório das Nações Unidas
“Os limites do crescimento”. Neste mesmo ano ocorre à primeira conferência
Internacional sobre o meio ambiente, a Conferencia de Estocolmo em 1972
(Fundação Juquira Candiru, 2001).
A seguir uma lista de desastres ambientais, muitos deles provocados por
empresas multinacionais. Todas essas catástrofes eram previsíveis e evitáveis, mas
foram negligenciadas por seus governos:
• Japão, Minata - Contaminação causada por mercurio causada pela Chisso
Chemicals
• Japão, Itai Itai - Contaminação por cádmio causada pela Nipon Chemicals
• EUA, Love Canal - Contaminação por dioxinas causada pela Hooker
Chemical
• Itália, Seveso - contaminação por dioxinas provoada pela Hoffmann-La Roche
• EUA, Three Miles Island - escape de nuvem radioativa na Pensilvânia
• Chernobyl - Explosão em um reator nuclear na Ucrânia
• Basiléia - acidente com agrotóxico diosulfoton, com poluição no rio Reno.
• Brasil - mudança na classificação toxicológica de muitos agrotóxicos para a
classe III, pouco tóxicos, e sua disseminação causa muitas vítimas.
• Brasil- Cubatão- SP, Explosão de duto de gasolina devido a vazamento. Mais
de 300 pessoas morreram.

Com o reconhecimento dos problemas ambientais por alguns governos de


países desenvolvidos europeus, e o endurecimento das leis e da ação dos
movimentos ambientalistas, o Banco Mundial passa a incentivar a mudança das
indústrias poluidoras para os países periféricos (Fundação Juquira Candiru, 2001).
A ditadura militar, com a desculpa de atrair grandes investimentos
estrangeiros, financiou boa parte dos empreendimentos de alto custo, muitos deles
causadores de grandes danos ambientais. Em pouco tempo a pobreza existente em
muitos lugares do Brasil transformou-se em miséria, o desejado desenvolvimento

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econômico planejado não conseguiu ser instalado, dando espaço para uma
exploração abusiva da natureza e aumento dos problemas sociais.
Aos poucos, a Floresta Amazônica foi destruída para as multinacionais como
a VW criar gado ou plantar eucalipto, tal como no projeto Jari, que devastou a
floresta Amazônica, próximo ao rio cristalino, no sul do Pará. O mesmo aconteceu
no sul da Bahia, com a destruição de áreas de Mata Atlântica pela empresa Aracruz
celulose, para o plantio de eucalipto com isenção de impostos. No Rio Grande do
Sul, a Borregaard, norueguesa, instalou-se com dinheiro público plantando
eucaliptos em terras nobres antes utilizadas para o plantio de arroz. (Fundação
Juquira Candiru, op. cit.).
O cultivo do eucalipto em grandes extensões pode provocar o esgotamento
dos solos, tornando-os estéreis. Entretanto, devido ao seu rápido crescimento este
cultivo tem se espalhado pelo país. As transnacionais propõem o reflorestamento
nos países pobres (com eucalipto isento de impostos) para diminuir o gás carbônico
da atmosfera e contraditoriamente, para que elas possam continuar liberando os
mesmos de suas chaminés. Nos países pobres, estas plantações chamadas de
poços de carbono ocupam áreas antes destinadas a alimentos e encarecem os
mesmos.
Há muitos setores em que a exploração de recursos naturais é insustentável.
Os recursos minerais, por exemplo, encontram-se de forma limitada no planeta. A
exploração de minério realizada por uma empresa retira o recurso mineral não
renovável de uma localidade da terra até o esgotamento, e quando esgotado
abandona o local e procura outro local para exploração do minério, avançando
incessantemente para novos locais, provocando a destruição dos locais pelos quais
passou.
O reconhecimento desta lógica traz algumas questões: com o esgotamento
dos minérios na Europa e na Índia, há interesses em explorar a Amazônia e a África;
e para as pessoas que moram nesses locais como ficará a sustentabilidade?
No Brasil, o solo agrícola só passou a ter valor quando os efeitos malditos de
uma mecanização desastrada, com máquinas mal dimensionadas, trouxeram o
desastre da erosão do solo. Uma outra problemática é o uso indiscriminado dos
agroquímicos como fertilizantes e agrotóxicos. O uso de certos agrotóxicos é um dos

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principais responsáveis pela contaminação dos lençóis freáticos. Atualmente muitos


locais já têm suas reservas de água comprometidas o que poderá causar problemas
de abastecimento no futuro. Além disso, estudos como de Adilson Pascoal (1979)
comprovam que o aumento do consumo de agrotóxicos tem provocado o aumento
do número de pragas na lavoura, por eliminar também boa parte dos inimigos
naturais. O agrotóxico é tratado como um insumo econômico e não como um
instrumento perigoso que necessita de um cuidado especial para evitar a morte,
intoxicação, envenenamento e destruição da natureza. Ainda hoje, a devastação
das matas e o avanço da fronteira agrícola sobre a floresta tropical é política pública
para incorporar áreas para a economia, com aval e ajuda do governo (ex:
financiamento para produção de soja no Centro Oeste).

Impactos Ambientais
Além do comprometimento dos recursos finitos devido à velocidade de
consumo ou a degradação causada ao meio, há também a alterações dos ciclos
naturais que passaram na mesma aceleração a alterar o seu equilíbrio
termodinâmico.
O impacto da destruição de matas e fauna sem considerar o seu ciclo
reprodutivo causa alterações de efeitos exponenciais e que incorpora um novo
impacto, antes desconhecido. Ë assim que os ciclos da vida são alterados
termodinamicamente (Água, Nitrogênio, Carbono, Enxofre, Oxigênio). Um exemplo
disso é o efeito Estufa, causado pelos gases das chaminés e motores que
aumentam a temperatura do planeta e ameaçam a existência das geleiras e
glaciares. As florestas tropicais sendo destruídas por poderosos incêndios colocam
em risco a capacidade de sustentar as trocas de calor, no planeta, alterando o ciclo
das águas.
Toda atividade humana é causadora de impacto. No início desconhecemos os
impactos negativos, mas depois passamos a questionar e a tentar refrear o seu uso
irracional. Esta seria a atitude mais correta a se adotar em todas as sociedades. No
entanto somente alguns países têm sucesso em frear empreendimentos danosos a
saúde humana e do planeta, muitas vezes exportam estes empreendimentos para
sociedades atrasadas, dependentes e corruptas. Isto dá sobrevida ao processo de

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degradação e provoca um desenvolvimento dependente tecnologicamente


(Fundação Juquira Candiru, 2001).
Nos países industriais desenvolvidos a busca pelo desenvolvimento
sustentável é feita pelos laboratórios sociais dos governos e multinacionais que
agem conjuntamente, e se propõem a testar o novo e sistematizar propostas que
experimentam em projetos confidenciais.
Nos países pobres são os movimentos dissidentes, contestadores e
ambientalistas que trazem estas alternativas de desenvolvimento de forma
subversiva aos sistemas de governo. Eles chegam de forma política, às vezes com
um viés caricato da realidade dos países industrializados. Com sacrifício constroem
uma alternativa a margem da economia e constituem um movimento ambientalista
autêntico da sociedade periférica. A nova matriz tecnológica sustentável da
humanidade é a biodiversidade e ela encontra-se nos território dos países pobres.
As empresas transnacionais fundem-se para explorar a biodiversidade e
biotecnologia, mudam de nome e passam a ser empresas de ciências da vida
(lifescience), preocupadas em criar novas formas de vida patenteáveis e produtos
geneticamente modificados – transgênicos (Fundação Juquira Candiru, op cit.).
Embora o nosso governo tenha assinado os protocolos internacionais, não
existem muitas leis contra o mercado das transnacionais, e divulga-se nos canais de
tv, revistas e jornais propagandas para adoção de insumos químicos, além de tentar
convencer o público sobre o milagre da transgenia.
Os países industrializados desenvolvidos, em sua maioria, tiveram suas
florestas devastadas, portanto, a ação de sustentabilidade parte pelo resgate do
valor anterior perdido. No Brasil é possível agir de forma a evitar a perda do valor e
assim poupar recursos, a ação deveria ser no sentido de eliminar as causas da
destruição e não corrigir os efeitos, por isso a sustentabilidade aqui seria diferente
dos outros países (Fundação Juquira Candiru, op. cit.).
Embora a legislação ambiental brasileira seja uma das melhores do mundo, o
cumprimento efetivo da lei é bastante prejudicado por uma dinâmica complexa entre
interesses de diversos atores sociais, em que infelizmente, em muitos casos,
predomina o poder do capital e das quadrilhas ilegais na exploração predatória da
natureza.

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Portanto, a resolução dos problemas ambientais no Brasil está vinculada à


necessidade de melhoria de fiscalização e condições para o efetivo cumprimento
das leis, acordos internacionais e locais, o que vai muito mais além de programas de
conscientização ambiental.

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REFERÊNCIAS

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CONTI, J. B.; FURLAN, S. A. Geoecologia: o Clima, os Solos, e a Biota. In: ROSS, J.
S. Geografia do Brasil. 2. ed. São Paulo: Edusp, 1998. Cap. 2, p. 67-198.
DEAN, Warren. A ferro e fogo, história da devastação da Mata Atântica. São
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FUNDAÇÃO JUQUIRA CANDIRU. Cartilha do Desenvolvimento Sustentável.
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MANSUR, K. Teoria da tectônica de placas. Disponível em: <
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PEREIRA, J. B.S.; ALMEIDA, J.R. Biogeografia e Geomorfologia. In: CUNHA, S.B. e
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PENHA, H.M. Processo Endogenético na Formação do Relevo. In: CUNHA, S.B.;
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PRIMAVESI, Ana. Biodiversidade e Sustentabilidade Agrícola. São Paulo, Jornal
n 1 da Associação de Agricultura Orgânica,2005.
ROSS, J.L.S. Geomorfologia: ambiente e planejamento. 2 ed. São Paulo:
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SANTOS, R.F. Planejamento Ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de
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TROPPMAIR, H. Biogeografia e meio ambiente. Rio Claro: Divisa, 2002.

Bibliografia sugerida:

FUNDAÇÃO JUQUIRA CANDIRU. Cartilha do Desenvolvimento Sustentável.


Canoas: s.n., 2001.
ROSS, J.L.S. Geomorfologia: ambiente e planejamento. 2 ed. São Paulo:
Contexto, 1991.
SANTOS, R.F. Planejamento Ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de
Textos, 2004.
TEIXEIRA, W. [et al.] Decifrando a terra. São Paulo: oficina de textos, 2001.
NOTAS

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1 O substrato rochoso é a rocha que dá origem a um tipo de solo ou apenas a base de determinada
localidade.
2 São denominadas também de mapas.
3 A origem da palavra é grega, “lithos” significa pedra.
4 Rochas denominadas siálicas são ricas em silicatos de alumínio.
5 São rochas de origem vulcânica composta de silicatos de magnésio e ferro, pertencentes ao grupo

de rochas ígneas ou magmáticas.


6 O intemperismo é todo tipo de desgaste provocado nas rochas.
7 A pedogênese e o processo de formação do solo.
8 Litificação é o processo de transformação em rocha.
9 Baixa pressão aqui é caracterizada pelo baixo peso dos sedimentos posteriores.
10 A baixa temperatura capaz de provocar modificações em ambiente geológico está em

aproximadamente ~250 ºC.


11 O termo é utilizado para denominar os processos de dobramentos, construção de montanhas,

falhamento das rochas, terremotos, erupções vulcânicas, intrusões de plútons e metamorfismo. Logo,
a região onde ocorre, ou ocorreu processos formadores de montanhas é denominado de faixa
orogênica.
12 vale de fendas de grande extensão
13 Desagregação provocada por alterações físicas e químicas das rochas.
14 Área core ou área nuclear, é parte do domínio que apresenta as feições paisagísticas, e ecológicas

integradas, em condições fisiográficas e biogeográficas formando uma complexo bastante


homogêneo.
15 O sensores remotos são partes dos satélites que captam as imagens por radiação. Nelas é

possível identificar os limites das diferentes formas do relevo Estas imagens podem ser
adquiridas em empresas especializadas, porém os valores variam de acordo com os tipos de
imagem.
16 Processo de pediplanação é um ciclo de erosão em vertentes, neste ocorre a regressão e desgaste

das vertentes, paralelamente a si mesmas, com conservação da declividade. Há formação de


pedimentos entre o sopé da vertente e o leito fluvial (Chistofoletti, 1980).
17 È resultado do processo erosivo caracteriza-se como uma paisagem de colinas erodidas,

concavidades suaves.
18 Espécie é unidade fundamental de indivíduos que podem reproduzir-se entre si. Este nome é uma

forma de classificar universalmente os seres vivos.


19 Istmo é uma estreita faixa de terra.
20 Família é o conjunto de gêneros que se assemelham
21 Gênero é o conjunto de espécies que se assemelham.
22 Abióticos significa que não possui vida.
23 Evaporação da umidade dos solos e resultante da respiração das plantas

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