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Emiliano David Perneta foi um dos principais autores do simbolismo no Brasil,

nascido em Curitiba desenvolveu vários livros ao decorrer de sua vida, sendo eles
Músicas (1888), Carta à Condessa D'Eu (1889), O Inimigo (1889), Alegoria (1903),
Papilio Innocentia (1913), A Vovozinha (1917), Ilusão (1911), Pena de Talião (1914),
Setembro (1934). Pode-se destacar as obras Músicas, Ilusão, Pena de Talião e
Setembro.
Tendo em vista que a obra Ilusão foi a obra de mais importância de Emiliano
Perneta, iremos explorara mais a fundo a concepção estética de Emiliano Perneta
que se baseava na ideia de que o mundo é a representação daquilo que o sujeito
experimenta. Diversos pensamento Perneta teria adquirido do Schopenhauer, que se
baseava na filosofia hindu, o qual postulava que as percepções humanas não são
nada mais do que ilusórias e que não representariam a realidade primordial.
o sentido de arte para o poeta era o de atingir a sensibilidade das pessoas
através do uso de um artifício, ou seja, de algo que pudesse ser construído a partir
do nada. No caso da linguagem artística de Perneta, esses artifícios estariam
representados nas ferramentas linguísticas, por meio de metáforas, de aliterações,
ou através do poder sugestivo do texto.
Esta vontade de criar uma verdade para lhe apaziguar a dor pode ser
encontrada na segunda estrofe do poema Espectro, que diz: “Sofro. Quero iludir a
minha dor que chora”. Temos aqui o sujeito consciente da sua vontade, urgente de
sair do sofrimento, que encontra, ainda na mesma estrofe, o refúgio na ilusão. O
poeta quer se iludir e, portanto, cria a cena ilusória, desviando o poema do caminho
sôfrego pelo qual seguia:
Chego, fecho-me aqui no quarto. Lá por fora
Ruge o vento de dor. Bate desesperada
A chuva nos vitrais. Eu estou só.
Agora Completamente só. E a noite é gelada.

Sofro. Quero iludir a minha dor que chora.


Folheio este volume e não compreendo nada.
Tento escrever, em vão. Mas, eis que sem demora
Noto que a porta foi como que descerrada…

É alguém, alguém talvez… Meu coração se pasma,


Todo o meu ser enfim trêmulo se retrai:
Vejo pé ante pé chegar o fantasma…
Entra. Senta-se aqui. Olha-me bem de frente,
Melancolicamente e dolorosamente,
E sem dizer palavra, em seguida, ele sai!

Se partir de uma concepção religiosa da qual Emiliano Perneta partilhava,


pode-se aceitar a suposição de que o poeta viu um espectro e, no entanto, seguindo
a concepção idealista do próprio poeta, fica mais clara a sua busca do amparo no
invisível, através do trecho “mas eis que sem demora”, que representa o
aparecimento de algo inusitado, como uma epifania. A partir da entrada do
fantasma, o poeta pode entrar na ilusão.
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Já o seu apreço e o seu entendimento do belo, aparece evidentemente no
poema Dama, em que o poeta parece superar a ideia unilateral do belo, trazendo
nos versos a exaltação de uma beleza que contempla o bem e o mal, aproximando-se
de uma estética baudelairiana.

Ânsia de te querer que já não tem mais fim,


Meu espírito vai, meu coração caminha,
Como uma estrela, como um sol, como um clarim,
Mas tudo em vão, sei eu! Tu és uma rainha! ...

És a constelação maravilhosa, a minha


Aspiração de luz magnífica, ai de mim!
A nudez, o clarão, a formosura, a linha,
Ó espelho ideal: Ó Torre de Marfim!

Nunca me hás de querer, batendo-me por ti,


Pomo d‘uma discórdia infrutífera, beijo
Todo em fogo, e a arder, assim como um rubi …

Mas é por isso que eu, ó desesperação,


Amo-te com furor, com ódio te desejo,
E mordo-te, ideal, e adoro-te, Ilusão!

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