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OLIVEIRA Et Al - 2016 - Oficinas de Educação Ambiental Sobre A Flora Da Mata Atlântica Oeste de SC - Relato de Experiência
OLIVEIRA Et Al - 2016 - Oficinas de Educação Ambiental Sobre A Flora Da Mata Atlântica Oeste de SC - Relato de Experiência
Resumo: A Mata Atlântica possui alta biodiversidade, contando com aproximadamente 20 mil
espécies de plantas. Atualmente, está reduzida a 7,8% de sua área original. O estado de Santa
Catarina conta com 17,46% da área original, correspondendo a 1,12% do território brasileiro.
A degradação da Mata Atlântica revela a necessidade de programas de educação ambiental
nas escolas. Este estudo é um recorte do projeto Viveiro Educativo: semeando vidas,
realizado de maio à junho de 2016, duas vezes por semana, em oficinas teórico-práticas com
96 estudantes do ensino fundamental, abordando temáticas sobre a flora regional. Os
estudantes demonstraram grande interesse pelas oficinas, interagindo de forma positiva e
refletindo sobre atitudes de conservação da flora regional.
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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O recorte para este estudo foi durante os meses de maio e junho de 2016, onde duas
vezes por semana, neste período, o projeto desenvolveu oficinas teórico-práticas com 96
estudantes de quatro turmas do sexto ano do ensino fundamental, abordando temáticas sobre a
flora regional. A abordagem das oficinas tem como base a exposição dialogada,
contemplando os momentos pedagógicos - problematização, organização do conhecimento e
aplicação do conhecimento (DELIZOICOV, 1991).
Foram quatro oficinas para tratar de conceitos sobre algumas plantas nativas e exóticas
da região oeste de Santa Catarina, sendo elas: - nativas: ipê-amarelo
(Handroanthuschrysotricha), paineira-rosa (Ceiba speciosa), araucária
(Araucariaangustifolia), canela-sassáfras(Ocoteaodorifera), pente-de-macaco
(Amphilophiumcrucigerum); - exóticas: lírio-do-brejo (Hedychiumcoronarium), uva-do-japão
(Hoveniadulcis) e pinheiro-americano (Pinus spp.). O tempo de cada oficina foi de quarenta e
cinco minutos para cada turma, sendo que na parte teórica foram apresentadas as informações
sobre ocorrência, estado de conservação, importância e ameaças, através de slides ilustrados.
Na parte prática foram demonstradas estruturas das plantas nativas da região, supracitadas. As
estruturas incluíram o fruto seco e a semente do ipê-amarelo, da paineira e do pente-de-
macaco e os estróbilos feminino e masculino e a semente de araucária, de modo que os
estudantes pudessem tocá-las para conhecer melhor a morfologia, textura e coloração. No
início e final das oficinas os estudantes responderam a dois questionários, totalizando cinco
perguntas (Figura 1 e 2). Para a análise de dados, as respostas dos estudantes foram
categorizadas a fim de abranger os conceitos com categorias semelhantes em grupos únicos
(MINAYO, 2010).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram coletados quarenta questionários préatividade e trinta e sete questionários pós
atividade. A partir dos resultados do questionário pré atividade (figura 1), podemos perceber
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que o conhecimento dos estudantes sobre a flora local era frágil, entretanto se compararmos
com os resultados obtidos a partir do questionário pós atividade (figura 2), podemos perceber
que o interesse e o conhecimento pela flora foi ampliado.
Figura 1: Questionário pré atividade, sendo que A=Você conhece as espécies da flora da
nossa região (oeste de Santa Catarina)?, B=Você sabe se existe alguma espécie de flora da
região oeste de Santa Catarina ameaçada?, C=Você sabe o que é uma espécie nativa? e
D=Você sabe o que é uma espécie exótica?.
Fonte: Sacha Arielle Branco.
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Figura 2: Questionário pós atividade, sendo a pergunta: Esta atividade despertou interesse e
agregou conhecimentos sobre a flora da região oeste de Santa Catarina?
Fonte: Sacha Arielle Branco.
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(AZEVEDOet al., 2012). A realização de oficinas práticas visa despertar o interesse, motivar
os estudantes e chamar a atenção para a temática da educação ambiental (SILVAet al., 2007).
A partir das oficinas, os estudantes também refletiram sobre atitudes de conservação
da flora regional, principalmente das espécies ameaçadas de extinção, pois na Floresta
Ombrófila Mista, as árvores que mais produziram madeira, observadas na oficina foram a
araucária (Araucariaangustifolia), que também tem-se o pinhão (semente) para servir de
alimento e a canela-sassafrás (Ocoteaodorifera), ambas espécies ameaçadas de extinção
(SEVEGNANI & SCHROEDER, 2013). O conceito de conservação das espécies é um tema
bastante importante para discutir com os estudantes, pois no caso da Floresta de Araucárias,
sua abrangência era de cerca de 42,5% da vegetação no estado, sendo que atualmente calcula-
se que os remanescentes correspondem a 7% da área original, fazendo com que seja uma das
tipologias mais ameaçadas do bioma Mata Atlântica(ALARCON et al., 2011).
Com relação às espécies exóticas, os estudantes demonstraram possuir noção do
termo, porém não souberam citar exemplos. Sabe-se que atualmente as espécies exóticas são
grandes ameaças aos remanescentes florestais. Estas espécies de plantas são retiradas de seus
habitat originais e levadas para outras áreas que vão além de sua ocorrência natural, devido às
suas qualidades alimentícias, produção de celulose, madeira, tanino e medicamentos, pelo seu
uso ornamental e como quebra-vento (MMA, 2006).
Com este estudo, nota-se a fragilidade de informações que os estudantes possuem
acerca da flora da região oeste de Santa Catarina. Percebe-se também o quanto é importante
trabalhar com os estudantes sobre a flora regional, seus aspectos ecológicos, morfológicos, de
conservação e papel na natureza.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As oficinas desenvolvidas pelo projeto Viveiro Educativo: semeando vidas, tiveram
potencial de ampliar os conhecimentos dos estudantes sobre a flora regional da Mata
Atlântica do sul do Brasil. Ressalta-se a importância de ações de educação ambiental nas
escolas que promovam a mudança de atitudes para a conservação da biodiversidade regional,
bem como a realização de atividades práticas aliadas ao conhecimento teórico. Entende-se que
o desenvolvimento de oficinas de educação ambiental aproximam a escola e a comunidade ao
conhecimento científico, além de cumprir com um dos papéis da universidade que é responder
as demandas da sociedade.
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REFERÊNCIAS
ALARCON G. G., DA-RÉ M. A., SHIGUEKO F., ZANELLA T. I., RAMPINELLI L.
Fragmentação da Floresta com Araucária e ecossistemas associados no Corredor Ecológico
Chapecó, Santa Catarina. Revista Biotemas, 24 (3), setembro de 2011.
CABRAL D. de C., CESCO S. Notas para uma história da exploração madeireira na mata
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2008.
CAMPANILI M., PROCHNOW M. Mata Atlântica: uma rede pela floresta. Brasília:
RMA, 2006.
CARINI S., RECHETTI E., BAGATINI K. P. Identificação de espécies nativas das florestas
ombrófila mista e estacional decidual com potencial ornamental. Unoesc & Ciência - ACBS,
Joaçaba, v. 5, n. 2, p. 165-172, jul./dez. 2014.
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TABARELLI M., PINTO L.P., SILVA J.M.C., HIROTA M.M., BEDÊ, L.C. Desafios e
oportunidades para a conservação da biodiversidade na Mata Atlântica brasileira.
MEGADIVERSIDADE. Volume 1, Nº 1, Julho – 2005.
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