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AULA 08 – CONDUTIVIDADE ELÉTRICA LABORATÓRIO DE QUÍMICA – QUI126

Aula 08 – Condutividade elétrica

Objetivos
• Reconhecer substâncias que são condutoras elétricas;
• Compreender as condições para que haja condução de eletricidade;
• Comprovar, experimentalmente, que algumas substâncias conduzem a corrente
elétrica;
• Relacionar a condutividade elétrica com as ligações químicas presentes nas
substâncias.

Introdução

Por que os diversos materiais podem ter usos e comportamentos tão diferentes? A partir
das propriedades macroscópicas, chegamos à idealização de modelos (propriedades
microscópicas) que melhor expliquem os diferentes comportamentos das substâncias. Através
destas propriedades macroscópicas abaixo destacadas podemos explicar as ligações químicas nos
compostos. Nesta aula, vamos apenas analisar a condutividade elétrica, uma propriedade físico-
química importante, observada para algumas substâncias.

Condutividade
Elétrica
Térmica

Ligação
Química

Solubilidade Polaridade

As propriedades elétricas dos materiais constituem importantes características que


determinam suas aplicações. A eletricidade ligada à matéria tem a ver com a propriedade de um
determinado material em conduzir a corrente elétrica. A manifestação desta propriedade pode
ser verificada pela medida da condutividade elétrica que difere de um material de outro. Alguns

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materiais são bons condutores elétricos, outros não, e podem ser classificados como condutores,
semicondutores ou isolantes, Figura 1.

(A) (B)
Figura 1: A – Faixa de condutividade de diferentes classes de materiais. B – Estrutura de bandas
eletrônicas para diferentes tipos de materiais.

1ª Lei de Ohm: a corrente elétrica (I) que percorre um circuito é diretamente proporcional
voltagem (V) aplicada e inversamente proporcional à resistência total do circuito (R).
𝑉
𝐼=
𝑅
As unidades para V, I e R são, respectivamente, volt (J/C), ampère (C/s) e ohm (V/A).

2ª Lei de Ohm: a resistividade elétrica (ρ) é independente da geometria da amostra e está


relacionada a R:
𝑅𝐴
𝜌=

“ℓ” é a distância entre os dois pontos onde é medida a voltagem e “A” é a área da seção reta perpendicular
à direção da corrente. A unidade de ρ é Ω.m.

Condutividade elétrica (σ): é o inverso da resistividade, ou seja:


1
𝜎= (Ω 𝑚)−1
𝜌

O Siemens (S) é uma unidade do Sistema Internacional de Unidades (SI) que mede a condutividade elétrica
e equivale ao inverso do ohm (Ω). Portanto a unidade de condutividade elétrica pode também ser expressa
como S.m-1.

A corrente elétrica pode ser entendida como o movimento ordenado de partículas


eletricamente carregadas que circulam por um condutor, quando entre as extremidades desse
condutor há uma diferença de potencial, ou seja, tensão. Em outras palavras, a tensão elétrica
pode ser entendida como uma "força" responsável pela movimentação de elétrons. Os elétrons e a
corrente elétrica não são visíveis a olho nu, mas podemos comprovar sua existência conectando,

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por exemplo, uma lâmpada a um terminal de geração de corrente elétrica. Caso exista uma
diferença de potencial entre os terminais do filamento de uma lâmpada, esta brilhará se ocorrer
a circulação de uma corrente elétrica. Uma corrente se origina do fluxo de elétrons, o que é
conhecido como condução eletrônica. Na condução iônica, o movimento de íons carregados é o
que produz uma corrente. Este tipo de condução é observada em compostos iônicos.

Condutividade em soluções iônicas

A condutividade de soluções iônicas tem importância prática e fundamental. Sua


importância prática deriva do desenvolvimento de dispositivos eletroeletrônicos e, enquanto a
relevância fundamental reside estudo das propriedades dos íons em solução.
Os eletrólitos são substâncias que em um meio de elevada constante dielétrica, como a
água, dissociam-se em íons cátions e ânions que se movem na solução em direções opostas,
estabelecendo a corrente elétrica. O íon positivo (cátion) é atraído pelo polo negativo (catodo) e
o íon negativo (ânion) é atraído pelo polo positivo (anodo). A dissociação iônica pode ser total ou
parcial. Na Figura 2 vemos uma representação simplificada de uma célula eletrolítica.

+ -

-
+

Figura 2: Representação simplificada de uma célula eletrolítica

A condutividade em uma solução eletrolítica depende do número de íons em solução e da


mobilidade destes íons. Uma solução que não tenha nenhum íon não conduz eletricidade. A água
pura tem íons em uma concentração muito baixa, portanto, tem uma certa condutividade, na
ordem de μS cm-1. Quando eletrólitos são adicionados, a condutividade naturalmente aumenta. A
condutividade não aumenta sempre na mesma proporção da concentração devido às interações
entre íons na solução. Por exemplo, o fluxo de íons de carga positiva na direção do eletrodo
negativo tende a aumentar a concentração de íons próximos ao eletrodo. Este aumento repele os
próprios íons, diminuindo o fluxo, e portanto, a corrente. A dependência da condutividade com a
concentração, portanto, geralmente tem um perfil semelhante ao apresentado na Figura 3.

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Condutividade

Concentração

Figura 3: Perfil típico da condutividade de uma solução em função da concentração de eletrólito

Existem dois tipos de eletrólitos; o eletrólito forte, que corresponde a uma substância
completamente dissociada/ionizada em solução, caso do KCl (cloreto de potássio) e do HCl (ácido
clorídrico), e o eletrólito fraco, caso do CH3COOH (ácido acético), que corresponde a uma
substância parcialmente ionizada em solução.

Quando a condutividade é medida para eletrólitos fracos, o grau de ionização é


determinante. Um eletrólito fraco monoprótico participa de um equilíbrio de ionização do tipo

HA(aq) ⇌ H+ (aq) + A- (aq)


Define-se o grau de ionização (α), ou porcentagem de ionização, por
[𝐴− ]
𝛼=
[𝐻𝐴] + [𝐴− ]
onde [HA] + [A-] = CA é a concentração total do eletrólito.
Quanto maior o grau de ionização, mais forte é o ácido. Em geral, consideramos um ácido
fraco quando o grau de ionização é menor que 5 %. Nos ácidos fortes, o α pode chegar a valores
próximos a 100 %.

A condutividade elétrica de uma substância depende da natureza da mesma, ou seja, da


natureza das ligações químicas. Além disso, a condutividade elétrica também depende do estado
físico das substâncias, ou seja: sólido, líquido ou se está em solução. Por exemplo, o NaCl (cloreto
de sódio) no estado sólido (Figura 4A), é cristalino e os íons Na+ e Cl- estão em posições
relativamente fixas e por isso não é em bom condutor. Quando o NaCl é aquecido até sua fusão,
observa-se que este composto torna-se um condutor pois os íons apresentam mobilidade no

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estado líquido. O NaCl quando dissolvido em água, apresenta-se dissociado: os cátions e ânions
estão solvatados por moléculas de água (Figura 4B) e podem se mover na solução, e por isso esta
solução é condutora.

(A) (B)
Figura 4: Representação do NaCl: A - estado sólido e B – em solução aquosa.

O aparelho utilizado para medida da condutividade é o condutivímetro, muito empregado,


por exemplo, na análise da qualidade da água, já que é possível relacionar a presença de minerais
através da condutividade. Vários tipos de montagens podem ser construídas para estudar,
experimentalmente, a condutividade elétrica das soluções. A Figura 5 mostra um tipo de
montagem simples, com dois fios elétricos, uma lâmpada, um suporte para a lâmpada, dois
eletrodos, um plug e um recipiente para colocar as soluções/amostras a serem analisadas.

lâmpada

fios condutores

110 V

líquido

béquer

Figura 5: Montagem para verificação da condutividade elétrica (condutivímetro)

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Parte prática

Procedimento 1: Condutividade elétrica de sólidos

Materiais e reagentes
01 condutivímetro 01 lâmpada incandescente de 7 W
01 espátula de metal sacarose (C12H22O11)
01 prego cloreto de sódio (NaCl)
01 pedaço de madeira 02 vidros de relógio
01 pedaço de plástico

Procedimento experimental

a) Conectar uma lâmpada incandescente de 7 W e ligar o condutivímetro na tomada de


110 V, como esquematizado na Figura 5;
b) Colocar os fios metálicos em contato com o prego deixando-os afastados por
aproximadamente 3 cm um do outro;
c) Desligar o dispositivo e realizar a limpeza dos eletrodos;
d) Anotar suas observações na Tabela 1;
e) Repetir o mesmo procedimento descrito em b), c) e d) para as outras amostras.

Tabela 1: Condutividade elétrica em amostras sólidas.

Amostra Conduz corrente Explicação dos resultados


elétrica?
Prego

Madeira

Plástico

NaCl

C12H22O11

Procedimento 2: Condutividade elétrica em líquidos

Materiais e reagentes
01 condutivímetro água destilada
01 espátula de metal sacarose (C12H22O11)
01 lâmpada incandescente 7 W cloreto de sódio (NaCl)
04 béqueres (50 mL) etanol

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Procedimento experimental

a) Adicionar em cada um dos 4 béqueres, disponíveis sobre sua bancada, as seguintes


substâncias:
• Béquer 1: 20 mL de água destilada;
• Béquer 2: 20 mL de etanol P.A;
• Béquer 3: uma ponta de espátula com sacarose em 20 mL de água destilada;
• Béquer 4: uma ponta de espátula com cloreto de sódio em 20 mL de água destilada.

b) Conectar uma lâmpada incandescente de 7 W e ligar o condutivímetro na tomada de 110


V;
c) Mergulhar os eletrodos do condutivímetro em cada um dos béqueres, deixando-os
afastados por aproximadamente 3 cm um do outro;
d) Desligar o dispositivo e realizar a limpeza dos eletrodos entre cada medida;
e) Anotar os resultados na Tabela 2.

Tabela 2: Condutividade elétrica em amostras líquidas


Amostra Conduz corrente Explicação dos resultados
elétrica?
Água destilada

Etanol

Solução aquosa de sacarose

Solução aquosa de NaCl

Procedimento 3: Verificação da força de ácidos através da condutividade elétrica

Materiais e reagentes

01 condutivímetro água destilada


01 lâmpada incandescente de 7 W solução aquosa de ácido acético 0,5 mol.L-1 (CH3COOH)
02 béqueres (50 mL) solução aquosa de HCl 0,1 mol.L-1

Procedimento experimental

a) Conectar a lâmpada de 7 W no condutivímetro e ligar o aparelho na tomada de 110 V.


b) Em seguida, adicionar em cada um dos 2 béqueres, disponíveis sobre sua bancada, as
seguintes soluções:
• Béquer 1: 10 mL de solução de ácido acético 0,5 mol.L-1
• Béquer 2: 10 mL de solução de ácido clorídrico 0,1 mol.L-1

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c) Mergulhar os eletrodos do condutivímetro no béquer 1, deixando-os afastados por


aproximadamente 3 cm um do outro;
d) Anotar os resultados na Tabela 3;
e) Desligar o dispositivo e realizar a limpeza dos eletrodos;
f) Repetir os procedimentos c), d) e e) para a solução contida no béquer 2.

Tabela 3: Força ácida através da condutividade


Soluções ácidas Intensidade da Conduz corrente Explicação
luminosidade elétrica?

CH3COOH 0,5
mol.L-1

HCl 0,1 mol.L-1

Procedimento 4: Efeito da concentração na condutividade elétrica de soluções


aquosas

Materiais e reagentes

01 condutivímetro água destilada


01 lâmpada incandescente de 7 W solução aquosa de ácido acético 0,5 mol.L-1
(CH3COOH)
03 béqueres (50 mL) solução aquosa de NaCl 0,5 mol.L-1
02 balões volumétricos (50 mL) 01 pipeta graduada (10 mL)

Procedimento experimental

a) Conectar a lâmpada de 7 W no condutivímetro e ligar o aparelho na tomada de 110 V;


b) Adicionar em um béquer de 50 mL, 40 mL de solução de NaCl 0,5 mol.L-1 e verificar a
condutividade;
c) Anotar na tabela 4 a intensidade da luminosidade da lâmpada: (+++) – intensidade mais
forte, (++) – intensidade média, (+) – intensidade mais fraca;
d) Desligar o dispositivo e realizar a limpeza dos eletrodos;
e) Com o auxílio de uma pipeta graduada, transferir 5 mL da solução contida no béquer do
item “b” (NaCl 0,5 mol.L-1) para um balão volumétrico de 50 mL e completar o volume com água
destilada (1ª diluição);

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f) Adicionar em um béquer de 50 mL, 40 mL de solução de NaCl (1ª diluição) e verificar a


condutividade;
g) Anotar na tabela 4 a intensidade da luminosidade da lâmpada. Desligar o dispositivo e
realizar a limpeza dos eletrodos;

Cálculo da concentração de NaCl (1ª diluição)

h) Com o auxílio de uma pipeta graduada, transferir 10 mL da solução diluída 1 (item f) para
um balão volumétrico de 50 mL e completar o volume com água destilada (2ª diluição);
i) Adicionar em um béquer de 50 mL, 40 mL de solução de NaCl (2ª diluição) e verificar a
condutividade;
j) Anotar na tabela 4 a intensidade da luminosidade da lâmpada. Desligar o dispositivo e
realizar a limpeza dos eletrodos.

Cálculo da concentração de NaCl (2ª diluição)

Tabela 4: Condutividade elétrica em função da concentração.


Solução de NaCl Concentração Intensidade da luminosidade
(mol l-1) da lâmpada
Concentrada

1ª diluição

2ª diluição

Por que as soluções apresentam diferentes intensidades de luminosidade?

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Procedimento 5: Condutividade elétrica em uma reação química

Materiais e reagentes

01 condutivímetro solução aquosa de NH4OH 0,5 mol.L-1


01 lâmpada incandescente 7 W solução aquosa de ácido acético 0,5 mol.L-1 (CH3COOH)
01 béqueres (100 mL) indicador azul de bromotimol
01 pipeta de Pasteur suporte universal
Agitador magnético garras

Procedimento experimental

a) Adicionar em um béquer, 5,0 mL de solução de hidróxido de amônio (NH4OH) 0,5 mol.L-1 e


adicionar 2 gotas de azul de bromotimol;
b) Anotar a cor da solução;
c) Posicionar o béquer sobre o agitador magnético e inserir a barra de agitação na solução;
d) Fixar os eletrodos do condutivímetro com auxílio de garras em um suporte universal de
modo que fiquem submersos na solução;
e) Conectar a lâmpada de 7 W no condutivímetro e ligar o aparelho na tomada de 110 V;
f) Observar a intensidade da luminosidade da lâmpada do condutivímetro. Anotar;
g) Adicionar gota a gota a solução de ácido acético 0,5 mol.L-1. Observar o que ocorre com a
luminosidade da lâmpada do condutivímetro. Anotar;
h) Continuar a adição de ácido acético 0,5 mol.L-1 até a mudança de coloração da solução.

Por que o comportamento da intensidade da luminosidade da lâmpada antes da reação e após a


adição de solução de ácido acético?

Escreva a equação química para a reação química ocorrida.

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Referências bibliográficas
1. Brown, TL; LeMay Jr, HE; Bursten, BE e Burge, JR, Química: a ciência central, 9a ed,
Pearson,São Paulo, SP, 2005. (ISBN: 978-85-78918-42-0)

2. Atkins, P., Jones, L., Laverman, L. Princípios de Química: Questionando a Vida


Moderna e o Meio Ambiente, 7ª edição, Editora Bookman, Porto Alegre, 2018. (ISBN: 978-
85-8260-462-5).
D., CALLISTER,, W. e RETHWISCH, David G.. Fundamentos da Ciência e Engenharia de
Materiais - Abordagem Integrada, 4ª edição. Disponível em: Grupo GEN, Grupo GEN, 2014.

Exercícios para autoavaliação


1. Qual a diferença entre condutividade eletrônica e condutividade iônica?

2. O cobre tem uma resistividade de 1,7 × 10-8 Ω m e o quartzo de 7,5 × 1015 Ω m.


Qual destas substâncias tem maior condutividade elétrica? Explique a diferença de
condutividade no cobre e quartzo com base nas ligações químicas.

3. Qual solução apresenta maior condutividade elétrica (1) solução de NH 4OH 1,0
mol.L-1 ou (2) solução de NaOH 1,0 mol.L-1? Justifique sua resposta.

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